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INTRODUÇÃO
PROF. CLARISSA
CERQUEIRA
Olá, futuro(a) Residente, tudo bem?
Este aqui é um resumo de um dos temas mais quentes da
infectologia: a infecção pelo HIV. Quero reforçar que isso aqui é
um resumo! Ou seja, não falarei de tudo que cai nas provas, mas
sim dos tópicos mais frequentes dos temas mais cobrados. Se
quiser se aprofundar no assunto, é só ler o livro digital completo
na área do aluno e assistir às videoaulas.
Meu objetivo com esse resumo é fazer você acertar a
maioria das questões de provas de Residência Médica sobre a
infecção pelo HIV. Tudo o que está descrito aqui é de importância
para a prova.
Sobre a infecção pelo HIV, os tópicos mais quentes e que
resumirei aqui para você são:
@draclarissacerqueira
@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
MED
INFECTOLOGIA HIV Estratégia
MED
SUMÁRIO
2.0 EPIDEMIOLOGIA 4
3.0 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E QUADRO CLÍNICO 5
4.0 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 6
5.0 TRATAMENTO 6
5 .1 TRATAMENTO EM GESTANTES 8
6 .2 NEUROTOXOPLASMOSE 10
6 .3 NEUROCRIPTOCOCOSE 12
7.0 PREVENÇÃO 15
7 .1 PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PEP) 15
CAPÍTULO
1.1 TRANSMISSÃO
A respeito da transmissão do HIV, o que você precisa saber são quais materiais biológicos podem transmitir ou não:
Leite materno
Figura 1. Tabela comparando materiais biológicos com risco de transmissão do HIV daqueles que não têm risco.
CAPÍTULO
2.0 EPIDEMIOLOGIA
A respeito da epidemiologia da doença, há algumas tendências no Brasil que são cobradas em provas. Elas são as seguintes:
CAPÍTULO
Neste gráfico você consegue visualizar a evolução da carga viral e contagem de linfócitos T CD4+ ao longo de cada uma das fases da
infecção:
Figura 7. Evolução da carga viral e contagem de linfócitos T CD4+ ao longo da evolução natural do HIV.
CAPÍTULO
2. Um teste rápido usando fluido oral e outro teste rápido usando sangue.
Se ambos os testes vierem positivos, temos um diagnóstico confirmado de infecção pelo HIV. Se os testes vierem discordantes, temos
que fazer um 3º teste diferente dos anteriores.
CAPÍTULO
5.0 TRATAMENTO
Uma vez que a infecção pelo HIV for confirmada, será indicado o tratamento! Ele independe da contagem de linfócitos TCD4+ e da
carga viral. O esquema atual preconizado pelo Ministério da Saúde contém três drogas e é o seguinte:
Nesse esquema, o paciente toma 2 comprimidos por dia, já que o TDF e 3TC são coformulados em um comprimido único e o DTG em
outro comprimido.
Além de ser cobrado qual é o esquema inicial de tratamento, algumas particularidades de alguns antirretrovirais também podem cair
em prova. Nesta tabela abaixo, anotei somente os pontos mais importantes a respeito das drogas mais cobradas:
Inibidores da transcriptase
reversa não análogos • Efavirenz • Efeitos adversos: terror noturno, sonhos vívidos,
de nucleosídeos e (EFV). ansiedade, depressão.
nucleotídeos (ITRNN).
Figura 15. Essa tabela é um resumo com as principais informações de cada antirretroviral. Perceba que o nome de cada classe já diz qual é seu
mecanismo de ação.
Em gestantes, o tratamento pode ser diferente do esquema básico, afinal, o dolutegravir não deve ser usado no primeiro trimestre da
gestação por risco de defeito no tubo neural. Veja como é o esquema em gestantes:
A genotipagem é um exame usado para investigar mutações no HIV que levam à resistência a alguns antirretrovirais.
• O esquema básico (TDF + 3TC + DTG) pode ser feito em associação com o tratamento da tuberculose, porém
a dose do dolutegravir deve ser dobrada.
