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PROPÓSITO
Conhecer o processo de desenvolvimento de doenças, suas causas e seus mecanismos de
ação,
a reação do organismo ao agente patológico e, por fim, as lesões e as patologias
metabólicas, infecciosas, endócrinas e tumorais, além da identificação de lesões nas
imagens
radiográficas convencionais e do entendimento do aspecto radiográfico normal
para a
classificação dos achados anormais e a possibilidade de enquadramento como
processos
patológicos.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar a leitura deste conteúdo, procure nas bibliotecas virtuais de sua
universidade
livros de anatomia radiológica para revisar os conceitos gerais e melhorar
sua compreensão do
conteúdo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 1
CONCEITOS
O QUE É PATOLOGIA?
ETIOLOGIA
Foto: Shutterstock.com
Figura 1:
Lâminas observadas no microscópio mostram agentes etiológicos.
PATOGENIA
Sequência de eventos provocados pelo agente etiológico nas células ou nos tecidos. A
partir
dessa perspectiva, não é importante apenas caracterizar o agente causador da
doença, mas
também compreender como ela se instala nos tecidos, como age sobre o
organismo e quais
são as respostas dele à permanência e à progressão da doença. É o que
a Patologia chama de
“expressão da doença”. A inflamação, por exemplo, é um processo
patogênico comum em
diversas doenças.
FISIOPATOLOGIA
SINTOMATOLOGIA
Foto: Shutterstock.com
Figura 2:
Paciente com pigmento amarelado nos olhos resultante de altos
níveis séricos
de
bilirrubina.
COMENTÁRIO
Vírus
Bactérias
Fungos
01
02
03
04
05
Após a injúria física, as bactérias se proliferam e as histaminas liberam sinais
químicos aos
capilares;
Imagem: Shutterstock.com
Figura 3:
Esquema básico de uma infecção bacteriana decorrente de trauma (perfuração).
OSTEOMIELITE
Imagem: Shutterstock.com
Figura 4:
Fotomicrografia colorida exibe um tecido ósseo infeccionado.
Na imagem radiográfica, são visíveis edemas nos tecidos moles (opacos), destruição do
tecido
ósseo (transparentes), esclerose endosteal (cavidade medular opaca) e fístulas
(canais
transparentes com paredes opacas) evidentes nas epífises ou metáfises de ossos
longos.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
5: Ilustração da fisiopatologia na osteomielite. A área infectada
(verde) pode destruir
a matriz óssea morta na parte interna. Quando
avança para a região periosteal, ela é capaz de
formar abscessos
envolvidos por invólucro ósseo.
Imagem: Shuttestock.com
Figura
6: Na radiografia, as bordas ósseas ficam deformadas e o osso tem um
aspecto
dilatado, como se observa na radiografia da perna e do úmero. As
zonas transparentes são
áreas infeccionadas, enquanto as bordas ósseas
aparecem radiopacas.
A redução da massa óssea ocorre sempre de dentro para fora, o que vai
modificando a
arquitetura cortical. Na medida em que o corpo reage à antibioticoterapia, é produzida
nova
deposição óssea, seguida ou não de esclerose (opacidade) periférica.
Nos casos mais graves e mais crônicos, observa-se uma região medular totalmente radiopaca
em razão da neoformação óssea na parte interna. Essa reação resulta em trabeculação
grosseira e, consequentemente, em imagens irregulares na trama óssea.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
6: Radiografia de antebraço, projeção lateral, exibe a diáfise radial
totalmente
deteriorada. Note as bordas corticais inteiramente
deterioradas e uma fratura patológica no
terço distal em razão de um
sequestro ósseo (lesão lítica).
Figura
7: Radiografias da perna, projeções AP e lateral, mostram neoformação
óssea e
trabeculação grosseira da diáfise tibial. Observe o contorno
ósseo e perceba a irregularidade
das bordas corticais.
SAIBA MAIS
Fonte: Radiopaedia.org
Figura
8: Radiografia de tornozelo, projeção AP, mostra uma grande lesão lítica
aparentemente fechada com bordas opacas.
Figura
9: Imagem de RM em plano sagital exibe com mais nitidez a cavidade
lítica fechada
e a borda espessa na tíbia.
