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Malaria
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Malaria
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Objectivo Geral:
o Compreender a história natural da malária, as formas Profiláticas e Terapêuticas usadas
no Combate à Malária;
Objectivos Específicos:
o Definir Malária
o Entender a História da Malária
o Identificar a Etiologia da Malária
o Identificar as Manifestações Clinicas da Malária
o Evidenciar o Ciclo de Vida da Malária
o Avaliar como e feito o Diagnostico Da Malária
o Classificar clinicamente a Malária
Historial da malária
O presente subcapítulo pretende expor, de modo sucinto, o historial biomédico da malária,
destacando alguns factos e desenvolvimentos no controlo da doença em referência, nas
sociedades europeia e norte-americana. A parcialidade desta análise, ao privilegiar a bibliografia
mais acessível à investigadora, exclui as sociedades asiáticas, onde, por exemplo, a utilização da
planta artemisinina (ou qinghaosu) já surge registada em textos médicos chineses, há 2000 anos
(Packard, 2007: 115) e que, atualmente, faz parte das terapêuticas biomédicas, sendo considerada
um fármaco decisivo no tratamento da malária.
Os anos 40: a Segunda Guerra Mundial, o DDT e a Organização Mundial de Saúde (OMS)
Os esforços e investimento público para controlar a malária, nas primeiras décadas dos anos 40,
alcançaram resultados modestos, mas permitiram aos governos e instituições de saúde pública
(incluindo a Comissão da Malária da Sociedade das Nações e a Fundação Rockefeller) conhecer
melhor a doença, através da realização de estudos de vigilância epidemiológica e estudos
entomológicos.
A Segunda Guerra Mundial, com palcos de conflito pela Europa, Ásia e Pacífico, viria a
conhecer um inimigo comum: a malária. O maior ou menor sucesso na frente de combate
dependia da capacidade de garantir que os militares se mantinham livres da doença e que o
ambiente envolvente das bases militares estava vetorialmente controlado (Packard, 2007: 140).
Em 1939, a descoberta do DDT (dichlorodiphenyl-trichloro-ethane) por Paul Mueller, um
químico suíço, viria a revolucionar o controlo da malária não só porque eliminava os mosquitos,
mas também porque a sua ação se prolongava até três meses após a aplicação (Humphreys, 2001:
147), podendo, mesmo, existirem casos em que a pulverização realizada a cada seis meses
inverteria a população anofelina. A Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria viriam a catalisar a
expansão do DDT, quer em contextos militares, quer através de programas de controlo da
malária (Packard, 2007: 147). Em 1945, a cloroquina foi introduzida e passou a integrar as
estratégias de “esterilização” (Humphreys, 2001: 73).
A erradicação da malária, em oposição ao seu controlo, apresentou-se, assim, como um objetivo
alcançável pelos Estados. Aprovado em 1955, na Assembleia Mundial de Saúde, o Programa de
Erradicação da Malária, sob liderança técnica e de coordenação de recursos por parte da OMS
(Nájera et al., 2011: 2), destinou- se, primeiramente, aos Estados-membros, investindo todos os
recursos e esperanças nas atividades de pulverização intradomiciliária com DDT, como
alternativa aos casos de resistência à cloroquina, identificados na Venezuela e na Tailândia, no
final dos anos 50 (Nájera et al., 2011: 3). Como resultado, a campanha realizada impediu a
transmissão, em todas as áreas endémicas de malária na Europa, na maioria das regiões asiáticas
da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), nos Estados Unidos da América e na
maioria dos países das Caraíbas (Krogstad, 1996: 1). Em 1950, a malária era considerada uma
doença endémica, em 143 países. Em 1978, 37 foram declarados livres de malária, 27 dos quais
localizados no continente europeu e americano (Wernsdorfer 1980, apud
Mendis et al., 2009: 2).
No entanto, houve países onde se observou o ressurgimento da malária. Apesar da OMS ter
considerado que as causas estariam relacionadas com as resistências aos antimaláricos e
inseticidas, é de admitir que tenha decorrido da fraca gestão dos programas de controlo da
enfermidade e da falta de formação adequada do pessoal de saúde (causas mais relacionadas com
o âmbito biomédico).
