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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE MEDICINA

RELATÓRIO: SEMINÁRIO - SEPSE

DISCENTES:

Matheus Abner de Queiroz

Rômulo Freire Gomes Silva

Kaio Palmeira Ribeiro

Thalles Pires de Oliveira

Goiânia – GO
2023
SUMÁRIO

Introdução Página 2

Epidemiologia Página 3

Etiologia Página 3

Clínica e Exames Complementares Página 4

Fisiopatologia Página 6

Diagnóstico e Tratamento Página 6

Referências Bibliográficas Página 9


INTRODUÇÃO

Sepse é uma síndrome clínica que tem anormalidades fisiológicas, biológicas e


bioquímicas causadas por uma resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção. A sepse e
sua resposta inflamatória pode levar a disfunções orgânicas diversas e à morte.
As definições estabelecidas pela SCCM/ESICM (Society of Critical Care Medicine,
European Society of Intensive Care Medicine) podem ajudar a entender melhor as etapas
dessa síndrome:
• Sepse precoce: Não há definição clara, sendo percebida nos estágios iniciais de uma
infecção e bacteremia. Nesse estágio, busca-se identificar pessoas que, devido a
comorbidades ou à etiologia da infecção, podem ter maior risco de desenvolver a
Sepse. Usa-se, para estratificar esses pacientes, escores como qSOFA e NEWS.
• Sepse: Definida anteriormente, pode ser identificada quando ocorre, simultâneamente,
Disfunção de Órgãos e Infecção. A disfunção orgânica pode ser percebida com um
aumento de 2 pontos no escore SOFA, sendo este o mais preditivo para essa
característica, apesar de não ser diagnóstico para Sepse.
• Choque Séptico: Trata-se de um tipo de choque distributivo ou vasodilatador. Define-
se como uma Sepse que possui anormalidades circulatórias, celulares e metabólicas
associadas com um maior risco de mortalidade do que a Sepse sozinha. Clinicamente,
é percebida como pacientes que, apesar de reposição de fluídos adequada, necessitam
de vasopressores para manter a Pressão Arterial Média (MAP, em inglês) ≥65 mmHg
e que possuem um nível de lactato >2 mmol/L.
É importante ressaltar também, os fatores de risco que predispõem o surgimento da
sepse:
• Admissão em CTI;
• Bacteremia;
• Idade avançada;
• Imunossupressão;
• Obesidade e Diabetes;
• Câncer;
• Pneumonia adquirida na comunidade;
• Hospitalização prévia;
• Fatores genéticos.
EPIDEMIOLOGIA

No período de 2009 a 2014, foram relatados 7 milhões de hospitalizações por sepse em


409 hospitais dos Estados Unidos, representando um total de 6% das hospitalizações neste
Grupo.
A sepse possui maior prevalência associada a:
• Idade avançada;
• Imunossupressão;
• Infecção resistente a drogas;

Há maior incidência de Sepse durante períodos tipicamente associados com alta


prevalência de síndromes respiratórias. Também, é verificado que a sepse é mais prevalente
em grupos expostos socialmente como aqueles de baixa renda.

ETIOLOGIA

A causa primária predominante da sepse geralmente encontra-se na pneumonia, com


uma estimativa de que até 48% dos pacientes hospitalizados diagnosticados com pneumonia
acabam desenvolvendo a condição séptica. Por conseguinte, o pulmão representa o foco
principal da sepse, contribuindo com 64% dos casos, enquanto outras origens de infecção
comuns englobam a região abdominal (20%), o sistema circulatório (15%) e o sistema
geniturinário (14%).
A sepse pode surgir em várias situações, seja na comunidade, no âmbito hospitalar ou
associada à prestação de cuidados médicos, sendo que a maioria dos casos tem origem na
comunidade (80%). A prevalência de infecções bacterianas Gram-positivas e Gram-negativas
é praticamente equivalente entre os pacientes com sepse, sendo o Staphylococcus aureus
(Gram-positivo) e diversas espécies de Pseudomonas e Escherichia coli (Gram-negativas) os
microrganismos mais frequentemente identificados. Causas fúngicas, como Candida e outros
tipos de fungos, são raras.
No que diz respeito aos pacientes que passaram recentemente por cirurgias, é crucial
suspeitar de infecções pós-operatórias, independentemente de sua profundidade, uma vez que
podem desempenhar o papel de desencadeadores do choque séptico.
CLÍNICA E EXAMES COMPLEMENTARES

