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Patologia Geral Aplicada à

Enfermagem

ADAPTAÇÕES

Noções Gerais de Patologia e


Adaptações Celulares

Aluna: Aline de Souza Bitencourt


Noções Gerais de Patologia
Do grego pathos= doença/sofrimento e
logos=estudo/ciência.
Ciência que estuda as causas das doenças, os mecanismos
que as produzem, os locais em que ocorrem e as alterações
morfológicas e funcionais que apresentam (BRASILEIRO
FILHO, 2011).
A patologia é dividida em:
Patologia geral/básica (estuda o que é comum a todas as
doenças) e Patologia especial (estuda as doenças de um
determinado sistema ou órgão).

Elementos de uma doença


Etiologia: origem/causa. Ex.: bactérias, vírus.
Patogenia/patogênese: mecanismo, como o agente
agressor agride o organismo, percurso da doença.
Alterações morfológicas: macroscópicas e microscópicas
(anatomia patológica).
Fisiopatologia: alterações funcionais que determinam as
características clínicas e prognóstico da doença.
Propedêutica: manifestações subjetivas (sintomas) e
objetivas (sinais).
Diagnóstico:Arte ou técnica de identificar uma doença
pela anamnese e exame dos sintomas e sinais
apresentados pelo paciente.
Prognóstico: Previsão do curso ou desfecho da doença,
expectativa de recuperação ou sobrevida do paciente e
possibilidades terapêuticas. Ex.: sobrevida, letalidade,
recorrência etc.
Saúde X Doença
Saúde é a adaptação do organismo ao ambiente (físico,
psíquico e social) para que o
indivíduo se sinta bem (subjetivo), sem alterações
orgânicas evidentes (mensurável).

Doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente


físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo sente-se mal
(sintomas), e apresenta alterações orgânicas evidenciáveis
(sinais).
O que leva o organismo a sair do seu estado saudável para
adquirir uma doença?
Adaptação.
Adaptação é a propriedade geral dos seres vivos de
perceber as variações do meio e produzir respostas que
reestabeleçam novas condições normais de manutenção.

Idiopático:
indica que a etiologia da
doença não é conhecida.
Patognomônico:
sinal e/ou sintoma
considerado
característico e indicativo
de determinada doença.
Fonte: Robbins & Cotran, 2010.
Agressões celulares/lesões
> As células são capazes de se adaptar diante agressões.
> As características da agressão que determinam a capacidade,
ou não, de adaptação e posterior lesão na célula podem ser
agrupados em:
- resposta da célula ao estímulo, sua duração e sua gravidade.
- as consequências da lesão também dependem do tipo celular,
estado fisiológico e adaptação.
- diferentes tipos de mecanismos acionados que direcionam a
lesão.

Causas gerais de agressões:

REDUÇÃO NO FORNECIMENTO DE OXIGÊNIO


(hipóxia e anóxia);
RADICAIS LIVRES (provenientes do metabolismo
celular normal e radiações ionizantes);
AGENTES FÍSICOS (mecânicos, variação de temperatura
e radiações);
AGENTES BIOLÓGICOS (vírus, bactérias, protozoários,
fungos, helmintos etc);
AGENTES QUÍMICOS (poluentes ambientais, solventes
industriais, pesticidas, contaminantes/aditivos alimentares e
substâncias de uso abusivo);
ADAPTAÇÕES (hipertrofia, atrofia, hiperplasia e
metaplasia);
LESÕES CELULARES NÃO-LETAIS (degenerações e
pigmentações);
LESÕES CELULARES LETAIS (necrose e apoptose).
Adaptações Celulares
As adaptações celulares são processos reversíveis em
que, cessado o estímulo agressor, a célula volta a
sua conformação normal (homeostase).
Alterações no volume celular: atrofia/hipotrofia e
hipertrofia
Alterações da taxa de divisão celular: hipoplasia e
hiperplasia
Alterações de diferenciação: metaplasia
Alterações de crescimento e diferenciação: displasia e
neoplasia
HIPERTROFIA
Conceito: Aumento do tamanho da célula ou de um
número de células devido à síntese de mais componentes
estruturais da célula.
Causas fisiológicas: musculação e útero e mama na
gestação.
Causas patológicas: músculo cardíaco por sobrecarga
hemodinâmica (hipertensão arterial), obstáculo ao fluxo
sanguíneo (estenose valvar), musculatura lisa de órgãos
ocos (bexiga - aumento da próstata, tumores) e retículo
endoplasmático liso nos hepatócitos.
OBS: Não há células novas e sim células maiores.
Condições:
Fornecimento de O2 e nutrientes deve ser Útero na
maior para suprir o aumento de exigência das gestação:
células, células com organelas e sistemas hipertrofia +
enzimáticos íntegros e inervação preservada. hiperplasia
Estenose Valvar:
A estenose é um estreitamento da valva, como por
exemplo, a valva aórtica.
Esse estreitamento impede que as válvulas se abram por
completo, há diminuição no fluxo de sangue - coração
não consegue bombear corretamente o sangue -
fazendo com que o órgão faça muita força e hipertrofie.
Essa hipertrofia pode evoluir para uma Insuficiência
Cardíaca.
Causas da estenose: cardiopatia, acúmulo de cálcio na
válvula, febre reumática.
> A estenose pode ocorrer em todas as valvas, mas a
mais comum é a aórtica.