Figura
10: Na imagem de RM em plano axial, a lesão está topograficamente
localizada no
tecido medular, pois o córtex ósseo está integramente
preservado.
TUBERCULOSE
A tuberculose abrange uma gama de doenças que afetam múltiplos órgãos e sistemas do
corpo. Predominantemente causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, sua
manifestação mais comum é no sistema respiratório, apresentando-se como tuberculose
pulmonar.
TUBERCULOSE PRIMÁRIA
Ocorre em pacientes que nunca tiveram a doença – em sua maioria, crianças ou jovens.
Manifesta-se na radiografia como pequenas opacidades focais que podem ser encontradas em
qualquer região dos pulmões.
Essas lesões têm aparências que variam muito: desde pequenas demais para serem
detectáveis até grandes áreas irregulares de consolidação alveolar e intersticial. No
primeiro
caso, podem se desenvolver pequenos e múltiplos nódulos densos, medindo até
4mm. Esse
quadro é denominado tuberculose miliar, pois as lesões parecem sementes de
painço ou
milhete.
Foto: Shutterstock.com
Figura
11: Sementes de painço ou milhete.
Imagem: Benjamín Herreros, Isabel Plaza, Rebeca García, Marta Chichón, Carmen Guerrero and
Emilio Pintor / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
Figura
12: Radiografia torácica com aspecto radiográfico de tuberculose miliar:
microlesões
difusas de bordas calcificadas.
Quando a infecção acomete grandes áreas do tecido pulmonar, a lesão pode se apresentar na
forma de consolidações lobares (principalmente os lobos superiores). Na
maioria dos
casos, a
infecção se torna localizada, formando granulomas
(tuberculomas) que geralmente
calcificam
e formam as opacidades. Esses nódulos calcificados são conhecidos como
nódulos de Ghon.
Figura
13: Radiografia de tórax: projeção PA com consolidações no lobo superior
direito nas
áreas opacas.
Figura
14: Consolidações bilaterais e difusas com cavitação (área transparente)
na parte
inferior do lobo superior direito.
Imagem: Doc. MUDr. Jan Šprindrich CSc. / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
Figura
15: Nódulos de Ghon (área calcificada) na região apical do pulmão
esquerdo.
TUBERCULOSE SECUNDÁRIA
Por meio da radiografia, são vistas calcificações irregulares esparsas nos dois lobos
pulmonares na região superior, com áreas radiolucentes de destruição do tecido pulmonar
chamadas de cavitações: os achados mais característicos dessa fase da doença. Os hilos
estão retraídos para cima; com o processo de cura, desenvolve-se um tecido fibrótico com
calcificações ao redor da região afetada, formando as cicatrizes pulmonares, que são a
marca
de pacientes curados de tuberculose em exames radiográficos.
Figura
16: Caso severo de consolidação lobar em todo o pulmão esquerdo e lesão
cavitaria
no ápice (possível fibroma).
Figura
16: Focos de consolidações espalhados com áreas no lobo inferior
direito, lesões
nodulares difusas e áreas broncovasculares dilatadas e
opacas.
Figura
17: Grande infiltrado no lobo superior direito (setas brancas) e uma
lesão cística
(setas pretas).
GOTA
Clinicamente, gota é o acúmulo de urato monossódico nas articulações. Ela é muito comum
quando ocorre um aumento dos níveis séricos de ureia (Hiperuricemia.) .
O acúmulo dessa
substância, que é
um subproduto do metabolismo hepático, acarreta a formação de cristais.
Imagem: Shuttestock.com
Figura
18: Diagrama ilustrativo da formação dos cristais de ácido úrico nas
articulações.
Imagem: Arthritis Research UK Primary Care Centre, Primary Care Sciences, Keele University,
Keele, UK / Wikimedia Commons / CC BY 2.0
Figura
19: Registro fotográfico de paciente com calcificações tofáceas bem
superficiais em
um pododáctilo.
No corpo humano, a gota se manifesta nas principais articulações, como ombros, cotovelos,
joelhos e tornozelos. Nos pés e nas mãos, o acometimento ocorre nas articulações
interfalângicas.
