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#metodologia

queempodera

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Preventiva
Epidemiologia, Saúde Coletiva, Estatística, Ética Médica

Pedro Teixeira
2022
© Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de
1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas
ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem
como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora.

Título | Apostila Tópicos da Medicina 2022: Preventiva


Autor | Pedro Teixeira
Coordenador | Pedro Teixeira
Editores | Renata Acácio Rocha
Gustavo Almeida de Carvalho Silva
Projeto gráfico | Richard Veiga Editoração
Diagramação | Richard Veiga Editoração
Capa | Bruno Brum
Edição de textos | Thais Nacif
Tony Roberson de Mello Rodrigues
Conselho editorial | Matheus Feliciano da Costa Ferreira
Jhulia Voltani Fernandes Silva
Vinícius Côgo Destefani
Caio Nunes
Felipe Marques da Costa

FICHA CATALOGRÁFICA

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes – CRB-8 8846

T266a Teixeira, Pedro (coord.).


Apostila Tópicos da Medicina 2022: Preventiva / Coordenador: Pedro Teixeira. – 1. ed. – Salvador, BA: Editora Sanar, 2022.
240 p.; 21x26,7 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-89822-79-0.
1. Medicina. 2. Preventiva. 3. Residência. I. Título. II. Assunto. III. Coordenador.
CDD 614
CDU 61

ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO


1. Medicina preventiva.
2. Medicina: preventiva.

APOSTILA TÓPICOS DA MEDICINA 2022: PREVENTIVA


Referência bibliográfica:
TEIXEIRA, Pedro (coord.). Apostila Tópicos da Medicina 2022: Preventiva. 1. ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2022.

Editora Sanar Ltda.


Rua Alceu Amoroso Lima, 172
Caminho das Árvores,
Edf. Salvador Office & Pool, 3º andar.
CEP: 41820-770, Salvador – BA.
Telefone: 0800 337 6262
www.editorasanar.com.br
atendimento@editorasanar.com.br
AUTOR

PEDRO TEIXEIRA

Sou médico formado pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB, em Salvador. Serei sincero:
meu primeiro objetivo como professor era simplesmente ganhar dinheiro. Dando aulas de reforço
para alunos de ensino médio pude fazer uma verba extra para alimentação, gasolina e, sim, alguns
gastos não essenciais durante os anos de universidade. O convite para incorporar a equipe do
Sanar Flix fez com que a ideia de me tornar professor de medicina surgisse com maior seriedade.
Hoje sou preceptor de Atividades Integradas em Saúde na Universidade Salvador e coordenador
da área de Medicina Preventiva no Sanar Residência. Muito além de técnicas inovadoras e conhe-

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cimento do conteúdo a ser ensinando, venho aprendendo que um professor precisa se preocupar
com a experiência do aluno no curso. Torço para que a educação médica trilhe o caminho de focar
cada vez mais no cuidado ao paciente e no bem-estar dos alunos e dos profissionais.

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COMO GARANTIR UMA APRENDIZAGEM
EFICAZ E UMA RETENÇÃO DURADOURA?

Tentar aprender muitas informações e conteúdos juntos e rapidamente pode


diminuir a sua habilidade de reter, relembrar e usar esse aprendizado, pois a
memorização dos fatos isolados não ajuda a criação de conexões entre os
conceitos, além de não estimular a interligação entre o conhecimento prévio e
aprendizados novos. Entender e conectar as informações estudadas é essencial
tanto para a nossa memória e retenção, quanto para as futuras aprendizagens. Por isso é tão
importante garantir que você entendeu o que acabou de estudar e criou as conexões necessárias
entre os conceitos. Seguem algumas sugestões para que você possa fazer isso de maneira rápida
e eficaz durante os seus momentos de estudo:

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1. MAPAS MENTAIS

O Mapa Mental é uma ferramenta para organizar, memorizar e analisar


melhor um conteúdo específico.

u Quando fazer: Quando você precisa entender como os conceitos


estão inter-relacionados ou memorizar partes importantes do
assunto.

u Como fazer: A partir do Título e da sua lista de palavras, comece a criar o seu Mapa:

a) Enquanto estuda um assunto, comece a escrever uma lista de palavras importantes que
você não pode deixar de entender e reter na sua memória. Enquanto faz isso, pense em
como essas palavras se conectam entre si.

b) Coloque o título no centro da folha. A partir dele, puxe linhas que conectem as informações
associadas ao título, que serão algumas das palavras da sua lista.

c) Pense em outras conexões subsequentes e vá conectando as palavras umas com as outras


seguindo uma lógica, por exemplo: Causa-Efeito, Sintoma-Doença, etc.

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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?

d) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu mapa por categorias, por
exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use
eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.

e) Use cores diferentes para deixar o seu mapa mental ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.

Ilustração de mapa mental.

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Essa tarefa pode até demorar um pouco mais no começo, mas, com um pouco
de prática, você não vai gastar mais do que 10 minutos para garantir um enten-
dimento aprofundado e uma aprendizagem mais eficaz e duradoura.

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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?

2. FLUXOGRAMAS

Para que a aprendizagem seja realmente significativa, precisamos tam-


bém garantir o entendimento dos contextos e das conexões que existem
entre os diferentes assuntos. Através do seu Mapa Mental, você garantiu
o seu entendimento e criou as conexões necessárias para entender um
conceito específico. Construindo o seu próprio Fluxograma, você poderá
expandir o seu entendimento dos assuntos complexos, conectando vários
conceitos importantes entre si e com os seus contextos.

u Quando fazer: Os Fluxogramas são ideais para consolidar processos e passo a passos! Por
exemplo, você pode começar o seu Fluxograma com uma suspeita diagnóstica, para depois
passar pela classificação e chegar até o tratamento.

u Como fazer: A partir do seu objetivo, defina o título e os assuntos que irão entrar no seu
Fluxograma:

a) Depois de ter estudado um assunto mais amplo, pense no quadro completo que você
precisa entender e saber. A partir disso, crie a lista de palavras, conceitos e frases mais
importantes que você precisa incluir para atingir o seu objetivo.

b) Coloque o Título no centro da folha. A partir do título, puxe linhas que conectem as infor-

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mações associadas ao título, que serão algumas das palavras ou frases da sua lista.

c) Pense em outras conexões subsequentes e vá conectando as palavras e os conceitos até


sentir que o processo e o conteúdo estão completos.

d) Defina e siga uma lógica, por exemplo: Sintoma-Suspeita Diagnóstico-Exames-Classifica-


ção-Tratamento.

e) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu fluxograma por categorias,
por exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas,
use eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.

f) Use cores diferentes para deixar o seu fluxograma ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.

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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?

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No final, você terá um grande Fluxograma que não só vai garantir o seu entendi-
mento, mas facilitará a revisão dos assuntos mais amplos e ajudará o seu cérebro
a aprender, reter e saber usar as informações estudadas.

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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?

3. RESUMOS

Para garantir o entendimento e a retenção das informações estudadas,


um outro fator importante é a reflexão. Refletir sobre o assunto estudado,
como os conceitos importantes se conectam entre eles e como aquele
aprendizado pode ser aplicado, ajuda você a fazer as conexões necessárias
e organizar as informações recebidas para retê-las na memória. Por isso,
uma outra atividade essencial na sua rotina de estudo é escrever Resumos.

u Quando fazer: Sempre que estudar! Resumos de fechamento são essenciais para a apren-
dizagem.

u Como fazer: Para executar essa estratégia você irá precisar só de alguns minutos, mas tam-
bém de concentração e reflexão.

a) Enquanto estiver estudando, leia e escute com atenção.

b) Marque ou grife as palavras chave no texto ou as anote no seu caderno caso você esteja
assistindo uma videoaula.

c) Assim que terminar de estudar informações novas, olhe para as suas palavras chave e
reflita sobre 2 perguntas:

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• O que acabei de aprender sobre o assunto?
• Como isso se conecta ou se relaciona com o que eu já sabia?

d) Comece a escrever breves respostas de no máximo 10 linhas para cada uma dessas per-
guntas.

e) Garanta que o seu texto seja sucinto, sem repetições e descrições desnecessárias, mas
que responda bem às perguntas acima.

4. O QUE FAZER COM ESSES MATERIAIS DEPOIS?

Estudos recentes comprovam que a retenção das informações na nossa


memória depende diretamente da quantidade de vezes que acessamos
essas informações. Por isso, estudar um assunto pouco a pouco, e não tudo
de vez, e revisar com frequência é muito importante para garantir que na
hora da prova você irá conseguir lembrar o que aprendeu sem dificuldades.
Para aproveitar melhor o seu tempo de estudo e garantir revisões boas e
frequentes, você pode usar os seus Mapas Mentais, Fluxogramas e Resumos
criados no momento do estudo para revisar os assuntos já estudados ao longo do ano. Isso irá
fortalecer as sinapses criadas e garantir a retenção das informações na memória a longo prazo.

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CONHEÇA A APOSTILA

Importância/prevalência
do capítulo: Frequência do
conteúdo em questões de
provas de residência.

O que você precisa saber:


Resumo dos principais
pontos que você precisa
se atentar ao ler o capítulo,
direcionando seu estudo para

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o que realmente cai na prova.

Bullets: Conteúdo organizado


de forma objetiva e direta,
em listas com marcadores,
agilizando a localização
das informações.

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Conheça a apostila

Número do capítulo.

Títulos e subtítulos numerados:


Fácil identificação dos diferentes
níveis de hierarquia dos tópicos.

Subcapítulos em destaque.

Dicas: Parte da escrita


onde o professor conversa
com você e que contém
informações essenciais para
entender as questões.

Indicação da especialidade
ou área do capítulo.

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Sumário nas aberturas dos módulos,
com indicação dos níveis de
importância de cada capítulo.

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

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Conheça a apostila

Indicação da especialidade
Título do capítulo. ou área do capítulo.

Questões comentadas: Questões aplicadas


nos últimos anos nas principais provas
de residência médica. Na primeira parte
apresentamos apenas as questões e na
segunda o gabarito e os comentários gerais
do professor sobre todas as alternativas.

Questões sem o gabarito para


não direcionar a sua resposta

Título do capítulo.

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Gabarito e comentário das questões,
com explicação do professor tanto
da resposta correta quanto do motivo
de as outras estarem incorretas.

Indicação dos diferentes graus de dificuldade:

DIFICULDADE:  Fácil

DIFICULDADE:  Intermediário

DIFICULDADE:  Difícil

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Conheça a apostila

Fixe seus conhecimentos!


Ao final da apostila e de alguns capítulos você
encontrará espaços para construir mapas mentais,
fluxogramas ou fazer resumos e, assim, fixar seu conhecimento!

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SUMÁRIO

PREVENTIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

CAPÍTULO 1. ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2. 1º passo: identificar as variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3. 2º passo: identificar as características . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.1. Objetivo do estudo: descritivo x analítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2. Distinção de indivíduos: agregado x individual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

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3.3. Papel do pesquisador: observacional x intervenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.4. Análise temporal: transversal x longitudinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.5. Direcionamento de variáveis: prospectivo x retrospectivo (aplicável a estudos longitudinais) . 28

4. 3º passo: determinar os desenhos de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28


4.1. Estudos ecológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.2. Estudos de coorte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3. Estudos de caso-controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.4. Ensaio clínico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5. Erros e vieses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
6. Estratégias para reduzir vieses. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
7. Resumão dos estudos epidemiológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

CAPÍTULO 2. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS E BIOESTATÍSTICA . . . . 45

1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2. Hipótese nula x hipótese alternativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.1. Erro alfa x erro beta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3. Níveis de evidência e graus de recomendação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46


3.1. Níveis de evidência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2. Graus de recomendação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

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Sumário

4. Revisão sistemática e metanálise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47


4.1. Revisão sistemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2. Metanálise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.3. Intervalo de confiança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

5. Bioestatísica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.1. Medidas de ação central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.2. Medidas de dispersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.3. Distribuição normal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.4. Variáveis quantitativas e qualitativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

CAPÍTULO 3. TESTES DIAGNÓSTICOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2. Sensibilidade e especificidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.1. Sensibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.2. Especificidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.3. Sensibilidade x especificidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

3. Tabela de contingência 2x2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62


4. Valores preditivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.1. Valor preditivo positivo (VPP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.2. Valor preditivo negativo (VPN). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

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4.3. Sobre os valores preditivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

5. Acurácia e curva roc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64


5.1. Acurácia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.2. Curva roc. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

CAPÍTULO 4. HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS E OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO 73

1. Períodos pré-patogênico e patogênico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73


1.1. Período pré-patogênico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
1.2. Período patogênico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

2. Níveis de prevenção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
2.1. Prevenção primária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
2.2. Prevenção secundária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
2.3. Prevenção terciária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
2.4. Prevenção quaternária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

16
Sumário

CAPÍTULO 5. ENDEMIA E EPIDEMIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

1. Conceitos iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
1.1. Infectividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
1.2. Patogenicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
1.3. Poder invasivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
1.4. Virulência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
1.5. Imunogenicidade ou poder imunogênico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
1.6. Imunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
1.7. Resistência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
1.8. Suscetibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
1.9. Período de latência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
1.10. Período de incubação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
1.11. Período de transmissibilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
1.12. Período prodrômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

2. Classificação dos casos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87


2.1. Caso autóctone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
2.2. Caso alóctone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
2.3. Caso suspeito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
2.4. Caso confirmado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

3. Modos de transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.1. Transmissão direta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.2. Transmissão indireta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

4. Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5. Controle das doenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

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6. Endemia, epidemia e pandemia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
6.1. Endemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
6.2. Epidemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6.3. Pandemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

CAPÍTULO 6. HISTÓRIA DO SUS E LEIS ORGÂNICAS DA SAÚDE . . . . . . . . . . . . 99

1. A história da saúde pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99


1.1. Descobrimento ao Império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
1.2. República Velha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
1.3. Era Vargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
1.4. Ditadura militar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
1.5. Reforma sanitária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
1.6. VIII conferência nacional de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
1.7. Constituição Federal de 1988 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

2. As leis orgânicas da saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101


2.1. Lei n. 8080/1990. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
2.2. Lei n. 8142/1990 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
2.3. Fundo nacional de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

3. Sistema de saúde suplementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104


3.1. Lei n. 8080 – Em relação aos serviços privados de assistência à saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

17
Sumário

3.2. Marcos regulatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

CAPÍTULO 7. FINANCIAMENTO E FUNCIONAMENTO DO SUS . . . . . . . . . . . . . 113

1. Financiamento do sus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113


1.1. Constituição de 1988 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
1.2. Fontes de recursos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
1.3. Aplicação dos recursos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
1.4. Emenda constitucional n. 29/2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
1.5. Lei complementar n. 141/2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
1.6. Emenda constitucional n. 95/2016 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
1.7. O financiamento na atenção básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

2. Funcionamento do SUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115


2.1. Norma operacional básica n. 91 (Nob 91) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
2.2. Norma operacional básica n. 93 (Nob 93) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
2.3. Norma operacional básica n. 96 (Nob 96) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
2.4. Norma operacional de assistência à saúde 2001 (noas 2001). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
2.5. Norma operacional de assistência à saúde 2002 (noas 2002) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
2.6. Pacto da saúde 2006 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
2.7. Pacto pela vida (2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

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CAPÍTULO 8. PROGRAMAS E POLÍTICAS DE SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

1. Política nacional de humanização (PNH) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123


1.1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
1.2. Princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
1.3. Diretrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
1.4. Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

2. Política nacional de promoção de saúde (PNPS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124


2.1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
2.2. Portaria n. 687, De 30 de março de 2006 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
2.3. Portaria n. 2.366, De 11 de novembro de 2014 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

3. Política nacional de saúde mental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126


3.1. Lei n. 10.216, De 6 de abril de 2001 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
3.2. Portaria n. 336, De 19 de fevereiro de 2002. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
3.3. Nota técnica n. 11/2019 – CGMAD/DAPES/SAS/MS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
3.4. Resolução n. 32, De 14 de dezembro de 2017 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128

4. Programa mais médicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129


4.1. Lei nº 12.871, De 22 de outubro de 2013 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132

18
Sumário

CAPÍTULO 9. ATENÇÃO PRIMÁRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139

1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
1.1. Níveis de atenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
1.2. Densidade x complexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140

2. Atributos da atenção primária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140


2.1. Essenciais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
2.2. Derivados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140

3. Política nacional de atenção básica (PNAB) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140


3.1. Princípios e diretrizes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
3.2. Infraestrutura, ambiência e funcionamento da atenção básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
3.3. Tipos de equipes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
3.4. Núcleo ampliado de saúde da família e atenção básica (NASF-AB) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
3.5. Estratégia de agentes comunitários de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
3.6. Atribuições dos profissionais de atenção básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143

4. A estratégia de saúde da família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143


5. Novidades na atenção primária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
5.1. Equipe de atenção primária (eap) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
5.2. Nasf. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
5.3. Programa saúde na hora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
5.4. Novo financiamento da APS – previne brasil (portaria n. 2.979 De 2019). . . . . . . . . . . . . . . . 144

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146

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CAPÍTULO 10. FERRAMENTAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153

1. Método clínico centrado na pessoa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153


1.1. Os 6* componentes do método clínico centrado na pessoa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153

2. Instrumentos de abordagem familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154


2.1. Genograma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
2.2. Ecomapa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

3. Registro clínico orientado por problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156


4. Projeto terapêutico singular (PTS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158

CAPÍTULO 11. DECLARAÇÃO DE ÓBITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165

1. A declaração de óbito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165


2. O papel do médico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
3. Quando emitir a declaração de óbito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
4. Quem deve emitir a D.O.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
5. Como preencher a D.O.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
6. Esclarecendo as dúvidas mais comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169

19
Sumário

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170

CAPÍTULO 12. VIGILÂNCIA EM SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177

1. Vigilância em saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177


1.1. Vigilância sanitária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
1.2. Vigilância em saúde ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
1.3. Vigilância de zoonoses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
1.4. Saúde do trabalhador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
1.5. Vigilância epidemiológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178

2. Sistemas de informação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178


3. Rastreamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
3.1. Critérios para rastreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
3.2. Colo do útero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
3.3. Mama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
3.4. Colorretal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
3.5. Próstata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181

CAPÍTULO 13. NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

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1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
1.1. O que notificar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
1.2. Quem notifica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
1.3. Por que notificar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
1.4. Quando notificar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188

2. Lista nacional de notificação compulsória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189


2.1. Calendário vacinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
2.2. Mosquitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
2.3. Animais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
2.4. Acidentes e violência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
2.5. Outras doenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
2.6. Atualizações 2020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
2.7. Unidades sentinela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195

CAPÍTULO 14. INDICADORES DE SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201

1. Indicadores de morbidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201


1.1. Prevalência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201
1.2. Incidência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
1.3. Prevalência x incidência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202

2. Outros conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202


2.1. Letalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202

20
Sumário

2.2. Mortalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202

3. Coeficientes e índices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203


3.1. Coeficientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
3.2. Índices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203

4. Curvas de nelson moraes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204


5. Transição demográfica e epidemiológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
5.1. Transição demográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
5.2. Transição epidemiológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205

6. Perfil de morbimortalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205


6.1. Mortalidade por causa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
6.2. Principais neoplasias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
6.3. Neoplasias com maior mortalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208

CAPÍTULO 15. ÉTICA MÉDICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

1. O novo código de ética médica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215


1.1. Preâmbulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
1.2. Capítulo 1 – Princípios fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
1.3. Capítulo 2 – Direitos dos médicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
1.4. Capítulo 3 – Responsabilidade profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
1.5. Capítulo 4 – Direitos humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217

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1.6. Capítulo 5 – Relação com pacientes e familiares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
1.7. Capítulo 6 – Doação e transplante de órgãos e tecidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
1.8. Capítulo 7 – Relação entre médicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
1.9. Capítulo 8 – Remuneração profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
1.10. Capítulo 9 – Sigilo profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
1.11. Capítulo 10 – Documentos médicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
1.12. Capítulo 12 – Ensino e pesquisa médica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
1.13. Capítulo 13 – Publicidade médica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
1.14. Capítulo 14 – Disposições gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
1.15. Resolução CFM n. 1.851/2008 – Atestado médico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
1.16. Portaria nº 467/2020 do ministério da saúde – telemedicina e teleconsulta . . . . . . . . . . . . 220

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221

CAPÍTULO 16. SAÚDE DO TRABALHADOR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227

1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
1.1. Os riscos ocupacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227

2. A seguridade social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227


3. Legislação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
3.1. Categorias de trabalhadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
3.2. Acidentes de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
3.3. Os benefícios previdenciários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
3.4. Política nacional de saúde do trabalhador e da trabalhadora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229

21
Sumário

3.5. RENAST e CEREST. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230

4. Doenças e agravos relacionados ao trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230


4.1. Classificação das doenças segundo sua relação com o trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
4.2. Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) ou lesões por esforços
repetitivos (LER) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
4.3. Perda de audição induzida pelo ruído (PAIR). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
4.4. Pneumoconioses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
4.5. Dermatoses ocupacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
4.6. Intoxicações exógenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
4.7. Síndrome de burnout . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234

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22
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23
PREVENTIVA
EPIDEMIOLOGIA

Sumário
Prevalência/importância
1. Estudos epidemiológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2. Medicina baseada em evidências e bioestatística . . . . .
3. Testes diagnósticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4. História natural das doenças e os níveis de prevenção . .
5. Endemia e epidemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6. História do SUS e leis orgânicas da saúde . . . . . . . . . . . . .
7. Financiamento e funcionamento do SUS . . . . . . . . . . . . .
8. Programas e políticas de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9. Atenção primária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10. Ferramentas da atenção primária. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
11. Declaração de óbito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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12. Vigilância em saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
13. Notificação compulsória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14. Indicadores de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
15. Ética médica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
16. Saúde do trabalhador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

24
Capítulo
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
1

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Variável independente é aquela que independe de um fator anterior, sendo considerada o fator de risco,
ou a causa, da variável dependente.
u Variável dependente é aquela que depende de um fator anterior, sendo considerada o desfecho, ou a con-
sequência, da variável independente.
u As características dos Estudos Epidemiológicos podem ser divididas em Distinção de Indivíduos, Objetivo
do Estudo, Análise Temporal, Direcionamento de Variáveis e Papel do Pesquisador.
u Os principais desenhos de estudo são os seguintes: Séries de Casos, Ecológico, Coorte, Caso-Controle e
Ensaio Clínico.
u As principais Medidas de Associação são as seguintes: Risco Relativo, Odds-Ratio e Número Necessário
ao Tratamento.

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DICA
1. INTRODUÇÃO  Siga esse passo a passo e você vai aumentar
bastante a sua proporção de acertos. Mesmo nas
questões aparentemente mais simples, não deixe
u Na medicina, quando dizemos que há evidência de aplicar esse método.
a favor ou contra alguma conduta específica, ou
que determinado fator aumenta o risco para al-
gum desfecho, adquirimos esses conhecimentos
a partir de estudos epidemiológicos. Nos estu- 2. 1º PASSO: IDENTIFICAR
dos epidemiológicos pesquisadores avaliam uma AS VARIÁVEIS
amostra da população e orientam a conduta para
a população geral a partir dos resultados obti-
dos com essa amostra estudada. Os estudos u Variável independente: representa o fator de
não são todos iguais, e precisamos conhecer risco, ou a causa, no estudo. É aquilo que existe
suas características para podermos compreen- independentemente da outra variável que está
der que tipo de evidência cada estudo está nos sendo analisada.
proporcionando. Para além da análise de estu- u Variável dependente: representa o desfecho,
dos no nosso dia a dia, precisamos conhecer de ou a consequência. É aquela que depende da
forma mais detalhada os principais desenhos de presença da outra variável estudada para existir.
estudo que caem nas provas. Esse é um assunto W Exemplo 1: Em um estudo que está querendo
muito prevalente, sendo um dos 3 assuntos mais avaliar o surgimento de câncer de pulmão em
cobrados na maioria das provas. Neste capítulo, pacientes tabagistas, estamos olhando para
vamos lhe ensinar um passo a passo que deve ser duas variáveis: câncer de pulmão e tabagismo.
seguido para que você seja capaz de responder Segundo a hipótese do estudo, a presença de
à maioria das questões. tabagismo aumenta a chance de surgir o cân-

25
Estudos epidemiológicos Epidemiologia

cer de pulmão. O câncer de pulmão, portan-


to, depende da presença do tabagismo para 3. 2º PASSO: IDENTIFICAR
existir, enquanto o tabagismo existe por si só, AS CARACTERÍSTICAS
independentemente do câncer. O câncer de
pulmão virá depois por conta da exposição ao u São 5 “blocos” de características. Vamos apre-
tabagismo. Nesse caso, tabagismo será nos-
sentar cada bloco separadamente, com as suas
sa variável independente, enquanto o câncer
duas respectivas características.
será a variável dependente.
W Exemplo 2: Em um estudo que está querendo
3.1. OBJETIVO DO ESTUDO:
avaliar o impacto dos transtornos de ansieda-
DESCRITIVO X ANALÍTICO
de sobre o início do hábito de fumar, agora o
tabagismo torna-se desfecho, sendo o trans-
torno de ansiedade o fator de risco. Dessa
u Descritivo: Os estudos descritivos são aqueles
forma podemos avaliar como uma mesma que simplesmente descrevem uma realidade, a
variável, nesse caso o tabagismo, pode ser prevalência ou a evolução de determinada situa-
tanto independente quanto dependente a de- ção (doença, agravo etc.), de modo individual ou
pender do estudo. coletivo. Os estudos descritivos apenas geram
hipóteses.
W Exemplo 3: Parece ser bem fácil, correto?
Vamos dar um exemplo um pouco mais difí-
u Analítico: O estudo analítico não se limita a des-
cil. Um estudo avalia gestantes que tiveram crever o ocorrido. Há algum tipo de análise do
doença pelo Zika vírus durante a gestação, processo saúde-doença em que são feitas as-
cujos bebês nasceram com microcefalia. Os sociações entre variáveis dependentes e inde-
pesquisadores querem avaliar a gravidade da pendentes, por exemplo.
microcefalia e a sobrevida do bebê. Se você

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avalia esse estudo rapidamente, pode pensar DICA
 Se há comparação entre grupos ou alguma
que a variável independente é a infecção pelo medida de associação descrita (Risco relativo,
Zika vírus e que a dependente é a microcefalia. Odds-ratio, Número necessário ao tratamento), pro-
Errado. O estudo quer avaliar a relação entre a vavelmente você está diante de um estudo analítico.
gravidade da microcefalia e a sobrevida. A mi-
crocefalia, portanto, é a variável independente,
e a análise de sobrevida é que é a dependente. 3.2. DISTINÇÃO DE INDIVÍDUOS:
Isso muda completamente a sua análise do AGREGADO X INDIVIDUAL
estudo. Não pule esse primeiro passo.
u Para diferenciar os estudos agregados dos indivi-
DICA duais (ou individuados), pense em uma prova na
 Se você tiver muita dificuldade para distinguir
faculdade. Podemos fazer a prova individualmen-
a variável independente de uma variável depen-
dente, é possível que você esteja diante de um te ou em grupo. Se você fizer a prova individual-
estudo transversal, em que tudo é avaliado em um mente, sua nota vai refletir o seu estudo e o seu
único momento, ou descritivo, em que talvez não desempenho. Se a prova for em grupo, isso não
haja variáveis apresentadas como fator de risco e é necessariamente verdade. Você pode não ter
desfecho. estudado nada, mas se um colega do seu grupo
tiver estudado bem, seu professor nunca saberá
o seu real desempenho.