Vários cientistas sociais defendem que, em alguns países, a diminuição do esforço de combate
desta doença assentava em motivações político-econômicas, mormente do controlo de
trabalhadores revoltados e protestos generalizados (Baer, Singer e Susser, 2003: 76-77).
Com este Programa de Erradicação da Malária, Moçambique não alcançou os mesmos resultados
do que os 37 países que foram considerados livres dessa doença.
Conceito:
A malária, mundialmente um dos mais sérios problemas de saúde pública, é uma doença
infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida ao homem por fêmeas
de mosquitos do gênero Anopheles, produzindo febre, além de outros sintomas. Quatro espécies
de plasmódio podem causar a doença: P. falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale (essa, de
transmissão natural apenas na África). (Ministerio da saude, 2005)
Etiologia
A malária, também conhecida por paludismo é uma doença infecciosa causada por parasitas do
género Plasmodium.
Plasmodium falciparum
Plasmodium vivax não afecta o grupo sanguíneo Duffy
Plasmodium ovale
Plasmodium maláriae
Plasmodium Knwolesi (mais nos macacos)
O P. falciparum é de longe a espécie mais comum encontrada por todo o mundo, em áreas
tropicais e subtropicais, e é responsável pelas formas mais graves e pela maioria das mortes por
malária. No entanto, o P. falciparum não é a única espécie que pode causar morte. O P. vivax,
encontrado na Ásia, América Latina e algumas partes de África, como Etiópia e Eritreia, e o P.
knowlesi, encontrado no sudoeste Asiático e regiões florestais, podem levar a morte por malária.
(Tiago, (2009,2017))
A espécie mais frequente em África é o P. Falciparum, sendo responsável por 90% dos casos e
associado a níveis significativos de morbilidade e mortalidade. Esta é também a espécie mais
comum em Moçambique. (Tiago, (2009,2017))
Epidemiologia
Ocorrência e distribuição (endemicidade)
Em África, o nível de endemicidade da malária varia de país para país e, por vezes, de região
para região, dentro do mesmo país. Alguns dos factores responsáveis pelas variações na
endemicidade incluem:
Com base na intensidade da transmissão, as regiões podem ser classificadas como sendo:
Transmissão durante todo o ano, embora possa ter alguma variação sazonal.
As crianças maiores e adultos que vivem nessas zonas tem imunidade parcial que os
protege contra malária grave,
Crianças menores de 5 anos e mulheres grávidas têm pouca ou baixa imunidade e por
conseguinte constituem grupos de risco de malária grave. (Tiago, (2009,2017))
Malária instável:
Nas zonas de elevada endemicidade, o nível de imunidade para malária na comunidade tende a
ser elevado e, por conseguinte, a prevalência de infecções assintomáticas de malária é também
elevada. (Tiago, (2009,2017))
Quadro clinico
Os sintomas da malária envolvem a clássica tríade febre, calafrio e dor de cabeça. Sintomas
gerais – como mal-estar, dor muscular, sudorese, náusea e tontura – podem preceder ou
acompanhar a tríade sintomática. Contudo, esse quadro clássico pode ser alterado pelo uso de
drogas profiláticas ou aquisição de imunidade, e muitos desses sintomas podem ou não estar
presentes e até mesmo todos podem estar ausentes. Nos casos complicados, podem ainda ocorrer
dor abdominal forte, sonolência e redução da consciência – podendo levar ao coma nos casos de
malária cerebral. (Ministerio da saude, 2005)
A malária é uma doença parasitária infecciosa febril aguda, de grande impacto social,
principalmente nos países situados nas regiões tropicais e subtropicais. Seu quadro clínico típico
é caracterizado por febre precedida de calafrios, seguida de sudorese profusa, fraqueza e cefaleia
que ocorrem em padrões cíclicos, dependendo da espécie de Plasmodium infectante.