GOTA TOFÁCEA
A gota tofácea é um quadro clínico em que há a presença de
estruturas radiopacas
de grandes
proporções geralmente na articulação metatarsofalangeana (MTF).
Quando a deposição dos
cristais é muito alta, grandes aglomerados
(radiograficamente opacos) podem se formar dentro
da articulação denominados
tofos.
SISTEMA ENDÓCRINO
São moléculas responsáveis pela sinalização entre células. Eles liberam ligantes
(moléculas
com códigos) endereçados para células com receptores específicos a fim de
regular a
atividade metabólica de alguns órgãos. Insulina, glucagon, estrogênio,
tiroxina (T3 e T4) e
bilirrubina são exemplos de hormônios.
SINALIZAÇÃO AUTÓCRINA
quando a célula emite ligantes para organelas de sua própria estrutura;
SINALIZAÇÃO PARÁCRINA
quando a sinalização é feita para receptores em uma célula-alvo de forma
direta;
SINALIZAÇÃO ENDÓCRINA
quando a sinalização ocorre em grandes distâncias ou entre sistemas muito
diferentes, é
comum que a célula sinalizadora disperse os hormônios na
corrente sanguínea para que eles
sejam captados por receptores específicos.
Esse processo é o mais comum.
Imagem: Shutterstock.com
Figura 20:
Tipos de sinalização celular.
METABOLISMO
Evento anabólico
Evento catabólico
Percebeu por que é tão complicado diferenciar as doenças metabólicas das endócrinas? Elas
parecem estar sempre interrelacionadas.
HIPERPARATIREOIDISMO
Também conhecida como osteíte fibrosa ou doença de Recklinghausen, o
hiperparatireoidismo
é um distúrbio causado pela hiperatividade das glândulas paratireoides. Essa patologia
causa
uma produção excessiva de paratormônio (PTH), que influencia diretamente no
metabolismo
de cálcio e fósforo do organismo.
Veja a figura a seguir para entender melhor como funciona o mecanismo de ação das
glândulas
paratireoides no metabolismo ósseo:
Imagem: Shutterstock.com
Figura 21: Ação
das glândulas paratireoides.
TUMORES MARRONS
Formação de grandes lesões císticas nas metáfises dos ossos longos.
No primeiro caso, as bordas radiopacas das falanges aparecem mais finas e côncavas, o que
sugere um adelgaçamento. O aspecto dos ossos é mais transparente que o normal, indicando
o processo de osteopenia generalizada.
Figura
22: Reabsorção subperiosteal vista na diáfise das falanges médias e na
borda medial
do platô da tíbia. Como resultado, as bordas laterais
aparecem escavadas, com o córtex mais
delgado.
Figura
23: Radiografia bilateral das mãos mostra uma grande lesão circunscrita
e cística na
epífise distal do segundo metacarpo da mão direita e na
terceira falange média,
correspondendo a tumores marrons do
hiperparatireoidismo.
Figura
24: Radiografia bilateral das pernas exibe várias lesões císticas de
grandes
proporções na diáfise e nas epífises da tíbia. Essas lesões
caracterizam tumores marrons do
hiperparatireoidismo.
Quando a doença está em fase de cura (espontânea ou por tratamento), ocorre um aumento da
densidade óssea que naturalmente aumenta a radiopacidade. Na coluna, o aspecto
esclerótico
das bordas superiores e inferiores do corpo vertebral forma o sinal
da
camisa de rúgbi, pois o
aspecto do corpo parece listrado: duas faixas
brancas
(escleróticas nas bordas) e uma faixa
escura (osteopenia no centro).
Figura
25: Radiografia lateral da coluna lombar evidencia escleroses nas bordas
superiores
e inferiores dos corpos vertebrais e osteopenia, ao centro,
que forma um aspecto listrado
conhecido como sinal de camisa de
rugby.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
26: Jogador de rugby veste uma típica camisa listrada para uma partida.
DICA
São lesões produzidas por falhas em processos fisiológicos no corpo humano. A digestão,
por
exemplo, é um longo e complexo processo metabólico de captação de nutrientes e
energia por
meio da glicose contida em açúcares, carboidratos e gorduras ingeridas. Já
uma falha hepática
pode prejudicar o sistema digestório e favorecer o desenvolvimento de
patologias metabólicas.
