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12/02/2024 16:33 Introdução a Patologia Geral e Adaptações Celulares

Tópico 01

Patologia Geral

Introdução a Patologia Geral e Adaptações


Celulares

1. Introdução ao Estudo da Patologia


A Patologia é a ciência que estuda as causas e os mecanismos que produzem as doenças, além
das alterações morfológicas e funcionais das células, dos tecidos e dos órgãos que estão ou
podem estar sujeitos a doenças.

É muito importante entendermos a diferença entre saúde e doença. Conceitualmente, podemos


dizer que a doença ocorre pela alteração de forma e de função não compensada de uma célula,
de um órgão, de um sistema, de um indivíduo, de uma população e, finalmente, de uma
sociedade. Já um “estado de saúde” é definido pela OMS (Organização Mundial de Saúde)
como sendo “o bem-estar físico, mental e social do homem e não simplesmente a ausência de
doenças ou enfermidades”.

Pode-se ainda definir saúde como um estado de adaptação do organismo físico, psíquico ou
social em que se vive, de modo que o indivíduo se sente bem e não apresenta alterações
orgânicas evidentes. Entretanto, doença é um estado de falta de adaptação a um estado físico,
psíquico ou social, no qual um indivíduo sente-se mal e/ou apresenta alterações orgânicas
evidentes (BRASILEIRO FILHO, 2016, p. 1).

A Patologia pode ser dividida em dois grandes ramos conhecidos como Patologia Geral e
Patologia Especial. A patologia geral está envolvida com as reações básicas das células e
tecidos aos estímulos anormais subjacentes a todas as doenças. Esse ramo estuda os aspectos
comuns às diferentes doenças no que se refere as suas causas, mecanismos, lesões e alterações
de função. Desta forma, faz parte do currículo de todos os cursos das áreas de Ciências da
saúde. Já a Patologia Especial, também conhecida como sistêmica, examina as doenças que

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ocorrem em órgãos específicos ou sistemas como, por exemplo, as doenças cardíacas ou


doenças do trato respiratório. Ainda pode estudar as doenças agrupadas por determinadas
causas, como doenças causadas por vírus ou doenças causadas pela radiação.

2. Áreas da Patologia
Para entendermos como uma doença é desenvolvida, temos que imaginar uma trajetória desde
o que causou a doença, considerando todas as alterações na forma e função das células
daquele tecido, até as queixas atuais do paciente. Todas as doenças têm causa (ou causas) que
atuam por determinados mecanismos, produzindo alterações morfológicas e/ou moleculares
nos tecidos. Isso resulta em alterações funcionais no organismo ou em parte dele dando início,
então, às manifestações clínicas. A Patologia pode ser dividida em 4 áreas que ilustram essa
trajetória. São elas:

Etiologia – que significa o estudo das causas. Há séculos, a humanidade tenta descobrir a
causa (ou causas) de diferentes doenças. Esse conceito vem desde 2500 a.C., quando os
acadianos acreditavam que, quando alguém ficava doente, era por um castigo, ou por obra de
agentes externos, como o frio, maus odores, espíritos malignos ou deuses. Em tempos
modernos, existem duas classes principais de fatores que causam a doença, conhecidas como
fatores etiológicos. São eles: fatores etiológicos (intrínsecos ou genéticos) e fatores
etiológicos adquiridos (incluindo os fatores infecciosos, nutricionais, químicos e físicos).
Algumas doenças possuem mais de uma causa e podem ser resultado de uma combinação
entre os fatores genéticos e adquiridos, como o câncer, por exemplo. E por que será que é tão
importante a descoberta do fator etiológico? A descoberta da causa continua, até hoje, sendo a
base do diagnóstico e, consequentemente, do tratamento correto da doença. Além disso,
quando se conhece a causa, é possível, em vários casos, desenvolver medidas de prevenção
daquela doença.

Patogênese ou Patogenia – que significa o estudo dos mecanismos ou desenvolvimento da


doença. Refere-se à sequência de eventos que ocorrem nas células ou tecidos após a atuação
do agente etiológico, desde o estímulo inicial até a expressão final da doença. É o estudo de
toda a trajetória ou o curso da doença. A Patogenia permanece uma das principais áreas da
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patologia, pois, mesmo conhecendo a causa inicial, é necessário entender todos os


mecanismos que ocorrem no organismo até a expressão da doença.