26
Estudos epidemiológicos Cap. 1

u Agregado: No estudo agregado, avaliamos gru- 3.4. ANÁLISE TEMPORAL: TRANSVERSAL


pos ou populações. É impossível distinguir os X LONGITUDINAL
indivíduos.
W Exemplo: Se dizemos que a cidade A tem mais u Transversal: Nos estudos transversais temos
fumante e mais câncer de pulmão que a cida- informações sobre apenas um momento espe-
de B, podemos garantir que as pessoas com cífico. São fotografias de uma realidade em um
câncer de pulmão eram fumantes? Não! Como determinado momento.
só estamos vendo a população sem distinção W Exemplo: Um grupo de pesquisadores realiza
individual, é possível que os pacientes com um questionário perguntando para 200 pessoas
câncer de pulmão sejam distintos dos fuman- sobre alguns hábitos de vida e a presença de
tes. Não há como saber. determinadas doenças. Ao final, a proporção
u Individual: No estudo individual, ou individuado, de hipertensos era três vezes maior entre os
conseguimos fazer essa distinção. Cada indi- pacientes sedentários. Perceba que o estudo
víduo é importante como objeto de estudo. Se não está dizendo que os pacientes sedentários
algum paciente desenvolve câncer de pulmão, desenvolveram hipertensão. O sedentarismo e a
temos como saber se esse era fumante ou não. hipertensão estão sendo avaliados em um mesmo
momento. É impossível saber quem veio antes.
DICA
Esse mesmo estudo seria longitudinal caso per-
 Vamos aprender que o estudo ecológico é guntássemos às pessoas hipertensas e às não
um tipo de estudo agregado, mas cuidado porque
hipertensas se elas eram sedentárias na infância,
muitas provas trazem ecológico e agregado como
por exemplo. Nesse caso, teríamos informações
sinônimos.
sobre mais de um momento específico.

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3.3. PAPEL DO PESQUISADOR: DICA
 Como não sabemos qual variável é independen-
OBSERVACIONAL X INTERVENÇÃO te e qual é dependente, ou seja, não sabemos qual veio
antes e qual veio depois, não há como determinarmos
u Observacional: Quando o pesquisador não rea- causalidade a partir de um estudo transversal, já que a
liza nenhum tipo de intervenção nos pacientes, causa necessariamente vem antes da consequência.
como a administração de um medicamento, um
procedimento cirúrgico ou alguma orientação, o u Longitudinal: Nos estudos longitudinais, há infor-
estudo é observacional. mações sobre mais de um momento específico.
u Intervenção: Essa é a distinção mais fácil de ser W Exemplo: Um estudo acompanha 300 pacien-
feita. Se o pesquisador está dando algum medi- tes, sendo 150 deles sedentários e 150 prati-
camento ou realizando algum tipo de interven- cantes de atividades físicas regulares. Após 20
ção nos indivíduos (ou populações), esse é um anos, observa-se que o grupo de sedentários
estudo de intervenção. desenvolveu hipertensão numa proporção 3
vezes maior do que o grupo de pacientes ati-
DICA
 Há outros estudos de intervenção, mas, na sua
vos. Nesse exemplo fica claro que o sedenta-
prova, praticamente o único estudo de intervenção rismo antecedeu a hipertensão, sendo possível
que cai é o ensaio clínico. estabelecer a relação de causalidade.

DICA
 Para um estudo ser longitudinal não é obri-
gatório que haja acompanhamento do grupo de
pacientes ao longo do tempo. Se analisarmos re-
gistros de prontuários de mais de um momento já
teremos um estudo longitudinal.

27
Estudos epidemiológicos Epidemiologia

3.5. DIRECIONAMENTO DE
VARIÁVEIS: PROSPECTIVO X 4. 3º PASSO: DETERMINAR OS
RETROSPECTIVO (APLICÁVEL A DESENHOS DE ESTUDO
ESTUDOS LONGITUDINAIS)

4.1. ESTUDOS ECOLÓGICOS


u Prospectivo: RISCO DESFECHO. Esse é o estudo
prospectivo. Não confunda isso com olhar para
o futuro. O que define um estudo prospectivo é u Os estudos ecológicos são agregados, obser-
o fato de ele começar com a exposição e avaliar vacionais e transversais. Dentre essas caracte-
o surgimento do desfecho, ou da consequência. rísticas, o fato de ser um estudo agregado é o
mais importante.
W Exemplo: Um estudo acompanhou 400 pa-
cientes, sendo 200 deles tabagistas e 200 não W Exemplo: Um estudo observacional e agregado,
tabagistas. Após 20 anos, observou-se que realizado com base em dados populacionais,
entre os 200 não tabagistas 2 desenvolveram observou que em Salvador há, proporcional-
câncer de pulmão, enquanto que entre os 200 mente, menos pessoas fumantes e menos
tabagistas foram 35 pacientes. pessoas com câncer de pulmão do que na
cidade de São Paulo.
DICA
 Se o estudo está dividindo os grupos que
serão analisados conforme exposição ou ausên- DICA
 Por ser agregado e transversal, não podemos
cia de exposição ao fator de risco, provavelmente realizar inferências acerca de causalidade, nem
trata-se de um estudo prospectivo. inferências na esfera individual.

u Retrospectivo: DESFECHO RISCO. No estudo u Falácia ecológica: realizar inferências individuais


retrospectivo, avaliamos pacientes que já têm a

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a partir de um estudo agregado.
doença, ou o desfecho, e observamos se havia, W Exemplo: em cidades com mais casas com
previamente, a exposição ao fator de risco.
piscinas há mais afogamentos. Se inferirmos
W Exemplo: Um estudou avaliou 400 pacien- que piscina é fator de risco para afogamento,
tes, 200 com câncer de pulmão e 200 sem a cometeremos a falácia ecológica, já que não
doença. Observou-se que, entre os pacientes podemos garantir que os afogamentos acon-
doentes, 95% tinham fumado por pelo menos teceram dentro das piscinas. As pessoas po-
5 dos últimos 20 anos. Entre os não doentes dem estar se afogando nas praias ou nos rios,
essa proporção era de 15%. por exemplo.
W a) Vantagens:
DICA
 Se o estudo está dividindo os grupos que se- V Baixo custo;
rão analisados conforme a presença ou a ausência
do desfecho, provavelmente trata-se de um estudo
V Realizado em pouco tempo.
retrospectivo. W b) Desvantagens:
V Apenas gera hipóteses;
DICA
 Não misture os “blocos” de características.
V Não determina causalidade.
Muita gente pergunta a diferença entre transversal W Observação: há outros estudos agregados que
e analítico, por exemplo. Transversal se contrapõe raramente caem nas provas. São eles:
ao longitudinal, enquanto analítico se contrapõe ao V Série temporal: estudo agregado, observa-
descritivo. Podemos ter estudos analíticos transver- cional e longitudinal. Parece com o estudo
sais e longitudinais, então analítico não é “diferente” ecológico, mas há análises em diferentes
de transversal, já que faz parte de outro “bloco” de
momentos.
características. Lembre dos 5 blocos e de seus
respectivos componentes.

28
Estudos epidemiológicos Cap. 1

V Ensaio comunitário: estudo agregado, lon- W Exemplo: A partir de registros em prontuários


gitudinal e de intervenção. Existe alguma de 10 instituições do ano de 1990, avaliamos
intervenção na esfera populacional, como 5000 pacientes entre 30 e 40 anos, sendo que
colocar flúor na água de uma cidade e ob- 2500 eram fumantes e 2500 não fumantes.
servar a queda no número de pessoas com Em 2010, observamos que 500 pacientes do
cárie. grupo dos fumantes e 200 pacientes do grupo
dos não fumantes haviam falecido.
DICA
 Vamos repetir a dica para que você não
W Observe que a partir do estudo de coorte po-
esqueça: muitas provas consideram ecológico demos aprender sobre a história natural das
como sinônimo de agregado. Via de regra, se você doenças, já que observamos a doença surgir
perceber que a questão está apresentando um e evoluir em pessoas que eram saudáveis an-
estudo agregado, você deve entender como sendo teriormente. Além disso, podemos estimar
um estudo ecológico, mesmo que não preencha os incidência, prognóstico, identificar fatores de
outros critérios (a menos, é claro, que haja algum risco e até de proteção, inclusive estudando
outro estudo agregado em outras alternativas, o múltiplos desfechos de forma secundária.
que é bastante raro). Acaba não sendo um estudo tão bom para
eventos raros, já que há o risco de estudarmos
pessoas por anos e ninguém adoecer, deixando
4.2. ESTUDOS DE COORTE o estudo inconclusivo. É bom, entretanto, para
doenças potencialmente fatais, porque, caso a
u Os estudos de coorte são analíticos, individuais, doença tenha alta letalidade, não temos como
longitudinais, prospectivos e observacionais. selecionar as pessoas já doentes para estudar,
O mais importante é lembrar que são estudos visto que muitas já teriam evoluído para óbito.
prospectivos. a) Vantagens:

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u

W Exemplo: Um estudo acompanhou 5000 pa- W História natural das doenças;


cientes, 2500 fumantes e 2500 não fumantes, W Estabelece bem os fatores de risco;
durante 20 anos. Ao término do estudo, obser-
W Doenças potencialmente fatais.
vou-se que 125 pacientes fumantes desenvol-
veram câncer de pulmão, enquanto apenas 5 u b) Desvantagens:
não fumantes adoeceram. W Custo;
W Duração;
DICA Doenças raras.
 Os estudos de coorte, como são prospectivos, W

dividem os indivíduos a partir da exposição (fuman-


tes e não fumantes) e observam o surgimento do DICA
 Se você vir “análise de sobrevida” na sua prova,
desfecho (câncer de pulmão).
muito provavelmente irá se tratar de um estudo de
coorte.
W Coorte Histórica: A coorte histórica procura a
exposição ao fator de risco no passado, dividin-
do os grupos a partir dessa exposição prévia. 4.2.1. Risco relativo
O desfecho pode estar em um passado mais
u Risco relativo é a principal medida de associação
próximo ou até no presente. Esse estudo tam-
dos estudos de coorte.
bém é chamado de coorte retrospectiva, mas
continua sendo um estudo prospectivo, já que u O risco relativo responde à seguinte pergunta:
partimos do fator de risco para o desfecho. quantas vezes maior é a probabilidade de os in-

29
Estudos epidemiológicos Epidemiologia

divíduos expostos apresentarem o desfecho em W Interpretamos, então, o risco relativo da se-


relação aos indivíduos não expostos? guinte forma:
u Para calcularmos o risco relativo, precisamos W Se RR = 1: ser exposto não interfere no desen-
identificar duas coisas: volvimento do desfecho.
W 1. Qual o risco de um paciente exposto desen- W Se RR > 1: o fator é de risco, visto que a ex-
volver o desfecho? Ou seja, qual a incidência posição aumentou a incidência do desfecho.
do desfecho nos expostos? Chamaremos esse W Se RR < 1: o fator é de proteção, já que a expo-
risco de IE (Incidência nos Expostos). sição reduziu a incidência do desfecho.
W 2. Qual o risco de um paciente não exposto de-
senvolver o desfecho? Ou seja, qual a incidência 4.3. ESTUDOS DE CASO-CONTROLE
do desfecho nos não expostos? Chamaremos
esse risco de INE (Incidência nos não expostos).
u Os estudos de caso-controle são analíticos,
u Fórmula do Risco Relativo RR = IE /INE individuais, longitudinais, retrospectivos e ob-
W Exemplo: Um estudo de coorte avalia 2000 mil servacionais. O mais importante é lembrar que
pacientes, 1000 fumantes e 1000 não fuman- são estudos retrospectivos. No estudo de ca-
tes. Dos 1000 fumantes, 200 desenvolveram so-controle, observamos pacientes que já de-
câncer de pulmão. Dos 1000 não fumantes, senvolveram o desfecho e pacientes que não o
10 desenvolveram câncer de pulmão. Qual o desenvolveram, e vasculhamos o passado do
risco relativo? paciente para avaliar se havia exposição a de-
W Risco ou incidência nos expostos (IE) = 200/1000 terminado fator de risco. Percebeu a diferença
= 20%. para o estudo de coorte? Na coorte, separamos
W Risco ou incidência nos não expostos (INE) = os pacientes em dois grupos: um exposto ao fa-
10/1000 = 1%. tor de risco e outro não exposto. A partir desses

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grupos, observamos o surgimento da doença,
W Risco relativo = 20%/1% = 20.
ou do desfecho. No caso-controle, separamos
W O que isso significa? Significa que o risco de os pacientes em dois grupos distintos: um com
desenvolver câncer de pulmão na população o desfecho, ou a doença, e um sem. Olhamos en-
estudada é 20 vezes maior naqueles expostos tão para o passado desses pacientes à procura
ao tabagismo quando comparados aos não do fator de risco.
expostos. Podemos concluir que o tabagismo
aumenta em 20 vezes a chance de se adquirir
DICA
câncer de pulmão.  Os estudos de caso-controle, como são retros-
pectivos, dividem os indivíduos a partir do desfecho
W E se o risco relativo for menor do que 1? Isso
(Pessoas com câncer de pulmão e sem câncer de
significa que a exposição reduziu o risco, e não
pulmão) e observam se havia a presença do fator
que aumentou. Se for igual a 1, significa que a de risco (tabagismo).
exposição não exerceu nenhuma influência no
desfecho. Devemos sempre analisar o inter-
valo de confiança, mas aprenderemos sobre DICA
 Para nunca mais confundir Coorte e Caso-
essa análise no capítulo “Medicina Baseada -controle:
em Evidências”.

30
Estudos epidemiológicos Cap. 1

Coorte Caso-controle

Doentes Expostos

Expostos Casos

Não doentes Não expostos

Doentes Expostos

Não expostos Controles

Não doentes Não expostos

Passado Presente Futuro

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Seleção de grupos a partir
Avaliação de desfecho
da exposição ao fator

Coorte

Seleção de grupos a partir


Avaliação de desfecho
da exposição ao fator

Coorte histórica

Seleção de casos e
Avaliação do fator
controles a partir da
de risco
existência do desfecho

Caso controle
Fonte: O autor.

31
Estudos epidemiológicos Epidemiologia

W Esses estudos mostram resultados mais rápi- Tabela 1. Calculando o Odds Ratio.
dos, já que não precisamos esperar anos para Ocorrência Sem
vermos o surgimento da doença. Além disso, do desfecho desfecho
é muito bom para estudar doenças raras, já
Com exposição A B
que já estamos avaliando os pacientes divi-
didos em grupos de doentes e não doentes. Sem exposição C D
Há 2 problemas: no estudo de caso-controle, Fonte: Gordis.1
podemos apenas estimar o risco, e não deter-
minar, como na coorte; além disso, a memória W Qual a sua hipótese inicial? Acreditamos que
dos pacientes e a clareza e completude dos a exposição está ligada ao desfecho. Então,
registros médicos são essenciais para ava- quais desses pacientes vão a favor da sua hi-
liarmos o passado médico e a presença dos pótese? Os pacientes A e D. Por quê? Porque
fatores de risco. o paciente A tem exposição e tem desfecho,
u a) Vantagens: mostrando que há associação entre os dois.
W Fácil execução; O paciente D, como não tem exposição, tam-
bém não tem desfecho, mais uma vez com-
W Custo;
provando a sua hipótese. Os pacientes B e C,
W Doenças raras. por outro lado, são aqueles que vão contra a
u b) Desvantagens: hipótese. O paciente B tem a exposição, mas
W Documentação; não tem o desfecho, e o paciente C tem o
W Vieses de memória e de seleção. desfecho sem nunca ter tido exposição. Ou
seja, os pacientes A e D corroboram a favor
W Esse tipo de estudo também é analítico, visto
da relação entre exposição e desfecho e os
que analisa se há correlação com um fator de
pacientes B e C, contra.

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risco provável. Diferentemente da coorte, que
determina o risco, o caso-controle é capaz
u O odds-ratio é exatamente a relação entre os pa-
apenas de estimar o risco, por meio da sua cientes A e D sobre os pacientes B e C.
medida de associação, o Odds-Ratio.
ODDS-RATIO = AxD/BxC = AD/BC
4.3.1. Odds-ratio
W Como podemos lembrar? Tem a dica do “peixi-
u A medida de associação do estudo de caso-con- nho”. Basta desenhar um peixe sobre a tabela
trole é o odds-ratio, razão de chances ou razão de que a fórmula vai “aparecer” AD/BC
possibilidades. O conceito por trás do odds-ratio
é semelhante ao do risco relativo: ele informa Ocorrência Sem
quantas vezes a mais – ou a menos – um evento do desfecho desfecho
ocorre em um grupo em relação a outro. Serve, Com exposição A B
entretanto, apenas para estimar o risco, não o
Sem exposição C D
determinando.
u Como calculamos o Odds-ratio? Precisamos
montar uma tabelinha com os pacientes expos- DICA
 O odds-ratio apenas estima o risco e não
tos, não expostos, doentes e não doentes. Veja é exclusivo dos estudos de caso-controle. Não é
a Tabela 1. porque a questão lhe mostrou um odds-ratio que
necessariamente tem que ser um estudo de caso-
-controle. Procure sempre as características do
estudo.

32
Estudos epidemiológicos Cap. 1

4.4. ENSAIO CLÍNICO u Fase III: Avaliação em larga escala do tratamento,


confirmando a eficácia do tratamento e compa-
u O ensaio clínico é um estudo individual, analíti- rando a grupos-controle. Nessa fase, o objetivo
co, longitudinal e de intervenção. O mais impor- é fornecer evidências definitivas que corroborem
tante é o fato de ser um estudo de intervenção. a favor da comercialização do fármaco.
O ensaio clínico é praticamente o único estudo u Fase IV: Medicamento já está à venda. É a hora
de intervenção que cai na sua prova. Que tipo de de ver se ele realmente funciona no “mundo real”,
intervenção? Pode ser a introdução de um medi- fora das condições controladas de um estudo.
camento, a orientação acerca de um hábito de Em médio e em longo prazo podem surgir com-
vida ou até um procedimento cirúrgico. plicações ou efeitos colaterais tardios não rela-
tados inicialmente.
DICA
 O pesquisador deve estar realizando a in-
W Usamos medicamentos para a maioria dos
tervenção. Há estudos de coorte que comparam nossos exemplos, mas se lembre que pode-
pacientes que fizeram uso do medicamento A e do mos estar avaliando intervenções não far-
medicamento B, porém não são os pesquisadores macológicas, cirúrgicas, utilização de testes
do estudo que realizam a introdução ou o teste do diagnósticos etc.
medicamento. Certifique-se de que é o estudo que u Efeito Hawthorne: Imagine que você sabe que
está realizando a intervenção. terá seu exame de sangue colhido toda segun-
da-feira. Você iria tomar aquela cerveja no chur-
W Exemplo: 2000 pacientes idosos são selecio- rasco do domingo? Provavelmente não. Pois
nados para avaliar o uso da aspirina como pre- bem, esse é o efeito Hawthorne. Esse efeito diz
venção primária de eventos cardiovasculares. respeito à tendência dos indivíduos de mudarem
1000 recebem aspirina e 1000 não recebem. seu comportamento simplesmente por serem
alvo de interesse e atenção. Acontece que tanto

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Após 10 anos, observa-se que não houve di-
ferença relevante entre os grupos no que diz o grupo-controle quanto o grupo de intervenção
respeito à mortalidade, IAM ou AVC, mas que apresentam esse efeito, geralmente não sendo
houve maior proporção no desenvolvimento relevante ao final do estudo.
de câncer nos pacientes que fizeram uso crô-
nico de aspirina. 4.4.2. Medidas de associação
dos ensaios clínicos
W Perceba que o estudo deu aspirina para um
grupo de pacientes. Não houve simplesmente 4.4.2.1. Redução do risco relativo (RRR)
uma observação de pacientes que já faziam uso.
u Risco é a probabilidade de ocorrência de certo
4.4.1. Fases dos ensaios clínicos desfecho. Risco relativo indica quantas vezes
maior é a chance de indivíduos expostos a um
u Fase I: Envolve um pequeno número de pacientes determinado fator desenvolverem um desfecho
apenas para verificar a segurança da substância se comparados com indivíduos não expostos. Em
para uso em seres vivos. Observa-se a tolerância um ensaio clínico, o fator avaliado é a intervenção.
da droga, assim como seus efeitos colaterais e W Exemplo: Estudo avalia a eficácia de uma va-
reações adversas. Geralmente, os indivíduos são
cina para covid-19. 1000 pacientes recebem
pacientes saudáveis.
a vacina e 1000 pacientes recebem placebo.
u Fase II: Envolve um pequeno número de pacien- Após 4 meses de acompanhamento, 20 pa-
tes, porém geralmente portadores da doença cientes do grupo intervenção (vacinados de
estudada. Tem como objetivo analisar a relação fato) receberam o diagnóstico de covid-19 (2%),
dose-efeito da droga. enquanto 50 pacientes do grupo controle (pla-

33
Estudos epidemiológicos Epidemiologia

cebo) foram diagnosticados (5%). Qual o risco Com o tratamento, foram 98. Nesse caso, mes-
relativo? A incidência nos expostos foi de 2%, mo 98 pacientes tendo sobrevivido, apenas 3 so-
enquanto a incidência nos não expostos foi breviveram “por causa” do medicamento novo.
de 5%. Risco relativo = 2%/5% = 0.4. A vacina, Assim, a cada 100 pacientes que você tratou, o
portanto, agiu como fator protetor. tratamento foi responsável pela sobrevivência
u Redução do Risco Relativo = 1 – Risco Relativo de 3. Ou seja, 1 vida é salva a cada 33 pacientes
tratados. O número de pessoas que você precisa
W Voltando ao exemplo: RRR = 1 – 0,4 = 0.6.
tratar para salvar uma vida é 33.
A redução do risco relativo, nesse caso, foi de
60%. Isso quer dizer que, ao tomar a vacina, u O número necessário ao tratamento nos diz o nú-
um indivíduo reduz em 60% sua chance de mero médio de pacientes que precisam sofrer a
adoecer. Isso não quer dizer que há 40% de intervenção estudada para que tenhamos o des-
chance de adoecer. Isso quer dizer que houve fecho esperado em um. Acontece que temos que
uma queda de 5% para 2% de chance de adoe- levar em consideração o número de pacientes que
cimento após a vacinação, correspondendo a já evoluem para o desfecho esperado indepen-
uma redução de 60% nesse risco. dentemente da intervenção, como no exemplo
apresentado, em que o desfecho foi a sobrevida.
DICA
u Número necessário ao tratamento = 1/RAR
 A eficácia de um tratamento ou de uma me-
dida de prevenção corresponde à sua redução do
risco relativo. NNT = 1/RAR

W Exemplo: Vamos voltar ao exemplo apresen-


4.4.2.2. Redução absoluta do tado. RAR = 98-95 = 3%. NNT = 1/RAR = 1/3%
risco (RAR ou RRA) = 1/0,03 = 33,3. Ou seja, devemos tratar 33,3

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pacientes para que uma vida seja salva pelo
u RAR = Risco no grupo-controle – risco no grupo
tratamento.
de intervenção
W Exemplo: Voltando ao exemplo da vacinação,
DICA
tínhamos um risco de adoecimento de 5% no  Quanto menor o NNT, melhor.
grupo-controle e de 2% no grupo de interven-
ção. A Redução Absoluta do Risco, nesse caso, DICA
 Quando a intervenção aumentar o desfecho
seria simplesmente 5% – 2% = 3%.
negativo, a RAR será negativa. Nesse caso, você
4.4.2.3. Número necessário ao deve inverter os valores, calcular qual foi o acrés-
cimo absoluto de risco por conta da intervenção,
tratamento (NNT)
e por fim calcular o NNH, ou Número Necessário
u Exemplo: Vamos começar com um exemplo bem ao Dano (Harm).
simples. Avaliamos 200 pacientes portadores
de uma doença crônica. 100 recebem placebo
e 100 recebem um medicamento novo. Dos 100
que receberam placebo, 5 evoluíram a óbito. Dos 5. ERROS E VIESES
100 que receberam o medicamento, 2 evoluíram
a óbito. Quantos pacientes você precisou tratar u Vieses são erros sistemáticos, ou seja, erros que
para salvar uma vida? Ora, a cada 100 pacientes,
decorrem de algum problema na metodologia
95 sobrevivem sem necessidade de tratamento.
do estudo, que podem envolver coleta, registro,

34
Estudos epidemiológicos Cap. 1

análise, interpretação, publicação ou utilização


de dados, assim como seleção de participantes. 6. ESTRATÉGIAS PARA
REDUZIR VIESES
W Viés de seleção: viés decorrente dos proce-
dimentos utilizados para selecionar os pa-
cientes do estudo. O resultado é uma relação u Cegamento: Aplicado a ensaios clínicos.
entre exposição e desfecho diferente entre os W Simples-cego: nesses estudos, o paciente não
grupos analisados.
sabe a que grupo pertence.
W Fator de confusão: fatores que não são obje- W Duplo-cego: além do paciente, o avaliador tam-
tos dos estudos, mas que podem exercer in-
bém não sabe, evitando que seu julgamento
fluência sobre o fator ou o desfecho avaliado.
interfira no estudo.
W Viés de informação: erros na coleta de infor- W Triplo-cego: os outros profissionais envolvidos,
mações dos participantes. Problemas envol-
como aqueles que analisam exames de ima-
vendo memória dos pacientes, registros em
gem, também não sabem a que grupo cada
prontuário, métodos diagnósticos utilizados,
paciente pertence.
avaliação do entrevistador etc.
W Viés de publicação: preferência pela publica-
DICA
ção de estudos que detectam associações em  Há estudos em que o cegamento é impossível,
oposição aos que não detectam. como aqueles que comparam a eficácia de uma
intervenção cirúrgica com o tratamento clínico.

u Aleatorização: os pacientes são alocados em


diferentes grupos de forma aleatória. Isso evita
que o pesquisador “crie” grupos-controle e de

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intervenção distintos.