• A rifampicina não deve ser feita em associação com inibidores de protease. Caso o paciente já faça uso
de algum, a recomendação é trocar essa classe por outra. Caso isso não seja possível e o IP não possa ser
trocado, devemos trocar a rifampicina pela rifabutina.
CAPÍTULO
6 .1 PNEUMOCISTOSE
A pneumocistose é uma doença causada pelo Pneumocystis pulmonar a presença de candidíase oral, que é um marcador de
jiroveci. Ela, geralmente, manifesta-se quando a contagem de imunossupressão, para sugerir um diagnóstico de pneumocistose.
linfócitos T CD4+ está abaixo de 200 células/microL. Clinicamente, De exames laboratoriais, a elevação do lactato desidrogenase (LDH)
o paciente apresenta um quadro subagudo de tosse seca, febre, é bem característica.
dispneia e hipoxemia. Geralmente, a banca associa ao quadro
Figura 16. Na imagem da esquerda, observe uma radiografia de tórax de paciente com pneumocistose. Preste atenção ao infiltrado intersticial bilateral. Na imagem à
direta, você pode observar uma tomografia de um outro paciente com pneumocistose que evidencia um infiltrado em vidro fosco bilateral.
Seu tratamento é feito com sulfametoxazol e trimetoprim deve ser feito com clindamicina e primaquina.
por 21 dias e, após o uso do antibiótico em dose terapêutica, Pacientes com pneumocistose moderada à grave, ou seja,
devemos lembrar de mantê-lo em dose profilática três vezes por com PaO2 < 70mmHg em ar ambiente ou gradiente alvéolo-capilar
semana para evitar recorrência da doença. Essa profilaxia deve ser > 35mmHg, têm indicação do uso de corticoides, já que reduzem a
mantida até 3 meses após uma contagem de linfócitos acima de mortalidade nesses casos.
200 células/mm . Caso o paciente seja alérgico à sulfa, o tratamento
3
TRATAMENTO DA PNEUMOCISOSE
1. Medicações: sulfametoxazol-trimetoprim ou clindamicina e primaquina (nos casos de
alergia à sulfa) por 21 dias.
2. Indicações de uso de corticoide: PaO2 < 70mmHg em ar ambiente ou gradiente alvéolo-
capilar > 35mmHg.
Dispneia, febre,
Quadro clínico
tosse seca.
PO2 baixa
Exames
DHL elevado
Pneumocistose
em pacientes com
HIV/AIDS
Radiografia de tórax: normal, ou com infiltrado intersticial bilateral, ou com pneumotórax.
TC de tórax: opacidades em vidro fosco.
Imagem
Geralmente presuntivo com quadro clínico e exames compatíveis. Pode ser feita pesquisa
direta ou PCR do fungo em escarro ou lavado broncoalveolar
Diagnóstico
6.2 NEUROTOXOPLASMOSE
Não há indicação de rotina de realizar punção lombar com análise do líquor nesses pacientes, afinal, muitos deles apresentam desvio
de linha média com risco de herniação. Esse exame é indicado quando houver suspeita de alguma outra doença neurológica concomitante ou
para investigar causas não infecciosas.
O tratamento é feito por 6 semanas (42 dias) e pode ser realizado com qualquer uma das opções:
• Sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico. Caso o paciente seja alérgico à sulfa, devemos trocar a sulfadiazina pela clindamicina
e suspender o ácido folínico.
• Sulfametoxazol-trimetoprim (SMX-TMP).
Como o diagnóstico é presuntivo, após 10 a 14 dias devemos repetir o exame de imagem e, caso tenha ocorrido uma melhora da lesão,
juntamente com uma melhora clínica do paciente, podemos confirmar o diagnóstico da neurotoxoplasmose. Caso o paciente não melhore,
devemos pensar em outra hipótese diagnóstica como o linfoma primário de sistema nervoso central (LPSNC).