Anatomia Patológica – que significa o estudo das alterações morfológicas, ou seja, da forma
dos tecidos que, em conjunto, recebem o nome de lesões. As alterações morfológicas referem-
se às alterações na estrutura das células ou dos tecidos, que são características da doença, ou
podem até ajudar no diagnóstico da doença como, por exemplo, a forma alterada de uma
hemácia nos casos de anemia falciforme, em que as hemácias têm o formato de uma foice.

Fisiopatologia – que significa o estudo das alterações funcionais dos órgãos afetados. As
alterações morfológicas das células podem influenciar o funcionamento normal delas e,
consequentemente, do órgão ou tecido. Isso dará início às características ou manifestações
clínicas da doença.

As manifestações clínicas podem ser objetivas ou subjetivas. Ambas são de extrema


importância e devem ser consideradas. As manifestações clínicas objetivas são baseadas em
sinais, já as manifestações clínicas subjetivas englobam os sintomas do paciente.


Qual é a diferença entre sinais e sintomas?

Sinais são as alterações orgânicas evidentes no paciente, ou seja, é o que o profissional da


área de saúde pode detectar clinicamente no paciente. São consideradas manifestações
objetivas, pois podem ser vistas pelo profissional, como, por exemplo, uma área edemaciada
(inchaço), lesões ulcerosas, entre outras. Sintomas são as manifestações clínicas que o
paciente relata e, por isso, são consideradas subjetivas, como dor, ardência e coceira.

O estudo dos sinais e sintomas das doenças é o objetivo da área da propedêutica, também
conhecida como semiologia. A finalidade dessa área é fazer o diagnóstico da doença, ou seja,
descobrir qual é a doença para, a partir daí, estabelecer o tratamento e medidas preventivas.

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Assista ao vídeo abaixo para saber mais sobre a importância da Patologia e o papel do
Patologista no diagnóstico das doenças.

Dose de Saúde - O que é a Pat…


Pat…

3. Elementos de uma Doença


Rudolf Virchow, conhecido como o pai da patologia moderna, estabeleceu, no século XIX,
que todas as formas de lesão orgânica se iniciam com alterações nas células a nivel molecular
ou estrutural. Lesão ou processo patológico pode ser conceituado como o conjunto de
alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nos tecidos após agressões.
Essas alterações podem ser vistas a olho nú e são chamadas de alterações macroscópicas;
podem também ser vistas num microscópio de luz, sendo chamadas de alterações
microscópicas, ou podem ser vistas num microscópio eletrônico, sendo denominadas de
alterações submicroscópicas.

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As alterações submicroscópicas ocorrem antes do que as alterações morfológicas vistas à


microscopia óptica. Através do microscópio eletrônico de transmissão, conseguimos ver as
organelas dentro das células. Quando as alterações morfológicas se tornam aparentes sob
microscopia de luz, isto significa que as alterações já estão num estágio mais avançado, e se
só se tornarem aparentes clinicamente, como ocorre, por exemplo, nos casos da descoberta de
um câncer com manifestações clínicas, esse já se encontra num estágio mais avançado ainda e
de difícil tratamento.

As alterações moleculares que, normalmente, levam a modificações morfológicas podem ser


detectadas com métodos bioquímicos e de biologia molecular. Outros testes que utilizam
técnicas microbiológicas, imunológicas e exames moleculares podem auxiliar a identificar o
fator etiológico da doença, podendo tratar a doença ainda num estágio inicial e, muitas vezes,
salvam a vida do paciente. Daí a importância dos exames preventivos (FARIA, 2010).

Como toda doença começa a nivel celular, nós estudaremos, nessa disciplina, as causas,
mecanismos moleculares e alterações estruturais de uma lesão celular.

As células se mantêm em equilíbrio, num estado chamado homeostasia, ou seja, as células


trabalham dentro das condições normais; trabalham para atender às demandas fisiológicas
normais. Entretanto, frente a um estresse fisiológico excessivo, ou estímulos patológicos, as
células podem tentar se adaptar àquele estímulo na tentativa de evitar que sofra uma lesão. As
células adaptadas atingem um novo estado de equilíbrio, preservando a viabilidade celular e
modulando suas funções conforme esses estímulos.


