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Instituto de Saúde Avicena

Parasitose Intestinal
1º Ano

Nampula

2022
Nome dos Estudantes:

Jacinto Mussuca

Liliana Paulo Jorge Popinsky

Muansumo Basílio

Parasitose Intestinal

1º Ano

Trabalho de investigação científica de caracter


avaliativo realizado na cadeira de Gastro
Intestinal do segundo semestre leccionada pelo
docente, Eduardo Enriques.

Nampula

2022
Índice
1. Introdução............................................................................................................................................4
2. Parasitose intestinal.............................................................................................................................5
2.1. Histórico sobre os primeiros índices de parasitas intestinais....................................................5
2.2. Definição.....................................................................................................................................6
2.3. Transmissão de parasitas.............................................................................................................8
2.3.1. Transmissão fecal-oral de parasitas......................................................................................8
2.3.2. Transmissão de parasitas pela pele.......................................................................................9
2.4. Sintomas......................................................................................................................................9
2.5. Diagnóstico................................................................................................................................10
2.5.1. Identificação de parasitas no trato intestinal.......................................................................11
2.6. Tratamento.................................................................................................................................11
2.7. Tipos de parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento.........................................................12
2.7.1. Prevenção de infecções parasitárias...................................................................................16
3. Conclusão..........................................................................................................................................18
4. Bibliografia........................................................................................................................................19
1. Introdução

No intuito de desenvolver um trabalho de caracter avaliativo que aflora o tema “parasitose


intestinal” o grupo abraçou a pesquisas em materiais electrónicos e físicos que espelham o tema
em questão. Como é sabido a biodiversidade é composta de viários seres e por meio destes seres
nos deparamos com alguns que acabam causando doenças e não só, eles tem a natureza de se
alimentar por meio do esforço de outros seres. Portanto, as parasitoses intestinais são
extremamente frequentes em nosso meio, principalmente em localidades com saneamento básico
precário. Suas manifestações não são específicas, o que dificulta seu diagnóstico. A repercussão
e a gravidade das parasitoses dependem do paciente (idade, nutrição, hábitos de vida,
imunocompetência, doenças associadas) e da carga parasitária, além dos mecanismos de lesão de
cada parasita. Os antiparasitários são a medicação utilizada não só para seu tratamento, como
também servem de estratégia para erradicação de verminoses em populações de alta prevalência,
além de serem utilizados em pacientes em uso de corticóides para prevenir estrongiloidíase.

O presente trabalho apresenta, uma introdução, desenvolvimento, conclusão e as respectivas


referências bibliográficas do material consultado.

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2. Parasitose intestinal

2.1. Histórico sobre os primeiros índices de parasitas intestinais


As parasitoses intestinais são agentes causadores de infecções frequentes, sendo responsáveis por
significativos problemas de saúde pública em muitos países. Os primeiros relatos referentes a
infecções intestinais datam da Grécia antiga, quando Hipócrates fez referência a uma “doença
mortífera” em que os indivíduos apresentavam sintomas de febre e disenteria (Tanyuskel & Petri
2003).

Em 1860 Lambl observou microrganismos em fezes de um garoto com disenteria e Cunningham,


em 1871, isolou protozoários de fezes de pacientes que apresentavam diarreia provocada por
cólera, estabelecendo uma associação da enfermidade ao microrganismo.

Lösch, em 1875, através de estudos microscópicos e clínicos fez associação entre disenteria e
presença de organismos em fezes e os denominou de Amoeba coli. Em 1887, Köch & Graffki
relataram a invasão de tecidos por amebas semelhantes às descritas nos estudos de Lösch. No
início do século XX Fritz Schaudinn (1903) descreveu outra espécie de ameba a Entamoeba coli,
considerada não patogénica, e renomeou a Entamoeba dysenterie como Entamoeba histolytica
devido a sua habilidade de Lisarte A patogenicidade da E. histolytica foi bastante investigada.
Dobell, em 1919, propôs a teoria unicista segundo a qual a E. histolytica, constituída de cistos
tetranucleados, seria não patogénica, podendo tornar-se virulenta de acordo com a flora
bacteriana intestinal ou factores ambientais desconhecidos.

