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FISIOPATOLOGIA HUMANA
2020-2021
João Costa
NOTA INTRODUTÓRIA
Caros colegas,
Esta sebenta foi feita com recurso aos PPT das aulas teóricas, juntamente com os
apontamentos que tirei ao longo das aulas teóricas e com algumas informações e pormenores
que considerei relevantes da bibliografia recomendada. Para facilitar o estudo, podem
encontrar ao longo da sebenta algumas revisões de Fisiologia, as quais foram retiradas dos PPT
teóricos e da sebenta já existente.
Não me responsabilizo por erros científicos que possam ocorrer nesta sebenta nem
pelas respetivas consequências dos mesmos, pelo que apelo ao vosso espírito crítico e, sempre
que possível, que confrontem a informação aqui presente com as outras ferramentas de estudo
disponíveis, como os PPT teóricos, a bibliografia recomendada ou as gravações das aulas
teóricas.
Espero que a sebenta vos ajude no estudo desta UC! Que muito precisamos!
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ÍNDICE
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MECANISMOS GERAIS DE DOENÇA. LESÃO E MORTE CELULAR
HOMEOSTASIA
Desvio do
Estímulo Comunicação Centro de Comunicação
normal (set- Efetor
adequado aferente regulação eferente
point)
A doença surge perante a falência dos mecanismos homeostáticos, que pode estar
associada a três principais causas:
• Falta de um elemento essencial, como insulina, timo ou fator de coagulação;
• Presença de antagonistas, como anticorpos anti-insulina ou glucagon;
• Capacidade de resposta ultrapassada, como no caso da coagulação
intravascular disseminada (CID), na qual o doente morre de hemorragia interna
uma vez que há gasto dos fatores de coagulação.
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Podem existir vários tipos de resposta à agressão, incluindo neuroendócrina,
inflamatória, hemostática, circulatória, termorreguladora, metabólica, hematológica,
imunológica ou regeneradora.
Os agentes de doença não são totalmente orgânicos, sendo físicos, químicos, biológicos,
nutricionais, genéticos ou psicossociais.
Paralelamente, as causas de maior suscetibilidade incluem a idade avançada, o estilo
de vida, os fatores genéticos, a biografia fisiológica (peso, gravidez, menopausa…) e a biografia
patológica (história clínica).
DOENÇA
De acordo com a OMS, considera-se saudável todo o indivíduo que pode utilizar em
pleno as suas capacidades físicas e intelectuais. Quando estas se encontram, de algum modo,
comprometidas fala-se em doença.
Consideram-se as seguintes formas de doença:
• Síndrome – sinais e sintomas que se associam caracteristicamente a uma
determinada doença. São exemplos a anemia, a icterícia ou a hipertensão;
• Entidades nosológicas – apresentam uma etiologia, patocronia (evolução da
doença) e fisiopatologia específicas e constante em todos os doentes. São
exemplos as doenças infecciosas, as queimaduras ou as intoxicações;
• Doenças genéticas – hereditárias ou adquiridas (síndrome de Down):
o Doenças cromossómicas – síndrome de Down;
o Doenças monogénicas – hipercolesterolemia familiar, fenilcetonúria;
o Doenças poligénicas ou multigénicas – artrite reumatoide, diabetes.
• Doenças ambientais – devidas, por exemplo, a ambientes microbiológicos;
• Doenças multifatoriais – devem-se a fatores ambientais e genéticos;
• Doenças idiopáticas – de causa desconhecida;
• Doenças iatrogénicas – associadas a um tratamento.
AGENTE
ETIOLÓGICO
SINAIS SINTOMAS
Um sinal é tanto mais sensível quanto menor for o número de falsos negativos associado.
Um sinal é tanto mais específico quanto menor for o número de falsos positivos associado.
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MECANISMOS DE LESÃO E MORTE CELULAR
A lesão celular irreversível tem por base a perda de função de barreira das membranas
celulares, atingindo, nomeadamente, o citoesqueleto, a membrana, o retículo endoplasmático,
as mitocôndrias e o núcleo. Consideram-se várias causas de lesão celular:
• Isquemia – insuficiente fornecimento de sangue a um tecido ou órgão;
• Hipoxia – diminuição da 𝑃𝑂2 no organismo;
• Hipoglicemia;
• Radicais livres (OH-, H2O2, O-), produzidos naturalmente pelo organismo;
• Reações imunológicas (autoanticorpos) – aquando do processo de lesão
celular, substâncias intracelulares passam para o meio extracelular e são
produzidos autoanticorpos;
• Microrganismos;
• Agentes físicos e químicos.
A lesão pode ser direta – como mecanismo de defesa, como os radicais livres – ou
indireta, como processos que diminuem a produção de energia, como é o caso da isquemia
Hipertrofia
Aumento da
Estímulo atividade
Célula em stress
patológico funcional
Hiperplasia
Atrofia
Hipertrofia - > do tamanho Estímulo
Diminuição da
permanece
Hiperplasia - > do nº células atividade
funcional
Atrofia - < do tamanho Involução
Involução - < do nº células
Metaplasia – diferenciação celular
Diferenciação
Metaplasia
reversível (o tecido/órgão torna-se celular
resistente ao estímulo)
LESÃO DIRETA
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Em relação às reações que envolvem metais de transição, salienta-se o facto do ferro e do
cobre circularem sempre associados a proteínas de transporte, para se evitarem reações
que formem radicais livres de oxigénio.
LESÃO INDIRETA
A lesão indireta tem por base a diminuição da produção de energia, que pode ser
atingida através de três mecanismos principais:
• Hipoglicemia;
• Toxinas endógenas e exógenas, como a bilirrubina e o etanol, respetivamente;
• Hipoxia – diminuição da ventilação ou do transporte de oxigénio, podendo ser:
o Hipoxémica (𝑷𝑶𝟐 < 80 mmHg) – causada por baixa concentração de O2
no ar (altitude), obstrução das vias aéreas ou doenças pulmonares;
o Isquémica – por perfusão insuficiente, devido a insuficiência cardíaca
ou trombose;
o Anémica – por baixo número de eritrócitos e pouca hemoglobina;
o Histotóxica – envenenamento por cianeto, que bloqueia as enzimas da
membrana mitocondrial.
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Globalmente:
APOPTOSE
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Encontra-se associado a um número reduzido de células, sendo constituído por:
1. Priming celular (síntese de enzimas para a dissolução celular);
2. Perda de junções e ativação de endonucleases;
3. Condensação da cromatina;
4. Fragmentação celular e formação de corpos apoptóticos;
5. Digestão dos fragmentos celulares pelas células vizinhas.
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Os glucocorticoides, o TNF e o recetor CD95 estão diretamente implicados na
estimulação das caspases.
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INFLAMAÇÃO. SÉPSIS E CHOQUE SÉPTICO
A inflamação constitui uma resposta biológica e fisiológica dos tecidos vivos à agressão,
caracterizando-se por fenómenos locais associados a alterações sistémicas, configurando assim
a reação de fase aguda.
É considerada o paradigma da resposta imunitária inespecífica, sendo independente da
natureza do estímulo e da existência ou não de contactos prévios com o mesmo.
Os sinais major da inflamação são: calor, rubor (vermelhidão), tumor (inchaço), dor e
impotência funcional.
Juntamente com a inflamação, também a hemostase, a regeneração e a resposta
imunitária constituem reações vitais do organismo à lesão com efeitos protetores, mas que
também podem produzir danos. A inflamação, fundamentada na vascularização, tem como
objetivos principais limitar a difusão do agente agressor, promover a sua destruição, remover
os detritos celulares e iniciar a reparação tecidular.
INFLAMAÇÃO AGUDA
A inflamação aguda é de curta duração (no máximo, 1 semana). Quando a mesma dura
entre 1 e 4 semanas, designa-se de inflamação subaguda.
A inflamação aguda apresenta duas componentes: vascular, focada na unidade
microcirculatória (metarteríolas e esfíncteres pré-capilares) e que se baseia nos processos de
hiperémia e estase, e celular, que envolve a migração de leucócitos especializados (neutrófilos
e monócitos) para os espaços intercelulares.
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Já o exsudado forma-se quando ocorrem, para além dos processos referidos para o
transudado, também alterações na permeabilidade do endotélio vascular (das vénulas pós-
capilares), o que faz com que este fluido seja rico em proteínas plasmáticas que,
normalmente, se encontram exclusivamente no vaso sanguíneo.
Constitui, portanto, um fator único à inflamação. Sob estímulos intensos, o exsudado pode
até conter eritrócitos e leucócitos, como nas queimaduras ou infeções por Streptococcus β-
hemolíticos tipo A).
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o Exsudado membranoso – desenvolve-se à superfície das mucosas quando as
células necrosadas começam a ser envolvidas por exsudado fibrino-purulento
da superfície mucosa;
• Inflamação purulenta ou supurativa – consequência de infeções provocadas por
microrganismos piogénicos ou de lesões graves envolvendo necrose extensa ou que
envolvem toxinas irritantes. Este exsudado é rico em pus, um fluido espesso esverdeado
com neutrófilos, proteínas e fragmentos de tecido.
O abcesso é a acumulação localizada de pus, que se forma quando o agente agressor não
pode ser neutralizado. À medida que os tecidos se tornam progressivamente mais
necróticos, vários constituintes celulares são libertados para o abcesso.
O quisto é um saco preenchido por líquido, após a remoção do agente pela inflamação.
COMPONENTE CELULAR
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processo, contribui a existência de interações hemofílicas e envolve moléculas
como as caderinas, PECAM e JAM. Para além disso, o aumento de Ca2+
intracelular nas células adjacentes é essencial para uma mais fácil contração dos
filamentos de actina e miosina, com consequente aumento da tensão das
células endoteliais.
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Os mediadores químicos da inflamação podem ser intracelulares, encontrando-se
normalmente nos grânulos celulares (como a histamina nos mastócitos) e sendo sintetizados e
secretados por ativação celular, ou extracelulares, produzidos no fígado como precursores,
necessitando de ser ativados. Os mediadores extracelulares podem ser induzidos de forma
indireta pelo fator de Hageman (fator XII).
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• Aplicação de frio – resposta vasoconstritora arteriolar;
• Aplicação de calor – favorece a fagocitose, devendo ser aplicado mais
tardiamente;
• Elevação do membro – redução do fluxo e diminuição do inchaço;
• Ligadura constritiva – aumenta a drenagem linfática.
A nível da terapêutica medicamentosa, consideram-se:
• Anti-histamínicos – bloqueiam a ação da histamina nos recetores dos vasos, por
estabilização da membrana dos mastócitos;
• Corticosteroides – apresenta efeitos positivos, como a inibição da produção de
ácido araquidónico e consequente redução das prostaglandinas, tromboxano e
leucotrienos. Paralelamente, apresenta efeitos negativos como a estabilização
das membranas dos lisossomas ou o aumento da suscetibilidade à infeção.
INFLAMAÇÃO CRÓNICA
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HIPERTERMIA E FEBRE
O LPS é resistente ao calor, não sendo suficiente a esterilização por calor para eliminar os
seus efeitos pirogénios.
Picos de febre durante a bacteriemia: ativação de monócitos e macrófagos
A febre não é sinónimo de infeção, podendo estar associada a outras patologias, como
o enfarte do miocárdio, embolia pulmonar, neoplasias ou traumatismos.
Necrose dos
Enfarte do Produção de
tecidos Inflamação Febre
miocárdio citocinas
circundantes
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VIAS FISIOPATOLÓGICAS DA FEBRE
Fixação em Ativação da
recetores fosfolipase Penetração
LPS e Produção Aumento
específicos A2 e COX2 e da PgE2 no
citocinas de AMPc do set-point
do produção hipotálamo
hipotálamo de PgE2
Aferência vagal
Por via Ativação da Produção de
a partir do
adrenérgica fosfolipase A2 PgE2 e Produção de Aumento do
bulbo e
para a área pré- através da penetração no AMPc set-point
citocinas no
ótica e o.v.l.t. noradrenalina hipotálamo
hipotálamo
Fase prodrómica
Cefaleias moderadas Fadiga Mal-estar geral Pele pálida Piloereção Dores fugazes
Fase de calafrios
Ocorre no aumento da temperatura (37ºC -->
Calafrios Tremor generalizado
39ºC)
Fase de rubor
Ocorre na diminuição da temperatura (39ºC --
Vasodilatação Rubor
> 37ºC)
Fase de defervecência
Sudação
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Um indivíduo sob efeito farmacológico alterna o seu estado febril entre as fases de
calafrios e de rubor, consoante ocorre o aumento e a diminuição da temperatura corporal.
Outras manifestações clínicas da febre, de entre as quais são perigosas, são as seguintes:
• Taquicardia – 10 – 15 bpm acima do normal/ºC de elevação térmica;
• Aumento do gasto cardíaco – pode provocar crises anginosas em doentes
insuficientes;
• Diminuição da produção de urina e aumento da sua densidade e desidratação,
devido à excreção de água e sódio pelo suor;
• Convulsões por disfunções neuronais, sobretudo em crianças;
• Alcalose respiratória como consequência da hiperventilação.
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ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS
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NEOPLASIAS
Neoplasma = tumor
Oncologia = Cancerologia = estudo dos tumores
Cancro = neoplasma maligna
Carcinogénese – mecanismos de produção ou indução de tumor
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Os tecidos podem responder adaptativamente ao crescimento de diferentes formas,
incluindo um crescimento adaptativo não tumoral – hipertrofia, hipotrofia, hiperplasia,
hipoplasia e aplasia (ausência de desenvolvimento do órgão) –, ou tumoral e pré-tumoral –
metaplasia, displasia (alteração do tamanho e forma celular – pleomorfismo – e da arquitetura
do tecido, configurando-se num estadio pré-tumoral), anaplasia (reverso da diferenciação, com
aumento da capacidade reprodutiva e redução da especialização funcional) e neoplasia.
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O padrão de crescimento do tecido é determinado pelo equilíbrio entre inibição e
estímulo – fatores de crescimento vs. fatores inibidores de crescimento.
ESTRUTURA DO TUMOR
Um tumor neoplásico celular pode ser benigno, caso apresente células normais, com
arquitetura quase normal, ou maligno, caso apresente pleomorfismo, em configuração
desordenada, e células anaplásicas.
O estroma fibroso constitui o tecido conjuntivo que suporta as células tumorais
(tumores densos). Os tumores malignos variam na capacidade de estimular os fibroblastos para
produção dos componentes estromais.
O estroma vascular (angiogénese) forma-se, uma vez que, ao crescer, o tumor precisa
de mais nutrientes, formando-se novos vasos por ação de factores de crescimento endoteliais.
Os vasos sanguíneos intra-tumorais são caóticos, sinuosos e labirínticos para dificultar o ataque
ao tumor (teoria do caos vascular).
Indutores da angiogénese Inibidores da angiogénese
Interferões, fator plaquetário 4, análogos da
vitamina D3, trombospondina, angiostatina,
VEGF, bFGF, TGF, TNF e EGF
IL-1, 4 e 12, ácido acetilsalicílico, captopril,
talidomida, antiestrogénios e metotrexato
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COMPORTAMENTO DO TUMOR
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PROCESSOS DE METASTIZAÇÃO: VIA EMBÓLICA E POR CAVIDADES
As metástases podem-se formar por via embólica, após penetração das células
neoplásicas nas veias ou vasos linfáticos. Estas células ligam-se a recetores específicos das
células endoteliais (seletinas), ativando a formação de êmbolos que as protegem e viajando até
um local de fácil saída. Uma vez em circulação, estas células podem invadir os pulmões, por
enzimas e fatores de motilidade, e o fígado, devido ao sistema porta, em tumores do trato GI
(estômago e intestinos, por exemplo). Nos vasos linfáticos, os êmbolos atingem outros nódulos,
que, por sua vez, se deslocam para locais secundários.
Podem ainda originar-se metástases por cavidades, como é o caso do adenocarcinoma
do pâncreas que se move para a cavidade pélvica e se desenvolve no reto.
