CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA – CAMPUS MARABÁ RESUMO DE TUTORIA Módulo: ASE 13 Problema: 1 Professor: Juan Felipe Castillo Schrul Aluna: Milena Marques da Costa CISTITE Uma das formas de classificar as infecções do trato urinário (ITU) é pela sua localização anatômica, sendo descritas como altas ou baixas. Dentre as ITU baixas, tem-se a cistite, uma infecção na bexiga que pode ser dividida em aguda ou recorrente, de acordo com a frequência do acometimento. A cistite aguda afeta geralmente mais mulheres que homens. O principal modo de infecção é ascendente pele flora periuretral, vaginal e fecal, tendo como invasor bacteriano mais incidente a Escherichia coli (E. coli). A sintomatologia mais comum é disúria, polaciúria e urgência miccional, podendo também apresentar dor lombar e suprapúbica, hematúria e urina turva e fétida. Para o diagnóstico, a urocultura é importante por identificar o microrganismo, porém pode ser dispensável quando o quadro clínico e o sumário de urina são altamente sugestivos de cistite aguda. Nesse ultimo exame laboratorial, os casos típicos mostram leucócitos e pode haver hematúria. Geralmente, não há necessidade de avaliação radiológica em infecções não complicadas, exceto quando suspeita-se de anomalia do trato urinário. Já sobre fatores de risco para o desenvolvimento de cistite, pode-se destacar diabetes e histórico de ITU durante a vida. Sua principal complicação é a pielonefrite. O diagnóstico diferencial é feito com outras doenças infecciosas ou inflamatórias do trato, como uretrites, vulvovaginites, carcinoma de bexiga, cálculos vesicais. O tratamento antibiótico mais comumente prescrito para ITU não complicadas é o Sulfametoxazol-trimetoprima, porém é contraindicado para gestantes, por ser hepatotóxico para o feto, e para pessoas portadoras de imunodeficiência adquirida. Além disso, a taxa de resistência a esse antibiótico pode ser alta em algumas populações, sendo então substituído por fluoroquinolonas ou nitrofurantoína. As fluoroquinolonas são contraindicadas para crianças, gestantes e lactentes por aumentarem os riscos de lesão na cartilagem de crescimento. Já nitrofurantoína é uma boa opção pois apresenta baixo índice de resistência, porém pode causar hemólise fetal. Dessa forma, as primeiras opções para o tratamento de infecção urinária não complicada são amoxicilina e cefalosporinas de 1ª geração. Sobre a duração, o tratamento geralmente é limitado de 3 a 5 dias para adultos e crianças. A cistite recorrente é causa pela persistência bacteriana ou reinfecção de outro microrganismo. Em primeiro lugar, é importante reconhecer a causa da infecção recorrente para o adequado manejo. Na persistência bacteriana, exames de imagens são indicados, como ultrassonografia, para rastreamento do trato geniturinário. Quando se suspeita de reinfeção bacteriana, é importante excluir a evidência de fistula vesicovaginal ou vesicoentérica pelo exame radiológico. Se a cistite recorrente é causada por persistência bacteriana, é necessário remoção cirúrgica da fonte infectada (cálculo urinário) e reparação de fístulas. Se for reinfecção bacterina, recomenda-se antibioticoterapia profilática, em dose baixa, bem como terapia antibiótica intermitente autoiniciada (pacientes autoidentificam episódios de infecção com base em seus sintomas e se tratam com uma dose única de antibiótico). Quando a cistite recorrente está associada com a atividade sexual, pode-se reduzir a incidência de infecção esvaziando frequentemente a bexiga e tomando dose única de antibiótico depois da relação sexual.
Fonte: Medicina interna de Harrison.
G. Referências MCANINCH, J. Urologia geral de Smith e Tanagho.18. ed. - Porto Alegre: AMGH, 2014. JAMESON, J. et. al. Medicina interna de Harrison. 20. ed. Porto Alegre: AMGH, 2020.