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Infecção

urinária na
gestação
SAÚDE DA MULHER I
Curso: Medicina
7º período
Profa.: Dra. Gabriela Chaves
 Ocorrem em até 15% das gestações
 Tipo mais frequente de infecção no ciclo
gravídico-puerperal
Infecção  Trato urinário superior (alta): pielonefrite
urinária na  Trato urinário inferior (baixa): bexiga e
uretra – cistite, uretrite
gestação
 Bacteriúria assintomática: presença de
bactérias na urocultura de rotina do pré-
natal
 I- Ação relaxante da prostaciclina e progesterona na musculatura
lisa, causando redução do tônus, dilatação (hidronefrose) e
hipomotilidade do trato urinário

Fatores que  II- Aumento fisiológico de 30%-50% no fluxo plasmático renal e


na taxa de filtração glomerular, com aumento do débito urinário,
favorecem a menor concentração da urina, alcalinização, glicosúria e
aminoacidúria
ITU na  III- Dextrorrotação uterina, com ação mecânica compressiva sobre
gestação o trato urinário, aumentando as afecções em ureter e rim direitos
(principalmente!)

Modificações anatômicas e fisiológicas da gestação levam à


estase de urina, menos concentrada e rica em nutrientes,
levando a um microambiente adequado para proliferação de
microrganismos e estabelecimento de ITU!
 trabalho de parto prematuro (TPP)
 prematuridade
 baixo peso ao nascer
 rotura prematura de membranas
Risco de ITU  corioamnionite
na gestação  sepse materna e neonatal
 anemia
 pré-eclâmpsia
 insuficiência renal
 ITU não complicadas:
✓ Escherichia coli (75-95%)
Etiologia e ✓ Gram-negativos: Enterobacter sp., Klebsiella sp., Pseudomonas
microbiologia sp.
✓ Gram-positivos: Staphyloccocus saprophyticus, Enterococcus
faecalise Streptococcus agalactiae (do Grupo B)
produção de
fosfolipase A2 ativação de trabalho de
corioamnionite
por bactérias prostaglandinas parto
infectantes
Fisiopatologia
das
complicações
associadas às relaxamento da facilitam
musculatura lisa ascensão das
ITUs e dilatação
ureteral
bactérias da
bexiga para o rim
pielonefrite
 Exame padrão -ouro para o diagnóstico da bacteriúria
assintomática é a urocultura
✓ presença de mais de 100.000 UFC/ml da mesma bactéria, em
cultura de jato médio de urina ou mais de 10.000 UFC/ml em
cultura de urina coletada com cateterismo vesical
Diagnóstico ✓ um único exame positivo já indica instituição de tratamento!
✓ exames complementares como a uranálise e o teste do nitrito e
leucócito-esterase auxiliam no diagnóstico das ITUs baixas
 Cistite: forma sintomática frequente de infecção urinária, acometendo
2% das grávidas
✓ não complicada: disúria, polaciúria, urgência miccional, dor
suprapúbica e hematúria – lembrar de afastar uretrites e vaginite
✓ complicada: ocorre na presença dos sintomas anteriores associados à
hematúria franca e/ ou febre
Diagnóstico
 Pielonefrite: mais frequente no 2º e 3º trimestres
✓ acometendo o rim direito (dextroversão uterina e compressão
ureteral ipsilateral)
✓ febre, dor em flanco, náusea, vômitos, lombalgia e desconforto
Diagnóstico costovertebral
✓ piúria é sinal típico de pielonefrite
✓punho percussão dolorosa da loja - “Sinal de Giordano”
✓ diagnóstico diferencial com USG das vias urinárias -
nefrolitíase/ureterolitíase obstrutivo
 ITU recorrentes:
✓ 2 ou mais episódios de ITU na gestação, sintomáticos ou não
Diagnóstico
✓ 2 infecções urinárias nos últimos seis meses ou 3 nos últimos 12
meses, antes do início da gestação