7. RESUMÃO DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

Tabela 2. Principais desenhos de estudo.

Desenho de
Características Medida de Associação Observações
Estudo

Agregado, Observacional, • Não estabelecem causalidade


Ecológico • Avaliação de Frequências
Transversal • Falácia ecológica

Individual, Observacional, • Determina risco


Coorte • Risco Relativo
Longitudinal, Prospectivo, Analítico • Coorte histórica

Individual, Observacional, • Apenas estima risco


Caso-controle Longitudinal, Retrospectivo, • Odds-ratio • Odds-ratio pode estar presen-
Analítico te em outros estudos

• Redução do Risco Relativo


Individual, Intervenção, (Eficácia) • Cuidado com o Número Ne-
Ensaio Clínico
Longitudinal, Analítico • Número Necessário ao Tra- cessário ao Dano
tamento
Fonte: O autor.

35
Estudos epidemiológicos Epidemiologia

Tabela 3. Diferenças entre caso-controle e coorte.

Estudo Caso-Controle Estudo de Coorte

Baixo custo Custo alto

Demanda pouco tempo Demanda muito tempo

Um desfecho: múltiplos fatores de risco Um fator de risco: vários desfechos

Divide os grupos segundo o desfecho Divide os grupos segundo a exposição

Fonte: O autor.

REFERÊNCIAS

1. Gordis L. Epidemiology. 5th ed. Baltimore: Elsevier; 2014.


2. Bedaque HP, Bezerra ELM. Descomplicando MBE: uma
abordagem prática da medicina Baseada em evidências.
Natal: Editora Caule de Papiro; 2018.
3. ESF Coutinho, GM Cunha. Conceitos básicos de epide-
miologia e estatística para a leitura de ensaios clínicos
controlados. Rev Bras Psiquiatr. 2005; 27(2): 146-51.
4. Aragão J. Introdução aos estudos quantitativos utilizados
em pesquisas científicas. Rev práxis. 2013; 3(6): 59-62.

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5. Rouquayrol MZ, Almeida Filho N. Epidemiologia e saúde.
6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006.
6. Szumilas M. Explicando razões de chances. J Acad Can
psiq infan adol. 2010; 19(3): 227.
7. Botelho F, Silva C, Cruz F. Viéses. Acta Urologica. Setembro
de 2010; 3: 47–52.

36
Estudos epidemiológicos Cap. 1

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 foram analisadas 4.137 pacientes, das quais mil


trezentas e setenta e quatro utilizaram a medica-
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) Um estudo foi reali-
ção. Das trezentas e cinquenta e sete cujos fetos
zado em Salvador, Bahia, com o objetivo de analisar
apresentaram algum tipo de malformação, 70% uti-
a associação entre desigualdade socioespacial e
lizaram o medicamento estudado. Com base nesse
mortalidade por homicídio em 2006. Dados sobre
caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta
renda e nível educacional dos chefes de família
o tipo de estudo descrito.
foram obtidos para as 75 zonas de informação do
Município de Salvador. As 75 zonas foram classi- Caso-controle.
ficadas em quatro estratos de condição de vida Coorte retrospectiva.
considerando o nível de renda e escolaridade dos
Ensaio clínico.
chefes de família. Taxas de mortalidade por homi-
cídio (TMH) ajustadas por idade foram calculadas Coorte prospectiva.
para os quatro estratos de condição de vida, utili- Transversal.

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zando-se de dados obtidos junto à Secretaria Mu-
nicipal de Saúde (Modificado de Viana et al. Cad
Questão 3
Saúde Públ 2011; 27(s2):S298-S308). Qual é o tipo
de estudo epidemiológico realizado? (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE/SÃO PAULO – 2018) Sobre estudos
clínicos com novas drogas:
Estudo de coorte.
Ensaio clínico comunitário. A fase V são os diversos estudos de caso-con-
Estudo ecológico. trole realizados após a liberação das drogas.
Na fase II a medicação é testada em indivíduos
Estudo de corte transversal.
sadios para avaliação toxicológica sérica.
Na fase I a medicação é, em geral, testada em
Questão 2 indivíduos terminais. Indivíduos sadios ou com
doença inicial são poupados do risco de possí-
(SANTA CASA DE MISERICORDIA DE SÃO PAULO, 2021) Na ma-
veis efeitos adversos de novas drogas.
ternidade de um hospital terciário, para verificar
se o uso de um medicamento estaria relacionado A fase III compõe ensaios clínicos randomiza-
com a malformação fetal, foram avaliadas todas as dos. Baseado nestes ensaios que as drogas são
gestantes que entraram em trabalho de parto entre liberadas para comercialização.
15 de janeiro de 2018 e 20 dezembro de 2020. Fo- A fase IV compõe estudos observacionais para
ram levantados os prontuários das pacientes e foi verificação de efeitos adversos em curto prazo.
aplicado a elas um questionário acerca do uso da Baseado nesses estudos que as drogas são li-
medicação durante a gestação. No final do período, beradas para comercialização.

37
Estudos epidemiológicos Epidemiologia

Questão 4 Razão de prevalência: 2,93.


Risco relativo: 1,99.
(UNESP – 2019) Um estudo conduzido pelo Corpo de
Bombeiros no Estado de São Paulo mostrou que
nas cidades com maior concentração de casas com Questão 7
piscinas também era maior a ocorrência de afoga-
mentos. Outros estudos realizados, posteriormen- (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – 2021) Para
te, observacionais e de base individual, mostraram determinar a eficácia de uma vacina, 30.000 vo-
que nas cidades com maior concentração de casas luntários foram randomizados em dois grupos, em
com piscinas, a maior incidência de afogamentos que 20.000 pacientes receberam a vacina e 10.000
ocorreu em rios ou mar. É provável que no primeiro receberam um placebo. Após a abertura do estudo,
estudo tenha ocorrido: dos cem infectados, apenas 20% tomaram a vaci-
na. Com base nessa situação hipotética, assinale
Falácia ecológica. a alternativa que apresenta o valor correto da efi-
Viés de seleção. cácia da vacina.
Viés de informação. 70%.
Viés de confundimento. 80%.
87,50%.
Questão 5 90%.
(PSU/MG – R1 – 2020) O número de pacientes que neces- 97,50%.
sitam de tratamento (NNT) para se evitar um even-
to adverso é uma das maneiras de se expressar os
Questão 8
resultados de ensaios clínicos. Considerando que

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a taxa de mortalidade em um grupo não tratado é (PREFEITURA MUNICIPAL DE CASCAVEL – 2018) Dois pesqui-
de 17% e a taxa de mortalidade no grupo tratado é sadores decidiram estudar o impacto da prescrição
de 12%, o NNT para prevenir uma morte é de: de progesterona vaginal na prevenção do parto pre-
maturo entre gestantes adolescentes assistidas
5.
em Unidades de Saúde da Família (USF A e USF
20. B). Para essa finalidade, foram acompanhadas to-
29. das as gestantes das USFs do início até o terceiro
14. trimestre gestacional, e comparou-se o desfecho
2. de trabalho prematuro entre as gestantes que utili-
zaram e as que não utilizaram a progesterona. Po-
demos dizer, em relação ao delineamento utilizado
Questão 6 no estudo, que:

(HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUC/RS – 2016) Um estudo caso- Trata-se de um estudo observacional e rando-
-controle foi conduzido para avaliar a associação mizado.
entre o uso de álcool para fins de limpeza doméstica Trata-se de um estudo experimental e não alea-
e a ocorrência de queimaduras graves em idosos. tório.
Essa informação foi relatada por 56 dos 94 casos
Trata-se de um estudo observacional e não ran-
e por 63 dos 148 idosos do grupo-controle. Qual é
domizado.
a medida de associação estimada no estudo?
Trata-se de um estudo experimental e rando-
Risco relativo: 2,93. mizado.
Razão de chances (Odds-ratio): 1,99. Trata-se de um estudo experimental, duplo-cego
Razão de chances (Odds-ratio): 2,93. e randomizado.

38
Estudos epidemiológicos Cap. 1

Questão 9

(INSTITUTO E HOSPITAL OFTALMOLÓGICO DE ANÁPOLIS – 2018)


Assinale a alternativa INCORRETA:

O objetivo das medidas de ocorrência (ou de fre-


quência) é responder se existe uma associação
entre exposição e desfecho.
Risco relativo é uma medida de associação e
corresponde à razão entre os riscos dos indi-
víduos expostos e os riscos dos não expostos.
Quanto mais rara é uma doença, mais o odds
ratio se aproxima do risco relativo.
Razão de prevalência é a relação entre a preva-
lência nos expostos dividida pela prevalência
nos não expostos, além de ser a medida de as-
sociação característica do estudo transversal.

Questão 10

(SANTA CASA DE MISERICORDIA DE SÃO PAULO – 2021) Em 31


dezembro de 2019, Peng Yinhyua e outros médicos
de Wuhan reportaram ao governo chinês e à Orga-
nização Mundial de Saúde (OMS) sobre uma nova

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pneumonia e, em janeiro de 2020, foi identificado o
genoma do então chamado 2019-nCoV. Em janeiro,
um grupo de médicos fez um trabalho para verifi-
car a frequência do novo vírus em pacientes com
e sem pneumonia no hospital municipal de Wuhan.
Quanto a esse tema, assinale a alternativa correta.

A medida de associação desse estudo é a pre-


valência.
Para obter a medida de frequência nesse caso,
o estudo com mais custo-efetividade é a coorte
hospitalar.
Um estudo transversal não é capaz de responder
adequadamente à pergunta proposta.
Trata-se de um estudo que demanda um longo
período de observação.
Esse estudo é limitado por não comprovar a
causalidade.

39
Estudos epidemiológicos Epidemiologia

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: então você deve conhecê-lo. Vamos avaliar esse


enunciado com o passo a passo para toda ques-
Comentário: Questão que aborda diretamente a defi-
tão de estudos epidemiológicos. Em primeiro lugar,
nição dos estudos epidemiológicos. Vamos aplicar
temos que entender o estudo. Dividiram gestantes
o passo a passo. Primeiro, qual a variável depen-
em dois grupos: aquelas que usaram determinado
dente e a variável independente? As variáveis desi-
medicamento durante a gestação e aquelas que
gualdade socioespacial e mortalidade por homicí-
não utilizaram. Depois, viram quais tiveram fetos
dio foram analisadas no mesmo momento (2006).
com malformação. A associação que o estudo quer
Não temos, portanto, como atestar qual é causa e
avaliar é entre o uso da medicação (variável inde-
qual é consequência. Obviamente esperamos que
pendente) e o surgimento de malformação (variá-
a desigualdade seja a causa e a mortalidade a con-
vel dependente). Trata-se, portanto, de um estudo
sequência, mas não temos como estabelecer essa
observacional, individual, longitudinal, prospectivo
causalidade a partir do enunciado. Sobre as carac-
e analítico.
terísticas, observamos que se trata de um estudo
Alternativa A: INCORRETA. Estamos partindo do fa-

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transversal, agregado e observacional.
tor de risco (uso da medicação) para o desfecho
Alternativa A: INCORRETA. A coorte é longitudinal e (malformação), mesmo estando tudo no passado.
individual. Como sabemos disso? Os grupos são divididos
Alternativa B: INCORRETA. O ensaio clínico comuni- conforme a exposição ao fator de risco, e não con-
tário é um estudo agregado, porém de intervenção. forme o surgimento do desfecho.
Alternativa C: CORRETA. Alternativa B: CORRETA.
Alternativa D: INCORRETA. O estudo em questão é Alternativa C: INCORRETA. O medicamento não foi
transversal, mas há outras características que nos fornecido pelo pesquisador. As gestantes foram di-
permitem afirmar que a resposta mais completa é vididas entre aquelas que usaram ou não. Trata-se
a letra C. de um estudo observacional, mesmo analisando o
efeito de um medicamento.
✔ RESPOSTA: 
Alternativa D: INCORRETA. Toda coorte é prospectiva,
mas realmente estamos olhando para a exposição
Questão 2 DIFICULDADE: no passado. Trata-se de uma coorte histórica, tam-
bém chamada de retrospectiva. Não brigue com a
Comentário: Em primeiro lugar, vamos evitar falar questão.
em coorte retrospectiva. Devemos chamar esse
Alternativa E: INCORRETA. Não é transversal. Temos
desenho de estudo de coorte histórica, visto que
informações sobre momentos distintos.
as coortes são sempre prospectivas. Acontece
que algumas provas insistem em usar esse termo, ✔ RESPOSTA: 

40
Estudos epidemiológicos Cap. 1

Questão 3 DIFICULDADE: NNT = 1/0,05 = 20.


✔ RESPOSTA: 
Alternativa A: INCORRETA. Não há uma fase V.
Alternativa B: INCORRETA. Na fase II o objetivo prin-
cipal é analisar a relação dose-efeito. Questão 6 DIFICULDADE:

Alternativa C: INCORRETA. Na fase I o medicamento Comentário: Primeiro, devemos realizar o passo a


é testado em indivíduos sadios. passo. A variável independente é o uso de álcool
Alternativa D: CORRETA. Na fase III de estudos clí- e a variável dependente a queimadura grave. O es-
nicos, ocorre a divisão dos participantes em dois tudo é individual, observacional, analítico, longitu-
grupos, o grupo placebo e o grupo que receberá a dinal e retrospectivo, já que os grupos são dividi-
nova medicação (ensaios clínicos randomizados), dos entre pessoas com queimaduras e pessoas
e é a partir dessa fase que as medicações são li- sem queimaduras, pesquisando se houve o relato
beradas para comercialização. de uso de álcool prévio. Assim, temos um estudo
Alternativa E: INCORRETA. A fase IV permite avaliar de caso-controle. Como se trata de um estudo de
o medicamento em longo prazo. caso-controle, a medida de associação que utiliza-
remos é a razão de chances, ou odds-ratio. Agora
✔ RESPOSTA: 
só falta calcular.

Casos Controles
Questão 4 DIFICULDADE:
Expostos A B
Comentário: Esse é um estudo agregado, sem inter-
Não expostos C D
venção do pesquisador e transversal. Trata-se de
um estudo ecológico. De um lado, sabemos que a
Ao preencher os valores, temos:
cidade tem muita piscina. De outro, sabemos que

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há muito afogamento. Podemos inferir que maior Casos Controles
número de piscinas é fator de risco para afogamen-
Expostos 56 63
to? Não! Nem sabemos se os afogamentos estão
acontecendo nas piscinas. Não sabemos se as pes- Não expostos 38 85
soas que estão se afogando são aquelas que têm Total 94 148
piscinas. Qualquer conclusão acerca dos indivíduos
em um estudo agregado é um erro, chamado falá- A fórmula para calcular odds-ratio é a seguinte:
cia ecológica. Em nenhum lugar está dizendo que AD/BC.
houve essa conclusão por parte do primeiro estu- A x D / B x C = 56 x 85 / 63 x 38 = 4760 / 2394 = 1,99.
do. Lembre-se sempre: não brigue com a questão.
Mais uma vez, a divisão acaba não sendo tão fácil,
Se a pergunta não está perfeita, escolha a melhor
mas podemos observar que o numerador é mais
entre as respostas.
ou menos 2 vezes maior que o denominador. Com
✔ RESPOSTA:  isso, já sabemos que o Odds-ratio deve ser um
número perto de 2.

Questão 5 DIFICULDADE: ✔ RESPOSTA: 

Comentário: Calculamos o NNT da seguinte forma:


1/Redução Absoluta do Risco (RAR). Questão 7 DIFICULDADE:

Calculamos a RAR da seguinte forma: Risco no grupo Comentário: A eficácia de uma vacina ou de um
controle – Risco no grupo intervenção. medicamento em um ensaio clínico é adquirida
Nesse caso, 17% – 12%, ou 0,17 – 0,12. RAR = 0,05. pela Redução do Risco Relativo (RRR), que é igual

41
Estudos epidemiológicos Epidemiologia

a 1 – RR (Risco relativo). Temos que calcular, por- por medidas de estatística inferencial, como Inter-
tanto, o Risco Relativo. valo de Confiança ou valor p.
RR = Incidência nos expostos / Incidência nos não Alternativa B: CORRETA. Correto e conceitual.
expostos. Alternativa C: CORRETA. Quanto mais rara for a doen-
Nesse caso, a incidência nos expostos à vacina foi ça, menor vai ser a Incidência, e com incidências na
de 20/20000 = 0,1%. casa dos 0,01 e adiante, a diferença absoluta entre
A incidência nos não expostos foi de 80/10000 = o Odds Ratio e o Risco Relativo certamente será
0,8%. menor, visto que a variação de qualquer medida
RR = 0,1% / 0,8% = 0,125 = 12,5%. com muitas casas decimais vai ser, por questões
matemáticas, muito pequena. Exemplo: mesmo que
RRR = 1-0,125 = 0,875 = 87,5%.
você chute a incidência como 0,01, e ela seja 0,001,
✔ RESPOSTA:  seu erro absoluto foi de 0,009.
Alternativa D: CORRETA. A Razão de Prevalências é
Questão 8 DIFICULDADE: utilizada em estudos transversais, como Inquéritos
Populacionais e Estudos Ecológicos.
Comentário: O enunciado descreve um estudo que
✔ RESPOSTA: 
define sua população-alvo como “adolescentes as-
sistidas em Unidades de Saúde da Família”, usando
como amostra “todas as gestantes das USFs do Questão 10 DIFICULDADE:
início até o terceiro trimestre gestacional”.
Uma amostra aleatória é aquela em que cada mem- Comentário: Trata-se de uma questão de estudos
bro da população tem igual chance de fazer parte epidemiológicos. Sempre devemos seguir o pas-
de um grupo ou do outro, e, para isso, é preciso ter so a passo para responder esse tipo de questão.
Primeiro, entender o estudo. Basicamente estamos

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uma lista de todos os membros da população, para
depois usar algum método aleatório de “sorteio”. O querendo saber qual a porcentagem de pessoas
enunciado não descreve nada disso na amostragem, com o vírus da covid-19 entre aquelas com pneu-
então se trata de uma Amostra Não Aleatória (Não monia e entre aquelas sem pneumonia em um hos-
Randomizada). pital de Wuhan. Depois, precisamos verificar qual a
variável independente e qual a dependente. Nesse
O enunciado também descreve que o estudo acom-
caso, não temos como saber, já que as duas variá-
panhou essas gestantes, sem mencionar qualquer
veis (pneumonia e presença do vírus) estão sendo
intervenção, então se trata de um estudo Observa-
analisadas ao mesmo tempo. Por isso, não temos
cional, e não Experimental.
como saber qual variável veio antes. Por fim, deve-
Não houve intervenção, então não há o que “cegar”. mos observar as características do estudo. Temos
O fato de não haver intervenção corrobora a favor um estudo transversal, individual, que se propõe a
de termos uma amostra não aleatória. estabelecer associação entre variáveis enquanto
✔ RESPOSTA:  compara grupos, portanto, provavelmente analítico.
Alternativa A: INCORRETA. Prevalência é uma medida
de ocorrência, assim como incidência. A medida de
Questão 9 DIFICULDADE:
associação que pode ser utilizada num estudo é a
Comentário: O enunciado pede a alternativa INCOR- razão de prevalências.
RETA. Alternativa B: INCORRETA. O estudo em questão é
Alternativa A: INCORRETA. Medidas de frequência são transversal, e a coorte é longitudinal. Mesmo assim,
parte da estatística descritiva, e servem para medir se fôssemos escolher um estudo mais custo-efeti-
a força da associação, assim como o impacto do vo, a coorte não seria o estudo escolhido, já que se
efeito. A existência ou não de associação é avaliada trata de um estudo mais longo e caro, geralmente.

42
Estudos epidemiológicos Cap. 1

Alternativa C: INCORRETA. Como só queremos saber


a frequência do vírus, e não necessariamente esta-
belecer causalidade, poderíamos usar um estudo
transversal sim.
Alternativa D: INCORRETA. O enunciado apresenta
um estudo transversal, que não requer um longo
período de observação.
Alternativa E: CORRETA. Estudos transversais não
são capazes de estabelecer causalidade.
✔ RESPOSTA: 

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44
MEDICINA BASEADA EM Capítulo

EVIDÊNCIAS E BIOESTATÍSTICA 2

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Medicina Baseada em Evidências significa o uso consciente da melhor evidência disponível para a tomada
de decisão no âmbito da medicina.
u As revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados apresentam nível 1A de evidência.
u As revisões sistemáticas são investigações científicas, com metodologia definida por protocolo, que avaliam
estudos originais como seu objeto de estudo, sintetizando resultados de estudos primários.
u Para decidirmos se devemos confiar na conclusão apresentada por determinado estudo precisamos,
sempre, avaliar o intervalo de confiança.
u A média é muito afetada por valores extremos. A mediana não é afetada por valores extremos. Uma amostra
pode ter nenhuma, uma ou mais de uma moda.

1. INTRODUÇÃO Efetividade: Medicamento manteve resulta-

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W

dos positivos na população mesmo fora dos


“muros” de um ensaio clínico, provando que,
u De forma abrangente, compreendemos a medi- no mundo real, longe do controle dos pesqui-
cina baseada em evidências (MBE) como o uso sadores, ele também traz benefícios.
consciente da melhor evidência disponível para a
W Eficiência: Vale a pena, pelo custo do medica-
tomada de decisão no âmbito da medicina. A MBE
mento, utilizar ele em vez de outros disponíveis.
representa um novo paradigma da medicina, visto
que põe, de forma objetiva, as evidências adquiri-
das por estudos científicos em um patamar dife- DICA
 A intervenção analisada não precisa ser um
rente da experiência do médico em nível individual. medicamento. Podemos estar falando de uma vaci-
na e seu poder em reduzir o risco de adoecimento,
DICA por exemplo.
 A MBE não menospreza ou nega o valor da
experiência do médico. Seu objetivo é coibir práticas
que não estejam embasadas em dados e estimular u A partir desses três conceitos, podemos com-
aquelas que estão. preender outros dois que, às vezes, aparecem
em alguns enunciados:
u Vamos iniciar apresentando 3 conceitos a partir W Validade interna: extensão em que os resul-
do exemplo de um medicamento novo que está tados observados representam uma verdade
sendo testado: para a população sendo estudada e, portanto,
não se devem a erros metodológicos.
W Eficácia: Medicamento demonstrou resultados
melhores que o placebo no estudo, ou seja, W Validade externa: refere-se à extensão em que
dentro das condições ideais e controladas do os resultados de um estudo são aplicáveis aos
ensaio clínico. pacientes em nossa prática diária.

45
Medicina baseada em evidências e bioestatística Estatística

V Essa probabilidade é considerada “aceitável”


2. HIPÓTESE NULA X quando inferior a 10-20%. O poder do teste
HIPÓTESE ALTERNATIVA reflete sua capacidade de encontrar dife-
rença de desfecho entre os grupos quando
essa diferença realmente existe.
u Outros conceitos que, às vezes, são apresenta-
dos nas questões são os seguintes: V Poder do teste = 1 – erro beta.
W Hipótese nula: Hipótese de que não existe dife-
rença entre os grupos estudados. No exemplo
do medicamento, isso iria significar que o me- 3. NÍVEIS DE EVIDÊNCIA E
dicamento não melhorou em nada o desfecho. GRAUS DE RECOMENDAÇÃO
W Hipótese alternativa: Hipótese de que existe
diferença no desfecho entre os dois grupos. u Considerando todos os possíveis erros, hipóte-
Ou seja, o uso do medicamento interferiu no ses e, principalmente, desenhos de estudos, há
desfecho. uma hierarquia das evidências.

2.1. ERRO ALFA X ERRO BETA 3.1. NÍVEIS DE EVIDÊNCIA

u A partir da hipótese nula, surgem dois tipos de u Trata-se de uma hierarquia das evidências apre-
erros possíveis. Já falamos sobre erros e vieses sentadas por cada tipo de estudo.
no capítulo “Estudos Epidemiológicos”, mas apre-
sentaremos outra abordagem agora. Tabela 1. Níveis de evidência.
W Erro alfa (tipo I): Probabilidade de rejeitar a hi-
Qualidade Tipo de evidência
pótese nula quando ela é verdadeira. Ou seja,

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é a probabilidade de enxergar no estudo uma A: revisão sistemática de ECRs
diferença entre os grupos avaliados que não 1 B: ECR individual com IC estreito
existe na vida real. C: série de casos “tudo ou nada”
V Essa probabilidade é considerada aceitável A: revisão sistemática de estudos de coorte
quando inferior a 5%. Por isso, em muitos 2
B: estudo de coorte individual. ECR com
estudos, falamos de um nível de confiança dropouts > 20%
= 95%. C: estudos ecológicos

V Nível de confiança = 1 – erro alfa. A: revisão sistemática de caso-controle


3
B: caso-controle individual

DICA
 O valor de “p”, nos estudos, reflete o erro alfa. 4 Séries de casos
p < 0,05 significa que a probabilidade de o estudo 5 Opinião do especialista
estar errado quando considera desfechos diferentes
ECR: ensaio clínico randomizado. Adaptado de Levels os
entre os grupos é menor que 5%. Consideramos, evidence of the Oxford Centre for Evidence-Based Medicine.
a partir disso, que há relevância estatística e que
Fonte: Oxford Centre for Evidence-Based Medicina.1
podemos confiar com certo grau de segurança
naquilo que o estudo está concluindo.
3.2. GRAUS DE RECOMENDAÇÃO
W Erro beta (tipo II): Probabilidade de aceitar a
hipótese nula quando essa é falsa. Ou seja, é u A partir desses níveis de evidência, surgem os
a probabilidade de não encontrar no estudo graus de recomendação:
uma diferença entre dois grupos quando na W A = Conduta apresenta benefício comprovado.
verdade essa diferença existe. V Nível de evidência 1.

