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AULA 1 - INTRODUÇÃO
São substâncias contidas nos produtos farmacêuticos que conferem atividade terapêutica aos mesmos,
usados para impedir ou curar doenças. Eles agem interferindo nos processos biológicos e podem
apresentar efeito benéfico ou não ao usuário.
Vias de Administração
● Enteral: O fármaco entra em contato com qualquer segmento do TGI. Ex: Oral, bucal, sublingual,
retal
Na via oral observamos retardo na absorção da droga ( 3 a 60 min) e espectro de reações adversas
do início ao fim do TGI.
A via sublingual permite que o fármaco chegue direto na corrente sanguínea sem que haja metabolismo
de 1ª passagem e inativação pelos sucos digestivos. Adm em pequenas doses (maior suprimento
sanguíneo e menor espessura da mucosa).
● Parenteral: O fármaco não tem contato com nenhum segmanto do TGI. Essa via pode ser
dividida em duas classes:
1. Direta: Intravenosa, Intramuscular, Subcutânea, Intradérmica, Intra- arterial, Intracardíaca,
Peridural, Intra-articular.
2. Indireta: Cutânea, Respiratória, Conjuntival, Geniturinária, Intracanal
A via intravenosa não necessita que o fármaco seja absorvido, pois ele é administrado diretamente na
corrente sanguínea, gerando efeitos muito rápidos. Não é ideal para administrar veículos oleosos e
solutos insolúveis no sangue.
A ação do fármaco é resultado de um conjunto de processos que envolve:
Propriedades físico-químicas:
Polaridade: Se dá pela diferença de contribuição dos elementos químicos na ligação. A nuvem eletrônica
descoca-se para o átomo mais eletronegativo. A diferença de eletronegatividade forma um dipolo
elétrico na ligação, sendo o dipolo da molécula a soma vetorial de todos os dipolos das ligações
presentes.
Parâmetros que expressam Hidrofobicidade
● Coeficiente de Partição, LogP
Mede a hidrofobicidade da molécula como um todo;
Considerado o parâmetro mais importante em estudos de permeação e de relações estrutura –
atividade;
É a razão entre concentrações de uma substância, em condições de equilíbrio, em um sistema bifásico
constituído por uma fase orgânica e uma fase aquosa;
P = [fase orgânica] / [fase aquosa]
O sistema preferencial para determinação do coeficiente de partição, P, para emprego em estudos de
QSAR/SAR é o sistema 1-octanol : tampão fosfato pH 7,4
● Constante de Hansch
Mede a hidrofobicidade específica de grupos substituíntes;
Pode ser determinado experimentalmente ou calculado;
P = [fase orgânica] / [fase aquosa]
π =Log (Px/ PH)
● Refratividade Molar
É a medida do volume do composto e de quão facilmente este se polariza
RM = (n2– 1) M/(n2+ 2) ρ
n = índice de refração
M = massa molecular relativa
ρ= densidade do composto
M/ρ= medida do volume molar
n = medida da polarizabilidade
● Parâmetros Cromatográficos
- Determinação do Rf em c.c.f. – método impreciso;
- Determinação do fator de capacidade, K’, em HPLC – método preciso.
● Ionização
É um processo químico mediante ao qual se produzem íons, espécies químicas eletricamente carregadas,
pela perda ou ganho de elétrons a partir de átomos ou moléculas neutras. Há várias maneiras pelas
quais se podem formar íons. Na ionização de umácido, por exemplo, a molécula de água é responsável
por capturar um hidrogênio que está polarizado positivamente no ácido, formando o
íon hidroxônio (H3O+) e um ânion (A-, sendo A um elemento ou composto presente no ácido).
1. Estruturalmente Inespecíficos:
2. Estruturalmente Específicos:
Íon-dipolo induzido:
A molécula não tinha formação de dipolo, com a aproximação de um íon, forma-se um dipolo induzido
por uma molécula carregada.
