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Apenas em 1546, um pesquisador chamado Girolamo Frascatoro afirmou que as doenças poderiam ser
causadas por pequenas partículas transmissíveis (esporos) que eram derivados de produtos químicos, pois
a existência de microrganismos ainda era desconhecida.
Em 1668, Antony Leeuwenhoek descreveu animáculos presentes em gotas de água, conseguindo provar
que existia de fato uma vida microscópica até então desconhecida. Atualmente, sabe-se que ele estava
vendo protozoários de vida livre.
Em 1718, a Lady Mary Wortley Montague, aristocrata inglesa desfigurada pelas cicatrizes da varíola
descobriu um método de prevenção dessa doença em Istambul, que até então desconhecido na Europa.
Então, ordenou que o médico da embaixada inoculasse seu filho de 5 anos com pústulas secas presentes
nas tetas das vacas para que ele ficasse protegido contra a varíola.
Em 1796, Edward Jenner, médico inglês da pústula seca, fez o primeiro experimento que iria gerar a
vaccínia e estabeleceria o primeiro protocolo de vacinação. Percebeu que pessoas que ordenhavam
vacas que continham a varíola bovina não desenvolviam a varíola humana mesmo que entrasse em
contato com pessoas infectadas. 1° era feito o inóculo de pústulas secas de varíola bovina (vacina) e
depois o 2° inóculo com pus de varíola humana
Em 1843, Oliver Holmes considerou que a febre puerperal do pós parto das mulheres no hospital era
gerada pelas enfermeiras e médicos. Em 1847, o obstetra Inhac também pensou que a transmissão
poderia ocorrer pelos alunos e notou que, pela manhã, eles tinham aula de autópsia e que depois faziam
o atendimento às mulheres grávidas. Então, ele estabeleceu que eles deveriam lavar as mãos e passar
uma solução de cloro nas mãos, contribuindo para reduzir o número de casos de febre.
Em 1850, Pasteur foi atender um caso de erro de fermentação de uma produtora de vinho e produtores
próximos contaram que os bichos da seda estavam morrendo e ficando com seus casulos enegrecidos e
quebradiços. Ele percebeu que existia um microrganismo associado aquela doença, fazendo pela
primeira vez essa ligação entre fonte causal x hospedeiro. Além disso, ele também desenvolveu a vacina
da raiva usando macerados de cérebro de camundongo, mesmo não sabendo que a raiva era causada
por vírus, já que o material microscópico disponível na época era incapaz de visualizar esses seres.
Na Alemanha, o pesquisador Robert Koch determinou que o Bacillus Anthracis causava antraz, provando
mais uma associação entre fonte causal x hospedeiro.
Em 1890, Robert junto com Jacob produziram em conjunto o primeiro postulado que seria a base da
pesquisa para as doenças infecciosas no qual:
(1) A presença do agente deve ser sempre comprovada em todos os indivíduos que sofram a
doença e a partir daí o agente seria isolado em meio de cultura pura;
(2) O agente causador da doença não pode ser encontrado em indivíduos saudáveis;
(3) Uma vez que o agente for isolado, você deve ser capaz de reproduzir a doença ao inocular
esse agente isolado em animais de experimento;
(4) Após a inoculação, o mesmo agente deve ser recuperado dos animais infectados e de novo
isolado em cultura pura.
Atualmente, vemos que esse postulado tem uma série de falhas, mas considerando o contexto da época
era genial.
Em 1884, o bacteriologista Hans Gram desenvolveu a coloração de Gram. Já em 1887, o alemão Julio Petri
desenvolveu as placas de petri. Dessa forma, vemos que nessa época surgiram processos importantes
para o estudo da bacteriologia até os dias de hoje.
Em 1888, George Henry Falkiner Nuttal, bacteriologista anglo-americano, descreveu a ação bactericida do
sangue, mas não conseguiu descrever o que eram os anticorpos.
Em 1890, Emil Adolf von Berhring e Shibasaburo Kitasato, que eram respectivamente um médico e um
bacteriologista alemão, descreveram a possibilidade de tratar um animal contra o tétano, injetando-lhe
soro de outro animal previamente infectado (soroterapia). Utilizaram o mesmo método no tratamento dos
casos de difteria.
Em 1894, Jules Jean Baptiste Vicent Bordet, médico e microbiologista belga, descreveu a ação do sistema
complemento e atividade de anticorpos na bacteriólise.
Em 1897, Frederich Lofer e Paul Frost provaram que o agente infiltrável causava a febre aftosa seguindo o
postulado já criado. Entretanto, não conseguiam isolar esse agente, mas perceberam que se somente
quando o agente passava pelo filtro ele era capaz de reproduzir a doença.
Em 1900, Paul Erlich, médico e imunologista alemão, descreveu a teoria da formação dos anticorpos.
Em 1926, Lloyd Felton e Garland Howard Bailey, médicos estadunidenses, isolaram os anticorpos puros do
sangue, provando a existência dos anticorpos.
Em 1935, o bioquímico Ander Stoney cristalizou o vírus do mosaico do tabaco, que é uma doença viral que
atingia as folhas do tabaco, conseguindo estabelecer a origem proteica do vírus.
Em 1936, Frederic Baldiw provou que além das proteínas também existiam nucleotídeos na composição do
vírus (RNA + proteínas).
O postulado foi caindo por terra quando foram sendo notados hospedeiros assintomáticos, doenças
causadas por agentes filtrados e o desenvolvimento de alguns quadros muito graves.
1. Força de associação: risco relativo ou razão de chances daquela enfermidade ocorrer numa
população.
2. Consistência: se apenas um pesquisador desenvolver uma hipótese e mais ninguém conseguir
comprovar, ela não é consistente com os dados científicos disponíveis da época e não pode ser
comprovada como causa.
3. Especificidade: determina a exposição específica que leva ao desenvolvimento da doença;
4. Atemporalidade: a causa deve ser anterior à doença, pois existe um tempo para o
desenvolvimento dos sinais clínicos;
5. Gradiente biológico: quanto maior a exposição ao agente causal, maior a chance de se ter um
quadro clínico;
6. Plausibilidade: a associação deve ser concordante com o nível atual de conhecimento do
processo patológico;
7. Coerência: manter coerência com os achados de outras enfermidades;
8. Evidências experimentais: mostram a mudança do padrão da doença;
9. Analogia: sempre comparar com uma doença/exposição semelhante, vendo os pontos de
convergência.