46
Medicina baseada em evidências e bioestatística Cap. 2

W B = Conduta provavelmente apresenta bene- DICA


 Em um estudo epidemiológico primário, como
fício, devendo ser estimulada.
coorte ou ensaio clínico, nós estudamos pessoas
V Níveis de evidência 2 e 3. e populações. Em uma revisão sistemática, nós
W C = Benefício incerto. estudamos esses estudos. Compilamos vários
V Nível de evidência 4. estudos que analisam o mesmo tema, avaliando a
“soma” dos seus resultados.
W D = Conduta não deve ser realizada porque
não há evidência confiável.
V Nível de evidência 5. 4.2. METANÁLISE
u Há variações para os níveis de evidência e graus
de recomendação. Estamos demonstrando a divi- u Definição: síntese estatística de dados colhidos
são utilizada pelo Oxford Centre for Evidence-Ba- no maior número possível de estudos, com o
sed Medicine, que é a mais cobrada nas provas. objetivo de sumarizar a informação. Métodos
estatísticos são utilizados para compilar os
resultados de diversos estudos em uma única
4. REVISÃO SISTEMÁTICA medida. Os resultados da metanálise podem ser
E METANÁLISE vistos em uma representação gráfica chamada
forest plot.
4.1. REVISÃO SISTEMÁTICA
DICA
 Basicamente, uma metanálise realiza uma
u Definição: investigações científicas, com metodo- análise estatística complexa para tirar de vários
logia definida por protocolo, que avaliam estudos estudos uma conclusão uniforme. O  que mais
originais como seu objeto de estudo, sintetizando importa para a sua prova é conseguir identificar

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resultados de estudos primários. essa conclusão a partir do forest plot.

Tabela 2. Exemplo de Forest plot.

Fonte: Castro.2

47
Medicina baseada em evidências e bioestatística Estatística

u Nesse exemplo, estamos avaliando estudos que u A conclusão da metanálise se resume àquele
compararam a mortalidade neonatal por deter- losango embaixo de todos os quadrados, deno-
minada complicação em pacientes que fizeram minado “subtotal (95%CI)”. Esse losango corres-
uso de corticosteroides versus pacientes que fi- ponde ao compilado gráfico de todos os estudos
zeram uso de placebo ou de nenhum tratamento. avaliados. Se o losango estiver à esquerda da
A primeira coluna corresponde à identificação dos linha vertical, a metanálise concluiu que o fator
estudos que foram avaliados. A segunda coluna avaliado é um fator de proteção. Se estiver à di-
demonstra a mortalidade nos grupos expostos à reita, trata-se de um fator de risco. Se o losango
intervenção avaliada (Expt); no caso, o corticoi- tocar a linha vertical, isso significa que a meta-
de. A terceira coluna mostra a mortalidade nos nálise concluiu que o fator não interfere de forma
grupos-controle (Ctrl), ou seja, nos grupos que relevante no desfecho.
fizeram uso de placebo ou de nenhum tratamen- u A metanálise apresentada, portanto, concluiu
to. O gráfico acima representa o Hazard-ratio de que o corticoide reduz mortalidade no agravo
cada estudo (análise estatística utilizada), de- avaliado, devendo ser utilizado.
monstrando intervalos de confiança.
u A linha vertical traçada à direita representa o Ha- 4.3. INTERVALO DE CONFIANÇA
zard-ratio = 1. Lembra-se que, quando apresenta-
mos o risco relativo, falamos que um risco relativo
u Quando realizamos um estudo científico, chega-
= 1 significava não haver associação entre o fator
mos a uma determinada conclusão. É possível
e o desfecho? Pois bem, os pequenos quadrados
que essa conclusão represente o que acontece
que vemos são os resultados dos estudos indi-
no mundo real, mas é possível, também, que es-
vidualmente. Quando o quadrado está em cima
teja equivocada.
da linha vertical, isso quer dizer que não houve
associação entre o fator estudado e o desfecho u Quando jogamos uma moeda para cima apenas

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avaliado naquele estudo. 10 vezes, é possível que a discrepância entre cara
e coroa seja bastante grande. Se jogamos 1000
u A linha horizontal que passa pelo quadrado de
vezes, entretanto, começaremos a ver um equilí-
cada estudo é o intervalo de confiança. Para a
brio maior. Esse conceito de repetição da análise
gente considerar que um estudo realmente teve
se aplica aos estudos epidemiológicos. Quando
êxito em demonstrar uma associação estatisti-
fazemos um estudo epidemiológico apenas uma
camente relevante entre fator e desfecho, o in-
vez, ele nos dá um determinado resultado. Se re-
tervalo de confiança não pode conter o número
petirmos esse estudo 100 vezes, ele dará vários
1 nele, ou seja, a linha horizontal não pode cruzar
resultados distintos. A principal informação que
a linha vertical.
queremos ter é a seguinte: ao repetirmos o es-
u Resultados dessa análise: observe que nos es- tudo 100 vezes, continuamos tendo conclusões
tudos “Auckland 1972”, “Amsterdam 1980”, “Pa- semelhantes? Se em um momento observarmos
pageorgiou 1979” e “Doran 1980” o intervalo de que o fator aumenta o risco do desfecho em 5
confiança não cruza a linha vertical. Esses estu- vezes, e em outro momento vemos que aumen-
dos, portanto, demonstraram associação entre o ta apenas 3 vezes, ao menos percebemos que
uso do corticoide e a mortalidade. Como todos nas duas oportunidades o fator é considerado
eles contêm valores abaixo de 1, eles concluíram de risco. O grande problema está quando um
que o corticoide é fator protetor de mortalidade mesmo fator é considerado como risco em uma
na situação estudada. repetição, e como proteção em outra.

48
Medicina baseada em evidências e bioestatística Cap. 2

u O intervalo de confiança representa todos os re-


sultados do estudo após essa “repetição esta- 5. BIOESTATÍSICA
tística” ser efetuada, geralmente admitindo um
“erro” de até 5%.
5.1. MEDIDAS DE AÇÃO CENTRAL
u Um exemplo: estudamos 1000 pacientes fuman-
tes e 1000 pacientes não fumantes, avaliando o
u Média = média aritmética dos valores encontrados.
risco de desenvolverem câncer de pulmão após
20 anos. Concluímos que fumar aumenta o risco
de câncer em 20 vezes. Replicamos esse estudo DICA
 A média é muito afetada por valores extremos.
estatisticamente e chegamos à conclusão que,
em algumas dessas replicações, esse risco foi
u Mediana = medida que está no centro da amostra.
de apenas 8 vezes, enquanto em outras chegou
a 50 vezes. Segundo o intervalo de confiança,
portanto, fumar aumenta a chance de adquirir DICA
 A mediana não é afetada por valores extremos.
câncer de pulmão entre 8 e 50 vezes.
u Algumas observações sobre o intervalo de con- u Moda = valor que mais aparece na amostra.
fiança são importantes:
W O intervalo de confiança não pode passar DICA
 Pode haver mais do que uma moda. Se ne-
pelo número 1. 1 significa ausência de rela-
nhum valor se repetir, não há moda.
ção. Ou seja: os grupos avaliados tiveram os
mesmos desfechos. Dentro de um intervalo
de confiança, não posso ter replicações do
5.2. MEDIDAS DE DISPERSÃO
meu estudo dizendo, ao mesmo tempo, que
ele é fator de risco e fator de proteção, ou que

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é fator de proteção em alguns momentos e
u Variância = mostra o quão distante cada valor
em outros não exerce influência. Assim, um está do valor central.
intervalo de confiança só demonstra relevân- u Desvio-Padrão = raiz quadrada da variância.
cia estatística se ele for todo abaixo de 1 ou W Indica o quanto o conjunto é uniforme.
todo acima.
W Quanto mais estreito o intervalo de confian- DICA
 Um desvio-padrão baixo indica que os dados
ça, mais confiável é o estudo. Você confiaria são mais próximos da média.
mais em um estudo que conclui que o risco
de adquirir câncer de pulmão é entre 8-50 ve-
zes maior no fumante ou um que conclui que 5.3. DISTRIBUIÇÃO NORMAL
é 18-22 vezes maior?
u Por distribuição entendemos o espalhamento
DICA
 Sabemos que essa parte de metanálise,
das variáveis por um gráfico cartesiano (eixo ×
interpretação de gráfico e intervalo de confiança e eixo y).
é um pouco confusa. Não deixe de ver a aula. Fica u Para considerarmos que os valores em uma po-
muito mais fácil de entender depois da aula. pulação estudada representam uma distribuição
normal, alguns critérios devem ser preenchidos:
W a) A distribuição deve ser simétrica em torno
da média.

49
Medicina baseada em evidências e bioestatística Estatística

W b) Média = Mediana = Moda. 5.4. VARIÁVEIS QUANTITATIVAS


W c) σ = engloba 68% da amostra; 2σ = 95%; 3σ E QUALITATIVAS
= 99,7% (σ = um desvio-padrão).
5.4.1. Variáveis quantitativas
u A Curva de Gauss é a representação gráfica de
uma distribuição normal. Observe, na figura a u São quantidades. Simples assim. Números que
seguir (Figura 1), como os desvios-padrão repre- representam alguma quantidade.
sentam determinada porcentagem da amostra.
W Contínuas: Incluem valores fracionários.
Figura 1. Curva de Gauss.
V Ex.: peso, temperatura.
W Descontínuas (Discretas): Não incluem valo-
res fracionários.
V Ex.: frequência cardíaca.

5.4.2. Variáveis qualitativas

u Não são quantidades. São características.


W Ordinais: Há ordem entre as categorias.
V Ex.: escolaridade.
W Nominais: Não há ordem entre as categorias.
V Ex.: sexo.
Fonte: UFSC.3

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u Qual a aplicação da curva de Gauss e da distribui- REFERÊNCIAS
ção normal? Há um teorema, o teorema do limite
central, que afirma que quando o tamanho de uma
amostra aumenta a sua distribuição amostral se 1. Oxford Centre for Evidence-based Medicine – Levels of
Evidence disponível em http://www.cebm.net/oxford-cen-
aproxima cada vez mais de uma distribuição nor-
tre-evidence-basedmedicine-levels-evidence-march-2009
mal. Assim, temos como saber se a amostra que
2. Castro AA. Revisão Sistemática com ou sem metaná-
estamos avaliando é representativa o suficiente
lise. Curso online. [Internet]. [acesso em 13 abr. 2021].
da população geral. Disponível em: https://aprender.ead.unb.br/pluginfile.
php/116366/mod_resource/content/5/Destaques_Apos-
tila_Revisao_Sistematica.pdf.
3. UFSC. Distribuição Normal (Gaussiana). [S.d.]. [acesso
em: 13 abr. 2021]. Disponível em: https://www.inf.ufsc.
br/~andre.zibetti/probabilidade/normal.html.
4. Bedaque HP, Bezerra ELM. Descomplicando MBE: uma
abordagem prática da medicina Baseada em evidências.
Natal: Editora Caule de Papiro; 2018.
5. Patino CM, Ferreira JC. Internal and external validity: can
you apply research study results to your patients? J bras
pneumol. 2018; 44(3): 183.
6. Guia Prático de Medicina Baseada em Evidências [recurso
eletrônico]/ organização Regina El Dib. – 1. ed. – São Paulo:
Cultura Acadêmica, 2014. recurso digital: il.

50
Medicina baseada em evidências e bioestatística Cap. 2

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 ( ) Tem um eixo de simetria.

(CENTRO OFTALMOLÓGICO DE CÁCERES – 2018) O valor de X ( ) A média aritmética, a mediana e a moda coin-
no conjunto de valores 1; 4; X; 7; 5; 3, que determi- cidem no mesmo valor pelo qual passa o eixo
na para o conjunto uma mediana equivalente a 4 é: de simetria.
( ) A distância entre o eixo de simetria e os pontos
4. de inflexão da curva equivalem ao desvio-padrão.
1. ( ) É assintótica ao eixo “x” (abscissas), isto é, seus
3. extremos se aproximam cada vez mais do eixo
0. horizontal, sem nunca tocá-lo.
5. A ordem correta de preenchimento dos parênteses,
de cima para baixo, é:
Questão 2 F – F – F – F.

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(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – 2018) Considere V – F – V – V.
as quatro afirmações abaixo: V – V – F – V.
I. A média aritmética é muito afetada por valores F – V – V – F.
extremos. V – V – V – V.
II. A mediana é pouco afetada por valores extremos.
III. Pode haver nenhuma, uma ou mais que uma
Questão 4
moda.
IV. O desvio-padrão é a raiz quadrada da variância. (PROVA UNIFICADA DE SANTA CATARINA – 2012) Assinale a
alternativa correta sobre o significado de “Medicina
Pode-se dizer que: Baseada em Evidências”, segundo Sankt (Evidence
apenas três são corretas. Based Medicine: What it is and what it isn’t.):

apenas duas são corretas. Técnica para realizar estudos multicêntricos e


apenas uma é correta. controlados para determinar o melhor tratamen-
as quatro são corretas. to para uma patologia específica.
Estabelecer evidências científicas, através de
estudos duplo-cegos, que auxiliem a controlar
Questão 3
o aumento crescente dos gastos públicos em
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – 2018) Analise saúde.
as seguintes assertivas em relação à distribuição Uso consciente, explícito e criterioso da melhor
normal e seus elementos característicos e assinale evidência científica disponível na tomada de deci-
V, se verdadeiras, ou F, se falsas. sões sobre o cuidado de um paciente. Integração

51
Medicina baseada em evidências e bioestatística Estatística

das melhores evidências de pesquisa com a variável contínua, variável discreta e variável
habilidade clínica e a preferência do paciente. discreta.
Determinar quais testes estatísticos são neces- variável contínua, variável contínua e variável
sários em determinada pesquisa científica para contínua.
considerá-la válida. O NNT (número necessário variável discreta, variável contínua e variável
para o tratamento) é quase que obrigatório em discreta.
todos os estudos que serão considerados válidos variável discreta, variável contínua e variável
e, portanto, como fonte de evidência científica. contínua.
Técnica para realizar estudos com regressão variável discreta, variável discreta e variável con-
logística e metanálise para determinar o grau tínua.
de evidência científica de determinada conduta
médica.
Questão 7

Questão 5 (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – 2020) Uma pa-


ciente foi à consulta, com o médico de família, para
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – 2021) Para verifi- seguimento da hipertensão, que está descontrolada.
car se o fato de mulheres adultas terem sido ama- Relatou que não faz o uso da medicação por causa
mentadas pelas mães está associado ao câncer dos efeitos colaterais e questionou se haveria algu-
de mama, foi realizado um estudo do tipo coorte ma alternativa para o tratamento. O médico informou
retrospectiva. Ao final do estudo observou-se que o que outra medicação teve resultados parecidos nos
risco relativo (RR) de desenvolver câncer de mama estudos clínicos, mas que ela não está na lista do
entre mulheres amamentadas pela mãe com referên- Rename por ter um custo um pouco mais alto. Eficá-
cia às não amamentadas foi de 0,69 (IC 95%: 0,53; cia, efetividade e eficiência são termos que podem

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0,90). Com esse resultado, ao nível de significância passar por sinônimos para o público leigo, mas pos-
de 5%, pode-se concluir que: suem significados diferentes para especialistas em
pesquisas clínicas. Com base nesse caso hipotético,
houve associação significativa entre ter sido assinale a alternativa que apresenta os conceitos na
amamentada e câncer de mama, sendo que ter ordem em que aparecem no texto.
sido amamentada pela mãe diminuiu o risco de
câncer de mama em 69%. eficiência, eficácia e efetividade
não houve associação significativa entre ter sido efetividade, eficácia e eficiência
amamentada e câncer de mama, pois RR=0,69 eficácia, efetividade e eficiência
é menor que o valor limite 1,0. efetividade, eficiência e eficácia
não houve associação significativa entre ter sido eficiência, efetividade e eficácia
amamentada e câncer de mama, pois o valor
RR=1,0 não está contido no IC95%.
Questão 8
houve associação significativa entre ter sido
amamentada e câncer de mama, sendo que ter (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – 2021) Que teste
sido amamentada pela mãe diminuiu o risco de estatístico poderia ser utilizado em um estudo que
câncer de mama em 31%. objetivasse verificar a associação entre faixa etária
e óbito (sim ou não) pela covid-19?

Questão 6 Teste t de student para amostras independentes.


Qui-quadrado de Pearson.
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ES-
TADUAL – SP – 2021) O número de filhos, o peso e a idade Teste t de student pareado.
de um indivíduo são, respectivamente, exemplos de Correlação de Pearson.

52
Medicina baseada em evidências e bioestatística Cap. 2

Questão 9

(SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA DO CEARÁ manejo clínico destes. Considerando os princípios
– 2021) Uma médica iniciou, em fevereiro de 2020, da Medicina Baseada em Evidências (MBE) e os
sua atuação como plantonista de um hospital que dados de um estudo transversal apresentados na
era referência para o tratamento de pacientes com tabela, qual a interpretação mais adequada para
covid-19. Após atender os primeiros pacientes, re- este artigo?
solveu ler um artigo para ter mais segurança no

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A não realização de tomografia foi mais asso- Pacientes do sexo masculino morreram mais
ciada à evolução para óbito e a associação apre- que do sexo feminino e esse achado teve signi-
sentou significância estatística. ficância estatística.
Ter idade menor que 60 anos foi associado a O uso de azitromicina foi mais prevalente entre os
maior chance de evoluir para o óbito por covid-19, pacientes que evoluíram para óbito e um estudo
mas não teve significância estatística. transversal é o mais adequado para respaldar a
tomada de decisão para uma conduta clínica.

Questão 10

(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2021) Um estudo de coorte sintomática, laboratorialmente confirmado e variá-
foi realizado no Brasil com o objetivo de investigar veis selecionadas, risco relativo (RR) e seu inter-
fatores de risco associados à incidência de dengue valo de 95% de confiança (IC95%), Estado de São
sintomática confirmada laboratorialmente. Foi in- Paulo, 2014 –2018 Assinale a alternativa correta
cluída uma amostra de crianças e adolescentes de quanto aos fatores significativamente associados
2 a 16 anos de idade. Alguns resultados são apre- à incidência de dengue sintomática confirmada
sentados na tabela abaixo: Tabela X –Distribuição laboratorialmente:
dos participantes segundo diagnóstico de dengue

53
Medicina baseada em evidências e bioestatística Estatística

Morar em apartamento foi um fator de proteção.


Sexo feminino foi um fator de risco
Ter sorologia prévia reagente foi um fator de
proteção.
Frequentar escola foi um fator de risco.

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54
Medicina baseada em evidências e bioestatística Cap. 2

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: em forma de sino, que pode ser definida por apenas
duas medidas, a Média e o Desvio-Padrão (DP), de
Comentário: Temos um grupo de valores que, organi-
forma que a Média dita o centro da curva, e o Des-
zados em ordem, fica: 1 – 3 – 4 – X – 5 – 7. Quando
vio-Padrão, o quão concentrada ou dispersa ela é.
o grupo tem um número ímpar de valores, a Media-
na é calculada pela média entre os dois valores do Assertiva I: VERDADEIRA. A Distribuição Normal é por
meio. Como temos um grupo com 6 valores, iremos definição simétrica.
calcular a Mediana da seguinte forma: Assertiva II: VERDADEIRA. Em qualquer distribuição
Mediana = (4 + X) / 2. simétrica, a Moda, a Mediana e a Média vão coin-
cidir, pois os valores extremos de cada lado estão
Se: Mediana = 4. em simetria, não causando desvios.
Então: 4 = (4 + X) / 2. Assertiva III: VERDADEIRA. A Média e o desvio-padrão
X = 4. definem o traçado da Distribuição Normal, de for-
✔ RESPOSTA:  ma que os pontos a 01 desvio-padrão de distância

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da média são onde a curva deixa de ser côncava e
se torna convexa.
Questão 2 DIFICULDADE:
Assertiva IV: VERDADEIRA. Quando você observa as
Comentário: A média aritmética é muito afetada por caudas (os extremos) de uma curva Normal, perce-
valores extremos, por ser a soma do maior valor com ba que elas vão se aproximando cada vez menos
o menor valor dividido por dois. A mediana é o valor do eixo x, chegando bem perto, mas sem tocá-lo.
que está entre os 50% maiores e os 50% menores. ✔ RESPOSTA: 
Portanto, a mediana não é afetada por valores ex-
tremos. Logo, a afirmação que é pouco afetada está
Questão 4 DIFICULDADE:
incorreta, pois ela não é nada afetada. A moda é o
número que mais se repete num grupo de números, Comentário: Todas as alternativas apresentam con-
podendo haver mais do que uma moda ou nenhuma, ceitos muito específicos e restritos, mas a Medicina
caso nenhum número se repita. O desvio-padrão é, Baseada em Evidência (MBE) é um modo de atuar,
de fato, a raiz quadrada da variância. Dessa forma, agir e pensar profissionalmente, como colocado
a primeira, terceira e quarta afirmativas estão cor- na alternativa C. As metodologias e técnicas co-
retas, mas a segunda está errada. Existem, então, locadas nas demais alternativas poderiam até ser
três afirmativas corretas. empregadas na prática da MBE, mas elas seriam
✔ RESPOSTA:  ferramentas da MBE, não a própria MBE.
Alternativa A: INCORRETA. Trata-se de uma estraté-
gia que pode ser utilizada, mas essa alternativa não
Questão 3 DIFICULDADE:
define a BEM de forma abrangente.
Comentário: A Distribuição Normal (Paramétrica/ Alternativa B: INCORRETA. MBE é o uso das melhores
Gaussiana) é caracterizada por uma curva simétrica evidências disponíveis, sendo importante lembrar

55
Medicina baseada em evidências e bioestatística Estatística

que nem sempre é possível realizar estudos du- Questão 7 DIFICULDADE:


plo-cegos.
Comentário: Primeiro, vamos definir cada um desse
Alternativa C: CORRETA.
conceitos.
Alternativa D: INCORRETA. O NNT é importante para
ensaios clínicos, mas não é medida obrigatória Eficácia = Resultados demonstrados dentro de
condições ideais, como ensaios clínicos.
Alternativa E: INCORRETA.
Efetividade = Resultados obtidos no mundo real,
✔ RESPOSTA:  fora dos “muros” de um ensaio clínico.
Eficiência = Avaliação sobre o custo-benefício.
Questão 5 DIFICULDADE: No texto, vemos os efeitos colaterais atrapalhando
o uso de uma medicação. Portanto, observamos
Comentário: O estudo em questão concluiu que o
sua atuação no mundo real (efetividade). Depois,
Risco Relativo de desenvolver câncer de mama
o médico fala dos resultados de outra medicação
entre mulheres que foram amamentadas pela mãe,
em ensaio clínicos (eficácia), mas aponta para o
com relação às não amamentadas, foi de 0,69. Ou
custo alto do medicamento (eficiência). Portanto,
seja, o risco de desenvolver câncer, se a mulher foi
a ordem correta é efetividade, eficácia e eficiência.
amamentada, é igual a 69% do risco de desenvolver
câncer de mama de uma mulher não amamentada. ✔ RESPOSTA: 
O intervalo de confiança foi de 0,53 – 0,90. Nesse
caso, o intervalo de confiança confirmou que a
Questão 8 DIFICULDADE:
amamentação é um fator de proteção.
Alternativa A: INCORRETA. A redução foi de 31%, to- Comentário: Essa questão pode pegar algumas
talizando 69%. Não foi uma redução de 69% (que pessoas de surpresa. Geralmente as provas co-
indicaria um RR de 0,31). bram noções muito mais básicas de Bioestatística.

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Alternativa B: INCORRETA. Houve associação signi- Acontece que o conhecimento sobre variáveis é
ficativa, sim. O intervalo de confiança mostrou ser fundamental para responder essa questão. Ida-
fator de proteção e o enunciado disse que havia de é uma variável quantitativa, mas faixa etária
nível de significância. é uma variável categórica, ou qualitativa, do tipo
ordinal, visto que é dividida em extratos (20-30,
Alternativa C: INCORRETA. Ver alternativa B.
31-40, 41-50, por exemplo). Óbito também é uma
Alternativa D: CORRETA. Ver alternativa A. variável categórica. Além disso, ambas são variá-
✔ RESPOSTA:  veis independentes.
Alternativa A: INCORRETA. Para ser teste T de student
para amostras independentes, teríamos que consi-
Questão 6 DIFICULDADE:
derar idade como uma variável contínua. Quando a
Comentário: Questão sobre bioestatística básica, questão fala em “faixa etária” devemos considerar
envolvendo os diferentes tipos de variáveis. Temos como extratos, e não como idades contínuas, o que
variáveis quantitativas, que descrevem quantida- invalida essa alternativa
des, ou seja, números. Essas podem ser discretas Alternativa B: CORRETA.
(apenas números inteiros) ou contínuas (incluem Alternativa C: INCORRETA. Teste t pareado seria utili-
valores fracionários). O número de filhos é uma zado para amostras relacionadas, e não para amos-
variável discreta, ou descontínua, enquanto peso e tras independentes. Nesse caso, como estamos
idade podem ser descritos em frações, sendo con- avaliando grupos distintos (diferentes faixas etá-
siderados variáveis contínuas. rias e diferentes desfechos), não utilizamos esse
✔ RESPOSTA:  teste estatístico.