Segundo a teoria dualista proposta por Emile Brumpt, em 1925, haveria duas espécies do género
Entamoeba com características morfológicas idênticas, sendo a E. histolytica patogénica e a
Entamoeba dispar apenas comensal. Brumpt ainda observou que muitos pacientes aparentemente
infectados por E. histolytica eram assintomáticos e a infecção se resolvia de forma espontânea.
No entanto, como na época não existia metodologia adequada para distinguir as duas espécies,
esta teoria não foi bem aceita pela comunidade científica.

Em 1961 Hoare apresentou a proposta neodualista, na qual afirmava que o potencial patogénico
da E. histolytica seria bastante diverso, com graus de virulência que variam de assintomático a
formas graves da doença (Silva 2006). Diamond, em 1961, estabilizou pela primeira vez culturas
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axênicas de E. histolytica, permitindo posteriores estudos de caracterização bioquímica e
imunológica (Diamond 1968). Em 1978, Sargeaunt e colaboradores diferenciaram isolados
patogénicos e não patogénicos de E. histolytica, através de diferentes padrões eletroforéticos de
isoenzimas, correlacionando-os a forma clínica e parâmetros biológicos, levando a teoria dualista
a ganhar adeptos. Diamond & Clark (1993), considerando evidências bioquímicas, imunológicas
e genéticas que distinguiam amebas isoladas de indivíduos sintomáticos e assintomáticos,
confirmaram a existência de duas espécies morfologicamente idênticas, como proposto por
Brumpt em 1925, denominaram então a espécie não patogénica de Entamoeba dispar.

Finalmente em 1997, em seminário sobre amebíase realizado pela Organização Mundial de


Saúde (OMS) no México, os pesquisadores passaram a apoiar a teoria dualista, no entanto,
concluíram que o diagnóstico executado com microscopia óptica deve ser registrado como E.
histolytica/Entamoeba dispar, pois a característica tamanho usado na taxonomia da E. histolytica,
não seria eficaz na sua diferenciação da Entamoeba dispar.

A teoria dualista é aceita até os dias actuais, segundo Talamás-Lara (2014) é inequívoca a
existência das duas espécies de Entamoeba, morfologicamente 3 semelhantes e estreitamente
relacionadas, e está cada vez mais evidenciada por estudos imunológicos, genéticos e
molecularescidos, está caracterizada como patogénica.

2.2. Definição
Uma parasita é um organismo que vive na superfície ou no interior de outro organismo (o
hospedeiro) e se aproveita (por exemplo, obtendo nutrientes) do hospedeiro à custa do
hospedeiro. Embora esta definição, na verdade, se aplique a muitos micróbios, incluindo
bactérias, fungos e vírus, os médicos usam o termo “parasitas” para se referir a protozoários
(como amebas) que consistem em uma só célula vermes (helmintos), os quais são maiores e
consistem em muitas células e têm órgãos internos.

Os protozoários se reproduzem por divisão celular e podem se multiplicar dentro das pessoas. Os
protozoários incluem uma grande variedade de organismos unicelulares, como a Giardia, que
infecta o intestino, e o protozoário da malária, que se desloca na corrente sanguínea.

A maioria dos vermes, ao contrário, produz ovos ou larvas que se desenvolvem no meio
ambiente antes de serem capazes de infectar pessoas. O desenvolvimento no ambiente pode

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envolver outro animal (um hospedeiro intermediário). Os vermes incluem nematelmintes, tais
como ancilóstomos, e platelmintes, tais como ténias e trematódeos.

As infecções parasitárias são mais comuns em áreas rurais e em desenvolvimento do que nas
áreas desenvolvidas. Em áreas desenvolvidas, essas infecções podem ocorrer em imigrantes, em
viajantes que retornam ou em pessoas com sistema imunológico enfraquecido.

Neste sentido, destaca-se que as parasitoses intestinais são infecções causadas por protozoários e
helmintos, como ameba, lombriga e giardia, e são mais comuns em crianças, segundo a
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). Os parasitas intestinais
costumam entrar no corpo humano na forma de cistos e ovos, principalmente, através da água e
de alimentos contaminados. Ao chegar no intestino, esses parasitas se desenvolvem e se
multiplicam, causando sintomas bastante incómodos.

