Você está na página 1de 33

Infecções Hospitalares e

antibioterapia
Prof. Regis Mariano de Andrade
Definição de infecção hospitalar

• Início a partir de 48 horas após admissão hospitalar;

ou

• A qualquer tempo, se associada a um procedimento hospitalar;


Importante considerar na escolha de tratamento
para infecções hospitalares:

. Tempo de internação

. Tratamentos prévios de outras infecções na internação

. Dispositivos invasivos

. Perfil microbiológico da Unidade

. Germes já isolados no paciente


Antibióticos mais usados em infecção hospitalar

Gram-negativos hospitalares: Gram-positivos hospitalares


(enterobactérias, Pseudomonas spp., Acinetobacter spp.) (Staphylococcus epidermidis, MRSA, VRE)
Cefepime Glicopeptídeos
Piperacilina/tazobactam Linezolida
Aminoglicosídeos Daptomicina
Carbapenêmicos Tigeciclina
Polimixina B
Tigeciclina
Principais Infecções Hospitalares

• Infecção de trato respiratório (pneumonia)

• Infecção de trato urinário

• Infecção de corrente sanguínea

• Infecção de sítio cirúrgico


Pneumonia hospitalar
Pneumonia hospitalar

• 2ª. Principal infecção hospitalar (a principal é ITU)

• Precoce se iniciada até 4 dias; depois disso é tardia;

• Ventilação mecânica aumenta em 6-20 vezes o risco de pneumonia

• Medidas preventivas: Cabeceira elevada, higiene oral com clorexidina,

“cuff” insuflado na pressão correta, aspiração de vias aéreas, controle

glicêmico, higienização das mãos dos profissionais de saúde.


Pneumonia hospitalar: diagnóstico

• Colher material de vias aéreas (somente se houver suspeita de infecção

respiratória); e colher hemocultura.

• Critérios a serem considerados para o diagnóstico: Febre, leucometria,

secreção de VA, troca gasosa, radiografia de tórax, microbiologia

50 %
Pneumonia hospitalar: Tratamento
(enterobactérias hospitalares / Pseudomonas sp. / Acinetobacter sp.)

• Cefepime, piperacilina/tazobactam, meropenem

• Associar glicopeptídeo, se suspeita da MRSA (PNM grave necrotizante,


isolamento do MRSA em culturas de VA, perfil da unidade, ventilação
mecênica prolongada (dependendo da unidade) );

Obs: Se for precoce e sem fator de risco para germe MDR, pode-se usar
antibioterapia com cobertura semelhante à da pneumonia comunitária.
Tratamento empírico iniciado

Com melhora dentro de 24-48h: Sem melhora após 48-72h:


Ajustar esquema antibiótico de acordo Rever culturas, pensar em patógenos
com culturas; se culturas negativas, não contemplados pelo tratamento
avaliar se há outra explicação para a inicial, considerar outro diagnóstico,
melhora. avaliar complicações.

Duração do tratamento: 8-14 dias


Germes integrantes da microbiota normal, que
não causam infecção respiratória:

. Estafilococos coagulase-negativa
. Estreptococos do grupo viridans
. Neisseria spp.
. Corynebacterium spp.
Trato urinário
ITU relacionada a catéter vesical
Infecções de trato urinário
• 35 – 40% do total das IH
• Mais de 80% relacionadas a cateterização vesical
• A maior parte das culturas de urina positivas no
paciente cateterizado representa apenas colonização
• Risco de infecção: Tempo de permanência do catéter;
Sexo feminino
Obstrução do catéter
Manipulação inadequada do catéter
Tipo de sistema utilizado (aberto ou fechado)
Sistema de drenagrem x bacteriúria
• Sistema aberto
2 a 4 dias - 100% de bacteriúria

• Sistema fechado
cada 24 horas - taxa de bacteriúria de 5 a 10%
após 15 dias - taxa de bacteriúria de 50%
após 30 dias - taxa de bacteriúria de 100%
Indicações de tratamento de BA

• Pré-operatório de procedimentos urológicos


• Gestantes
• Recém-nascidos
• Transplantado renal, se ocorrer nos primeiros 6
meses pós-transplante
• Cirurgias com instalação de próteses (discutível)
Diagnóstico
• Manifestações clínicas indicativas de infecção

• Coletar urina para bacterioscopia e cultura (Se catéter instalado


há mais de 14 dias, trocar antes da coleta):
-Urinocultura > 103 CFU/mL: Pode haver ITU;
Avaliar o paciente para julgar se
o foco é urinário

-Bacterioscopia positiva: indica bacteriúria > 105

• EAS não tem valor diagnóstico para ITU


Tratamento
• ITU baixa na mulher: 3 a 7 dias
• ITU baixa no homem: 7 dias
• ITU alta: 10 a 14 dias (7 dias? -> casos especiais)
• ITU complicada (catéter vesical, bexiga neurogênica,
diabetes, ITU de repetição ou gestação) -> 7dias (baixa)
10-14dias (alta)
• Se formar abscesso, drenar!