56
Medicina baseada em evidências e bioestatística Cap. 2

Alternativa D: INCORRETA. Correlação de Pearson Alternativa B: INCORRETA. Sexo feminino teve um IC


compara duas variáveis contínuas, mas a questão de 0,59-0,90, demonstrando também ser um fator
está pedindo um teste que pode ser aplicado a duas protetor, não de risco.
variáveis categóricas Alternativa C: INCORRETA. Sorologia prévia para den-
✔ RESPOSTA:  gue apresentou um IC de 0,48-1,02, perdendo então
a confiabilidade a respeito de ser ou não fator de
risco ou proteção.
Questão 9 DIFICULDADE:
Alternativa D: INCORRETA. O mesmo problema da al-
Comentário: Questão sobre análise de resultados de ternativa superior ocorreu com frequentar escola.
estudos científicos. Vamos as alternativas. ✔ RESPOSTA: 
Alternativa A: INCORRETA. O intervalo de confiança
demonstra que não há associação identificada en-
tre a não realização da TC e a evolução para óbito.
Alternativa B: INCORRETA. Pelo contrário, temos maior
mortalidade nos pacientes acima de 60 anos.
Alternativa C: CORRETA. Sim, temos maior número
de óbitos no grupo masculino. O intervalo de con-
fiança está todo acima do número 1 e o valor de p
está descrito como sendo 0,000.
Alternativa D: INCORRETA. Observe como temos um
intervalo de confiança amplo, o que provavelmente
se dá pelo valor baixo de pessoas avaliadas que não
fizeram uso do medicamento. De qualquer forma,

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o intervalo de confiança está todo acima do núme-
ro 1 e o valor de p = 0,000. Acontece que estudos
transversais não determinam causalidade, sendo
inadequados para respaldar a tomada de decisão.
✔ RESPOSTA: 

Questão 10 DIFICULDADE:

Comentário: Questão sobre análise de risco relativo


e intervalo de confiança em um estudo de coorte.
Lembrando que estudos de coorte são estudos
analíticos, individuados, longitudinais e prospec-
tivos (partem do fator de risco para o desfecho).
O intervalo de confiança demonstra o quanto po-
demos confiar em determinada estatística. Se o
intervalo estiver todo acima de um, aquele fator é
considerado de risco. Se estiver todo abaixo de 1,
o fator é considerado de proteção. Se passar pelo
número 1, não há associação confirmada. Vamos
às alternativas:
Alternativa A: CORRETA. Morar em apartamento teve
um IC de 0,10-0,93 demonstrando ser fator protetor.

57
Fixe seus conhecimentos!

FIXE SEU CONHECIMENTO COM FLUXOGRAMAS

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58
Capítulo
TESTES DIAGNÓSTICOS
3

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Sensibilidade é a capacidade de detectar os verdadeiro-positivos.


u Especificidade é a capacidade de detectar os verdadeiro-negativos.
u Sensibilidade e especificidade são características inerentes aos testes, não variando conforme a preva-
lência da doença.
u Os valores preditivos variam conforme a prevalência da doença.
u Em uma curva ROC, a área abaixo da curva corresponde à acurácia do teste diagnóstico.

1. INTRODUÇÃO u Todo paciente pode se encaixar em 2 situações:


doente ou não doente.
u Assim, um paciente doente pode ter o teste po-
O conceito de Testes Diagnósticos não se limita

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u
sitivo (verdadeiro-positivo) ou negativo (falso-
a exames complementares. Achados no exame
-negativo). Um paciente não doente pode ter o
físico e sintomas descritos na anamnese, por
teste positivo (falso-positivo) ou negativo (ver-
exemplo, também são testes diagnósticos.
dadeiro-negativo).
u Todo teste diagnóstico pode ter 2 resultados:
positivo e negativo.

Tabela 1. Interpretações possíveis para o resultado de um teste diagnóstico.

Doença
Teste Total
Presente Ausente

Positivo Verdadeiro-Positivo (a) Falso-Positivo (b) Total de positivos

Negativo Falso-Negativo (c) Verdadeiro-Negativo (d) Total de negativos

Total Total de Doentes Total de Não Doentes Total de Pacientes


Fonte: O autor.

u Você precisa entender que, na vida real, não sa- pacientes, 40 serão doentes. É importante que
bemos quem é doente e quem não é. Na prova, você adquira a capacidade de entender, a partir
esses valores terão que ser “pescados” do enun- do enunciado, quantos pacientes são verdadeiro-
ciado. Por vezes, a questão só diz que a preva- -positivos, verdadeiro-negativos, falso-positivos
lência da doença na população é de 40%. Com e falso-negativos. Esses valores raramente serão
isso, você já é capaz de concluir que a cada 100 todos entregues pela questão. Será preciso ir

59
Testes diagnósticos Estatística

preenchendo as lacunas a partir do conhecimento nenhum doente, a sensibilidade continuará sen-


sobre conceitos de sensibilidade, especificidade do de 80%. Ou seja, a variação na prevalência da
e valores preditivos. doença não afeta os valores de sensibilidade e
especificidade, visto que esses são inerentes ao
teste diagnóstico.
2. SENSIBILIDADE E
ESPECIFICIDADE 2.1. SENSIBILIDADE

u Sensibilidade e especificidade são característi-


u Definição: capacidade de detectar os verdadei-
cas do teste. Se aplicarmos um teste com 80% ro-positivos entre os doentes.
de sensibilidade a uma população em que to- u Em outras palavras, sensibilidade é a proporção
dos são doentes, a sensibilidade será de 80%. de acertos entre os doentes. Ou seja, sensibili-
Se aplicarmos a uma população em que não há dade significa a probabilidade de um indivíduo
doente ter o teste positivo. Vamos olhar a tabela?

Tabela 2. Sensibilidade.

Interpretações possíveis para o resultado de um teste diagnóstico

Doença
Teste Total
Presente Ausente

Positivo Verdadeiro-Positivo (a) Falso-Positivo (b) Total de positivos

Negativo Falso-Negativo (c) Verdadeiro-Negativo (d) Total de negativos

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Total Total de Doentes Total de Não Doentes Total de Pacientes

Fonte: O autor.

DICA
u Quando falamos em sensibilidade, olhamos ape-  Sempre que falamos de sensibilidade, esta-
nas para os pacientes doentes. Quando o teste mos avaliando apenas a população doente.
acerta nesse grupo, temos os verdadeiro-positivos.
Quando o teste erra, temos os falso-negativos.
2.2. ESPECIFICIDADE
u Um teste muito sensível vai ter uma proporção
alta de verdadeiro-positivos e baixa de falso-ne-
gativos. Só isso. Os outros valores (falso-posi- u Definição: capacidade de detectar os verdadei-
tivo e verdadeiro-negativo) não fazem parte da ro-negativos entre os não doentes.
análise dos doentes. W Em outras palavras, especificidade é a propor-
u Exemplo: Um teste com 90% de sensibilidade ção de acertos entre os não doentes. Ou seja,
aplicado em 100 pacientes doentes vai resultar especificidade significa a probabilidade de um
em 90 verdadeiro-positivos e 10 falso-negativos. indivíduo não doente ter o teste negativo. Va-
mos olhar a tabela?

60
Testes diagnósticos Cap. 3

Tabela 3. Especificidade.

Interpretações possíveis para o resultado de um teste diagnóstico

Doença
Teste Total
Presente Ausente

Positivo Verdadeiro-Positivo (a) Falso-Positivo (b) Total de positivos

Negativo Falso-Negativo (c) Verdadeiro-Negativo (d) Total de negativos

Total Total de Doentes Total de Não Doentes Total de Pacientes

Fonte: O autor.

u Quando falamos em especificidade, olhamos vos, já que indiretamente conclui-se que o teste
apenas para os pacientes não doentes. Quan- é pouco específico.
do o teste acerta nesse grupo, temos os verda- u Essa noção não está completamente correta.
deiro-negativos. Quando o teste erra, temos os O doppler, por exemplo, tem sensibilidade de vir-
falso-positivos. tualmente 100% e especificidade de 98% para o
u Um teste muito específico vai ter uma proporção diagnóstico de TVP proximal. Essa alta sensibi-
alta de verdadeiro-negativos e baixa de falso-po- lidade resultará em muitos falso-positivos? Não.
sitivos. Só isso. Os outros valores (verdadeiro- A especificidade de 98% garante que apenas 2%
-positivo e falso-negativo) não fazem parte da dos pacientes não doentes tenham resultados
análise dos não doentes. falso-positivos. Como visto nas tabelas acima,
u Exemplo: Um teste com 90% de especificidade a sensibilidade só interfere nas proporções de
aplicado em 100 pacientes não doentes vai resultar verdadeiro-positivos e falso-negativos, enquan-

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em 90 verdadeiro-negativos e 10 falso-positivos. to a especificidade só interfere nas proporções
de verdadeiro-negativos e falso-positivos. Tes-
tes diagnósticos podem ser ruins, com valores
DICA
 Sempre que falamos de especificidade, es- baixos tanto de sensibilidade quanto de espe-
tamos avaliando apenas a população não doente. cificidade, ou muito bons, com sensibilidade e
especificidade elevadas.

2.3. SENSIBILIDADE X ESPECIFICIDADE


DICA
 Como nos livramos dessa armadilha? Se
u Para a prova, é muito comum pensarmos que a questão está lhe perguntando o que acontece
a partir de um teste com alta sensibilidade, por
quando elevamos a sensibilidade de um teste
exemplo, primeiro avalie as alternativas que falam
diagnóstico, reduzimos sua especificidade, e vi-
sobre verdadeiro-positivos e falso-negativos, que
ce-versa. Como falamos, um teste muito sensível
são valores diretamente influenciados pela sensibi-
vai ter uma proporção alta de verdadeiro-positi-
lidade. Se nenhuma alternativa correta sobre essas
vos e baixa de falso-negativos. Nada além disso.
características estiver presente, é possível que a
Acontece que, como a elevação da sensibilidade questão esteja considerando que um teste muito
leva a uma redução da especificidade, muitas sensível é, automaticamente, pouco específico, e
questões consideram que um teste muito sen- a resposta será alguma característica de um teste
sível é, automaticamente, pouco específico. Um pouco específico. Quando falamos que um teste
teste pouco específico tem uma proporção baixa muito sensível apresenta muitos falso-positivos,
de verdadeiro-negativos e alta de falso-positivos. tem prova que considera essa afirmação falsa, e
Por isso há questões que consideram que um prova que considera verdadeira. Tudo depende da
teste muito sensível gera muitos falso-positi- presença, ou não, de uma alternativa mais correta.

61
Testes diagnósticos Estatística

u Vamos apresentar algumas afirmações sobre W B+D = Não Doentes


testes sensíveis e específicos. W A+B = Positivos
u Sobre testes com alta sensibilidade W C+D = Negativos
W Apresentam alta proporção de verdadeiro- u A partir dessa tabela, podemos calcular os valo-
-positivos. res de sensibilidade e especificidade.
W Apresentam baixa proporção de falso-negativos. W Sensibilidade = A / A+C
W Geralmente são indicados para triagem/ras- W Especificidade = D / B+D
treamento de doenças. u Além disso, há outros valores que podemos
W Podem apresentar alta proporção de falso-po- avaliar, como os valores preditivos e a acurácia.
sitivos (caso haja baixa especificidade). W Valor preditivo positivo (VPP) = A / A+B
u Sobre testes com alta especificidade: W Valor preditivo negativo (VPN) = D / C+D
W Apresentam alta proporção de verdadeiro- W Acurácia = A+D / A+B+C+D
-negativos.
u Observações importantes:
W Apresentam baixa proporção de falso-positivos.
W Para calcular sensibilidade Proporção de
W Geralmente são indicados para confirmação
acertos entre os doentes.
diagnóstica.
W Para calcular especificidade Proporção de
W Podem apresentar alta proporção de falso-ne-
acertos entre os não doentes.
gativos (caso haja baixa sensibilidade).
W Para calcular VPP Proporção de acertos en-
tre os positivos.
3. TABELA DE CONTINGÊNCIA 2X2 W Para calcular VPN Proporção de acertos en-
tre os negativos.

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W Para calcular Acurácia Acerto geral do teste.
u Para praticamente toda questão sobre testes
diagnósticos será necessário montar a tabela
DICA
de contingência 2x2. Veja a Tabela 4.  Não adianta só saber montar a tabela de
contingência 2x2 sem conhecer os conceitos apre-
Tabela 4. Tabela de Contingência 2x2. sentados até o momento. Mesmo assim, sugerimos
que você tente montar uma tabela sempre que se de-
Teste parar com uma questão sobre testes diagnósticos.
Doente Não Doente Total
Diagnóstico

Positivo A B A+B

Negativo C D C+D
4. VALORES PREDITIVOS
Total A+C B+D A+B+C+D
Fonte: O autor.
4.1. VALOR PREDITIVO POSITIVO (VPP)
u Relembrando:
W A = Verdadeiro-positivo u Definição: Proporção de verdadeiro-positivos
entre os positivos.
W B = Falso-positivo
W Em outras palavras, Valor Preditivo Positivo é a
W C = Falso-negativo
proporção de acertos entre todos os resultados
W D = Verdadeiro-negativo
positivos. Ou seja, VPP significa a probabilida-
W A+C = Doentes de de um teste positivo realmente pertencer
a um indivíduo doente. Vamos olhar a tabela?

62
Testes diagnósticos Cap. 3

Tabela 5. Valor preditivo positivo.

Interpretações possíveis para o resultado de um teste diagnóstico

Doença
Teste Total
Presente Ausente

Positivo Verdadeiro-Positivo (a) Falso-Positivo (b) Total de positivos

Negativo Falso-Negativo (c) Verdadeiro-Negativo (d) Total de negativos

Total Total de Doentes Total de Não Doentes Total de Pacientes


Fonte: O autor.

u Quando falamos em valor preditivo positivo, olha- 4.2. VALOR PREDITIVO NEGATIVO (VPN)
mos apenas para os nossos resultados positivos.
Quando o teste acerta nesse grupo, temos os u Definição: Proporção de verdadeiro-negativos
verdadeiro-positivos. Quando o teste erra, temos entre os negativos.
os falso-positivos. W Em outras palavras, Valor Preditivo Negativo
u Um teste com alto VPP vai ter uma proporção alta é a proporção de acertos entre todos os re-
de verdadeiro-positivos e baixa de falso-positivos. sultados negativos. Ou seja, VPN significa a
probabilidade de um teste negativo realmente
DICA pertencer a um indivíduo não doente. Vamos
 Sempre que falamos de valor preditivo po-
olhar a tabela?
sitivo, estamos avaliando apenas os resultados
positivos.

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u VPP = A / A+B

Tabela 6. Valor preditivo negativo.

Interpretações possíveis para o resultado de um teste diagnóstico

Doença
Teste Total
Presente Ausente

Positivo Verdadeiro-Positivo (a) Falso-Positivo (b) Total de positivos

Negativo Falso-Negativo (c) Verdadeiro-Negativo (d) Total de negativos

Total Total de Doentes Total de Não Doentes Total de Pacientes


Fonte: O autor.

DICA
u Quando falamos em valor preditivo negativo,  Sempre que falamos de valor preditivo ne-
olhamos apenas para os nossos resultados gativo, estamos avaliando apenas os resultados
negativos. Quando o teste acerta nesse grupo, negativos.
temos os verdadeiro-negativos. Quando o teste
erra, temos os falso-negativos. u VPN = D / C+D
u Um teste com alto VPN vai ter uma proporção
alta de verdadeiro-negativos e baixa de falso-
-negativos.

63
Testes diagnósticos Estatística

4.3. SOBRE OS VALORES PREDITIVOS u Sensibilidade: eixo vertical.


u Especificidade: eixo horizontal.
u Os valores preditivos variam conforme a pre- u Acurácia: área sob a curva.
valência.
u Quanto maior a prevalência da doença, maior seu DICA
 Na curva ROC, fica evidente que o aumento da
VPP e menor seu VPN.
sensibilidade vem com redução da especificidade,
u Quanto menor a prevalência da doença, maior e vice-versa. A melhor relação entre essas duas
seu VPN e menor seu VPP. características se encontra no ponto mais próximo
u O aumento da especificidade geralmente leva a ao canto superior esquerdo do gráfico.
um acréscimo mais acentuado do VPP.
u O aumento da sensibilidade geralmente leva a Gráfico 1. Curva ROC.
um acréscimo mais acentuado do VPN.

DICA
 Monte uma tabela 2x2 em um papel ofício e
invente os valores de Sensibilidade, Especificida-
de e Prevalência com que vai preencher a tabela.
Depois da tabela preenchida, altere a sensibilidade
e veja o que acontece com os valores preditivos.
Faça o mesmo com a especificidade. Por fim, au-
mente e reduza a prevalência. Esse exercício é
importante para que você visualize os conceitos
que apresentamos.

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5. ACURÁCIA E CURVA ROC
Fonte: Moraes.1

5.1. ACURÁCIA u Sobre a Curva ROC:


u No eixo vertical, quanto mais alto, maior a sen-
u Definição: Proporção de acertos do teste diag-
sibilidade.
nóstico.
u No eixo horizontal, quanto mais à esquerda, maior
u Acurácia = A+D / A+B+C+D.
a especificidade.
u Melhor relação entre Sensibilidade e Especifici-
u Com a Curva ROC estabelecemos o ponto que
dade Maior acurácia.
nos trará melhor relação sensibilidade × especi-
u Maior VPP Maior acurácia. ficidade do teste e, consequentemente, melhor
u Maior VPN Maior acurácia. acurácia.
u Esse ponto deverá ser o ponto de corte do teste
5.2. CURVA ROC diagnóstico (Glicemia de 126, por exemplo).

u Definição: Representação gráfica da sensibi- DICA


 Quando aumentamos o ponto de corte, per-
lidade, especificidade e acurácia de um teste demos sensibilidade. Quando reduzimos, perde-
diagnóstico. mos especificidade. A Curva ROC demonstra isso
graficamente.

64
Testes diagnósticos Cap. 3

REFERÊNCIAS

1. Moraes SL. Instituto de Medicina Tropical, Universidade


de São Paulo; 2012.
2. Manrahan EJ, Madupu G. Appleton & Lange’s review
of epidemiology and biostatistics for the USMLE. East
Norwalk: Appleton & Lange; 1994.
3. Benseñor IM, Atta JÁ, Martins MA. Semiologia clínica.
São Paulo: Sarvier; 2002.
4. Guyatt GH, Oxman AD, Ali M, Willan A, Mcllroy W, Patterson
C. Laboratory diagnosis of iron-deficiency anemia: an
overview. J Gen Intern Med. 1992; 7(2):145-53.
5. Gusso G, Lopes JMC. Tratado de medicina de família e
comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre:
Artmed; 2012.
6. Ferreira JC, Patino CM. Entendendo os testes diagnós-
ticos. Parte 3. J. bras. pneumol. [Internet]. 2018 [Acesso
em 1 nov. 2020]; 44(1): 4-4. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132
018000100004&lng=en. https://doi.org/10.1590/s1806-
7562018000000017.

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65
Testes diagnósticos Estatística

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 (d) sobre o número total de indivíduos sem a


doença (b + d): sensibilidade = d/b+d ou = ver-
(CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIRG – 2018) Em uma determina-
dadeiro-negativos/verdadeiro-negativos + fal-
da região, aumentou o número de casos neonatais
so-positivos.
de uma doença sexualmente transmissível. Essa
doença pode ter um diagnóstico precoce quando A especificidade é caracterizada pela proporção
o pré-natal é feito adequadamente e evitar a trans- de indivíduos sem a doença que apresentam um
missão para o feto. Dessa forma, o teste do pré- teste negativo (verdadeiro-positivos). Testes com
-natal que funciona como rastreio deve ter como especificidade alta são indicados para confirmar
principal característica: um diagnóstico sugerido por outros testes, já que
raramente são positivos na ausência da doença
Alta especificidade. (falso-positivos). Com isso, um teste específico
Alta sensibilidade. é mais útil clinicamente quando resulta positivo.
Alto valor preditivo negativo. A especificidade de um teste é calculada pelo

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número de indivíduos com teste positivo que real-
Baixo valor preditivo positivo.
mente apresentam a doença(a) sobre o número
total de indivíduos doentes (a+c): especificidade=
Questão 2 a/a+c ou = verdadeiro-positivos/verdadeiro-po-
sitivos + falso-negativos.
(SISTEMA INTEGRADO SAÚDE – ESCOLA DO SUS – 2018) Os
conceitos de epidemiologia clínica são extrema-
mente importantes para a compreensão de grande Questão 3
parte dos problemas de saúde e devem fazer parte
(SECRETARIA DE SAÚDE DE GOIÁS – 2018) A curva ROC (Re-
da formação do médico em geral e do generalista
ceiver Operating Characteristic) é utilizada, na ava-
(médico de família e comunidade) em particular.
liação de um teste diagnóstico, para decidir:
Marque a alternativa correta.
sua reprodutibilidade.
A sensibilidade caracteriza-se pela proporção de
indivíduos com a doença que têm um teste posi- seu ponto de corte.
tivo para a doença (verdadeiro-positivos). Testes seu indicador de KAPPA.
altamente sensíveis são utilizados em situações sua probabilidade pré-teste.
nas quais se quer detectar todos os indivíduos
com uma determinada condição na população.
Assim, em geral, testes muito sensíveis apresen- Questão 4
tam-se mais úteis quando resultam negativos, já
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – 2018) O
que a possibilidade de um falso-negativo é menor.
USPSTF (US Preventive Service Task Force) pre-
A sensibilidade de um teste é calculada pelo nú- coniza o rastreio do câncer de pulmão para toda
mero de indivíduos saudáveis com teste negativo a população assintomática entre 55 e 80 anos de

66
Testes diagnósticos Cap. 3

idade com carga tabágica de trinta anos/maço ou A prevalência da doença no grupo e a especifi-
maior com tomografia computadorizada de baixas cidade do exame clínico são, respectivamente,
doses (TCBD). Segundo o estudo que embasa a re- 33% e 44%.
comendação, a TCBD tem uma alta sensibilidade Ao afastar a doença entre os examinados, os
para a detecção do câncer de pulmão e uma espe- médicos acertaram em 73%.
cificidade baixa, porém aceitável. O valor preditivo
O diagnóstico clínico da faringite estreptocóci-
positivo do método (VPP), por sua vez, é alto. Isso
ca estava correto em 73% dos pacientes exa-
se explica porque o(a):
minados.
sensibilidade é a variável mais importante para O percentual de falso-positivos do exame clínico
o cálculo de VPP. dos médicos é de 56%.
prevalência da doença na população estudada
é alta.
Questão 7
incidência da doença na população geral é alta.
VPP é a medida de pessoas realmente doentes (SANTA CASA/SP – 2019) Um novo teste de rastreamento
na população estudada. para câncer de pulmão foi realizado em duzentos
indivíduos e apresentou os seguintes resultados:
TCBD é um método caro.
90% dos doentes apresentaram resultado positivo
para o teste e, desses, 80% estavam doentes. Com
Questão 5 base nesse caso hipotético, assinale a alternativa
correta.
(HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – 2018) Uma
maneira de aumentar o valor preditivo positivo dos Trata-se de um bom teste de rastreamento, pois
exames é: tem elevada sensibilidade e baixa especificidade.

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Trata-se de um teste de rastreamento ruim, pois
Pedir vários ao mesmo tempo.
tem elevado VPN e elevada especificidade.
Repeti-los no mesmo tempo.
Tem elevada sensibilidade e elevado VPP, sendo
Detalhar a anamnese e o exame físico.
um bom teste de rastreamento.
Associar métodos bioquímicos aos de medicina
Apresenta baixa especificidade e elevado VPP,
por imagem.
com consequente aumento de falso-positivos.
Apresenta VPN elevado, com alta sensibilidade,
Questão 6 sendo um teste ruim para rastreamento.
(PSU-MG, R1 – PROVA OBJETIVA, 2020) Foi realizado um
estudo para avaliar a capacidade dos clínicos em Questão 8
diagnosticar infecção estreptocócica, utilizando-se
de 149 pacientes com “dor de garganta” que pro- (IAMSPE, 2021) Com relação aos testes utilizados no
curam o serviço de emergência aos resultados de diagnóstico clínico de uma doença, assinale a al-
culturas orofaríngeas para Streptococcus do gru- ternativa correta.
po A. Dos 37 pacientes que apresentaram cultura
Os testes sensíveis são necessários para o diag-
orofaríngea positiva, 27 foram diagnosticados pe-
nóstico de doenças leves.
los médicos como tendo faringite estreptocócica.
Entre os 112 pacientes que apresentaram cultura Os testes sensíveis dão poucos resultados fal-
negativa, os médicos diagnosticaram que 35 deles so-positivos.
apresentavam a doença. Em relação a esse estudo, Os testes específicos dão muitos resultados
assinale a alternativa CORRETA: falso-positivos.

67
Testes diagnósticos Estatística

Os testes específicos dão poucos resultados


falso-positivos.
O valor preditivo negativo é mais útil para o re-
sultado positivo.

Questão 9

(IAMSPE, 2021) A prevalência de uma determinada


doença em uma população é de 20%. Sendo as-
sim, um teste de diagnóstico, com sensibilidade
de 80% e especificidade de 70%, foi desenvolvido.
Com base nessa situação hipotética, assinale a al-
ternativa que apresenta, correta e respectivamente,
o valor preditivo positivo (VPP) e o valor preditivo
negativo (VPN).

30% e 60%.
38% e 70%.
40% e 93%.
50% e 90%.
53% e 87%.

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Questão 10

(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2021) Considere que um de-


terminado teste diagnóstico de uma infecção está
sendo utilizado em uma cidade onde sua prevalên-
cia é 10%. O que se espera dos valores preditivos
positivo (VPP), negativo (VPN) e da especificidade
(E) desse teste, se o mesmo for aplicado em outra
cidade onde a prevalência da infecção é 20%?

Diminuirá; aumentará; aumentará.


Diminuirá; aumentara; será mantida.
Aumentará; aumentará; diminuirá.
Aumentará; diminuirá; será mantida.