10. Prevalência: deve ser mais alta entre os expostos à suspeita do que entre os não expostos.
11. A exposição à causa suspeita deve ser mais frequente entre os atingidos pela doença do que
entre o grupo controle.
12. A incidência da doença deve ser significativamente mais elevada entre os expostos à causa
suspeita do que entre os não expostos.
13. A exposição ao agente causal deve ser seguida de doença, enquanto a distribuição do período
de incubação deve apresentar uma curva normal.
14. O espectro de resposta ao hospedeiro deve seguir a exposição ao provável agente, que vai do
benigno ao grave.
15. Uma resposta mensurável dos hospedeiros ou um agravamento do quadro têm alta probabilidade
de ocorrer após a exposição ao agente.
16. A reprodução experimental da doença deve ocorrer mais frequentemente em animais expostos a
determinada causa do que aqueles não expostos. Algumas vezes, só a presença do agente não
causa um quadro clínico igual ao que ocorre na natureza em um experimento laboratorial devido
aos diferentes padrões de nutrição, imunidade e ao ambiente dos diferentes indivíduos na
natureza.
17. A eliminação ou a modificação da causa provável deve diminuir a incidência da doença. Da
mesma forma, a presença ou a modificação da resposta do hospedeiro à exposição deve diminuir
a incidência ou eliminar a doença.
18. Todos os achados devem apresentar consistência com os conhecimentos do campo da biologia e
da epidemiologia.
Em 1982, Stanley identificou o príon como sendo uma proteína infecciosa, sem tem material genético e
capaz de causar degeneração do SNC.
Introdução à imunologia
Imunidade inata, natural ou nativa
- Reconhece estruturas essenciais para sobrevivência de micro-organismos, que não estão presentes nas
células do hospedeiro.
- Em mamíferos é composta por barreiras epiteliais, células fagocíticas e proteínas plasmáticas (sistema
complemento e citocinas).
o Barreiras epiteliais:
Junções intercelulares, cílios e fluídos: produção de substâncias bactericidas: ácidos graxos, enzimas e pH.
o Células fagocíticas
o Sistema Complemento
Imunidade adaptativa
→ Células dendríticas: capturam antígenos em tecidos periféricos e os apresentam por meio de CPH I
ou II a LT nos linfonodos
→ Macrófagos: participam da RI inata e podem expressar CPH II
→ Células B: ligam-se a antígenos específicos; são eficazes em baixas concentrações de antígeno;
atuam na internalização e degradação dos antígenos para apresentação pelo CPH II. Evoluem
para plasmócitos, que produzem as diferentes imonuglobulinas.
o Células T
o Imunoglobulinas
o Anticorpos policlonais
→ Derivados de diferentes linhagens de células B.
→ São uma mistura de imunoglobulinas secretadas contra um antígeno específico, cada uma
reconhecendo um epítopo diferente.
→ Resposta natural do hospedeiro.
o Anticorpos monoclonais
→ Derivados de um único clone de célula B, portanto quimicamente homogêneo.
→ Produzido em laboratório, não sendo uma resposta natural.
Introdução à epidemiologia
o Tríade epidemiológica
o Cadeia epidemiológica
Via de transmissão: a direta depende do contato e a via indireta precisa de uma ligação da fonte de
infecção ao hospedeiro susceptível, como solo, água, alimento, fômites (bota, seringa, lâmina).
Vetor biológico: existe uma interação entre o agente e o inseto, artrópode, molusco.
Porta de entrada: por onde o agente entra no animal susceptível, como via oral, injeção, mordedura, via
respiratória.
Susceptível: vertebrado sem proteção, ou seja, sem vacinação, sem coquetel preventivo. Pode ser
parecido com a fonte de infecção e, a partir do momento em que ele se torna infectado, ele deixará de
ser susceptível e passará a ser fonte de infecção.
------ Aula 01.2: Colibacilose ------
Introdução
- Doença que ocorre em todas as espécies animais, inclusive seres humanos.
- Causada pela bactéria Escherichia coli (Gram -), que possui mais de 150 sorotipos (reação imunológica –
ação de imunoglobulinas).
Fatores de virulência
- Antígenos (proteínas) de superfície (epítopos)
→ Somáticos - O
→ Capsulares - K
→ Flagelares - H
→ Fimbriais – F
OBS: fimbria = canal entre as bactérias por onde há troca de material genético e somente é produzido no
momento de troca de plasmídeos (pequenos DNA circulares, que estão fora do DNA cromossomal e
apresentam certa resistência a antibióticos).
→ Verotoxina – VT: causa lesão, que abre uma porta para entrar no endotélio vascular e nos
enterócitos
→ Hemolisina: a E. coli precisa de ferro em seu metabolismo para conseguir sobreviver, por isso boa
parte das E. coli realizam hemólise para retirar o Fe das hemácias.
→ Fator necrosante citotóxico – CNF: CNF1 e CNF2 alteram a função de proteína celular.
- Lipolissacarídeo – LPS: tem efeito endotóxico, gerando infiltrado de células inflamatórias, congestão
vascular e aumento da permeabilidade vascular (edema). Mesmo não sendo proteico, é capaz de iniciar
a resposta imunológica, podendo causar febre no hospedeiro.
Epidemiologia
- Hospedeiros: todas as espécies animais.
- Fatores predisponentes:
- Via de transmissão: alimentos (pastagem), contato direto, fômites contaminados com fezes e leite de
vacas com mastite por E. coli.
- Porta de entrada: mucosa do aparelho digestivo, uretra, via oro-nasal e canal galactófaro.
OBS: comum em porcas que ficam em gaiolas maternidade e acabam deitando em cima das próprias
fezes e urina, ficando expostas à infecção urinária.
- Suscetíveis: animais jovens, principalmente os recém-nascidos até 4 dias de vida, animais mal nutridos,
animais submetidos a estresse e animais não vacinados.
Patogenia
- Equilíbrio da microbiota: ao nascer o trato intestinal é estéril e, depois ele vai sendo rapidamente
colonizado por coliformes, lactobacilos e anaeróbios obrigatórios. A E. coli coloniza em pouca quantidade
o intestino delgado e em grande quantidade no intestino grosso. A localização no trato intestinal e a
relação da idade do hospedeiro com diferentes cepas parecem estar relacionados com a presença ou
ausência de receptores para fímbrias específicas nas células epiteliais.