OSTEOPOROSE
A osteoporose é clinicamente definida como uma redução brusca da densidade mineral óssea
muito abaixo do limite definido como normal. Também pode ser entendida como um processo
de formação insuficiente ou reabsorção aumentada da matriz óssea, provocando uma redução
da massa óssea sem alteração aparente da mineralização.
Imagem: Shutterstock.com
Figura 27:
Aspecto morfofisiológico da osteoporose. À esquerda, um osso normal.
Na
sequência, são apresentados os estágios da doença.
ATENÇÃO
Imagem: Shutterstock.com
Figura 28:
Exemplos de danos à trabeculação da matriz óssea. Na primeira imagem, temos
uma
trama óssea normal. Na segunda, as trabéculas abertas indicam osteoporose. Na
última
imagem, observa-se a lesão nas vértebras lombares.
Imagem: Nevit Dilmen and Mikael Häggström / Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
Figura
29: Radiografia comparativa com a ausência de bordas corticais e ossos
de aspecto
“fantasma”.
Figura
30: Imagem da perda de massa óssea na cabeça dos metatarsos e nos ossos
tarsais.
Figura
31: Fratura por compressão da vértebra L3 com corpos vertebrais em
aspecto
“fantasma”.
REABSORÇÃO OSTEOCLÁSTICA
A reabsorção osteoclástica torna o colo dos ossos longos mais
esponjoso
(transparente) e
suscetível a fraturas em razão da baixa compactação da matriz
óssea. O principal ponto
afetado é a cabeça umeral e o terço proximal do fêmur
em razão da posição obtusa e medial
do colo femoral (colo cirúrgico). Com isso,
fraturas nesse colo são comuns em pacientes
osteoporóticos.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
32: Perda de massa óssea evidenciada pelas transparências em toda a
cabeça
umeral, na cavidade glenoide e nas bordas do acrômio e clavícula.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
33: Perda de massa óssea nas epífises proximais evidenciada pelas
transparências
nas bordas corticais e pelas áreas escuras nos ilíacos,
no púbis e nas cabeças femorais.
RAQUITISMO
O raquitismo está relacionado à mineralização deficiente da placa de crescimento na
população pediátrica. Esse quadro provoca deformações estruturais na arquitetura óssea.
Imagem: Shutterstock.com
Figura 34:
Esquema de absorção e metabolismo da vitamina D.
Imagem: Shutterstock.com
Figura 35: Os
membros inferiores e os tipos de alterações no raquitismo.
Figura
36: Fotografia dos membros inferiores de uma paciente pediátrica.
Figura
37: Os joelhos dilatados se devem ao alargamento das placas metafisárias
do fêmur
e do platô tibial.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
38: Arqueamento da porção distal do fêmur e de toda a diáfise tibial. Na
sequência,
procedimento ortopédico corretivo com o implante de pinos.
Isso também pode ocorrer nos membros superiores, sendo mais comum na articulação do
punho
e nos ossos longos da mão. Os arqueamentos não são observados, uma vez que não há
sobrecarga sobre eles em sua fisiologia normal.
As falanges são vistas mais curtas, enquanto os metacarpos são observados com um
processo
de calcificação insuficiente na região metacarpofalangeana. Da mesma forma que
ocorre
nos joelhos, os punhos apresentam um alargamento no terço distal do antebraço.
Observe
esse quadro clínico nas figuras a seguir:
Figura
39: Punhos dilatados com evidência na radiografia bilateral. As placas
metafisárias
de rádio e ulna distal aparecem alargadas, assim como as
cabeças metacarpais.
Figura
40: A área radiotransparente evidencia uma calcificação endocondral
prejudicada, o
que deixa o aspecto das epífises distais desses ossos
completamente transparentes.
OSTEOMALÁCIA
Imagem: Shutterstock.com
Figura
41: Diagrama ilustrativo para a osteomalácia. A patologia pode se
apresentar na
articulação do joelho, arqueando os ossos da perna ou no
terço proximal do fêmur, arqueando a
coxa.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
42: O exame radiográfico mostra o arqueamento na perna.