Os parasitas intestinais incluem um amplo grupo de microorganismos, dos quais os protozoários


e os helmintes são os mais representativos. A via fecal-oral é a principal forma de transmissão, a
partir da água ou alimentos contaminados. A sua prevalência é variável consoante a zona
geográfica considerada, dependendo das condições higieno-sanitárias e climatéricas, atingindo
uma taxa de infecção máxima na África subsaariana, seguida da Ásia, América Latina e Caribe.
Em termos mundiais os parasitas mais frequentes são os do grupo dos helmintes nematodes,
principalmente o Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e Ancilostomas.

As parasitoses intestinais são muito frequentes na infância. São consideradas problema de saúde
pública, principalmente nas áreas rurais e periferias das cidades dos países chamados
subdesenvolvidos, onde são mais frequentes. As parasitoses são a doença mais comum do
mundo, atingindo cerca de 25% da população mundial (1 em cada 4 pessoas!). Sua transmissão
depende das condições sanitárias e de higiene das comunidades. Além disso, muitas dessas
parasitoses relacionam-se ao déficit no desenvolvimento físico e cognitivo e desnutrição.

Acredita-se, que os parasitas geralmente penetram no organismo pela boca ou pela pele.
Diversos médicos diagnosticam a infecção obtendo amostras de sangue, fezes, urina, catarro ou
outro tecido infectado e examinando-as ou enviando-as para um laboratório para análise.

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Às pessoas que se situam em áreas onde alimentos, bebidas e água podem estar contaminados
são aconselhados a cozinhar, ferver, remover a casca ou deixar de lado.

2.3. Transmissão de parasitas


Os parasitas geralmente penetram no organismo pela boca e superfícies da pele. Neste sentido, os
parasitas que entram pela boca são deglutidos e podem permanecer no intestino ou penetrar pela
parede intestinal invadindo outros órgãos. Muitas vezes os parasitas penetram na boca por
transmissão fecal-oral. Alguns parasitas podem penetrar directamente através da pele. Outros são
transmitidos por picadas de insectos.

Em casos raros, os parasitas se disseminam por transfusões de sangue, em órgãos transplantados,


por injecções com uma agulha previamente utilizada por uma pessoa infectada, ou de uma
mulher grávida para o seu feto. Alguns outros organismos infecciosos, como certos vírus e
bactérias, também são transmitidos por esses mesmos métodos.

2.3.1. Transmissão fecal-oral de parasitas


A transmissão fecal-oral é uma maneira comum de adquirir um parasita. Fecal se refere a fezes
ou excrementos e oral se refere à boca, incluindo coisas levadas à boca. A infecção que se
dissemina pela via fecal-oral é adquirida quando uma pessoa ingere, de alguma forma, algo que
esteja contaminado por fezes de uma pessoa ou de um animal infectado, como um cão ou gato.
Muitos parasitas invadem ou vivem no trato digestivo da pessoa. Assim, os parasitas ou seus
ovos estão frequentemente presentes nas fezes das pessoas.

As pessoas infectadas muitas vezes disseminam sua infecção quando não lavam as mãos
adequadamente após usar o vaso sanitário. Como suas mãos estão contaminadas, qualquer coisa
que tocarem depois pode ser contaminada por parasitas (ou por bactérias ou vírus que causam
distúrbios do trato digestivo). Se as pessoas com mãos contaminadas tocam em alimentos – em
restaurantes, mercearias ou no lar – os alimentos podem ficar contaminados. Depois disso,
qualquer pessoa que ingerir aqueles alimentos pode contrair a infecção.

A ingestão não tem que envolver alimentos. Por exemplo, se uma pessoa com as mãos
contaminadas tocar em um objecto, como a porta da casa de banho, a porta pode ficar
contaminada. Desta forma, outras pessoas que tocarem a porta contaminada e depois levarem
seus dedos à boca poderão ser infectadas pela via fecal-oral.