Em alguns pacientes aparecem sintomas prodrômicos vários dias antes dos paroxismos da
doença, como náuseas, vômitos, astenia, fadiga e anorexia (BRASIL, 2014ª, citado por
(Marchesine, 2018)
Apesar dos avanços no conhecimento sobre a doença, a malária continua a ser causa significativa
de morbidade e mortalidade nas áreas onde é prevalente, tendo impacto devastador na saúde e
subsistência das pessoas em todo o mundo, especialmente nas populações mais pobres e
vulneráveis. Nessas populações, a morbidade e mortalidade são ainda muito maiores, devido a
dificuldades e/ou escassez de ações de controle, diagnóstico e tratamento adequados (BRASIL,
2014ª, citado por (Marchesine, 2018).
Modo de transmissão
A infecção é transmitida principalmente pela picada de um mosquito fêmea anófeles infectado.
Para além deste modo de transmissão, a infecção malárica pode também ocorrer por transmissão
acidental via transfusão sanguínea ou ferimento por picada de agulha infectada e a transmissão
congénita de mãe para filho durante a gravidez ou parto. Esta situação é diagnosticada quando se
encontra parasitémia num recém-nascido, nos sete dias após o nascimento, ou mais tarde, se não
houve qualquer outra possibilidade de transmissão para o recém-nascido (pelo sangue ou picada
de mosquito). Apesar da elevada prevalência placentária, a transmissão congénita da malária é
rara. (Tiago, (2009,2017))
A Patologia
A Malária, enquanto doença parasitária do sangue, decorre da simbiose de dois elementos: o
parasita, do género Plasmodium e o vetor, do género Anopheles (mosquito).
Ciclo de Vida
O ciclo de vida do Plasmodium sp apresenta uma fase sexuada exógena (esporogônio), com a
multiplicação dos parasitos nas fêmeas do mosquito do gênero Anopheles, e uma fase assexuada,
endógena (esquizogônica), com multiplicação no hospedeiro humano. Esta última fase inclui o
ciclo que ocorre nas células do parênquima hepático (esquizogonia tecidual) e o ciclo que se
desenvolve nos glóbulos vermelhos (esquizogonia eritrocítica). (Marchesine, 2018)
Ciclo biológico do parasito no mosquito
A reprodução sexuada (esporogônica) do parasito da malária ocorre no estômago do mosquito,
após a diferenciação dos gametócitos em gametas e a sua fusão, com formação do ovo (zigoto).
Este se transforma em uma forma móvel (oocineto) que migra até a parede do intestino médio do
inseto, formando o oocisto, no interior do qual se desenvolverão os esporozoítos. O tempo
requerido para que se complete o ciclo esporogônico nos insetos varia com a espécie de
Plasmodium e com a temperatura, situando-se geralmente em torno de 10 a 12 dias. Os
esporozoítos produzidos nos oocistos são liberados na hemolinfa do inseto e migram até as
glândulas salivares, de onde são transferidos para o sangue do hospedeiro humano durante o
repasto sanguíneo. (Ministerio da saude, 2005)
ESPOROGONIA
(Continua)
(Continua)
Fonte: UFMG, 2017, citado por (Marchesine, 2018)
Ciclo biológico do parasito no homem
O ciclo assexuado do plasmódio, denominado esquizogônico, inicia-se após a picada do
anofelino, com a inoculação de esporozoítos infectantes no homem. A seguir, os esporozoítos
circulam na corrente sanguínea durante alguns minutos e rapidamente penetram nas células do
fígado (hepatócitos), dando início ao ciclo pré-eritrocítico ou esquizogonia tecidual, que dura
seis dias para a espécie P. falciparum, oito dias para a P. vivax e 12 a 15 dias para a P. malariae.