IMPORTANTE
Imagem: Shutterstock.com
Figura 43: Tipos de arqueamento
da perna.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
46: Espessura reduzida da borda cortical dos ossos e aspecto mais
radiotransparente evidenciam uma deformação na epífise distal do fêmur
facilmente
confundida com uma fratura.
Figura
47: Linhas com bordas opacas no corpo da diáfise tibial e na epífise
distal, aspecto
conhecido como pseudofraturas.
ATENÇÃO
Figura
48: Cabeça do fêmur esquerdo projetada mais internamente avança a linha
isquiática
em razão da baixa compactação óssea do acetábulo, condição
conhecida como protrusio
acetabuli.
Figura
49: Deformação no colo femoral esquerdo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUANDO OS NÍVEIS DE CÁLCIO NO SANGUE ESTÃO _______, O PTH
ESTIMULA OS RINS PARA A CAPTAÇÃO DE CÁLCIO NOS INTESTINOS COM A
_______. CASO AS TAXAS AINDA ESTEJAM DESCONTROLADAS, O
METABOLISMO FAZ O AJUSTE POR MEIO DA REABSORÇÃO DE CÁLCIO
_______.
A) I, II e III
B) III
C) I e II
D) II e III
E) II
GABARITO
1. Quando os níveis de cálcio no sangue estão _______, o PTH estimula os rins para a captação
de cálcio nos intestinos com a _______. Caso as taxas ainda estejam descontroladas, o
metabolismo faz o ajuste por meio da reabsorção de cálcio _______.
A ação do PTH ocorre apenas com baixos níveis séricos de cálcio. Além disso, a vitamina D
está associada com o metabolismo do cálcio nos ossos, o que justifica a prevalência de
algumas doenças, como o raquitismo e a osteomalácia. Quando não há cálcio suficiente na
dieta, ocorre uma reabsorção dele nos ossos.
MÓDULO 2
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (2020), há mais de 100 diferentes tipos de
doenças malignas, o que deixaria o material muito extenso. Uma boa revisão de Anatomia
melhora a interpretação radiográfica e permite diferenciar achados patológicos de
radiografias
com aspecto clínico normal.
NEOPLASIA
CÉLULAS EXÓTICAS
TUMOR
E o câncer, o que seria então? Precisamos entender a relação entre tumores benignos e
malignos, que começaremos a estudar na próxima seção.
VOCÊ
SABIA
Aprenderemos mais adiante que os tumores malignos têm justamente essas características:
aspecto espiculado, irregular e radial, enquanto suas células têm terminações
pedunculares
semelhantes às garras do caranguejo.
Todo nódulo é um tumor, mas nem todo tumor forma nódulos no organismo;
Alguns tumores são benignos por crescerem sem interferir em tecidos vizinhos;
OSTEOBLASTOMA
pedículo
de
C7. O aspecto delimitado, opaco, osteogênico e
capsular sugere
osteoblastoma.
As células osteoides tumorais (matriz óssea “mole”) crescem dentro da matriz óssea
madura,
que é circundada por esclerose reativa. A lesão torna o osso fraco, gerando dor
intensa e
resistente a analgésicos.
Osteoma osteoide gigante: massa transparente maior que 2,5cm com aro esclerótico
(opaco);
COMENTÁRIO
OSTEOCONDROMA
O
aspecto transparente na sua porção terminal sugere osteocondroma.
Imagem: Hellerhoff; Michael R Carmont, Sian Davies, Daniel Gey van Pittius and Robin Rees /
Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0 / CC BY-SA 2.0
Figura 56:
Radiografias de membros inferiores com diversos aspectos do osteocondroma:
exostoses, sinostoses e lesões císticas.
OSTEOCLASTOMA
Também conhecido como tumor de células gigantes, o osteoclastoma é uma lesão benigna
que
produz grandes massas delimitadas de tecido osteolítico onde houve uma intensa
produção
de osteoclastos. Nesse tipo de lesão, a massa osteoclástica cresce, gerando grandes
áreas de reabsorção na região metafisária.
São os tumores ósseos mais comuns, tendo mais predileção pelos ossos longos, já que se
estendem da epífise adjacente até a superfície articular com uma pequena zona de
transição.