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Outras formas pelas quais uma infecção pode se disseminar pela via fecal-oral incluem, beber
água contaminada com esgoto não tratado (em áreas com más condições sanitárias); comer
moluscos crus (como ostras e mariscos) que foram cultivados em água contaminada; comer
frutas, legumes ou verduras crus lavados em água contaminada; participar de actividade sexual
que envolva contacto directo da boca com o ânus, ou ainda, nadar em piscinas que não foram
adequadamente desinfectadas ou em lagos ou partes do oceano que estejam contaminados com
esgoto

2.3.2. Transmissão de parasitas pela pele


Alguns parasitas vivem no interior do corpo e podem penetrar através da pele. Eles podem
perfurar directamente a pele pela picada de um insecto infectado. Outros parasitas, como
ancilóstomos, penetram na pele da sola dos pés quando a pessoa caminha descalça em solo
contaminado. Outros, como os esquistossomose, que são trematódeos, entram pela pele quando a
pessoa está nadando ou tomando banho em água contendo os parasitas.

Insectos que transportam e transmitem organismos que causam a doença são chamados vectores.
Alguns insectos vectores transmitem parasitas denominados protozoários (como aqueles que
causam malária) e alguns helmintos (como aqueles que causam cegueira dos rios). Inúmeros
desses parasitas têm ciclos de vida muito complexos.

Os insectos (por exemplo, piolhos) e ácaros (por exemplo, sarna) que perfuram ou vivem sobre a
pele são conhecidos como ectoparasitas. Eles são transmitidos pelo contacto próximo com uma
pessoa infectada ou seus pertences.

2.4. Sintomas
As parasitoses intestinais podem provocar uma grande variedade de sintomas. “O quadro clínico
varia desde nenhum sintoma, passando por discretos sintomas digestivos, como leve distensão
abdominal, azia e eructações (arrotos), até cólicas abdominais, dor epigástrica (dor abdominal
logo abaixo das costelas), diarreia e vómitos, em casos mais agudos e extremos”.

Febre, tosse, anemia, perda de peso, falta de ar, falta de apetite e coceira no ânus também estão
entre os principais sintomas das parasitoses intestinais. “Em crianças e adolescentes, a infestação
crónica pode acarretar retardo no desenvolvimento, déficit cognitivo, baixa estatura, falta de
vitaminas e desnutrição, que são graves problemas de saúde”.

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Nos adultos, as parasitoses intestinais também podem levar a algumas complicações quando não
são tratadas correctamente: “Podemos citar como exemplos: diarreia crónica, anemia, obstrução
das vias biliares, obstrução intestinal, que também pode ocorrer em crianças, quadros
respiratórios, apendicite aguda e abscesso hepático”.

2.5. Diagnóstico
A maioria dos parasitos não determina quadro clínico característico, mas a história pode auxiliar
o médico na elaboração da impressão diagnóstica. A identificação do parasita em fezes, sangue,
tecidos e em outros líquidos do organismo determina, na maioria das vezes, o diagnóstico
etiológico. O exame complementar mais utilizado é, o parasitológico de fezes.

Para guiar o técnico do laboratório na procura pelo parasito é importante que o médico escreva
no pedido a suspeita diagnóstica e solicite o exame pela técnica adequada para o encontro do
parasita. Neste sentido, faz-se uma análise laboratorial de amostras colhidas de sangue, fezes,
urina, pele ou escarro (catarro). Geralmente, os médicos suspeitam de uma infecção parasitária
em pessoas que têm sintomas típicos e que vivem em, ou viajaram para, uma área onde as
condições sanitárias são ruins ou onde se sabe que uma infecção ocorre.

Podem ser necessárias análises de amostras em laboratório, incluindo testes especiais para
identificar proteínas liberadas pelo parasita (testes de antígeno) ou material genético (DNA) do
parasita. Amostras de sangue, fezes, urina, pele ou escarro podem ser utilizadas, dependendo de
qual parasita os médicos estão procurando.

Os médicos podem testar as amostras de sangue para detectar anticorpos ao parasita. Anticorpos
são proteínas produzidas pelo sistema imunológico para ajudar a defender o corpo contra um
ataque específico, incluindo o de parasitas.

Os médicos também podem obter uma amostra de tecido que possa conter o parasita. Por
exemplo, uma biópsia pode ser feita para obter uma amostra de tecido intestinal ou de outro
tecido infectado. Uma amostra de pele pode ser recortada. É possível que para encontrar o
parasita seja necessário obter várias amostras e fazer exames repetidos.