- Equilíbrio intestinal: é mantido por vários fatores, como (1) pH baixo (quantidade de ácido secretado no
estômago altera a população de espécies de Lactobacillus, anaeróbias facultativas, Gram positivas); (2)
ingestão de imunoglobulinas e outros fatores de proteção do colostro e leite; (3) estabelecimento dos
lactobacilos como microrganismos dominantes no estômago e intestino delgado; e (4) bactérias
anaeróbias que são as mais prevalentes no íleo e cólon.
- A septicemia por E.coli ocorre do 1° ao 14° dia de idade, tendo como porta de entrada a cavidade oral,
o umbigo, a mucosa nasal ou a orofaringe.
→ Bezerros: acomete animais com menos de uma semana de idade e causam diarreia.
→ Leitões: ocorre durante a 1ª semana de vida ou durante as duas semanas após o desmame,
desencadeando um quadro conhecido como “diarreia do desmame”.
o Enteropatogênico (EPEC)
- Além da diarreia aquosa e com muco (normalmente com sangue) decorrente dos danos às vilosidades,
o animal também apresenta febre e desidratação.
- Embora todo trato intestinal possa ser acometido, o cólon é o local mais comumente afetado.
- Costumam ocorrer em bezerros de 2 dias a 4 meses de idade, mas também pode ocorrer em bezerros
com mais de 4 meses de idade, provocando deficiência na absorção e digestão e perda de proteína.
- A EPEC está associada à falta de higiene e saneamento básico, sendo que crianças de baixo nível
socioeconômico estão frequentemente expostas à EPEC e geralmente adquirem imunidade após o
primeiro ano de vida.
o Entero-hemorrágico (EHEC)
- As cepas EHEC aderem intimamente às células epiteliais do ceco e do cólon, causando destruição das
células por inibição da síntese proteica e lesão vascular, de forma que algumas bactérias invadem a
lâmina própria da mucosa intestinal, gerando hemorragia severa.
- Vacinas (bacterinas comerciais) não costumam proteger contra estes tipos (uso vacinas autógenas?).
- O tipo clássico de colite hemorrágica em humanos é causado pela cepa O157:H7. Essa cepa causa
diarreia sanguinolenta e ocasionalmente falha renal. A via de transmissão é fecal-oral, contato direto ou
pela ingestão de alimentos (carne bovina mal cozida, vegetais crus, leite contaminado e água
contaminada). A prevenção envolve: cozinhar convenientemente carnes; evitar a ingestão de leite não
pasteurizado; lavar bem as mãos antes da preparação de alimentos ou da sua ingestão; adoção de
medidas preventivas durante o abate de animais processamento de produtos cárneos; frutas e vegetais
devem ser, sempre, bem lavados e os produtores de vegetais devem adotar medidas preventivas durante
o crescimento, colheita e processamento das verduras.
o Entero-invasivo (EIEC)
o Entero-agregativo (EAEC)
o Uropatogênico (UPEC)
- Muitas cepas produzem uma exotoxina que é uma hemolisina (HylA), a qual é capaz de formar poros na
membrana celular.
- Em suínos são responsáveis por quadros como cistite, uretrites, prostratites, e mesmo pielonefrites.
- Animais muito jovens e particularmente aqueles que estão hipo-gamaglobulêmicos devido à absorção
insuficiente de anticorpos colostrais estão propensos a desenvolver a colisepticemia.
- A patogênese exata da colisepticemia ainda não foi adequadamente elucidada, mas acredita-se que a
endotoxina desempenha um papel importante na ocorrência do choque.
Diagnóstico
o Isolamento e identificação do agente etiológico: antiobiograma;
o Provas sorológicas para tipificação;
o Imunofluorescência direta (verificar colonização de porções do intestino);
o Provas moleculares (PCR).
Tratamento
o Terapia de suporte e cuidados gerais:
→ Reidratação parenteral ou oral (4 a 6 litros por dia de soluções eletrolíticas orais);
→ Correção do desbalanceamento eletrolítico;
→ Estabilização do equilíbrio acidobásico.
o Antibioticoterapia por 5 a 7 dias nos casos severos:
→ Colher material para análise antes de administrar o antibiótico.
o Não suspender o leite por mais de 24 horas para não deixar o filhote fraco;
o Produtos que contém metoscopolamina e atropina que diminuem o peristaltismo são
contraindicados.
Profilaxia
o Medidas relativas às fontes de infecção:
→ Isolamento de doentes e tratamento (antibioticoterapia e tratamento de suporte).
o Medidas relativas às vias de transmissão:
→ Limpeza, lavagem e desinfecção de instalações, objetos e utensílios; higiene dos tratadores.
o Medidas relativas aos suscetíveis:
→ Garantir a ingestão de colostro e estabelecer esquema de vacinação da fêmea em gestação.
o Medidas direcionadas ao agente:
→ Estabelecer o diagnóstico microbiológico (cultura);
→ Estabelecer padrão de sensibilidade aos antimicrobianos (antibiograma) para tratamento.
o Medidas direcionadas ao ambiente:
→ Desinfetar fômites e instalações (limpeza e desinfecção);
→ Higiene geral (remoção de fezes);
→ Boas práticas de manejo.
o Medidas Gerais:
→ Educação sanitária de tratadores e proprietários;
→ Alertar sobre o risco de contaminação, pois é uma zoonose;
→ Separar animais por idade;
→ Evitar superpopulação;
→ Não alojar indivíduos muito jovens em grupos grandes;
→ Colostro corretamente administrado quantitativa e qualitativamente e precocemente.
Taxonomia
- Família: Enterobacteriaceae.
- Gênero: Salmonella.
Fatores de virulência
o Endotoxina: lipopolissacarídeo, além de contribuir para a resistência à ação do complemento e
desempenhar uma função importante na colonização do epitélio intestinal.
o Citotoxina: age inibindo a síntese proteica, em parte responsável por danos à mucosa intestinal
(lesões enegrecidas em forma de botão em suínos).
o Enterotoxinas: uma das enterotoxinas está associada à parede celular e as duas outras aumentam
a permeabilidade vascular. Pode ser termoestável de ação rápida, produzindo resposta após uma
hora de ingestão ou termolábil, de ação lenta, provocando resposta após 18 horas da ingestão.
Agente etiológico
- Bastonete Gram negativos com 0,7-1,5 x 2-5 μm;
- Anaeróbios facultativos;
- Oxidase negativa; catalase positiva; vermelho de metila e citrato de Simons positivos; H2S positivo;
lactose/sacarose negativas; e urease negativa;
- Suportam pH entre 4 e 9;
- Sensíveis a:
→ Peróxido de hidrogênio
→ Ácido acético
→ Ácido lático
→ Cloro mitose + troca de
→ Formaldeído material genético
→ Fenóis por fímbrias
→ Glutaraldeído
→ Amônia quaternária
→ Iodo
Epidemiologia
- Hospedeiros: todos os animais de sangue quente e répteis.