Um exemplo fácil para entendermos uma adaptação celular: no caso dos
halterofilistas ou pessoas que praticam musculação com frequência, ocorre um
crescimento dos músculos. As fibras musculares frente a uma carga excessiva de
trabalho aumentam de tamanho e adquirem um novo equilíbrio, permitindo a sua
sobrevivência a um nível de maior atividade. Se as células musculares aumentam de
tamanho, consequentemente, o músculo aumenta de tamanho.

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E o contrário? Na falta de estímulos, ocorre uma outra resposta adaptativa, na qual há uma
diminuição do tamanho e/ou número das células. Exemplo: após retirarmos o gesso de uma
perna quebrada, nota-se que o tamanho da perna está menor.

As células, frente a um estímulo fisiológico ou um estresse patológico, podem responder de


três formas. A primeira é a resposta adaptativa, da qual acabamos de ver dois exemplos.
Quando os limites da resposta adaptativa a um estímulo são excedidos, ou seja, quando a
célula não consegue se adaptar, pois o estímulo é muito intenso, ocorre, então, uma lesão
celular. Inicialmente, esta lesão pode ser reversível, mas, se o estímulo persistir, ou se ele for
muito intenso desde o início, a célula pode sofrer uma lesão irreversível e morrer.

Resposta celular frente a um estímulo agressivo.

A resposta da célula dependerá da natureza e/ou gravidade do estresse e do estado intrínseco


da célula. Por exemplo: pequenas doses de uma toxina química ou uma isquemia de curta
duração podem determinar uma lesão reversível, enquanto grandes doses de uma substância
química ou uma isquemia mais prolongada podem resultar em morte celular. A gravidade do
estímulo também deve ser considerada. Existem drogas que são citotóxicas em diferentes
concentrações, ou seja, matam as células diretamente, impossibilitando as células de
reverterem a lesão. Já em relação à célula, as consequências vão depender do tipo da célula e
se a mesma já sofreu alguma lesão anterior. Se considerarmos o mesmo agente etiológico da
lesão em células de locais diferentes do corpo, teremos resultados diferentes, pois as células
não se comportam da mesma forma. Por exemplo: imagine se faltar oxigênio para os
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neurônios e para os hepatócitos durante 10 minutos. Duas respostas diferentes serão


encontradas: no caso do cérebro, 10 minutos sem oxigênio leva à morte dos neurônios,
enquanto, no fígado, 10 minutos sem oxigênio leva os hepatócitos a uma lesão que pode ser
revertida. Então, o tipo da célula, o estado intrínseco da célula, se é bem nutrida, mais ou
menos susceptível a estímulos e o poder de adaptação da célula são importantíssimos!

4. Adaptações Celulares
Como explicado na primeira parte deste tópico, as células, para manter um estado de
hemostasia, precisam se adaptar constantemente. As adaptações celulares podem ser
fisiológicas, sendo, geralmente, respostas à estímulos anormais de hormônios ou outras
substâncias químicas endógenas como, por exemplo, o aumento do tamanho da mama durante
a puberdade ou a indução da lactação pela gravidez. As adaptações patológicas podem ter
mecanismos semelhantes, mas elas dão às células a capacidade de modular seu meio ambiente
e, assim, evitar uma lesão. As principais adaptações celulares de crescimento e diferenciação
são: Hipertrofia, Atrofia, Hiperplasia e Metaplasia.

Hipertrofia

A hipertrofia é uma adaptação celular na qual ocorre o aumento do tamanho das células e,
consequentemente, um aumento do tamanho/volume do órgão. Isso acontece devido a uma
maior síntese de componentes estruturais dentro da célula. Assim, o órgão hipertrofiado não
possui novas células, mas apenas células maiores.

