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Edson Paschoalin

Introdução e Conceito

ITU parcela importante das


consultas ambulatoriais em urologia
Causa mais comum de infecção
nosocomial (40% em pacientes
internados)
Prevalência maior nas mulheres
Definições e Terminologia

ITU: presença de microrganismos no TU,


incluindo rins, sist. coletor, bexiga,
próstata
bactérias, fungos, vírus
Bacteriúria
Presença de bactérias na urina; infecção ou
contaminação na coleta
Diagnóstico bacteriológico
Estabelecido por meio de cultura quantitativa
na urina
Kass e Finland (1956) → UFC/ ml urina
Definições e Terminologia

Bacteriúria Significativa
Presença de mais de 100.000 UFC/ml urina
Mulheres sintomáticas
100 UFC/ml mais sensível para detectar
infecção
Homens sintomáticos
1000 UFC / ml
Pacientes com catéteres urinários
100 UFC / ml
Definição de Bacteriúria
Significativa

Urocultura, jato médio, > 105UFC em duas


amostras em pacientes assintomáticos
Urocultura, jato médio, > 103UFC em homens
sintomáticos
Urocultura, jato médio, > 102UFC em mulheres
sintomáticas
Urocultura, > 102UFC em amostra colhido por
cateterismo
Crescimento de qualquer número de bactérias em
amostra colhida por punção suprapúbica em
paciente sintomático
Representação esquemática da
Aderência Bacteriana Específica
Representação esquemática da
Aderência Bacteriana Específica
Definições e Terminologia

Bacteriúria Assintomática
Presença de bacteriúria significativa
em pacientes sem sintomatologia
urinária (gestantes e idosos)
Infecções Urinárias Simples ou Não-
Complicadas
Pacientes sem lesões estruturais ou
funcionais do trato urinário
IU Complicadas

Pacientes com anormalidades estruturais


ou funcionais do trato urinário
Condições subjacentes que predispõem a
infecção
Diabetes melitus
Anemia falciforme
Doença renal policística
Imunossupressão
Pacientes infectados portadores de
catéteres urinários
Critérios para
Avaliação do
Tratamento
Cura
Cultura negativa (ausência de microrganismo
após o tratamento)
Falha
Cultura positiva, crescendo microrganismos
logo após tratamento
Persistência → cultura positiva
imediatamente após o tratamento
Recorrência → cultura pós-tratamento
negativa e torna-se positiva num intervalo de
até 2 semanas
Reinfecção
Urocultura positiva com bactérias diferentes
ou das mesmas bactérias após 2 semanas do
tratamento
Patogênese

ITU homens /crianças → associadas a


alterações anatômicas ou funcionais do
trato urinário
ITU mulheres → a maior parte é
supostamente saudável
Colonização bacteriana periuretral, fator
predisponente
Múltiplos fatores envolvidos na relação bactéria-
hospedeiro
Fatores Bacterianos

Virulência
Resultado de produtos bacterianos
(hemolisinas, proteases); fatores de aderência
aos receptores uroteliais
Uropatógeno mais freqüente
Escherichia coli (possui fimbrias formadas
por proteínas chamadas adesinas); 85% dos
casos
Staphylococcus saprophyticus
Bactéria não-fimbriada; 10%-15% dos casos
Fatores do Hospedeiro

Dificultam o desenvolvimento de ITU


A flora bacteriana normal (bacilos de
Doderlein)
pH ácido da vagina
Micção
Altas concentrações de uréia e ácidos
orgânicos
pH ácido da urina
Proteína de Tamm-Horsfall
Fatores
Predisponentes para ITU

Fatores Genéticos
Densidade de receptores nas células
uroteliais, caráter secretor
Alterações Anatômicas ou Funcionais do
T.U.:
Diabetes, imunodeficiência, atividade sexual,
gestação, instrumentação
ITU
Uma alteração multifatorial e heterogênea;
tratamento depende também, de múltiplos
fatores.
Etiologia

Quase totalidade microrganismos deriva


da flora intestinal e vaginal
Escherichia coli, bactéria gram-negativa
anaeróbica, originada da flora intestinal
em mais de 85% dos casos
Staphilococcus saprophyticus, colonizam
a mucosa vaginal; causa comum em
mulheres jovens
Pacientes Hospitalizados
Distribuição dos
Patógenos é Diferente:

E. coli - 50% dos casos


Klebsiella
Proteus
Enterobacter
Salmonella
Citrobacter
Serratia
Pseudomonas aeroginosa
Via de Acesso

Ascendente (quase sempre)


Hematogênica (menos freqüente)
Staphylococcus aureus
Abscessos no córtex renal
Abscessos perinéfricos
(perirrenais)
FATOR IMPORTANTE NA PATOGÊNESE
Uso de catéteres urinários
10 a 15% dos pacientes hospitalizados

A prevalência de bacteriúria aumenta 10% a cada


dia de utilização de um catéter de Folley transuretral
Cateterismo intermitente menor chance de
contaminação
Prevenção
Limpeza diária, troca freqüente dos catéteres
permanentes, técnicas assépticas e sistema de drenagem
fechado
Antibiótico Profilaxia
Útil em casos de períodos muito curtos / período
prolongado - seleção de cepas resistentes
O DESENVOLVIMENTO DE UMA IU NÃO
É UM PROCESSO SIMPLES
Vários Fatores do Agente Infectante e
do Hospedeiro (Paciente)

Pasteur, pai da microbiologia, teria dito


em seu leito de morte :
“Le germe n’est rien, c’est
le terrain qui est tout”.
O germe não importa, o que importa é
o terreno no qual ele se instala.
Diagnóstico
Bases Clínicas e Laboratoriais