- Período de incubação: algumas horas até dias: em casos assintomáticos, o indivíduo pode ficar
eliminando a bactéria, mas não ter sinal clínico pela cepa não ser específica
- Fatores de risco:
o Estresse;
o Criação intensiva (confinamento): aumenta as chances de contato com fezes contaminadas;
o Criação extensiva sem rotação de pasto;
o Uso de adubo não tratado (esterqueira que apenas armazena os dejetos e não os trata para
diminuir a carga microbiana);
o Alimentos contaminados;
o Água contaminada;
o Presença de portadores;
o Trabalhadores com vestimentas contaminadas (fômites).
TAVECHIO et al., 2002: de 4.581 cepas de Salmonella isoladas de 1996 a 2000, os sorotipos mais prevalentes
foram: S. Enteritidis (32,7%); S. Senftenberg (10,3%); S. Hadar (6,8%); S. Agona (5,1%) e S. Typhimurium (2,4%).
OBS: conheça o sorotipo de Salmonella presente na região em que você trabalha para tomar medidas
mais específicas.
Barreiras do organismo
o Enzimas salivares – ação lactoperoxidase;
o pH ácido do estômago;
o Secreção da mucosa;
o Peristaltismo impedindo adesão;
o Competição pelos sítios de adesão com outras bactérias;
o Secreção de imunoglobulinas pelas placas de Peyer.
Patogenia
- A evolução da doença depende do sorotipo e do hospedeiro.
- A enterite aguda acomete animais adultos de todas as espécies. Ela gera febre alta (que pode diminuir
com o início da diarreia), diarreia líquida intensa com muco ou sangue, palpação retas, dor abdominal,
anorexia, desidratação, toxemia (alteração de permeabilidade vascular e extravasamento de sangue
subcutâneo na pele, formando petéquias em suínos) e morte em 75% dos casos sem tratamento.
- A enterite crônica é comum em suínos, bovinos e equinos adultos após um surto. Causa febre moderada,
diarreia intermitente ou persistente que pode apresentar muco ou sangue, perda de peso e perda de
produtividade. Além disso, os animais são fonte de infecção, podendo passar ao agente etiológico para
os demais animais do rebanho e para os filhotes.
- O aborto pode ocorrer bovinos e ovinos. Nesses casos, a bactéria multiplica-se na placenta, gerando
lesão placentária seguida de aborto.
Sorotipo e doença
o Surtos graves são raros, mas estresse, restrição hídrica ou alimentar podem desencadear o quadro;
o Septicemia: ocorre em recém-nascidos (RN) a poucas semanas de vida;
o Enterite aguda: bezerros com mais de 1 semana a bovinos jovens;
o Enterite crônica: adultos que passaram pela enterite aguda;
o Abortamento (124 a 270 dias de gestação);
o Gangrena seca terminal das extremidades: bezerros apresentam claudicação, edema abaixo dos
boletos e separação da pele acima dos boletos.
Salmonelose ovina
o Septicemia: rara, mas pode ocorrer nas fases iniciais do surto;
o Enterite aguda: forma mais comum;
o Abortamento: ovelhas podem morrer após o abortamento.
Salmonelose caprina
o Rara;
o Septicemia super aguda em recém-nascidos;
o Enterite aguda: semelhante aos bovinos
Salmonelose suína
Salmonelose equina
o Ocorrência esporádica;
o Septicemia: em potros com até 2 dias de idade;
o Enterite aguda: jovens e adultos.
o Rara;
o Geralmente os animais são portadores;
o Em cães, pode ser uma complicação da quimioterapia para linfossarcoma;
o Abortos e morte perinatal em canis foram atribuídos a S. Panama;
o Descrição de um surto hospitalar com gastroenterite e septicemia em gatos jovens internados.
Diagnóstico
o Necrópsia;
o Isolamento e identificação bacteriana;
o Sorotipagem (antígenos de superfície);
o ELISA de captura (antígeno);
o PCR;
o ELISA indireto (anticorpo);
o Aglutinação.
Tratamento
o Tratamento de suporte;
o Antibioticoterapia:
→ Ruminantes: trimetoprima-sulfadoxina, ampicilina, amoxicilina;
→ Equinos: trimetoprima-sulfadoxina, gentamicina-ampicilina, cloranfenicol;
→ Suínos: trimetoprima-sulfadoxina, clortetrociclina.
OBS: na antibioticoterapia sempre lembre de colher o material para análise antes de administrar o
antibiótico, aplicando um antibiótico de amplo espectro, enquanto aguarda o resultado do isolamento e
do antibiograma, porém sabendo que este uso pode acabar com a microbiota normal e privilegiar a
Salmonella. Após o resultado do antibiograma, substituir a antibioticoterapia por medicamento específico.
Profilaxia
o Controlar fontes de infecção;
o Controlar fatores de risco;
o Higiene;
o Desinfecção;
o Vacinação;
o Uso profilático de antibióticos (controverso = resistência?);
o Água e alimento de qualidade e de origem controlada.
o Família Pasteurellaceae
o Cocobastonete Gram negativo
o Cresce em ágar sangue
o Não hemolítico
- Doença infecciosa não contagiosa (não transmitida pelo contato direto), crônica (demora para se
desenvolver) e piogranulomatosa (se formam granulomas piogênicos com área de pus);
- Fatores de risco:
o Solução de continuidade (o tecido íntegro tem um epitélio e mucosas fechados, se essas barreiras
são rompidas, temos uma lesão pequena ou grande, a qual também é chamada de solução de
continuidade)
o Forragens abrasivas ou espinhosas causam arranhaduras e lesões na língua
Epidemiologia
- Fonte de infecção: animais com lesões supuradas ou portadores;
- Via de eliminação: secreções eliminadas a partir das lesões dos portadores e doentes;
- Susceptíveis: bovinos (lesões em língua e linfonodos), que ficam muito mais tempo em pastos extensivos,
os quais apresentam maiores riscos de serem mal manejadas;
Patogenia
Sinais clínicos
o Salivação intensa
o Fica realizando movimentos mastigatórios para tentar soltar o que está incomodando o animal
o Dificuldade de se alimentar
o Glossite difusa: língua dura, sensível e dolorosa
o Lesões: lábios, palato, faringe, fossas nasais e face
o Linfadenite em região de cabeça e pescoço, linfonodos aumentados e indolores
o Nódulos em outras regiões do corpo
Diagnóstico
- Clínico
- Laboratorial
Tratamento
- Iodeto de potássio: oral 4 a 10 g diariamente por 7 a 10 dias
- Iodeto de potássio ou sódio (1g/12Kg) em solução a 10% por via intravenosa em uma única dose
- Antibioticoterepia: é um tratamento longo, por isso devemos pensar no BEA, no custo benefício e no valor
do animal (será que o animal vai se recuperar bem?)
