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CENTRO DE ENSINO LITERATUS

TÉCNICO EM ENFERMAGEM

MIRENE RODRIGUES DE ALMEIDA

ESTÁGIO: SPA ELIAMEME RODRIGUES


INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

MANAUS-AM

2024
MIRENE RODRIGUES DE ALMEIDA

ESTÁGIO: SPA ELIAMEME RODRIGUES


INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

Trabalho solicitado pelo preceptor Robson Onofre


como requisito para obtenção de nota do Estágio
em Técnico de Enfermagem no Centro de Ensino
Técnico Literatus.

MANAUS

2024
1. INTRODUÇÃO

As infecções do trato urinário (ITU) são uma das formas mais comuns de
infecções bacterianas em adultos, especialmente em mulheres. Calcula-se que ocorra
cerca de 0,5 episódios de cistite aguda por pessoa/ano em mulheres jovens. Essas
infecções podem afetar principalmente o trato urinário inferior (uretra e bexiga) com
mais frequência, mas também podem atingir o trato urinário superior (rins e ureteres).
A ITU ocorre quando bactérias uropatogênicas substituem a flora normal da
área periuretral e ascendem pelo trato urinário. Vários fatores, incluindo a virulência
bacteriana e a suscetibilidade do hospedeiro, contribuem para isso, permitindo a
aderência e colonização dos micro-organismos.
A E. coli é o principal patógeno envolvido nas ITUs em mulheres, responsável
por cerca de 80% dos casos, seguido por Staphylococcus saprophyticus, Klebsiella
pneumoniae e Proteus mirabilis, cada um representando 4% dos casos de cistite
aguda. Os sintomas clássicos das ITUs no trato urinário inferior, também conhecidas
como cistite, incluem disúria, aumento da frequência urinária, urgência miccional, e
ocasionalmente, dor suprapúbica e hematúria. Os diagnósticos diferenciais podem
incluir vaginite, uretrite aguda, cistite intersticial e doença inflamatória pélvica.

2. CLASSIFICAÇÃO

Geralmente, as ITUs classificam-se de acordo com o local onde ocorrem no


trato urinário, como superiores ou inferiores, apesar de muitas vezes ser difícil ou
impossível para o médico fazer tal determinação: ITU inferior: Infecções da bexiga
(cistite); ITU superior: Infecção dos rins (pielonefrite).
Alguns médicos também consideram as infecções na uretra (uretrite) e
próstata (prostatite) como sendo ITU inferior. Em órgãos duplos (como os rins), a
infecção pode ocorrer em um ou ambos os órgãos. As ITUs podem ocorrer tanto em
crianças como em adultos.
Figura 1 – Estrutura do trato Urinário

Fonte: Infecção Urinária: O Que Você Precisa Saber1

3. CAUSAS DE ITU

Geralmente, os micro-organismos que provocam a infecção entram no trato


urinário por uma de duas vias. A porta de entrada mais frequente é o extremo inferior
do trato urinário, ou seja, a abertura da uretra na extremidade do pênis, nos homens,
ou a abertura da uretra na vulva, nas mulheres. A infecção sobe da uretra para a
bexiga e, algumas vezes, para os rins, ou ambos. A outra via possível é a corrente
sanguínea, geralmente, para os rins.
As infecções do trato urinário (ITUs) são quase sempre causadas por
bactérias, embora alguns vírus, fungos e parasitas também possam infectar o trato
urinário. Mais de 85% das ITUs são causadas por bactérias do intestino ou da vagina.
Contudo, as bactérias que penetram no trato urinário são geralmente expulsas por
meio da ação de limpeza da bexiga ao se esvaziar.

4. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da Infecção do Trato Urinário (ITU) é baseado em uma


combinação de sinais e sintomas clínicos, juntamente com exames laboratoriais:

 Anamnese e exame físico


O médico realizará uma entrevista detalhada com o paciente para obter informações
sobre os sintomas, a duração e a gravidade deles. Serão avaliados os fatores de
risco, como histórico de ITU, atividade sexual, uso de cateteres urinários, presença de
doenças subjacentes, entre outros. O exame físico pode revelar sinais como dor no
flanco, sensibilidade abdominal e febre.

 Análise de urina

A análise de urina é um exame fundamental para o diagnóstico da ITU. A amostra de


urina é coletada e examinada quanto à presença de leucócitos (piúria), nitritos e
hematúria. A presença de piúria e nitritos sugere uma infecção bacteriana. A amostra
de urina limpa e adequada é crucial para resultados precisos.

 Cultura de urina

A cultura de urina é realizada para identificar o agente causador da infecção e


determinar sua sensibilidade aos antibióticos. É um exame importante, especialmente
em casos de infecções recorrentes, infecções graves ou quando não há melhora com
o tratamento inicial. A cultura de urina requer tempo para o crescimento bacteriano e
geralmente é necessária uma quantidade mínima de bactérias na amostra para obter
resultados confiáveis.

