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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE CIÊNCIA DE SAÚDE

CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

MÓDULO DE PARASITOLOGIA

Principais Parasitoses causadas por Helmintos – Schistosomíase

Sandra Artur Meque

Nampula, Novembro, 2023


Índice

1.Introdução.............................................................................................................................3

1.1.Objectivos..........................................................................................................................3

1.2.Geral...........................................................................................................................................3

1.3.Específicos........................................................................................................................3

1.4.Metodologia......................................................................................................................3

2.Schistosomiase.....................................................................................................................4

2.1.Distribuição geográfica da Schistosomíase em Africa e no Mundo.................................4

2.2.Ciclo de vida..............................................................................................................................5

2.3.Tratamento e prevenção....................................................................................................5

2.5.Procedimentos de tratamento da Schistosomíase em vigor em Moçambique..................6

2.6.As medidas de controlo e prevenção da Schistosomíase..................................................7

3.Conclusão.............................................................................................................................8

4.Referência bibliográfica.......................................................................................................9
1.Introdução

A Schistosomíase e os Helmintas transmitidos pelo solo (HTS) são, entre as DTN´s, das mais
frequentes e que podem ser controladas com quimioterapia preventiva (QP), isto é, utilizando
a administração em massa de medicamentos por menos de 0,50 dólares Americanos por
pessoa e por ano (Majid, 2019 e Hotez, 2009).

A Schistosomíase e as HTS são um grupo de doenças infecciosas debilitantes que contribuem


para a pobreza extrema. São assim chamadas de “doenças negligenciadas”, porque persistem
apenas nas comunidades mais pobres, marginalizadas e em zonas de conflito e desapareceram
em grande parte no mundo desenvolvido. Com aumento do fluxo migratório e mudanças
climáticas têm surgido casos em países ricos e desenvolvidos como a França. (WHO, 2017).

1.1.Objectivos

A seguir apresenta-se os objectivos, geral e específicos, do trabalho.

1.2.Geral

 Analisar as Principais Parasitoses causadas por Helmintos – Schistosomíase

1.3.Específicos

 Distribuição geográfica dos casos da Schistosomíase no mundo e em África


 Descrever a prevalência da Schistosomíase na Província de Nampula
 Enumerar agentes causadores da Schistosomíase
 Descrever o ciclo de vida

1.4.Metodologia

Para a elaboração deste trabalho e o alcance dos objectivos pretendidos foram recorridos
manuais electrónicos, artigos científicos em formato electrónico que abordam o tema em
alusão e pesquisa bibliográfica.
1.5.Estrutura do trabalho

O trabalho está organizado da seguinte maneira: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e


Referência bibliográfica.

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2.Schistosomiase

A schistosomíase, também designada bilharziose, é uma doença tropical negligenciada (DTN)


causada por tremátodes sanguíneos digenéticos do género Schistosoma, família
Schistosomatida. A transmissão ocorre através do contacto com água contaminada com larvas
de Schistosoma, durante actividades como nadar, tomar banho, pescar, lavar a roupa ou
práticas agrícolas.

Fonte: WHO, 2017.

Em 2015, estimou-se que 218.2 milhões de pessoas necessitaram de tratamento, das quais
crianças em idade escolar representavam mais da metade (54,4%) desse total (WHO, 2017).

É considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a segunda doença parasitária mais
importante a nível socioeconómico e de saúde pública, a seguir à malária. Ainda que a sua
prevalência seja subestimada, afecta quase 240 milhões de pessoas em 78 países por todo o
mundo, sobretudo em comunidades pobres de regiões tropicais e subtropicais sem acesso a
água potável nem saneamento adequado. Estima-se que Moçambique seja o país da África
Subsariana com maior prevalência de schistosomíase em crianças em idade escolar.

2.1.Distribuição geográfica da Schistosomíase em Africa e no Mundo

Das 16 espécies de Schistosoma conhecidas que infectam humanos ou animais, cinco são
responsáveis pela maioria das infeções humanas. As 5 espécies de Schistosoma que parasitam
o homem, Schistosoma haematobium, Schistosoma japonicum, Schistosoma mansoni,
Schistosoma intercalatum e Schistosoma mekongi são responsáveis por doenças com
diferentes características clínicas denominadas Schistosomíase e, também conhecida por
bilharziose. As espécies S. haematobium e S. mansoni ocorrem na África e no Médio Oriente.
Dos dois mencionados anteriormente apenas o S. mansoni está presente nas Américas.