(Ministerio da saude, 2005)
Durante esta fase, o P. vivax e o P. ovale apresentam desenvolvimento lento de alguns dos seus
esporozoítos, formando os hipnozoítos, formas latentes (dormentes) do parasito responsáveis
pelas recaídas da doença meses ou anos após. Ao final do ciclo tecidual, os esquizontes rompem
o hepatócito, liberando milhares de elementos-filhos na corrente sanguínea, chamados
merozoítos. Ressalte-se que cada hepatócito rompido libera cerca de 2.000 merozoítos quando a
infecção é devida ao P. malariae;10.000, quando devida ao P. vivax e 40.000, quando devida ao
P. falciparum. Os merozoítos irão invadir as hemácias, dando início ao segundo ciclo de
reprodução assexuada dos plasmódios: o ciclo sanguíneo ou eritrocítico. O P. malariae só invade
hemácias velhas (0,1% do total), o P. vivax invade preferencialmente as hemácias jovens e o P.
falciparum, hemácias em qualquer fase evolutiva. (Ministerio da saude, 2005)
ESQUIZOGONIA
(Continua)
(Continua)
Fonte: UFMG, 2017, citado por (Marchesine, 2018)
FALÊNCIA TERAPÊUTICA
Febre ou persistência dos sintomas por mais de 3 dias após o início do tratamento (feito de
acordo com as recomendações) e presença de parasitas da malária no sangue, excluindo as
formas sexuadas (gametócitos). (Tiago, (2009,2017))
Diagnóstico
No caso de uma malária não complicada, ou seja, uma malária sintomática sem sinais de
gravidade ou evidência (clínica ou laboratorial) de disfunção de órgão vital, o doente pode
apresentar cumulativamente, ou não, os seguintes sinais e sintomas: cefaleia, cansaço, dores
articulares, dores musculares, desconforto abdominal e mal-estar geral, seguidos de febre
(temperatura axilar igual ou superior a 37,5ºC), arrepios de frio, sudorese, anorexia, vómitos e/ou
diarreia e agravamento do mal-estar. É frequente observar-se anemia e tosse, em crianças
(MISAU, 2011b, Citado por (Siqueira, 2017)).
Em caso de malária grave, um doente com parasitémia por P. falciparum e sem outra causa óbvia
para a sintomatologia apresenta um ou mais destes achados clínicos ou laboratoriais: prostração,
alteração de consciência ou coma, incapacidadede se alimentar, dificuldade respiratória,
convulsões repetidas, colapso circulatório ou choque, edema pulmonar (radiológico), hemorragia
espontânea anormal, icterícia clínica e evidência de disfunção de outro órgão vital,
hemoglobinúria (urina escura), anemia grave, hiperpirexia (temperatura axilar igual ou superior a
39,5ºC) e insuficiência renal (redução da diurese) (MISAU, 2011b, Citado por (Siqueira, 2017)).
Diagnóstico em Moçambique
Desde 2008 que, em Moçambique, o diagnóstico da malária tem de ser acompanhado por
evidência laboratorial quer através da análise de uma amostra de sangue, em laboratório
(microscopia), quer através da realização de um Teste de Diagnóstico Rápido (TDR). A
prescrição de tratamento com antimaláricos fica, assim, sujeita à obtenção de um resultado
positivo no exame laboratorial ou no TDR, existente em todas as Unidades Sanitárias. De acordo
com a OMS, a utilização da microscopia apresenta várias vantagens, tais como a possibilidade de
identificar e quantificar o parasita, podendo, deste modo, adequar-se o tratamento. (Siqueira,
2017)
Além disso, existem alguns laboratórios equipados com PCR (polymerase chain reaction), que
realiza a deteção molecular e identificação das espécies de plasmódio. Consequentemente, esses
procedimentos requerem profissionais com elevado nível de formação e experiência e Unidades
Sanitárias equipadas com material laboratorial e com energia elétrica (OMS, 2010, Citado por
(Siqueira, 2017)).
