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Revisão

DIP

1. Definição

A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma inflamação da região pélvica devido


à propagação de microrganismos (em 60% dos casos, um microrganismo
sexualmente transmitido) a partir da vagina e do colo do útero para o endométrio,
trompas de falópio e estruturas adjacente. A DIP pode ser aguda ou crônica, na
primeira os sintomas são severos e súbitos, já a crônica pode gradualmente produzir
sintomas mais leves ou gerar um episódio agudo. A DIP aguda é um grande problema
de saúde pública e é a complicação mais importante das DSTs entre as mulheres
jovens.

2. Epidemiologia
A maioria das pacientes são nultíparas, entre 15 e 25 anos e com vida sexual
ativa. A DIP tem baixa taxa de mortalidade e alta taxa de morbidade (infertilidade,
gravidez ectópica, dispareunia, dor pélvica crônica).

Fatores de risco: idade < 25 anos, inicio precoce da atividade sexual, situação
socioeconômica, tabagismo, alcoolismo, drogas ilícitas, promiscuidade, parceiro
portador de uretrite, história prévia de DST ou DIP, vaginose bacteriana, DIU.

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3. Fisiopatologia e Etiologia

A DIP é geralmente um quadro de ascensão pelo trato genital, e esse processo é


facilitado no período perimenstrual e pós menstrual imediato (abertura do colo,
fluidez do muco e contratilidade uterina. Ocorre inflamação tubaria, que pode gerar
aderência, oclusão do lúmen tubário, e até infertilidade e gestações ectópicas. Pode
haver também abscesso ovariano, no fundo do saco, entre alças intestinais, no
espaço subdiafragmático, etc. A Sindrome Fitz-Hugh-Curts pode ocorrer em infecções
por clamídia e gonococo onde há um microabscessos na superfície hepática e
aderências ao peritônio do tipo corda de violino.

Etiologia: podem ser subdivididos em três grandes grupos:

1) Organismos exógenos: geralmente leva à salpingite. Os mais comuns são as DSTs, como
Chlamydia trachomatis (mais comum) e Neisseria gonorrhoeae.
2) Infecções endógenas: são patógenos normais e comensais do trato genital inferior,
especialmente Escherichia coli e Bacteroides fragilis. Eles se tornam patogênicos sob
condições que interrompem a barreira cervical normal, como a manipulação recente do
trato genital ou trauma (por exemplo, aborto, uso de DIU, gravidez recente ou dilatação
e curetagem). Os portais de entrada mais comuns são as lacerações cervicais e o local
da placenta. Estes organismos causam uma infecção ascendente e podem se
disseminar de forma direta ou via linfáticos para o ligamento largo, causando celulite
pélvica.
3) Actinomicose: devido ao uso prolongado de DIU. Buscar Actinomyces israelii em cultura.

4. Características Clínicas

Alguns pacientes podem não apresentar sintomas, mas outros podem apresentar
sintomas que variam de leves a muito graves. O diagnóstico clínico pode ser difícil,
pois os sinais e sintomas podem ser inespecíficos e correlacionar-se com a extensão

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da inflamação.

Aguda Crônica
Febre ≥ 38 ° C Dor em região lombar.
Dor de moderada a forte intensidade Dor de fraca intensidade em abdome
em abdome inferior. inferior.
Características comuns
Dispareunia
Distúrbios menstruais (dismenorreia, irregularidade menstrual ou fluxos intensos)
Metrorragia
Corrimento vaginal, pode ser purulento.
Disúria e polaciúria

Exame Físico

• A temperatura corpórea.
• Abdômen: dor à pressão, dor na descompressão súbita, defesa muscular e localização
das dores.
• Exame especular: secreção purulenta do colo do útero.
• Toque vaginal: dor à palpação do colo do útero, região adnexal dolorosa ou inchada.