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ONCOGÉNESE OU TRANSFORMAÇÃO NEOPLÁSICA
A maior parte dos tumores deriva de uma alteração genética, normalmente, em mais
do que cinco genes, sendo que estas mutações ocorrem, normalmente, em genes que regulam
a divisão celular e a arquitetura tecidular.
As alterações ocorridas num proto-oncogene fazem com que o mesmo seja ativado,
transformando-se num oncogene. O produto proteico de um oncogene está alterado de forma
a não ser desativado pelos sinais celulares normais e a sua expressão induz a célula a dividir-
se continuamente.
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Promotores do
crescimento, apresentam
uma ativação excessiva
nas células tumorais
Proto-oncogenes
Genes dominantes
Inibidores do
crescimento
Genes supressores de
tumores
É necessária a alteração
dos dois alelos para a
Genes reguladores do perda completa de
ciclo celular função
Reparação do material
genético
Genes de reparação
Funcionam da mesma
forma que os anteriores
geneticamente
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• Fibras de amianto (asbestos) – cancro da pleura;
• Fatores dietéticos – muita gordura e pouca fibra (carcinoma do cólon?).
RESPOSTA IMUNOLÓGICA
TERAPÊUTICA ANTI-TUMORAL
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envolve a cirurgia e/ou a radioterapia. Embora eficaz no tratamento de alguns tumores
primários como a leucemia, é principalmente indicada na doença metastática. As drogas
conhecidas induzem quimiorresistência que, por vezes, é múltipla.
A hormonoterapia é o tratamento baseado no bloqueio hormonal por down regulation
(análogos da LHRH/triptorelina – cancro da próstata), ou utilização de anti-androgénios (cancro
da próstata – bicalutamida) e anti-estrogénios (cancro da mama).
A imunoterapia apresenta como objetivo estimular o sistema imunitário. Já foram
usados estimuladores gerais como o BCG no cancro da bexiga. Mais recentemente, têm sido
usados a IL-2 e o INF para estimular células citotóxicas específicas.
A terapêutica genética encontra-se ainda em fase inicial, atuando diretamente a nível
dos genes envolvidos ou das proteínas codificadas por esses genes, tendo por objetivo tornar as
células malignas em normais ou matar as malignas sem lesar as normais.
A inibição da angiogénese tem sido alvo de grande interesse nos últimos 10 anos, tendo
já sido desenvolvidos alguns inibidores que se encontram em ensaios clínicos. É o caso do
bevacizumab aprovado há 4 anos, anticorpo monoclonal que bloqueia a ação do VEGF (factor
de crescimento endotelial vascular), impedindo a formação de neovasos.
A modificação da adesividade celular é vital para a progressão do tumor, daí que com
a sua modificação seja possível evitar o crescimento e a disseminação.
Os inibidores das proteases particularmente das metaloproteinases da matriz (MMP),
associadas ao crescimento neoplásico, pode ser um importante mecanismo de controlo.
ESTADIAMENTO TUMORAL
CLASSIFICAÇÃO PELO SISTEMA TNM
CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA
Grau I – Células muito diferenciadas, bem ordenadas e com poucas ou nenhumas mitoses
visíveis;
Grau IV – Células pouco diferenciadas (anaplásicas), pleomórficas e com muitas mitoses
visíveis;
Graus II e III – Malignidade intermédia entre estes dois extremos.
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DOENÇAS AUTOIMUNES. HIPERSENSIBILIDADES
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A etiologia das doenças autoimunes pode ser idiopática (a maior parte dos casos), mas
também por fatores ambientais infecciosos e não infecciosos.
Fatores ambientais não infecciosos Fatores ambientais infecciosos
• Mimetismo molecular:
o Síndrome de Guillain-Barré –
reação cruzada entre gangliósidos
humanos e lipopolissacáridos da
Campylobacter jejuni;
o Febre reumática – reação cruzada
entre antigénio de Streptococcus
pyogenes e a miosina do tecido
cardíaco.
• Ativação policlonal de linfócitos
• Predisposição genética – autorreativos – a invasão por
mutações em múltiplos genes; microrganismos causa inflamação,
• Nutrição; libertação de antigénios sequestrados e
• Microbiota; autoimunidade. A inflamação pode,
• Infeções; mesmo na ausência de microganismos,
• Xenobióticos (fumo do causar autoreatividade.
tabaco, fármacos, hormonas, • Hormonas – os estrogénios exacerbam o
radiação UV, solventes…). lúpus eritematoso sistémico pela alteração
da população de linfócitos B mesmo na
ausência de inflamação;
• Fármacos;
• Perda de funções regulatórias – células
que controlam a autorreatividade, algumas
maturam no timo, as restantes nos tecidos
periféricos por exposição a autoantigénios,
estas células podem estar reduzidas em
doenças autoimunes (ex: diabetes
mellitus).
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A lesão tecidular ocorre por:
• Linfócitos T autoreativos – necrose induzida por perforinas, apoptose induzida
por granzima B e lesão induzida por citocinas de linfócitos T helper 1 e 2;
• Autoanticorpos – formação de imunocomplexos, citólise ou fagocitose de
células-alvo e interferência com as funções celulares normais (ex: miastenia
gravis, doença de Graves).
HIPERSENSIBILIDADES
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1. O antigénio liga-se às IgE, que induzem desgranulação;
2. Libertação de histamina, heparina, prostaglandinas, leucotrienos;
3. Aumento da permeabilidade vascular – broncospasmo, cãibras abdominais e
rinite (hipovolémia e hipoxia), eritema, edema (pulmonar), prurido e eosinofilia.
Ocorre reatividade cruzada, sendo que os indivíduos reagem a um alérgeno são
também sensíveis a elementos que contêm substâncias semelhantes às do alérgeno.
Evolução:
• Reação imediata – após minutos de contacto;
• Reação tardia – após 24-72 horas de contacto.
Manifestações gerais: prurido, edema, rash, rinite, broncospasmo, cãibras abdominais.
Manifestações específicas: conjuntivite e rinite alérgica, asma alérgica, atopia, urticária,
angioedema, anafilaxia.
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HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO III (REAÇÕES DE IMUNOCOMPLEXOS)
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PATOLOGIAS RESPIRATÓRIAS
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
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Um indivíduo apresenta insuficiência respiratória quando:
O valor da 𝑷𝑪𝑶𝟐
mantém-se normal, Este mecanismo é
uma vez que, sendo comum em locais
este gás mais lipofílico, de elevada altitude,
apresenta uma difusão devido à baixa
maior do que o O2. disponibilidade de
O2.
RESPOSTAS ADAPTATIVAS
Taquipneia Aumento da frequência respiratória.
Taquicardia Aumento da frequência cardíaca.
Hipertensão pulmonar Vasoconstrição dos capilares dos pulmões.
Aumento da produção de eritrócitos. Os quimiorrecetores,
Poliglobulia quando ativados, estimulam a produção de eritropoietina, que
atua ao nível da medula óssea, aumentando a eritropoiese.
Nota: A cianose consiste no escurecimento (arroxeamento) da pele e das mucosas. Esta pode
ser central, quando é provocada por hipoxemia, envolvendo sobretudo a mucosa labial, ou
periférica, quando está associada a situações de frio extremo, verificando-se principalmente nas
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extremidades das mãos e dos pés. Esta ocorre devido à predominância de hemoglobina não
oxigenada, que tem cor azul, ao invés da hemoglobina oxigenada que é de cor vermelha.
Doenças Doenças
obstrutivas restritivas Diminuição da
Existência de uma complacência
obstrução à pulmonar e da
passagem do ar capacidade de
expansão
Comprometem Comprometem
principalmente a principalmente a
fase de expiração fase de inspiração
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DOENÇAS RESPIRATÓRIAS OBSTRUTIVAS
BRONQUITE CRÓNICA
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Consequências da bronquite crónica: Devido à sensação de falta
de ar sentida pelo doente.
• Tosse com expetoração mucosa viscosa – para além da tosse, também o movimento
dos cílios ajuda na eliminação do muco em excesso;
• Dispneia de esforço – falta de ar, após esforços (tende a tornar-se cada vez mais
frequente e são necessários esforços cada vez mais pequenos para que se despolete);
• Insuficiência cardíaca direita e hipertrofia do ventrículo direito (cor pulmonale), devido
à hipertensão pulmonar:
Este aumento da resistência propaga-se ao ventrículo direito, que sofre hipertrofia a longo
prazo, uma vez que se encontra habituado a enfrentar uma menor resistência do que aquela
à qual se encontra sujeito nestas situações patológicas (parede ventricular mais fina).
EDEMA
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• Engurgitamento jugular, devido ao aumento da pressão venosa (insuficiência cardíaca
direita).
ENFISEMA
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Manifestações clínicas do enfisema:
• Inexistência de cianose, uma vez que já não há alteração da relação
ventilação/perfusão. Ao contrário do que acontecia na bronquite crónica, os alvéolos
que não são ventilados também já não são irrigados;
• Dilatação da caixa torácica (a mesma adota uma forma de barril), devido ao aumento
do trabalho dos músculos respiratórios;
• Dispneia até em repouso, o que leva a uma consequente alteração da postura corporal
– o doente dobra-se para facilitar o mecanismo ventilatório.
ASMA
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• Atópica ou extrínseca – reação a agentes externos específicos, como alergénios
(pólens, poeiras, alimentos…) e microrganismos, manifestando-se na infância e
sendo acompanhada por outras alergias.
Fisiopatologia da asma:
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• Hipercapnia e acidose respiratória, como consequência da obstrução das vias
aéreas;
• Defeitos obstrutivos nas provas de função pulmonar.
Diagnóstico da asma:
• História clínica;
• Evidência fisiológica da obstrução variável e reversível das vias aéreas;
• Provas de sensibilidade cutânea – como no caso da asma atópica ou extrínseca, na qual
se consegue, muitas vezes, descobrir o agente alergénico responsável;
• Testes laboratoriais – confirmação de atopia (reação geneticamente programada a
alergénios) e identificação dos agentes etiológicos;
• Doseamento da IgE total – reações de hipersensibilidade imediata – e da IgE específica
– monitorização da exposição e da imunoterapia e prevenção da sensibilidade precoce
a alergénios;
• Prova da metacolina – é administrada metacolina a um indivíduo, por inalação. A
metacolina é um broncoconstritor, pois ativa os recetores muscarínicos do sistema
nervoso parassimpático, permitindo inferir se um indivíduo tem asma ou não;
• Provas de função pulmonar – um doente com asma apresenta curvas semelhantes
àquelas da parte de baixo da imagem:
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DOENÇAS RESPIRATÓRIAS RESTRITIVAS
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Manifestações clínicas:
• Inexistência de cianose;
• Dispneia e taquipneia – a dispneia está relacionada com a necessidade de uma maior
pressão de distensão na inspiração e a taquipneia encontra-se associada à hipoxia;
• Tosse;
• Dor;
• Mau estar geral;
• Hemoptise – hemorragia alveolar difusa;
• Respiração rápida e superficial – devido à elevada perda de tecido elástico e
consequente aumento da resistência;
• Aumento do espaço morto fisiológico, devido à diminuição das trocas gasosas;
• Aumento do trabalho dos músculos respiratórios;
• Diminuição do O2;
• Aumento do 𝑷𝑪𝑶𝟐 ou conservação do seu valor normal.
Dentro das doenças restritivas intersticiais, a ARDS destaca-se, uma vez que resulta da
libertação sistémica de citocinas – IL-1 e TNF-α – e de radicais livres de oxigénio (ROS), aquando
da existência de uma alveolite. Esta resposta exacerbada resulta na inativação do surfactante
pulmonar, na fibrose da parede alveolar e no aumento da permeabilidade vascular.
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Estas alterações resultam em edema pulmonar, alveolar e intersticial, o que dificulta as
trocas gasosas entre o alvéolo e os capilares, e em colapso alveolar. Isto resulta na hipoxemia
e na acidose respiratória, provocando a morte em cerca de 50 a 70% dos casos.
As principais causas de ARDS são o traumatismo craniano, a sépsis, a pancreatite aguda
(mais comum), síndrome de choque, queimaduras extensas, radiação, embolia gasosa e
intoxicações.
HIPERTENSÃO PULMONAR
A hipertensão pulmonar caracteriza-se pelo aumento da pressão na artéria pulmonar,
devido ao aumento da resistência.
Esta pode ser:
• Pré-capilar – devido a fibrose intersticial e a enfisema pulmonar, que tendem a
piorar a hipertensão pulmonar a longo prazo;
• Pós-capilar – devido a doença veno-oclusiva e congestão pulmonar passiva.
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A hipertensão pulmonar pode apresentar várias manifestações clínicas:
• Ortopneia, devido ao aumento da congestão pulmonar e ao consequente
aumento do esforço dos músculos respiratórios;
• Dispneia paroxística noturna (falta de ar durante a noite);
• Dor torácica, por estimulação de nociceptores na parede torácica;
• Alterações no RX torácico;
• Encerramento brusco da válvula pulmonar;
• Insuficiência cardíaca direita.
EDEMA PULMONAR
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Este tipo de edema resulta do rompimento do epitélio alveolar – que, em condições
normais, é totalmente impermeável à passagem de proteínas –, o que leva à entrada de grandes
quantidades de proteínas plasmáticas no espaço alveolar. A presença de proteínas,
particularmente o fibrinogénio e os produtos de degradação da fibrina, inativa o surfactante
pulmonar, aumentando a tensão superficial e desestabilizando os alvéolos. Este processo leva,
inevitavelmente, à redução da complacência pulmonar.
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O sistema fibrinolítico participa, posteriormente, na eliminação do coágulo:
Ativador do
Produtos de
plasminogénio
degradação da
tecidular
fibrina, que se
acumulam na
corrente sanguínea
Screening laboratorial:
• Via intrínseca – APTT (tromboplastina ativada);
• Via extrínseca – TP (tempo de pró-trombina).
TROMBOEMBOLISMO
PULMONAR
Pode entupir vasos mais pequenos
(se os trombos atingem a
circulação pulmonar)
50
Classificação dos trombos quanto à sua localização:
• Trombos venosos – geralmente vermelhos e localizados predominantemente nos
membros inferiores. Correspondem a 70% das tromboses no ser humano;
• Trombos cardíacos – murais (principalmente no endocárdio da aurícula direita e no
ventrículo esquerdo) ou valvulares (principalmente na aórtica e na mitral).
Correspondem a 20% das tromboses no ser humano;
• Trombos arteriais – geralmente brancos, presentes nas artérias coronárias, cerebrais,
ilíacas e femorais. Correspondem a 10% das tromboses no ser humano;
• Trombos capilares – hialinos, ocorrendo nas coagulopatias de consumo.
Fisiopatologia da trombose:
A trombose pode ter três principais mecanismos fisiopatológicos associados:
compressão vascular por parte de um tumor, formação de placas de ateroma (aterosclerose)
e estase (velocidade do fluxo sanguíneo diminuída).
Todos os mecanismos resultam numa alteração do perfil de fluxo sanguíneo – de um
fluxo laminar normal para um fluxo turbulento –, o que facilita a adesão plaquetária ao
endotélio vascular e origina um trombo.
Especificamente, o caso da estase é comum em viagens de avião de longa duração,
devido à falta de contração dos músculos esqueléticos, o que dificulta o retorno venoso.
No caso da aterosclerose, o trombo formado pode-se fixar nas placas ateroscleróticas,
podendo originar uma oclusão completa ou parcial.
51
Nota: Aterosclerose ≠ arteriosclerose.
A arteriosclerose é um processo associado ao envelhecimento natural dos vasos sanguíneos,
os quais sofrem fibrose e perdem complacência.
A aterosclerose é um processo associado à formação de placas ateroscleróticas, devido a
dislipidemia (aumento do colesterol LDL).
52
Diagnóstico e possíveis complicações da trombose:
Os sinais e sintomas são diferentes caso se trate de uma trombose das veias:
• Superficiais – inflamação do vaso (tromboflebite – atrofia cutânea), aumento da
temperatura e dor na área afetada, vermelhidão e edema (inchaço) e é palpável
um endurecimento no trajeto da veia sob a pele;
• Profundas – edema e dor normalmente restritos a uma só perna, ao pé ou à
coxa, indicando que o trombo se localiza nas veias profundas dessa região ou
mais acima da virilha.