Forças de London
As forças dipolo induzido-dipolo induzido são de fraca intensidade e ocorrem entre moléculas apolares,
entre átomos de gases nobres ou entre moléculas polares e apolares. Essa força ocorre por uma
deformação momentânea na nuvem eletrônica da molécula.
Ligações de Hidrogênio:
É bem mais forte que as forças de van der Waals porém, mais fraca que as ligações covalentes.
Quando um átomo de H está ligado a um átomo eletronegativo (F,O,N), o H pode apresentar uma
segunda ligação com um outro átomo, sendo esta uma ligação mais fraca que a anterior.
O carbono não faz ligação de Hidrogênio pois a eletronrgatividade deles é bem parecida, precisa ter uma
diferença de eletronegatividade.
Ligação de H intramolecular:
Ocorre quando uma molécula apresenta, simultaneamente, um grupo doador (geralmente H ligado a um
heteroátomo) e um grupo receptor de prótons (éster, carbonila, etc) em configuração espacial favorável.
É um ponto a menos de interação com o receptor.
ligação entre um H de um grupo amida e o O de um grupo
carboxílico.
Ligação de H intermolecular:
formada quando doador de H de uma molécula se associa
a um grupo receptor de H de outra molécula , sendo esse
processo denominado associação ( ou complexo de
hidrogênio).
● Ligação Iônica
Aproximando um átomo altamente eletronegativo de um de baixa eletronegatiidade, ele captura
elétrons tornando-se um íon negativo e tornando o outro um íon positivo. Como cargas elétrica opostas
se atraem, eles ficarão ligados por atração eletromagnética. Na transferência de elétrons o metal (íon
catiônico) para um ametal (íon aniônico) ocorre um forte atração eletrostática. Essa ligação é mais forte
que ligações de hidrogênio, porém menos intensas que a ligação covalente.
● Ligação Covalente
Resulta do compartilhamento de um par de elétrons entre dois átomos em diferentes moléculas. As
interações covalentes são tão fortes que, na maioria dos casos, são essencialmente irreversíveis ou
inibem o receptor.
● Complexo F-R
Substâncias químicas que tem atividade farmacológica semelhante, possuem grupos funcionais comuns
dispostos no espaço de maneira análogo. Disposição estérica- fatores estéricos determinados pela
estereoquímica, tanto do Receptor quanto do Fármaco, que possibilitam a formação de um complexo
entre eles e assim, a ação famacológica.
A atividade desse complexo depende de:
1. Distância Interatômicas
Entre alguns grupamentos são críticas para a atividade
Receptores são proteínas constituídas de aminoácidos ligados entre si através de seus grupos α – amino
e α – carboxilato, que possuem espaçamento regular entre as ligações peptídicas.
Distâncias importantes:
● Distância que separa 2 ligações peptídicas quando a proteína está distendida ao máximo = 3,61
Å
2. Distribuição Eletrônica
Responsável pela disposição espacial das moléculas
Determina muitas propriedades físico-químicas num composto: carga eletrônica, força de ligação,
distâncias interatômicas, constantes de dissociação, reatividade química, etc.
● Teoria da Charneira
Exigência de dois centros no receptor: Específico (Crítico) – Interage com grupos farmacofóricos(interage
com o fármaco) e Inespecífico (Não-Crítico) – Interage com grupos apolares.
● Teoria do Encaixe Induzido
Admite que o centro ativo da enzima é flexível (elástico), podendo ser deformado (alterado) e depois
voltar à forma original, teoria menos criticada.
A interação F-R é considerada uma acomodação topográfica e eletrônica e geralmente reversível, que
desencadeia o estímulo que resultará no efeito biológico.
Enzimas são proteínas que catalisam reações num sistema biológico, a catálise enzimática é iniciada
antes da interação enzima e substrato (complexo E.S). Os constituintes do sítio ativo são os responsáveis
pela especificidade da reação.
Formação do complexo E.S é a primeira etapa da catálise enzimática, formação e ruptura de ligações
químicas num sistema biológico são precedidas pela formação de complexo E.S.
