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Universidade Jean Piaget de Angola

Faculdade de Ciência da Saúde


Curso de Enfermagem

PATOLOGIA GERAL
AULA 3 e 4

Prof. Gaspar Geraldo 1


SUMÁRIO

• Princípios Básicos de Patologia:


– Perspectiva histórica;
– Etiopatologia Geral;
• Etiologia, patogenia, fisiopatologia, alterações
morfológicas, significado clínico das disfunções;
– Adaptação celular, lesão celular reversível, lesão
celular irreversível e morte celular;
• Diferenciação; Hipertrofia; Hiperplasia; Atrofia;
Metaplasia; Displasia; Agenesia; Aplasia; Anaplasia;
• Morte Celular;
– Doença: sinais, sintomas, síndroma. 2
Perspectiva histórica;

• Em povos primitivos, a medicina baseou-se em crenças mágicas, ambos


empíricos de experiências para que a doença foi realizada principalmente
pela intervenção de causas sobrenaturais.

• A principal contribuição de diferentes escolas é a consideração de que as


doenças são causadas por causas naturais e, consequentemente, devem
ser observadas e tratadas com meios naturais.

• Nesta base, o medicamento toma corpo e forma definitiva com a


positividade do século XIX. Em conformidade com esta tendência, a
patologia deve ser considerada uma ciência natural.
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• No âmbito positivista, a doença é concebida como uma forma de
vida atípica, ou seja, como um processo que só acidentalmente
difere que mantém a vida em estado de normalidade.

• O processo dinâmico que é a doença começa em curso para causas


que, através dos mecanismos estabelecidos, causando distúrbios de
função e, eventualmente, lesões; é expressa através de
manifestações (subjetivas e objetivas) e evolui no tempo de uma
forma peculiar.

• Na verdade esta síntese positivista ocorre pela integração das três


orientações médicas importantes do século XIX, que procurou dar
substância à doença numa base exclusiva:
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• 1. Orientação anatomoclínica:

Esta interpretação, iniciada por Morgagni e Virchow e


culminou por Laennec, com base em doença nas
lesões macroscópicas – ou microscópicas - e
permitiu que os métodos de desenvolvimento da
(palpação, percussão, ausculta) que permitem
reconhecer lesões em seres vivos.
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• 2. Orientação fisiopatológica:

Em contraste com o personagem"estático" da escola anterior,


clínicos e fisiologistas alemãs cujo expoente é Johannes
Müller, fundaram a doença em alterações funcionais. Ou
seja, a doença seria uma série encadeada de factos físicos que
alteram as reações químicas.

Logicamente, esta escola desenvolveu instrumentos para


medir as funções biológicas (por exemplo, o termómetro) e
introduziu os estudos analíticos na prática médica.
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• 3. Orientação etiológica:

O trabalho de Pasteur e Koch permitiu verificar que


muitas doenças eram causadas por microorganismos
específicos.

Este facto, isso levou a uma nova mentalidade que


afirma que toda doença é o resultado de um agente
externo, microbiano ou tóxico.

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• A medicina actual integra os resultados e métodos destas
escolas de uma forma natural.

• combinando métodos (palpação, percussão e ausculta)


anatomoclínicos clássico com novas formas de avaliação
anatômica (endoscopia, técnicas radiológicas, ultra-som,
ressonância magnética).

• Procedimentos funcionais clássicos (registros de temperatura,


estudos da actividade elétrica) ou corrente (espirometria,
técnicas de isótopo) e procurando mais sofisticadas como a
causa de doenças, não só infecciosas, mas também
degenerativas, metabólicas ou tumor. 8
ETIOPATOLOGIA GERAL:
Etiologia, patogenia, fisiopatologia, alterações morfológicas e
significado clínico das disfunções.

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• Patologia (derivado do grego pathos, sofrimento,
doença, e logia, ciência, estudo) é a ciência que lida
com o estudo de doenças. Tendo em conta que a
doença é um processo dinâmico.