É importante entendermos que essa adaptação pode ser fisiológica ou patológica, dependendo
do estímulo e do tempo decorrido. A hipertrofia acontece por uma demanda funcional maior
ou por uma estimulação hormonal específica. A hipertrofia fisiológica ocorre em
determinados órgãos em algumas fases da vida, como nos casos do aumento do tamanho da
mama e do útero durante o período gestacional, como fenômenos programados. Entretanto, as
hipertrofias patológicas não são programadas e aparecem em consequência dos estímulos
variados.

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A hipertrofia celular fisiológica que ocorre no útero durante a gravidez é estimulada por
hormônios estrogênicos através dos receptores do músculo liso. Essa interação dos hormônios
com o DNA da célula resulta em uma maior produção de proteínas e, dessa forma, ocorre o
aumento do tamanho das células e do útero consequentemente.

Outro exemplo de hipertrofia ocorre frequentemente nos halterofilistas, atletas e pessoas que
praticam musculação, nas quais podemos notar um ganho de massa muscular, ou nos
indivíduos que trabalham em atividades que exigem grande esforço físico aos músculos
esqueléticos das regiões submetidas ao trabalho. Há um crescimento muscular devido ao
aumento da atividade metabólica decorrente da maior carga de trabalho. O miocárdio também
pode sofrer hipertrofia. Nos casos de sobrecarga do coração por obstáculo ao fluxo sanguíneo
ou do volume de sangue, a parede do coração sofre hipertrofia.

Algumas pessoas desenvolvem uma hipertrofia patológica da musculatura lisa de órgãos ocos.
É o que acontece, por exemplo, com a musculatura lisa da parede da bexiga quando há
obstrução urinária. Alguns homens desenvolvem uma hiperplasia da próstata e essa provoca
uma estenose do canal da uretra, ou seja, devido à redução da luz da uretra, a musculatura lisa
da bexiga tende a aumentar sua contração para tentar reestabelecer a eliminação normal de
urina. Esse processo leva à hipertrofia da musculatura lisa da bexiga, devido ao maior esforço

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necessário para eliminar a urina. Assista ao vídeo abaixo para conhecer o efeito da hiperplasia
prostática benigna na bexiga.

PRÓSTATA | HIPERPLASIA BENIGNA | HPB | SINTOMAS | DIAGNÓ…


DIAGNÓ…

Observe que a hipertrofia, em muitos casos, é um processo reversível, ou seja, após a remoção
do estímulo, as células voltam ao tamanho normal. Porém, eventualmente, a hipertrofia atinge
um limite além do qual o crescimento da massa muscular não consegue mais compensar a
maior sobrecarga, levando ao aparecimento de lesões.

Atrofia

A atrofia é uma forma de resposta adaptativa na qual ocorre a diminuição do tamanho e/ou
número das células e, consequentemente, do tamanho do órgão. Essa adaptação pode ser
observada quando um membro é imobilizado por gesso ou quando os músculos ficam
paralisados por causa da perda da inervação, como nos casos da poliomielite, ocorrendo a
atrofia do músculo. Podemos observar uma redução quantitativa dos componentes estruturais
e das funções celulares. Isso resulta em uma diminuição do volume/tamanho das células e dos

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órgãos atingidos. Muitas vezes, ocorre também a diminuição do número de células. Assim,
podemos entender a classificação da atrofia: a primeira forma é a atrofia simples, em que
ocorre a diminuição apenas do tamanho da célula, não havendo alteração no número de
células. Esse processo se dá por diminuição do anabolismo. A segunda forma de atrofia é
conhecida como atrofia numérica, em que ocorre a diminuição do número de células graças
ao processo de apoptose, uma via de morte celular programada a qual estudaremos
posteriormente. A terceira forma de apoptose é conhecida como atrofia mista, em que ocorre
uma redução do número e do tamanho das células.

Essa adaptação pode ser fisiológica ou patológica. A atrofia fisiológica ocorre na senilidade
quando todos os órgãos e sistemas do corpo reduzem suas atividades metabólicas e,
naturalmente, diminui-se o ritmo de proliferação celular. Se compararmos, na imagem abaixo,
o tamanho do cérebro de um homem com 82 anos de idade com o cérebro de um homem com
36 anos de idade, observaremos que o cérebro do homem de 82 anos é menor, com menos
substância cerebral. Neste caso, ocorreu uma atrofia progressiva, à medida que a aterosclerose
diminuiu o aporte sanguíneo do cérebro.