As enzimas podem ser inibidas por substâncias específicas. Inibidor Enzimático – substância que diminui
ou bloqueia a catálise enzimática.
Tipos:
- Introdução
O metabolismo dos fármacos, ou seja, suas biotransformações, são as reações químicas responsáveis
pela conversão de fármacos em outros produtos dentro do corpo antes e depois que eles atingiram seus
sítios de ação. quase todas essas reações são catalisadas por enzimas.
As reações envolvidas no metabolismo dos fármacos são classificadas de reações de fase I e reações de
fase II. Normalmente, amos os tipos de reações produzem metabólitos que são mais hidrossolúveis e
desse modo mais facilmente excretados que o fármaco original.
Nas reações de fase I o aumento da solubilidade em água geralmente ocorre pela introdução de
grupamentos polares que aumentam a solubilização em água, tais como -OH, -COOH e -SO3H, ou
desmascarando grupamentos que aumentam a solubilidade em água (incluindo reações de hidrólise). As
reações de fase II, que também são conhecidas como reações de conjugação, aumentam a
hidrossolubilidade através da combinação de um reagente que aumenta a solubilidade em água com o
fármaco, formando um derivado altamente polar, algumas vezes chamado de conjugado.
Os fármacos são metabolizados tanto por enzimas não-específicas como por enzimas mais especificas
que são encontradas no corpo. Estas últimas geralmente catalisam o metabolismo dos fármacos que
possuem estruturas relacionadas àquelas dos substratos normais da enzima e desse modo são, até um
certo ponto, estereoespecíficas. A natureza estereoespecífica de algumas enzimas significa que os
enantiômeros podem ser metabolizados por vias diferentes, e neste caso eles podem produzir
metabólitos diferentes.
Variações na idade, no sexo e na genética geram diferenças metabólicas dentro de uma mesma espécie.
As doenças, principalmente no fígado, podem também afetar o metabolismo dos fármacos.
a) Idade. A capacidade de metabolizar fármacos é baixa nos muitos jovens (abaixo de 5 anos) e nos
idosos (acima de 60 anos). No feto e nos muito jovens (neonatos), muitas vias metabólicas não estão
plenamente desenvolvidas. Isto porque as enzimas necessárias para os processos metabólicos somente
serão produzidas em quantidades suficientes vários meses após o nascimento.
Crianças (acima de 5 anos) e adolescentes geralmente possuem as mesmas vias metabólicas que os
adultos. No entanto, seu volume corporal menor significa que doses menores são necessárias para
alcançar o efeito terapêutico desejado. Em geral, após os sessenta anos, o corpo gradualmente perde a
sua capacidade de metabolizar e eliminar o fármaco e os seus metabólitos. Isso leva a concentrações
sanguíneas mais altas do fármaco e à possibilidade de um aumento dos seus efeitos adversos.
b) Sexo. Normalmente, a via metabólica é seguida por um fármaco e é a mesma tanto para homens
como para mulheres. Em alguns casos, tais diferenças foram atribuídas a diferenças significativas das
concentrações de enzimas.
O metabolismo de um fármaco também é afetado pelo estilo de vida. Por exemplo, uma dieta precária,
bebidas alcoólicas, tabagismo, automedicação e abuso de drogas podem todos ter uma influência na
taxa de metabolismo.
- As Espécies e o Metabolismo
Acredita-se que as principais razões para as respostas diferentes a um fármaco por membros de espécies
diferentes sejam as diferenças de seus metabolismos.
Os metabólitos podem estar farmacologicamente ativos ou inativos. Os metabólitos ativos podem exibir
atividade semelhante à do fármaco, uma atividade diferente, ou ser tóxicos.
- Metabólitos Inativos: as vias que resultam em metabólitos inativos são classificados de processos de
desintoxicação.
- Metabólitos com Atividade Semelhante ao Fármaco: o metabólito pode exibir uma potência ou
duração, ou ambas, com respeito ao fármaco original.
- Metabólitos com Atividade Diferente do Fármaco: a atividade de um metabólito não tem relação com
aquela do fármaco precursor.