Critérios diagnósticos para DIP aguda


Critérios maiores (Todos os três devem estar presentes)
1) Dor em abdominal em quadrante inferior
2) Dor a mobilização do colo uterino
3) Dor a palpação de anexos (pode ser unilateral)
Critérios menores (Pelo menos um desses deve estar presente)
1) Temperatura ≥ 37,5 ° C
2) Leucocitose
3) Secreção vaginal ou endocervical anormal
4) Massa pélvica presente na palpação bímanual ou no exame de imagem
5) ↑ PCR e VHS
6) Comprovação laboratorial de infecção por gonococo ou clamídia
7) Histologia: > 5 leucócitos por campo em secreção e Endocérvice

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5. Diagnostico

Um diagnóstico definitivo é difícil, pois a coleta de amostras de rotina por meio


de cotonete cervical tem limitações na avaliação dos organismos. O diagnóstico é
incorreto em até 1/3 das mulheres que o recebem. Cotonete cervical para coloração
de Gram e cultura, PCR (N. gonorrhoeae); Cotonete cervical e técnicas especiais (por
exemplo, PCR para C. trachomatis).
A avaliação laparoscópica é considerada padrão-ouro. Embora não
recomendada de rotina, devido ao alto custo e morbidade associados. Outro fato a
ser considerado é que, nos estádios iniciais, quando o processo inflamatório
restringe-se à luz tubária, a visão laparoscópica poderá resultar em diagnóstico falso-
negativo.

6. Tratamento

Doença Sexualmente Transmissível (DST)


Infecção leve a moderada (tratada ambulatoriamente):
Ceftriaxona 500 mg (em 2 ml de lidocaína a 1%) IM ou 500 mg IV, em dose única
(para gonorreia) + azitromicina 1 g, VO, dose única + metronidazol 400 mg, VO,
12/12h por 14 dias
Infecção grave (tratamento hospitalar)
Ceftriaxone 1 g, IV, 1x/dia + azitromicina 500 mg IV, 1x/dia + metronidazol 500
mg IV, 12/12h
Até melhora substancial dos sintomas.

Infecção não sexualmente transmitida (relacionada à manipulação genital)


Infecção leve a moderada
Amoxicilina e clavulanato (875 mg/125 mg), VO, 12/12h, por 14 dias +
azitromicina 1 g, VO, dose única

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Infecção grave (incluindo septicemia)


Amoxi/ampicilina 2g, IV, 6/6h + gentamicina 4-6 mg / kg IV para 1 dose, em
seguida 1 ou 2 doses adicionais com base na função renal + metronidazol 500 mg
IV 12 por hora

Actinomicose
Amoxicilina 500 mg (3x/dia) + metronidazol 400 mg (2x/dia) por 14 dias.
Certifique-se de que o DIU seja removido
Obs.: Qualquer DIU ou produtos retidos de contracepção devem ser removidos antes ou no
início do tratamento.

Todos os parceiros recentes, incluindo os dos últimos dois meses, devem ser
convocados para avaliação clínica e propedêutica do esfregaço uretral,
independentemente da sintomatologia. Parceiros dos últimos seis meses também
devem ser investigados de acordo com a história clínica. Deve ser considerado
tratamento empírico para C. trachomatis e N. gonorrhoeae, independentemente da
etiologia aparente da DIP. Recomenda-se azitromicina 1 g, VO associado à
ceftriaxone 250 mg, IM, ambas em dose única (ou ciprofloxacina 500 mg, VO, dose
única).

Referências bibliográficas

1. Murtagh J. Murtagh J Ed. John Murtagh.eds. Murtagh's General Practice, 6e New


York, NY: McGraw-Hill.
2. Romanelli, R. M. de C., Lima, S. S. S., Viotti, L. V., Clemente, W. T., Aguiar, R. A. L. P.
de, & Silva Filho, A. L. (2013). Abordagem atual da doença inflamatória pélvica.
Revista Médica de Minas Gerais, 23(3), 347–355. https://doi.org/10.5935/2238-
3182.20130055
3. O’Connor V, Kovacs G. Obstetrics, Gynaecology and Women’s Health. Cambridge:
Cambridge University Press, 2003: 476–97.

4. Dekker JH, Veehof LJG, Hinloopen RJ, Van Kessel T, B. F. traduzido. (2014). Doença
inflamatória pélvica. Programa de Diretrizes Da Associação Holandesa de Clínica
Geral (NHG), 50.

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Resumo de Doença Inflamatória Pélvica 6

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