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B: Atrofia do cérebro idoso de 82 anos de idade com aterosclerose. Atrofia ocorreu pelo
envelhecimento e pela redução do fluxo sanguíneo com perda de substância cerebral.

A atrofia fisiológica é irreversível, como nos casos de redução do tamanho de órgãos pelo
processo normal do envelhecimento, na involução do timo após a puberdade, ou na mama e
útero após a menopausa. Não há prejuízo funcional, porque fica mantido um novo estado de
equilíbrio, um novo estado de homeostasia.

Normalmente, as atrofias patológicas são reversíveis. Ocorre principalmente por inanição,


pela deficiência nutricional e desuso por perda de inervação, nos casos de poliomielite, ou,
ainda, por desuso devido à imobilização do músculo. Podemos observar, então, que ocorre
uma diminuição do tamanho do órgão.

Para reduzir seu tamanho, as células precisam diminuir a produção de proteínas, do seu
conteúdo. Histologicamente, essas células possuem menos componentes estruturais como
mitocôndrias, miofilamentos e uma menor quantidade de retículo endoplasmático. Também
podemos notar um aumento no número de vacúolos autofágicos. Como vocês sabem, esses
vacúolos são limitados por membranas dentro da célula. Dentro deles, fragmentos dos
componentes celulares são digeridos por enzimas lisossomais, pelo processo de autofagia.

Hiperplasia

Podemos definir a hiperplasia como o aumento do número de células num órgão, ou parte
dele, em função da maior demanda metabólica. Logo, as células capazes de realizar divisão
mitótica se dividem ao enfrentar uma agressão ou estímulo, aumentando o volume do órgão
envolvido. As células adultas não possuem a mesma capacidade de crescimento hiperplásico.
As células lábeis, como as da epiderme e as células do trato intestinal, têm grande potencial
de fazer hiperplasia, pois se proliferam bastante. As células estáveis, como as células do osso,
cartilagem e do musculo liso, possuem um potencial hiperplásico limitado, pois não têm
grande potencial de fazer mitose. Entretanto, as células permanentes, como as células
nervosas musculares, cardíacas e esqueléticas não fazem hiperplasia, pois não são capazes de
se proliferar.

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Vale lembrar que as células hiperplásicas não se multiplicam indefinidamente. A capacidade


de proliferação hiperplásica tem limites. Os mecanismos de controle da divisão celular são
conservados, mesmo quando uma população nova está crescendo no local estimulado. Além
disso, a hiperplasia é um processo reversível, ou seja, se a causa for eliminada, a população
celular volta ao nível normal.

A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica. Os dois tipos mais comuns de hiperplasia
fisiológica são: a hiperplasia hormonal e a hiperplasia compensatória. A hiperplasia
compensatória ocorre em um determinado órgão para compensar uma perda ocorrida no local
como, por exemplo, após hepatectomia parcial, os hepatócitos iniciam sua atividade mitótica
para repor a porção do fígado perdida.

A maioria das formas de hiperplasia patológica consiste em casos de excessiva estimulação


hormonal ou em resposta a fatores de crescimento que agem sobre células-alvo.

É de fundamental importância que saibamos que, após o período menstrual, ocorre uma
hiperplasia fisiológica do endométrio mediada pela ação de hormônios pituitários e estrogênio
ovarianos, pois o útero deve se preparar para receber um possível embrião. Caso não ocorra a
concepção, essa hiperplasia fisiológica é interrompida pela progesterona e, após 10 a 14 dias,
essas células se descamam do endométrio, causando a menstruação. Porém, quando há um
desequilíbrio entre a ação do estrogênio e da progesterona, pode ocorrer a hiperplasia
patológica das glândulas endometriais, com consequente persistência do sangramento
menstrual. Se a estimulação pelo estrogênio diminuir, essa hiperplasia desaparece.
Entretanto, a hiperplasia patológica pode, eventualmente, desenvolver um câncer.


Em mulheres, o aumento de estrogênio resulta em hiperplasia da mama e/ou do
endométrio. Isso aumenta o risco de desenvolvimento de câncer nesses órgãos.