- Metabólitos Tóxicos: geralmente, a ação tóxica surge porque os metabólitos ativam um receptor
alternativo, ou atuam como um precursor para outros compostos tóxicos.
Sítios de Ação
O metabolismo de fármacos pode ocorrer em todos os tecidos e na maioria dos líquidos biológicos.
Entretanto, a faixa de ação mais ampla das reações metabólicas ocorre no fígado.
A administração oral de fármacos é a via de administração mais popular. A primeira região onde um grau
significativo de metabolismo ocorre geralmente é o trato gastrointestinal e no interior da parede
intestinal. Quando são absorvidos pelo TGI, muitos fármacos potenciais e existentes são extensivamente
metabolizados pelo metabolismo de primeira passagem.
As principais reações metabólicas da fase I são a oxidação, a redução e a hidrólise. As reações que
ocorrem dependerão principalmente da natureza das enzimas disponíveis, do esqueleto do
hidrocarboneto do fármaco e dos grupamentos funcionais presentes. Na prática a identificação dos
metabólitos de um fármaco e o seu significado em termos de efeito farmacológico normalmente
realiza-se durante os testes pré-clínicos e testes da fase I.
- Oxidação
A oxidação é de longe a reação metabólica mais importante da fase I. As principais enzimas envolvidas
na oxidação dos xenobióticos parecem ser as oxidades de função mista ou as monoxigenases, que são
encontradas principalmente no retículo endoplasmático liso do fígado, mas também ocorrem até certo
grau nos outros tecidos. O mecanismo pelo qual essas oxidases de função mista operam pode envolver
uma série de etapas, e cada etapa é controlada por um sistema enzimático apropriado. Essas etapas
podem ter naturezas oxidativas ou redutoras.
Os xenobióticos lipossolúveisão bons substratos para as citocromo P-450 monoxigenases porque altas
concentrações desse sistema enzimático são encontradas no tecido lipídico.
As flavinas monoxigenases (FMO) também são uma importante família das oxidases de função mista
não-seletivas. Elas catalisam a oxidação de grupamentos nucleofílicos tais como os anéis aromáticos,
aminas, tióis e sulfetos, mas não metabolizarão substratos com grupamentos aniônicos.
Várias outras enzimas, tais como a monoamino oxidase, álcool desidrogenase e xantina oxidase, também
estão envolvidas no metabolismo de fármacos. Essas enzimas tendem a ser mais específicas, oxidando
os xenobióticos mais relacionados ao substrato normal da enzima.
- Redução
A redução é uma reação importante do metabolismo de compostos que contêm grupamentos redutíveis,
tais como os aldeídos, cetonas, alcenos, grupamentos nitro, grupamentos azo e sulfóxidos. A redução de
alguns grupamentos funcionais resulta na formação de estereoisômeros.
Embora isso signifique que podem ser necessárias duas vias metabólicas para arcar com os produtos da
redução, geralmente somente um produto predomina.
As enzimas usadas para catalisar as reduções metabólicas geralmente tem ações específicas.
- Hidrólise
A hidrólise é uma importante reação metabólica para fármacos cujas estruturas contem grupamentos
éster e amida. A hidrólise de ésteres freqüentemente é catalisada por esterases não-específicas do
fígado, rins e outros tecidos, assim como pelas pseudocolinesterases do plasma. A hidrólise de amidas
também é catalisada por esterases não-específicas assim como amidases não-específicas,
carboxipeptidases, aminopeptidases e deciclases. No contexto do metabolismo a hidrólise é a clivagem
de uma ligação pela incorporação da água na estrutura.
Geralmente a hidrólise dos ésteres é rápida, ao passo que aquela das amidas freqüentemente é muito
mais lenta. Isso torna os estéreis adequados como pró-fármacos e as amidas como uma fonte potencial
de fármacos de liberação lenta.