o Penicilina e aminoglicosídeos
o Sulfonamidas
o Isoniazida oral 10 a 20 mg/kg por 30 dias
Profilaxia
o Evitar forragens secas e grosseiras, que favoreceriam as lesões, diminuindo as chances de
surgimento de portas de entrada;
o Isolar os animais doentes, reduzindo as chances de transmissão;
o Realizar suplementações de minerais para evitar apetite depravado, reduzindo as chances de
criação de portas de entradas.
- Fatores de risco:
Epidemiologia
- Fonte de infecção: animais com lesões ou portadores
- Susceptíveis: bovinos
Patogenia
Pela reação
inflamatória
Sinais clínicos
o Dificuldade de mastigação
o Perda de alinhamento dos dentes
o Tumefação de consistência dura indolor no início
o Dor e perda dos dentes com o avançar do quadro
o Ulceração da pele, fistulas, presença de pus
o Emagrecimento progressivo e emaciação (perda acentuada de peso)
Diagnóstico
- Clínico
- Laboratorial
Tratamento
- Iodeto de potássio: oral 4 a 10 g diariamente por 7 a 10 dias
- Iodeto de potássio ou sódio (1g/12Kg) em solução a 10% por via intravenosa em uma única dose
- Antibioticoterepia: é um tratamento longo, por isso devemos pensar no BEA, no custo benefício e no valor
do animal (será que o animal vai se recuperar bem?)
o Penicilina e aminoglicosídeos
o Sulfonamidas
o Isoniazida oral 10 a 20 mg/kg por 30 dias
o Actinomicetos
→ Citologicamente: são procariotos
→ Morfologicamente: assemelham-se a fungos, pois produzem
esporos assexuais e possuem micélio (hifas)
o Bactéria (actinomiceto) gram-positiva anaeróbica facultativa
o Zoosporos móveis em forma de cocos
o Encontrados no solo e pele de animais saudáveis
o Potencialmente zoonótico
- Doença caracterizada por dermatite (lesão de pele) pustular (forma pústula) exsudativa (drena)
infecciosa não pruriginosa (não causa coceira)
o Senkobo
o Estreptotricose cutânea
o Dermatite micótica (mas não é fungo!)
- Fatores de risco
o Clima úmido e quente (animal com pele úmida por muito tempo)
o Traumas em pele (tosquia, picadas de inseto, lesões)
o Falhas de manejo (higiene, estresse, nutrição)
Epidemiologia
- Fonte de infecção: portadores saudáveis e doentes
- Via de transmissão: contato direto, vetores mecânicos (mosca), solo e água contaminados
Patogenia
Sinais clínicos
o Pápulas foliculares e não foliculares, pústulas, rapidamente elas se coalescem e se tornam
exsudativas;
o Lesões ativas contêm pus espesso, cremoso, amarelado ou esverdeado que se adere à superfície
da pele e superfície interna das crostas;
o Esses exsudatos formam crostas e os pêlos ficam grudados;
o Lesões inicialmente no dorso, depois observadas no escroto, períneo, úbere e porções distais dos
membros;
o Peles claras (focinho, porção distal dos membros) são mais afetadas e podem exibir eritema como
resultado de fotodermatite;
o Lesões dolorosas mas não pruriginosas.
Diagnóstico
- Coloração e/ou cultura de pus ou crostas
- Biópsia de pele
- Diferencial
o Dermatofitose
o Foliculite e furunculose por estafilococos
o Pênfigo foliáceo
Tratamento
- Lesões localizadas
o Remoção das crostas, pois o medicamento precisa penetrar na pele embaixo (cuidado com
contaminação ambiental, pois devemos fazer uma desinfecção, com vassoura de fogo e produtos
químicos)
o Tratamento tópico com clorexidina ou iodo-povidine
Profilaxia
o Remover fatores predisponentes
→ Melhorar higiene, nutrição e práticas de manejo
→ Evitar traumas em pele
→ Controle de insetos e artrópodes
→ Evitar traumas mecânicos na pele para evitar a criação de portas de entrada
o Animais afetados devem ser isolados
o Animais previamente infectados não desenvolvem imunidade significativa
- Encontrados em:
- São sensíveis a:
o Tétano: doença infecciosa não contagiosa caracterizada por espasmos musculares, hiperestesia,
paralisia espástica e convulsões
o Sinais são devido a ação de exotoxinas produzidas pelo C. tetani
o Acomete animais e humanos
o Distribuição mundial
Epidemiologia
- Fonte de infecção: animais que possuem o agente no trato intestinal
- Susceptíveis: mamíferos
o Ascende pelos neurônios periféricos e liga-se aos interneurônios inibitórios da medula espinhal
o Via sanguínea, atravessa a barreira hematoencefálica
o Inibição de glicina e GABA = contrações tetânicas da musculatura após estimulação normal
(inibição do relaxamento muscular)
- Tetanolisina – hemolítica
Patogenia
o Agente não invasivo, é inoculado na lesão
o Multiplicação em anaerobiose
o Produção de exotoxinas
Sinais clínicos
- Sítio de replicação bacteriana
Diagnóstico
- Essencialmente clínico
- Laboratorial:
- Diagnóstico diferencial
o Raiva
o Meningite
o Traumatismos cranianos
o Intoxicação por estricnina
o Traumatismo muscular (localizado)
o Hipocalcemia em parturientes (eclâmpsia)
Tratamento
- Foco de infecção:
- Penicilina G, tetraciclinas ou metronidazole (não chega no centro da lesão e não mata os clostrídios que
estão se multiplicando no centro da lesão, por isso temos que remover a área necrosada)
- Isolamento em ambiente tranquilo, se possível em uma baia de pouca luminosidade e distante dos ruídos
(colocar algodão nos ouvidos)
Prevenção
o Vacinação: duas doses iniciais e revacinação anual (vacinar a mãe, que passará os anticorpos
para os filhotes pelo colostro)
o Colostro (fêmeas vacinadas)
o Prevenção de lesões
o Tratamento de ferimentos
o Procedimentos cirúrgicos executados com higiene e desinfecção, utilizando materiais estéreis
Clostridium botulinum
- Via de transmissão: alimentos e água com toxinas pré-formadas ou contaminados com agente
Patogenia
- 8 toxinas antigenicamente distintas:
o A, B, C1, C2, D, E, F, G
o Resistentes ao suco gástrico
o Elevada capacidade de ultrapassar barreiras mucosas
o Permanece viável no interior de ossos (principalmente os ossos longos) por até 10 anos
o Toxina biológica conhecida mais potente (dose letal para humanos = 0,1 a 1 µg)
o Junção neuromuscular
o Terminais nervosos colinérgicos
o Gânglios autônomos
o Terminações nervosas parassimpáticas pósganglionares
- Mecanismo de ação:
o Interferência com a função do cálcio no terminal nervoso
o Inibe a liberação de acetilcolina
o Não abole a condução dos nervos motores, mas impede a passagem dos impulsos nervosos para
os músculos (paralisia flácida)
Sinais clínicos
o Midríase (pupilas dilatadas)
o Paralisia flácida
o Mucosas secas
o Xerostomia (hipossalivação)
o Flacidez na língua
o Disfagia
o Incoordenação
o Marcha rígida seguida de paralisia flácida
o Decúbito
o Parada respiratória
Diagnóstico
- Histórico e quadro clínico
- Comprovação com auxílio de testes laboratoriais em amostras de material coletado de animais suspeitos
Tratamento
- Indicado em casos subagudos ou crônicos
o Soluções hidroeletrolíticas
o Soluções injetáveis de cálcio e fósforo
o Purgativos (tentativa de remover a toxina do TGI)
o Hepatoprotetores
o Vitaminas do complexo B
o Uso de antibióticos (prevenir ou controlar o aparecimento de infecções secundárias)
Profilaxia
o Vacinação dos animais: duas doses → 1 mês de intervalo (1 mês antes de confinar o animal)
o Correto armazenamento de feno, de silagem e de ração para evitar material em decomposição
o Adoção de uma mistura mineral de boa qualidade, associada a eficaz remoção de carcaças e
ossos das pastagens
Clostridium perfingens
- Enterotoxemia: toxinfecção alimentar que pode causar distúrbios em TGI, SNC, rins, vasos sanguíneos e
morte súbita
- C. perfringens tipos A a E: produção de diferentes exotoxinas imunologicamente distintas (α, β, ε e ι), além
das toxinas secundárias (δ, θ, κ e μ)
Epidemiologia
- Os clostrídios estão naturalmente na microbiota intestinal dos hospedeiros
o Falhas de manejo
o Mudanças repentinas na dieta
o Influências ambientais
Patogenia
- Multiplicação intensa:
Clostridium chauvoei
- Carbúnculo sintomático: miosite infecciosa (inflamação de músculos esqueléticos causada por clostrídio)
Patogenia
Sinais clínicos
- Claudicação, dificuldade de locomoção
o Mialgia
o Lesões fétidas
o Crepitação do músculo à palpação
o Morte súbita
- Na necropsia, vemos:
Tratamento
- Antibioticoterapia: penicilina, tetraciclina
- Fasciotomia para produzir uma cicatrização por segunda intenção: cuidado com infecções secundárias
Profilaxia
o Vacina: duas doses com intervalo de 1 mês e revacinação anual
Clostridium haemolyticum
Sinais clínicos
o Início súbito
o Interrupção da ruminação, alimentação, lactação e defecção
o Edema em peito
o Morte
Profilaxia
o Vacinação
o Manejo
o Controle de verminoses
Multicausal
- Gangrena gasosa, edema maligno ou miosite necrosante: infecção aguda de ferida por clostrídios
→ C. perfringens tipo A
→ C. septicum
→ C. novyi tipo A
→ C. sordelli
→ C. chauvoei
- Fatores predisponentes:
→ Anaerobiose
→ Isquemia
→ pH ácido
Patogenia
- Entrada do agente por via traumática
Sinais clínicos
o Febre alta
o Rigidez, claudicação
o Necrose tecidual
o Edema com crepitação subcutânea
o Toxemia (apatia, depressão)
o Morte súbita
o Ovinos: edema de cabeça
o Suínos: lesões sem crepitação
Diagnóstico
- Clínico
- Laboratorial:
Tratamento
- Drenagem da lesão e irrigação com H2O2
- Suporte
Prevenção
o Evitar contaminação de feridas com terra
o Cirurgia: evitar contaminação fecal
o Vacinação sistemática do rebanho com bacterinas e toxóides específicos
o Práticas adequadas de manejo
Outros
C. difficile: cães e suínos com diarréia hemorrágica; enterocolite hemorrágica em potros RN; colite aguda
em cavalos após antibioticoterapia ou excesso de grãos
o maldição negra
o veneno negro
o pústulas malignas
o campos malditos
o Carbúnculo (carvão): aspecto enegrecido da cavidade abdominal dos animais mortos
o Carbúnculo Hemático
o Antraz
o Carbúnculo Verdadeiro
o Febre do baço
o Pústula Maligna
Introdução
- A infecção ocorre geralmente pela ingestão de esporos presentes no solo
- Acidentalmente pode ser transmitida ao homem, ocorrendo três tipos de infecção: cutânea (mais
comum), inalatória e gastrointestinal
- Agente de bioterrorismo
- Impacto econômico:
o CDC, 1997: ataque bioterrorista → US$26 bi p/ cada 100 mil pessoas expostas ao antraz
o TASSINARI, 1992
→ Uruguaiana, RS
→ Propriedade de bovinos:
→ 77 animais mortos
→ 3 pacientes humanos
→ US$ 14.155,50 em 45 dias
o Perdas diretas de produtos primários agropecuários
o Custos do diagnóstico e vigilância
o Perda de animais
o Despesas com casos humanos
o Quarentena
o Perdas na exportação e restrição de comércio
Etiologia
- Bacillus anthracis
o Gram-positivo
o Aeróbico
o Capsulado
o Imóvel
o Forma esporos em contato com o ar
o Forma vegetativa: destruída por desinfetantes e calor (60°C), não sobrevivem nos cadáveres
o Esporos: altamente resistentes ao calor, frio, dessecação, radiação UV, desinfetantes
- Resistência:
- Ação do calor:
- Resistência:
Epidemiologia
- Fonte de infecção: animais que possuem esporos no intestino
- Via de transmissão: por solo, alimento ou água contaminados por esporos ou formas vegetativas
- Porta de entrada:
o Digestiva
o Respiratória
o Cutânea
o Susceptíveis: mamíferos
- Tem distribuição geográfica mundial, período de incubação de 2 a 9 dias, letalidade de até 100% e o
homem é hospedeiro ocupacional (zoonose).