68
Testes diagnósticos Cap. 3

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: -negativos, e não verdadeiro-positivos, como des-


crito na alternativa.
Alternativa A: INCORRETA. Quanto maior a especifi-
cidade, melhor. Em um teste de rastreio, entretan- Alternativa D: INCORRETA. A alternativa está descre-
to, a sensibilidade é a característica do teste mais vendo a sensibilidade, e não a especificidade.
importante. ✔ RESPOSTA: 
Alternativa B: CORRETA. O objetivo principal de um
programa de rastreio é não deixar doentes passa-
rem despercebidos, principalmente para doenças Questão 3 DIFICULDADE:

com grande potencial de sequelas, caso não sejam


Comentário: A curva ROC é um instrumento utilizado
descobertas precocemente. Então é desejado que o
para comparar os métodos diagnósticos, represen-
exame usado tenha alta probabilidade de dar positivo
tando graficamente sua capacidade de discriminar
nos indivíduos doentes, ou seja, alta sensibilidade.
entre doentes e não doentes, pelos seus pares de
Alternativa C: INCORRETA. Um teste com alta sensi- Sensibilidade e Especificidade obtidos ao se ajustar

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bilidade pode apresentar alto valor preditivo negati- o ponto de corte do teste. O ponto da curva mais
vo, mas isso daria sob influência da prevalência da próximo do extremo superior esquerdo do gráfi-
doença e da sensibilidade do teste. A característica co é o que tende a gerar uma melhora relação de
do teste que melhor responde à questão, portanto, Sensibilidade vs. Especificidade, e, portanto, é pre-
é a alta sensibilidade. ferencialmente utilizado como seu ponto de corte.
Alternativa D: INCORRETA. Baixo valor preditivo po-
✔ RESPOSTA: 
sitivo pode ser uma consequência de uma especi-
ficidade muito baixa ou de uma prevalência baixa.
Não se configura, entretanto, como a característica Questão 4 DIFICULDADE:
de que precisamos.
✔ RESPOSTA:  Comentário: Estamos diante de um método de ras-
treio com ALTA sensibilidade e BAIXA especificida-
de; logo, um exame com valor preditivo positivo que
Questão 2 DIFICULDADE: tende a ser baixo. Ou seja, é um exame bom para
excluir a doença, mas não tão bom para confirmar o
Alternativa A: CORRETA.
diagnóstico. Entretanto, a questão nos informa que,
Alternativa B: INCORRETA. A Sensibilidade é a carac- apesar da ALTA sensibilidade e BAIXA especificida-
terística do teste para os indivíduos DOENTES, não de, esse exame tem ALTO valor preditivo positivo.
saudáveis. A alternativa está descrevendo a Espe- Qual seria a explicação para isso? As duas variáveis
cificidade, que se refere aos indivíduos saudáveis. que mais influenciam o VPP são a especificidade e
Alternativa C: INCORRETA. Indivíduos sem a doença a prevalência da doença. Se já sabemos que o VPP
que apresentam um teste negativo são verdadeiro- é alto mesmo com uma especificidade baixa, isso

69
Testes diagnósticos Estatística

provavelmente se dá por conta de uma alta preva- Alternativa B: INCORRETA. Ao afastar (negativo), os
lência da doença na população testada. médicos acertaram 77 vezes de 87 = 89%.
✔ RESPOSTA:  Alternativa C: INCORRETA. Diagnóstico correto são os
verdadeiro-positivos e negativos = 27 + 77 = 104. To-
tal de pacientes de 149. Acurácia = 104/149 = 70%.
Questão 5 DIFICULDADE:
Alternativa D: CORRETA. Temos 35 falso-positivos
Alternativa A: INCORRETA. Usar vários exames ao em um total de 62 positivos = 56%.
mesmo tempo vai lhe dar mais probabilidade de ter ✔ RESPOSTA: 
um resultado positivo, mas não necessariamente
de confiar mais no resultado positivo obtido. Geral-
Questão 7 DIFICULDADE:
mente testes em paralelo levam a um aumento de
sensibilidade, que exerce maior influência no valor Comentário: 90% dos pacientes doentes apresenta-
preditivo negativo. ram resultado positivo. Sensibilidade = 90%. Dos
Alternativa B: INCORRETA. A mesma lógica se aplica positivos, 80% estavam doentes. VPP = 80%. O tes-
à repetição do mesmo teste em paralelo. te apresenta, sim, elevada sensibilidade e elevado
Alternativa C: CORRETA. Detalhando a anamnese e VPP. Um teste de elevada sensibilidade é um bom
o exame físico, é possível identificar o perfil do pa- teste de rastreamento.
ciente e estimar melhor sua probabilidade pré-tes- Alternativa A: INCORRETA. Não temos como calcular
te (sua “prevalência”). Se a probabilidade pré-teste a especificidade.
aumentar com a anamnese, o VPP vai aumentar. Alternativa B: INCORRETA. Não temos como calcu-
Alternativa D: INCORRETA. Os valores preditivos de- lar o VPN.
pendem da prevalência da doença, da sensibilidade Alternativa C: CORRETA.
e da especificidade dos testes aplicados.

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Alternativa D: INCORRETA. Não temos como calcular
✔ RESPOSTA:  a especificidade.
Alternativa E: INCORRETA. Não temos como calcu-
DIFICULDADE:
lar o VPN.
Questão 6
✔ RESPOSTA: 
Comentário: Vamos fazer a tabela de contingência
2x2 e analisar cada uma das alternativas:
Questão 8 DIFICULDADE:
Doente Não Doente Total
Comentário: Sensibilidade é a capacidade de identifi-
Positivo 27 35 62
car os verdadeiro-positivos. Ou seja, se um paciente
Negativo 10 77 87 for doente, a chance é grande de um teste muito
Total 37 112 149 sensível dar positivo. Especificidade é a capacida-
de de detectar os verdadeiro-negativos. Ou seja, se
Não entendeu a tabela? O teste diagnóstico que um paciente não for doente, a chance é grande de
está sendo avaliado é o exame clínico. A cultura um teste muito específico dar negativo.
orofaríngea é o “padrão-ouro” que determina quem Alternativa A: INCORRETA. A gravidade da doença
é doente e quem não é. não interfere tanto no teste que deve ser realizado.
O mais importante nessa questão é identificar que o O principal é sabermos se queremos descartar a
exame clínico é o teste diagnóstico sendo avaliado, doença ou confirmá-la.
não a cultura de orofaringe. Alternativa B: INCORRETA. Os testes muito sensíveis
Alternativa A: INCORRETA. Prevalência = 37/149 = dão muitos resultados verdadeiro-positivos e pou-
25%. Especificidade = 77/112 = 69%. cos falso-negativos. Nada além disso. Como a alta

70
Testes diagnósticos Cap. 3

sensibilidade muitas vezes vem acompanhada de Questão 10 DIFICULDADE:


baixa especificidade, pode haver muitos falso-po-
sitivos. Comentário: Questão abordando conceitos sobre tes-
tes diagnósticos. Importante lembrar que sensibili-
Alternativa C: INCORRETA. Os testes muito especí-
dade e especificidade são características inerentes
ficos dão muitos resultados verdadeiro-negativos
ao teste, logo não se alteram com a prevalência da
e poucos falso-positivos. Nada além disso. Como
doença. Já os valores preditivos são influenciados
a alta especificidade muitas vezes vem acompa-
pela probabilidade pré-teste, semelhante à preva-
nhada de baixa sensibilidade, pode haver muitos
lência, podendo então ser alterados. Uma maior
falso-negativos.
prevalência de uma determinada doença aumenta
Alternativa D: CORRETA. o valor preditivo positivo e diminui o valor preditivo
Alternativa E: INCORRETA. O valor preditivo negativo negativo, afinal, se há uma maior prevalência a chan-
nos diz o quanto devemos confiar num teste quan- ce de encontrarmos verdadeiros doentes é maior.
do ele dá negativo. É o valor preditivo positivo que Assim, com o aumento da prevalência de 10% para
é útil para o resultado positivo. 20%, teremos aumento do VPP, redução do VPN e
✔ RESPOSTA:  a Especificidade será mantida.
✔ RESPOSTA: 
Questão 9 DIFICULDADE:

Comentário: A questão nos fornece alguns dados,


como prevalência da doença, sensibilidade e espe-
cificidade do teste diagnóstico. Podemos montar
uma tabela de contingência 2x2 com esses dados.
Vamos supor que temos uma população total de

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1000 pessoas. Com 20% de prevalência, são 200
doentes e 800 não doentes. Dos 200 doentes, 80%
(160) têm teste positivo, já que é essa a sensibilidade.
Dos 800 não doentes, 70% (560) têm teste negativo,
já que é essa a especificidade. Após completarmos
a tabela, temos esses valores.

Doentes Não doentes Total

Positivos 160 240 400

Negativos 40 560 600

Total 200 800 1000

O valor preditivo positivo (VPP) é o número de ver-


dadeiro-positivos (160) dividido pelo número total
de positivos (400). VPP = 160/400 = 40%.
O valor preditivo negativo (VPN) é o número de
verdadeiro-negativos (560) dividido pelo número
total de negativos (600). VPN = 560/600 = 93,3%.
✔ RESPOSTA: 

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Fixe seus conhecimentos!

FIXE SEU CONHECIMENTO COM RESUMOS

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72
HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS Capítulo

E OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO 4

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u No período pré-patogênico ainda não há doença.


u A prevenção primária ocorre no período pré-patogênico.
u Diagnóstico precoce é exemplo de prevenção secundária.
u Reabilitação do paciente é exemplo de prevenção terciária.
u A prevenção quaternária visa reduzir prejuízos causados pela atuação médica.

1. PERÍODOS PRÉ-PATOGÊNICO to. A exposição a fatores de risco, a predisposição


E PATOGÊNICO genética, os determinantes sociais: tudo isso pode
estar protegendo ou expondo o indivíduo. Apro-
veitando o exemplo da pneumonia, há um período
A história natural da doença refere-se à evolução

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em que o agente etiológico infecta a pessoa sem
u

de uma doença no indivíduo através do tempo, que essa manifeste sintomas. Após algum tempo,
na ausência de intervenção. Ou seja, como se espera-se que os sintomas surjam. Depois disso,
comporta uma determinada doença, uma pneu- a pessoa pode adquirir imunidade e se curar, pode
monia, por exemplo, se nós não fizermos nada ficar com algum tipo de comprometimento por
a respeito e simplesmente observarmos? Qual um longo período (até pelo resto da vida) ou pode
seria o curso natural do adoecimento? falecer. Essas são as possibilidades expostas no
u Temos que entender que, antes mesmo de a pessoa modelo que apresentaremos a seguir:
adoecer, já há fatores interferindo no adoecimen-

Figura 1. Período Pré-Patogênico e Patogênico.

Indivíduo suscetível Fase pré-clínica Fase clínica

Período pré-patogênico Período patogênico

Fonte: O autor.
73
História natural das doenças e os níveis de prevenção Epidemiologia

DICA
1.2. PERÍODO PATOGÊNICO
 Todo o modelo que apresentaremos de perío-
dos pré-patogênico e patogênico e de prevenções
primária, secundária e terciária foi proposto por
u No período patogênico a doença já existe. Po-
Leavell e Clark. Quando as questões trouxerem os demos dividir esse período em 2 grandes fases:
nomes desses dois pesquisadores não se assuste, W 1. Adoecimento:
é exatamente o modelo que você está prestes a V Doença subclínica: já há doença, mas sinais
conhecer. e sintomas ainda não são perceptíveis. Por
exemplo: o agente etiológico já infectou o
paciente, mas ainda não produziu sintomas.
1.1. PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO
V Doença manifesta: há sintomatologia.
W 2. Desfecho:
u Ainda não há doença. Há, entretanto, determinan-
tes que potencializam o surgimento da doença. V Recuperação: o paciente se recupera dos
Fatores de risco, de diversas naturezas, que tor- sintomas e da doença sem sequelas.
nam o indivíduo mais suscetível ao adoecimento, V Imunidade: no que diz respeito às doenças
e de proteção, que o tornam menos suscetível. infecciosas, o paciente pode adquirir imu-
W Fatores relativos ao agente. nidade ao agente etiológico.
W Fatores relativos ao hospedeiro. V Incapacidade: a doença não leva o pacien-
te a óbito, mas deixa algum tipo de sequela
W Fatores relativos ao meio.
importante.
u O agente mórbido existe e está em interação
V Morte: paciente não se recupera e evolui
com o meio ambiente e com o indivíduo. O meio
a óbito.
permite ao indivíduo que ele adoeça. O indivíduo
apresenta fatores próprios que permitem seu W Podemos considerar a doença subclínica como

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adoecimento. Há um contrabalanço com fato- um período pré-clínico, a doença manifesta
res de proteção. A chance de a doença ocorrer como um período clínico (patologia precoce
é definida pela existência de fatores de risco e ou doença avançada) e as outras como pos-
proteção em processo dinâmico. A observância sibilidades de desfecho.
desses fatores de risco e de proteção configura
o período pré-patogênico. Para prevenir o sur- DICA
 Podemos associar esses marcos do período
gimento da doença, deve-se atuar promovendo patogênico a níveis de prevenção. Quando atuamos
saúde, através de hábitos de vida mais saudáveis, na doença subclínica, buscando o diagnóstico pre-
por exemplo, e realizando algum tipo de proteção coce antes que a doença se manifeste em estágios
específica, como vacinação. avançados, estamos falando de prevenção secun-
dária. Quando atuamos no desfecho, buscando,
DICA principalmente, a prevenção de incapacidade ou a
 Ações de prevenção no período pré-patogêni-
reabilitação do paciente, estamos exercendo ações
co são consideradas ações de prevenção primária.
de prevenção terciária.
Promoção de saúde e proteção específica são as
principais formas de prevenção possíveis nesse
período.

74
História natural das doenças e os níveis de prevenção Cap. 4

Figura 2. Esquema com o modelo teórico de História Natural da Doença e Níveis de Prevenção.

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Fonte: Adaptado de Demarzo.1

2. NÍVEIS DE PREVENÇÃO W Proteção específica Combate a problema es-


pecífico: Vacinação, uso de EPI, flúor na água.

2.1. PREVENÇÃO PRIMÁRIA DICA


 O exemplo mais comum de prevenção pri-
mária na prova é a vacinação.
u A doença ainda não existe!
u Objetivo: evitar que a doença apareça.
u Atua no fator de risco. 2.2. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
u Exemplos: Hábitos de vida mais saudáveis, me-
didas educativas, uso de EPI (capacete, cinto de u Doença já existe, mas ainda não avançou.
segurança, equipamentos em ambiente hospita- u Objetivo: impedir evolução desfavorável.
lar), colocar flúor na água, vacinação, ácido fólico u Atua no diagnóstico precoce ou limitação de
para gestantes, saneamento básico. incapacidade (tratamento imediato visando à
u Podemos dividir a prevenção primária em dois evolução favorável).
tipos: u Exemplos: Qualquer diagnóstico precoce, princi-
W Promoção de Saúde Manter bem-estar ge- palmente rastreamentos (sangue oculto nas fezes,
ral: Hábitos de vida mais saudáveis, medidas citopatológico de colo de útero, mamografia, do-
educativas, campanhas contra o uso de álcool sagem de colesterol), aferição de pressão arterial,
e tabaco. aplicação de questionários visando ao diagnóstico.

75
História natural das doenças e os níveis de prevenção Epidemiologia

DICA
W Obstinação terapêutica: praticar distanásia,
 O exemplo mais comum de prevenção se-
encaminhar pacientes em cuidados paliativos
cundária na prova é o rastreamento.
para UTI, insistir em tratamentos de doenças
intratáveis.
2.3. PREVENÇÃO TERCIÁRIA
u Exemplos: cuidados paliativos, ortotanásia, revi-
sar medicamentos em uso pelo paciente, evitar
intervenções desnecessárias, evitar supermedi-
u Doença e prejuízos já estabelecidos.
calização, evitar polifarmácia, coordenação do
u Objetivo: fazer com que limitações impostas pela cuidado, abordagem centrada na pessoa.
doença prejudiquem minimamente a qualidade
de vida do paciente.
DICA
u Atua na reabilitação e/ou reintegração do paciente.  O exemplo mais comum de prevenção qua-
ternária na prova é cuidado paliativo.
u Exemplos: fisioterapia pós-AVC, betabloqueador
pós-IAM, controle glicêmico no paciente com
Diabetes mellitus, colocação de prótese após
amputação, apoio de caráter psicoemocional
após traumas, apoio de caráter social, readap- REFERÊNCIAS
tação ao trabalho.

1. Demarzo MMP. Reorganização dos sistemas de saúde:


DICA
 A grande “palavra” da prevenção terciária na promoção da saúde e atenção primária à saúde. São
sua prova é a REABILITAÇÃO. Fisioterapia após AVC Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 2011.
ou acidente é o exemplo mais cobrado. 2. Ministério da Saúde (BR). Política Nacional de Promoção
da Saúde. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.

pedro_abrantes@hotmail.com | 52a2c9f2-9e09-4485-b388-bb945d0849a1
3. Puttini RF, Pereira Junior A, Oliveira LR. Modelos expli-
2.4. PREVENÇÃO QUATERNÁRIA cativos em saúde coletiva: abordagem biopsicossocial
e auto-organização. Physis Rev Saúde Coletiva. 2010;
u Prejuízos causados pela atuação médica. 20(3):753–67.
4. Cruz MM. Concepção de saúde-doença e o cuidado em
u Objetivo: reduzir iatrogenia.
saúde. Qualif dos Gestores do SUS [Internet]. 2012;21–33.
u Problemas que fizeram com que a discussão
5. Gusso G, Lopes JMC, Dias LC. Tratado de medicina de
sobre prevenção quaternária fosse necessária: família e comunidade: princípios, formação e prática. 2.
W Medicalização: considerar e abordar proble- ed. Porto Alegre: Artmed; 2019.
mas não médicos como se fossem médicos. 6. Organização Pan-Americana de Saúde. Módulo de prin-
W Condutas diagnósticas e terapêuticas desne- cípios de epidemiologia para o controle de enfermidades
(MOPECE). Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde;
cessárias: exames diagnósticos, rastreamentos,
Ministério da Saúde; 2010.
“check-ups”, medicamentos e até orientações
podem ser desnecessários.

76
História natural das doenças e os níveis de prevenção Cap. 4

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 São considerados três níveis de aplicação de


medidas preventivas: prevenção primária, pre-
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MÜLLER – 2018) No Bra- venção secundária, prevenção terciária, bem
sil, nos meses de setembro, faz-se campanha de como três períodos: pré-patogênico, patogênico
prevenção ao suicídio como “setembro amarelo”, e pós-patogênico.
no mês de outubro há campanhas envolvendo a
A promoção de saúde é uma ação de prevenção
detecção dos cânceres mais prevalentes no sexo
secundária, mas não se confunde com preven-
feminino (câncer de mama e câncer do colo uteri-
ção, segundo esses autores.
no) durante o “outubro rosa”, e durante o mês de
novembro ocorre a campanha do “novembro azul”, As medidas gerais, educativas, que objetivam
para detectar um dos cânceres mais prevalentes melhorar a resistência e o bem-estar geral dos
no sexo masculino, o câncer de próstata. Sobre os indivíduos, são exemplos de prevenção primária.
níveis de prevenção, assinale a afirmativa correta. A prevenção terciária opera com dois tipos de
população, os indivíduos sadios e sem risco e

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A estratégia de saúde da família (ESF) também os indivíduos doentes ou acidentados com diag-
é conhecida como nível de prevenção primária. nóstico firmado.
A reabilitação de complicações de doenças crô- A proteção específica localiza-se no período pa-
nico-degenerativas ou outras patologias estão in- togênico, e caracteriza-se por ser uma ação de
seridas dentro do nível de prevenção quaternária. prevenção primária.
Primum non nocere, também conhecido como o
“princípio da não maleficência”, está fortemente Questão 3
associado ao nível de prevenção terciária.
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ – 2018) Assi-
A detecção de cânceres em estágios precoces,
nale a correta. Em relação aos níveis de prevenção,
em campanhas como o “outubro rosa” ou “no-
ações como: exames periódicos; imunização; sanea-
vembro azul”, e o rastreio de outras patologias,
mento básico; redução da dependência social; evitar
como doenças crônico-degenerativas sem com-
sequelas correspondem respectivamente aos níveis:
plicações (HAS ou DM), são denominados como
nível de prevenção secundária. Prevenção Secundária, Prevenção Primária, Pro-
moção da Saúde, Limitação da Incapacidade,
Diagnóstico Precoce.
Questão 2
Limitação da Incapacidade, Promoção da Saú-
(UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – 2018) A de, Prevenção Primária, Prevenção Secundária,
respeito do modelo explicativo criado por Leavell Proteção Específica.
& Clark (1965) “A história natural do processo saú- Prevenção Primária, Prevenção Secundária, Pre-
de-doença”, e dos níveis de aplicação de medidas venção Terciária, Proteção Específica, Limitação
preventivas, assinale a alternativa correta. da Incapacidade.

77
História natural das doenças e os níveis de prevenção Epidemiologia

Prevenção Secundária, Proteção Específica, Pro- Convalescença.


moção da Saúde, Prevenção Terciária, Diagnós- Reabilitação.
tico Precoce.
Diagnóstico Precoce, Proteção Específica, Pro-
Questão 7
moção da Saúde, Prevenção Terciária, Limitação
da Incapacidade. (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE DUTRA – 2018) De
acordo com os conceitos de níveis de prevenção,
assinale a alternativa CORRETA.
Questão 4
Prevenção terciária é a detecção de indivíduos
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2021) Você, médico de uma
em risco de intervenções, diagnósticas e/ou
Unidade Básica de Saúde, recebe uma paciente de
terapêuticas, excessivas para protegê-los de
30 anos de idade, sem fatores de risco para cân-
novas intervenções médicas inapropriadas e
cer de mama, mas que acredita que fazer exames
sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.
preventivos é a melhor forma de se cuidar. Por isso,
solicita que você peça uma mamografia de rotina A prevenção primária age na remoção dos fato-
para ela. No entanto, você considera recusar o pe- res de risco, enquanto a prevenção secundária
dido da paciente quanto à solicitação da mamogra- faz detecção precoce de doenças e tratamento.
fia pois isto configura uma medida de prevenção…: Rastreamento e imunização são exemplos de
Assinale a alternativa correta: prevenção secundária.
A prevenção primária detecta a doença preco-
Primária.
cemente.
Secundária.
A prevenção secundária impede a ocorrência de
Terciária. doença, removendo suas causas.

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Quaternária.
Questão 8
Questão 5
(USP-SP R1 – PROVA OBJETIVA, 2019) Qual alternativa lista
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ordenadamente estratégias de prevenção primária,
ESTADUAL, 2021) No período pré-patogênico das doen- secundária e terciária, quanto à violência contra as
ças, segundo o modelo de Leavell e Clark, podem mulheres?
ser aplicadas as seguintes medidas preventivas:
Suporte longitudinal e integral às vítimas; enca-
promoção da saúde e proteção geral. minhamento para serviços de apoio de outros
setores.
promoção da saúde e diagnóstico precoce.
Conhecimento sobre a rede de serviços de saú-
promoção da saúde e proteção específica.
de de referência sobre violência; acolhimento em
diagnóstico precoce e proteção específica. serviços como a delegacia de defesa da mulher;
proteção específica e diagnóstico precoce. incremento do arcabouço legal que permita o
enfrentamento coletivo do problema.
Oferta de psicologia breve; orientação jurídica;
Questão 6
suporte da rede de serviços de saúde disponível
(PUC/SOROCABA – 2017) A prevenção primária se aplica ao no território.
período da história natural da doença denominado: Educação para o respeito a direitos iguais entre
homens e mulheres; busca ativa dos casos de
Pré-patogênese. violência; psicoterapia para lidar com as conse-
Patogênese precoce. quências do trauma.

78
História natural das doenças e os níveis de prevenção Cap. 4

Questão 9

(SUS-SP R1 – PROVA OBJETIVA, 2019) Uma ação de pre-


venção:

secundária aborda alimentação saudável em


gestantes que estão sob risco de desnutrição.
quaternária é feita em um paciente em risco de
supermedicalização, para protegê-lo de uma
nova intervenção médica.
básica é realizada por rastreamento de câncer
do colo do útero por exame de Papanicolau.
terciária é realizada em uma criança que não
recebeu as vacinas de acordo com o Calendá-
rio Nacional de Vacinação para sua imunização
adequada.
primária é feita em um paciente em fase pós-
-operatória que necessita de fisioterapia para
reabilitação funcional.

Questão 10

(SANTA CASA – SP R1 – PROVA OBJETIVA, 2019) Assinale a


alternativa que apresenta o conceito de “medicali-

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zação” no âmbito da prevenção quaternária.

Uso racional de medicamentos e desestímulo à


prática de automedicação pela população.
Concentração do trabalho médico na prescrição
correta de medicamentos.
Introdução otimizada de medicamentos em pa-
cientes com doenças crônicas em tratamento
não medicamentoso.
Centralização da assistência integral à saúde na
figura do profissional médico.
Processo pelo qual problemas não médicos são
definidos ou tratados como problemas médicos.