• Ela envolve tanto a ciência básica quanto a prática


clínica, e é devotada ao estudo das alterações
estruturais e funcionais das células, dos tecidos e dos
órgãos que estão ou podem estar sujeitos a doenças.
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PROCESSO DA DOENÇA
Etiologia Anatomia Semiologia
patológica

Sintomas
Sinais Síndrome
Causas Alterações
complementares

Lesão
• Órgão
• Tecido
•Célula
•Estrutura
subcelular

Patogenia Fisiopatologia

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• Etiologia estuda as causas gerais de todos os tipos de
doenças, podendo ser determinadas por factores
intrínsecos ou adquiridos.

• Patogénese é termo usado para o estudo dos


mecanismos pelos quais os agentes causais causam
lesões.

• Fisiopatologia é o estudo do curso anormal dos


processos de vida, explicando a gênese das
manifestações (clínico ou resultados de exames
complementares).
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Patogenia é o processo de eventos do estímulo
inicial até a expressão morfológica da doença.

Anatomia patológica é o estudo da lesão,


interpretado no sentido de alteração
estrutural.

Sintomatologia ou semiologia é a análise da


forma em que se manifesta, através da
doença. sintomas - dados subjectivos - e sinais
- dados objectivos - em combinações de
características.
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Patocronia é o estudo do desenvolvimento da doença
no tempo.

Clínica é a actividade em conjunto com o médico/


doente para ajudá-lo a recuperar a saúde ou aliviá-lo
de sua doença.

A clínica centra-se em três aspectos: diagnóstico,


prognóstico e tratamento.

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Diagnóstico
• Processo que é utilizado para identificar a síndrome ou
doença que afecta o paciente.

• Entendida como diagnóstico do processo, podem ser


distinguidas duas fases relacionadas e complementares:
colecta de dados, análise e interpretação:

1. Coleta de dados. é conseguida através de anamnese, exame


físico e solicitação de exames complementares.

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• 2. Análise e interpretação de dados. Nesta fase do
processo de diagnóstico é importante para classificar
dados, atribuindo a cada valor que o indivíduo
realmente tem.

• Além disso, a interpretação dos dados para chegar ao


diagnóstico é usada através do método científico
indutivo, propor hipóteses que são confirmadas ou
descartadas e selecionando entre diferentes
possibilidades reais. 16
Prognóstico
• É o conjunto de previsões sobre a evolução do
processo de doença que afecta o indivíduo doente.

• Deve ser definida no que diz respeito à esperança de


sobreviver , alcançar a recuperação funcional e o
aparecimento de complicações futuras.

• Em geral e da melhor para pior, o prognóstico pode


ser leve, grave, muito grave e fatal ou mortal (o
prognóstico reservado não é uma previsão, mas o
reconhecimento de que não era possível para
estabelecê-lo).
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Alterações morfológicas

• As alterações morfológicas, que são as alterações


estruturais em células e tecidos característicos da
doença ou diagnósticos dos processos etiológicos.

• É o que pode ser visualizado macro ou


microscopicamente.

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Adaptação celular, lesão celular reversível,
lesão celular irreversível e morte celular;

• Patologia significa o estudo das causas


estruturais e funcionais das doenças humanas.
Os quatro aspectos das doenças que formam
o cerne da patologia são:
1. • Etiologia;
2. • Patogenia;
3. • Alterações morfológicas;
4. • Significado clínico.
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Adaptação celular
• A resposta celular a um estímulo persistente leva a
diferentes tipos de alterações morfológicas e
funcionais, que eles recebem o nome de adaptação
da célula. Embora o termo "adaptação" é geralmente
interpretado como algo positivo, estas mudanças não
envolvem sempre vantagens biológicas.

• As principais mudanças adaptativas das células são


como segue:
– Atrofia, hipertrofia, hiperplasia e metaplasia.