Fonte: Cardiologiahmt
Hipertrofia do Retículo Endoplasmático Liso de
Hepatócitos:

O RE liso possui a função principal de sintetizar


lipídios, degradar células tóxicas, transportar substâncias
etc.
Por esse motivo, os hepatócitos possuem muitos RE
lisos.
Com o uso recorrente de barbitúricos e/ou de etanol
(álcool) há uma maior demanda do fígado para degradar
essas moléculas, ocorrendo uma hipertrofia de retículos
endoplasmáticos para destruição total dessas drogas.

Essa adaptação possui um preço muito alto para as


células, pois a metabolização de substâncias consome
grande quantidade de energia e dificulta as outras
funções celulares - essa recorrência pode levar a morte
celular.

OBS: devido a essas adaptações dos RE lisos que há,


com o tempo, a resistência as drogas (precisa-se de uma
quantidade maior comparada ao primeiro uso para que
se tenha o mesmo efeito).
ATROFIA/HIPOTROFIA
Conceito: redução do volume das células que resulta
na diminuição do órgão (as células não estão mortas).

Causas fisiológicas: desenvolvimento embrionário


como notocorda e ducto tireoglosso e útero após o
parto.

Causas patológicas: desuso ou diminuição de trabalho


(osso fraturado imobilizado), insuficiência de nutrientes
(desnutrição, caquexia - fraqueza), atrofia das fibras
musculares (lesão de nervos, perda da inervação -
trauma, poliomielite), envelhecimento (atrofia senil,
redução do suprimento sanguíneo no cérebro), perda
de estimulação endócrina (menopausa há atrofia do
endométrio, epitélio vaginal e mama), pressão (tumor,
cisto, aneurisma pressionando tecidos circundantes),
diminuição do suprimento sanguíneo (aterosclerose) e
hidronefrose (atrofia+hipoplasia).
Hidronefrose: Obstrução da passagem de urina do rim
para a bexiga. Urina se acumula dentro do rim,
causando atrofia do parênquima renal.

Fonte: Google imagens.


HIPERPLASIA
Conceito: aumento no número de células em um órgão
ou tecido decorrente do aumento do ritmo de divisão
celular.
Frequentemente, hiperplasia e hipertrofia ocorrem juntas.
Só ocorre em células com capacidade de divisão celular
(células lábeis e estáveis).
Constitui um solo fértil no qual pode surgir
posteriormente uma proliferação cancerosa.

Causas fisiológicas: hiperplasia hormonal (aumentar a


capacidade funcional de um tecido, quando necessário),
exemplo das mamas na puberdade ou lactação e gravidez e
hiperplasia compensatória (aumenta a massa de um tecido
após lesão) exemplo regeneração do fígado após retirada
parcial de um lobo ( hepatectomia parcial), regeneração do
rim (nefrectomia parcial) e calos nos pés.

