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LINCOLN M. S. FREIRE
Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria. Vice-Presidente da Associação Médica
Brasileira. Professor-Adjunto Mestre e Doutor do Departamento de Pediatria da Faculdade
de Medicina da UFMG. Professor do Curso de Pós-graduação em Medicina Tropical
e Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG. Membro do Comitê Técnico Assessor
do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Membro Assessor
do Programa de Erradicação do Sarampo e Controle da Rubéola do Ministério da Saúde.
Membro da Comissão Nacional de Revisão de Casos do Programa Nacional de Erradicação
da Poliomielite do Ministério da Saúde. Médico Pediatra do Hospital Governador
Israel Pinheiro -IPSEMG. Ex-Diretor do Centro Geral de Pediatra -
Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais.
2000
VOLUME I
DoençasInfecciosasna Infdncia e Adolescência-2& edição -2 volumes
Copyright 2000 by
MEDSI -Editora Médica e Científica Ltda.
ISB~: 85-7199-225-8
Editoração: Futura
e.mall: medsi@ism.com.br
CAPíTULO 85
Malária
José Maria de Souza. Vania Suely Pachiano Calvosa .Ana Maria Revorêdo da Silva Ventura
Ana Yecê das Neves Pinto. Rita do Socorro Uchôa da Silva. Rosana Maria Feio Ubonati
1271
1272 DOENÇAS CAUSADAS POR PARASITAS -PROTOZOÃRIOS
res mudaram seus hábitos de endofilia e endo- Também pode ocorrer transmissãoneonatal,
fagia em virtude de os hábitos dos homens por transfusãosangüínea,pelo uso de agulhas
também terem mudado; por exemplo, eles e seringas contaminadas e por acidente de
começaram a trabalhar dentro das florestas e a laboratório.
permanecer no peridomicilio de forma mais
prolongada, além do fato de algumas casas
não serem completamente fechadas. CICLO EVOLUTIVO
Existem aproximadamente 400 espécies de
anofelinos, mas somente cerca de 60 são veto- Dois hospedeiros são necessários para o
res da malária em condições naturais, 30 das desenvolvimento completo do ciclo evolutivo:
quais têm maior importâncial3. Os principais um invertebrado (anofelino) e outro vertebra-
vetores, no Brasil, pertencem a dois subgêne- do (homem)66.
ros: Nyssorhincuse Kerteszia. A malária é transmitida de uma pessoa a
Assume maior importância o A. (N.) darlnl- outra por meio da picada da fêmea do mos-
gi, responsável pelos casosdo interior em uma quito Anopheles,que necessitade sangue como
grande área do território nacional. Seus cria- fonte de proteína para maturação de seus
douros têm como característica águas quentes ovos. No momento da picada o mosquito inje-
e limpas, de baixo fluxo e sombreadas. ta, juntamente com a saliva, as formas infec-
Distribuem-se da região Norte até o norte do tantes para o homem, os esporozoítos, que,
Paraná. O A. (N.) aqU45alis,predominante no após um certo período, desaparecem da circu-
litoral, desde o Amapá até o norte de São lação e vão ao parênquima hepático (hepatóci-
Paulo, prefere como criadouros águas salo- tos), onde iniciam a esquizogonia exoeritroci-
bras. Existem alguns de menor importância, tária, dando origem aos esquizontes teciduais
ditos vetores secundários, como o A. (N.) albi- primários. Estes amadurecem e liberam, nos
tarsis, observado tanto no interior quanto no capilares intra-hepáticos, os merozoítos que,
litoral. conforme a espécie de pJasmódio, são em
O A. (K.) cruzi e o A. (K.) bellatordistribuem- números diferentes (até 40.000 para P.falciPa-
se pelo litoral, dI) sul de São Paulo até o uorte mil/, 15.000 para P. ovale, 10.000 para P. vivax,
do Rio (;rande do Sul. Os anof'elinos do sub- e 2.000 para P. malariae). Após a liberação, os
gênero Kerle.~ziatêm preferência pelas águas merozoítos invadem os eriu'ócitos e, no seu
acumuladas nas f'olhas da bt"omélias,abundan- illterior, transformam-se em trofozoítos
tes na vegetação litorânea dessesestadosl9. jovens; estescrescem, dando origem aos esqui-
zontes hen1áticos que, por divisão nuclear e
posterior segmentação, originam um número
Transmissão variável de merozoítos. Há, então, o rompi-
mento dos eritrócitos infectados, liberando os
A transmissãoda malária baseia-sefundamen- merozoítos, que voltarão a parasitar outros
talmente na existênciade uma fonte de infec- glóbulos vermelhos, repetindo o ciclo. Depois
ção,de anofelinostransmissorese de hospedei- de determinado período, que pode variar de 3
ros humanos suscetíveisno ambienteecológico a 15 dias, alguns merozoítos diferenciam-se
dos vetores.Ainda que existam evidênciasde em gametócitos femininos (macromegatócitos)
que os primatas não-humanos,como os chim- e masculinos (micromegatócitos).