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2.5.1. Identificação de parasitas no trato intestinal
Quando os parasitas vivem no trato intestinal, os próprios parasitas ou seus ovos, ou ainda, cistos
(uma forma dormente e resistente do parasita), podem ser encontrados nas fezes da pessoa
quando uma amostra for examinada ao microscópio. Ou os parasitas podem ser identificados ao
analisar as fezes para detectar a presença de proteínas liberadas pelo parasita ou materiais
genéticos do parasita. Antibióticos, laxativos e antiácidos não devem ser usados até depois que a
amostra de fezes for colectada. Esses medicamentos podem reduzir o número de parasitas, o
suficiente para dificultar ou impossibilitar vê-los em uma amostra de fezes.

2.6. Tratamento
Para algumas infecções parasitárias, nenhum tratamento é necessário porque a infecção
desaparece por si só. Alguns medicamentos (medicamentos antiparasitários) destinam-se
especificamente a eliminar parasitas ou, no caso de algumas infecções por vermes, reduzir o
número de vermes o suficiente para que os sintomas desapareçam. Além disso, certos
antibióticos e medicamentos antifúngicos são eficazes contra algumas infecções parasitárias.
Entretanto, vale ressaltar que nenhum medicamento único é eficaz contra todos os parasitas, pois,
em algumas infecções parasitárias, nenhum medicamento é eficaz.

Existem medicamentos disponíveis para tratar a maioria das infecções parasitárias. A maioria das
infecções parasitárias é mais comum em áreas tropicais e subtropicais, e os parasitas intestinais
estão frequentemente vinculados a áreas com condições sanitárias inadequadas. As infecções
parasitárias podem ocorrer em locais com más condições sanitárias e más práticas de higiene.

Alguns parasitas são comuns em outros países industrializados ou desenvolvidos. Os exemplos


são os oxiúros e os protozoários que causam tricomoníase (infecção sexualmente transmissível),
toxoplasmose e infecções intestinais, como giardíase e criptosporidiose.

O tratamento das parasitoses é feito com medicações antiparasitárias. Ou seja, o tratamento das
parasitoses intestinais inclui remédios que matam os vermes. O tempo de tratamento, assim
como o medicamento prescrito pelo médico, pode variar de acordo com o tipo de parasita e o
perfil do paciente.

Há medicações disponíveis no mercado que são efectivas contra vários tipos de parasitas, sendo
opção, inclusive, quando não há diagnóstico específico de um agente causador ou nos casos em

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que é indicado o tratamento empírico de parasitoses, como pode ser o caso das crianças pré-
escolares e escolares. Além do tratamento com remédios, as mudanças nos hábitos alimentares
são fundamentais para garantir a recuperação do paciente.

2.7. Tipos de parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento


As infecções por parasitas intestinais representam um problema de saúde pública mundial, de
difícil solução. A sintomatologia é bastante variável. Os quadros graves são mais comuns em
pacientes desnutridos; imunodeprimidos; com neoplasias, portadores de doenças do colagénio,
anemia falciforme, tuberculose, esplenectomia prévia; ou naqueles em uso prolongado de
corticóides ou imunossupressores.

Nos quadros leves as manifestações não são específicas:

 Anorexia, irritabilidade, distúrbios do sono, vómitos ocasionais, náuseas, diarreia.

As parasitoses podem favorecer o aparecimento ou agravamento da desnutrição por meio de:

 Lesão de mucosa (giardia, necator, estrongilóides, cóccixdios);


 Alteração do metabolismo dos sais biliares (giardia);
 Competição alimentar (áscaris);
 Exsudação intestinal (giardia, estrongilóides, necator, tricocéfalos);
 Favorecimento de proliferação bacteriana (ameba);
 Sangramento (necator, tricocéfalos).

É importante lembrar que antes de se iniciar corticóides ou imunossupressores, deve-se realizar


exames para o diagnóstico de áscaris e de estrongilóides, devido ao risco de disseminação ou
migração desses parasitos. Em caso de urgência em iniciar o tratamento com imunossupressor,
deve-se administrar concomitantemente antiparasitários naqueles pacientes em que existir
suspeita epidemiológica, ou clínica desses parasitos.