Deve-se sempre lembrar que a maioria dos fármacos é metabolizada por várias vias, cada uma das quais
normalmente envolve uma série de reações. Em outras palavras, o metabólito de uma reação torna-se o
ponto de partida para uma reação subseqüente, e este processo repete-se até que o fármaco tenha sido
convertido em um composto que tanto pode ser excretado como pode ficar inerte farmacologicamente.
- Alcanos: Geralmente, as ligações alifáticas saturadas C-H são metabolizadas por hidroxilação.
Normalmente esta ocorre na ligação C-H w, ou w-1 de uma cadeia de hidrocarboneto saturada ou na
ligação alfa-C-H próxima a um grupamento atrator de elétrons, tal como um anel benzeno, ou
grupamentos cloro, amino alifático, ceto ou éster. A oxidação deste último é preferida à hidroxilação w,
ou w-1.
- Alcinos: Acredita-se que alguns grupamentos alcino sejam oxidado aos oxirenos muito reativos, que
sofrem reações subseqüentes de vários modos.
A maioria dos grupamentos alcinos parece ser estável ao metabolismos e os compostos que contêm
esses grupamentos são metabolizados por reações que envolvem outros grupamentos.
- C-H Aromático: A principal oxidação metabólica das ligações C-H aromáticas é a hidroxilação,
freqüentemente na posição para. Os metabólicos fenólicos dessa hidroxilação freqüentemente são
adicionalmente metabolizados aos sulfatos e glucuronatos hidrossolúveis correspondentes que são
excretados na urina.
A natureza eletrofílica reativa do anel epóxido significa que os intermediários areno-óxidos
provavelmente reagem espontaneamente com os grupamentos funcionais nucleofílicos de quaisquer
moléculas biológicas endógenas, tais como a glutationa, os ácidos nucléicos e as proteínas.
- Anéis Heterocíclicos: o metabolismo dos anéis heterocíclicos geralmente envolve o átomo hetero ou a
hidroxilação do átomo do carbono-alfa. Os produtos dessa hidroxilação geralmente são instáveis,
freqüentemente decompondo-se por reações que envolvem a clivagem da ligação heteroátomo-C.Os
heteroátomos de enxofre geralmente sáo oxidados gerando o sulfóxido ou a sulfona correspondentes.
De forma semelhante, os heteroátomos insaturados de nitrogênio podem ser metabolizados ao óxido
correspondente. No entanto, essa reação geralmente é uma via metabólica sem importância para os
fármacos. A hidroxilação também é rara.
Os compostos reativos acil e carbonil produzidos pela desidroalogenação oxidativa podem reagir ainda
com a água, formando ácidos carboxílicos menos tóxicos. Entretanto, esses intermediários também
podem reagir com os grupamentos nucleofílicos de muitas moléculas biologicamente ativas que
ocorrem naturalmente, tais como o DNA, as proteínas, os carboidratos e os lipídios.
O metabolismo redutor dos compostos polialogenados também pode ocorrer por meio de um
mecanismo de radical livre.
-Haletos de Arila: são muito estáveis, por isso utilizam uma via metabólica que se baseia na hidroxilação
do anel aromático ou de um dos outros grupos funcionais do fármaco.
-Alcoóis: em geral alcoóis 1º são metabolizados por oxidação (álcool desidrogenase) ao aldeído
correspondente, e posteriormente os aldeídos são metabolizados à ácidos carboxílicos. Os alcoóis 2º são
metabolizados à cetona correspondente, porém esta via não é muito importante uma vez que as cetonas
produzidas são prontamente reduzidas de volta ao álcool. Já alcoóis 3º geralmente não são
metabolizados por oxidação.
-Aminas: todo tipo de amina alifática pode ser oxidado pelas CYP-450 e FMO (Flavina Monoxigenase),
mas cada classe de aminas gera tipos diferentes de compostos. Aminas 1ª de carbono sp3 é
metabolizada à hidroxilamina e por último à Nitro alcanos. Já aminas 2ª são metabolizadas (oxidadas) à
iminas, cetonas, hidroxilaminas ou nitro alcanos. Aminas ligadas a grupamentos metileno podem ainda
ser convertidas à aldeído pela MAO (monoamino oxidase), e posteriormente esses aldeídos oxidados à
ácidos carboxilico.