panzés na África e alguns macacos da O P.vivax e o P.ovaleapresentam formas que
Amazônia, possam ser reservatóriossilvestres permanecem quiescentes nos hepatócitos, ditas
da doença2o, o hospedeirohumano com micro- hipnozoítos, e que são as responsáveis pelas
e macromegatócitos se constitui, senão na recaídas que podem ocorrer nestas espécies.
única, pelo menos na principal fonte de infec- Na maláriafalciParum, embora não haja hipno-
ção para os transmissoresda doençahumana. zoítos, podem ocorrer novas crises (as recru-
A forma de transmissãomais importante é a descências) em virtude da persistência de for-
natural, pela picada da fêmea do anofelino. mas eritrocitárias em níveis sangüíneos muito
MALÁRIA 1275
FISIOPATOGENIA
Participação Celular
Mecanismo da Febre
A imunidade celular em malária humana tem
sido muito estudada e também considerada Golgi, há mais de 100 anos, observou que a
fundamental. Os linfócitos T auxiliarespartici- febre na malária estavaintimamente ligada ao
pam como ajudantesna produção de anticor- ciclo de crescimentoassexuadodo parasitanas
pose indiretamente, na faseefetora da respos- hemácias.Atualmente, evidências confirmam
ta imune, aumentando os níveis de citocinas, o que disseGolgi pois, durante a ruptura do
como o interferon y e fator de necrosetumo- esquizontehemático,a liberaçãodo pigmento
ral (FNT) que, por sua vez, aumentaa função malárico e de outros antígenos. em especial
fagocitária dos macrófagos. Os linfócitos T uma toxina de estrutura glicolipídica, estimu-
citotóxicos desempenham importante papel la os monócitose macrófagosa liberarem pir6-
contra os estágioshepáticosdo parasita, pro- genos endógenos, que compreendem várias
vavelmente exercendo função efetora lítica citocinas. como a interleucina-l (IL-l) e o
direta sobre o hepatócito infectado com o fator de necrosetumoral (FNT), que é o mais
esporozoíto, ou indiretamente, por meio da importante. Essascitocinas atuam no centro
secreçãode interferon y e ativaçãode macró- termorregulador do hipotálamo, estimulando
a síntesede prostaglandinaE2' iniciando a res-
fagos69.82.83.
Outras células não-específicasparticipam postafisiológicada febre (calafrio,vasoconstri-
da defesa contra o plasmódio, tais como ção periférica e aumento da taxa metabólica).
monócitos/macrófagose neutrófilos, e têm A produção do FNT estimuladapela toxina
sido consideradascomo um dos fatores mais rnaláricapareceser importantena regulaçãodo
importantes,possivelmentepor meio da fago- crescimentodo parasita.Estacitocinae a febre
citosedaquelasformas livres do parasitaou de contribuem para a defesado hospedeiro.pois
ambasconcorremparaa morte do parasita,limi-
eritrócitos infectados,auxiliado pela presença
de anticorpos e outras substânciastóxicas ao tando,destemodo, a densidadeparasitária39.
parasita,ou por meio de citotoxicidadedepen-
dente de anticorpos57. Fatores mais Importantes na
As célulascitotóxicasnaturais (NK) podem Fisiopatogenia da Malária
exercer ação citotóxica, tanto para as formas
livres do parasita, quanto para os eritrócitos A fisiopatogeniada maláriadepende,principal-
infectados78. mente, da interaçãode três fatores:da espécie
1278 DOENÇAS CAUSADAS POR PARASITAS -PROTOZoARIOS
disartria são mais comuns do que as manifes- papel do baço,onde há aumento da atividade
taçõescerebrais,como confusão,delírio, alte- reticuloendotelial e, portanto, aumento da
rações da personalidade, paresias, hemiple- fagocitosedas hemáciaspelosmacr6fagos64.
