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Objectivos de Aprendizagem
2.1 Definição
Malária é uma doença infecciosa parasitária aguda causada por protozoários do género
Plasmodium, transmitida pela picada do mosquito fêmea Anopheles.
2.2 Etiologia
O parasita que causa a malária é um protozoário unicelular que pertence ao género
Plasmodium. Das cerca de 120 espécies de plasmódio, apenas 4 infectam os humanos e
causam doença. São as seguintes:
Plasmodium falciparum
Plasmodium malariae
Plasmodium vivax
Plasmodium ovale
Foi descoberto recentemente a 5ª espécie que causa doença em humanos: Plasmodium
knowlesi. Esta nova espécie está presente no sudeste de Ásia e microscopicamente parece-se
com o P. malariae, mas pode causar doença grave semelhante ao P. falciparum.
O Plasmodium falciparum é responsável por cerca de 90% dos casos de malária em
Moçambique. O Plasmodium malariae e ovale são responsáveis pelos 10% de casos
remanescentes (9,1% para P. malariae e 0,9% para P. ovale). Acredita-se que o Plasmodium
vivax não exista em Moçambique, devido a ausência de um determinado factor (factor Duffy) na
maioria dos africanos, que confere protecção contra a sua transmissão.
2.3 Vector da Malária
O vector da malária é o mosquito fêmea do género Anopheles. Em Moçambique, as principais
espécies de Anopheles implicados na transmissão da malária são: Anopheles gambiae e
Anopheles funestus.
Fonte: http://www.malariajournal.com/content/8/1/74
As zonas mais afectadas são as províncias costeiras, com maior prevalência para a região
norte do país.
Um estudo efectuado por Samuel Mabunda, com a colaboração de 3 especialistas: John J
Aponte, Armindo Tiago e Pedro Alonso, em 24 distritos do País, em 2007, mostrou a seguinte
prevalência da infecção por Plasmodium falciparum em crianças menores de 5 anos:
B. Imunidade Adquirida
A exposição repetida a malária faz com que os indivíduos passem a ser semi-imunes.
Isto significa que ainda estão em risco de infecção, mas não desenvolvem formas
graves da doença ou ficam assintomáticos. Pacientes com imunodeficiências
(HIV/SIDA, desnutridos, etc) devido a deficiente imunidade estão em risco de
desenvolver formas graves e fatais de malária.
C. Idade
Crianças menores de 5 anos são um grupo de risco pois ainda não desenvolveram
imunidade, sendo susceptíveis a desenvolverem formas graves de malária.
D. Gravidez
Mulheres grávidas apresentam uma diminuição da imunidade, sendo susceptíveis a
desenvolverem formas graves de malária.
E. Crenças e Práticas
As crenças sobre doenças (causas, prevenção e cura) influenciam nas práticas que se
toma sobre as mesmas e na adesão às medidas de prevenção do SNS. Por exemplo,
em Moçambique (sobretudo no norte do país), é comum a população rejeitar que se
faça a pulverização intra-domiciliária, por se acreditar que este acto está na origem da
cólera e que não previne a malária. Um outro problema, é o facto de em zonas costeira
onde a pesca é principal actividade (ex: Mocimboa da Praia), a população desviar as
redes mosquiteiras disponibilizadas às mulheres grávidas na CPN, para a prática da
pesca.
F. Migração
A migração está associada com a transmissão de malária. Por exemplo: pessoas sem
imunidade contra a malária podem se deslocar de áreas sem malária para áreas
endémicas de malária, afectando assim a distribuição e transmissão. O contrário
também é válido, quando uma pessoa proveniente de uma área com malária se desloca
para uma área sem malária, carregam o parasita para esta área.
2.6.3 Factores relacionados com o Parasita e Vector
Cada uma das espécies de plasmódio apresenta estirpes diferentes com propriedades
antigénicas diferentes. Portanto, ser imune a uma estirpe não implica ser imune a outras
estirpes
A densidade do vector – quanto maior for a densidade do vector da malária, maior é o
risco de transmissão
Longevidade do vector – quanto maior for a longevidade (tempo de vida) do vector,
maior o risco de transmissão, pois o parasita poderá completar seu ciclo de vida dentro
do vector e maior capacidade de picar (alimentar-se). Ao reduzir a longevidade do
vector (eliminando ou tratando os criadores), poderá se reduzir a transmissão da
malária
Hábito de alimentação – quanto maior a frequência de alimentação do vector maior será
o risco de transmissão da malária. Por outro lado, vectores que se alimentam de sangue
humanos (anopheles gambiae) apresentam maior probabilidade de transmitir o parasita
da malária do que vectores que se alimentam de sangue de animais ou ambos, sangue
de animais e humanos. Alguns vectores preferem alimentar-se no interior de uma casa
e outros no exterior de uma casa. Os vectores que se alimentam no interior de uma
casa são relativamente fáceis de controlar (por exemplo: através da pulverização dentro
de casa – intra-domiciliária), constituindo uma oportunidade de reduzir a transmissão da
doença.
O parasita da malária possui um ciclo de vida com duas fases, sendo uma fase no ser humano
e outra fase no vector: o mosquito.
Infecção urinária: manifesta-se com sintomas urinários (dor no baixo ventre, disúria,
polaquiária, pode haver dor lombar) e febre intermitente. O exame de urina II é útil para
a identificação de achados compatíveis com a infecção.
Gastroenterite ou intoxicação alimentar : há predominância de sintomas
gastrointestinais (diarreia, náuseas, vómitos). Pode haver antecedentes de mais
contactos com o mesmo quadro clínico. O exame de fezes a fresco é útil para a
orientação do diagnóstico.