79
História natural das doenças e os níveis de prevenção Epidemiologia

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: Alternativa D: INCORRETA. A prevenção terciária trata


de medidas de reabilitação, para aliviar os efeitos
Comentário: A questão fala sobre níveis de preven-
das sequelas já estabelecidas pela doença nos in-
ção, conceito descrito no modelo de história natural
divíduos.
da doença de Leavell & Clarck.
Alternativa E: INCORRETA. A proteção específica (va-
Alternativa A: INCORRETA. O nível de prevenção tem
cinas, preservativos, capacetes etc.) é um tipo de
relação com a etapa do processo saúde-doença em
prevenção primária, que por definição se localiza
que a medida atua (pré-patogênese, patogênese
no período pré-patogênico.
pré-clínica, pós clínica etc.), não com o nível de as-
sistência à saúde. A Estratégia de Saúde da Família ✔ RESPOSTA: 
é uma estratégia aplicada na atenção primária, que
é um nível de atenção, não um nível de prevenção.
Questão 3 DIFICULDADE:
Alternativa B: INCORRETA. Reabilitação é um exemplo
de prevenção terciária. Comentário: Questão sobre os níveis de prevenção

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Alternativa C: INCORRETA. Esse conceito é fortemen- segundo o modelo de história natural das doenças
te associado à prevenção quaternária, que busca de Leavell & Clark. Essa questão é um pouco mais
evitar iatrogenias. complicada e tem um foco maior nas subdivisões
Alternativa D: CORRETA. A prevenção secundária atua dos níveis de prevenção:
na fase patogênica do processo saúde-doença (após • A prevenção primária atua sobre fatores de risco
a doença existir), e na etapa pré-clínica é caracte- (na fase pré-patogênica, antes de a doença existir),
rizada, principalmente, pelo diagnóstico precoce, que pode ser subdividida em medidas de promo-
sendo um exemplo clássico os exames de rastreio. ção da saúde (modificando os estilos de vida que
aumentem o risco de doenças para melhorar a
✔ RESPOSTA: 
saúde da população, como o saneamento básico
ou alimentação saudável) ou de proteção especí-
Questão 2 DIFICULDADE: fica (que buscam evitar agravos específicos, como
a imunização, uso de preservativo ou capacete);
Comentário: Apesar de simples, a questão pode
ter causado dúvidas a quem não era familiarizado • A prevenção secundária atua sobre a fase pato-
com o tema. gênica (após a doença existir), que é dividida em
uma etapa pré-clínica (antes do horizonte clínico,
Alternativa A: INCORRETA. São descritos dois perío-
ou seja, do surgimento de sinais ou sintomas) e
dos: pré-patogênico e patogênico.
clínica (após o horizonte clínico). No período pré-
Alternativa B: INCORRETA. Promoção de saúde é um -clínico, suas ações envolvem o diagnóstico pre-
tipo de prevenção primária. coce com tratamento imediato. Já na fase clínica
Alternativa C: CORRETA. Medidas que objetivam me- a doença já está plenamente instalada, então as
lhorar o bem-estar geral da população constituem medidas tomadas envolvem o tratamento eficaz
prevenção primária, do tipo promoção da saúde. (principalmente de enfermidades crônicas, como

80
História natural das doenças e os níveis de prevenção Cap. 4

hipertensão arterial ou diabetes) para limitação Alternativa B: INCORRETA. Secundária consiste no


de incapacidades e evitar sequelas; rastreamento e detecção precoce. Seria adequa-
• A prevenção terciária é medida de reabilitação do a essa paciente se ela tivesse mais de 50 anos,
para minimizar as sequelas já estabelecidas da que seria a idade inicial para rastreamento de cân-
doença; cer de mama.

• A prevenção quaternária trata de evitar iatrogenias. Alternativa C: INCORRETA. Na prevenção terciária já
temos um indivíduo doente e queremos evitar com-
Alternativa A: INCORRETA. Limitação de incapacidade plicações e promover reabilitação.
é prevenção secundária na fase clínica para evitar
Alternativa D: CORRETA. Exato. Prevenção quater-
sequelas, enquanto reduzir dependência social é
nária consiste na prevenção do sobrediagnóstico/
atuar sobre sequelas já estabelecidas da doença,
sobretratamento, e como temos uma paciente as-
isto é, prevenção terciária.
sintomática, sem fatores de risco e fora da idade
Alternativa B: INCORRETA. A única correspondência de rastreamento não há necessidade de solicitar
correta na alternativa é a de saneamento básico com exames.
prevenção primária, que, no caso, é de promoção
da saúde (imunização é prevenção primária do tipo
✔ RESPOSTA: 
proteção específica, e não de promoção de saúde).
Alternativa C: INCORRETA. A única correspondência Questão 5 DIFICULDADE:
correta é entre Limitação de Incapacidade e evitar
Comentário: Muitos alunos veem escrito “Leavell e
sequelas.
Clark” e já se desesperam, achando que se trata de
Alternativa D: INCORRETA. Diagnóstico precoce é a algo novo que eles desconhecem. Calma. O modelo
parte da prevenção secundária que atua na fase pré- de Leavell e Clark é exatamente o mesmo modelo
-clínica, enquanto as medidas tomadas para evitar que você já conhece e que vê com a gente nas nos-

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sequelas (tratamento eficaz e adequado) são as de sas aulas e apostilas. No período pré-patogênico,
prevenção secundária descritas já na fase clínica o indivíduo ainda não adoeceu, estando apenas
para limitação de incapacidade. suscetível. Por isso, podem ser aplicadas apenas
Alternativa E: CORRETA. Exames periódicos objetivam as medidas de prevenção primária. A prevenção
o diagnóstico precoce, vacinas são uma medida primária pode ser feita de duas formas:
de prevenção primária do tipo proteção específica, Primeiro, através da promoção à saúde. Quando
enquanto saneamento básico é prevenção primária promovemos hábitos de vida saudáveis estamos
do tipo promoção da saúde, reduzir a dependência reduzindo as chances de pessoas adquirirem doen-
social é amenizar as sequelas já estabelecidas, e ças, como infecções ou doenças crônicas não
evitar sequelas é prevenção secundária de limita- transmissíveis.
ção de incapacidade (na fase clínica).
Segundo, através da proteção específica. Existem
✔ RESPOSTA:  formas de se proteger de doenças e agravos espe-
cíficos antes do adoecimento, como a prevenção
de TCE com o uso de capacete, ou de múltiplas
Questão 4 DIFICULDADE:
doenças através da vacinação. Por isso, a resposta
Comentário: Questão básica abordando os níveis de correta é a letra C.
prevenção em saúde. A questão coloca uma jovem ✔ RESPOSTA: 
de 30 anos, sem fatores de risco que solicita uma
mamografia, pois acredita que “realizar exames é
Questão 6 DIFICULDADE:
a melhor forma de se cuidar”.
Alternativa A: INCORRETA. Prevenção primária con- Comentário: Segundo o modelo de Leavell & Clarck
siste na atuação sobre um fator de risco visando (1976), a história natural das doenças apresenta
impedir o futuro surgimento de uma doença. um período pré-patogênico (antes do surgimento

81
História natural das doenças e os níveis de prevenção Epidemiologia

da doença) e outro patogênico (após o surgimento Questão 8 DIFICULDADE:


da doença), este último podendo ser subdividido
em uma fase pré-clínica (antes do horizonte clínico, Alternativa A: INCORRETA. Suporte às vítimas pressu-
ou seja, do surgimento de sinais e sintomas) e uma põe que já há vítimas, ou seja, a violência já ocorreu.
fase clínica (após o horizonte clínico). A prevenção Não se trata, portanto, de prevenção primária. Já
primária atua no período pré-patogênico, sobre os descartamos a alternativa A desde o início.
agentes mórbidos relacionados às doenças. Alternativa B: INCORRETA. Conhecer a rede de saúde
Alternativa A: CORRETA. A prevenção primária atua previne a violência de ocorrer? Não! A mulher que
sobre os fatores associados ao surgimento das sofre a violência, caso tenha conhecimento sobre
doenças, no período pré-patogênico. a rede de serviços, poderá encontrar ajuda espe-
Alternativa B: INCORRETA. Logo após o início da cializada de forma mais precoce. Trata-se de algo
doença (patogênese), inicia-se a fase pré-clínica, semelhante ao diagnóstico precoce e/ou tratamento
em que pode atuar a prevenção secundária, com imediato. Não é prevenção primária; logo, descarta-
diagnóstico e tratamento precoces. mos a segunda alternativa também desde o início.

Alternativa C: INCORRETA. A fase de convalescença Alternativa C: INCORRETA. Psicologia breve previne


fica no final do período patogênico, quando ainda a violência de ocorrer? Não. Essa ação ajuda após
pode atuar a prevenção secundária, para diminuir os o ocorrido. Não se trata, portanto, de prevenção
agravos ou a chance de complicações da doença. primária.

Alternativa D: INCORRETA. A reabilitação é parte da Alternativa D: CORRETA. Educação sobre os direitos


prevenção terciária. iguais pode tornar a sociedade mais tolerante e
menos violenta, podendo, sim, prevenir a violência
✔ RESPOSTA:  de ocorrer. Trata-se de prevenção primária. Busca
ativa dos casos permite que se faça um “diagnós-
tico precoce” da situação, sendo uma ação de pre-

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Questão 7 DIFICULDADE:
venção secundária. A psicoterapia, para lidar com
Comentário: Questão direta sobre os níveis de pre- os traumas, evita complicações e fornece melho-
venção segundo o modelo de história natural das res condições para recuperação do ocorrido, sen-
doenças de Leavell & Clark. do, portanto, uma medida de prevenção terciária.
Alternativa A: INCORRETA. Prevenção terciária é rea- Temos as três na ordem solicitada pela questão.
bilitação, e a alternativa descreve a prevenção qua- ✔ RESPOSTA: 
ternária.
Alternativa B: CORRETA. Alternativa correta e con-
Questão 9 DIFICULDADE:
ceitual.
Alternativa C: INCORRETA. Rastreamento é preven- Alternativa A: INCORRETA. Alimentação saudável
ção secundária, mas imunização atua antes de a evita que a doença ocorra, sendo exemplo de pre-
doença existir (período pré-patogênese), então é venção primária.
prevenção primária. Alternativa B: CORRETA. Proteção de intervenções
Alternativa D: INCORRETA. A prevenção primária age desnecessárias e supermedicalização evita iatro-
na remoção dos fatores de risco enquanto diagnós- genia, sendo exemplo de prevenção quaternária.
tico precoce é prevenção secundária. Alternativa C: INCORRETA. Rastreamento permite
Alternativa E: INCORRETA. Prevenção secundária en- diagnóstico precoce, sendo exemplo de prevenção
volve diagnóstico precoce e tratamento; remover as secundária.
causas ou fatores de risco das doenças é exemplo Alternativa D: INCORRETA. Imunização evita que a
de prevenção primária. doença ocorra, sendo exemplo de prevenção pri-
✔ RESPOSTA:  mária.

82
História natural das doenças e os níveis de prevenção Cap. 4

Alternativa E: INCORRETA. Fisioterapia permite a rea-


bilitação do paciente, sendo exemplo de prevenção
terciária.
✔ RESPOSTA: 

Questão 10 DIFICULDADE:

Comentário: Consideramos medicalização o pro-


cesso pelo qual aspectos do modo de vida do ser
humano é apropriado pela medicina, ou seja, como
problemas não médicos são definidos e tratados
como problemas médicos.
✔ RESPOSTA: 

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84
Capítulo
ENDEMIA E EPIDEMIA
5

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u A transmissão direta de agentes etiológicos dispensa a necessidade de veículos, enquanto a transmissão


indireta ocorre mediante veículos ou vetores.
u Endemia é a presença regular e constante de uma doença em determinado território.
u Epidemia é a elevação progressivamente crescente, inesperada e descontrolada dos coeficientes de
incidência de determinado agravo.
u Surto epidêmico é uma ocorrência epidêmica em local muito restrito.

1. CONCEITOS INICIAIS 1.3. PODER INVASIVO

u É a capacidade que tem um agente de se di-


1.1. INFECTIVIDADE fundir através de tecidos, órgãos e sistemas do

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hospedeiro.
u É a capacidade de o agente etiológico alojar-se
e multiplicar-se no organismo do hospedeiro e
1.4. VIRULÊNCIA
transmitir-se deste para um novo hospedeiro.
u É a capacidade de um agente infeccioso de
DICA
 Infectividade só tem a ver com a infecção, ou causar quadros graves, especialmente no que
seja, a presença do agente etiológico. Um agente diz respeito à letalidade e à proporção de casos
com alta infectividade é aquele que tem grande com sequelas.
capacidade de infectar, não necessariamente de
causar doença.
DICA
 É a virulência que está associada à gravidade
da doença causada pelo agente infeccioso.
1.2. PATOGENICIDADE

1.5. IMUNOGENICIDADE OU
u É a capacidade de um agente biológico causar
PODER IMUNOGÊNICO
doença em um hospedeiro suscetível.

u É a capacidade do agente biológico de estimular


DICA
 Agora estamos falando em doença. Pato- a resposta imune no hospedeiro. Conforme as
genicidade tem a ver com a capacidade de gerar características desse agente, a imunidade obti-
sinais e sintomas. da pode ser de curta ou longa duração e de grau
elevado ou baixo.

85
Endemia e epidemia Epidemiologia

1.6. IMUNIDADE 1.9. PERÍODO DE LATÊNCIA

u É a resistência usualmente associada à presen- u Intervalo de tempo que transcorre desde que
ça de anticorpos (imunidade humoral), que têm se produz a infecção até que a pessoa se torne
o efeito de inibir microrganismos específicos ou infecciosa.
suas toxinas responsáveis por doenças infeccio-
sas particulares. 1.10. PERÍODO DE INCUBAÇÃO

1.7. RESISTÊNCIA u Intervalo de tempo que transcorre entre a expo-


sição a um agente infeccioso e o surgimento do
u É o conjunto de mecanismos específicos e ines- primeiro sinal ou sintoma da doença.
pecíficos do organismo que servem de defesa
contra a invasão ou multiplicação de agentes 1.11. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
infecciosos, ou contra os efeitos nocivos de seus
produtos tóxicos.
u Intervalo de tempo durante o qual o agente in-
feccioso pode ser transferido direta ou indireta-
1.8. SUSCETIBILIDADE mente de uma pessoa infectada a outra pessoa,
de um animal infectado ao ser humano ou de
u Situação de uma pessoa ou animal que se ca- um ser humano infectado a um animal, inclusi-
racteriza pela ausência de resistência suficiente ve artrópodes.
contra um determinado agente patogênico que
a proteja da enfermidade, na eventualidade de 1.12. PERÍODO PRODRÔMICO
entrar em contato com esse agente.

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u Intervalo de tempo entre surgimento de sinais e
DICA sintomas inespecíficos até o início de um quadro
 Suscetibilidade e Resistência têm a ver com o
hospedeiro (no caso, o ser humano), diferentemente clínico mais específico, com o qual o diagnóstico
das outras características descritas, que dizem clínico possa ser estabelecido.
respeito ao agente etiológico. u A imagem a seguir apresenta uma associação
entre alguns dos conceitos apresentados e a
História Natural da Doença. Esse modelo exato
não se aplica a todas as doenças, mas permite
a visualização do comportamento de algumas
das características discutidas.

86
Endemia e epidemia Cap. 5

Figura 1. História Natural da Doença.

Fonte: Bortman.1

2. CLASSIFICAÇÃO DOS CASOS 2.4. CASO CONFIRMADO

Há confirmação da presença do agente etiológico.

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u
2.1. CASO AUTÓCTONE

u Caso é oriundo da própria localidade. 3. MODOS DE TRANSMISSÃO

2.2. CASO ALÓCTONE


3.1. TRANSMISSÃO DIRETA
u Caso é “importado”.
u Definição: transferência direta do agente etioló-
gico de uma pessoa para a outra, sem necessi-
DICA
 Com relação à covid-19, inicialmente tínha- dade ou interferência de veículos.
mos apenas casos alóctones. Pacientes adoeciam W Imediata: sem contato com o meio ambiente.
porque tiveram contato com o vírus fora do Brasil
e apresentaram o quadro clínico posteriormente. V Ex.: Infecções sexualmente transmissíveis,
Depois, passamos a ter pacientes se infectando doenças transmitidas pelo toque.
em território nacional, ou casos autóctones. W Mediata: há contato prévio com o meio am-
biente.
V Ex.: Dispersão de gotículas ou aerossóis
2.3. CASO SUSPEITO (tossir, falar, espirrar).

u Obviamente, um caso é suspeito quando não há


3.2. TRANSMISSÃO INDIRETA
confirmação, laboratorial por exemplo, da doen-
ça, mas há sintomatologia e/ou características
epidemiológicas sugestivas.
u Definição: mediante veículos ou vetores.
W Ex.: transmissão por vetores animais, fômites.

87
Endemia e epidemia Epidemiologia

DICA
u Eliminação: redução da incidência a zero em de-
 A principal via de transmissão da covid-19
terminada localidade, geralmente país ou conti-
é respiratória, o que caracteriza uma transmissão
nente. A doença continua existindo em outro lo-
direta mediata.
cal. Por isso, medidas de controle são mantidas.
u Erradicação: redução da incidência a zero em
todos os continentes. A manutenção dessa inci-
4. VETORES dência zero independe, portanto, da continuidade
da aplicação das medidas de prevenção.

u Definição: inseto ou qualquer portador vivo que


transporta um agente infeccioso. O agente pode 6. ENDEMIA, EPIDEMIA
ou não se desenvolver, propagar ou multiplicar E PANDEMIA
dentro do vetor. Os vetores podem ser classifi-
cados como mecânicos ou biológicos.
W Mecânicos: simples traslado do agente infec- 6.1. ENDEMIA
cioso por um inseto, por contaminação de suas
patas ou pela passagem por seu trato intesti- u Definição: Presença regular e constante de uma
nal, por exemplo, sem haver multiplicação ou doença em determinado território.
desenvolvimento cíclico do microrganismo.
W Biológicos: o agente deve propagar-se e/ou desen- DICA
 Se a incidência da doença naquele ano está
volver-se ciclicamente no vetor antes que possa
seguindo seu padrão habitual, então há um com-
transmitir a forma infectante ao ser humano. portamento endêmico.

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5. CONTROLE DAS DOENÇAS 6.1.1. O nível endêmico

u Podemos explicar o que é uma endemia de forma


u Controle: reduzir ou regular a incidência/preva- gráfica. Observe o gráfico a seguir:
lência de uma doença.

Gráfico 1. Comportamento Endêmico.

Fonte: Adaptado de Bortman.1

88
Endemia e epidemia Cap. 5

u A faixa vermelha mais clara (segunda de baixo para na zona de alerta. Ou seja, se a doença, naquele
cima) mostra a variação normal de uma doença ano, cursar com um comportamento dentro da
ao longo das semanas do ano. Essa zona está faixa de variação esperada, ela está apresentan-
descrita como zona de segurança. Claramente, do um comportamento endêmico.
há menos casos da doença entre as semanas u Por outro lado, para termos comportamento epi-
19 e 49. A doença apresenta sazonalidade, mas dêmico, a doença precisa apresentar um número
essa sazonalidade já é esperada, visto que re- de casos maior do que 1,96 desvios-padrão do
flete seu comportamento habitual. Se a doença seu comportamento endêmico (geralmente ar-
apresentar valores abaixo do esperado, ela entra redondamos para 2 desvios-padrão), como de-
na zona de controle. Se apresentar acima, entra monstrado na figura a seguir:

Figura 2. Diagrama de Controle.

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Fonte: Waldman.2

u Os gráficos utilizados para definir o nível endê- comportamento endêmico, temos uma epide-
mico e o limiar epidêmico são chamados de Dia- mia. Esse valor é chamado de limiar epidêmico.
gramas de Controle. u Como calculamos o nível endêmico esperado
para a doença naquele ano? Simplesmente faze-
6.2. EPIDEMIA mos uma média da incidência daquela doença
nos últimos 10 anos (podemos dividir por sema-
u Definição: Elevação progressivamente crescente, na epidemiológica, mês, trimestre etc.). Excluí-
inesperada e descontrolada dos coeficientes de mos dessa conta, entretanto, os anos em que a
incidência de determinado agravo. doença apresentou comportamento epidêmico.
Após essa média, consideramos como compor-
u Como visto, existe uma forma gráfica e mate-
tamento endêmico se o número de casos estiver
mática de entender o que é uma epidemia. Se o
dentro da faixa de 1,96 desvios-padrão para cima
número de casos da doença cruzar aquele valor
ou para baixo, e comportamento epidêmico se
limítrofe de 1,96 desvios-padrão acima do seu
tiver cruzado o limiar epidêmico.

89
Endemia e epidemia Epidemiologia

6.2.1. Características de uma epidemia u Egressão: todo o intervalo que envolve a elevação
(progressão), a incidência máxima e a redução
u Progressão: período que corresponde à fase ini- de casos (regressão). Ou seja, a egressão se ca-
cial do processo de elevação do número de casos racteriza a partir do momento em que o número
até a incidência máxima. de casos cruzou o limiar epidêmico até o retorno
u Regressão: última fase na evolução de uma epi- ao comportamento endêmico.
demia, representando redução do número de u Esses conceitos podem ser visualizados na Cur-
casos após a incidência máxima. va Epidêmica, demonstrada a seguir:
u Incidência máxima: o famoso “pico” da epidemia.
Corresponde ao momento com maior número de
casos novos da doença por intervalo de tempo.

Figura 3. Curva Epidêmica.

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Fonte: Gonçalves.3

6.2.2. Tipos de epidemia u Epidemia de fonte comum: fator extrínseco vei-


culado por alimento ou água contaminados, por
u Epidemia explosiva: apresenta uma progressão exemplo, conferindo um crescimento abrupto.
muito acelerada, refletindo alta velocidade de
propagação. 6.2.3. Surto epidêmico
u Epidemia lenta: muito tempo é decorrido para
que se alcance a incidência máxima, refletindo u Definição: “epidemia de proporções reduzidas”.
baixa velocidade de propagação. Podemos caracterizar como uma ocorrência
epidêmica em local muito restrito, como escola,
u Epidemia progressiva ou propagada: transmissão
rua ou bairro.
pessoa a pessoa, ou seja, transmissão direta, o
que confere uma transmissão sustentada e com
crescimento mais linear.

90
Endemia e epidemia Cap. 5

6.3. PANDEMIA

u Definição: Epidemia de grandes proporções,


que se espalha a vários países, em mais de dois
continentes.

DICA
 Epidemia não significa mais casos do que
endemia. Podemos ter a dengue com milhares de
casos apresentando comportamento endêmico
e a raiva humana com centenas apresentando
comportamento epidêmico. Lembre-se sempre
dos conceitos. Em nenhum momento falamos em
quantidade absoluta de casos sendo determinante.

REFERÊNCIAS

1. Bortman M. Módulo de Princípios de Epidemiologia para


o Controle de Enfermidades (MOPECE). 1999.
2. Waldman EA, Saro APS. Departamento de Epidemiologia
[Internet]; 2020. [acesso em 6 set. 2020]. Disponível em:

pedro_abrantes@hotmail.com | 52a2c9f2-9e09-4485-b388-bb945d0849a1
www.edisciplinas.usp.br.
3. Gonçalves MW. Processo Endêmico e Epidêmico. Pontifí-
cia Universidade Católica de Goiás. Slides de PowerPoint.
[Internet]; 2020. [acesso em 5 set. 2020]. Disponível em:
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/
arquivosUpload/18497/material/Aula%2008.%20Epide-
mia%20e%20Endemia.pdf.
4. Organização Pan-Americana da Saúde Módulos de Prin-
cípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades.
Módulo 2: Saúde e doença na população / Organização
Pan-Americana da Saúde. Brasília: Organização Pan-A-
mericana da Saúde; Ministério da Saúde, 2010.
5. Ministério da Saúde (BR). Guia de Vigilância em Saúde:
volume único [recurso eletrônico]. 3. ed. Brasília: Ministério
da Saúde; 2019.
6. Rouquayrol MZ, Silva MGC. Rouquayrol epidemiologia &
saúde. 7. ed. Rio de Janeiro: MedBook; 2013.

91
Endemia e epidemia Epidemiologia

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 Questão 3

(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2021) No verão 2014-2015,
ESTADUAL – 2016) Os dados sobre morbidade são uti- observou-se no Brasil a emergência de um agente
lizados, preferencialmente, para avaliação do nível infeccioso até então não descrito nas Américas, o
de saúde e da necessidade de adoção de medidas vírus Zika. A maioria das infecções é assintomáti-
para melhorar a qualidade de vida. Sendo assim, ca. Os quadros sintomáticos caracterizam-se pela
assinale a alternativa INCORRETA. presença de exantema morbiliforme e hiperemia
de conjuntivas, de curta duração, e frequentemente
A incidência traduz a ideia de intensidade da
sem febre. Um estudo realizado em Salvador (BA)
morbidade em uma população em um determi-
estimou que 70% da população foi infectada na
nado momento.
primeira onda epidêmica. Cerca de um ano após
A prevalência descreve a força com que subsis- a emergência, descreveu-se no país o quadro da
tem as doenças em coletividades. síndrome congênita pelo vírus Zika, resultante da

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A epidemia propagada é a ocorrência de doen- transmissão vertical. A síndrome congênita carac-
ças por uma fonte comum. teriza-se pelo intenso comprometimento da neuro-
A epidemia explosiva é aquela que apresenta rá- gênese, resultando em microcefalia, hidrocefalia,
pida progressão, atingindo a incidência máxima hipoplasia do cerebelo, dilatação ventricular, com-
em curto período. prometimento oto-oftalmológico e artrogripose.
As propriedades de infectividade, patogenicidade
A melhoria dos meios de transporte no mundo
e virulência do vírus Zika podem ser classificadas
tem favorecido o aparecimento de pandemias.
respectivamente como:

Questão 2
Alta, baixa, alta.
Alta, alta, alta.
(USP-SP R1 – PROVA OBJETIVA, 2019) Qual instrumento me-
todológico é utilizado em Vigilância Epidemiológica Baixa, alta, baixa.
para definir a existência ou não de uma epidemia? Baixa, baixa, alta.

Comparação da prevalência com municípios


vizinhos Questão 4
Comparação da incidência com municípios vi-
(SECRETARIA DE SAÚDE DE GOIÁS, 2020) Refere-se à pre-
zinhos
sença usual de uma doença, dentro dos limites
Busca ativa de casos utilizando visitas domici- esperados, em uma determinada área geográfica,
liares por um período de tempo limitado. Esse fenôme-
Construção de um diagrama de controle no ocorre quando há uma constante renovação de

92
Endemia e epidemia Cap. 5

comunidade, exposição múltipla e repetida a um às endemias e epidemias, assinale a alternativa


determinado agente, isolamento relativo sem des- correta:
colamento importante da população em uma zona
territorial. Trata – se do conceito de: Endemicidade é a média aritmética das incidên-
cias brutas ou trabalhadas, ocorridas nos meses
endemia. de mesma denominação.
epidemia. Incidência mensal média é a intensidade de ca-
surto. ráter endêmico de determinada doença, em de-
terminado lugar e intervalo cronológico.
variação irregular.
Faixa endêmica é o espaço nos limites do qual
as medidas de incidência podem flutuar sem que
Questão 5 se possa inferir ter havido alteração sistêmica.

(SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE GOIÁS, 2020) Em um O diagrama de controle é um instrumento gráfico


surto epidêmico, ao se dividir o número de casos utilizado para o acompanhamento das epidemias
novos da doença pelo número de indivíduos expos- instaladas nas populações.
tos, tem-se o resultado:
Questão 8
do coeficiente de seguimento.
da densidade de incidência. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, 2019) Como pode
do risco relativo. ser estabelecido o limite superior da faixa endêmica
ou limite epidêmico em um diagrama de controle
da taxa de ataque.
de ocorrência de um agravo/doença, para cada se-
mana epidemiológica?