OBS: Caso não tenha sido trocado antes da coleta, o catéter deve ser
obrigatoriamente trocado imediatamente antes do início da tratamento
Drogas para ITU hospitalar

• Aminoglicosídeos

• Cefepime

• Piperaciclina-tazobactam

• Carbapenêmicos

• Polimixina B
Infecções de corrente
sangüínea
(ICS)
Definição de ICS

Bacteremia ou sepse, sem foco primário identificável;


Considerar como culpado o catéter vascular, até que se prove o
contrário.

OBS:
A positividade de hemoculturas decorrente de infecções em outros sítios (ex:
pneumonia, peritonite, etc.), recebe denominação de acordo com o sítio primário.
Germes mais comumente implicados
*Contaminantes comuns de pele:

Corynebacterium spp.
Bacillus spp.
Propionibacterium spp.
estafilococos coagulase-negativo
micrococos
Streptococcus viridans
Aerococcus sp.
Suspeita de infecção relacionada a catéter venoso profundo

1- Hemoculturas
2- Cultura da ponta de catéter

Se paciente instável, iniciar tratamento empírico:


Glicopeptídio + ATB para gram negativo

Sangue e catéter Sangue negativo e


Sangue positivo cateter positivo (>15)
negativos
(Catéter pos ou neg) (catéter colonizado)

Procurar outro foco Se for Staphylococcus


ICS relacionada a catéter aureus, tratar por7 dias
(a não ser que haja outro foco) Os outros, só monitorar
Infecções de sítio
cirúrgico
Fatores que exercem impacto sobre o risco
de infecção cirúrgica
- ASA
- Tempo cirúrgico
- Potencial de contaminação da cirurgia
- Controle glicêmico (48h)
- Controle térmico na sala operatória (início 30` antes
da incisão)
- Tricotomia
- Uso de drenos
- Profilaxia antimicrobiana adequada
Antibioprofilaxia Cirúrgica
Conceitos importantes:

• Antibiótico profilático é usado em cirurgias não-limpas ou em


quando a conseqüência da infecção é grave;

• Não serve para “corrigir” quebras de assepsia;

• O momento ideal para administração é cerca de 30 min antes


da incisão inicial (indução anestésica);

• Devemos usar sempre o mínimo necessário (até no máximo


24h no pós-operatório).
Tratamento
Avaliar caso-a-caso; (depende do sítio da cirurgia, do
paciente, tempo de internação)

Drogas mais empregadas:


. Cefalosporinas de 1ª geração
. Amoxicilina/clavulanato }Cobertura para germes comunitários
. Cefepime
. Piperacilina-tazobactam
. Carbapenêmicos
. Aminoglicosídeo
. Glicopeptídeo
. Tigeciclina
Outras infecções hospitalares
• Sinusite
• Infecções de SNC
• Úlcera de decúbito infectada
• Otite / mastoidite
• Abscessos pélvicos
• Infecções relacionadas a líquidos de infusão /
transfusão
• Colite pseudo-membranosa
Diarréia infecciosa hospitalar
associada a antibiótico
(Clostridium difficile)

Tratamento de escolha: Metronidazol VO por 7 dias


Multiresistência bacteriana
Disseminação dos multirresistentes no
ambiente hospitalar

Aplicação inconsistente das precauções básicas e


técnicas de controle pelos profissionais de saúde,
pacientes e acompanhantes
Unidades superlotadas e com poucos funcionários
Contaminação ambiental
Uso inapropriado de antibióticos
Opções terapêuticas para os
principais multi-resistentes:
• Enterobactérias ESBL: Quinolonas (quando sensível), aminoglicosídeos (quando sensível),
carbapenêmicos, polimixina B, tigeciclina

• ERCs: Quinolonas (quando sensível), aminoglicosídeos (quando sensível), polimixina B,


tigeciclina

• Acinetobacter sp. pan-R: polimixina B, tigeciclina (quando sensível)

• Pseudomonas sp.: Avaliar antibiograma. Pode ser Pan-R também.

• MRSA: glicopeptídeos, linezolida, daptomicina, tigeciclina.

• VRE: linezolida, daptomicina, tigeciclina.


Observações importantes sobre
antibióticos em infecção hospitalar:
• Tigeciclina e linezolida: Baixa concentração em sangue e urina.
• Glicopeptídeos: Boa concentração em sangue; teicoplanina não
penetra no sistema nervoso central.
• Daptomicina: Ótima concentração em sangue; inativada por surfactante.
• Aminoglicosídeos: Ótima concentração em sangue e urina; baixa
concentração pulmonar.
• Beta-lactâmicos: Todos são inativados por germe produtor de ESBL;
• Polimixina B: Ultima linha para gram-negativos pan-resistentes, mas
baixa eficácia microbiológica; Serratia spp., Proteus spp.
e Providencia spp. são naturalmente resistentes.

Você também pode gostar