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Lesão celular reversível
• Lesão celular reversível denota alterações
celulares patológicas que podem ser restauradas
a normalidade se o estimulo for retirado ou se a
causa da lesão não foi grave.
• Agressões mais intensas ou prolongadas podem
levar a alterações celulares reversíveis como a
esteatose. Estas alterações são chamadas
reversíveis pois caso o estímulo agressor seja
retirado ou cesse, as células retornam ao seu
estado normal, funcionalmente e
morfologicamente. 21
Lesão celular irreversível
• As células do nosso organismo devem ser mantidas
em condições constantes no que diz respeito à
temperatura, irrigação sanguínea, oxigenação e
suprimento de energia (homeostase).

Caso o estímulo agressor seja mais prolongado ou mais


intenso, ocorre lesão celular irreversível, culminando
com a morte da célula.

Existem diversos factores que influenciam no destino da


célula exposta a condições anormais: 22
I - Factores ligados ao agente agressor
1) Tipo de agente agressor
2) Intensidade da agressão
3) Duração da agressão

II - Factores ligados à célula agredida.


1) Tipo de célula agredida
2) Estado fisiológico da célula

Os sistemas das células são de tal modo interligados,


que qualquer que seja o ponto inicial da lesão
celular, a tendência é que com o passar do tempo,
todos os sistemas da célula sejam atingidos.
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• Necrose é o conjunto de alterações
morfológicas que se seguem à morte celular
em um organismo vivo. É sempre patológica.

• As membranas das células necróticas perdem


a sua integridade, ocorrendo extravasamento
de substâncias contidas nas células (tem
importância clínica).
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• Como consequência da necrose ocorre
inflamação nos tecidos adjacentes para a
eliminação dos tecidos mortos e posterior
reparo.

• Durante este processo inflamatório


acumulam-se leucócitos na periferia do tecido
lesado, que liberam enzimas úteis na digestão
das células necróticas. 25
Morfologicamente distinguimos diversos
tipos de necrose:

1 - Necrose de coagulação: Neste tipo de necrose


ocorre desnaturação das proteínas celulares. Ocorre
no infarto do miocárdio.

2 - Necrose de liquefação: o tecido necrótico se


liquefaz rapidamente. Ocorre principalmente nas
infecções bacterianas com formação de pus e no
sistema nervoso central.

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3 - Necrose caseosa: é uma forma diferente de necrose de
coagulação, na qual o tecido se torna branco e amolecido. É
habitualmente encontrada na tuberculose.

4 - Necrose gordurosa (ou enzimática): geralmente causada


pelo extravasamento e activação de enzimas pancreáticas que
digerem a gordura do pâncreas, do epíploo e do mesentério.
Encontrada na pancreatite aguda.

Às vezes ocorre por traumatismo que ocasiona ruptura dos


adipócitos; encontrada principalmente na mama feminina.
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5 - Gangrena: não é propriamente um tipo de necrose,
geralmente se referindo à necrose de um membro por perda
do seu suprimento sanguíneo, às vezes complicada por
infecção bacteriana (gangrena húmida, gangrena seca).

Evolução da necrose:

Geralmente como consequência da necrose há um processo


inflamatório que se encarrega de digerir as células mortas
para que possam ser reabsorvidas e substituídas por células
semelhantes àquelas destruídas (regeneração) ou por tecido
fibroso (cicatrização).
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Apoptose:
• Também chamada de morte celular programada em
virtude do seu mecanismo envolver a degradação do
DNA e das proteínas celulares segundo um programa
celular específico.

• Nesta forma de morte celular não há vazamento de


proteínas através da membrana celular, ocorrendo
fagocitose da célula apoptótica sem inflamação local.
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Diferenciação; Hipertrofia; Hiperplasia; Atrofia; Metaplasia;
Displasia; Agenesia; Aplasia; Anaplasia;

Diferenciação
Processo pelo qual as células vivas se "especializam" para
realizar determinada função.