Quando nos deparamos com um paciente diagnosticado com sepse, a apresentação


inicial é vagamente definida e pode estar relacionada a fatores como infecção, uma resposta
inflamatória generalizada ou falha em órgãos e sistemas do corpo. Portanto, os sintomas
iniciais frequentemente incluem uma tosse produtiva, dor abdominal ou dificuldade ao urinar.
Um exame físico aprofundado geralmente revela febre, aumento da frequência cardíaca e
respiração acelerada.
À medida que a condição progride, podem surgir complicações, como insuficiência
respiratória, renal, hepática e, em alguns casos, choque, indicando disfunção orgânica
significativa. O choque séptico é uma manifestação grave, caracterizada por perturbações na
circulação sanguínea e no metabolismo, geralmente resultando em uma pressão arterial
perigosamente baixa. Devido à sua alta letalidade, é crucial identificar essa condição
precocemente e adotar um tratamento agressivo.
Os sintomas de choque séptico incluem hipotensão (pressão arterial baixa), taquicardia
(batimentos cardíacos acelerados), diminuição do tempo de enchimento capilar, manchas
arroxeadas na pele (livedo ou cianose) e, em alguns casos, alterações no estado mental, como
confusão ou agitação, diminuição da produção de urina e obstrução intestinal (íleo). Estes
sintomas podem ser complicados devido a outras doenças subjacentes ou ao uso de
medicamentos para tratar comorbidades, por exemplo, betabloqueadores, que podem mascarar
a taquicardia em idosos.
Além disso, é importante observar que pacientes com histórico de hipertensão crônica
têm maior probabilidade de apresentar uma hipoperfusão crítica, mesmo com uma pressão
arterial aparentemente alta em comparação com indivíduos previamente saudáveis.
Ao realizar a anamnese e o exame físico, muitas vezes encontramos achados
laboratoriais que, embora não sejam muito específicos, desempenham um papel essencial na
determinação da origem da infecção e na confirmação da disfunção orgânica, auxiliando no
diagnóstico da síndrome de sepse.
Exames laboratoriais para elucidação de foco infeccioso:

É de suma importância que a solicitação de exames seja feita de maneira criteriosa e


consciente, baseando-se na suspeita clínica. No entanto, de maneira geral, para pacientes com
suspeita de sepse, é rotineiramente indicada a realização de dois conjuntos de hemoculturas
(um para crescimento de bactérias anaeróbicas e outro para bactérias aeróbicas). É
fundamental que essa solicitação seja preferencialmente feita antes da administração de
antibióticos, sem qualquer demora nesse processo.
Adicionalmente, a realização de hemoculturas pode fornecer informações valiosas,
como o diagnóstico da causa subjacente (como pneumonia, pielonefrite, apendicite, entre
outros), identificação de complicações (como disfunção miocárdica) e orientação para o
tratamento, incluindo a reposição de volume. Além disso, a ultrassonografia point-of-care
(USPOC) tem ganhado destaque no contexto da sepse devido à sua capacidade de auxiliar no
diagnóstico, monitoramento e tratamento da condição.

Exames laboratoriais para avaliação de disfunções orgânicas:


FISIOPATOLOGIA

As células fagocitárias e a Via Alternativa do Sistema Complemento formam a


primeira linha de defesa contra infecções, ativadas por componentes da parede bacteriana.
Isso desencadeia uma resposta inflamatória, com liberação de citocinas como TNF-alfa e IL-
1, estimulando uma resposta celular e a ativação de granulócitos. As endotoxinas, como o
lipídio A, ativam diretamente células e o sistema complemento, além de induzir a produção de
citocinas pelos macrófagos.
As endotoxinas também causam a liberação de citocinas diretamente das células,
aumentando o consumo de oxigênio pelos macrófagos e a produção de radicais livres de
oxigênio. A ativação dos macrófagos pode contribuir para uma reação inflamatória
generalizada. Os macrófagos ativados secretam mediadores inflamatórios, como leucotrienos
e PAF, que ampliam a resposta inflamatória. Além disso, produzem citocinas que atuam em
outras células, induzindo uma resposta inflamatória tardia.
A destruição do endotélio vascular pelo ataque dos polimorfonucleares causa aumento
da permeabilidade e edema, afetando o pulmão. O choque séptico é agravado pela lesão do
endotélio, mudanças na microcirculação, alterações no pH e temperatura sanguínea, e redução
do suporte de oxigênio. A presença do foco infeccioso, a liberação de endotoxinas e a
produção de citocinas ativam os leucócitos, que são atraídos para o local de infecção. Isso
modifica o fluxo sanguíneo na microcirculação e a oferta de oxigênio aos tecidos.
A ativação dos leucócitos aumenta o consumo de oxigênio, produzindo radicais
superóxidos e peróxidos que ajudam na destruição de bactérias fagocitadas. Em resumo, a
infecção desencadeia uma resposta inflamatória complexa envolvendo diversas células e
mediadores, podendo levar a danos no hospedeiro, principalmente quando a resposta se torna
descontrolada.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico ocorre quando um paciente com infecção confirmada desenvolve os