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A hiperplasia também é um processo importante das células do tecido conjuntivo na


cicatrização das feridas, em que ocorre a proliferação de fibroblastos e formação de novos
vasos sanguíneos. Em algumas inflamações crônicas, a produção de células é exagerada e
ocorre hiperplasia do epitélio ou do conjuntivo pelo excesso de produção de fatores de
crescimento no tecido inflamado. Isso é frequentemente observado em infecções virais, como
pelo vírus do papiloma, que causam verrugas.

Embora a hiperplasia e hipertrofia sejam processos diferentes, eles podem ocorrer em


conjunto. Um exemplo clássico é o crescimento do útero induzido pelo estrogênio na
gestação. Na verdade, nesse caso, ocorre mais hipertrofia do que hiperplasia.

Metaplasia

Podemos conceituar a metaplasia como uma resposta adaptativa reversível, em que um tipo de
célula adulta (epitelial ou mesenquimatosa) mais sensível à uma agressão é substituída por
outro tipo de célula adulta, mais capaz de suportar o ambiente hostil. Na metaplasia, um tipo
de epitélio se transforma em outro tipo epitelial, mas o epitélio não se transforma em um
tecido mesenquimal.

A metaplasia ocorre como resultado de irritações persistentes que acabam levando ao


surgimento de um tecido mais resistente. Podemos observar que a metaplasia ocorre por
agressão mecânica repetida frequentemente no epitélio da gengiva ou da bochecha por uma
prótese dentária mal ajustada.

A metaplasia também pode ocorrer nos casos de inflamações crônicas, como no colo uterino e
na mucosa gástrica.

O exemplo de metaplasia mais clássico ocorre na mucosa respiratória de fumantes pela


irritação química persistente do fumo. Nesse caso, ocorre uma substituição do epitélio
pseudoestratificado ciliado por um epitélio escamoso estratificado.

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Metaplasia da mucosa respiratória que ocorre em fumantes. Células colunares ciliadas (à


esquerda) são substituídas por células escamosas estratificadas (à direita).

A metaplasia pode ser considerada uma alteração indesejável, porém necessária, pois o
epitélio metaplásico é mais resistente ao agente agressor que o de origem. Entretanto,
mecanismos de proteção inerentes a células de origem, como os cílios da mucosa respiratória,
são perdidos, pois as novas células não possuem os mesmos mecanismos de proteção. Vale
lembrar que a persistência do agente causador também pode induzir a transformação
cancerosa do epitélio metaplásico.

5. Conclusão
Este tópico procurou mostrar a diferença entre doença e saúde e o papel fundamental da
Patologia no entendimento e tratamento das doenças. A disciplina de Patologia geral é comum
a todos os cursos da área de saúde. As áreas da Patologia geral estudadas foram etiologia,

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anatomia patológica, fisiopatologia e patogênese. Abordamos as formas de resposta de uma


célula frente a um estímulo agressivo e explicou-se as principais adaptações celulares de
crescimento e diferenciação: atrofia, hipertrofia, hiperplasia e metaplasia.

6. Referências
BRASILEIRO FILHO, Geraldo (Ed.). Bogliolo Patologia Geral. 7. ed. Rio de Janeiro, RJ:
Guanabara Koogan, 2016 e edições anteriores.

FARIA, J. Lopes de. Patologia geral: fundamentos das doenças, com aplicações
clínicas. 4. ed., atual. e ampl. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2010 e edições
anteriores.

KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. (Ed.). Robbins & Cotran: Patologia:
bases patológicas das doenças. 9. ed. Rio de Janeiro, RJ:

Elsevier, 2016 e edições anteriores.

YouTube. (2014, novembro, 21). Hospital de Amor.. Dose de Saúde – O que é a Patologia
(Dr. Cristovam Scapulatempo). Duração: 4min56. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=JzG8UYS-JhY>.

YouTube. (2017, abril, 20). Clinica Uro Onco. Próstata/ Hiperplasia Benigna/ HPB/ Sintomas/
Diagnostico/ Tratamento/ Urologista. Duração: 1min58. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Za0ao8U7n0E>.

Parabéns, esta aula foi concluída!


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