As parasitoses intestinais são extremamente frequentes em nosso meio, principalmente em


localidades com saneamento básico precário. Suas manifestações não são específicas, o que
dificulta seu diagnóstico. A repercussão e a gravidade das parasitoses dependem do paciente
(idade, nutrição, hábitos de vida, imunocompetência, doenças associadas) e da carga parasitária,

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além dos mecanismos de lesão de cada parasita. Os antiparasitários são a medicação utilizada
não só para seu tratamento, como também servem de estratégia para erradicação de verminoses
em populações de alta prevalência, além de serem utilizados em pacientes em uso de corticóides
para prevenir estrongiloidíase.

Destacam-se as principais helmintíases ou parasitoses:

 Amebíase (ameba)

A ameba é um parasita do intestino grosso, onde ela se aloja causando diarreia. Ela pode invadir
a parede do intestino e causar diarreia com sangue, o que já é um caso grave. Também pode ir
até o fígado, pulmão ou cérebro, causando doença nesses locais.

Diagnóstico: realizado pelo exame proto-parasitológico de fezes. Eventualmente exames


sorológicos podem ser realizados.

Tratamento: metronidazol é considerada a medicação de escolha, na dose de 500 a 750 mg 3


vezes/dia por dez dias. Alguns autores recomendam o uso de paromicina ou iodoquinol para
eliminação dos cistos. Tinidazol e emetina também são opções para o tratamento.

 Malária

A malária é a principal doença parasitária no mundo, principalmente nos países mais pobres.
Suas manifestações são inespecíficas, com febre, prostração, mialgias, letargia, náuseas, vómitos,
diarreia e hipotensão postural. A hemólise secundária ao ciclo eritrócito do parasita pode ser
grave e ocasionar quadros importantes de anemia. A febre e outras manifestações ocorrem
caracteristicamente em períodos de 48 horas em pacientes infectados com plasmodium vivax e
ovale, e a cada 72 horas no caso do plasmodium malarie.

Os pacientes com malária causada por plasmodium falciparum apresentam quadro mais grave,
muitas vezes com febre contínua, além de manifestações de sistema nervoso central,
hipoglicemia, manifestações respiratórias e colapso hemodinâmico.

Qualquer paciente com malária e quadro de prostração, alteração de consciência, convulsões,


choque, desconforto respiratório e sangramento anormal deve ser tratado como emergência.

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Tratamento: em infecções por plasmodium vivax e ovale, indica-se a combinação de cloroquina
e primaquina. Já em pacientes com infecção mista do plasmodium vivax e falciparum, o
tratamento de escolha é com quinino e doxiciclina. Para infecções somente por plasmodium
falciparum, a droga de escolha é a mefloquina via oral e, em pacientes graves, recomenda-se o
uso de artesunato.

 Giardíase (giardia)

A giardia fica no intestino delgado do homem, onde podem se juntar e cobrir toda a parede do
intestino, impedindo a absorção dos alimentos e causando diarreia, chegando até a dar perda de
peso e anemia.

Diagnóstico: os pacientes não apresentam leucocitose e eosinofilia, mas a análise das fezes pelo
exame proto-parasitológico de fezes é suficiente para realizar o diagnóstico na maioria dos casos.
Em alguns casos, pode ser necessário realizar sorologia e aspirado de suco duodenal.

Tratamento: metronidazol 250 mg 3 vezes/dia por cinco dias e albendazol 400 mg/dia por cinco
dias são as drogas de escolha. Tinidazol e furazolidona são opções de segunda escolha. Em
pacientes assintomáticos, pode-se considerar não tratar.

 Ascaridíase (lombriga)

O áscaris é também conhecido como lombriga e também fica no intestino do homem, mas
também passa pelo pulmão. Por isso, em casos mais graves, ocorre a saída de vermes pela boca
ou pelo nariz das pessoas, além de obstrução do intestino, tendo às vezes até que operar o
intestino para retirar os vermes.

Diagnóstico: proto-parasitológico de fezes. Os pacientes podem ter eosinofilia periférica e a


sorologia pode ser utilizada para diagnóstico e presença de anticorpos IgG o que indica protecção
contra a doença.

Tratamento: mebendazol e albendazol são as drogas de escolha, mas outras medicações foram
testadas com sucesso, incluindo o pamoato de pirantel. Em casos de obstrução intestinal, a
piperazina deve ser utilizada. Uma dose única de albendazol 400 mg tem eficácia de quase
100%.