E. Tratamento
O tratamento da malária segundo as normas do SNS, é feito com base em anti-maláricos da 1ª
e 2ª linhas de tratamento.
O tratamento da malária não complicada é feito com anti-maláricos de 1ª linha: que podem ser
Arteméter-Lumefantrina (AL ou coartem) que é o fármaco de eleição e Artesunato e
Amodiaquina, que constituem a opção alternativa.
Contra-indicações:
- Primeiro trimestre de gravidez
- História de alergia aos derivados da artemisina ou à lumefantrina
- Malária grave
- Crianças com peso inferior a 5kg
É importante ter atenção aos seguintes efeitos adversos: dor abdominal, anorexia, náuseas,
vómitos, diarreia, cefaleia, tonturas, distúrbios do sono e fadiga.
Ter atenção aos efeitos adversos da medicação: cólica abdominal, diarreia, náuseas,
vómitos e prurido.
Anemia ligeira- sal ferroso + ácido fólico 1 comprimido por dia; se anemia grave e
descompensada – transfusão de concentrado de eritrócitos 15ml/kg, antes da
transfusão administrar 1mg/kg de furosemida EV.
Tratamento pré-referência
Recomenda-se como medida pré-referência o seguinte:
a) Artesunato EV ou IM (1ª dose da 2ª linha de tratamento de eleição) ou
b) Artesunato rectal (supositório):
Apresentação: supositório de 400mg
Via de administração: rectal
Dose: 10mg/kg de peso corporal (40-59 kg 1 supositório), 60-79 kg 2 supositórios,> 80
kg 3 supositórios)
Se o Artesunato não estiver disponível ou contra-indicado, o quinino parenteral é a
alternativa
c) Quinino EV infusão ou IM – para injecção intramuscular de quinino é preciso diluir o
medicamento em dextrose a 5% (ou NaCL 0.9%). Dividir em duas doses e administrar
nas partes anteriores de cada coxa.
Em caso de impossibilidade de referência continuar o tratamento via rectal, IM ou EV
até o paciente tolerar a via oral.
Transfira ou refira imediatamente o paciente para um nível superior (médico)
Critérios de Referência/Transferência
Toda malária complicada/severa
Falência terapêutica a 1ª ou 2ª linha
Falência terapêutica a 3ª linha
2.1.3 Seguimento Clínico/laboratorial da Malária
Todos os pacientes diagnosticados e tratados para malária deverão ser avaliados uma
semana após completar o tratamento. Nesta avaliação o clínico deverá examinar o
paciente e pedir um hematozoário de controlo.
Nos pacientes com diagnóstico de malária grave e internamento, recomenda-se um
controlo laboratorial estreito (hematozoários seriados) para avaliar a densidade
parasitária (quantidade de parasitas presentes numa certa quantidade de amostra de
sangue) e a resolução da mesma. O objectivo é de certificar a eficácia dos tratamentos
anti-maláricos.
Fonte: cgi.ebay.co.uk
Figura 2. Serpentina
4.1.3 Reduzir ou Prevenir a formação dos Criadores de Mosquito (seu habitat)
Manipulação ambiental para reduzir os criadores de mosquito (tapar os charcos,
eliminar as águas estagnadas, remoção do capim a volta das casas)
Destruição das larvas do mosquito através de produtos biológicos ou químicos (muito
dispendioso e pouco factível)
As acções em massa, mais usadas em Moçambique são: as redes mosquiteiras tratadas com
insecticida de longa duração e a PIDOM. Elas são mais efectivas e menos dispendiosas do que
a luta larval, pois além de reduzir (matando) o número de mosquitos, eles diminuem o tempo de
vida dos mesmos, não permitindo desta forma a transmissão da malária (o parasita não vive o
tempo suficiente para efectuar a esporogonia).
4.2 Profilaxia Farmacológica da Malária
A profilaxia farmacológica da malária não se aplica no nosso meio, ela só é válida para
indivíduos que viajam de uma área não endémica ou zona livre, para uma área endémica.
A única profilaxia vigente em Moçambique é o TIP com recurso a sulfadoxina-pirimetamina, que
actualmente é usada para mulheres grávidas.
BLOCO 5: PONTOS-CHAVE
5.1. O Plasmodium falciparum é a espécie com formas clínicas mais graves e fatais da
malária.
5.2. Existem dois tipos de malária: (1) não complicada sem sinais de gravidade ou evidência
de disfunção orgânica vital (clínica e laboratorial) e (2) complicada/severa com sinais de
complicação ou evidências de disfunção orgânica vital (clínica ou laboratorial).
5.3. As complicações mais frequentemente fatais e que se devem prevenir ou tratar são:
hipoglicémia, anemia, convulsões e desidratação.
5.4. É importante que o clínico efectue o seguimento clínico e laboratorial dos pacientes com
malária no sentido de detectar precocemente casos de falência terapêutica.
5.5. Não usar o TDR como controlo pós tratamento, pois os testes podem manter-se
positivos até 4 semanas depois.
5.6. Entre os adultos, a mulher grávida representa o grupo de risco mais vulnerável e grave
pelos efeitos que a malária exerce na gestante, no feto e no recém-nascido.
5.7. A única profilaxia para a malária em Moçambique é feita na mulher grávida com
fansidar.
5.8. O controlo dos vectores desempenha um papel fundamental na redução dos casos de
malária e da taxa de mortalidade.
5.9. A distribuição de redes mosquiteiras tratadas com insecticidas de longa duração e a
pulverização intra-domiciliária representam as medidas preventivas mais eficazes e
menos dispendiosas no controlo da malária.