Além dos antibióticos, pode ser usado corticoide, caso haja efeito de massa importante na TC de crânio ou edema cerebral difuso. Não
é indicado o uso profilático de anticonvulsivantes.
Eis aqui o resumo da neurotoxoplasmose:
6.3 NEUROCRIPTOCOCOSE
Assim que o diagnóstico for feito, está indicado o tratamento, que é feito em 3 fases:
1. Indução: é a fase inicial e devemos fazer a associação de anfotericina com 5-flucitosina ou fluconazol. A duração é em torno de 2
semanas.
2. Consolidação: deve ser iniciada em seguida à indução, com fluconazol em doses altas por 8 semanas.
3. Manutenção: após a consolidação, reduzimos a dose do fluconazol que deve ser mantido por pelo menos um ano.
Nos pacientes que não estavam em uso da TARV, devemos aguardar em torno de 2 a 10 semanas para iniciar essas medicações.
Precisamos esperar esse tempo para evitar a síndrome da reconstituição imune.
A candidíase oral e esofágica e a esofagite por CMV são os importante para você diferenciar da leucoplasia pilosa oral. É uma
tópicos mais cobrados desse assunto. Vamos lá! doença causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), que clinicamente se
A candidíase oral é uma doença que se manifesta clinicamente apresenta da mesma forma que a candidíase. A diferença é que não
com a presença de placas esbranquiçadas na cavidade oral que conseguimos remover a placa com uma espátula.
conseguem ser removidas com uma espátula. Essa informação é
Figura 24. Cavidade oral de paciente com candidíase oral e esofágica. Perceba os pontos brancos que podem ser retirados com uma espátula.
A candidíase oral geralmente é um marcador precoce de de disfagia nos pacientes com AIDS.
imunossupressão, porém não é uma doença definidora de aids. Tanto o tratamento da candidíase oral quanto da esofágica é
Nos pacientes com candidíase oral que apresentem disfagia, feito com fluconazol.
pense logo em candidíase esofágica, que é a causa mais frequente
Figura 26. Anatomopatológico de úlcera esofágica pelo CMV. A seta aponta para
célula que forma o “olho de coruja”.
Figura 27. Observe na primeira ilustração da esquerda, uma úlcera longitudinal com base irregular, característica do CMV. Na ilustração da direita, veja como as úlceras
são múltiplas e bem demarcadas, características que pertencem ao HSV. .
Quando os LTCD4+ do paciente caem bastante, devemos iniciar, de forma preventiva, algumas medicações para evitar doenças
oportunistas. Veja esta tabela e memorize:
MAC (Mycobacterium avium
Linfócitos T CD4 ≤ 50/mm3. Azitromicina.
complex).
CAPÍTULO
7.0 PREVENÇÃO
Vamos agora começar abordando sobre as profilaxias em situações específicas. Esse assunto é bastante cobrado em
provas! Quero 100% de sua atenção!
A PEP é um tipo de profilaxia que é feita após uma situação de risco de transmissão do HIV.
Para saber se ela está indicada, você precisa de 5 respostas afirmativas a essas perguntas:
1. O tipo de exposição foi percutânea, através de membranas mucosas e cutâneas com pele não íntegra?
2. O material biológico envolvido foi sangue, sêmen, secreções vaginais, líquidos de serosas, líquido amniótico,
líquor, líquido articular e leite materno?
3. Paciente fonte tem sorologia positiva ou desconhecida para o HIV?
4. Paciente exposto tem sorologia não reagente para HIV?
5. O acidente foi a menos de 72h?
PEP indicada
Há < 72 horas
Paciente fonte com sorologia Paciente exposto com
positiva ou desconhecida sorologia não reagente
O esquema recomendado para a PEP é o mesmo esquema que o Ministério da Saúde recomenda para tratamento inicial de pacientes
infectados pelo HIV:
Ao contrário da PEP, que é feita após a exposição ao risco, não tenha infecção ativa pelo HIV, testar e tratar as outras infecções
a PrEP consiste no uso diário e profilático de tenofovir com sexualmente transmissíveis (IST) e orientar o uso do preservativo, já
entricitabina. Ela deve ser considerada para pessoas a partir de 15 que o paciente continua tendo o risco de adquirir outras infecções.