Urinálise: leucocitúria, hematúria - resposta


inflamatória do TU à infecção.
Geralmente, bacteriúria, mas sua ausência não
descarta infecção.
Tuberculose primária, piuria sem bacteriúria
O crescimento de colônias bacterianas na urina
é o melhor teste para determinar infecção.
Obtenção do jato urinário médio para cultura, após
higiene da genitália, masculina e feminina, buscar
minimizar a contaminação.
Infecção do Trato Urinário Superior

Pielonefrites Agudas
Afetam o rim e a pelve renal
Febril, com calafrios, dor região lombar, uni
ou bilateralmente
Sinal de Giordano (punho percussão)
Disúria, freqüência e urgência miccional
Hemograma : leucocitose com desvio para a
esquerda
Urina: bacteriúria, cilindros leucocitários,
leucocitúria, hematúria, culturas positivas
Infecção do Trato Urinário Superior

Pielonefrite enfisematosa
Causadas por uropatógenos formadores de gás,
que resulta em necrose aguda do parênquima
renal. Geralmente, pacientes diabéticos, índices
elevados de mortalidade (40%)
Pielonefrite xantogranulomatosa
Processo inflamatório renal, raro (600 casos)
mais comum em mulheres; associada a litíase e
infecção (Proteus e E.coli)
Pielonefrites crônicas :
Abscessos renais e perinéfricos.
Infecção do Trato Urinário Inferior

Cistites mais comuns no sexo feminino


25 a 30% mulheres idade adulta
Quadro Clínico
 Alterações sensitivas e funcionais devido a
inflamação da bexiga e da uretra.
Disúria: (no início, durante ou após a micção)
Polaciúria
Urgência miccional
Eventualmente dor supra púbica, hematúria,
urina turva, odor fétido
Disúria interna
Origina-se no interior da bexiga e aparece
no início da micção, sendo sugestiva de
cistite
Disúria externa
Desconforto localizado na vulva ou no
períneo, aparece no fim da micção, sendo
sugestiva de vulvovaginite

Diagnóstico Diferencial
Disúria, polaciúria, urgência miccional,
sem bacteriúria → síndrome uretral
Etiologia da Síndrome Uretral

Cistite intersticial
Irritação química uretral
Trauma geniturinário
Reações alérgicas
Vulvovaginites por: Trichomonas
Candida
Herpes simples
Chlamydia trachomatis
Neisseria gonorrhoeae
Diagnóstico Laboratorial

Tradicionalmente: exame do
sedimento urinário -
Urocultura e antibiograma
Urocultura de controle após o
tratamento
Investigação por imagem (US,
Vantagens do Tratamento de Curta
Duração sobre o Tratamento
Convencional

Eficácia comparável na população adequada


Comodidade e aderência ao tratamento
Menor incidência de efeitos colaterais
Menor alteração da flora periuretral resistente
Menor custo
Falha na erradicação de bacteriúria (2 a 3 dias)
Sugere pielonefrite subclínica
Investigação por imagem pode ser necessária
Cistite Recorrente

Acomete as mulheres numa freqüência


de pelo menos 2 vezes no semestre ou
3 vezes ao ano
Não implica em riscos de vida, mas
altera muito a qualidade de vida
Tratamento exige conhecimento da
patogênese da ITU, mas também
orientação e suporte emocional
Abordagem Terapêutica

Tratamento de cada episódio como se


fosse a primeira infecção

Quimioprofilaxia com dose subletal

Quimioprofilaxia pós-coito

Auto medicação orientada


Quando Realizar Avaliação
Urológica na Cistite Recorrente ?

A exploração por imagem e a cistoscopia


Hematúria persistente
Pielonefrite recorrente
Cólica renal associada
Alteração neurogênica da bexiga
ITU na Gestação

Gestação normal, crescimento e


desenvolvimento fetal alterações
no organismo materno (anatômico
e funcional)
Anatômicas
• Alterações renais
• Alterações do sistema coletor
• Alterações da bexiga
Funcionais
• Alterações da hemodinâmica renal
• Alterações no metabolismo do sódio
Dilatação das
Vias Excretoras
Alterações
Anatômicas
do Trato
Urinário na
Gestação
ITU na Gestação:
3 Maneiras Diferentes

Bacteriúria assintomática (4 a 7%)


(25% U. urealiticum e Gardnerella
vaginallis)
Cistite Aguda
Pielonefrite Aguda

 BA aumenta com a idade,


números de gestações, atividade
sexual, traço falciforme
Galileu

“ Você não consegue ensinar


nada a uma pessoa ;
você só pode ajudá-la a
encontrar o que está dentro
dela mesma ”
Defesas Naturais contra
Infecção Urinária

A urina é inibidora do crescimento bacteriano (é bactericida)


Baixo pH, elevada osmolalidade, altas concentrações de uréia e
ácido orgânico
Mucosa vesical (camada de mucopolissacarídeos) semelhantes
a proteína de Tamm-Horsfall → inibem a adesão bacteriana ao
urotélio
Diurese → elimina os uropatógenos (fator protetor)
Peristalse ureteral/mecanismos de válvulas JUV
Secreções prostáticas (zinco) função protetora
Homem: extensão da uretra
Defesas Imunologicas
Secreção de anticorpos na urina
Imunidade humoral e celular
Distúrbios Mecanismos de Proteção TU
infecções mais prováveis : idosos, diabéticos (3 a 4xx),
imunossuprimidos

Bactérias Patogênicas
Fatores que aumentam a virulência
• Cepas virulentas (cepas nefritogênicas)
• Bactérias com certos tipos de fimbrias
• Fimbrias tipo 1: introito vaginal e TU inferior
• Fimbrias tipo P: trato urinário superior

Bactérias
Lipo-polissacarídeos inibem a peristalse ureteral

Hemolisinas: maior citoxicidade - lesivas ao t. superior

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