gias,afasiae cegueira transitória73. A gravidade dos sintomas e complicações
Segundoestudosrealizadosna Arrica, cerca depende do estadoimunitário do hospedeiro,
de 10%das criançasque sobrevivemà malária havendo uma correlação negativa entre o
cerebral têm seqüelasneurológicasque persis- número de episódiosmaláricose a gravidade
tem durante o período de convalescença.As do quadro clínico60.
principais são: hemiparesia, ataxia cerebelar, Pacientesprimoinfectados geralmente res-
cegueira cortical, hipotonia grave, retardo pondem com hiper-reatividade do sistema
mental, espasticidadegeneralizadae afasia27. imunitário, com liberaçãoexcessivade citoci-
nas e produção de imunocomplexos. Isto,
somado à capacidadede citoaderência do P.
falciParum,leva a ativaçãoe dano endotelial,
Hipoglicemia
culminando com os comprometimentoscere-
Crianças, após jejum prolongado, tornam-se bral, pulmonar e renal, e, por fim, coma malá-
hipoglicêmicas mais rapidamente do que os ria grave e complicada.
adultos; nelas,a necessidadede glicoseé duas
a quatro vezesmaior do que em adultos. Na
malária severa, as crianças diminuem sua
ingesta,o que leva a uma depleçãodo glicogê- QUADRO CLíNICO
nio hepático, contribuindo para hipoglice-
Na malária, o quadro clínico é variável de um
mia92.Ocorre, também, grande consumo de
indivíduo para outro na dependência de vários
glicose pelo parasita na circulação e, além
fatores, entre os quais a espécie do plasmódio e
disso,existe o efeito hipoglicêmico do FNT-a.
o grau de imunidade natural ou adquirida do
A hipoglicemia também pode ser causada
hospedeiro. Em geral, as infecções causadas
por drogas, como, por exemplo, o quinino,
pelo P. vivax, P. ovalee P.malarinesão benignas,
droga antimalárica de largo uso, que apresen-
e são raros os casos letais, diferente do que
ta efeito hiperinsulinêmicoOO.Estudo feito na pode ocorrer com as infecções pelo P.falciPa-
Nigéria mostrou que a hipoglicemia é mais rum que, na vigência de complicações, são res-
comum em crianças abaixo de 3 anos de ponsáveis por elevada mortalidade.
idade88. Após o período de incubação, variável para
cada espécie, podem surgir sintomas prodrô-
micos, como mal-estar, inquietação, sonolên-
Anemia cia, recusa alimentar, cefaléia e náuseas prece-
dendo o paroxismo febril, característico da
A fisiopatogeniada anemiaé complexa e mul- malária.
tifatorial, sendo os principais mecanismosa N o paroxismo febril ou acesso malárico,
destruição e a diminuição da produção de observam-se calafrio, febre e sudorese, os
hemácias. Ocorrem fagocitosee ruptura do quais possuem duração e intensidade variá-
eritrócito infectado devido ao crescimento veis, segundo a espécie do plasmódio causado-
intra-eritrocitário do plasmódio. Hemácias ra da infecção. Calafrios surgem de modo
não-infectadaspodem serfagocitadasdevido à súbito, podendo incomodar o paciente a tal
expressãode antígenos ou por alteraçõesfisi- ponto deste solicitar cobertores para proteger-
co-químicas da membrana. Ocorrem, tam- se. Simultaneamente, manifestações clínicas
bém, hipoplasia medular e deseritropoiese,ou tais como mal-estar, cefaléia, mialgias, artral-
seja,eritropoiese ineficaz64. gias, náuseas, vômitos e diarréia podem estar
O FNT-a contribui para a anemia, estimu- presentes. Entretanto, é no período seguinte,
lando a eritrofagocitosee levando a defeitosde período febril, que tais manifestações costu-
eritropoiese37.Não é de menor importância o mam ser mais intensas e, ao lado da febre (que
MALARIA 1281
em geral persiste por um período de tempo A febre é o sintoma inicial de maior impor-
prolongado), causam grande incômodo aopaciente: tância para o diagnósticoprecoce da doença.
