Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FMC – 2024.2
Sepse neonatal
INTRODUÇÃO:
É a infecção sistêmica que ocorre no RN. Quanto ao momento de início da infecção, a sepse pode
ser dividida em:
1. Sepse neonatal precoce → início na primeira semana de vida, mas principalmente nas
primeiras 48 ou 72 horas de vida.
2. Sepse neonatal tardia → início após a primeira semana de vida
DIAGNÓSTICO DE SNNP:
Se baseia em 3 aspectos principais:
1. Fatores de risco maternos e neonatais
2. Manifestações clínicas do RN → Vide quadro clínico de SNNP
3. Exames laboratoriais sugestivo de sepse
O diagnóstico de sepse pode ser feito pela presença de 3 sinais clínicos no RN (vide quadro clínico
de SNNP) ou 2 ou mais sinais clínicos associados aos fatores de risco, sejam eles maternos ou
neonatais, indicando o início da antibioticoterapia mesmo sem análise laboratorial.
EXAMES LABORATORIAIS:
Isolamento do microrganismo:
1. Hemocultura → padrão-ouro para o diagnóstico da sepse (sensibilidade de 80%), deve ser
colhida em veia periférica pelo alto índice de contaminação da veia umbilical.
2. Líquor → colher apenas em RN sintomáticos com indicação de tratamento com atb, desde que
em boas condições clínicas para a coleta.
3. Urocultura → difícil coleta, recomendada apenas em RN sintomáticos com diagnóstico pré-
natal de malformação do trato urinário.
4. Cultura de aspirado traqueal → Indicada nas primeiras 8 horas de vida do RN intubado ao
nascimento para o diagnóstico etiológico da pneumonia congênita.
TRATAMENTO DA SNNP:
O tratamento antibiótico IV deve ser instituído de forma precoce e empírica após a coleta de culturas,
visando à cobertura do GBS e dos gram-negativos entéricos.
1. Penicilina cristalina + amicacina ou gentamicina → por 7-10 dias
2. Ampicilina (GBS e Listeria) + gentamicina (gram-negativos entéricos) → por 7-10 dias
Se a suspeita clínica de sepse for fraca e os exames laboratoriais forem normais, considerar
suspensão precoce dos atb.
Além da atbterapia, algumas medidas gerais devem ser instituídas: monitorização (FC e FR, PA,
diurese e Oximetria de pulso), controle da temperatura corporal, manutenção da glicemia, suporte
ventilatório (oxigenioterapia, CPAP ou ventilação invasiva) e de suporte nutricional adequado.
Na maioria dos casos, estamos diante de uma infecção nosocomial associada a fatores de risco
específicos como: prematuridade, baixo peso (principalmente < 1000g), uso de atb de amplo espectro,
nutrição parenteral ou ventilação prolongada.
Página 2 de 6
Phatryck Pinheiro
FMC – 2024.2
Os principais agentes etiológicos são as bactérias de flora hospitalar gram-positivas como
Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase negativa e Enterococcus e os bacilos gram-
negativos como Klebsiella, Enterobacter, Serratia e Pseudomonas aeruginosa. Mas a SNNT também
pode ser causada por fungos (principalmente em < 1000g), como a Candida albicans e a Candida
parapsilosis.
TRATAMENTO DA SNNT:
O tratamento antimicrobiano deve ser direcionado pelo perfil de resistência das bactérias hospitalares,
principalmente com relação à existência de Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA)
que indica o uso de vancomicina. Em geral é associado a esta cobertura para gram-positivos, uma
cefalosporina de amplo espectro para cobertura também de gram-negativos, como cefepima ou
cefotaxima. Na presença de meningite, o tempo de atb deve ser prolongado para 14 dias se
causada por gram-positivos, ou 21 dias, se causada por gram-negativos. Para cobertura fúngica,
a droga de escolha é a anfotericina B, tomando cuidado com a nefrotoxicidade, anemia e
plaquetopenia.
A prevenção da SNNT inclui medidas de higiene: lavar as mãos, controle da superlotação das
unidades neonatais, manuseio mínimo do RN e cuidados com os dispositivos invasivos (cateteres
centrais e cânula orotraqueal).
Pneumonia neonatal
INTRODUÇÃO:
É um processo inflamatório pulmonar resultante de infecção bacteriana, viral ou fúngica ou de origem
química. Com frequência é o primeiro sinal de infecção sistêmica, estando associada a quadros de
sepse e meningite neonatal.