Hipertrofia

Aumento volumétrico adquirido de um órgão ou tecido às


custas do aumento do volume celular.
Adaptação do tecido à maior exigência de trabalho, podendo ser
patológica ou fisiológica, Exemplo:
- Fisiológica – Hipertrofia do músculo do útero na gestação.
- Patológica - Hipertrofia do miocárdio – sobrecarga do coração. 30
Hiperplasia
• Aumento do número de células de um órgão ou parte dele por
aumento da proliferação e/ou por retardo na apoptose.

• Hiperplasia Fisiológica: útero na gestação, mamas na lactação.

• Hiperplasia compensadora: hepatectomia parcial.

• Hiperplasia patológica:
Ex.: hiperfunção de hipófise – síndrome de
Cushing – córtex adrenal;
Produção excessiva de TSH – hiperplasia de tireoide –
hipertiroidismo;
Excesso de estrógenos – hiperplasia da mama ou do endotélio
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Atrofia
• Hipotrofia (“atrofia”).
• Redução volumétrica adquirida de um órgão ou tecido às custas da
redução do volume celular pode ser fisiológico ou patológico

Causas:
• 1. Diminuição da carga de trabalho
– Aparelho gessado/tala = atrofia muscular (menor estímulo circulatório =
menor nutrição celular)
• 2. Perda da inervação
– A‐ Na poliomielite = atrofia muscular/lipomatose
– B‐ Neuroparalisia diabética + vasculopatia diabética = atrofia
muscular/lipomatose (pélvica/mmii)

• 3. Diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia)


– Redução do cérebro (aterosclerose carótida
– Redução do rim (aterosclerose de artérias renais

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4. Nutrição inadequada

5. Perda da estimulação endócrina


– Central (hipofisária) – por destruição parcial da hipófise –
atrofia dos órgãos alvo (tireoide, adrenais, ovários).
– Ovariana - atrofia de mamas, útero, genitália externa.

6. Envelhecimento
– Redução volumétrica orgânica (cérebro, ossos, mucosas).

7. COMPRESSÃO
– Causa: compressão mecânica e vascular sobre um
tecido/órgão.
– Fecaloma no cólon (dilata e atrofia a parede) em
hidronefrose por cálculo ou estenose do ureter.
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Metaplasia
• Mudança de um tipo de tecido adulto em outro de
mesma linhagem.
– Ex.: 1- Metaplasia brônquica – mudança de epitélio pseudo
estratificado ciliado em epitélio estratificado pavimentoso
(o qual é mais resistente) – tabagismo.

– Ex.: 2- Passagem de epitélio colunar do colo do útero para


escamoso (em inflamações).

Displasia
• É uma desorganização celular onde há alterações no
tamanho, na forma, na organização e n° de mitoses
aumentado.
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Agenesia
• É a ausência de algum órgão ou de parte do corpo.
• agenesia de nariz (a pessoa nasce sem nariz) agenesia de
vagina (a mulher nasce sem vagina) agenesia de uma
artéria(é a falta de uma determinada artéria) e assim por
diante.

Aplasia
• É definida em geral como "desenvolvimento defeituoso ou
ausência congênita de um órgão ou tecido.

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• Anaplasia
• Células malignas podem ser identificadas por mudanças
ocorrendo entre grupos de células e dentro de células
individuais. Essas alterações são conhecidas como
"anaplasia."

• Anaplasia é uma característica de malignidade; Ela não é


encontrado em tecidos normais ou em neoplasias benignas.

• Para caracterizar uma anaplasia temos que ter uma relação


núcleo citoplasmático aumentado.
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Doença: sinais, sintomas/
síndroma.

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BIBLIOGRAFIA
• DEL POZO, S. C. - Manual de Patología General - Masson. 5ª Edición. Barcelona. 2003;

• HEFFNER, L. – Compêndio de Reprodução Humana - Instituto Piaget, Lisboa, 2003;

• SEELEY, R. R. et al - Anatomia & Fisiología - Lusodidacta, Reedição. Lisboa, 2005;

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