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SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA DOENÇA DE CHAGAS

LEDUR, Julia Helena1


BAUDINO, Maria Eduarda2
CAMARGO, Silvaney3

RESUMO: a Doença de Chagas, é uma antropozoonose, ocasionada por um


protozoário flagelado, Trypanosoma cruzy, podendo a mesma em sua ocorrência se
apresentar em duas formas distintas, uma aguda, e caso não tratada de forma eficaz
evoluir para a fase clínica crônica. O estado atual dessa enfermidade no Brasil se
mostra em redução, decorrente do controle da mesma no passado, no entanto é de
extrema importância uma vigilância epidemiológica eficaz, considerando a retomada
de alguns casos agudos da parasitose em algumas regiões do Brasil, Norte e
Nordeste. Assim efetivar um cenário de redução de incidência da Doença de
Chagas.

Palavras-chave: Doença de Chagas. Transmissão. Controle de Prevenção.


Trypanosoma cruzy.

1 INTRODUÇÃO

O resumo apresentado tem como objetivo contextualizar a Doença de


Chagas dentro da globalização e da atualidade de problemas que se referem à
mesma, buscando como ênfase melhorar o entendimento do controle de prevenção
e uma base informativa sobre seu modo de transmissão, manifestações clínicas,
diagnósticos, tratamentos e o papel da vigilância epidemiológica frente a essa
parasitose.
Por conseguinte, o modo de transmissão da Doença de Chagas, faz-se
por intermédio de um vetor, sendo ele o triatomíneo, conhecido popularmente como
Barbeiro, através das fezes dos mesmos. O parasito Trypanosoma cruzy que está
contido nas fezes do inseto penetram pelo orifício da picada ou pelas mucosas dos

1
Julia Helena Kempinski Ledur do 4º período do curso de Enfermagem; Ugv – Centro Universitário.
2
Maria Eduarda Ewerling Baudino do 4º período do curso de Enfermagem; Ugv – Centro
Universitário.
3
Silvaney de Camargo do 4º período do curso de Enfermagem; Ugv – Centro Universitário.
olhos, boca e nariz, ou através de cortes e feridas, sendo o ato de coçar a picada um
dos mecanismos mais decisivo para a entrada do parasito. Para Dias & Borges
Dias, (1979); Dias & Coura, (1997)
A doença de Chagas é um exemplo típico de uma injúria orgânica
resultante das alterações produzidas pelo ser humano ao meio
ambiente, das distorções econômicas e das injunções sociais. Foi o
homem quem invadiu esses ecótopos e se fez incluir no ciclo
epidemiológico da doença, oferecendo ao hemíptero vetor vivendas
rurais de péssima qualidade, frutos de perversas relações de
produção e de políticas sociais restritivas.