anos, com peso ≥ 35 kg, sexualmente ativas e que tenham risco No caso de casais sorodiscordantes, se o indivíduo infectado
aumentado de aquisição da infecção pelo HIV, como a realização de preencher os seguintes critérios, eles podem ter relação sexual sem
relações sexuais desprotegidas. Os adolescentes não precisam do preservativo e o parceiro não infectado não precisa de PrEP:
consentimento dos pais. • Uso regular da terapia antirretroviral (TARV) e boa
Nesse caso, como a medicação é utilizada para prevenir, não adesão;
fazemos terapia com três drogas, mas sim com duas, que são o • Carga viral indetectável há, pelo menos, seis meses;
tenofovir e a entricitabina. Elas são formuladas em apresentação • Ausência de outras infecções sexualmente transmissíveis;
combinada em um único comprimido, que deve ser tomado • Sem realização de práticas sexuais com outras parcerias.
diariamente. Antes do seu uso, devemos garantir que o paciente
Indetectável = Intransmissível
Esse é um assunto que “despenca” nas provas! Você tem que se lembrar do manejo do recém-nascido exposto e da gestante. Vou
resumir aqui os pontos mais importantes.
O manejo da gestante para prevenir a transmissão vertical depende do valor da carga viral (CV) na 34ª semana de gestação (no terceiro
trimestre). Leia e analise esta tabela com calma para ficar mais fácil:
A respeito do manejo do recém-nascido, aqueles nascidos de uma mãe que tenha HIV, mesmo com uso regular de antirretrovirais,
devem receber profilaxia com AZT (zidovudina), com dose ajustada para o peso, a cada 12 horas. Para RNs de alto risco de exposição ao HIV, a
profilaxia deve ser feita com zidovudina, lamivudina e raltegravir. Essas medicações devem ser administradas preferencialmente na sala de
parto ou em até 4 horas do nascimento e devem ser mantidas por 4 semanas. Para classificar o RN, confira a tabela abaixo:
Mais de 37 semanas:
Mães que tinham indicação de profilaxia no parto e não a receberam; ou AZT + 3TC + RAL por
28 dias
Mães com início de TARV após a 2ª metade da gestação; ou 34 a 37 semanas:
AZT + 3TC + NVP por
Alto
Mães com infecção aguda pelo HIV durante a gestação ou aleitamento; ou 28 dias, exceto a NVP
risco
que só deve ser feita
Mães com carga viral (CV) detectável no 3º trimestre, usando ou não a TARV; por 14 dias
ou Menos que 34
semanas:
AZT
Mães com CV desconhecida; ou
Mães com teste rápido positivo no momento do parto, sem diagnóstico prévio
de infecção pelo HIV.
Baixo Uso de TARV na gestação, CV indetectável a partir da 28ª semana e sem falha
AZT por 28 dias
risco na adesão à TARV.
Não se esqueça: esses recém-nascidos não devem ser amamentados, uma vez que o leite materno pode
transmitir a infecção.
CAPÍTULO
TDF+3TC+DTG
por 28 dias PEP
Profilaxias Diagnóstico
L TCD4 < 200
células/microL ou
presença de
TDF+3TC+DTG População geral alguma doença
e gestantes Fase aids definidora de aids
com mais de
13 semanas
Fase de latência clínica Fase assintomática
TDF+3TC+EFV
(se genotipagem prévia com
sensibilidade aos ITRNN) Síndrome retroviral
Gestantes com Fase Aguda aguda
menos de 13
TDF+3TC+ATV/r semanas
(sem genotipagem prévia)
Principais doenças
oportunistas
Pneumonia Úlcera
bacteriana Neurocriptococose por CMV
Úlcera
Tuberculose por HSV
https://bit.ly/2LOfJnV
CAPÍTULO
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