O aparecimento de sudoresemarca Ela pode apresentar-seisolada,constituindo a
o término do acessofebril, e gradualmente o tríade malárica (febre, calafrio e cefaléia) ou
paciente vai sentindo-se melhor e reassume ainda associadaa outros sintomas. Contudo,
suas atividades habituais, até que surjam manifestaçõesinespecíficas,como astenia,ano-
novosataquesda doença.Contudo, nos indiví- rexia, cefaléia,tossee distúrbios gastrointesti-
duos com malária causadapelo P.falciParumé nais (náuseas, vômitos, dor abdominal),
comum que haja um certo grau de debilidade podem ser as primeiras quei.xasda doença.
entre as cl-ises. Em alguns casos,a cl;ança pode até mesmo
A periodicidade dos acessosfebris (48 horas ser assintomática,quando apresenta resposta
para o P.vivax,P.falciparum,P. ovalee 72 horas semi-imuneà infecção.O Quadro 85-1 mostra
para o P.malariae)só estarápresentese houver dados comparativos sobre a prevalência dos
sincronismo na maturação de uma ou mais sintomasinici~is em 237 criançascom malária
geraçõesde parasitas.Na primoinfecção pelo vivax,atendidasem BelémlPará(1994 a 1996),
P. falciParumé comum que a evolução febril e em 391 crianças com malária falciParum,
seja de caráter contínuo nas primeiras sema- atendidasem MarabálPará(1994e 1995).
nas da doença e de caráter intermitente nas Durante a evoluçãoclínica da doença, além
fasesposteriores. Na prática, a periodicidade de febre, calafrio e cefaléia, podem ser obser-
febril nem sempre estápresente,de modo que vados anorexia, astenia, artralgias, mialgias,
o profissional de saúde deve valorizar dados tontura, dispnéia, tosse,dor abdominal, náu-
epidemiológicos e clínicos para suspeitar de seas,vômitos e icterícia. Podem ocorrer con-
malária em indivíduos procedentes de área vulsõesfebris, especialmentena faixa etária de
endêmica da doença, independente do 6 mesesa 5 anos. Em geral, o figado aumenta
padrão febril apresentadopelo paciente. de tamanho, podendo ser palpável no fim da
Os quadros clínicos para todas as espécies primeira semanade doença,enquanto o baço
de plasmódio são superponíveis,excetuando- pode ser palpado na segunda semana da
se os casoscomplicadosde algumas infecções mesma!7.
pelo P.falciParum. Nas criançasmaiores,os sin- Nas crianças com paludismo, a anemia é
tomas de malária são semelhantes àqueles um achadocomum, e sua intensidade depen-
observadosem adultos. Em criançasmenores, de da espéciedo plasmódio envolvida -mais
lactentese pré-escolares,a expressãoclínicada intensa na malária causadapelo P.falciParum-
doençacostuma ser incaracterística,podendo e da presençade outros fatores, como desnu-
inexistir a tríade febre, calafrio e sudorese26. trição e parasitaseintestinal. Na malária causa-
Quadro 85-1. Sintomatologia inicial em crianças com malária vlvax (Belém/Pará -1994 a 1996) e malária 'a/-
clparum (Marabá/Pará -1994 a 1995)
da pelo P. vivax, a palidez pode ser um sinal anemia grave sãoas complicaçõesmais obser-
proeminente no quadro clínico, se houver vadas3o.Há comprometimento do sistema
retardo no diagnóstico. nervoso central com intensidade variável,
A colúria é um outro sinalclínico observado desde quadros convulsivos (muitas vezes de
com muita freqüência no paludismo, gerando dificil distinção com as convulsõesproduzidas
a confusão diagnósticacom hepatite em áreas por outros processosfebris), prostraçãoe alte-
endêmicasde malária, embora as transamina- raçõesdo estado de consciência,até o coma.
ses encontrem-se normais ou apenas ligeira- Há casosem que ascriançasassumemposição
mente aumentadas. de opistótono no leito, induzindo confusão
No Quadro 85-2 encontra-seregistrado o diagnósticacom tétano ou meningite27.
percentual dos principais sinais e sintomas A suspeitadiagnósticade malária cerebral
observados em crianças com malária vivax deve ser levantada em toda criança que apre-
(BelémlPará, 1994e 1995)e com maláriafalci- sente manifestaçõesneurológicas,sendo resi-
parom(Marabá/Pará,1994e 1995). dente em área endêmica de paludismo ou
As recaídasque ocorrem nas infecçõespelo pelo menos com história de permanência
P.vivax e P. ovalepodem ser assintomáticasou recente em áreasmalarígenas.Nestascircuns-
sintomáticas,e o indivíduo apresentaum qua- tâncias,após colheitade sanguepara pesquisa
dro incaracterístico ou típico de malária, de plasmódio,deve-seiniciar terapêuticaanti-
.dependendodo grau de imunidade desenvol- malárica, mesmo antes da confirmação diag-
vido contra a doença e do intervalo de tempo nóstica,pois tal procedimento tem influência
decorrido para o diagnóstico. na morbidade e na mortalidade.