Patogenia
- Bloqueio da atividade opsonizadora do C3 (complemento);
- Destruição de fagócitos;
- Trombose capilar;
- Edema;
Sinais clínicas
o Forma super aguda - 1 a 2 horas
o Forma aguda - 2 dias
o Forma sub-aguda - até 8 dias
o Septicemia e morte rápida (em torno de 1 a 24 horas após os primeiros sinais)
o MORTE: eliminação de sangue pelos orifícios naturais (rápida autólise) e rigidez cadavérica
incompleta.
- Em ruminantes:
- Em equinos:
- Em suínos
o Relativamente resistentes
o Infecção permanece localizada na garganta e no intestino - laringotraqueíte e Edema de
garganta
o Lesão Ulcerativa porta entrada – Linfadenite
o Pode ocorrer diarreia e disenteria - Enterite Hemorrágica
o Manifestações cutâneas
Diagnóstico
- Presuntivo
- Epidemiológico
- Patológico
- Bacterioscópico (esfregaço)
- Definitivo
o Cultura
o Inoculação em animais de laboratório
o Material
o Sangue recém-eliminado das narinas (papel de filtro ou zaragatoa) fragmento de orelha, osso de
canela desarticulado.
- Diagnóstico diferencial:
o Clostridioses
o Choque por raio
o Leptospirose aguda
o Hemoglobinúria bacilar
o Tristeza parasitária
o Intoxicações agudas por plantas tóxicas
Tratamento
- Penicilina ou tetraclicina: 20.000 UI/Kg 2 vezes ao dia
Etiologia
Alphavirus (EEE, WEE, VEE – encefalites equinas do leste, do oeste e da Venezuela)
o Gênero Alphavirus:
→ Vírus da Encefalite Equina do Leste (EEE) (*)
→ Vírus da Encefalite Equina do Oeste (WEE) (*)
→ Vírus da Encefalite Equina Venezuelana (VEE) (*)
patogênicos: subtipo I-AB e I-C
Família Flaviviridae
o Gênero Flavivirus:
→ Vírus da Encefalite de Saint Louis (SLE)
→ Vírus da Febre do Nilo Ocidental (WNF) (*)
- Viremia (capacidade do vírus ser detectado no sangue): importante para determinar a fonte de
infecção.
o EEE: ↓ em equinos
o WEE: 𝑋̅ ou ↑ em equinos (o equino é um pouco importante)
o VEE: ↑ ↑ ↑ em equinos (o equino é muito importante)
o Hipoclorito de sódio a 1%
o Etanol 70%
o Glutaraldeído 2%
o Formaldeído
Epidemiologia
- Vetor: mosquitos
- Reservatórios (é susceptível ou não à doença e não é o alvo da cadeia epidemiológica): aves silvestres e
principalmente pequenos mamíferos
- Fatores de risco:
- Ocorrência: aumenta com a maior ocorrência de vetores (época de chuvas e, por vezes, épocas de
ventania)
- Mortalidade:
Patogenia
Sinais clínicos
o Febre
o Depressão
o Fotofobia
o Cegueira
o Andar em círculos
o Ataxia
o Incoordenação
o Convulsões
o Perda de reflexos
o Paralisia
o Dificuldade em manter a cabeça erguida
o Pressão da cabeça contra objetos
o Postura em cavalete (pernas afastadas)
o Dificuldade em deglutição
o Paralisia labial
o Morte (cérebro congesto na necrópsia)
Diagnóstico
- Clínico: observação de sinais neurológicos
- Laboratorial:
o Direto:
→ Isolamento viral
→ Imunofluorescência
→ Virusneutralização
→ Hibridização in situ
→ RT-PCR
o Indireto:
→ Inibição da hemaglutinação
→ Fixação do complemento
→ Soroneutralização
→ ELISA
- Diagnóstico diferencial
o Raiva
o Herpesvírus
o Encefalite bacteriana
o Encefalite por protozoários
o Micotoxinas (Fusarium moniliforme)
o Tétano
o Envenenamento
Tratamento
- Não há tratamento específico
- Prognóstico:
o Neuropatias: desfavorável
o Estado febril: reservado
Profilaxia
o Vacinação
→ EEE e WEE
o Duas doses iniciais e revacinação anual (depende do fabricante)
o Controle de vetores
o Controle de trânsito animal
o Vigilância epidemiológica
→ Inquérito sorológico
→ Busca de atividade viral
o Reprodutivas
→ 3,6 a 13% de repetição de cio
→ 60% de abortamentos em surtos
→ Condições naturais 25% de abortamentos em animais soropositivos
o Respiratórias
→ Pneumonias secundárias
o Quadros neurológicos
o Conjuntivite
o Restrição de Comércio Internacional de animais, embriões, sêmen (BoHV-1)
Etiologia
Ordem Herpesvirales
o Família Herpesviridae
→ Sub-família Alphaherpesvirinae
Gênero Varicellovirus
▪ Espécie: Bovineherpesvirus 1 – BoHV1
▪ Espécie: Bovineherpesvirus 5 – BoHV5
Gênero Simplexvirus
▪ Espécie: Bovineherpesvirus 2 – BoHV2
→ Sub-família Gammaherpesvirinae
Gênero Rhadinovirus
▪ Espécie: Bovineherpesvirus 4 – BoHV4
Gênero Macavirus
▪ Espécie: Bovineherpesvirus 6 – BoHV6
▪ (Bovine Lymphotropic Herpesvirus - BLHV)
- Envelopado
- Esférico a pleomórfico
- 150-200nm de diâmetro
- Capsídeo icosaédrico
Enfermidade
Epidemiologia
- Fonte de infecção: animais doentes, convalescentes e portadores inaparentes (subclínicas)
- Via de eliminação: secreções conjuntivais, vaginais, sêmen, fezes e restos de aborto
- Via de transmissão: aerossóis, contato direto com animais infectados, monta natural, água contaminada,
sêmen para inseminação artificial, ordenhadeira mecânica e fômites
- Não existe predileção por raça, sexo ou idade, embora em animais jovens ocorra normalmente a partir
de 6 meses de idade
- Fatores Predisponentes:
BoHV-1
Rinotraqueíte infecciosa bovina: infecção respiratória por BoHV-1.1, que pode ser responsável por
abortamentos, conjuntivite e infecções sistêmicas em neonatos
Vulvovaginite Pustular Infecciosa e Balanopostite Infecciosa: infecção genital por BoHV-1.2, caracterizada
por lesões vesiculares que ulceram e são recobertas por material fibrinoso.