As aminas secundárias podem ser oxidadas à Di alquil N-Oxidos e aminas 3ª podem ser oxidadas à Tri
alquil N-Oxido como mostrado na figura abaixo.
O Carbono alfa ao nitrogênio pode ainda sofrer uma hidroxilação pela CYP-450 em um intermediário
instável que se decompõe com a clivagem da ligação C-N em um composto carboxílico (aldeído ou
cetona) e um composto com nitrogênio (amina, amonia)
As aminas 1ª ligadas a grupamentos metilicos (CH3) são oxidadas pela CYP-450 à cetona correspondente,
já aminas 2ª e 3ª são metabolizadas à aldeídos e cetonas num processo chamado de N-desalquilação.
Grupamentos alquil pequenos são removidos na forma de aldeído e cetonas. Deve-se lembrar que
sempre que houver ligações alfa C-H em ambos os lados do grupamento amina, pode ocorrer a
metabolização por todas as vias de hidroxilação possível.
As amidas também podem ser metabolizadas por alfa-hidroxilação oxidativa e por desalquilação ou
N-hidroxilação. A alfa-hidroxilação oxidativa e a desalquilação ocorrem na ligação alfa C-H do resíduo
amina.
Exemplos de Metabolização de
Alguns Fármacos com Amidas
-Aldeídos e Cetonas: Os aldeídos podem ser oxidados ou reduzidos, entretanto eles são mais facilmente
oxidados à ác. carboxilicos. Já as cetonas são resistentes à oxidação, assim são geralmente reduzidos à
alcoóis que posteriormente sofrem reações de fase II.
Exemplos de Metabolização de Alguns Fármacos com Aldeído ou Cetona
-Ácido Carboxílico: são metabolizados por oxidação no carbono alfa e beta à carbonila do ácido, desde
que haja grupamentos metílicos. A oxidação beta é mais comum levando a formação de um
intermediário tioester acetil CoA, esta oxidação sempre envolve a perda de dois carbonos. Já a oxidação
alfa pode ocorrer quando a oxidação beta não é possível, e ela resulta na perda de um único átomo de
carbono.
-Éteres: sofrem desalquilação oxidativa catalisada por oxidases de função mista formando alcoóis,
fenóis, aldeídos ou cetonas.
-Nitrilas: As nitrilas alifáticas são metabolizadas por oxidação ao aldeído correspondente liberando CN- .
-Sulfetos e Sulfóxidos: Sulfetos comumente sofrem oxidação pela FMO à sulfóxidos, este pode sofrer
oxidação adicional da FMO gerando uma sulfona.
Os sulfetos também podem sofrer desalquilação formando aldeído ou cetona.
-Conjugação com Aminoácidos: importante via de eliminação de ácidos carboxilicos, ocorre por diversas
etapas envolvendo ATP, formação de AMP, Acetilações, todas as reações contribuindo para a formação
de aminoácidos conjugados mais hidrossoluveis.
-Conjugação com Ácido Glicurônico: é considerada a reação mais importante de fase II, isso porque no
corpo existem boas quantidades dele no corpo. Várias funções são metabolizadas por essa via como
alcoóis, fenóis, aminas, tióis, e alguns ácidos carboxilicos. Os fármacos reagem com UDPGA (ácido
glicuronico difosfato de uridina) formando um conjugado altamente solúvel em água.
-Conjugação
com Glutationa:
este é um grupamento
tiol nucleofílico o qual reage na primeira etapa de eliminação de compostos cujas estruturas contém um
centro eletrofílico, como nitro, sulfonato, nitrato e epóxido. Uma vez formados os conjugados de
glutationa, estes são convertidos à derivados do ácido mercaptúrico sendo posteriormente excretados.
-Metilação: ocorre em fármacos que contenham grupamentos fénois, tiol ou amina. A metilação é
catalisada por metil transferases.