Podem existir complicações tardias, justificadas por uma má irrigação dos membros
inferiores, como necrose cutânea, insuficiência venosa crónica (IVC) e dermatosclerose
(produção de tecido fibroso na epiderme cutânea).
Em termos de diagnóstico com base em métodos complementares de diagnóstico e
terapêutica (MCDT), destacam-se os seguintes:
• Eco-Doppler dos membros inferiores;
• Flebografia;
• Doseamento do dímero D, uma vez que este constitui um dos produtos de
degradação dos coágulos. O doseamento do dímero D possui um valor preditivo
negativo elevado, logo um resultado negativo é crucial para o despiste do
tromboembolismo;
• Pletismografia;
• Ressonância magnética (RM).
Tratamento da trombose:
• Trombose superficial:
✓ Aplicação de calor na área afetada;
✓ Elevação das pernas;
✓ Uso de anti-inflamatórios não esteroides.
• Trombose profunda:
✓ Uso de anticoagulantes injetáveis em doses baixas (ex: heparina subcutânea) e
anti-trombóticos;
✓ Tratamento cirúrgico, tais como colocação de filtro de veia cava, remoção do
coágulo (trombectomia) e angioplastia com stent.
53
COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CID)
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
54
Esta obstrução resulta num aumento da resistência vascular pulmonar (hipertensão
pulmonar), que pode levar a uma diminuição súbita do débito cardíaco – insuficiência cardíaca
direita –, causando o imediato colapso cardiogénico e a morte (em 5% dos casos).
55
PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES I
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Maior
Maior Maior Maior
volume
retorno volume débito
diastólico
venoso de ejeção cardíaco
final
56
Indicadores e condicionantes de insuficiência cardíaca
Um doente com insuficiência cardíaca apresenta:
• Diminuição da fração de ejeção;
• Aumento dos volumes diastólico e telessistólico (volume que permanece no
ventrículo após a sístole);
• Diminuição do débito cardíaco.
57
ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS E TIPOS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Existem dois tipos de insuficiência cardíaca, apesar da maior parte dos doentes
apresentarem disfunção sistólica e diastólica em simultâneo:
• IC sistólica – este tipo de insuficiência cardíaca também é denominado de IC-
FER (insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida). Esta IC é
caracterizada por uma diminuição do débito cardíaco.
Neste tipo de IC, a curva pressão-volume apresenta-se deslocada para baixo e
ligeiramente para a direita (na figura, a curva normal é abcd e a curva com IC
sistólica é a’b’c’d’).
58
Também se distinguem dois tipos de insuficiência cardíaca – IC direita e IC esquerda.
• IC direita – esta é provocada por um aumento da vasoconstrição pulmonar, o
que impede a ejeção de sangue por parte do ventrículo direito. Por conseguinte,
de acordo com o mecanismo de Frank-Starling, o retorno venoso diminui. A
acumulação de sangue nas veias cavas inferior e superior resulta em edemas
periféricos (hepatomegalia, ascite e acropaquia) e no engurgitamento da veia
jugular, respetivamente.
• IC esquerda – é o tipo mais comum de insuficiência cardíaca. Provoca edema
pulmonar, pois o sangue proveniente das artérias pulmonares não consegue ser
ejetado de forma eficaz, levando a uma acumulação de sangue no sistema
pulmonar, o que resulta em falta de ar. Por outro lado, o aumento da pós-carga
no ventrículo esquerdo resulta na sua dilatação. Esta IC esquerda provoca ainda
IC direita, pois aumenta a pressão sanguínea intrapulmonar e acumula-se
sangue nas veias cavas superior e inferior.
59
Particularmente, o sistema nervoso simpático
origina a libertação de catecolaminas (adrenalina e
noradrenalina), que atuam nos recetores α1, β1 e β2-
adrenérgicos, que ativam a adenilciclase a produzir
AMPc. O AMPc produzido fosforila o recetor rianodínico
intracelular, ativando-o e induzindo a libertação de Ca2+
do retículo sarcoplasmático, o que resulta num aumento
da contratilidade do miocárdio.
A longo prazo, os recetores β1-adrenérgicos
ficam desensibilizados, pelo que, nos doentes com
insuficiência cardíaca, estes recetores se encontram
sobreexpressos. Isto leva a um aumento da fibrose e da
apoptose, agravando a condição patológica.
60
A evolução e progressão da insuficiência cardíaca depende da atuação desequilibrada
destes três mecanismos adaptativos:
61
Sinais e sintomas:
A IC tem uma progressão silenciosa, devido aos mecanismos compensatórios e à
adaptação do doente aos sintomas que apresenta:
• Fadiga e apneia de esforço, que se agrava. A hipoperfusão consequente da IC
pode atingir o cérebro, originando novos sintomas, como a confusão;
• Retenção de líquidos, devido à adaptação renal (SRAA);
• Edema pulmonar e periférico (ascite, hepatomegalia, esplenomegalia ou
anasarca – edema generalizado do corpo). A hepatomegalia pode originar
cirrose cardíaca com ascite;
• Aumento de peso;
• Dispneia cardíaca e ortopneia, devido a oxigenação reduzida;
• Noctúria – ocorre libertação dos líquidos acumulados quando se repousa;
• Engurgitamento jugular, devido ao aumento da pressão venosa jugular.
Diagnóstico:
• Historial clínico;
• Exames médicos de auscultação e eletrocardiograma (ECG) – o ECG tem uma
sensibilidade de 89%;
• Ecocardiografia;
• Se o doente apresentar, cumulativamente, os sinais clínicos e valores alterados dos
péptidos natriuréticos, é provável que se trate de insuficiência cardíaca. Contudo, os
valores dos péptidos natriuréticos encontram-se aumentados em doentes obesos, pelo
que não se aplica esta abordagem a estes doentes;
• Marcadores da insuficiência cardíaca: NT-proBNP e BNP (péptidos natriuréticos).
62
Sistemas de classificação da IC
CARDIOPATIA VALVULAR
63
ESTENOSE MITRAL
A estenose mitral trata-se de uma condição em que a válvula mitral não se abre
completamente, restringindo o fluxo de sangue. Esta patologia pode apresentar inúmeras
etiologias, nomeadamente, febre reumática (esta patologia causa endocardites durante a
angiogénese, havendo deposição de cálcio e colagénio no tecido cicatrizado, resultando numa
diminuição da capacidade elástica do mesmo), congénita, calcificação do anel mitral, artrite
reumatoide e lúpus eritematoso sistémico.
A estenose mitral ocorre quando a área útil da válvula diminui para 1 cm2 (a área
normal da válvula ronda os 5 a 6 cm2). Esta redução leva a uma pressão aproximadamente igual
a 25 mmHg de modo a diminuir o débito cardíaco. A curva pressão-volume do ventrículo
esquerdo encontra-se relativamente normal. As pressões cardíacas também se alteram:
Sinais e sintomas:
• Dispneia, ortopneia;
• Infeções respiratórias frequentes;
• Hemoptise – devido à rutura dos capilares do pulmão;
• Palpitações – a dilatação do átrio esquerdo predispõe os doentes a arritmias;
• Taquicardia;
• Edema; Principais sintomas: dispneia,
• Fadiga; fadiga e hemoptise
• Disfonia;
• Neurológicos:
✓ Dormência/fraqueza nas extremidades;
✓ Dificuldade de coordenação;
✓ Perda de visão;
• PA normal ou baixa;
• Cianose;
• Sopro diastólico – devido ao fluxo turbulento de sangue;
• Estertores pulmonares – o aumento das pressões capilares pulmonares leva à
acumulação de líquido nos alvéolos e provocam estes sons característicos;
• Som B1 hiperfonético (primeira bulha cardíaca hiperfonética).
A longo prazo, a estenose mitral pode resultar na falha da função de bomba cardíaca,
o que pode levar a enfartes do miocárdio e isquemia miocárdica.
64
INSUFICIÊNCIA MITRAL
Sinais e sintomas:
• Dispneia;
• Fadiga – devido à redução do fluxo sanguíneo para os tecidos periféricos;
• Palpitações – devido ao aumento do átrio esquerdo, o que resulta em fibrilhação
auricular;
• Hipertensão pulmonar;
• Ascite;
• Congestão hepática dolorosa;
• Edema pulmonar;
65
• Distensão das veias do pescoço; Nota: Na auscultação,
• Sopro de regurgitação ao auscultar; devem-se ouvir duas bulhas
• Maior volume de ejeção com sopro sistólico; cardíacas. Na estenose
• Terceira bulha cardíaca – terceiro som adicional. mitral, a primeira bulha
encontra-se hiperfonética,
mas na insuficiência mitral,
ouve-se uma terceira bulha.
ESTENOSE AÓRTICA
Aumento da
Compressão
parede
Aumento das excessiva dos
Aumento da pós- ventricular
necessidades em vasos
carga no VE (hipertrofia
O2 sanguíneos
concêntrica
miocárdicos
compensatória)
A diminuição do suprimento de O2
aos miócitos leva a isquemia.
Sinais e sintomas:
• Dispneia de esforço;
• Angina de peito;
• Sincope de esforço – esta deve-se, principalmente, à hipoperfusão cerebral, devido à
obstrução fixa;
• IC congestiva, que resulta em edema pulmonar;
• Com auscultação – pulsus parvus e pulsus tardus (a palpação do impulso carotídeo
revela-se reduzida e retardada em relação ao impulso apical, respetivamente), sopro
mesossistólico (mais alto na base do coração) e sopro diastólico.
66
A etiologia é muito diversificada, consoante se afetam a válvula ou a aorta:
• Válvula – febre reumática, endocardite infecciosa, congénita e degeneração
mixomatosa;
• Aorta – dilatação idiopática da aorta, síndrome de Marfan, dissecação da aorta
ascendente, hipertensão arterial aterosclerótica, aortite sifilítica e espondilite
anquilosante.
Nota: O alargamento da parede ventricular nos doentes com insuficiência aórtica gera uma
geometria ventricular distinta daquela encontrada nos doentes com estenose aórtica:
Sinais e sintomas:
• Palpitações;
• Dispneia, ortopneia;
• Angina (noturna bradicardia-dependente);
• Síncope e lipotimia (perda de força muscular, sem ocorrer necessariamente perda de
consciência);
• Pulso hiperdinâmico (martelo de água ou pulso de Corrigan) – elevação súbita da
pressão de pulso e posterior queda da mesma;
• Sinal de Musset (a cabeça balança a cada movimento cardíaco);
• Sinal de Traube (sons de tiro na artéria femoral);
• Sinal de Müller (pulsações visíveis na úvula);
• 3 sopros cardíacos ao auscultar – sopro protodiastólico, sopro de Austin-Flint (som de
rufar) e sopro sistólico.
67
CARDIOPATIA ISQUÉMICA E DOENÇA VASCULAR CARDÍACA
FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA
A angina variante,
vasoespástica ou
Prinzmental traduz
dor em repouso.
68
A isquemia ocorre quando há um desequilíbrio entre as necessidades metabólicas do
miocárdio e o fluxo sanguíneo que atinge os miócitos – ou seja, a isquemia miocárdica combina
uma necessidade elevada de O2 por parte dos miócitos e um suprimento sanguíneo reduzido
dos mesmos.
69
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL E ELETROCARDIOGRÁFICO
70
ARRITMIAS
Etiologia:
• Alteração do potencial de repouso e do potencial de ação;
• Incapacidade de repolarização;
• Propagação anómala do estímulo.
CHOQUE
71
O choque apresenta várias causas possíveis:
• Choque central – restrição à função de bomba e deficiência no enchimento;
• Choque periférico – hemorragia, trauma ou perda de fluidos, endotoxina,
anafilaxia, reflexo neurogénico e desidratação.
A causa mais frequente de choque é, contudo, o choque séptico, já abordado
anteriormente, que corresponde a mais de 60% dos casos.
CHOQUE CARDIOGÉNICO
72
CHOQUE OBSTRUTIVO
O choque obstrutivo ocorre por diminuição do débito sistólico sem falência ventricular.
A principal causa é o tamponamento cardíaco, que pode surgir com acumulações de 100-200
ml de sangue no pericárdio, o que limita dramaticamente a diástole e determina a queda do
débito cardíaco.
Outras causas incluem a coartação da aorta (aorta estreitada desde o nascimento),
embolia pulmonar maciça ou pericardite constritiva.
Sinais e sintomas:
• Pulso paradoxal;
• Respiração ofegante;
• Obstrução das vias respiratórias superiores;
• Hemopericárdio (acumulação de sangue no pericárdio).
CHOQUE HIPOVOLÉMICO
Principalmente em traumas,
a mioglobina e o Ca2+
libertados no rompimento
de um músculo esquelético
podem-se acumular nos rins,
dificultando a filtração
glomerular e causando
oligúria.
73
Em casos mais graves, o lactato encontra-se aumentado em doentes em choque
hipovolémico, o que contribui para uma acidose láctica que danifica ainda mais o miocárdio.
CHOQUE DISTRIBUTIVO
74
CORRELAÇÃO CLÍNICO-PATOLÓGICA
75
Sintomas hemodinâmicos Sintomas metabólicos
Acidose
Isquemia renal Redução da TFG metabólica,
urémia e oligúria
76
PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES II. SÍNDROME METABÓLICO
ATEROSCLEROSE
FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA
77
A formação de uma camada fibrosa sobre a placa aterosclerótica determina o seu
amadurecimento. Como já foi referido no capítulo anterior, uma placa estável, que é
caracterizada pela presença de uma camada fibrosa espessa e pela existência de uma
remodelação arterial ao longo da aterogénese (placa A da imagem abaixo), é menos propensa
à rotura do que uma placa instável, de camada fibrosa mais fina.
No caso de uma placa instável, caso ocorra a rotura da camada fibrosa da placa
aterosclerótica (placa B da imagem), verifica-se a ativação dos mecanismos trombolíticos da
parede arterial. Contudo, se o coágulo ultrapassar estes mecanismos fibrinolíticos e
trombolíticos, o mesmo pode-se propagar e ocludir total ou parcialmente o lúmen arterial
(placa C da imagem).
A atuação eficaz da trombina resulta numa reação fibroproliferativa, que pode gerar
uma nova placa aterosclerótica excêntrica e um grau significativo de estenose arterial (placa D).
78
CONSEQUÊNCIAS CLÍNICO-PATOLÓGICAS
Oclusão aguda
• Angina de peito
• Enfarte agudo do miocárdio
Isquemia crónica
• Fibrose miocárdica
79
• SNC e cérebro – a isquemia crónica origina deterioração mental e síncope,
devido à falta de oxigenação do cérebro. A oclusão grave origina enfartes,
enquanto que a rotura dos vasos sanguíneos gera hemorragias;
• Rim – a estenose intra-renal origina hipertensão, enquanto que a aterosclerose
intra-renal origina hipertensão e insuficiência renal crónica, que se pode
traduzir pela existência de urémia;
• A ocorrência de gangrena também é possível, associada a uma oclusão da aorta
e das artérias periféricas e/ou viscerais;
• Membros inferiores – a insuficiência vascular pode resultar em claudicação
intermitente, ou seja, o doente sente fadiga e dor frequente durante a
caminhada, o qual se sente aliviado quando repousa.
HIPERTENSÃO ARTERIAL
Constitui uma das principais causas de carga global de doença, afetando cerca de 20%
da população mundial. Cerca de 15% do total das mortes são atribuíveis a hipertensão arterial,
representando, portanto, uma importante parcela dos cuidados de saúde.
A hipertensão arterial duplica o risco de doença cardiovascular, nomeadamente, de
ocorrência de doença coronária, de insuficiência cardíaca congestiva, de AVC isquémico e
hemorrágico, de insuficiência renal e de doença arterial periférica. Trata-se, porém, de um fator
de risco tratável – se o doente estiver sob tratamento, a morbimortalidade reduz-se
substancialmente.
FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA
80
A resistência periférica total encontra-se associada à morfologia vascular, nomeadamente,
a estrutura vascular e a função vascular. Esta resistência periférica é determinada,
maioritariamente, pelas arteríolas, por constituírem locais de resistência na árvore vascular.
Deste modo, quaisquer alterações funcionais e anatómicas nas arteríolas ou pequenas
artérias contribuem para a alteração da pressão arterial média.
Volume intravascular
Quando a ingestão de sal (NaCl) excede a capacidade excretora do rim, gera-se um
movimento osmótico de água para o interior do vaso sanguíneo com consequente expansão
do volume intravascular, com aumento inicial da pressão arterial associado ao aumento do
débito cardíaco.
Hipertensão
Aumento do ↑ 𝑃𝐴𝑀 devido
arterial
volume ao aumento do
dependente de
extracelular débito cardíaco
volume
Excesso de prod.
de hormonas
vasoconstritoras
Recetores (angiotensina,
adrenérgicos β2 e catecolaminas)
β3, D2 e α2
81
O tónus simpático tende a estar mais elevado em doentes hipertensos.
Deficiências nos sistemas de transporte transmembranares, nomeadamente, do ião
sódio (Na+ ) e cálcio (Ca2+ ), resultam numa acumulação intracelular de Na+ e de Ca2+ , com
consequente aumento do tónus vascular e aumento da resistência periférica total.
Mecanismos vasculares
As características anatómicas e funcionais dos vasos sanguíneos produzem alterações
nos valores da pressão arterial média.
Tendo em conta que a resistência periférica total varia de forma inversa com o raio do
vaso sanguíneo, é expectável que quaisquer reduções do lúmen vascular levem ao aumento da
resistência ao fluxo e, consequentemente, ao aumento da pressão arterial. Estas reduções do
lúmen arterial podem estar associadas a situações de remodelação vascular.
Por outro lado, a formação de placas ateroscleróticas diminui a complacência arterial
(aumento da rigidez da parede vascular), o que resulta também no aumento da pressão arterial
média.
82
ETIOPATOGENIA DA DOENÇA
CLASSIFICAÇÃO
83
• Maligna ou acelerada – elevação superior a 200 mmHg por dias ou semanas, podendo
implicar diversos danos vasculares (retinopatia), anemia hemolítica, insuficiência renal
ou sintomas neurológicos;
• Emergência hipertensiva – valores de pressão diastólica superiores a 140mmHg desde
que acompanhados por sintomatologia clínica objetiva (insuficiência cardíaca aguda,
insuficiência coronária aguda, aneurisma hemorragia cerebral, encefalopatia
hipertensiva, insuficiência renal aguda).
Os indivíduos de
raça negra retêm
mais 𝑁𝑎+ do que
os indivíduos
caucasianos.
84
• Avaliação da lesão do órgão-alvo;
• Pesquisa de achados sugestivos de hipertensão secundária:
85
Síndrome de Cushing, devido à
Tumor na hipófise presença de cortisol e -
metalocorticoides
MCDT toraco-
Coartação da aorta → aumento dirigidos que
Causa vascular da RPT e consequente ativação comprovem o
do sistema RAA estreitamento
congénito da aorta
Enfarte antero-septal
86
Consequências clínico-patológicas pulmonares
A unidade cardiorrespiratória é particularmente sensível às alterações circulatórias
promovidas pelo aumento da resistência ao fluxo e perfusão pulmonar, resultando no quadro
clínico designado de cor pulmonale.
O embolismo agudo é a principal causa de cor pulmonale, no qual múltiplos êmbolos
retidos na microcirculação pulmonar, provocam múltiplos enfartes. Pode também existir
embolismo pulmonar com congestão e dilatação do coração direito, mas sem que ocorra enfarte
do miocárdio.
Hialinização e
Remodelação
fibrose da Formação de
vascular (com Resposta
camada íntima aneurismas de
hipertrofia e vasoconstritora
com Charcott-
hiperplasia da exacerbada
diminuição do Bouchard
camada íntima)
lúmen
Os aneurismas de Charcott-
Bouchard ocorrem ao nível das
artérias cerebrais,
especialmente aquelas que
irrigam os núcleos da base.
87
DOENÇA OU INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÓNICA PERIFÉRICA
As veias apresentam valores de complacência mais elevados do que as artérias, pelo que o
aumento da complacência venosa resulta num aumento da acumulação de sangue nas
mesmas, contrariamente ao que se verifica nas artérias.
A acumulação de sangue nas veias profundas também pode estar associada à alteração
e insuficiência das válvulas venosas, o que contribui para a diminuição do retorno venoso ao
coração. Esta acumulação de sangue promove a estase sanguínea, o que pode aumentar a
predisposição para a ocorrência de fenómenos trombóticos.
SÍNDROME METABÓLICO
88
A mais comum alteração metabólica é a resistência à insulina.
Esta síndrome tem a ele associado um conjunto de etiologias, nomeadamente de
caráter genético e relacionado com os hábitos de vida e de alimentação. Os principais fatores
associados ao seu aparecimento são a obesidade, a resistência à insulina e as citocinas (como
fator independente). Também a idade, o estado pró-inflamatório e as alterações hormonais são
determinantes do síndrome metabólico.
89
Dislipidemia
Associado a este fator, encontra-se a chamada tríade lipídica:
Intolerância à glicose
A hiperinsulinemia impede a captação de glicose pelo fígado e pelo músculo e tecido
adiposo, o que resulta, respetivamente, na diminuição da gliconeogénese e perda de função
motora.
Por conseguinte, como estes mecanismos se encontram bloqueados, também a
produção de insulina é bloqueada, levando ao aumento dos níveis de glicose (hiperglicemia).
Hipertensão arterial
A obesidade leva ao aumento dos níveis de TNF, leptina e resistina, o que resulta numa
diminuição da ação da insulina.
Por conseguinte, instala-se uma vasoconstrição generalizada, o que faz subir a pressão
arterial média – hipertensão arterial.
Aumento da TNF,
Diminuição da Vasoconstrição Hipertensão
Obesidade leptina e
ação da insulina generalizada arterial
resistina
Retenção de Na+
no interior das
Ativação da Vasoconstrição e
células
Hiperinsulinemia bomba Na+/K+- aumento da
musculares lisas
ATPase PAM
do endotélio
vascular
90
Por outro lado, o aumento das citocinas leva a um aumento dos valores do PAI-1 (fator
de coagulação) e do fibrinogénio – estado pró-trombótico.
Aumento da
proteína C Inflamação
Obesidade reativa
(aumento do tec. Citocinas
adiposo) Aumento dos
valores do PAI-1 Trombose
e do fibrinogénio
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
91
PATOLOGIAS RENAIS E URINÁRIAS
Taxa de filtração glomerular (TFG): 125 mL/min ou 180 L/dia. Cerca de 98% deste valor de
TFG é reabsorvido, para ser mais fácil o controlo das substâncias reabsorvidas.
Autorregulação do fluxo: para pressões arteriais entre os 80 e os 180 mmHg, o rim mantém-
se normal, mantendo-se também a TFG.
92
Sistema nervoso simpático e seu impacto no rim: o complexo ganglionar aórtico-
mesentérico é muito importante para a ativação do sistema nervoso simpático e,
consequentemente, para a ativação do eixo renina – angiotensina – aldosterona. O sistema
nervoso simpático é o primeiro a ser ativado em situações patológicas renais, seguindo-se, a
médio prazo, o eixo renina – angiotensina – aldosterona.
• Métodos imagiológicos;
• Cálculo da clearance – a clearance define-se como o volume de sangue que é
completamente depurado de uma substância. O composto ideal para o seu cálculo é
a inulina, mas utiliza-se a creatinina, que sofre apenas uma pequena secreção – a
creatinina sobreexpressa a TFG. Para o cálculo da clearance renal, a ureia não pode
ser utilizada, uma vez que a mesma é fortemente reabsorvida, o que resultaria numa
inadequada subexpressão da TFG.
• Rácio ureia/creatinina – quando o rim se encontra em situação de isquemia, o
mesmo responde com vasoconstrição e consequente aumento da PAM. Esta
alteração resulta num aumento da reabsorção de água e ureia, mas os valores de
creatinina mantêm-se normais. Assim, é um importante indicador para a isquemia
renal.
INSUFICIÊNCIA RENAL
As causas da insuficiência renal podem ser pré-renais (se ocorrerem noutros órgãos que
não o rim e se envolverem a diminuição ou a perda de perfusão renal), intra-renais (quando
ocorrem no interior do parênquima renal) ou pós-renais (quando afetam o trato urinário a
jusante do rim, nomeadamente, a bexiga, os ureteres, a uretra ou a próstata).
Causas pré-renais
O enfarte do miocárdio, a insuficiência cardíaca congestiva, a aterosclerose e a
hemorragia constituem as principais causas pré-renais de insuficiência renal. Estas doenças
geram, globalmente, uma diminuição do débito cardíaco e uma consequente diminuição do
aporte sanguíneo ao rim, levando a isquemia renal.
Por outro lado, a terapêutica com AINEs (anti-inflamatórios não esteroides) ou com
inibidores da ECA podem levar a insuficiência renal. Especificamente, os AINEs inibem as ciclo-
oxigenases e, consequentemente, a via de biossíntese das prostaglandinas. As prostaglandinas,
com ação vasodilatadora, permitem diminuir a perfusão renal, evitando a insuficiência renal.
Paralelamente, os inibidores da ECA (enzima conversora de angiotensina) levam à diminuição
93
da síntese de angiotensina, que possui um efeito vasoconstritor das arteríolas renais eferentes.
A diminuição de angiotensina resulta, portanto, numa diminuição da taxa de filtração
glomerular, pois se inibe a contração das arteríolas renais eferentes.
Causas intra-renais
As causas intra-renais incluem causas de natureza inflamatória, que atinge o epitélio da
ansa e do túbulo proximal do nefrónio, como são o caso das glomerulonefrites, das vasculites
ou da lesão induzida por fármacos, e ainda necrose tubular aguda, que pode ser isquémica ou
nefrotóxica (acumulação de substâncias nefrotóxicas no rim).
Do primeiro grupo de causas, destaca-se a sépsis, que combina uma hipoperfusão renal
devida à vasodilatação exacerbada e à desigual distribuição sanguínea pelos vários territórios
anatómicos, e o aumento do aporte de citocinas pró-inflamatórias – IL-1, IL-6 e TNF-α.
Causas pós-renais
As causas pós-renais estão associadas às características anatomo-funcionais do trato
urinário a jusante do rim, nomeadamente, da bexiga, dos ureteres, da próstata e do trato
genital feminino.
São o caso das obstruções do trato urinário por cálculos renais (nefrolitíase). Também
a doença prostática (como a hiperplasia da próstata, que comprime a uretra e dificulta o fluxo
urinário), neoplasias ou anomalias congénitas constituem causas pós-renais.
94
Causas mistas
De entre as causas mistas, destaca-se a rabdomiólise, na qual ocorre rutura de um
número considerável de grupos musculares esqueléticos aquando, por exemplo, de acidentes e
traumas graves. Com esta rutura muscular, há libertação de mioglobina para a corrente
sanguínea, o que leva à acumulação de grupos heme livres em circulação. Estes grupos heme,
quando fora das células, são tóxicos, podendo-se acumular no rim e originar toxicidade
parenquimatosa.
Libert. de
Rabdomiólise
grupos heme Acumulação Necrose
(rutura de
livres para a de grupos tubular aguda
músculos
circulação heme no rim nefrotóxica
esqueléticos)
sanguínea
Os mecanismos moleculares específicos para a necrose tubular aguda ainda não são
conhecidos, existindo, porém, duas teorias principais:
• Teoria da oclusão tubular – ocorre a oclusão do lúmen com detritos celulares,
o que faz aumentar a pressão intratubular, o que origina uma diminuição da
pressão de filtração glomerular e, consequentemente, uma diminuição da taxa
de filtração glomerular;
• Teoria vascular – a diminuição da perfusão renal, traduzida por uma
vasoconstrição das arteríolas aferentes e uma vasodilatação das arteríolas
eferentes, reduz a pressão de filtração glomerular e, por conseguinte, a TFG.
95
Tanto na teoria da oclusão tubular como na teoria vascular, a lesão tubular necrótica
está associada à hipoxia da medula renal, o que potencia o risco de isquemia renal.
A azotemia pré-renal ocorre numa primeira fase e envolve o aumento da ureia na urina,
mas sem necrose tubular, devido à diminuição da TFG. Sem tratamento da azotemia pré-
renal, esta pode evoluir para necrose tubular aguda.
96
O seu aparecimento pode estar relacionado com uma evolução negativa da insuficiência
renal aguda e da necrose tubular aguda já instaladas e pode-se associar a outras patologias,
como as glomerulonefrites, a diabetes mellitus, a hipertensão arterial, a nefrolitíase crónica, a
ocorrência de infeções recorrentes e a doença renal poliquística.
A diabetes mellitus traduz-se por um aumento dos níveis da glicose sanguínea, cujos níveis
elevados são tóxicos para o urotélio. Também a diabetes mellitus não controlada pode
originar polineuropatia periférica, afetando a condução dos impulsos nervosos até à
bexiga, diminuindo a frequência de micção. Assim, a urina permanece mais tempo na
bexiga, o que constitui um fator de risco adicional para infeções urinárias.
Diminuição da
produção de Diminuição do
Anemia Palidez e fadiga
eritropoietina e hematócrito
da eritropoiese
Osteoporose/osteomalácia,
↑ secreção de PTH
Hipocalcemia ↑ reabsorção óssea de cálcio osteodistrofia e fibrose da
(hiperparatiroidismo 2º)
medula vermelha
97
hipotalâmicos, o que resulta na diminuição da secreção de GnRH, o que afeta
tanto a produção de estrogénios – amenorreia (ausência de menstruação) e
abortos espontâneos – como a produção de testosterona – impotência
funcional e oligospermia (diminuição da produção de esperma ou da viabilidade
do mesmo).
Amenorreia e
abortos
Diminuição de
Alterações
GnRH, estrogénios
neurohormonais
e testosterona
Oligospermia e
Urémia
impotência
Supressão da Aumento da
atividade suscetibilidade a
leucocitária infeções
98
PIELONEFRITE
GLOMERULONEFRITES
Hipertensão Hematúria
Diminuição
Proteinúria
da TFG
99
As glomerulonefrites podem estar sujeitas a diferentes classificações:
• Do ponto de vista clínico (progressão da doença) – aguda, de progressão rápida
ou crónica;
GLOMERULONEFRITE AGUDA
100
Recrutamento de
proteínas do
complemento
Deposição de Fagocitose dos
complexos imunes complexos imunes
Recrutamento de
fagócitos
Libertação de proteases Agregação plaquetária
e radicais livres e formação de trombos
101
GLOMERULONEFRITE CRÓNICA
SÍNDROME NEFRÓTICO
102
Assim, devido ao escape de proteínas para o glomérulo renal, verifica-se uma
proteinúria – uma albuminúria numa primeira fase, pois a albumina é a proteína de menores
dimensões do sangue, sendo a primeira a passar –, gerando-se uma hipoalbuminúria e
hipoproteinúria.
Na tentativa de compensar esta perda proteica, o fígado inicia a síntese de VLDL
(lipoproteínas de muito baixa densidade), o que resulta numa hiperlipidemia (aumento dos
lípidos circulantes). Estes lípidos em excesso atravessam, portanto, os poros da membrana basal
glomerular e passam para a urina – verifica-se uma lipidúria.
Aumento da
Perda de pressão
síntese de VLDL Lipidémia e
Proteinúria Hipoproteinemia oncótica
(mecanismo lipidúria
sanguínea
compensatório)
A urina excreta colesterol HDL. As lipoproteínas LDL e VLDL não passam para a urina.
SÍNDROME NEFRÍTICO
103
A figura seguinte permite distinguir o síndrome nefrótico do síndrome nefrítico.