Essas lesões costumam ser únicas, apresentando diversos canais vascularizados
e septações
de parede fina, predispondo a área a hemorragias e, frequentemente, a cistos
ósseos
aneurismáticos.
Na figura 58, temos uma lesão osteolítica de grande proporção na região metafisária do
tornozelo. Em seguida, o mesmo padrão é visto na metafisária do fêmur na radiografia do
joelho.
Na imagem radiográfica, os tumores de células gigantes têm aspectos bem peculiares. Como
o
próprio nome sugere, são lesões de grandes proporções e geralmente
solitárias.
Seu formato é semelhante ao de grandes bolhas radiotransparentes bem
definidas, sem borda
esclerótica nem reação periosteal, atacando com mais frequência as regiões metafisárias.
hiperdilatação
no osso acometido.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
60: Diagrama comparativo entre células tumorais benignas e malignas. Na
primeira
imagem, à esquerda, as células exóticas têm o mesmo formato e
mantêm a mesma
conformação durante sua replicação.
Imagem: Shutterstock.com
Figura
61: Observe o mesmo formato espiculado das células e a ausência de um
padrão
regular de crescimento na imagem microscópica da lâmina
histológica (colorida
artificialmente).
IMPORTANTE
Osteossarcomas.
Condrossarcomas.
Sarcoma de Ewing.
Mielomas múltiplos.
OSTEOSSARCOMAS
São lesões malignas osteogênicas (conhecidas como sarcomas osteogênicos) que promovem
uma
produção descontrolada de matriz óssea. A dinâmica consiste em produzir tecido
osteoide
(radiopaco) e osteolítico (transparente) desordenadamente, provocando, assim, a
destruição óssea medular e cortical, além de lesões periosteais agressivas, o que leva à
formação de ossos neoplásicos.
Como consequência, há uma destruição óssea medular e cortical, além de reação periosteal
agressiva, massa de tecidos moles e osso neoplásico na lesão destrutiva, causando edema
e
dor local, assim como dificuldade de marcha e fraturas patológicas.
joelho com a
destruição óssea cortical e medular, além de reação
periosteal (opaca)
agressiva
com o aspecto de “raios de sol”
Os pacientes com essa condição apresentam dor óssea. Em alguns casos, as lesões podem vir
acompanhadas por uma massa de tecido mole ou inchaço.
SAIBA MAIS
osteossarcoma
parosteal com aderências de massas osteogênicas respectivamente no fêmur
CONDROSSARCOMA
Nas imagens radiográficas, essas lesões apresentam mineralização da matriz, arcos com
características agressivas e extensão do tecido mole. Essas lesões aparecem como massas
radiopacas internas em estruturas radiotransparentes da medula e do córtex ósseo. Elas
podem ter aparência lobular, pontilhada ou anular da matriz cartilaginosa.
Figura
66: Falange distal do primeiro pododáctilo totalmente destruída por
tecido
osteocondral.
Figura
67: Imagem da articulação coxofemoral apresenta uma zona de obliteração
no
trocânter maior e uma fratura patológica abaixo do trocânter menor.
SARCOMA DE EWING
É um tumor maligno que acomete a região medular e migra para a região cortical, podendo
se
espalhar (metástase) por meio da corrente sanguínea. Comum em indivíduos brancos
entre 5 e
25 anos de idade, ela ocorre com mais frequência em adolescentes.
Em linhas gerais, elas se apresentam como lesões destrutivas permanentes na diáfise dos
ossos longos, formado, em sua maior parte, por tecido mole sem matriz. Não há uma
apresentação clínica específica para o tumor, mas ele costuma apresentar dor localizada,
tecido mole palpável e fraturas patológicas. Também pode haver sintomas similares aos da
osteomielite, com febre baixa e perda abrupta de peso.
Figura
69: Radiografias de membros inferiores mostram o aspecto lamelar do
sarcoma de
Ewing.
Figura
70: Na radiografia do tornozelo, ainda é possível observar o padrão
permeativo no
maléolo lateral.
Foto: Shutterstock.com
Figura
71: Aspecto das lamelas em uma cebola cortada.