Durante o período que antecedeu a introdução dos Teste de Diagnóstico Rápido (TDR), todo o
doente que recorresse a uma unidade sanitária (US) sem laboratório, com um quadro clínico de
febre, cefaleia, diarreia e dores articulares, era diagnosticado com malária (designada de malária
clínica), de acordo com o protocolo da Atenção Integrada às Doenças da Infância (AIDI19),
adotado pelo
Ministério da Saúde. Durante este período, a confirmação do diagnóstico era, apenas, feita
através de análises parasitológicas efetuadas nas escassas unidades sanitárias com laboratório −
298 US, correspondendo a 23,3% (MISAU, 2012a: 20), usualmente localizadas nas sedes dos
distritos. (Siqueira, 2017)
Um inquérito realizado a nível nacional, em Moçambique, com uma amostra de 8 816 menores
de 10 anos, concluiu que a maioria das crianças a quem tinha sido detectada uma infeção por
malária nas amostras de sangue recolhidas não apresentava quaisquer sintomas (malária
assintomática). Nos casos das crianças, em que a malária estava associada a febre, a faixa etária
centrava-se principalmente nos menores de 12 meses (10,6%), com uma tendência para diminuir
até à idade de 7-10 anos (3,3%) (Mabunda et al., 2009: 3-5). Os episódios de malária
assintomática afiguram-se como um grande desafio para o controlo da doença, na medida em que
permeiam a manutenção da transmissão. (Siqueira, 2017)
Prevenção da Malária
Controlo do vetor
As campanhas da OMS para combater a doença a nível mundial apostam muito na prevenção.
Para além de fazer a divulgação das medidas que ajudam a prevenir a doença, reúne esforços
para fazer o controlo do vetor distribuindo redes impregnadas com inseticidas, pulverizando as
paredes das casas com inseticidas (como é o caso do DDT, de piretroides e organofosfatos) e em
alguns casos fazendo o controlo larvar. O controlo larvar só pode ser feito quando os locais de
reprodução dos mosquitos são reduzidos e facilmente identificados (WHO, 2011a). Para a
pulverização das casas, a OMS recomenda um sistema rotativo com diferentes classes de
inseticidas para zonas onde é feito com frequência. Esta medida é importante porque os
mosquitos repousam nas paredes após se terem alimentado. Quanto ao uso das redes no leito
revela ser uma medida de combate indispensável porque o mosquito normalmente alimenta-se ao
amanhecer e ao anoitecer (WHO, 2011a, citado por (Esteves, 2012)
A prevenção da doença também pode ser feita através do uso de repelentes, tendo em atenção
que os mais eficazes são os que contêm 30% de N, N-dietilmetatoluamida (DEET). Também
contribuem para o sucesso da prevenção ao uso de roupas protetoras, a climatização do ambiente
e o uso de quimioprofiláticos (WHO, 2011ª, citado por (Esteves, 2012)
Quimioprofilaxia no Homem
Nenhum medicamento profilático é 100% eficaz, portanto devem ser combinados com medidas
pessoais protetoras como o uso de repelente de insetos, roupa que diminua a exposição da pele
ao mosquito, dormir em locais protegidos.
Estes medicamentos têm de começar a ser tomados com antecedência, assim como têm de
continuar a ser tomados durante algum tempo após o regresso da zona endémica. (Esteves, 2012)
a) PIDOM – método mais eficaz no controlo do mosquito adulto, vector da malária, que
pode resultar na redução do nível de transmissão da malária.
b) REMILD – método preventivo eficaz e reduz a picada pelos mosquitos.
c) Gestão ambiental / controlo larval (inclui todos os métodos físicos, químicos e
biológicos) – controlo larval do mosquito vector da malária tem potencial para ser eficaz
sempre que os criadouros alvo estejam bem definidos e sejam limitados em número,
particularmente nas zonas sub e peri-urbanas.
d) Monitoria entomológica – assegura a avaliação da densidade, susceptibilidade dos
vectores da malária e a eficácia residual dos insecticidas usados na PIDOM, Pulverização
Extra Domiciliária (PEDOM) e REMILD.