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 Ancilostomíase (amarelão)

O ancilóstomo ou também amarelão entra pela pele das pessoas, podendo causar irritação, até
chegar no intestino, passando também pelo pulmão. Ele suga o sangue pela parede do intestino,
podendo causar diarreia pela inflamação e também anemia importante.

A contaminação ocorre por via de alimentos e água contaminada por cistos ou ovos do parasita e
apresenta ciclo pulmonar obrigatório. Os pacientes apresentam prurido no local de penetração do
parasita. Posteriormente, evoluem com dor abdominal, diarreia e anemia ferropriva, que pode ser
marcante, manifestações dispépticas. O ciclo pulmonar costuma ser assintomático.

Diagnóstico: protoparasitológico de fezes. Eosinofilia periférica é comum e em alguns locais do


mundo como na Indochina, representam 95% dos casos de esosinofilia periférica.

Tratamento: mebendazol e albendazol são as drogas de escolha. O albendazol em dose única


apresenta maior eficácia. Outra opção é o pamoato de pirantel. A ivermectina não apresenta boa
resposta nesses pacientes.

 Enterobíase ou Oxiuríase (coceira anal)

Os oxiúros ficam na parte final do intestino, e é conhecido por causar coceira na região do ânus,
principalmente à noite. Nas meninas também pode causar corrimento vaginal.

Causada pelo enterobius vermicularis, ocorre tanto em climas temperados como tropicais. A sua
contaminação ocorre basicamente por contaminação de mão ou manipulação de alimentos. A
maioria das infecções é assintomática, sua manifestação clínica mais comum é prurido perianal
de predomínio nocturno; caso o parasita migre, quadros de apendicite e salpingite crónica podem
ocorrer. Enterocolite eosinofílica pode ocorrer, mas eosinofilia periférica é muito rara.

Diagnóstico: o parasita não costuma ser eliminado nas fezes, assim o exame proto-parasitológico
de fezes não costuma ser útil. Neste sentido, pondera-se a aplicação do teste de laboratório swab
anal (5 exames com sensibilidade de 99%).

Tratamento: mebendazol e albendazol são as drogas de primeira escolha. Dose única de


mebendazol tem eficácia de 95% e dose única de albendazol, repetida em 2 semanas, tem taxa de
sucesso próxima a 100%. Outra opção é o pamoato de pirantel (11 mg/Kg dose maxima de 1 g),

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quando utilizada duas doses com intervalo de duas semanas entre elas tem eficácia próxima a
100%.

 Teníase (ténia)

É o maior parasita do homem, podendo ocupar todo o intestino do homem, ou seja, chegar a
medir até 12 metros! A principal complicação da teníase é a neuro-cisticercose, que é quando os
cistos da ténia vão até o cérebro das pessoas, podendo causar epilepsia em pessoas que nunca
tiveram antes Esse quadro também é conhecido pela sua transmissão pela carne do porco,
quando mal passada.

Diagnóstico: o diagnóstico é feito pela recuperação das proglótides da ténia nas fezes e no
exame proto-parasitológico de fezes.

Tratamento: praziquantel é a droga de escolha com dose de 5 a 10 mg/Kg em dose única. A


niclosamida é uma segunda opção em dose de 2 gramas em adultos, 1500 mg em crianças com
11 a 34 Kgs e 1 grama em crianças.

2.7.1. Prevenção de infecções parasitárias


Em geral, as medidas que ajudam a prevenir a infecção por parasitas incluem ter boa higiene
pessoal; evitar picadas de insecto, ou ainda, evitar o contacto com água ou solo contaminado.

2.7.1.1. Prevenção de parasitas adquiridos por via oral


As pessoas precisam ficar especialmente atentas ao viajar para área onde os métodos de
saneamento sejam questionáveis. Além disso, as pessoas devem pensar nas coisas que estão
comendo e bebendo antes de consumi-las e certificar-se de que os alimentos estejam
adequadamente cozidos e que a água não esteja contaminada. Por exemplo, as pessoas devem
evitar beber de lagos e correntes e devem evitar engolir água ao usar piscinas ou parques
aquáticos. Mesmo a água que parece fresca e limpa pode conter parasitas; por isso, as pessoas
não devem se basear apenas no aspecto da água para avaliar se é segura para beber.