NEFROLITÍASE
104
Fisiopatologia da nefrolitíase:
• A ocorrência de desidratação leva ao aumento da concentração de solutos, que
precipitam no rim, e aumento do tempo de permanência do cálcio no nefrónio, fatores
que contribuem para a litíase;
• Uma dieta rica em proteínas aumenta a predisposição a litíase, devido à acidose
metabólica transitória que se origina e ao aumento da TFG. Por outro lado, ocorre o
aumento da reabsorção óssea de cálcio, o aumento da filtração glomerular de cálcio e a
inibição da reabsorção tubular de cálcio;
Acidose metabólica
transitória
Aumento da TFG
Aumento da filtração
glomerular de cálcio e Acumulação de cálcio
inibição da sua na urina
reabsorção
Aumento da
excreção de
Dieta rica em cálcio
sódio Aumento da
Saturação de
excreção urinária
ácido úrico
de sódio
105
Manifestações clínicas da nefrolitíase:
• Manifestações clássicas da nefrolitíase unilateral – dor severa no flanco – cólica renal
(associada à distensão do ureter, da pelve renal ou da cápsula renal) –, hematúria e
febre (esta última pode existir ou não);
• Nefrolitíase bilateral ou unilateral no único rim funcional – oligúria/anúria (a anúria
traduz-se numa inexistência completa de urina) e azotemia;
• Complicações da nefrolitíase – hidronefrose e insuficiência renal:
✓ Hidronefrose – esta traduz-se como a dilatação do bacinete renal e da porção
proximal do ureter. Esta condição pode provocar, por um lado, ulceração do
ureter, iniciando-se um processo inflamatório que pode conduzir à libertação
de pirogénios e pode alterar o set-point no hipotálamo (febre), e, por outro lado,
pode levar a isquemia renal, pois a dilatação do bacinete renal comprime os
vasos sanguíneos da medula e leva à redução do fluxo sanguíneo.
Processo
inflamatório
Ulceração do
ureter Libert. de
pirogénios
Hidronefrose (febre)
Compressão dos
vasos sanguíneos Isquemia renal
da medula
Diagnóstico e tratamento:
• Diagnóstico com raio X (os cálculos são opacos à passagem da radiação ionizante), TAC
(gold-standard para o diagnóstico de litíase) e ressonância magnética;
• Tratamento com litotrícia (dissolução/destruição dos cálculos renais com ondas de
choque) ou cirurgia.
106
EQUILÍBRIO HIDRO-ELETROLÍTICO E ÁCIDO-BASE
107
Os fluidos corporais possuem, na sua constituição, água, glicose, proteinato (as
proteínas plasmáticas, por possuírem uma carga global negativa, contribuem para a
concentração de aniões) e eletrólitos (catiões e aniões com carga positiva e negativa,
respetivamente).
Especificamente, no fluido extracelular, o Na+ é o eletrólito dominante, pelo que a sua
concentração é decisiva para a regulação do equilíbrio hídrico. Concomitantemente, o volume
de água determina a concentração de Na+ no fluido extracelular.
No nefrónio renal, consideram-se diferentes mecanismos de passagem de sódio para
dentro das células, consoante a porção do nefrónio em causa:
• No túbulo proximal, o sódio sai do lúmen tubular e entra por simporte com a
glicose e aminoácidos ou por antiporte com o H+ na célula tubular, saindo,
posteriormente, por uma bomba de sódio e potássio para o fluido intersticial;
• Na ansa de Henle, o sódio sai do lúmen tubular e entra por simporte com o K+ e
2 Cl-, saindo, posteriormente, para o fluido intersticial através de bomba de
sódio e potássio;
• No túbulo distal, o sódio entra na célula por simporte com o Cl- e sai,
posteriormente, por uma bomba de sódio e potássio para o fluido intersticial.
A passagem de sódio da célula tubular para o fluido intersticial envolve sempre transporte
ativo, devido à diferença de osmolalidades existente.
108
Regulação endócrina da excreção renal de água:
• Eixo renina – angiotensina – aldosterona: a aldosterona promove a reabsorção de sódio
(e, consequentemente, de água) à custa da secreção de potássio;
• Arginina-vasopressina ou ADH (hormona antidiurética): é libertada na hipófise,
aumentando a permeabilidade dos tubos coletores à água. O estímulo principal é,
portanto, a hipertonicidade;
• Péptido natriurético atrial (PNA): é secretado nos átrios cardíacos em resposta à sua
distensão associada ao aumento do volume plasmático. O aumento dos níveis de PNA
leva ao aumento da filtração e ao bloqueio da reabsorção de sódio, levando a uma perda
de sódio e água e à diminuição do plasma circulante.
Fisiopatologia da hipovolémia:
A fisiopatologia da hipovolémia apresenta uma resposta cardiovascular associada.
Redução do Redução do
Ativação dos Ativação do SNS
volume retorno venoso e Hipotensão
barorrecetores e do eixo RAA
plasmático do DC
109
Manifestações clínicas:
As manifestações clínicas apresentam-se de forma gradual, aumentando a sua
intensidade com a gravidade.
REGULAÇÃO DO SÓDIO
HIPONATRÉMIA
Não existe
Associado hipervolémia – o
ao aumento doente encontra-se
da ADH normovolémico,
pois não há edema.
Se o doente estiver
hipovolémico, então
as perdas renais e
extra-renais estão
elevadas, provocando
perda de água e sódio.
Descrevem-se dois tipos de hiponatremia:
• Pseudo-hiponatremia:
o Osmolalidade plasmática normal – hiperlipidemia, hiperproteinemia e
pós-ressecação transuretral de tumor da bexiga ou próstata;
o Aumento da osmolalidade plasmática – hiperglicemia e manitol.
110
• Hiponatremia hipo-osmolal:
o Perda primária de sódio – pele, sudorese, queimaduras, perda GI
(vómitos, diarreia, drenagem por sonda) e perda renal (diuréticos,
diurese osmótica, hipoaldosteronismo, nefropatia perdedora de sal e
necrose tubular aguda);
o Ganho primário de água – polidipsia primária, redução da ingestão de
solutos (potomania de cerveja – a ingestão de álcool inibe a ação da
ADH, resultando num maio volume de urina), libertação de ADH
secundária a dor, náuseas e fármacos, alteração da secreção de ADH,
deficiência de glucocorticoides, hipotiroidismo e insuficiência renal
crónica.
HIPERNATREMIA
Resulta de IV
salina em casos
de desidratação
ou em situações
com excreção
excessiva de K+
111
Manifestações clínicas da hipernatremia:
As manifestações clínicas da hipernatremia variam consoante a fase em que se encontra
a patologia:
• Fase precoce – desidratação com diminuição do turgor (elasticidade) cutâneo;
• Fase posterior – o excesso de Na+ torna-se aparente face à perda de água –
verifica-se uma hipernatrémia relativa (a hipernatrémia verdadeira é rara),
sendo comum no doente comatoso (por falta de queixa de sede). Nesta fase,
ocorre ascite e cirrose, insuficiência cardíaca congestiva (devido ao aumento da
pós-carga e da PAM), lesões vasculares, edemas cíclicos e síndrome nefrótico
por lesão vascular e hiperaldosteronismo.
REGULAÇÃO DO POTÁSSIO
HIPERCALIEMIA
112
HIPOCALIEMIA
Devido a ressecção do
Excreção intestino ou a fístula do
excessiva e trato gastrointestinal.
inexistência
de reabsorção Síndrome de Cushing
Estes agonistas
promovem
reabsorção de sódio
e aumentam a PAM.
113
• Poliúria – a hipocaliemia promove a libertação de prostaglandinas no rim, as
quais diminuem a sensibilidade à ADH, resultando em diurese intensa;
• Alcalose metabólica.
REGULAÇÃO DO CÁLCIO
114
O fosfato diminui na corrente sanguínea sob a ação da PTH, mas é reabsorvido juntamente
com o cálcio no osso.
A calcitonina produzida pela glândula tiroideia permite que os níveis de cálcio não
atinjam valores demasiado elevados, induzindo, nesses casos, excreção de cálcio no rim.
HIPERCALCEMIA
HIPOCALCEMIA
115
• Sinal de Chvostek – espasmos e twitching dos músculos faciais;
• Aumento do espaço QT (aumento da despolarização ventricular).
O CO2 constitui um ácido volátil, pois está associado à formação de H+ via ácido carbónico.
Todas as substâncias ácidas produzidas no metabolismo proteico e lipídico denominam-se
ácidos fixos.
Metodologia de diagnóstico:
• Gasometria arterial – avaliação do pH e da PCO2, cálculo de [𝐻𝐶𝑂3− ] através da equação
de Henderson-Hasselbach e avaliação do CO2 total do plasma;
• Avaliação do anião GAP (ou AG ou anião inonimado) – representa os aniões não
medidos, embora presentes no plasma, os quais podem acumular-se e provocar
alterações importantes. São o caso do ácido láctico (acidose láctica), do ácido
cetoacético (cetoacidose diabética, alcoolismo, malnutrição), do etilenoglicol, dos
salicilatos ou do metanol.
AG: [Na+ ] − ([Cl− ] + [HCO− 3 ])
116
MECANISMOS HOMEOSTÁTICOS DE REGULAÇÃO
Reabsorção tubular e de
acidificação da urina: a
hidratação intracelular do CO2
Modificação renal gera H+, que são libertados no
lúmen tubular. Estes reagem
com o bicarbonato,
esgotando-se. Quando o
bicarbonato tubular se esgota,
os H+ sobrantes reagem com o
par fosfato monossódico
(𝑵𝒂𝑯𝟐 𝑷𝑶𝟒) – fosfato
dissódico (𝑵𝒂𝑯𝑷𝑶𝟒), o que
origina mais ácidos que
contribuem para a acidificação
da urina. Por outro lado, a
eliminação adicional de H+
ocorre com o amoníaco
(resulta da desaminação
oxidativa do glutamato e da
glutamina), eliminando-se sob
a forma de ião amónia.
117
DISFUNÇÕES ÁCIDO-BASE METABÓLICAS E RESPIRATÓRIAS
118
ACIDOSE METABÓLICA
A acidose metabólica engloba a acidose metabólica com anião GAP elevado e a acidose
metabólica hiperclorémica.
119
ACIDOSE RESPIRATÓRIA
A acidose respiratória pode ter etiologias diferentes, consoante se trate de uma acidose
aguda e de acidose crónica.
Obstrução das vias respiratórias, supressão
Acidose aguda (𝐇𝐂𝐎− 𝟑 < 30 mEq/L, Cl
-
central respiratória (hipnóticos, sedativos,
normal, urina normal ou ácida) heroína) e lesões neurológicas (botulismo,
miastenia gravis)
DPOC, enfisema, doença pulmonar intersticial,
Acidose crónica (𝐇𝐂𝐎− 𝟑 30 – 40 mEq/L,
- poliomielite, paralisia diafragmática e
Cl baixo, urina ácida)
hipoventilação alveolar
ALCALOSE METABÓLICA
O aumento do
eixo RAA leva à
diminuição do Cl-
e de H+.
Aumenta a
incorporação de K+ e
H+, logo há um
aumento acentuado
de HCO3-.
120
ALCALOSE RESPIRATÓRIA
Há compensação
renal com
diminuição da
excreção de H+
↑ FR
121
PATOLOGIAS GASTROINTESTINAIS
122
PATOLOGIAS DO ESÓFAGO
ACALÁSIA
Sinais e sintomas:
• Disfagia (dificuldade em deglutir);
• Perda de peso;
• Vómitos.
Tratamento:
• Alargamento mecânico do esfíncter;
• Antagonistas do cálcio;
• Cirurgia.
123
Sintomas:
• Azia ou pirose (sensação de queimadura);
• Disfagia;
• Dor torácica.
Fatores responsáveis:
• Aumento da pressão abdominal;
• Hérnia do hiato – a parte superior do estômago passa para a cavidade torácica;
• Inoperância dos mecanismos anti-refluxo;
• Relaxamento do cardia, motivado por café e tabaco.
Diagnóstico:
• Anamnese;
• Raio X, esofagoscopia e biópsia da mucosa.
Tratamento:
• Diminuição da pressão no estômago – evitar comer muito e antes do deitar, evitar
alimentos gordos e toma de medicamentos que favoreçam esvaziamento gástrico;
• Diminuição da acidez gástrica – antiácidos e antagonistas do H+;
• Manutenção da pressão do cárdia – redução do consumo de álcool, café e gorduras,
não fumar e comer pouco de cada vez;
• Proteger a mucosa do esófago.
PATOLOGIAS DO ESTÔMAGO
HÉRNIA DO HIATO
124
GASTRITE
Diminuição da produção
de fator intrínseco, com
Anemia perniciosa
diminuição da absorção
de cobalamina
125
ÚLCERA PÉPTICA
A úlcera péptica pode ser gástrica ou duodenal, apresentando diferentes fatores que
contribuem para o seu aparecimento.
Úlcera péptica gástrica Úlcera péptica duodenal
• Aumento da sensibilidade da mucosa ao
• Aumento da atividade vagal;
HCl;
• Aumento da sensibilidade das células
• Diminuição da secreção de bicarbonato;
parietais aos estímulos de produção de HCl;
• Acidificação do bulbo duodenal;
• Hiperplasia das células epiteliais;
• A diminuição da motilidade retrógrada
• Diminuição da secreção de prostaglandinas
dificulta a neutralização pelas secreções
(tabaco, AINEs) – resulta em isquemia;
alcalinas;
• Rápido esvaziamento gástrico.
• Infeção por Helicobacter pylori.
A úlcera péptica gástrica distingue-se da gastrite, uma vez que a úlcera afeta o epitélio a
uma profundidade maior, ultrapassando a mucosa.
Sintomas:
• Dor abdominal que irradia para o esterno;
• Dor que agrava com os alimentos;
• Fraqueza;
• Perda de peso;
• Hemorragias gastrointestinais (hematemeses ou melenas);
• Vómitos.
Diagnóstico:
• Endoscopia digestiva com biópsia;
• Sangue oculto nas fezes.
Tratamento:
• Antiácidos;
• Antagonistas dos recetores H2;
• Proteção da mucosa (sucralfato);
• Suspender o consumo de álcool, café, anti-inflamatórios, tabaco;
• Inibidor da bomba de protões;
• Cirurgia para controlo da hemorragia.
126
Dentro das úlceras gástricas e duodenais, consideram-se também as úlceras de stress,
que constituem lesões múltiplas e bem demarcadas da mucosa gástrica e duodenal, pouco
profundas e quase sem reação inflamatória. São normalmente assintomáticas.
Apresenta etiologia diversificada, como doenças graves (associada à produção de
cortisol, que tem uma ação permissiva sobre as catecolaminas, o que leva a um menor aporte
de sangue ao sistema nervoso simpático), politraumatizados (hipotensão, hipoxia aguda) e
ingestão crónica de anti-inflamatórios.
ADENOCARCINOMA DO ESTÔMAGO
Sintomas:
• Náuseas;
• Perda de peso;
• Dor abdominal;
• Hemorragia;
• Massa palpável.
PATOLOGIAS DO INTESTINO
ÚLCERA DUODENAL
127
Por outro lado, o aumento da pressão abdominal provoca um aumento da
predisposição de úlceras duodenais, o que está associado ao facto do esfíncter duodenal ser um
esfíncter fisiológico e não anatómico, respondendo a qualquer aumento da pressão local.
DIARREIA
A diarreia ocorre quando se verificam mais do que 3 dejeções por dia (> 200g/24h).
Contudo, a dieta praticada pelo individuo pode determinar a avaliação subjetiva das suas fezes
– um individuo com uma dieta rica em fibras apresentará, à partida, uma maior frequência de
dejeções diárias.
Esta pode ser classificada em:
• Aguda – pode apresentar origem bacteriana ou parasitária, intoxicação
alimentar ou toma de medicamentos. Tem uma duração até 3 – 4 semanas;
• Crónica – pode ser aquosa (osmótica/secretória), inflamatória e oleosa.