Nas áreasendêmicas,nos grupos de maior Na África, estudos realizados em crianças
risco, gestantes,adultos não-imunes e crian- com malária falciParumcomplicadaevidencia-
ças,não é incomum o achadode complicações ram seqüelas neurológicas temporárias (no
na maláriafalciparom.Entretanto, a sintomato- período de convalescença)ou permanentes
logia da malária grave costuma ser diferente em cercade 10%dos casosI6.27. No Brasil, não
em freqüência e intensidade nos adultos e no há registro de seqüelasem cr1ançasque sobre-
grupo pediátrico27, conforme observa-seno vivem à malária cerebral. Há provavelmente
Quadro 85-3. subnotificaçãono número de casosou segui-
Pesquisadores do Instituto Evandro mento pouco satisfatório destas crianças,
Chagas,estudando 391 crianças com malária sobretudo se considerarmosque os profissio-
falciparom,em Marabá, observaramcomplica- nais de saúde, inclusive os pediatras, muitas
ções, isoladas ou associadas,em 21 delas vezestêm pouco conhecimentodo que a malá-
(5,3%), as quais encontram-se registradas no ria representaem saúdepública.
Quadro 85-4. Nos casosde maláriafalciParum,asparasite-
Na malária falciParomde criançasafricanas, mias elevadassão sinaisde gravidade, princi-
o acometimentocerebral(malária cerebral)e a palmente em indivíduos não-imunes, contri-
Quadro 85-2. Freqüência percentual dos principais sinais e sintomas encontrados em crianças com malá-
ria vivax (Belém/Pará -1994 e 1995) e em crianças com malária fa/ciparum (Marabá/Pará -1994 e 1995)
Quadro 85-3. Diferenças entre a malária grave nos adultos e nas crianças*
SINAIS OU SINTOMAS ADULTOS CRIANÇAS
.Baseados em estudos feitos com adultos do Sudeste Asiático e com crianças africanas.
Fonte: Gilles, 1995.
Quadro 85-4. Freqüência percentual das complicações encontradas em um universo de 391 crianças com
malária fa/ciparum (Marabá/Pará -1994 e 1995)
buindo para agravar a sintomatologia por desde que se faça reposição hidroeletrolítica
açãodeletéria direta do parasitae pela respos- adequada,prevenindo-sedos riscosde edema
ta imune do hospedeiro.Ademais,a presença agudo de pulmão de causaiatrogênica.
de esquizontesno sangueperiférico, tanto de Dispnéia e sinais de insuficiência cardíaca
pacientesprimoinfectadoscomo naquelescon- podem ser a exteriorizaçãoclínica de anemia
sideradossemi-imunes,também constitui um grave na maláriafalciparumcomplicada.
indicativo de formas graves da doença. A hipoglicemia é outra complicaçãomuito
Entretanto, em áreas de alta endemicidade, freqüente na malária grave. É necessárioestar
criançassemi-imunes podem apresentar altas atento para sua ocorrência, pois pode passar
parasitemias,sem necessariamenteapresenta- despercebida,uma vez que seussintomasasse-
rem sintomas. melham-se àqueles decorrentes de compro-
Oligúria e até mesmo anúria podem fazer metimento cerebral: deterioração do nível de
parte do quadro de malária complicada, em consciência, convulsões generalizadas, hipe-
geral como conseqüênciade hipovolemia e/ou rextensão dos membros, choque e coma63.
desidratação,sendo usualmente reversíveis, Crianças,em especialasde baixa idade (meno-
.1284 DOENÇAS CAUSADAS POR PARASITAS -PROTOZoARIOS
Quadro 85-5. Caracterlsticas qulmicas e ação especifica sobre as formas evolutivas dos plasmódios das
principais drogas antimaláricas usadas atualmente no Brasil
Flg. 85-2. Ciclo evolutivo dos plasmódios humanos e locais de ação dos antimaláricos utilizados rotineiramente.