Página 3 de 6
Phatryck Pinheiro
FMC – 2024.2
QUADRO CLÍNICO E LABORATORIAL:
FATORES DE RISCO:
1. Corioamnionite clínica: febre materna > 38ºC, taquicardia materna > 100bpm, leucocitose
materna > 20.000/mm3, taquicardia fetal > 160bpm, útero doloroso e amolecido e fisometria.
2. Rotura de membranas amnióticas > 18 horas
3. Trabalho de parto prematuro sem causa aparente
4. Colonização materna por GBS
SINAIS CLÍNICOS SUGESTIVOS DE SEPSE:
1. Intolerância alimentar
2. Letargia
3. Hipotonia
4. Hipo ou hipertermia
5. Distensão abdominal
QUADRO RADIOLÓGICO:
O aspecto radiológico da pneumonia neonatal é indistinguível da SDR, se manifestando com uma
consolidação bilateral com broncograma aéreo.
TRATAMENTO:
O tratamento é direcionado para a cobertura das bactérias de canal de parto (GBS e Listeria), sendo
os esquemas possíveis:
1. Penicilina cristalina + amicacina ou gentamicina → por 14 dias
2. Ampicilina + gentamicina → por 14 dias
Página 4 de 6
Phatryck Pinheiro
FMC – 2024.2
ANTIBIOTICOTERAPIA:
ESQUEMA A: SEPSE NEONATAL PRECOCE – ASSOCIAÇÃO POR 10-14 DIAS:
➔ Ampicilina (1g/frasco) dose dependente da idade gestacional e dias de vida
+
➔ Gentamicina (40mg/ml) dose dependente da idade gestacional e dias de vida
ESQUEMA B: SEPSE NEONATAL PRECOCE COM INFECÇÃO DE SNC – ASSOCIAÇÃO POR 10-14 DIAS:
➔ Ampicilina (1g/frasco) dose dependente da idade gestacional e dias de vida
+
➔ Gentamicina (40mg/ml) dose dependente da idade gestacional e dias de vida
+
➔ Cefotaxima (500mg/frasco) dose dependente da idade gestacional e dias de vida
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
AMINAS VASOATIVAS:
1. Dopamina (5mg/ml): 10ml + 240ml de SG 5% (concentração de 200microgramas/ml).
Administrar 0,6-6 ml/kg/hora (2-20 microgramas/kg/minuto) EV em BI
2. Dobutamina (12,5 mg/ml): 20ml + 230 ml de SG 5% (concentração 10 micrograma/ml).
Administrar dose inicial de 0,03-0,06 ml/kg/hora (0,5-1 micrograma/kg/minuto). A dose usual é
de 0,12-1,2 ml/kg/hora (2-20 micrograma/kg/minuto) EV em BI
3. Adrenalina (1mg/ml): 1 ml + 99ml de SG 5% (concentração de 10 micrograma/ml). Administrar
0,3-1,8 ml/kg/hora (0,05-0,3 micrograma/kg/minuto) EV em BI. Dose máxima: 3ml/kg/hora (0,5
micrograma/kg/minuto).
SINTOMÁTICOS:
ANALGÉSICOS E ANTITÉRMICOS:
1. Paracetamol gotas: (200mg/ml): 0,75-1,1 gota/kg/dose (10-15 mg/kg/dose) VO de 4/4h ou 6/6h
1.1. Dose máxima < 12 anos: 35 gotas/dose ou 5,6 gotas/kg/dia (75 mg/kg/dia)
1.2. Dose máxima > 12 anos: 55 gotas/dose ou 300 gotas/dia (4000 mg/dia)
2. Dipirona gotas – solução oral (500mg/ml). Administrar 0,8-1 gota/kg/dose (20-25mg/kg/dose)
até 6/6h VO. Dose máxima 50 gotas/dose (5g/dia)
3. Dipirona – solução injetável (500mg/ml). Administrar 0,04-0,05ml/kg/dose (20-25mg/kg/dose)
até 6/6h EV. Dose máxima (5g/dia)
ANTIEMÉTICO:
1. Ondansetrona (2mg/ml): administrar 0,15mg/kg/dose EV de 8/8h (off-label)
2. Evitar os inibidores da bomba de prótons ou dos receptores H2 das células parietais:
pois reduzem a acidez gástrica, o que favorece o crescimento e translocação bacteriana
CUIDADOS GERAIS:
1. Suporte ventilatório: O2 suplementar, CPAP, VM invasiva conforme necessidade
2. Sinais vitais, diurese e balanço hídrico de 3/3h
Página 6 de 6