Além dos modos de transmissão citados, ainda há mecanismos diferentes


dos comuns, no entanto com a mesma resposta enferma, sendo por transfusão
sanguínea, caso o doador possua a doença, transmissão congênita, mãe para o
embrião via placenta, ingestão de carne contaminada e de modo acidental em
laboratórios.
Tendo em vista a transmissão, com ela vem as manifestações
clínicas/sintomas da doença, podendo se apresentar em duas formas distintas,
aguda e crônica. A fase aguda com sintomatologia semelhante a uma gripe, com
febre, mal estar, falta de apetite, edemas, distúrbios cardíacos e aumento do baço e
fígado, no entanto essa forma da doença pode passar despercebida, sem
manifestações, já a fase crônica a doença pode passar ativamente comprometendo
na maioria das vezes o sistema cardíaco e digestivo ou como a aguda, passar
despercebida por um longo período ou a vida inteira do indivíduo.
Neste seguimento o diagnóstico pode ser feito de diversas formas para
conferir uma legitimidade da doença, sendo ele parasitológico (utilizado na maioria
das vezes para diagnóstico na fase aguda), por meio de exame a fresco, gota
espessa, esfregaço corado, creme leucocitário e xenodiagnóstico, ou métodos
Imunológicos (mais utilizado para diagnóstico na fase crônica da doença), por meio
de hemaglutinação indireta, imunofluorescência e ELISA, tudo dependendo dos
sintomas, estado do paciente e da instituição.
Com isso surgem os devidos tratamentos para a Doença de Chagas, na
fase aguda está indicado o uso de antiparasitários específicos com o objetivo de
suprir a parasitemia e seus efeitos patogênicos ao organismo, já na fase crônica os
tratamentos são indicados aos órgãos acometidos pela doença, pois o uso de
antiparasitários não irá mais beneficiar o paciente, tendo notório isso é importante o
diagnóstico precoce da doença a fim de um quadro mais eficaz ao indivíduo.
Neste sentido surgem os papéis adequados da Vigilância Epidemiológica
em concordância com a doença, com objetivos de erradicar o Trypanosoma cruzy e
as devidas formas de transmissão, realizar investigações de casos, e realizar o
monitoramento da presença de vetores e infecções na população em decorrência da
parasitose.
OBJETIVO GERAL
Analisar a situação epidemiológica da Doença de Chagas no território
Brasileiro, visando um controle de prevenção adequado a cada quadro da doença
em seu atual estado.
OBJETIVO ESPECÍFICO
-Identificar as principais causas da Doença de Chagas que contribuem
para sua proliferação.
-Conscientizar sobre a prevenção, alertar a população sobre a realidade
dessa antropozoonose.
-Garantir acesso a um serviço médico adequado, capaz de realizar um
diagnóstico clínico sensato, junto a um tratamento necessário.
-Capacitar a equipe da Vigilância Epidemiológica para que realizem seu
devido trabalho, com uma notificação mediante instrumentos do SINAN.
-Quantificar a situação atual do Brasil, referente aos casos da doença.
2 Desenvolvimento

2.1 METODOLOGIA

O seguinte resumo expandido faz-se uma revisão bibliográfica sobre o


contexto epidemiológico da doença de Chagas, suas principais formas de
transmissão e sua prevenção em território brasileiro. Sendo assim, o resumo tem
método de pesquisa bibliográfica.

2.2 CONTEXTO EPIDEMIOLÓGICO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima cerca de 6 a 7 milhões de


pessoas por todo o mundo que contenham a doença de chagas, onde sua maioria
se concentra na América Latina, onde no Brasil a região amazônica é considerada
endêmica (Silva e Monteiro 2020).
Desde a década de 1990, na região Norte do país, a doença de chagas
ganhou importância na saúde pública, com expressão nacional, devido à
identificação da transmissão oral, o que motivou a retomada da notificação
obrigatória de casos agudos em 2005. A manifestação tornou-se evidente após o
primeiro surto de doença de Chagas aguda por transmissão oral oficialmente
investigado, ocorrido em Santa Catarina em 2005, provavelmente relacionado à
ingestão de caldo de cana contaminado com o protozoário Trypanosoma cruzi
(Alencar et al., 2020).

Tendo em vista que após o ano de 2005 foi retomado as notificações dos
casos sobre a doença de Chagas, o ministério da saúde informa que entre os anos
2000 e 2013 houveram registro de 1.570 casos no Brasil, onde 1.081 foram
contaminados por via oral, 100 pela forma vetorial, 6 pela vertical, 372 ignoradas e
11 por outras formas. A região norte foi a com maior número (1.430 casos), sendo
em 1.023 por contaminação oral. Nessa região o alto número de casos ocorre
devido a safra de açaí, que ocorre entre os meses de agosto a novembro, onde
muitas vezes o inseto barbeiro, que é o vetor da doença de Chagas, acaba
depositando suas fezes contaminadas com Trypanosoma cruzi nos frutos do açaí ou
até mesmo o inseto acaba sendo triturado com o fruto, deixando assim toda aquela
safra contaminada. Com isso entre os anos de 2005 e 2013 houveram na região
amazônica cerca de 112 casos da doença, onde sua maioria foi por contaminação
oral oriunda do açaí. Já no sul do Brasil, especificamente em Santa Catarina, no ano
de 2005 ocorreu a contaminação de pessoas pelo vírus causador da doença de
Chagas, onde foram realizados analises em possíveis locais contaminados e foi
constatado que haviam dez vetores infectados em uma palmeira próxima a um
quiosque de venda de caldo de cana e um vetor contaminado no quiosque (Moraes,
2016).