Patogenia BoHV-1
BoHV-2
Mamilite herpética bovina: doença ulcerativa severa em tetos causada por BoHV-2
Doença pseudonodular cutânea (PLSD): infecção de pele por BoHV-2, moderada e generalizada, gera
nódulos por toda a pele
87,7% (487/555) de novilhas soropositivas para BoHV-2 em SP, sem ocorrência clínica
Patogenia BoHV-2
- Após inoculação intradérmica ou subcutânea (contato direto ou vetores), o BoHV-2 replica-se sem
disseminação para outros pontos
- Experimentalmente foi possível reproduzir as lesões disseminadas após inoculação intravenosa do vírus
BoHV-5
Meningoencefalite ou encefalite herpética: enfermidade neurológica não-purulenta de curso geralmente
fatal em bovinos jovens causada por BoHV-5
Patogenia BoHV-2
- Epidemiológico
- Laboratorial
- Amostras:
- Diagnóstico diferencial
Tratamento
- Não há tratamento específico
Profilaxia
o Quarentena (2 a 3 semanas)
o Avaliação sorológica dos animais recém adquiridos
o Avaliação das partidas de sêmen utilizadas
o Repouso reprodutivo dos animais com vulvovaginite e balanopostite
o Cuidados higiênico-sanitários no exame genital de fêmeas (espéculos vaginais)
o Sorodiagnóstico periódico de animais do plantel e reprodutores
o Isolamento de animais clinicamente afetados
o Vacinação
→ Antes de vacinar:
Diagnosticar com precisão a ocorrência da doença
Avaliar o impacto econômico da doença e compará-lo com o custo de vacinação
→ Vacinas - indicação:
Bezerros de 4 a 6 meses de idade, reforço com 30 dias e revacinações anuais.
Reforço vacinal em novilhas ou fêmeas adultas 2 semanas próximo a cobertura, ou nos
primeiros meses da gestação
o CONTROLE:
→ Vacinação de todos os animais: bezerros a partir de 6 meses de idade
→ Reforço um mês após e anualmente
o ERRADICAÇÃO:
→ Descarte economicamente viável, permite a eliminação a curto prazo dos soropositivos
→ Não precisa vacinar para não interferir no diagnóstico
------ Aula 03.3: Diarreia Viral Bovina (BVD) e Doenças das Mucosas (MD) ------
Histórico
o EUA (1946): primeiro registro de BVD
o Canadá (1946): primeiro registro de MD → Doença X
o Brasil, RS (1974): primeiro isolamento
- Síndromes (diferentes sinais clínicos) infectocontagiosas (contato direto como via de transmissão) de
ruminantes, causadas por um vírus do gênero Pestivirus
- Afetam os sistemas:
o Sistema digestório
o Sistema respiratório
o Sistema reprodutivo
o Sistema imunológico
OBS: um mesmo animal não necessariamente terá todos os sistemas afetados, mas num mesmo rebanho
podemos enxergar todos esses possíveis quadros.
Importância econômica
- Perdas produtivas: perda de peso (diarreias, problemas respiratórios) e mortalidade perinatal
- Alta letalidade
- Distribuição mundial:
- Família Flaviviridae:
- Gênero Pestivirus
- Gênero Hepacivirus
o Vírus da Hepatite C
- Gênero Flavivirus
o Vírus da Dengue
o Vírus da Febre Amarela
o Vírus da Encefalite Japonesa
o Vírus da Febre do Nilo Ocidental
o Vírus da Encefalite de Saint Louis
- Genótipos:
- Biotipos
- Diversidade viral
o nCP BVDv 1
o CP BVDv 1
o nCP BVDv 2
o CP BVDv 2
Cadeia epidemiológica
o Importância clínica:
→ Anomalias congênitas
→ Atraso no desenvolvimento
→ Morte perinatal
→ Maioria morre em 2 anos
o Importância epidemiológica:
→ Imunotolerantes: negativos para anticorpos anti-BVDv
→ Positivos para vírus → fonte de infecção não detectável por levantamentos sorológicos
Quadro agudo
o Febre
o Depressão
o Anorexia
o Taquicardia
o Descarga nasal mucopurulenta
o Edema de córnea
o Queda na produção de leite
o Diarreia aquosa profusa
o Tenesmo
o Lesões em cavidade oral
o Salivação profusa
o Leucopenia severa
o Trombocitopenia
o Infertilidade
o Normalmente fatal
o Morte em 2 a 10 dias após o início dos sintomas
Quadro crônico
Diagnóstico laboratorial
o Anatomohistopatológico
→ Úlceras e erosões em: mucosa nasal e oral, terço superior do esôfago, retículo, pilares do
rúmen, margens das dobras omasais e abomaso
→ Congestão edema e hemorragias em abomaso
→ Enterite catarral
→ Encefalite
→ Glomerulonefrite
o Isolamento em cultivo celular
o RT-PCR (convencional ou em tempo real)
o Soroneutralização
o ELISA
o Diagnóstico laboratorial
o Amostras
→ Sangue (fase branca)
→ Tecidos (entérico, reprodutivo)
→ Abortos
→ Urina
→ Fezes
→ Suabes
Diagnóstico diferencial
o Febre catarral maligna
o Febre Aftosa
o Herpesvirus
o Salmonelose
o Blue Tongue
o Enterite causada por parasitas
Prevenção e controle
o Medidas relativas às fontes de infecção:
→ Detecção de infecção persistente em animais com mais de seis meses de idade
→ Eliminação de animais com infecção persistente
o Pode resultar em rebanho imunologicamente vulnerável
o Medidas relativas às vias de transmissão:
→ Utilizar reprodutores sem infecção persistente para reprodução: ↓ transmissão transplacentária
e por transferência de embriões
→ Desinfecção de fômites
o Medidas relativas aos susceptíveis
→ Vacinação:
Vacinas inativadas contendo nCP BVDv e CP BVDv
Adultos, vacas prenhes e bezerros
Bezerros de mães vacinadas: vacinar após 6 meses de idade (esperar ↓ anticorpos
maternos)
→ Revacinação anual com dose única
o Animais com infecção persistente: ↓ resposta à vacinação (imunotolerantes)