Lavagem das mãos minuciosa usando água e sabão é muito importante. Pessoas que preparam
alimentos para outras (por exemplo, funcionários de restaurantes) precisam ficar especialmente
atentas em lavar muito bem as suas mãos, pois elas podem disseminar a infecção para muitas
pessoas. A lavagem das mãos é importante nas seguintes situações:

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 Depois de usar o vaso sanitário;
 Depois de trocar as fraldas de uma criança ou limpar uma criança que usou o vaso
sanitário;
 Antes, durante e depois de preparar alimentos;
 Antes de ingerir alimentos;
 Antes e depois de cuidar de uma pessoa que esteja doente;
 Antes e depois de tratar um corte ou ferida; e,
 Depois de tocar um animal ou dejectos de animal.

2.7.1.2. Prevenção de parasitas adquiridos através da pele


As medidas que ajudam a proteger contra picadas de insecto incluem:

 Usar insecticida em spray (baygon) nas casas e no lado de fora das casas;
 Colocar telas em portas e janelas;
 Usar redes mosquiteiras sobre as camas;
 Aplicar repelentes contra insectos em áreas expostas da pele;
 Usar calças compridas e camisas de manga comprida, principalmente entre o anoitecer e
o amanhecer, para protecção contra as picadas de insectos; e,
 Se a exposição a insectos for provavelmente longa ou envolver muitos insectos, aplicar
permetrina nas roupas antes de usá-las.

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3. Conclusão

A título de conclusão, parasita é um organismo que vive na superfície ou no interior de outro


organismo (o hospedeiro) e se aproveita (por exemplo, obtendo nutrientes) do hospedeiro à custa
do hospedeiro. Embora esta definição, na verdade, se aplique a muitos micróbios, incluindo
bactérias, fungos e vírus, os médicos usam o termo “parasitas” para se referir a protozoários
(como amebas) que consistem em uma só célula vermes (helmintos), os quais são maiores e
consistem em muitas células e têm órgãos internos.

As infecções parasitárias são mais comuns em áreas rurais e em desenvolvimento do que nas
áreas desenvolvidas. Em áreas desenvolvidas, essas infecções podem ocorrer em imigrantes, em
viajantes que retornam ou em pessoas com sistema imunológico enfraquecido. O tratamento das
parasitoses é feito com medicações antiparasitárias. Ou seja, o tratamento das parasitoses
intestinais inclui remédios que matam os vermes. O tempo de tratamento, assim como o
medicamento prescrito pelo médico, pode variar de acordo com o tipo de parasita e o perfil do
paciente. As infecções parasitárias são mais comuns em áreas rurais e em desenvolvimento do
que nas áreas desenvolvidas. Em áreas desenvolvidas, essas infecções podem ocorrer em
imigrantes, em viajantes que retornam ou em pessoas com sistema imunológico enfraquecido.

Outras formas pelas quais uma infecção pode se disseminar pela via fecal-oral incluem, beber
água contaminada com esgoto não tratado (em áreas com más condições sanitárias); comer
moluscos crus (como ostras e mariscos) que foram cultivados em água contaminada; comer
frutas, legumes ou verduras crus lavados em água contaminada; participar de actividade sexual
que envolva contacto directo da boca com o ânus, ou ainda, nadar em piscinas que não foram
adequadamente desinfectadas ou em lagos ou partes do oceano que estejam contaminados com
esgoto

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4. Bibliografia
Tanyuskel M, Petri WA 2003. Laboratory diagnosis of amebiasis. Clinical Microbiology.

Comité de Sistemática e Evolução da Sociedade de Protozoologia, 1980.

Poiares da Silva, JM. Parasitoses intestinais. Considerações sobre 14 anos de estudo laboratorial
no concelho da Lousã. Rev Port Doenç Infec 1992.

Rhodia. Levantamento Multicêntrico de Parasitoses intestinais no Brasil, São Paulo; 1988.

Silva EF, Gomes MA. Amebíase: E. histolytica/E. dispar. In: Neves DP, De Melo AL, Vitor
RWA. Parasitologia Humana, 12.ed. São Paulo: Atheneu. 2011.

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