 A escolha deve ser baseada no teste de sensibilidade das bactérias
(antibiograma)
 Avaliar toxicidade, segurança, custo e disponibilidade do
medicamento
 Teratogenicidade de acordo com o FDA
Tratamento
 As medicações mais seguras são: penicilinas, cefalosporinas,
nitrofurantoína, fosfomicina trometamol e monobactâmicos
 Fosfomicina Trometamol 3g (Monuril®), que conta com alta
sensibilidade bacteriana nos antibiogramas, boa adesão e
segurança (categoria B da FDA)
 Deve ser feito a escolha imediata do antibiótico para o tratamento
empírico da ITU para se evitar a evolução para as formas
Tratamento complicadas da infecção
 Não se deve aguardar o resultado da cultura de urina e
antibiograma para instituição da antibioticoterapia
 Perfil de maior sensibilidade :
✓ fosfomicina trometamol (96,4%)
Tratamento ✓ nitrofurantoína (87%)
✓ cefuroxima (82,4%)
✓ amoxicilina-clavulanato (82,1%)
 Pielonefrite: gestantes devem ser internadas, devido aos riscos de
complicações
✓ monitorização dos sinais vitais
✓ identificação precoce de sinais de gravidade
✓ controle da diurese
✓ hidratação e utilização parenteral dos antibióticos
Tratamento ✓ ATB IV por pelo menos 24 a 48 horas, imediatamente após a
coleta da urocultura
✓ alta é programada para completar a ATB VO ou (IM), por 10 a 14
dias de tratamento
❖ Ceftriaxone 2g IV uma vez ao dia por até 48horas e após a alta,
deve completar o tempo total com ceftriaxone IM ou cefuroxima
VO por até 14 dias
 história prévia de ITUs recorrentes antes da gestação
 um episódio de pielonefrite durante a gravidez
 duas ou mais ITUs baixas na gestação
 uma ITU baixa, complicada por hematúria franca e/ou febre
Prevenção de  uma ITU baixa associada a fatores de risco importantes para
recorrência
recorrência ❖ 1 dose ao dia de nitrofurantoína 50 a 100mg; amoxicilina 250mg
ou cefalexina 250 a 500mg, VO à noite por até 6 semanas após o
parto
❖ antibioticoprofilaxia no pós-coito
 Extrato de Cranberry (Vaccinum microcarpon): possui substância
Prevenção de chamada proantocianidina, que atua sobre as fímbrias (adesinas
tipo 1 e 2) da E. coli, inibindo em 80% sua aderência ao urotélio e
recorrência permitindo que elas sejam lavadas pela diurese
 Vitamina C (ácido ascórbico): 100mg/dia, reduz em até 25% a
recorrência de ITUs em gestantes
1. Rastreamento pré-natal adequado para diagnóstico da
bacteriúria assintomática
2. Adequação dos antibiogramas, específicos para gestantes
3. Valorização dos sinais clínicos das formas sintomáticas para
diagnóstico e tratamento precoces

Recomendações 4. Escolha empírica da antibioticoterapia, obedecendo à


epidemiologia e à sensibilidade bacteriana regional na escolha
finais da droga
5. Elencar os casos com fatores de risco, critérios para recorrência
e necessidade de profilaxia com antibióticos e adjuvantes
6. Orientar as gestantes e puérperas no tocante aos hábitos de
ingestão hídrica, diurese e higiene íntima
 Santos Filho OO, Telini AH. Infecções do trato urinário durante a
gravidez. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo
FEBRASGO - Obstetrícia, no. 87/ Comissão Nacional Especializada
em Gestação de Alto Risco).

 MANUAL DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA –SOGIMIG – 6ª


Bibliografia edição, 2017.

 REZENDE, Jorge - Obstetrícia Ed. Guanabara Koogan, 11ª edição,


2010.

 ZUGAIB, Marcelo – Obstetrícia. Ed. Manole, 2a edição,2012

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