Causas de diarreia:
• Exsudativa ou inflamatória – lesão orgânica da parede do intestino mais comum no
cólon, com diminuição da absorção normal de água e produção de exsudado rico em
proteínas e por vezes pus – diarreias com muco, sangue e pus (disenteria) de causa
bacteriana ou não infeciosa (doenças inflamatórias do intestino);
• Oleosa – má digestão e má absorção das gorduras (recessão do íleo);
• Motora (alterações da motilidade) – aumento do peristaltismo (síndrome do cólon
irritável).
128
Fisiopatologia e complicações da diarreia:
A diarreia apresenta três principais vertentes fisiopatológicas:
• Diminuição da absorção de água;
• Aumento dos movimentos peristálticos, com o objetivo de se facilitar a
dejeção, não havendo tempo para se absorver a água de forma significativa, o
que leva à liquidificação das fezes;
• Secreção de água e eletrólitos para o lúmen intestinal.
OBSTIPAÇÃO
Tratamento:
• Adoção de dieta rica em fibras;
• Alteração do estilo de vida;
• Toma de laxantes.
Causas de obstipação:
• Dieta pobre em fibra;
• Neuropatias autonómicas (diabetes);
• Causas endócrino-metabólicas – hipercalcemia secundária ao hiperparatiroidismo e
hipocaliémia (contração muscular), hipotiroidismo;
• Espasmo colónico (síndrome de cólon irritável);
• Obstrução mecânica – divertículos, tumor, hérnias, volvulus (rotação de uma das ansas
do intestino sobre si mesma, com obstrução completa do lúmen, compressão de vasos
e risco de necrose e perfuração);
• Fissuras anais – contração reflexa do esfíncter anal.
Consequências da obstipação:
• Dor;
• Hipovolémia;
• Vómitos;
129
• Megacólon (dilatação anormal do colon).
130
Causas da má absorção:
• Doença celíaca (na criança) – doença autoimune, de natureza genética (HLA-DR3 e HLA-
DQ2), com produção de anticorpos anti-gliadina (IgA e IgM). Caracteriza-se por uma
intolerância ao glúten (cevada, trigo e centeio) e pela ocorrência de destruição das
vilosidades intestinais que compromete a absorção dos alimentos;
• Deficiências enzimáticas (lactase, sucrase e maltase);
• Má absorção de gorduras – deficiência em lípase e sais biliares, que levam a
esteatorreia.
Consequências da má absorção:
• Deficiência em vitamina K – fatores de coagulação e hemorragias;
• Deficiência em vitamina D – osteomalacia (desmineralização óssea);
• Esteatorreia (fezes gordurosas, volumosas, amareladas, pastosas e fétidas, com mais de
6g de gordura/24h);
• Perda de peso.
Uma fístula constitui uma passagem que liga o lúmen de dois órgãos normalmente
separados ou um órgão e a uma cavidade.
131
intestinal e hiperalgesia (dor exagerada). Também pode estar associada a
disbiose intestinal (desequilíbrio da flora intestinal).
• Diverticulite – ocorre devido à acumulação de matéria fecal nos divertículos
(ligados à ingestão de pouca fibra, que obriga a uma maior força de contração
do intestino), que gera um desenvolvimento bacteriano local.
Sintomas: dor, febre, sangramento, necrose intestinal e formação de fístulas.
Constitui a principal causa de hemorragia intestinal no idoso. A fibrose
resultante pode levar à obstrução intestinal (volvulus).
CANCRO DO CÓLON
O cancro do cólon constitui a terceira causa de morte por tumor (depois da neoplasia
da mama e do pulmão). São comuns os tumores benignos do cólon – pólipos (crescimento
excessivo de tecido) –, cuja incidência aumenta com a idade e pode progredir para cancro após
10 – 15 anos. Alguns destes adquirem características de malignidade – adenocarcinomas
invasivos, que constituem mais de 95% dos tumores malignos do intestino grosso.
Apresentam um componente genético importante.
Diagnóstico: marcadores tumorais: CEA e CA 19.9, pesquisa de sangue oculto nas fezes e
colonoscopia.
132
PATOLOGIAS HEPÁTICAS, BILIARES E PANCREÁTICAS
PATOLOGIAS HEPÁTICAS
133
No caso específico da hipertensão portal, existem patologias que podem estar
associadas a disfunção hepatocelular, quando esta envolve a degradação
parenquimatosa propriamente dita, a derivação portossistémica, na qual o
sangue, sob elevada pressão, transpõe o fígado e passa para a circulação
sistémica indevidamente, ou até ambas (como é o caso da encefalopatia
hepática).
• Zonalidade funcional – os hepatócitos encontram-se agrupados em zonas de
acordo com a sua proximidade à vénula portal, sendo os hepatócitos da zona 1
os mais próximos à vénula portal, sendo, portanto, aqueles que recebem
oxigénio e nutrientes em concentrações mais elevadas. Contudo, também estão
mais expostos à ação de fármacos e xenobióticos, sendo os mais afetados pela
hepatotoxicidade. Por outro lado, os hepatócitos da zona 3 são os mais
afetados por produtos tóxicos do metabolismo hepático.
Esteatorreia
Deficiência em vitamina K
Icterícia
Doença hepática
Níveis sanguíneos
Destoxificação dos subterapêuticos ou
fármacos acumulação tóxica de
fármacos na circulação
Dinâmica das
Hipercolesterolemia
lipoproteínas e
familiar
dislipidemias
Menor armazenamento
Alteração das funções de
de ácido fólico e vitamina Anemia macrocítica
armazenamento e ligação
B12
134
Especificamente, a icterícia está associada a um estado de hiperbilirrubinemia (níveis
de bilirrubina superiores a 2 mg/dL), apresentando inúmeras causas:
A hepatite aguda trata-se de uma inflamação do fígado que conduz à morte dos
hepatócitos por necrose ou por apoptose. Apresenta inúmeras etiologias, das quais se
destacam a infeção por agentes infeciosos (principalmente vírus) e a exposição a agentes tóxicos
e a fármacos.
135
No caso da hepatite viral, a mais comum doença hepática, esta pode ser causada por
infeção por vírus da hepatite A, B, C, D e E (HAV, HBV, HCV, HDV e HEV, respetivamente):
• Hepatite A – ocorre destruição direta dos hepatócitos e consequente resposta
imunitária por parte do hospedeiro. Pode, portanto, provocar insuficiência
hepática fulminante e necrose hepatocelular intensa.
• Hepatite B – este vírus não mata os hepatócitos diretamente, são as células
imunitárias (linfócitos T numa primeira fase e, posteriormente, linfócitos B) que
destroem os hepatócitos;
• Hepatite C – nesta infeção, ocorre lesão direta ou citopática, incluindo necrose,
apoptose e infiltração de linfócitos que expressam o CD-95;
• Hepatite D – este vírus necessita das funções auxiliares desempenhadas pelo
vírus tipo B (logo os indivíduos infetados por HBV têm risco acrescido de contrair
infeção por HDV).
136
O aumento dos níveis de acetaldeído, um metabolito do etanol, resultam num aumento
da conversão de acetaldeído a acetato, com consequente formação de NADH e ATP. Esta
desregulação gera um desequilíbrio entre os níveis de NAD oxidado e NAD reduzido, o que
resulta no aumento da síntese de ácidos gordos, o que contribui para a esteatose hepática.
Conversão em
Desregulação
acetaldeído e, Aumento da
Ingestão de dos níveis de Esteatose
depois, em síntese de
álcool (etanol) NAD oxidado e hepática
acetato, NADH ácidos gordos
NAD reduzido
e ATP
Por outro lado, a cirrose constitui a alteração irreversível da arquitetura hepática, com
destruição celular, fibrose e regeneração nodular. A fibrose, que está associada à substituição
do tecido hepático por colagénio, é promovida por células miofibroblastos-like, derivadas das
células de Ito, lipócitos ou células estreladas.
137
A cirrose apresenta inúmeras etiologias associadas:
• Aumento da pressão intra-hepática – trombose da veia hepática e insuficiência
cardíaca direita;
• Lesão direta dos hepatócitos – álcool (60-70%), hepatite B e C (10%), hepatite
crónica autoimune (5-10%) (cirrose biliar primária) e doenças metabólicas;
• Obstrução biliar crónica – cálculos biliares, pancreatite e trombose da veia
porta.
Retenção de sódio,
mas sem depleção de
volume verdadeira.
138
ESTEATOSE HEPÁTICA (ESTEATOSE NÃO ALCOÓLICA – NASH)
ENCEFALOPATIA HEPÁTICA
139
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA
γ GT – Gama glutamiltransferase
140
Assim, de acordo com os valores obtidos para cada um destes marcadores, pode-se
utilizar o seguinte algoritmo para o diagnóstico da doença hepática.
LDH – lactato
desidrogenase
PATOLOGIAS BILIARES
A colecistite consiste na inflamação da vesícula biliar, por obstrução dos ductos cístico
ou hepático comum por cálculos biliares. Pode ocorrer infeção por crescimento bacteriano (E.
coli).
141
O edema obstrui o fluxo biliar e irrita quimicamente a vesícula, originando necrose
celular, ao passo que o exsudado cobre as áreas ulceradas com formação de adesões às
estruturas circundantes.
142
DOENÇAS DOS DUCTOS BILIARES EXTRAHEPÁTICOS
PATOLOGIAS PANCREÁTICAS
PANCREATITE AGUDA
143
Complemento,
cininas e
Ativação da citocinas
quimiotripsina
Edema e lesão
vascular
Prostaglandinas
Autoativação da e leucotrienos
tripsina Ativação da
fosfolipase A2 Destruição da
Lisolecitina gordura
peripancreática
Para além do álcool (no homem) e do refluxo gastroesofágico, também existem outros
fatores determinantes para a ocorrência da pancreatite aguda:
• Obstrução mecânica dos ductos pancreáticos – pós-operatória, traumatismo,
cálculos biliares (na mulher);
• Causas metabólicas/tóxicas – medicamentos (corticosteroides), hipercalcemia,
hiperlipoproteinemia;
• Alterações vasculares – aterosclerose e hipotermia;
• Infeções – papeira.
144
PANCREATITE CRÓNICA
APENDICITE
Fisiopatologia da apendicite:
Ocorre ulceração da mucosa do apêndice por infeção viral ou obstrução com matéria
fecal, sendo que o fluxo de saída do muco é bloqueado, provocando distensão do órgão.
145
Paralelamente, ocorre também multiplicação bacteriana que aumenta a inflamação e
afeta o fluxo sanguíneo, provocando dor abdominal intensa.
O órgão pode romper e provocar peritonite.
PERITONITE
Consequências da peritonite:
• Formação de aderências que complicam os movimentos intestinais;
• Formação de fístulas em resultado da formação de abcessos que podem levar à rotura
de órgãos adjacentes;
• Generalização da peritonite e passagem ao sangue de bactérias – septicémia e morte.
146
DIABETES MELLITUS
A diabetes mellitus constitui uma doença metabólica crónica, caracterizada por uma
hiperglicemia e pelo aumento dos níveis séricos de glucagon, podendo provocar lesões
tecidulares graves (olhos, rins, nervos e vasos sanguíneos) a longo prazo. É a 6ª causa de morte
por doença.
A diabetes pode ser classificada em dois tipos:
• Diabetes tipo I – doente jovem, magro, não arteriosclerótico com pressão
arterial normal e manifestação súbita e aguda da doença;
• Diabetes tipo II – doente idoso, obeso, arteriosclerótico, hipertenso,
manifestação insidiosa dos sintomas.
DIABETES TIPO I
147
A diabetes tipo I caracteriza-se pela destruição autoimune das células beta
pancreáticas nos ilhéus de Langerhans, com resultante deficiência na produção de insulina. Esta
destruição é mediada por linfócitos T, particularmente os linfócitos T supressores CD8, e por
citocinas.
Existe uma maior suscetibilidade genética para a diabetes tipo I no caso da presença de
genes de suscetibilidade ligados ao cromossoma HLA DR3 e DR4, ocorrendo ativação de
autoanticorpos anti – células β pancreáticas.
Estes autoanticorpos denominam-se de anticorpos ICA (anticorpos anti-ilhéus). Estes
autoanticorpos reconhecem, principalmente, GAD (glutamato descarboxilase) e IA2
(tirosinofosfatase-2). Também os autoanticorpos anti-insulina (IAA) estão presentes na diabetes
com uma duração até 5 anos.
148
DIABETES TIPO II
Um individuo com diabetes tipo II apresenta níveis séricos elevados de glucagon, mas
pode apresentar valores normais, baixos ou elevados de insulina. Trata-se de uma doença com
caráter familiar (transmissão poligénica – envolve vários genes).
Diminuição da
Diminuição do glicogénese e
Resistência à aporte de glicose ao aumento da
insulina músculo e ao tecido glicogenólise,
adiposo gliconeogénese,
lipólise e proteólise
A leptina atua ao nível dos recetores do SNC com vista a induzir a saciedade – induz,
portanto, sensibilidade à insulina. Assim, concentrações reduzidas de leptina podem
originar resistência à insulina.
149
o Presença de triglicéridos intracelulares e produtos de metabolismo
dos ácidos gordos – associada a um nível muito elevado de triglicéridos
intracelulares no fígado e no músculo, que podem provocar resistência
à insulina.
Resistência à insulina
Triglicéridos intracelulares
e produtos de Aumento dos níveis de
metabolismo de ác. adiponectina
gordos
Resistência à
Diabetes
insulina (↑ Lesão das
Intolerância Diabetes tipo I
dos níveis células beta
à glicose tipo II (insulino-
plasmáticos pancreáticas
dependente)
de insulina)
150
• Acidose metabólica – devido ao aumento da cetogénese hepática.
• Presença de corpos cetónicos na urina (acetoacetato e β-hidroxibutirato);
• Libertação de acetona (corpo cetónico) – odor a frutas no hálito.
Por outro lado, no caso da diabetes tipo II, a principal complicação aguda é o coma
hiperosmolar, na ausência de cetogénese.
Na diabetes tipo I, não há qualquer produção de insulina, enquanto que, na diabetes tipo
II, o pâncreas produz quantidades reduzidas de insulina. Assim, as quantidades reduzidas
de insulina na diabetes tipo II garantem a não existência de cetogénese hepática, o que
justifica o coma hiperosmolar e não o coma cetoacidótico.
151
A diabetes apresenta ainda manifestações multissistémicas:
152
proliferação de vasos sanguíneos à superfície da retina e do nervo ótico (pode
levar à cegueira).
Podem ocorrer ainda glaucoma e cataratas.
• Doença macrovascular – a hiperglicemia tende a aumentar as concentrações
de lípidos no sangue que provocam uma aterosclerose acelerada, originando
hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, enfarte do miocárdio, claudicação
intermitente e ainda gangrena;
• Nefropatia diabética – podem ocorrer lesões glomerulares, vasculares renais
(aterosclerose renal) ou pielonefrite. Estas estão associadas a um espessamento
da membrana basal dos capilares glomerulares, ao aumento difuso da matriz
mesangial e à presença de depósitos de matriz laminar na periferia dos
glomérulos.
153
O diagnóstico da diabetes envolve a utilização da prova de tolerância oral à glicose
(PTOG) – administração oral de glicose (70 g) e efetuam-se colheitas de sangue aos 60 e aos 120
minutos.
Valores de diabetes: em jejum > a 126 mg/dl e às 2 h valores > a 200 mg/dl
Por outro lado, também os valores da glicemia em jejum ( 126 mg/dl ou 7.0 mmol/l)
no plasma venoso ou a combinação dos sintomas clássicos e da glicémia ocasional 200 mg/dl
também permitem o diagnóstico da diabetes.
Em termos de monitorização do doente diabético, a quantificação da hemoglobina
glicada (HbA1c) – V.N. < 6%, traduz a glicémia nos 120 dias anteriores –, da albumina na urina
(valores de albumina na urina inferiores a 30 mg/24h), a pesquisa de acetona urinária (diabetes
tipo 1) e ainda a quantificação dos triglicéridos e do colesterol HDL e LDL são importantes.
