Você está na página 1de 53

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

EXTENSÃO DE QUELIMANE
********

Curso de Licenciatura em
Cirurgia Geral

SEPSE
Clínica
Cirúrgica - I
Docente: Júlio Armindo Artur
Dr. Ornelos Madeira Alfredo Lázaro Mondlane
/MD. Especialista em Cirurgia Geral/

Quelimane, Abril de 2021


OBJECTIVOS
GERAIS:
Compreender o processo evolutivo da
sepse

ESPECíFICOS:
Definir a sepse
Conhecer os estágios da sepse
Saber diagnosticar e tratar precocimente a
sepse
Introdução
Sepse severa e choque séptico são problemas
graves de saúde pública, afectando milhões de
pessoas em todo o mundo a cada ano.

A sepse é a principal causa de morte nas


unidades de terapia intensiva, matando 25% ou
mais dos doentes acometidos e aumentando
sua incidência cada vez mais.
CONT.
Similar ao politrauma, infarto agudo do
miocárdio ou acidente vascular encefálico, a
velocidade e a acurácia da administração da
terapia nas horas iniciais após o desenvolvimento
da sepse severa influenciam sobremaneira o
prognóstico dos pacientes
Cont.

Grande heterogeidade no manejo da sepse foi


identificada e, desta forma, foram propostas
estratégias para homogeneizar as condutas,
através de protocolos gerenciados, baseados
em evidências científicas, objetivando a
redução do risco de óbito.
Definições
Ou seja:

+ um foco infeccioso confirmado ou suspeito


Sepse
Ela compreende pelo menos três processos
distintos, porém interligados e que acontecem
quase concomitantemente, que contribuem para a
evolução da patologia, sendo:

• O foco infeccioso,
• O agente causal;
• A resposta inflamatória sistémica, e por fim,
• As alterações hemodinâmicas
Resumindo…
Cirurgia
Bactérias

Trauma
S Sepse Fungos

I Sepse
Queimaduras severa Infecção
R Choque Parasitas
Séptico
S SFMO
Pancreatite Virus

Outras Outros

Morte
https://t.me/NFCmocambique Fonte: Bone et al, CCM 1992
Taxa de sobrevida
• A detectação precoce da SEPSE aumenta, de
início, as chances de sobrevivência
Dados de mortalidade por SEPSE em
Moçambique e no mundo
Sector Sector
Total Mundo
Publico Privado

SUR

Internamento
Sepse na UCI

Fonte: Manejo clinico em pacientes com infecção e sepse em Moçambique disponível em


https://t.me/NFCmocambique (Estudo de infecção e Sepsis – HCM, HCB e HCN – 2017 –
Direcção Nacional de Assistência Médica)
Etiologia da Sepse
Infecções mais comuns associadas à
SEPSE
• Pneumonia em cerca de 50% dos casos;
• Peritonites;
• Infecção urinária;
• Infecção associada a catéteres;
• Abcessos dos tecidos moles;
• Meningites;
• Endocardites.
Importância
• Aumento no número de casos de sepse;
• Aumento da população idosa vulnerável;
• Aumento de imunossuprimidos;
• Portadores de doenças crónicas;
• Maior resistência dos microrganismos
• Número reduzido de opções terapéuticas;
• Falta de infraestruturas em atendimento
médico.
Fisiopatologia
Resposta inflamatória excessiva a
inflamação
Mediadores anti-inflamatórios
Diagnóstico
Critérios de exclusão:
• Pacientes em cuidados paliativos, portanto
sem indicação de medidas agressivas para
sepse ou choque séptico;

• Idade < 18 anos;

• Recusa do paciente.
Critérios de admissão em unidade de
internação:
• Pacientes sépticos (sem disfunção orgânica);

• Pacientes com sepse que REVERTEM à


disfunção orgânica após tratamento inicial
(pacote de 6 horas).
Critérios de admissão em UCI:
• Pacientes com sepse que REVERTEM PARCIALMENTE à
disfunção orgânica após tratamento inicial (pacote de 6
horas);

• Pacientes com sepse que NÃO REVERTEM à disfunção


orgânica após tratamento inicial (pacote de 6 horas);

• Pacientes com choque séptico;

• Pacientes com síndrome do desconforto respiratório


agudo (SARA) induzido pela sepse;
Critérios de alta da UCI:

• Melhora clínica, estabilidade


hemodinâmica e respiratória,
sem dependência de medidas de
suporte hemodinâmico ou
respiratório.
Diagnóstico Clínico
A equipe multidisciplinar deve estar
atenta à presença dos critérios de
resposta inflamatória sistêmica, que
definem a presença de infecção.
Abordagem clínica
Porquê começar o tratamento rápido?
Tratamento da SEPSE – Pacote de 1 Hora
Tratamento
São cinco intervenções que devem ser iniciadas
na primeira hora:

1. Medir o lactato (reavaliar a cada 2-4 horas)


• Marcador de hipoperfusão tecidual;
• Marcador prognóstico;
• Alvo terapêutico à queda de 20% em 2-6 horas
ou <2mmol/L.
Tratamento
2. Colher culturas
• Não atrasar a antibioticoterapia;
• Foco suspeito + hemocultura;

3. Administrar antibioticoterapia
• Amplo espectro;
• Guiada por provável foco infeccioso;
• Remover foco infeccioso
• Descalonar antibioticoterapia após resultado da
cultura.
Tratamento
4. Administrar cristalóides
• 30 ml/kg na primeira hora;

5. Vasopressores para PAM > 65


mmHg
• Noradrenalina (droga de escolha)
Critérios de alta da unidade de
internação (alta hospitalar):

• Melhora ou cura clínica.


Paciente com suspeita de infecção?
Sim
Monitorar condições
Não
Não clinicas;
Ainda com suspeita de
qSOFA ≥ 2? reavaliar para possível
Sepse?
sepse
Sim
Avaliar evidências de
disfunção orgânica

Não Monitorar condições


SOFA ≥ 2? clinicas;
Reavaliar para possível
Sim sepse.

Sepse
Não

• Necessidade de uso de
vasopressor para manter Sim
PAM > 65 mmHg?
• Lactato > 2 mmol após
Choque Séptico
reposição volêmica?
Referências bibliográficas
1. INHAMBANE; Núcleo de Formação Continua; Manejo clinico em pacientes
com infecção e sepse; DPS – Inhambane; Moçambique. 2017 – disponível em
https://t.me/NFCmocambique.

2. VAZ, Fernando; Manual de Cirurgia para Hospitais Rurais – 1ª edição/


Volume 2; Instituto Superior de Ciências de Saúde – ISCISA; Maputo –
Moçambique, 2015.

3. COURTNEY, M. Townsend et al; SABISTON: Tratado de Cirurgia, (A base


Biológica da Prática Cirúrgica Moderna). 20ª Edição; Elsevier; Rio de
Janeiro; 2013.

4. MARTINS, HS, BRANDÃO, RA, VELASCO, IT. Emergências Clínicas –


Abordagem Prática – USP. Manole, 12ª edição, 2018.

5. OLIVEIRA, CQ et al; Yellowbook: Fluxos e condutas da medicina interna.


SANAR, 1ª edição, 2017.

Você também pode gostar