O conhecimento da via metabólico de um fármaco pode ser usado para o desenho de análogos com
metabolismo diferente do protótipo. Essa alteração pode levar a um aumento na estabilidade ou
aumento na facilidade de metabolismo em relação ao protótipo. Geralmente consegue-se um aumento
da estabilidade metabólica e portanto da duração da ação do fármaco substituindo um grupamento
reativo por um grupamento menos reativo. Por exemplo pela troca de um grupamento ester por amida.
Deve-se ficar atento pois algumas dessas modificações podem resultar numa mudança na atividade
farmacológica como por exemplo a substituição do grupamento ester do anestésico local procaína por
um grupamento amida produz a procainamida que atua como um agente antiarrítmico. Essa abordagem
levou ao desenvolvimento dos fármacos moles, que são compostos com atividade biológica que são
metabolizados rapidamente por uma via previsível. A vantagem desse tipo de fármaco é que sua
meia-vida é tão curta que a possibilidade de o paciente receber uma dose excessiva fatal é
consideravelmente reduzida.
PRÓ – FÁRMACOS
São compostos inativos que geram um composto ativo em função do seu metabolismo, que pode ser
controlado por enzimas ou não.
Raramente os pró – fármacos satisfazem a todos estes critérios. Um bom exemplo que preenche a
maioria dos critérios é a becampicilina, um dentre os vários pró-fármacos do antibiótico ampicilina.
Sua absorção é muito maior que a da ampicilina, requerendo doses menores para manter o fármaco
dentro de sua janela terapêutica, causando menos efeitos tóxicos ao trato gastrointestinal.
Pró-fármaco é qualquer composto que sofre biotransformação antes de exibir seus efeitos
farmacológicos, ou seja, um fármaco ativo, quimicamente transformado em um derivado inativo, que é
convertido por um ataque químico ou enzimático ou de ambos no fármaco matriz no organismo, antes
ou após alcançar seu local de ação.
Razões relacionadas ao fármaco matriz que justificam a necessidade de modificação molecular por meio
de latenciação:
Para permitir este aprimoramento das propriedades do fármaco matriz, os pró-fármacos devem
possuir:
O desenvolvimento de pró-fármacos tem como objetivo resolver diversos problemas relacionados aos
fármacos, como baixa biodisponibilidade, toxicidade, falta de seletividade e instabilidade, entre outros.
BIOPRECURSORES
São fármacos atentes, que não apresentam um transportador propriamente dito, pois são moléculas
inativas, que sofrem biotransformação in vivo, para transforma-se em metabólito ativo. Como exemplo
tem-se lovastatina, AZT, metronidazol, enalapril e PDT
PRÓ-FÁRMACOS CLÁSSICOS
Segue a definição clássica de latenciação sendo, por si só, inativos ou menos ativos que o fármaco
matriz, devendo sofrer hidrólise para liberar a porção ativa. São obtidos mediante ligação do fármaco
matris a um transportador adequado, com o objetivo de melhorar as propriedades físico-químicas e,
consequentemente, a atividade terap~eutica, graças ao aumento da biodisponibilidade, da seletividade,
à redução da toxicidade e ao prolongamento da ação.
Pequenas moléculas, como os açúcares, aminoácidos ou pepetidios, pode ser utilizadas como
transportadores, para melhorar a biodisponibilidade, por aumento da hidrossolubilidade, também
podem diminuir a toxicidade. A estabilidade destes fármacos deve ser considerada.
PRÓ-FÁRMACOS MISTOS
PRÓ-FÁRMACOS RECÍPROCOS
Caracterizam-se por seu transportador, diferentemente dos pró-fármacos clássicos, também possuir
atividade terapêutica. Dessa forma, pode-se obter pró-fármaco com atividades terapêuticas diferentes
ou semelhantes atuando por mecanismo da ação diferentes ou iguais. Tal processo é especialmente
racional nos casos em que há sinergismo de ação.