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A espécie S. japonicum está localizada na Ásia, com destaque para as Filipinas e a China
(Adekiya, 2019) o S. mekong, na bacia do rio Mekong, o S. guineenses e o Schistosoma
intercalatum na África Ocidental e Central. Cada espécie possui uma faixa específica de
hospedeiros intermediários de caracóis adequados, sendo, portanto, a sua distribuição definida
pela faixa de habitat dos caracóis hospedeiros. Assim, o S. mansoni e o S. haematobium
precisam de certas espécies de caracóis aquáticos de água doce do género Biomphalaria e
Bulinus, respectivamente. O S. japonicum usa caracóis do género Oncomelania spp. como
hospedeiro intermediário (Colley, 2014).

2.2.Ciclo de vida

O ciclo de vida de todas as espécies de Schistosoma que infetam os seres humanos, é


constituído por duas fases, uma fase sexuada protagonizada pelos parasitas adultos no sistema
vascular do hospedeiro definitivo onde acasalam e produzem ovos fertilizados, e uma fase
assexuada nos caracóis, seus hospedeiros intermediários.

Fonte: ABC da Medicina, 2013.

Os ovos fertilizados são lançados no meio ambiente através de fezes (S. mansoni, S. mekongi
e S. intercalatum) ou urina (S. haematobium) do indivíduo infectado (Nelwan, 2019 e Geyer,
2018).

Os ovos que chegam à água doce (águas superficiais, rios e lagoas) com condições favoráveis
como temperatura entre 25 a 30ºC, eclodem, liberando miracídios ciliados de vida livre que
infectam um hospedeiro intermediário adequado (caracol) (Roquis, 2018).

2.3.Tratamento e prevenção

A frequência do tratamento é determinada pela prevalência de infecção em crianças em idade


escolar. Em áreas de elevada transmissão, o tratamento pode ter que ser repetido anualmente
durante vários anos. Os grupos-alvo para tratamento incluem: crianças em idade escolar em

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áreas endémicas; adultos considerados em risco em áreas endémicas e com ocupações que
envolvem contacto com água contaminada; comunidades inteiras que vivem em áreas de
elevada endemicidade. Embora seja também recomendado o tratamento de crianças em idade
pré-escolar, não há uma forma farmacêutica de praziquantel adequada que permita e sua
inclusão nos atuais programas de tratamento em larga escala.

2.4.Prevalência da Schistosomíase na Província de Nampula

Segundo o MISAU, a schistosomíase é muito prevalente na Cidade de Nampula. Dois em


cada dez indivíduos têm schistosomíase vesical e helmintiases transmitidas pelo solo. As
campanhas de tratamento massivo têm contribuído para a redução da prevalência destas
doenças.

Fonte: MISAU.

2.5.Procedimentos de tratamento da Schistosomíase em vigor em Moçambique

O Praziquantel (PZQ) é o medicamento de escolha no tratamento contra todas as espécies de


Schistosoma, afectando directamente os parasitas adultos em pouco tempo, mas tendo pouca
acção contra as formas larvares do parasita. O período ideal para o seguimento dos indivíduos
tratados é entre 4 a 6 semanas após o tratamento com uma dose única de 40 mg/kg (ECDC,
2014).

Moçambique é um país endémico para S. mansoni, tendo adoptado como estratégia de


controlo desta doença, o tratamento anual em massa com praziquantel. No entanto, para
avaliar o impacto do tratamento e assim como a sua distribuição ao longo do país têm sido

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usadas somente técnicas parasitológicas. Sabe-se hoje que para um melhor controlo das
intervenções do tratamento massivo é necessário aplicar técnicas que sejam mais sensíveis,
em virtude de existirem infecções leves que ainda prevalecem após o tratamento em massa
(Navaratnam et al., 2012).

Estes indivíduos com baixas cargas parasitárias, podem ainda eliminar ovos viáveis que
quando em contacto com a água emergem os miracídios, infectando os moluscos hospedeiros
intermediários e podendo manter com relativa facilidade o ciclo de transmissão (Shiff, 1968).

Neste contexto, o recurso aos métodos moleculares será uma ferramenta eficaz para melhorar
a vigilância epidemiológica e o sistema de monitorização da schistosomose no país em geral.

2.6.As medidas de controlo e prevenção da Schistosomíase

As estratégias de prevenção e controlo da schistosomose na população são feitas através da


quimioterapia em massa (Koukounari et al., 2007), associada ao controlo dos moluscos, com
modificações ambientais desfavoráveis dos seus criadouros, educação sanitária e saneamento
do meio (Rey, 1987, King et al., 2006).