COMENTÁRIO
MIELOMA MÚLTIPLO
Como o próprio nome sugere, são lesões tumorais oriundas da medula óssea; de matriz
hematopoiética, elas podem produzir uma lesão osteolítica solitária (mais rara) ou
lesões
difusas, o que atribui a ela o nome de mieloma múltiplo (mais comum).
Imagem: Shutterstock.com
Figura 73:
Fotomicrografias do tecido medular ósseo. Na primeira, vemos células sadias,
hematopoiéticas e tecido adiposo; na segunda, um aglomerado de plasmócitos
modificados
marcados com corante artificial.
Imagem: Shutterstock.com
Figura 74:
Saca-bocado tradicional usado para perfurar couro e vazador de ponteira
empregado para perfurar couro, respectivamente.
LESÕES PSEUDOTUMORAIS
Agora vamos abordar os falsos tumores. Algumas lesões produzem grandes massas; no
entanto, elas não são classificadas como neoplasias. Mesmo assim, durante o diagnóstico
por
imagem, podem se assemelhar a lesões tumorais em uma primeira impressão.
Aproveitamos para frisar que o diagnóstico definitivo para tumores é dado somente por
biópsia
com análise histopatológica. Os exames de imagem são úteis para mostrar o grau
de extensão
da lesão e sua posição topográfica com relação ao tecido ou ao sistema em
que está inserida.
Em linhas gerais, um cisto ósseo simples (COS) é uma cavidade única dentro de um osso
preenchida por uma membrana fibrosa repleta de líquido. A lesão acomete a diáfise de
ossos
longos, principalmente o terço proximal do fêmur e do úmero.
O COS é considerado uma lesão reativa sem causas neoplásicas e está mais associada ao
processo de desenvolvimento. Quando ligado a eventos vasculares, pode ser apresentado
como cisto ósseo aneurismático (COA).
Os sinais e sintomas clínicos incluem dor, edema ou rigidez da articulação mais próxima.
Em
muitos casos, é a fratura patológica o primeiro sinal da lesão que leva o paciente à
emergência.
Na
primeira imagem, o cisto favorece uma fratura patológica do terço proximal
do
MIOSITE OSSIFICANTE
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAL É A RELAÇÃO ENTRE A PALAVRA CÂNCER (KARKINOS) E O
CARANGUEJO NA CONCEPÇÃO E NA DEFINIÇÃO DA PATOLOGIA?
GABARITO
O aspecto estrelado das células cancerosas no microscópio pressupõe uma expansão para
todas as direções, o que caracteriza uma lesão maligna.
O aspecto mais comum em sarcomas de Ewing é o padrão lamelar em "casca de cebola", pois
as camadas de neoformação óssea se sobrepõem ao córtex, tornando o osso fraco e dolorido.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo radiográfico de lesões tumorais avalia a extensão das lesões e auxilia na
identificação
de achados precoces que requeiram análise complementar. Entretanto, vale
frisar que nenhum
exame de imagem substitui uma consulta com um médico especialista
capacitado para
solicitar os exames necessários para delimitar um diagnóstico preciso.
A Oncologia é uma área muito estigmatizada, pois as pessoas ainda temem um diagnóstico
precoce de câncer. No entanto, é justamente um diagnóstico preciso e precoce que
favorece
um tratamento efetivo e com maiores chances de cura. Este conteúdo, portanto,
pretende
alertar sobre a necessidade de se manter um padrão de qualidade nos exames de
imagem,
principalmente em radiografias simples, uma vez que a maioria dos pacientes
demanda esses
exames em situações de emergência e as lesões oncológicas acabam
aparecendo como
achados acidentais.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. O que é câncer?. In: Instituto Nacional do Câncer.
Publicado em: 30 nov. 2020.
Consultado na internet em: 23 maio 2021.
EXPLORE+
Para aprofundar seu conhecimento, visite estes sites:
Radiopaedia: trata-se de uma enciclopédia médica com vasto material
sobre Radiologia,
Anatomia e Patologia. Além disso, você encontrará muitos casos
clínicos para estudar.
CONTEUDISTA
Raphael de Oliveira Santos
CURRÍCULO LATTES