FÁRMACOS DIRIGIDOS
A estrutura anatômica dos vasos em tecidostumorais é diferente daquela dos normais. Os vasos dos
tecidos tumorais apresentam as propriedades de permeabilidade e retenção aumentadas (EPR,
Enhanced Permeability and Retention), as quais desempenham papel essencial na distribuição do
fármaco no espaço intersticial . São elas:
(1) o aumento da permeabilidade microvascular em relação ao vaso normal, o que facilita na penetração
de macromoléculas.
(3) a falta de sistema linfático para drenagem, que resulta em acúmulo de macromoléculas no interior
dos tecidos tumorais
Além de promover liberação lenta do fármaco matriz, os pró-fármacos poliméricos podem diminuir a
toxicidade do fármaco, aumentando sua seletividade
NOVAS ESTRATÉGIAS PARA A LATENCIAÇÃO UTILIZANDO TRANSPORTADORES POLIMÉRICOS
Com base em estudos envolvendo a distribuição do fármaco no espaço vascular, a sua penetração
através da parede microvascular, movimento através do espaço intersticial e interação com a superfície
celular, explorando o efeito EPR, novas estratégias foram propostas para o desenvolvimento de
polímeros terapêuticos de segunda geração.
1. pró-fármacos conjugados poliméricos ativos em membrana, o qual encontra-se ainda em fase inicial
de pesquisa
2. sistemas de duas etapas: sistemas PDEPT (PolymerDirected Enzyme Prodrug Therapy) e PELT
(Polymer–enzyme Liposome Therapy).
Os pró-fármacos poliméricos também podem ser utilizados em conjunto com a farmacotécnica para
melhoria da atividade.
Com o avanço das técnicas de clonagem e de expressão controlada de genes em células de mamíferos,
elucidou-se, recentemente, a estrutura tridimensional de enzimas e transportadores de membrana,
tornando possível o planejamento racional de fármacos dirigidos. Fazem parte dessa classe de formas
latentes de alta seletividade de ação os sistemas: ADEPT– e GDEPT/VDEPT .
A eficácia da quimioterapia para o tratamento do câncer é limitada pela ocorrência dos efeitos
colaterais, devido à falta de seletividade dos antineoplásicos de uso corrente em relação às células
normais e ao aparecimento de células tumorais resistentes aos fármacos.
O sistema ADEPT utiliza enzima não existente no organismo, acoplada a um anticorpo monoclonal, para
ativar o pró-fármaco, aumentando, significativamente, a seletividade dos agentes anticancerígenos
Os pró-fármacos desenvolvidos para o sistema ADEPT devem ser menos citotóxicos que seus fármacos
ativos correspondentes, requerendo, também, grande conhecimento da relação entre a estrutura e
atividade biológica
Vantagens:
• Liberação do fármaco ativo, que tem baixa massa molecular, penetrando facilmente na célula tumoral;
• A concentração do fármaco na célula tumoral é bem maior quando o mesmo é administrado na forma
de pró-fármaco;
• Amplificação do efeito, uma vez que uma enzima pode atuar em diversos pró-fármacos.
Desvantagens:
• Imunogenicidade do complexo anticorpo-enzima. Tal problema pode ser resolvido usando-se anticorpo
com enzima de mamíferos;
• Potencial para matar célula normal devido à liberação do fármaco pela célula tumoral morta. Esse
inconveniente pode ser solucionado pelo uso de fármacos com meia-vida curta
Este processo utiliza genes que codificam enzimas ativadoras de pró-fármacos, os quais podem ser
transportados por lipossomas, lipídios catiônicos ou vírus (retrovírus ou adenovírus), atingindo células
neoplásicas e normais. A expressão de tais genes pode ser feita ligando-se os mesmos nas unidades de
transcrição específicas do tumor.
CONCLUSÃO
A latenciação tem se mostrado ferramenta útil na busca por fármacos, sobretudo com propriedades
farmacocinéticas aprimoradas, como alternativa terapêutica para muitas doenças, tanto aquelas
provocadas por agentes invasores e neoplasias, como as derivadas de distúrbios funcionais do
organismo.