154
PATOLOGIAS ENDÓCRINAS
PATOLOGIAS DA HIPÓFISE
TUMORES DA ADENOHIPÓFISE
155
hiperprodução de GH (hormona do crescimento) origina hiperglicemia, gigantismo (na criança)
e acromegalia (no adulto) – alterações faciais, engrossamento dos tecidos moles (ex: lábios),
sudação, alargamento das mãos e dos pés e diminuição da tolerância oral à glucose. Quanto à
hiperprodução de ACTH, esta provoca hiperplasia do córtex adrenal (doença de Cushing), cujo
diagnóstico radiológico e laboratorial envolve doseamentos hormonais e prova da TRH que
provoca o > da GH na acromegalia, sendo o tratamento cirúrgico, com antagonista da prolactina
– bromocriptina – e com antagonista da somatostatina.
DOENÇAS DA NEUROHIPÓFISE
PANHIPOPITUITARISMO
PATOLOGIAS DA TIROIDE
A tiroide (ou glândula tiroideia) sintetiza as hormonas tiroideias tiroxina (T4) e tri-
iodotironina (T3), aminoácidos que contêm iodo e que são importantes para o metabolismo do
organismo.
As fases para a produção de hormonas tiroideias são as seguintes:
1. O iodo ingerido é convertido em iodeto, entrando no folículo tiroidiano pela
bomba de iodo. A atividade desta bomba de iodo é estimulada pela TSH.
2. O iodeto no interior do folículo é convertido em iodo pela enzima peroxidase.
3. O iodo liga-se a uma molécula de tiroglobulina, formando a monoiodotirosina
(MIT). A MIT pode-se transformar em di-iodotirosina (DIT).
4. A produção de T3 e de T4 ocorre através das seguintes reações de acoplamento:
o 1 MIT + 1 DIT = T3 (tri-iodotirosina);
o 1 DIT + 1 DIT = T4 (tiroxina).
156
5. Ocorre secreção das hormonas tiroideias (T3 e T4) e da tiroglobulina para o
exterior do folículo.
157
A tiroide relaciona-se com o hipotálamo e com a hipófise, através do eixo hipotálamo –
hipófise – tiroide. Ocorre a produção de TRH ao nível do hipotálamo, o que estimula a produção
de TSH ao nível da hipófise.
A produção hipofisária de TSH é regulada pelos níveis plasmáticos de T3 – níveis
elevados de T3 no sangue (aquele sintetizado originalmente e aquele resultante da desiodinação
sofrida por T4) resulta na diminuição da produção de TSH.
A TSH atua, posteriormente, ao nível da tiroide, induzindo a síntese de T3 e de T4,
libertadas na corrente sanguínea.
158
• Ansiedade e hiperatividade (tremores ocasionais), insónias;
• Osteoporose e hipercalcemia;
• Hiperglicemia e hipercolesterolemia;
• Exoftalmia – devido à infiltração de linfócitos T e acumulação de líquido atrás do
olho.
Especificamente, a doença de Graves constitui a forma mais frequente de
hipertiroidismo, sendo mais comum na mulher, na terceira e quarta década de vida. Nos doentes
com doença de Graves, o autoanticorpo contra o recetor de TSH (TSHR-Ab) estimula as células
foliculares da tiroide a produzirem quantidades excessivas de hormonas tiroideias (T3 e T4),
como o que ocorre nas situações B e C da imagem abaixo.
Diagnóstico laboratorial: supressão do TSH, presença de anticorpos TSHR e aumento dos níveis
de T3 e T4.
159
• Apatia (91%);
• Edema das pálpebras (90%) – devido à deposição de complexos de ácido condroitino-
sulfúrico e de ácido hialurónico, que induzem a retenção de sódio e de água localmente;
• Intolerância ao frio (83%);
• Diminuição da memória (66%);
• Obstipação (61%) – há uma menor ação permissiva sobre as catecolaminas, diminuindo
a ação do sistema nervoso parassimpático e, consequentemente, menor motilidade
gastrointestinal;
• Aumento de peso (59%) – devido à diminuição do metabolismo basal;
• Queda de cabelo (57%);
• Edema generalizado (55%) – devido à deposição subcutânea de complexos
mucoglicoproteicos (ácido condroitino-sulfúrico e ácido hialurónico), que retêm água.
Diagnóstico laboratorial: diminuição dos valores de T3 e T4, aumento dos níveis de TSH,
presença de anticorpos antitiroideus, colesterol e triglicéridos aumentados e anemia
macrocítica.
160
O eixo endócrino hipotálamo – hipófise – glândula suprarrenal desempenha um papel
crucial neste sistema de controlo. A CRH produzida no hipotálamo induz a libertação de ACTH
na hipófise anterior, que estimula a síntese de hormonas no córtex adrenal. O cortisol,
produzido na zona fasciculada, exerce um efeito de feedback negativo sobre a produção de CRH
e de ACTH, enquanto que a epinefrina da zona reticulada exerce um efeito positivo.
A produção de cortisol por parte da zona fasciculada da glândula suprarrenal varia ao
longo do dia, sendo máximo ao acordar e diminuindo ao longo do dia até atingir um mínimo
durante a noite.
161
A síntese de hormonas esteroides, que ocorre ao nível do córtex adrenal, ocorre a partir
do colesterol, sintetizando-se androgénios, mineralocorticoides (corticosterona e aldosterona)
e glucocorticoides (cortisol). Em ambas as vias de síntese de mineralocorticoides e de
glucocorticoides, participam as enzimas P450c21 e P450c11 (21-hidroxilase).
162
No síndrome de ACTH ectópico, o cortisol está muito elevado, o que diminui a produção
de ACTH na hipófise. No síndrome de CRH ectópico, a hipófise é estimulada e há produção
excessiva de ACTH. O cortisol circulante está aumentado, o que diminui a produção de CRH pelo
hipotálamo.
O adenoma ou carcinoma suprarrenal podem secretar cortisol independentemente,
podendo evoluir para síndrome de Cushing.
Já o síndrome de Cushing iatrogénico está associado à administração de corticoides
exógenos em doses acima dos níveis fisiológicos de cortisol, levando ao aparecimento das
manifestações clínicas do hipercortisolismo, para além de inibir a ACTH e o cortisol, resultando
em atrofia do parênquima das suprarrenais.
163
A destruição do córtex adrenal culmina, portanto, na diminuição da produção de cortisol
e de aldosterona, que pode ter causas variadas:
164
Manifestações clínicas da crise adrenal aguda:
• Sinais: hipotensão, choque, desidratação, confusão mental e coma;
• Sintomas: febre, náuseas e vómitos, dor abdominal, fraqueza, apatia e depressão.
165
PATOLOGIAS OSTEOARTICULARES
PATOLOGIAS ARTICULARES
PATOLOGIAS ARTICULARES INFLAMATÓRIAS
Fisiopatologia da osteoartrite:
1. Destruição da cartilagem, inflamação e estreitamento da cápsula articular e da
membrana sinovial;
2. Ativação de enzimas catalíticas dos condrócitos;
3. Constante fricção dos ossos que ajuda à destruição;
4. Formação de osteófitos e de quistos ósseos subarticulares;
5. Atrofia muscular devido a menor utilização da articulação inflamada.
ARTRITE REUMATOIDE
166
Fisiopatologia da artrite reumatoide:
Embora se desconheça o que desencadeia a inflamação, verifica-se um recrutamento
de linfócitos e leucócitos ao local, com consequente proliferação das células sinoviais e
formação de um tecido granular invasivo (panus) que cresce de forma semelhante a um tumor
benigno. Este invade a cartilagem e liberta enzimas que degradam a cartilagem e o osso.
A articulação destruída sofre fibrose, o que torna difícil o movimento – anquilação.
167
Os testes habituais para deteção incluem o teste da aglutinação, teste de Waaler-Rose
(teste rápido de aglutinação para a determinação qualitativa em placa), nefelometria (reação de
imunoprecipitação que mede a quantidade de luz difratada devido à presença de complexos
imunológicos).
Anticorpos CCP (anti-péptidos cíclicos
Fator reumatoide
citrulinados)
Autoanticorpo (IgM) com reatividade para a Anticorpos que reagem com Ags com um
porção Fc das IgG autólogas, surgindo conteúdo elevado de resíduos de citrulina,
positivo em cerca de 75-80% dos doentes possuindo uma elevada especificidade para
com AR; a AR (95-98%) e sendo muito úteis no seu
diagnóstico precoce;
A percentagem de resultados negativos na
fase inicial é muito elevada. Quanto mais Quando associados ao HLA-DRB1*04,
alta a concentração, maior a probabilidade apresentam um elevado valor de
de AR. prognóstico.
ESPONDILITE ANQUILOSANTE
Manifestações clínicas:
• Dor mais glútea que lombar;
• Rigidez progressiva da coluna;
• Cifose gradual;
• Lombalgias noturnas e matinais;
• Melhora com o exercício físico.
ARTROPATIAS MICROCRISTALINAS
168
GOTA
A gota é mais frequente no homem que na mulher, caracterizando-se por rubor, dor e
edema da articulação afetada. Esta atinge geralmente a 1ª articulação metatársico-falangeal do
dedo grande do pé e deve-se à deposição de ácido úrico nas articulações devido a hiperuricemia.
A hiperuricemia deve-se a uma diminuição da excreção renal (patologia renal), à
alteração do metabolismo das purinas ou ao aumento da produção (quimioterapia), agravando-
se com a dieta rica em purinas e o consumo de álcool.
Conversão a
Vitamina D Hidroxilação no
vitamina 1,25-
formada na pele fígado a vitamina
[OH]2D no córtex
(radiação UV) 25-[OH]D
renal (forma ativa)
HIPOCALCEMIA HIPERCALCEMIA
169
HIPERCALCEMIA
HIPOCALCEMIA
170
O colagénio tipo I é formado por uma tripla hélice. Cada cadeia contém glicina,
hidroxiprolina e prolina, o que permite que as 3 cadeias se enrolem, formando uma fibra muito
resistente. A hélice termina nos telopéptidos, pequenos segmentos sem estrutura helicoidal. As
moléculas de colagénio tipo I associam-se mediante uma reação catalizada por uma enzima, a
lisil-oxidase, que une a hidroxiprolina a um resíduo de lisina de outra cadeia, formando pontes
cruzadas de hidroxipiridina que estabilizam a molécula.
171
A PTH, a hormona do crescimento (GH), a IL-2 e a deficiência de E2 levam à estimulação dos
osteoblastos. Estas células libertam, por sua vez, IL-1, IL-6, IL-11, TNF, TGF-β e CSF (citocinas
que são, globalmente, pró-inflamatórias), que induzem o recrutamento e a diferenciação
de células gigantes multinucleadas a osteoclastos.
A osteoporose surge então como uma doença esquelética sistémica caracterizada pela
diminuição da massa e deterioração da microarquitectura ósseas, com aumento da fragilidade
do osso e do risco de fratura. Nesta doença, verifica-se um desequilíbrio entre o processo de
formação e de reabsorção óssea, com óbvio favorecimento da reabsorção óssea.
A osteopenia traduz-se na diminuição da densidade mineral óssea (DMO), mas não
numa extensão tão grande como a que acontece na osteoporose. A osteopenia pode, portanto,
evoluir para osteoporose, sendo que a última aumenta o risco de fraturas.
Como se encontra visível no gráfico, a densidade mineral óssea aumenta durante a
infância e a adolescência, verificando-se uma diminuição muito acentuada da mesma durante
a menopausa, devido à diminuição dos estrogénios. Esta diminuição é particularmente notória
no osso trabecular. Homens com níveis mais baixos de testosterona, nomeadamente, aqueles
que apresentam hipogonadismo ou que se encontram sob terapêutica de inibição dos
androgénios para o cancro da próstata, também apresentam diminuições acentuadas da DMO.
172
Distinguem-se dois tipos de osteoporose:
• Osteoporose primária – não surge como consequência de nenhuma outra
doença. Esta pode ser idiopática da criança e do jovem ou involutiva, estando
esta última associada ao estado pós-menopausa na mulher (tipo I) ou ao idoso,
homem ou mulher, com mais de 70 anos (tipo II):
173
A reposição hormonal do estrogénio em mulheres na menopausa consegue evitar a
osteoporose. Como formas de prevenção, fazer exercício físico regularmente, seguir uma dieta
com alimentos ricos em cálcio – leite, iogurte, queijo, brócolos, laranja –, promover uma
moderada exposição ao sol (essencial à formação da vitamina D) e ainda a eliminação de hábitos
prejudiciais são alguns exemplos.
OSTEOMALÁCIA OU RAQUITISMO
DOENÇA DE PAGET
174
PATOLOGIAS DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO
INFERTILIDADE MASCULINA
CAUSAS PRÉ-TESTICULARES
CAUSAS TESTICULARES
Estas causas podem levar a atrofia testicular, que pode resultar em insuficiência do
órgão terminal e, finalmente, à infertilidade.
CAUSAS PÓS-TESTICULARES
175
Por outro lado, também dificuldades com a ereção e com a ejaculação, como as
causadas por disfunção erétil, ejaculação precoce, ausência de ejaculação e ejaculação
retrógrada. As principais causas destas situações são danos nos nervos, a toma de
medicamentos anti-depressivos e anti-hipertensores e o consumo de álcool e cocaína.
DISFUNÇÃO ERÉTIL
URETRITE
176
HIPERPLASIA BENIGNA DA PRÓSTATA
CARCINOMA DA PRÓSTATA
PATOLOGIAS TESTICULARES
CRIPTORQUIDISMO
TUMORES TESTICULARES
Estes tumores são mais comuns nas células germinativas (cerca de 95%) e dão origem
a diferentes tipos celulares, como os teratomas ou os coriocarcinomas.
Estes metastizam por via linfática para o pulmão, fígado, cérebro e rim, sendo
normalmente assintomáticos e apresentando um aparecimento mais comum no jovem adulto
(20 – 35 anos). Está associado a um fator genético e é mais comum nos caucasianos.
O seu diagnóstico inclui o doseamento da β-HCG e da α-fetoproteína.
177
PATOLOGIAS DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO
INSUFICIÊNCIA OVÁRICA
178
ALTERAÇÃO DOS CICLOS MENSTRUAIS: AMENORREIA E ANOVULAÇÃO
179
Ocorre, por isso, uma excessiva produção de androgénios pelas células da teca, em que
apenas uma parte sofre aromatização – hiperandroginismo.
A deficiente produção de FSH diminui o desenvolvimento dos folículos ováricos e
impede a ovulação – infertilidade.
A ausência de ovulação resulta em níveis elevados de estrogénios e insuficiente
progesterona, o que resulta em espessamento endometrial e sangramento intenso e/ou
irregular.
Produção excessiva de
Hiperandrogenismo
androgénios e baixa
funcional
aromatização
Deficiente produção
de FSH e menor
Aumento da produção Aumento da produção Infertilidade
desenv. dos folículos
extraglandular de de LH e estimulação ováricos
estrogénios da teca
Espessamento
endometrial
Níveis elevados de
Ausência de ovulação estrogénio e baixa
progesterona
Sangramento intenso
e/ou irregular
Sinais e sintomas:
• Anovulação persistente/dificuldade na ovulação;
• Oligoespaniomenorreia/amenorreia;
• Obesidade;
• Hirsutismo;
• Hiperpigmentação da pele da nuca e das axilas;
• Infertilidade;
• Abortos mais frequentes;
• Aumento do risco de cancro do endométrio;
• Hiperandrogenismo;
• Dor abdominal;
• Aumento do volume abdominal;
• Irregularidades menstruais;
• Alteração da frequência urinária;
• Acne;
• Queda de cabelo;
• Pressão pélvica.
180
Diagnóstico:
Exames clínicos Análises clínicas
• Níveis diminuídos ↓ ou normais de
FSH;
• Níveis elevados ↑ de LH (hormona
luteinizante);
• Exame pélvico; • LH/FSH>2;
• Ecografia; • Níveis elevados ↑ de androgénio
• Ressonância magnética; (testosterona) ou da D4-
• Biópsia; androstenodiona;
• Laparoscopia. • Níveis relativamente altos ↑ de
estrogénios (principalmente de
estrona) ou N mas sem pico pré-
ovulatório – E1/E2>1;
• Níveis diminuídos de SHBG.