 Exames de imagem (opcional)

Em alguns casos, exames de imagem, como ultrassonografia renal ou tomografia


computadorizada, podem ser solicitados para avaliar a presença de complicações ou
anomalias estruturais no trato urinário. Esses exames são especialmente úteis em
casos de infecção alta (pielonefrite) ou quando há suspeita de obstrução urinária.

5. TRATAMENTO

O tratamento da cistite aguda em mulheres geralmente envolve o uso de


antibióticos em dose única ou curta duração, preferencialmente por três dias. Para
casos de pielonefrite aguda, o tratamento deve durar de 10 a 14 dias, tanto em
ambiente ambulatorial quanto hospitalar.
As principais classes de antibióticos utilizadas no tratamento da ITU:

1. Fosfomicina/Nitrofurantoína: É frequentemente utilizada como tratamento


de primeira linha para infecções não complicadas do trato urinário baixo (cistite) em
mulheres. Também é eficaz contra alguns organismos multirresistentes.

2. Sulfametoxazol/trimetoprima (cotrimoxazol): É uma combinação de dois


antibióticos e é frequentemente utilizado como tratamento de primeira linha para
infecções do trato urinário baixo e alto. No entanto, a resistência a essa classe de
medicamentos está aumentando em algumas regiões.

3. Cefalosporinas: As cefalosporinas de primeira geração, como cefalexina, e


as de segunda geração, como cefuroxima, são frequentemente usadas no tratamento
da ITU, especialmente quando há suspeita de resistência aos outros antibióticos
mencionados anteriormente.

4. Fluoroquinolonas: Antibióticos como ciprofloxacino e levofloxacino são


eficazes no tratamento de infecções do trato urinário baixo e alto. No entanto, devido
ao aumento da resistência bacteriana e preocupações com efeitos colaterais graves,
o uso de fluoroquinolonas tem sido restrito e reservado para casos selecionados.

6. PREVENCAO DE ITU RECORRENTE

Define-se como ITU recorrente a presença de dois episódios de ITU em seis


meses ou três em um ano. Entre as opções para profilaxia de ITU recorrente,
destacam-se mudanças comportamentais e uso de imunomoduladores ou de
antibioticoprofilaxia.

1. Mudanças comportamentais e de higiene pessoal: adequar ingesta hídrica,


micção pós-coito, enxugar de frente para trás após defecar, evitar ducha
vaginal e uso de roupa íntima oclusiva. Os estudos não são consistentes
quanto aos resultados dessas medidas (grau de recomendação 3).
2. Profilaxia antimicrobiana. As três estratégias antibióticas utilizadas são
profilaxia pós-coito, profilaxia contínua e tratamento autoiniciado.
Profilaxia contínua: a maioria dos estudos recomenda uso de subdose diária
com macrodantina 100 mg ao dia ou com fosfomicina 3 g a cada dez dias, por
seis meses.
Profilaxia pós-coito: pode-se suspeitar de relação causal entre infecções e
relações sexuais quando o intervalo entre a infecção e a relação sexual é entre
24 e 48 horas. Em pacientes que apresentam esse tipo de infecção com
frequência, a profilaxia pós-coito é indicada, com dose única de nitrofurantoína
100 mg.
Autotratamento: essa estratégia deve ser restrita a mulheres com infecções
recorrentes bem documentadas, que iniciam o tratamento de curta duração
assim que percebem os sintomas. Devem estar motivadas e bem orientadas a
procurar um médico caso não haja regressão dos sintomas em até 48 horas.

3. Cranberry
Evita a adesão de fímbrias bacterianas no urotélio. Tem diferentes doses e
apresentações (suco, cápsula), com praticamente ausência de efeitos
adversos. Por falta de evidências robustas quanto à eficácia, não há
recomendação formal, devendo a indicação ser discutida com a paciente.
REFERENCIAS

Haddad JM, Fernandes DA. Infecção do trato urinário. São Paulo: Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018. (Protocolo
Febrasgo – Ginecologia, nº 63/Comissão Nacional Especializada em Uroginecologia
e Cirurgia Vaginal).

Infecções do trato urinário (ITUs). Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-


br/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/infec%C3%A7%C3%B5es-do-
trato-urin%C3%A1rio-itus>.

Infecção do Trato Urinário (ITU): definição, classificação, epidemiologia. Disponível


em: <https://www.sanarmed.com/infeccao-do-trato-urinario>.

O Que Você Precisa Saber1. Disponível em:


<https://www.drakeillafreitas.com.br/infeccao-urinaria-o-que-voce-precisa-saber/>

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