Causas patológicas: alteração hormonal (hiperplasia


endometrial em que há espessamento do revestimento do
útero devido ao excesso de estrogênio); hiperplasia
prostática benigna (desequilíbrio hormonal, idade ou
genética); infecções virais, como o HPV; Síndrome de
Cushing (aumento das glândulas supra-renais devido ao
aumento de produção de cortisol) e hiperfunção da
tireoide e hipófise (quando se desenvolve um adenoma,
aumentando a atividade da glândula).
Condições: suprimento sanguíneo suficiente,
integridade morfofuncional das células e inervação
adequada.

Hiperplasia prostática benigna.


Fonte: Strattner.

Síndrome de Cushing.
Fonte: Google imagens.
HIPOPLASIA

Conceito: diminuição do ritmo de renovação celular


e/ou aumento da taxa de destruição das células.
A região se torna menor e menos pesada, porém se
conserva o padrão arquitetural básico.

Causas fisiológicas: involução do timo após


puberdade(órgão linfoide que reduz de tamanho até
desaparecer) e involução das gônadas após climatério
(período reprodutivo para o não reprodutivo,
menopausa).

Causas patológicas: Anemia aplástica / aplasia medular


(medula óssea diminui a produção de células
sanguíneas, como resultado de danos por agentes
tóxicos, radioterapia, quimioterapia ou infecções como
AIDS e febre amarela), durante a embriogênese (defeito
para formação de um órgão ou parte dele - hipoplasia
renal e pulmonar, compatíveis ou não a vida) e esmalte
dentário (por falta de vitaminas, cáries, excesso de flúor
ou trauma).

Timo.
Fonte: Google imagens.
METAPLASIA

Conceito: um tipo celular adulto e diferenciado


(epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo
celular adulto e diferenciado (do mesmo folheto
embrionário).
Por ser uma resposta à lesão é sempre patológica.

Tipos:
Epitelial (metaplasia que acomete células epiteliais).

Mesenquimal (metaplasia que acomete células de


origem mesodermal- osso, cartilagem ou gordura).
Forma-se tecido cartilaginoso, ósseo ou adiposo onde
não havia esse tipo de tecido.
O mesênquima se origina do mesoderma e é
considerado tecido conjuntivo, quando indiferenciado
pode vir a tornar-se cartilagem, osso, vaso sanguíneo,
vaso linfático etc.

Célula mesenquimal.
Fonte: Google imagens.
Exemplos: Esôfago de Barret (esôfago exposto com
frequência ao ácido estomacal por, normalmente,
refluxo, há substituição do tecido epitelial pavimentoso
estratificado por células colunares semelhante as
estomacais) e metaplasia brônquica em tabagistas
(substituição das células epiteliais psedoestratificadas
cilíndrico ciliadas da traqueia por células
epiteliais pavimentosas estratificadas).

Causas: agressões mecânicas de longa duração, ação


repetida de calor associada à substâncias químicas e ação
irritativa inflamatória.

As influências que predispõem a metaplasia, se


persistirem, podem iniciar a transformação maligna no
epitélio metaplásico.

Esôfago de Barret.
Fonte: Google imagens.
Metaplasia Brônquica em tabagistas.
Fonte: Google imagens.
Exercícios

1) Defina Patologia e suas divisões.


2) O que é saúde e doença?
3) O que é adaptação?
4) Cite 5 causas de lesões.
5) Defina e exemplifique:
- Hiperplasia
- Hipoplasia
- Atrofia
- Hipertrofia
- Metaplasia
6) O que é hidronefrose e qual suas causas?
7) Qual a diferença da metaplasia do tipo epitelial
e do tipo mesenquimal?

Erros no material ou sugestões?


contatar:
alinesbitencourt@hotmail.com
Referências

KUMAR, V., ABBAS, A.K., FAUSTO, N.,


ASTER, J.C. Robbins & Cotran. Patologia:
Bases Patológicas das Doenças. Elsevier,Rio de
Janeiro, 2010.

BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo patologia.


9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

UNICAMP. ANATOMIA
PATOLÓGICA:
ÍNDICE ALFABÉTICO DE ASSUNTOS. Disponível em:
http://anatpat.unicamp.br/indexalfa.html. Acesso em: 28 abr.
2020.

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