e) PEDOM – método de controlo de vector em situação de emergência (maior densidade de
mosquito vector da malária)
A PIDOM continua a ser uma prioridade nas intervenções de controlo do vector. O governo de
Moçambique tem realizado a PIDOM desde 1946. Segundo o relatório anual do PNCM, em 2010
foram pulverizadas cerca de 2.3 milhões de casas o que correspondeu a uma cobertura de 71% de
casas pulverizadas, e protegeu 64% do total da população. A PIDOM aumentou de 34 distritos
em 2001, para 54 em 2009 e 62 em 2010. Da lista de insecticidas recomendados pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), e usados para a PIDOM, constam o dicloro-
difeniltricloroetano (DDT), os peritroides e carbamatos. (Siqueira, 2017)
A distribuição de REMILDs teve início em 2000 em crianças menores de cinco anos e mulheres
grávidas. De acordo com os dados do PNCM, desde 2007 à 2010 foram distribuidas 7.6 milhões
de REMILDs. De acordo com o relatório anual de 2010, do PNCM, foram distribuidas 1,525,979
redes em 2010 das quais 916.115 foram dirigidas às mulheres grávidas nas consultas pré-natais,
atingindo uma cobertura de 84.6% de mulheres grávidas.
O controlo larval e a redução de potenciais criadouros não são práticas comuns, existindo apenas
algumas iniciativas em áreas geográficas bastante reduzidas. Esta actividade representa um
grande desafio aos locais de reprodução dos mosquitos, necessitando de um envolvimento multi-
sectorial e comunitário para poder ter algum impacto. (Siqueira, 2017)
Esta estratégia está sendo actualmente implementada em todo o país através das Consultas
Prénatais (CPN), quer as realizadas nas unidades sanitárias como aquelas realizadas pelas
brigadas móveis. De acordo com as normas nacionais, a estratégia de TIP consiste na
administração de três comprimidos de sulfadoxina-pirimetamina (SP) em três ocasiões separadas
por um intervalo mínimo de quatro semanas. O início de TIP é a partir da 20ª semana de
gestação ou depois que a mulher grávida começa a sentir os movimentos fetais.
Segundo os dados do MIS 2007 e 2008, a proporção de mulheres grávidas que receberam duas
ou três doses de TIP aumentou de 16.2% (MIS 2007) para 43% (MIS 2008), apesar deste
aumento, esta proporção ainda está muito abaixo das metas de 80%. (Siqueira, 2017)
O tratamento
A deliberação de adotar um determinado antimalárico, em detrimento de outro, assenta em duas
esferas de decisão: internacional e nacional. A nível internacional, a OMS, com base na
compilação de estudos de eficácia terapêutica, define um conjunto de recomendações gerais,
atendendo, unicamente, a critérios de eficácia terapêutica, ou seja, à taxa média de cura (superior
a 95%) observada em ensaios clínicos (OMS, 2010: 9). A nível nacional, os Ministérios da Saúde
e os Programas Nacionais de Controlo da Malária, em particular, são responsáveis pelos estudos
de eficiência dos antimaláricos e pela tomada de decisão dos fármacos a adotar, de acordo com o
seu custo/eficácia, a sua posologia, a segurança, os custos associados à introdução de uma linha
terapêutica diferente (formação de profissionais), a aquisição e distribuição dos novos fármacos,
a publicação das suas normas, a criação de material de suporte dessa linha terapêutica) e, em
última análise, a aceitação dos fármacos por parte do consumidor e dos próprios profissionais de
saúde (#24_Consultor). (Siqueira, 2017)
Em 2010, a OMS atualizou as suas linhas orientadoras quanto ao manejo de casos de malária,
recomendando aos países que adotassem uma das linhas de tratamento abaixo indicadas, de
acordo com o seu perfil epidemiológico e os fatores de ponderação atrás descritos.
De acordo com a investigação mais recente, as combinações terapêuticas tendo por base a
artmisinina (ACT), recomendadas pela OMS, permitem não só uma rápida eliminação da
parasitémia como também uma quase imediata redução dos sintomas e da presença dos
gameócitos, diminuindo, assim, a transmissibilidade do parasita (OMS, 2010: 14-15). No
entanto, a OMS desaconselha a utilização da artemisina como monoterapia, uma vez que
potência o aparecimento de resistências a um fármaco com um papel decisivo no manejo de
casos de malária (OMS, 2010: 14). As diretrizes da OMS estendem-se, igualmente, a grupos
considerado vulneráveis, nomeadamente às grávidas, viajantes, mulheres lactantes, doentes
portadores de VIH, doentes com malnutrição severa e a contextos de ajuda humanitária (OMS,
2010, Citado por (Siqueira, 2017).