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3.Conclusão

Com este trabalho procurou Analisar as Principais Parasitoses causadas por Helmintos –
Schistosomíase, vale afirmar que os dados da pesquisa de campo foram possíveis graças aos
manuais electrónicos, artigos científicos em formato electrónico que abordam o tema em
alusão. Assim, de forma geral compreendemos que a schistosomíase é uma doença provocada
pelo tremátodo Schistosoma, havendo três espécies principais que provocam infecções no
homem. Estima-se que afecte cerca de 200 milhões de pessoas e há mais de 650 milhões de
pessoas a viver em áreas endémicas.

No nosso país, o diagnóstico correcto assenta numa história clínica meticulosa coadjuvada por
um grau elevado de suspeita clínica. Numa fase latente ou inactiva, é necessária a realização
de cistoscopia e colheita de material biológico para obter o diagnóstico. A erradicação da
doença é actualmente improvável, apesar dos esforços da OMS, nomeadamente através de
campanhas nas escolares em países endémicos de administração de praziquantel em massa. A
vacina encontra-se sob investigação. O tratamento farmacológico está disponível, sendo o
Praziquantel o tratamento standard da schistosomíase. Contudo, nenhum dos fármacos reverte
as sequelas da infecção ou previne a reinfecção.

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4.Referência bibliográfica

Colley, D. G., Bustinduy, A. L., Secor, W. E., & King, C. H., 2014. Human schistosomiasis.
Lancet (London, England), 383(9936), 2253–2264. https://doi.org/10.1016/S0140-
6736(13)61949-2.

European Centre for Disease Prevention and Control., 2014. Local transmission of
Schistosoma haematobium in Corsica, France, First update–23 July 2015.
Stockholm: ECDC, p-1.

Geyer, K. K., Munshi, S. E., Vickers, M., Squance, M., Wilkinson, T. J., Berrar, D.,
Chaparro, C., Swain, M. T., & Hoffmann, K. F. (2018). Corrigendum to 'the
antifecundity effect of 5-azacytidine (5-AzaC) on Schistosoma mansoni is linked to
disregulated transcription, translation and stem cell activities' [Int. J. Parasitol.
Drugs and Drug Resist. 8 (2018) 213-222]. International journal for parasitology.
Drugs and drug resistance, 8(3), 493. https://doi.org/10.1016/j.ijpddr.2018.07.002.

King, C. H., Sturrock, R. F., Kariuki, H. C. & Hamburger, J., 2006. Transmission control for
schistosomiasis–why it matters now. TRENDS in Parasitology, 22(12), 575-582.

Koukounari, A., Gabrielli, A. F., Toure, S., Bosque-Oliva, E., Zhang, Y., Sellin, B., 2007.
Schistosoma haematobium infection and morbidity before and after large-scale
administration of praziquantel in Burkina Faso. Journal of Infectious Diseases; 196,
59-69.

Navaratnam, A. M., Sousa-Figueiredo, J. C., Stothard, J. R., Kabatereine, N. B., Fenwick, A.,
2012. Efficacy of praziquantel syrup versus crushed praziquantel tablets in the
treatment of intestinal schistosomiasis in Ugandan preschool children, with
observation on compliance and safety. Transactions of the Royal Society of Tropical
Medicine and Hygiene, 106, 400–407.

Nelwan M. L. (2019). Schistosomiasis: Life Cycle, Diagnosis, and Control. Current


therapeutic research, clinical and experimental, 91, 5–9.
https://doi.org/10.1016/j.curtheres.2019.06.001.

Rey, L.; Lourenço, M. I. & Garcia, C. M., 1987. Esquistosomíase: Metodologia de controle
em aldeias comunais em Moçambique. I. Controle de moluscos, terapia e
participação comunitária. Revista Médica de Moçambique, 3, 1-7.
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Roquis, D., Taudt, A., Geyer, K. K., Padalino, G., Hoffmann, K. F., Holroyd, N., Berriman,
M., Aliaga, B., Chaparro, C., Grunau, C., & Augusto, R. C. (2018). Histone
methylation changes are required for life cycle progression in the human parasite
Schistosoma mansoni. PLoS pathogens, 14(5), e1007066.
https://doi.org/10.1371/journal.ppat.1007066.

Shiff, C. J., 1968. Location of Bulinus (Physopsis) globosus by miracidia of Schistosoma


haematobium. Journal Parasitology, 45, 1133–1140.

WHO., (2017). Integrating neglected tropical diseases into global health and development:
fourth WHO, Geneva: World Health Organization.

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