Quadro 85-6. Esquemas terapêuticas usados no tratamento de malária por P. vivax e P. ova/e
* Ou Amodiaquina.
Quadro 85-7. Esquemas terapêuticas usados em casos leves ou moderados de malária por P. fa/ciparum.
com 500 mg), dividida em duas ou três toma- dias (cápsulascom 150 e 300 mg e frasco-
das diárias, por via oral. ampolascom 150,300 e 600 mg), por via oral
O quinino pode determinar a ocorrênciade ou parenteral. Quando administrada por via
uma síndrome chamadade cinchonismo(boca oral, deve-seevitar a associação
com antiácidos
amarga, zumbidos, tonturas, tremores e visão (diminuem a absorção da clindamicina). Os
turva). Apesar disso, as criançascomumente principais efeitos adversossão diarréia, náu-
toleram melhor do que os adultos o esquema seas,epigastralgia e, mais raramente, colite
terapêutico padrão desta drogal4. Podem pseudomembranosa,mais freqüente em ido-
ocorrer ainda sintomas gastrointestinais e sose em paísesde clima frio, não tendo sido
hipoglicemia, pela ação do quinino como registrada no Brasil em pessoasque fizeram
potente ativador da produção de insulina93. uso destadroga.
A associação do quinino com algunsantibió- Como alternativa nos casosmoderados de
ticos (tetraciclina, doxiciclina ou clindamicina) malária, o artesunato via oral (comprimidos
poderá ser usada com asvantagensde melho- com 50 mg) poderá ser usado,na dosede 1,7
ra da eficáciae diminuição dos efeitosadversos mg/kg/dia, administrada em duas tomadas
do quinino, que é usado em tempo menor por seisdias. Poucosefeitosadversostêm sido
(três dias), em concomitânciacom antibióticos registradoscom esseesquematerapêutico.
por cinco ou sete dias. É importante que os
A mefloquina (comprimidos com 250 mg) é
antibióticos não sejam usados isoladamente,
droga de última escolhana RegiãoAmazônica,
pois sua ação nas formas assexuadasdo P.fal-
ciparumé lenta. pois possui meia-vida de eliminação muito
A tetraciclina (cápsulascom 250 ou 500 mg) longa, podendo propiciar o aparecimentode
deve ser usada na dose de 25 mg/kg/dia, divi- cepasresistentesdo P.falciParum22; entretanto,
dida em três tomadas, por via oral. Evita-seo constitui-seem droga de primeira escolhafora
uso concomitante de antiácidos e drogas à destaárea, pois tem a vantagemde ser admi-
base de ferro, pois há formação de quelatos nistrada em dose única (16,5 mg/kg, via oral).
pouco absorvíveispelo trato gastrointestinal25. Os efeitos colateraismais freqüentessão náu-
A tetraciclina é contra-indicada em menores seas,vômitos, diarréia, dor abdominal, tontu-
de 8 anos, para que sejaevitado o comprome- ras e perda do equihôrio21e, em cerca de 1%
timento de ossose dentes em formação. dos indivíduos, distúrbios neurológicose psi-
Outro antibiótico usado em associaçãocom quiátricos. Poderá ainda ocasionarbradicar-
o quinino é a doxiciclina (drágease comprimi- dia, devendo ser administrada com extrema
dos solúveis com 100 mg), na dose de 3,5 cautela quando usada concomitantemente
mg/kg/dia, dividida em duas tomadas, por via com outras drogas bradicardizantes (p. ex.,
oral durante cinco dias. betabloqueadorese digitálicos). Está contra-
A clindamicina é outra opção para associa- indicada em menoresde 3 anos e em pacien-
ção com o quinino, na dose de 20 mg/kg/dia tes com graves distúrbios renais, hepáticos
(dividida em duas tomadas),por cinco ou sete e/ou cardíacos67.
Quadro 85-8. Esquemas terapêuticos usados nos casos graves de malária por P. fa/ciparum
* Para maior eficácia, deve ser associado a outros antimaláricos (quinino, tetraciclina, doxiciclina, clindamicina, artesunato via oral, meflo-
quina) nas doses referidas no Quadro 85-7.
MALARIA 1291
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