2.3 FORMAS DE TRANSMISSÃO

Há várias formas de transmissão da doença de Chagas, mas a via vetorial é


considerada como mecanismo de transmissão com maior relevância para a
epidemiologia, pois corresponde a 80% dos casos detectados da doença. Na via
vetorial é necessário que ocorra a interação vetor-hospedeiro, onde o inseto
conhecido como barbeiro que está contaminado com o T. cruzi, acaba picando o
indivíduo e ao mesmo tempo evacua próximo ao local da picada, onde o ser humano
tem como resposta prurido local, levando o protozoário que está nas fezes do inseto
para sua corrente sanguínea, sendo assim infectado pelo mesmo (Costa e Tavares,
2013).

A transmissão congênita, conhecida também como transmissão vertical


ocorre principalmente por via transplacentária, onde a mão infectada acaba
passando parar o filho em qualquer momento da gestação. Pode ocorrer também no
parto vaginal, através das mucosas do feto com o sangue da mãe contaminado pelo
T. cruzi (Costa e Tavares, 2013).

Transmissão oral ocorre pela ingestão de alimentos contaminados, como em


casos de açaís, caldo de cana e outros produtos que possam estar infectados. Junto
com essa transmissão há também a forma acidental, onde pode ocorrer por falta do
uso corretos de EPI´S em ambiente laboratorial ou hospitalar quando se há contato
com fluidos de pacientes supostamente contaminados (Costa e Tavares, 2013).

Transmissão transplantar ocorre em transplantes de órgãos, onde o primeiro


caso desse meio de transmissão ocorreu em 1980 após um transplante de rim.
Porém só ocorre quando não há uma triagem adequada no processo do transplante,
sendo assim, o paciente pode desenvolver a fase aguda grave, já que seu
organismo está ligeiramente frágil em decorrência ao transplante, apresentando
assim menor resistência a infecção. Nesse mesmo âmbito há a forma de
transmissão por transfusão sanguínea, ocorrendo por falhas na triagem clínica e
sorológica, prevalência da doença em determinada região, a situação imune do
receptor, e o baixo nível de cobertura sorológica para T. cruzi nos serviços de
hemoterapia (Costa e Tavares, 2013).

2.4 PREVENÇÃO

Uma forma de prevenir a doença de Chagas é impedir que os insetos se


reproduzam dentro de casa. Redes mosqueteiras ou telas metálicas podem ser
usadas em áreas onde os insetos podem entrar através de aberturas ou fendas. Ao
realizar atividades noturnas em áreas florestais, são recomendadas medidas de
proteção individual, como repelente de insetos e roupas de mangas compridas.
Preferencialmente deve-se consumir alimentos de origem vegetal pasteurizados.
Em relação ao controle da doença de chagas, a organização mundial da saúde e a
organização pan-americana de saúde estão muito otimistas, pois vem obtendo
sucesso sobre ações sistematizadas de programas regionais de controle
epidemiológico, possibilitando assim uma diminuição significativa da transmissão.

Outra forma de prevenir ainda é a implementação de campanhas sanitárias


voltadas em zonas rurais e periferias urbanas, por meio de visitas domiciliares para
investigar onde o vetor se encontra dentro e fora de casa. Se encontrado, será
enviado para análise para verificação de contaminação. Ainda de muita
importância, a criação de um sistema de vigilância e prevenção da doença, pois já
foram detectados vários estados da doença em diversos países e regiões.

4 CONSIDERAÇÃO FINAL

A doença de Chagas é uma doença conhecida, descoberta há mais de 100


anos, que afeta mais de 15 milhões de pessoas, com vítimas concentradas no
Norte e Nordeste do Brasil. O único medicamento terapêutico disponível no
mercado no Brasil é o benzonidazol, utilizado principalmente na fase aguda da
doença. Porém, não é eficaz o suficiente na fase crônica da doença. Os estudos
atualmente revelam uma possibilidade de melhora do quadro de vida para os
portadores da doença na fase crônica, sendo utilizado o transplante de células
tronco da medula óssea, mas ainda em fase de experimento.

4 REFERÊNCIAS

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Ângela.; CARMO, MCN; SANTANA, MS; RAMOS, JLD; MENEZES, JJ de.; LIMA, AP
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