Recentemente, a OMS adotou duas novas políticas preventivas que incluem o tratamento
intermitente preventivo para crianças com Sulfadoxina-Pirimetamina (SP), a ser administrado no
momento da segunda e terceira doses da vacina DTP21 (mês três e quatro) e do sarampo (mês
nove) e a profilaxia sazonal da malária com Amodiaquina e Sulfadoxina-Pirimetamina (AQ+SP),
para crianças entre os 3 e 59 meses, nas sub-regiões do Sahel, com elevada transmissão da
malária (OMS, 2013, Citadoa por (Siqueira, 2017).
A adoção de novas políticas e procedimentos, apesar de serem processos liderados pela OMS,
integram a consulta de várias instituições públicas, Organizações não Governamentais
internacionais, ligadas à investigação, comunidade científica, em geral, e indústria farmacêutica,
debatendo e implementando estudos de monitoria da eficácia terapêutica dos antimaláricos ou
estudos de resistência dos inseticidas. Reunidas as conclusões baseadas em evidências, cabe aos
Estados integrar os fatores económicos nas suas tomadas de decisão. (Siqueira, 2017)
Muitos progressos no controlo da malária foram reportados pelo PNCM, ao nível da quantidade
e variedade de parceiros, do progressivo aumento do financiamento, da expansão progressiva da
rede sanitária e da existência de algumas infraestruturas críticas para a realização de estudos de
vigilância epidemiológica e entomológica (laboratório de biologia molecular e três insetários).
No entanto, o mesmo organismo reconhece existirem constrangimentos na sua estrutura de
funcionamento, designadamente a dificuldade de harmonização e coordenação de atividades com
os parceiros, insuficientes recursos humanos qualificados, diminuta capacidade técnica a nível
central, provincial e distrital e a fraca planificação integrada (Ministério da Saúde, 2012, Citado
por (Siqueira, 2017)
Enquanto entidade responsável por todas as atividades de controlo da malária que decorrem a
nível nacional, o PNCM tem capacidade de decisão, na medida em que há recursos financeiros
disponíveis num país em que cerca de 30% do orçamento de estado é financiado pela ajuda
externa. Recorrendo aos fundos verticais (programáticos), o PNCM vê o seu poder de decisão
restringido pelas prioridades e modus operandi ditado pelas próprias organizações financiadoras.
(Siqueira, 2017)
Conclusão
No âmbito da realização do presente trabalho concluímos que a malária, importante doença
parasitária há séculos – apesar das ações de controle implantadas há décadas em muitas partes do
mundo –, é também conhecida como impaludismo, febre palustre, maleita e sezão. Dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que seu impacto sobre as populações humanas
continua aumentando: ocorre em mais de 90 países, pondo em risco cerca de 40% da população
mundial – estima-se que ocorram de 300 a 500 milhões de novos casos, com média de um
milhão de mortes por ano. Representa, ainda, risco elevado para viajantes e migrantes, com casos
importados em áreas não-endêmicas.
A malária, também conhecida por paludismo é uma doença infecciosa causada por parasitas do
género Plasmodium. Cinco espécies de Plasmodium podem produzir a doença: Plasmodium
falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Plasmodium maláriae e Plasmodium
Knwolesi. Sendo a espécie mais frequente em África é o P. Falciparum. A sua transmissão pode
ocorrer por inoculação de esporozoítos por picada de mosquito, transfusão de sangue infetado
pelo parasita, utilização de seringas que foram contami- nadas por pessoas infetadas e ainda por
transmissão congénita de mãe para filho.
O seu ciclo de vida do ocorre em duas fases: fase sexuada exógena (esporogônio), com a
multiplicação dos parasitos nas fêmeas do mosquito do gênero Anopheles, e a fase assexuada,
endógena (esquizogônica), com multiplicação no hospedeiro humano. A sua prevenção pode ser
feita pela pulverização, uso das redes mosqueteiras, e pelo controle de vector.
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