sinais de inflamação sistêmica, com disfunção de órgãos como os rins, coração e fígado. Nos
casos em que não há explicação certa para pacientes com esses sinais, deve-se suspeitar de
infecção, realizar uma histórica e exame físico bem elucidados, exames de laboratório, como
cultura de urina, cultura de sangue e de outros líquidos como mencionado.
É importante ressaltar que esses exames de cultura não impedem a tomada de ação e
não há tempo para esperar o resultado conciso para obter o resultado final dessa análise.
Exames com boa sensibilidade, mas não específicos para a sepse grave, incluem a proteína C
reativa e procalcitonina, que na suspeita ajuda a firmar um diagnóstico com mais agilidade.
Outras causas de choque devem ser exploradas, pesquisadas e descartadas, nesse caso, além
da história e exame físico, o ECG, troponinas I e T são úteis para avaliar causas cardíacas.
O tratamento é realizado em UTI tem foco em reanimação com líquidos usando
solução salina a 0,9% (não há benefício significativo entre as diferentes soluções cristalóides),
oxigenoterapia, antibióticos de amplo espectro em um primeiro momento, os quais serão
adaptados conforme os resultados de culturas, drenagem de abscessos e excisão de lesões
necróticas, controle e normalização dos níveis de glicemia e corticosteróides em dose de
reposição.
Reanimação salina 0,9% até PVC - pressão venosa central - atingir 8 mmHg ( 10cm
H2O) ou POAP - pressão de oclusão da artéria pulmonar - atingir 12 a 15 mmHG. O volume
de líquido pode ultrapassar e muito o volume normal de sangue, podendo chegar em 10 litros
ao longo de 4 a 12 h, sendo 30 mL/kg na primeira hora e acompanhado pelas próximas 3
horas.
Para o tratamento antimicrobiano os agentes mais comuns incluem Escherichia coli,
Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae e Streptococcus pneumoniae.
S. aureus resistente à meticilina – (MRSA) é uma causa de sepse não apenas em
pacientes hospitalizados, mas também em indivíduos residentes na comunidade sem
hospitalização recente: Sugere-se vancomicina intravenosa empírica (ajustada para a função
renal)

● Se Pseudomonas for um patógeno improvável, combinar a vancomicina com:

•Uma cefalosporina de terceira geração (por exemplo, ceftriaxona ou cefotaxima) ou


de quarta geração (cefepima), ou

•Um inibidor de betalactâmico/beta-lactamase (por exemplo, piperacilina-tazobactam)


ou

•Um carbapenem (por exemplo, imipenem ou meropenem)


● Pseudomonas – Combinação de vancomicina com um ou dois dos seguintes,
dependendo dos padrões locais de suscetibilidade aos antibióticos:

• Cefalosporina antipseudomonal (por exemplo, ceftazidima, cefepima) ou

• Carbapenem antipseudomonal (por exemplo, imipenem, meropenem) ou

•Inibidor antipseudomonal de beta-lactâmico/beta-lactamase (por exemplo,


piperacilina-tazobactam) ou

• Fluoroquinolona com boa atividade antipseudomonal (por exemplo, ciprofloxacina)


ou

• Aminoglicosídeo (por exemplo, gentamicina, amicacina) ou

• Monobactam (por exemplo, aztreonam)

● Organismos gram-negativos não pseudomonas (por exemplo, E. coli, K.


pneumoniae) – Patógenos gram-negativos, uso de um único agente com eficácia comprovada
e a menor toxicidade possível, exceto em pacientes que sejam neutropênicos ou cuja sepse
seja devida a uma infecção conhecida ou suspeita por Pseudomonas, onde a terapia
combinada pode ser considerada.

● O uso dos glicocorticóides estão associados a melhor reversão do choque séptico,


mas sem impacto na mortalidade é reservado aos pacientes com refratariedade ao tratamento
por reposição de soluções cristalóides e medicamentos inotrópicos e vasoconstritores, como a
dobutamina e alternativamente a adrenalina.

● Benefícios foram encontrados também em casos de transfusão - com base na


experiência clínica, estudos randomizados e diretrizes sobre transfusão de hemoderivados em
pacientes gravemente enfermos, reserva-se a transfusão de glóbulos vermelhos para pacientes
com nível de hemoglobina ≤7 g/dL. As exceções incluem suspeita de choque hemorrágico
concomitante ou isquemia miocárdica ativa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JÚNIOR, G. A. P. et al. Fisiopatologia da sepse e suas implicações terapêuticas. [s.l: s.n.].


Disponível em: < file:///C:/Users/USER/Downloads/7681-Texto% 20do%
20artigo-10243-1-10-20120507.pdf>. Acesso em: 25 outubro. 2023.

FUCHS, A. Sepse: a maior causa de morte nas UTIs. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://portal.fiocruz.br/noticia/sepse-maior-causa-de-morte-nas-
utis#:~:text=Segundo%20a%20Orga
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