181
CARCINOMA CERVICAL
PATOLOGIAS DO ÚTERO
ENDOMETRIOSE
TUMORES DO MIOMÉTRIO
NEOPLASIA DA MAMA
182
INFERTILIDADE FEMININA
183
PATOLOGIAS MINOR DA PELE
A pele apresenta como principais funções servir de barreira contra o meio externo, a
termorregulação, as funções sensitivas, a função endócrina e a função psíquica.
A pele apresenta-se constituída por:
• Epiderme – constitui um epitélio estratificado pavimentoso, encontrando-se os
queratinócitos divididos em várias camadas – estrato córneo, estrato granular,
estrato espinhoso e estrato basal;
• Derme – derme papilar, derme reticular, fibroblastos e células imunitárias;
• Hipoderme – tecido conjuntivo e adiposo.
184
Os fototipos cutâneos podem ser traduzidos através da escala de Fitzpatrick, com 6
tipos. O tipo I, normalmente associado a indivíduos do Norte da Europa, é o que apresenta a
menor taxa de retenção da radiação ultravioleta e, consequentemente, o maior risco de cancro
da pele.
185
As pápulas são elevações sólidas da pele, com um diâmetro inferior a 5 mm. São
achatadas, abobadadas e espiculares.
As úlceras são áreas circunscritas de perda cutânea que se estendem da epiderme até à
derme.
186
As pústulas são uma coleção visível de pus numa bolha com dimensão variável.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico deve ter em atenção vários fatores, como a queixa atual, a história médica
prévia, a história social, a história familiar e a história de prescrição de fármacos ou abuso de
drogas.
Também a distribuição regional característica de algumas lesões cutâneas é um fator
importante no diagnóstico diferencial.
187
PRINCIPAIS PATOLOGIAS MINOR DA PELE
PSORÍASE
ECZEMA OU DERMATITE
Eczema agudo – caracteriza-se pela presença de vasos sanguíneos dilatados, pela infiltração
celular e, ao nível da epiderme, pela presença de vesículas que promovem a elevação da
superfície cutânea.
Eczema crónico – caracteriza-se por uma hiperqueratose (espessamento das camadas
superiores da pele), com prolongamento das interdigitações entre a epiderme e a derme. Já
não existe dilatação tão evidente dos vasos sanguíneos.
188
Existem diferentes tipos de eczema:
• Eczema de contacto – dermatite precipitada por um agente exógeno,
frequentemente de natureza química. É frequente em contexto doméstico e
laboral (causa de absentismo).
É provocado pelo contacto repetitivo e cumulativo com agentes irritantes e
alergénicos – agentes abrasivos, substâncias ácidas e alcalinas, solventes e
detergentes.
189
• Eczema de estase venosa – eczema que afeta o membro inferior em contexto
de doença venosa periférica. O aumento da pressão hidrostática capilar leva à
deposição pericapilar de fibrina e pigmentos, sendo que é mais comum em
mulheres de meia idade.
ACNE
O acne constitui uma inflamação crónica das unidades pilossebáceas com formação de
comedões, pápulas, pústulas, quistos e cicatrizes. Apresenta uma incidência semelhante em
ambos os sexos.
Resulta de:
• Aumento da excreção de sebo;
• Hiperqueratose do ducto pilossebáceo;
• Colonização por Propionibacterium acnes;
• Libertação de mediadores inflamatórios.
Os comedões podem ser abertos (pontos negros) e fechados (pontos brancos).
Apresenta um início por volta dos 12 anos, permanecendo até por volta dos 20 anos. Podem
evoluir para pápulas, pústulas ou quistos, apresentando-se sobretudo na face, ombros, tronco
e dorso.
ROSÁCEA
190
• Rosácea ocular – hiperemia conjuntival, blefarite (inflamação do bordo das
pálpebras), hordéolo e calázio (“terçolho”).
URTICÁRIA E ANGIOEDEMA
Reação de
hipersensibilidade do
tipo I
Autoanticorpos
Ativação do sistema
indutores da libertação
complemento
de histamina
Bloqueio da formação de
prostaglandinas por
Libertação de histamina
AINEs - favorece a
causada por fármacos
acumulação de
leucotrienos vasoativos
191
DOENÇAS INFECCIOSAS
Impetigo
O impetigo constitui uma infeção cutânea superficial (provocada por Staphylococcus
ou Streptococcus), ocorrendo geralmente em crianças.
Apresenta-se como vesículas de rutura fácil, frequentemente na face. As lesões
espalham-se facilmente e são contagiosas.
Ectima
A ectima é uma forma de impetigo que causa lesões circunscritas, ulceradas e infetadas
que curam com cicatrização. Ocorre mais frequentemente no membro inferior, sendo muito
frequente em doentes toxicodependentes e debilitados.
Erisipela
A erisipela é uma infeção aguda da derme por Streptococcus
pyogenes, causando lesões com eritema, edema e sensibilidade, podendo
formar bolhas.
Estas lesões podem ser precedidas por febre, fadiga e sintomas
febris. Afetam geralmente a face ou as pernas.
Verrugas
As verrugas constituem tumores benignos comuns, devido à infeção de células
epidérmicas pelo papilomavírus. Estas podem ser:
• Comuns – pápulas ou nódulos, geralmente múltiplos, mais comuns nas mãos,
pés, face e genitália;
• Planas – pápulas lisas e planas, acastanhadas, mais comuns na face e dorso das
mãos;
• Plantares – em crianças e adolescentes nas plantas dos pés;
• Genitais – de pequenas dimensões, mas podem coalescer para formar
condilomas em forma de couve-flor.
192
Infeção por Moluscum contagiosum
Trata-se de uma doença caracterizada por pápulas abobadadas, discretas e rosadas,
com umbilicação central, causadas pela infeção pelo vírus homónimo.
Afeta sobretudo crianças e jovens adultos, originada por contágio por contacto,
incluindo sexual. São mais comuns na face, pescoço e tronco.
A reativação pode ser provocada por trauma físico, exposição solar e infeções
respiratórias superiores.
193
PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
O sistema nervoso central é protegido pela pele e músculos, pelo tecido ósseo, pelas
meninges e pelo líquido cefalorraquidiano (LCR).
PIA-MÁTER
ARACNOIDE
Espaço subdural
• Transparente;
• Poucos leucócitos;
• Pobre em proteínas;
• Glucose (60% da plasmática).
194
O SNC é irrigado pelo arco aórtico e pelos ramos vertebro-basilares e carótidas. Este
recebe 15% do débito cardíaco, uma vez que apresenta uma grande atividade, não possui
reservas de energia e apresenta uma baixa capacidade anaeróbica.
O débito arterial cerebral é mantido através de vários mecanismos reguladores,
nomeadamente, os barorrecetores carotídeos, a presença de neurónios vasomotores da
medula, a autorregulação local e a regulação da pressão intracraniana (o aumento da PIC
compromete a irrigação cerebral).
Verifica-se isquemia quando a pressão arterial se encontra inferior ou igual a 60 mmHg.
Menor
permeabilidade
Substâncias hidrossolúveis
Macromoléculas
NaCl e K+
O2 e CO2
Maior
permeabilidade
EDEMA CEREBRAL
A secreção ativa de LCR pelos plexos coroideus depende da secreção ativa de NaCl pelas
células epiteliais, o que arrasta consigo água.
As velocidades de secreção e de absorção do LCR, bem como do volume de sangue que
entra e sai do cérebro, devem ser iguais para não alterar a pressão intracraniana, pois a caixa
craniana é estanque. Nesse sentido, caso isso não aconteça, há acumulação de LCR e/ou o
aumento do espaço intersticial ou das células cerebrais, resultando em edema cerebral.
O edema cerebral compromete a atividade do SNC, levando ao aparecimento de
cefaleias, crises epilépticas, coma, hipoperfusão/isquemia, papiledema (olho), náuseas e
vómitos.
195
Existem várias formas de edema cerebral:
• Celular ou citotóxico – devido a uma diminuição do aporte de energia às células
cerebrais;
• Vascular – ocorre aumento da permeabilidade dos vasos, como em inflamações,
tumores, enfarte ou hemorragia;
• Intersticial – diminuição brusca da pressão osmótica do sangue em relação à
pressão osmótica do espaço intersticial (ex: utilização de insulina para correção
da glicémia).
MENINGITES
196
A identificação do agente infeccioso pode ocorrer com a análise do LCR – aumento dos
leucócitos, proteínas, diminuição da glucose e a razão gLCR/glicémia ser inferior a 0,4.
EPILEPSIA
Crises parciais:
Crises generalizadas:
Fisiopatologia da epilepsia:
As alterações ocorrem essencialmente ao nível dos canais de voltagem dependentes de
sódio e de cálcio, bem como da dessensibilização dos recetores GABAérgicos.
Os fármacos anti-convulsivantes mais usados (fenitoína e carbamazepina) atuam
inibindo esses canais e o fenobarbital aumenta a atividade dos recetores para o GABA.
197
DEMÊNCIA. DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS
DOENÇA DE ALZHEIMER
198
neurónios. Estas placas induzem a disfunção sináptica e a ativação de células da
glia (astrócitos reativos e proliferação da microglia).
Clivagem
Reação Disfunção
anormal de Danos
inflamatória sináptica e
APP e Necrose dos Produção de celulares e
e formação ativação de
formação de neurónios radicais livres aumento da
de placas células da
proteína β- apoptose
neuríticas glia
amiloide
Agregação das
Hiperfosforilação Desorganização
Desintegração proteínas Tau e
das proteínas do citoesqueleto
dos microtúbulos formação de
Tau celular
fibras anormais
199
PATOLOGIAS DO SISTEMA SENSORIAL E MOTOR
PATOLOGIAS SENSORIAIS
HIPOESTESIA, ANALGESIA, PARESTESIA, DISESTESIA E HIPERPATIA
Uma nevralgia constitui uma dor acentuada e periódica de uma extremidade nervosa.
O nervo trigémeo constitui o V par craniano, apresentando funções motoras, propriocetivas e
sensoriais, com três ramificações – nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo mandibular.
O principal sintoma é dor súbita com sensação de queimadura num dos lados da face,
sendo que o ataque pode ser desencadeado pela mastigação ou toque na face. As dores podem
resistir aos analgésicos, sendo necessário usar opiáceos. Por vezes, pode ser necessário
seccionar parcialmente o nervo.
Apresenta uma etiologia desconhecida e é mais comum nas mulheres.
CEFALEIAS
200
as mulheres. As formas mais complicadas são acompanhadas de sintomas neurológicos
transitórios (aura). Apresentam um componente genético importante.
Apresenta um quadro clínico dividido em 4 fases:
• Pródromo – sinais premonitórios 24h-48h antes da fase álgica, com distúrbios
de humor, sono, capacidade intelectual e gastrointestinais;
• Aura – disfunção neurológica focal, precede ou acompanha a fase álgica e
alterações visuais, da linguagem, sensoriais e motoras;
• Álgica – latejante, na região frontotemporal, unilateral, verificando-se
sensibilidade à luz, fenómenos vasomotores, sintomas gastrointestinais,
retenção hídrica e oligúria;
• Fase de recuperação – astenia e euforia.
A enxaqueca comum não apresenta a fase de aura, enquanto que a clássica apresenta.
Apresenta a teoria serotoninérgica – aumento transitório da libertação de serotonina
pelos neurónios do núcleo de Rhafe (com projeções para o córtex visual, frontal, gânglios basais,
tálamo e hipotálamo) – e a teoria da hiperexcitabilidade cerebral – aumento dos aminoácidos
excitatórios e diminuição da fosfocreatina e do Mg2+ intracelular e aumento do Pi durante as
crises – como modelos fisiopatológicos explicativos.
A principal causa deste tipo de cefaleias é a dilatação dos vasos meníngeos, devido a
neurotransmissores que se libertam quando o sistema trigémeo-vascular é ativado como
consequência da disfunção dos centros tronco-encefálicos que o modulam.
Cefaleias tensionais
Nestas cefaleias, ocorre dor em todo o crânio, leve ou moderada, e ocorre em situações
de ansiedade ou depressão ou por alterações degenerativas das primeiras vértebras cervicais
que provocam a contração muscular.
PATOLOGIAS MOTORAS
201
VIAS DIRETAS OU PIRAMIDAIS. SÍNDROME PIRAMIDAL
202
• Sinal de Babinski – reflexo flexor das extremidades inferiores (característico dos
primeiros meses de vida). Consiste na contração do dedo grande do pé quando se
estimula a planta do pé.
Doença de Parkinson
A doença de Parkinson constitui uma doença neurodegenerativa, que está associada a
degenerescência dos núcleos basais e de neurónios do sistema extrapiramidal. com depleção
de dopamina da substância nigra (as células produtoras de melanina degeneram, levando a
uma perda do pigmento).
Esta doença aparece entre os 45 e os 65 anos, afetando cerca de 1% da população com
mais de 65 anos e 4-5% com mais de 85 anos. Tem uma evolução lenta ao longo de 10 a 25 anos
após os primeiros sintomas.
A via direta (que facilita o movimento) está inibida e a via indireta (geralmente inibitória)
está ativada.
203
A fisiopatologia do Parkinson baseia-se na alteração dos neurónios dopaminérgicos
com deposição de um proteína anómala (alfa-sinucleína), que origina os corpos de Lewi.
Ocorre, deste modo, um aumento da apoptose dos neurónios da substância nigra, com depleção
da dopamina. Estes acontecimentos iniciam-se bastante tempo antes das manifestações
motoras da doença, no bulbo olfativo e no tronco cerebral.
Doença de Huntington
A doença de Huntington constitui uma doença hereditária autossómica dominante do
sistema extrapiramidal.
Os sintomas começam entre os 35 e os 45 anos.
Ocorre perda de neurónios dos gânglios basais e do córtex, com alterações bioquímicas
– diminuição da síntese de neurotransmissores (acetilcolina e GABA do estriado) na via
inibitória.
Verifica-se um quadro demencial (subcortical) e coreia (movimentos rápidos,
involuntários e espasmódicos) do braço, mão e face, seguido de movimentos contorcidos e
lentos dos membros e do corpo (atetose).
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O tratamento é sintomático, juntamente com fisioterapia.
Síndrome de Guillain-Barré
O síndrome de Guillain-Barré caracteriza-se por uma desmielinização dos nervos
periféricos e dos nervos cranianos.
Os principais sintomas incluem fraqueza dos membros e parestesias, paralisia facial e
dificuldade em deglutir.
Apresenta uma etiologia desconhecida, embora seja frequentemente precedida de
infeção viral. Normalmente, há total recuperação, embora se possam verificar remissões.
Miopatias: miotonia
A miotonia traduz-se na dificuldade do músculo em relaxar, por aumento da
excitabilidade das fibras musculares ao estímulos. É o caso da distrofia miotónica (doença
hereditária, autossómica dominante), em que há uma mutação do gene da miotonina proteína
cinase, com alteração da fosforilação de proteínas dos canais iónicos do sarcolema – alterações
nas concentrações extracelulares de Ca2+, Mg2+ e K+.
Os principais sintomas são, por isso, fraqueza e atrofia muscular.
205
• Lesão das fibras musculares com perda de todas as proteínas de causa
infecciosa, tóxica (álcool), autoimune (polimiosites, dermatomiosites);
• Desequilíbrio entre a síntese e o catabolismo proteico – má nutrição,
hipertiroidismo, tumores, excesso de glucocorticoides.
As principais manifestações clínicas incluem fraqueza muscular, principalmente
proximal (cintura escapular e pélvica), com dificuldade em levantar os braços acima da cabeça
e em andar, instalação gradual (distrofias) ou brusca (miosites), mialgias (dor muscular), está
presente nas doenças inflamatórias e atrofia muscular.
Rabdomiólise
A rabdomiólise integra-se num quadro de necrose muscular maciça, com mioglobinúria
(urina vermelha) e elevação da CK MM. É de relembrar ainda, como já foi referido no capítulo
das Patologias Renais e Urinárias, que a rabdomiólise pode provocar insuficiência renal aguda.
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