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Questão 6
Incidência média observada nos últimos anos.
(PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO, CAMPUS Incidência máxima observada nos últimos anos.
SOROCABA, 2020) Assinale a alternativa que melhor de- Incidência média observada nos últimos anos,
fine o conceito de endemia: acrescida de 1,96 desvio-padrão das incidências
Ocorrência de uma doença infecciosa, contagio- observadas.
sa, de extensão rápida em uma certa população. Incidência máxima observada nos últimos anos,
acrescida de 1,96 desvio-padrão das incidências
Epidemia generalizada, afetando praticamente
observadas.
todo o mundo.
Incidência mínima observada nos últimos anos,
Presença constante de uma doença em deter-
acrescida de 1,96 desvio-padrão das incidências
minada zona geográfica.
observadas.
Série de vários surtos epidêmicos.

Questão 9
Questão 7
(INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL – 2018)
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO ANTÔNIO DE MORAES – Em 11 de novembro de 2015, o Ministério da Saúde
2018) Ausência ou presença de agravos estão rela- decretou a epidemia do vírus Zika como Situação
cionadas a uma dinâmica de fatores sociais, am- de Emergência em Saúde Pública de Importância
bientais e políticos que determinam as caracterís- Nacional. O coeficiente que se eleva durante um
ticas do processo saúde/doença. Nessa definição surto epidêmico de uma doença aguda é a:
de características, se estabelecem as endemias
e epidemias. Sobre as definições relacionadas letalidade.

93
Endemia e epidemia Epidemiologia

mortalidade.
incidência.
virulência.
frequência.

Questão 10

(SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO PAULO, 2019) Con-


ceitua-se epidemia, para fins de vigilância epide-
miológica, como a ocorrência de:

um número de casos de uma doença acima do


esperado, para um determinado período e local.
um grande número de casos confirmados de uma
doença em um determinado local de um país.
um grande número de casos de uma doença
por um período de pelo menos três meses con-
secutivos.
um grande número de casos de uma doença
por um período de pelo menos seis meses con-
secutivos.

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94
Endemia e epidemia Cap. 5

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: consiste na medida de gravidade da doença, que


para adultos é baixa, porém pode causar sequelas
Comentário: Questão simples e com alternativas
graves no caso de infecção congênita.
conceituais, que pede a INCORRETA.
Epidemias propagadas ocorrem com transmissão
✔ RESPOSTA: 
pessoa-pessoa ou por vetores, caracterizando-se
por demorarem de atingir a incidência máxima. Questão 4 DIFICULDADE:
✔ RESPOSTA: 
Comentário: Esses conceitos epidemiológicos são
fundamentais para entendermos a maneira como
Questão 2 DIFICULDADE: determinadas doenças atingem a população, va-
mos revisá-los:
Comentário: Existe uma representação gráfica e
matemática que nos permite definir se há uma epi- Alternativa A: CORRETO. A endemia diz respeito à
ocorrência de uma doença dentro de um número

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demia. Essa representação é o Diagrama de Con-
trole. Há uma variação esperada na incidência de esperado de casos para determinada região, na-
determinado agravo. Se houver uma variação com quele período, baseando-se na média histórica de
incidência acima de 1,96 desvios-padrão da inci- sua ocorrência.
dência esperada (limiar epidêmico), determinamos Alternativa B: INCORRETO. A epidemia diz respeito
que há uma epidemia. ao aumento do número de casos de uma doença
além do esperado em uma região.
✔ RESPOSTA: 
Alternativa C: INCORRETO. O surto diz respeito ao au-
mento do número de casos de uma doença além
Questão 3 DIFICULDADE:
do esperado em um local específico e delimitado
Comentário: Questão sobre conceitos básicos em (bairro, escola).
processos endêmicos e epidêmicos. Tivemos então Alternativa D: INCORRETO. Esse termo não é habi-
um novo agente etiológico que afetou, aproximada- tualmente utilizado na epidemiologia, porém cor-
mente, 70% da população na primeira onda epidêmi- responde, como o nome sugere, a uma variação
ca e, após cerca de um ano, foi descrita a síndrome não esperada no número de casos.
congênita pelo vírus Zika oriundo da transmissão ✔ RESPOSTA: 
vertical. A questão pergunta sobre a infectividade,
patogenicidade e virulência do Zika. Infectividade
consiste na capacidade do agente invadir e infec- Questão 5 DIFICULDADE:
tar, logo em relação ao Zika é alta. Patogenicidade
é capacidade de produzir doença (sintomáticos/ex- Comentário: vamos analisar os conceitos:
postos), e o próprio enunciado já nos diz que é baixa Alternativa A: INCORRETO. O coeficiente de segui-
quando relata que a maioria é assintomática. A única mento não é uma razão comumente utilizada na
alternativa possível, portanto, é a letra A. Virulência epidemiologia.

95
Endemia e epidemia Epidemiologia

Alternativa B: INCORRETO. A densidade de incidência meses de igual denominação, é a Incidência Mensal


é calculada pela razão entre o número de pessoas Média. Endemicidade é descrita como a intensidade
que adoeceram em um período e a soma de todos do caráter endêmico de determinada doença em
os períodos livres de doença para todos os partici- determinados lugar e período.
pantes do estudo. É a densidade de incidência que Alternativa B: INCORRETA. Veja a alternativa A.
nos fornece as variáveis “pessoa-tempo”.
Alternativa C: CORRETA. Essa faixa pode ser ilustrada
Alternativa C: INCORRETO. O risco relativo é calculado em um diagrama de controle.
pela razão entre incidência em expostos e incidên-
Alternativa D: INCORRETA. O diagrama de controle é
cia em não expostos.
um gráfico que serve para o acompanhamento da
Alternativa D: CORRETO. A “taxa de ataque” pode ser evolução dos coeficientes de incidência ao longo
calculada como o número de pessoas afetadas do tempo, não apenas em períodos de epidemia.
dividido pelo número de pessoas expostas, repre-
sentando a taxa de incidência em uma situação de
✔ RESPOSTA: 
surto ou epidemia.
✔ RESPOSTA:  Questão 8 DIFICULDADE:

Comentário: A faixa endêmica em um diagrama de


Questão 6 DIFICULDADE: controle é a faixa que compõe 95% dos resultados
em torno da média dos últimos 10 anos. Essa faixa
Comentário: A endemia refere-se à presença habitual de 95% corresponde a aproximadamente 2 desvios-
de uma doença, dentro dos limites esperados, em -padrão (=1,96) de distância da média.
determinado território e período.
✔ RESPOSTA: 
Alternativa A: INCORRETA. Essa alternativa está mais
próxima do conceito de epidemia, definida como

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uma elevação crescente e acima do esperado da Questão 9 DIFICULDADE:
incidência de uma determinada doença em deter-
minado período e espaço geográfico. Comentário: Epidemia é a elevação súbita do núme-
ro de casos de uma doença acima do esperado em
Alternativa B: INCORRETA. Esse é o conceito de pan-
um determinado local e intervalo de tempo.
demia, uma epidemia que afeta simultaneamente
pessoas em muitos países, pertencentes a diferentes Alternativa A: INCORRETA. Letalidade é a proporção
continentes, que atinge acentuadamente essa comu- de mortes causadas pela doença dentre o total de
nidade, quando comparamos com o normal esperado. doentes.
Alternativa C: CORRETA. Alternativa B: INCORRETA. Mortalidade é a propor-
ção de mortes causadas pela doença dentro da
Alternativa D: INCORRETA. Surto epidêmico é uma
população.
forma de ocorrência de epidemia em que dois ou
mais casos estão relacionados, em um período e Alternativa C: CORRETA. Incidência é o número de
espaço delimitados, como bairros, vilas, ou certas casos novos da doença.
populações, como escolas, creches, festas. Alternativa D: INCORRETA. Virulência é capacidade
✔ RESPOSTA:  de produzir casos graves, dada por sua letalidade
e proporção de sequelas.
Alternativa E: INCORRETA. Frequência é uma medida
Questão 7 DIFICULDADE: de ocorrência de determinado evento em determi-
Alternativa A: INCORRETA. A média aritmética das nada situação.
incidências brutas ou trabalhadas, ocorridas nos ✔ RESPOSTA: 

96
Endemia e epidemia Cap. 5

Questão 10 DIFICULDADE:

Comentário: Questão conceitual. A definição epide-


miológica de uma epidemia é que a incidência de
casos da doença esteja superior ao limite do es-
perado com base nas incidências anteriores dos
últimos 10 anos.
Alternativa A: CORRETA.
Alternativa B: INCORRETA. Não é a quantidade de ca-
sos que determina a ocorrência de uma epidemia,
mas sua comparação ao comportamento habitual
da doença.
Alternativa C: INCORRETA. Mais uma vez, não é a
quantidade de casos que determina a ocorrência
de uma epidemia.
Alternativa D: INCORRETA. Vide alternativas B e C.
✔ RESPOSTA: 

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98
HISTÓRIA DO SUS E LEIS Capítulo

ORGÂNICAS DA SAÚDE 6

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u A saúde no Brasil, antes do SUS, era centralizada, privatista, curativista, hospitalocêntrica e excludente.
u A Reforma Sanitária e a VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986 nortearam os princípios que incor-
porariam o SUS.
u Os princípios doutrinários do SUS são Universalidade, Integralidade e Equidade.
u A Lei n. 8080 dispõe sobre o funcionamento do SUS e as competências das diferentes esferas (federal,
estaduais e municipais).
u A Lei n. 8142 dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e a transferência de recursos.

1. A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA 1.2. REPÚBLICA VELHA

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u Condições de saúde:
u As provas cobram pouco, de forma direta, pontos
do apanhado histórico que faremos neste capítulo,
W Mortes por doenças infecciosas.
mas o conhecimento sobre a história da saúde V Febre amarela, Tuberculose, Varíola, Peste,
no Brasil ajuda no entendimento da legislação Cólera, Malária.
do SUS, seus princípios, seu funcionamento etc. W Pouco saneamento básico.
Esses pontos, por sua vez, são cobrados com W Aglomerações urbanas.
certa frequência nas provas.
W Crescimento da indústria.
u A indústria ganhava força e começamos a ter
1.1. DESCOBRIMENTO AO IMPÉRIO
aglomerações em centros urbanos. As demandas
da população, portanto, passaram a ser outras.
u Como eram as condições de saúde da época? Surgiram as primeiras greves e reivindicações
W Falta de saneamento básico. acerca de legislações trabalhistas e previden-
W Mortes por doenças infecciosas. ciárias. Assim surgiram as Caixas de Aposen-
tadorias e Pensões.
u Como era a assistência à saúde?
W Curandeirismo. 1.2.1. Caixas de Aposentadorias
W Medicina liberal. e Pensões (CAPS)
W Medicamentos importados.
u O trabalhador recebia seu salário, separava uma
parte e “depositava” nessas caixas. Esse valor
DICA
 O que é medicina liberal? seria utilizado para cuidados médicos, funerários
Quem tem dinheiro paga um atendimento médico. e para pagamento de aposentadorias dos traba-
lhadores contribuintes daquela empresa. Ou seja,

99
História do SUS e leis orgânicas da saúde Saúde coletiva

a assistência ainda era liberal e excludente, visto 1.4.1. Instituto Nacional de Previdência Social
que só alguns tinham acesso às caixas. Pode-
mos dizer que as CAPS representam o início da u Criado a partir da reforma previdenciária. Apenas
Previdência Social no Brasil. os trabalhadores formais contemplados pelos
antigos IAPS tinham acesso à assistência forne-
W Implementadas pela Lei Eloy Chaves.
cida pelo INPS. Outros trabalhadores precisariam
W Custeavam serviços funerários, urgências e contribuir por fora com um valor superior àquele
medicamentos. cobrado comumente.
W Forneciam assistência para acidentes de tra- u Sobre o INPS:
balho.
W Ainda excludente.
u Além das CAPS e da medicina liberal, as Santas
W Rede de assistência insuficiente.
Casas forneciam alguma assistência aos mais
necessitados, porém em uma abrangência muito W Financiava o setor privado.
menor do que o SUS oferece hoje. W Fornecia verba pública para expansão do se-
u E o Estado? Basicamente se preocupava com tor privado.
algumas medidas de saneamento e vacinação. W Comprava serviços do mesmo setor privado.
W Recursos eram usados para outros fins, como
1.3. ERA VARGAS a ponte Rio-Niterói.
W Descobertas fraudes no uso do dinheiro.
u Marcada por maior centralização política. As u O dinheiro estava sendo mal investido, o que fez
CAPS viraram os Institutos de Aposentadorias com o que INPS ficasse sem verba. Surgiu en-
e Pensões (IAPS). tão o Instituto Nacional da Assistência Médica
e Previdência Social (INAMPS).
1.3.1. Institutos de Aposentadorias

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e Pensões (IAPS) 1.4.2. Instituto Nacional da Assistência
Médica e Previdência Social (INAMPS)
u Agora tínhamos grandes caixas de categorias in-
teiras de trabalhadores. Tornaram-se autarquias u Pouca coisa mudou. “Pacotes” de serviços eram
federais controladas pelo Estado, mas se tratava, contratados do setor privado, que continuava
ainda, do mesmo tipo de assistência. sendo financiado pelo poder público. Fraudes
u CAPS se “aglomeraram” em IAPS. continuaram e o modelo não se sustentou.
u Representavam categorias de trabalhadores (ban- u Por fim, como era o modelo assistencial nesse
cários e comerciários, por exemplo). momento?
u Autarquias federais. W Excludente.
u E a Saúde Pública? W Privatista.
W Combate a doenças transmissíveis. W Hospitalocêntrico.
W Medicina excludente. W Curativista.
W Criação do Ministério da Saúde em 1953 W Centralizado.

1.4. DITADURA MILITAR 1.5. REFORMA SANITÁRIA

u Os IAPS se “unificaram”, tornando-se o Instituto u Movimento ocorrido na década de 1970 que en-
Nacional de Previdência Social (INPS). volveu, além de profissionais da área de saúde,
ampla participação popular. Inicialmente, a mu-
dança no modelo assistencial era o foco. Algumas
das principais mudanças foram as seguintes:

100
História do SUS e leis orgânicas da saúde Cap. 6

W Excludente Universal.
2. AS LEIS ORGÂNICAS DA SAÚDE
W Privatista Participação social.
W Curativista Preventiva.
W Centralizado Descentralização. 2.1. LEI N. 8080/1990

1.6. VIII CONFERÊNCIA u Podemos afirmar que o SUS foi efetivamente


NACIONAL DE SAÚDE criado a partir da Lei n. 8080, em 1990. Essa lei
inicia reforçando o que já tinha sido apresentado
u O principal marco desse movimento foi a VIII na Constituição de 1988:
Conferência Nacional de Saúde de 1986. Sobre W “A saúde é um direito fundamental do ser hu-
essa conferência: mano, devendo o Estado prover as condições
W Houve participação de usuários, não só de indispensáveis ao seu pleno exercício”.
profissionais. u Do que trata essa lei?
W Formulou-se um novo modelo de sistema de W “Dispõe sobre as condições para a promoção,
saúde. proteção e recuperação da saúde, a organiza-
W Saúde como dever do Estado e direito do ci- ção dos serviços correspondentes e dá outras
dadão. providências”.
W Financiamento setorial.
u Estabelece os seguintes deveres do Estado:
W O sistema a ser formulado deve ser nacional
W Reduzir riscos de agravos.
Sistema Nacional de Saúde. W Estabelecer condições para acesso universal,
W Discutiu-se a necessidade de reformar a legis- promoção, proteção e recuperação.
lação vigente e o próprio conceito de saúde. u Determina, também, alguns objetivos do SUS:

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W Identificar fatores determinantes e condicio-
1.7. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 nantes.
W Assistência (promoção, proteção e recupe-
u Estabeleceu a saúde como direito social. ração).
W Direito de todos e dever do Estado. u Estabelece algumas atribuições do sistema:
u Implementou um sistema de saúde nacional, W Vigilância sanitária.
único e organizado. W Vigilância epidemiológica.
u Formulou os princípios, o modelo de financia- W Saúde do trabalhador.
mento e de gestão. W Assistência terapêutica.
W Proteção do meio ambiente.
DICA
 A Constituição estabeleceu que teríamos um u Institui os Princípios do SUS.
sistema unificado e nacional de saúde. O Sistema
Único de Saúde, entretanto, só foi efetivamente 2.1.1. Princípios do SUS
fundado e operacionalizado pelas Leis Orgânicas
da Saúde em 1990 (Lei n. 8080 e Lei n. 8142). u 1. Universalidade: todos têm acesso aos serviços
em qualquer nível de assistência.
u 2. Integralidade: conjunto articulado de ações
e serviços curativos e preventivos, individuais e
coletivos. Basicamente, deve considerar todos
os aspectos que podem influenciar a saúde de
um indivíduo.

101
História do SUS e leis orgânicas da saúde Saúde coletiva

u 3. Autonomia: as pessoas têm autonomia na de- u Complementariedade do setor privado.


fesa de sua integridade física e moral. u Descentralização.
u 4. Igualdade: assistência sem preconceitos ou u Regionalização: busca da melhor disposição e
privilégios. distribuição técnica e espacial dos serviços de
u 5. Direito à informação: as pessoas têm direito saúde. Foco na epidemiologia e nas prioridades
à informação sobre sua saúde. da região.
u 6. Divulgação de informações: sociedade tem u Hierarquização: divisão da assistência em níveis de
direito de saber sobre políticas e serviços. atenção: atenção primária, secundária e terciária.
u 7. Utilização da epidemiologia para estabelecer
prioridades: são os dados da própria população 2.1.2. Da Organização, Direção e Gestão
que devem guiar as ações. u Outras atribuições da Lei n. 8080 dizem respeito
u 8. Participação da comunidade: usuários devem à organização do SUS, tais como:
participar das decisões (melhor explorado na W Determinou os responsáveis em cada esfera.
Lei n. 8142).
V União Ministério da Saúde.
u 9. Descentralização: esferas estaduais e muni-
cipais atuam ativamente.
V Estados Secretarias Estaduais de Saúde.
u 10. Integração saúde-ambiente-saneamento.
V Municípios Secretarias Municipais de
Saúde.
u 11. Conjugação de recursos: conjugação entre
esferas do poder de recursos tecnológicos, fi-
W Iniciou a discussão sobre os consórcios en-
nanceiros, humanos etc. tre municípios (municípios trocando serviços
ou utilizando de uma rede de assistência in-
u 12. Resolubilidade.
terligada).
u 13. Evitar duplicidade de meios: evitar meios di-
Iniciou discussão sobre Comissões e Conse-

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W
ferentes para alcançar a mesma finalidade.
lhos de Saúde (haverá mais detalhamento na
u 14. Atendimento específico para mulheres e ví- Lei n. 8142).
timas de violência.
u O princípio da equidade foi discutido posterior- 2.1.3. Da Competência e Das Atribuições
mente. Por equidade, entende-se a necessidade de
2.1.3.1. Comuns (União, Estados e Municípios)
tratar os diferentes de forma diferente. O objetivo
desse princípio é a redução das desigualdades, u Controle e avaliação da qualidade da assistência.
reconhecendo as diferenças nas condições de
u Gestão de recursos.
vida e de saúde das pessoas, devendo o sistema
ser capaz de atender à diversidade. u Saúde do trabalhador.
u Como são organizados os princípios do SUS? u Proteção ao meio ambiente.

2.1.1.1. Princípios doutrinários 2.1.3.2. União

u Universalidade. u Formular políticas sobre meio ambiente, sanea-


mento, alimentação, trabalho.
u Integralidade.
u Definir e coordenar os sistemas de saúde.
u Equidade.
u Definir normas sobre meio ambiente, trabalho,
2.1.1.2. Princípios organizativos vigilância epidemiológica e sanitária, qualidade
de serviços, produtos e profissionais.
u Participação social. u Promover descentralização.
u Resolubilidade. u Elaborar planejamentos futuros.

102
História do SUS e leis orgânicas da saúde Cap. 6

u Executar vigilância em portos, aeroportos e 2.2.1. As Conferências de Saúde


fronteiras.
u Reunião a cada 4 anos.
u Pode executar ações de vigilância em circuns-
tância especiais (covid-19, por exemplo). u Representação de vários segmentos.
u 50% de usuários do sistema de saúde.
DICA u Avaliar situação de saúde.
 A União basicamente ELABORA e DEFINE.
Lembre-se, entretanto, de que a vigilância de por- u Propor e formular políticas de saúde.
tos, aeroportos e fronteiras é realizada pela União u Convocada pelo poder Executivo.
através da ANVISA. u Extraordinariamente convocada pelos Conse-
lhos de Saúde.
2.1.3.3. Estados u Temos conferências em âmbito municipal, esta-
dual e nacional.
u Descentralização para municípios.
u Apoio técnico e financeiro aos municípios. DICA
 Essa participação de 50% dos usuários é
u Coordenar ações de vigilância epidemiológica o que chamamos de representação paritária de
e sanitária, alimentação e saúde do trabalhador. usuários, ou da comunidade.

DICA
 Os estados, basicamente, AUXILIAM E COOR- 2.2.2. Os Conselhos de Saúde
DENAM.
u Representação de vários segmentos.

2.1.3.4. Municípios
u 50% de usuários do sistema de saúde.
Reuniões mensais.

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u
u Gerir e executar os serviços públicos de saúde. u Formulação de estratégias.
u Controlar e fiscalizar o serviço privado. u Controle da execução das políticas de saúde.
u Temos conselhos em âmbito local, municipal,
DICA
 Os municípios PARTICIPAM E EXECUTAM. estadual e nacional.

2.2.3. O Conselho Nacional de Saúde


2.2. LEI N. 8142/1990
u Representação:
u A Lei n. 8142 de 1990 “Dispõe sobre a participa- W CONASS = Conselho Nacional de Secretários
ção da comunidade na gestão do SUS e sobre as de Saúde.
transferências intergovernamentais de recursos W CONASEMS = Conselho Nacional de Secretá-
financeiros na área da saúde e dá outras provi- rios Municipais de Saúde.
dências”. W 50% de usuários.
u Ou seja, os dois principais pontos dessa lei são:
W Participação da comunidade. 2.3. FUNDO NACIONAL DE SAÚDE
W Transferência de recursos.
u Sobre participação na comunidade: u Além da participação popular, a Lei n. 8142 dis-
u Art. 1º: O SUS contará com: põe sobre algumas regulamentações dos recur-
sos destinados ao SUS. O Fundo Nacional de
W O Conselho de Saúde.
Saúde, por exemplo, foi implementado a partir
W As Conferências de Saúde. dessa lei. É nesse fundo que fica o dinheiro que
deve ser usado para:

103
História do SUS e leis orgânicas da saúde Saúde coletiva

W Despesas de custeio e capital do Ministério 3.1.2. Da participação complementar


da Saúde.
u Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem
W Cobertura de ações e serviços de saúde a serem
insuficientes para garantir a cobertura assisten-
implementados por Municípios, Estados e DF.
cial à população de uma determinada área, o
W Repasse regular e automático. Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer
W 70% devem ser destinados aos municípios. aos serviços ofertados pela iniciativa privada.
u Critérios para repasse desse valor: W Parágrafo único. A participação complemen-
W Perfil demográfico e epidemiológico da po- tar dos serviços privados será formalizada
pulação. mediante contrato ou convênio, observadas,
W Características da rede de saúde na área. a respeito, as normas de direito público.
W Desempenho técnico, econômico e financeiro
u Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entida-
no período anterior. des filantrópicas e as sem fins lucrativos terão
preferência para participar do Sistema Único de
Saúde.

3. SISTEMA DE SAÚDE
DICA
SUPLEMENTAR  Contratos e convênios com entidades com
fins lucrativos não são proibidos, mas devem ser
feitos após a realização desses com entidades
u O setor de saúde suplementar é composto por filantrópicas e sem fins lucrativos.
operadoras de planos privados de assistência à
saúde, por uma rede de prestadores de serviços
(hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios) e 3.2. MARCOS REGULATÓRIOS
pelos beneficiários de planos de saúde.

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u Lei n. 9.656/1998
DICA
 O setor de saúde suplementar não é desvin- W Na década de 1990, o setor suplementar cres-
culado do Sistema Único de Saúde, visto que atua ceu desordenadamente. Isso levou à aprova-
de forma complementar. ção da Lei n. 9.656/1998, que dispõe sobre a
regulamentação dos planos e seguros privados
de assistência à saúde.
3.1. LEI N. 8080 – EM RELAÇÃO
AOS SERVIÇOS PRIVADOS DE
u Lei n. 9.961/2000
ASSISTÊNCIA À SAÚDE W Criação da Agência Nacional de Saúde Suple-
mentar (ANS), autarquia vinculada ao Ministé-
3.1.1. Do funcionamento rio da Saúde que defende o interesse público
na assistência à saúde suplementar.
u Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa W Algumas das competências da ANS são:
privada.
V Definição e regulamentação da conceitua-
u Art. 22. Na prestação de serviços privados de ção de doenças e lesões preexistentes, para
assistência à saúde, serão observados os prin- fins de planos e seguros de saúde.
cípios éticos e as normas expedidas pelo órgão
V Definição de rol de procedimentos de co-
de direção do Sistema Único de Saúde (SUS)
bertura mínima obrigatória.
quanto às condições para seu funcionamento.

104
História do SUS e leis orgânicas da saúde Cap. 6

V Definição de regras para ressarcimento ao


SUS, dos eventos cobertos pelos produtos
comercializados que foram financiados
pelo SUS.
V Definição de faixas etárias para fins de rea-
juste, regulamentando preços em função
da idade.
V Regulamentação dos reajustes nos preços
dos planos de saúde.

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe


sobre as condições para promoção, proteção e recupe-
ração da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. Diário
Oficial da União. 20 set 1990a.
2. Brasil. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispões
sobre a participação da comunidade na gestão do Sis-
tema Único de Saúde – SUS e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da
saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União.
31 dez 1990b. Seção 1; p. 25694.

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3. Chagas J, Torres R. Oitava Conferência Nacional de Saúde:
o SUS ganha forma. EPSJV/FIOCRUZ. [Internet]; 2018.
[acesso em 11 abr. 2021]. Disponível em: http://www.
epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/oitava-conferen-
cia-nacional-de-saude-o-sus-ganha-forma.
4. Menicucci TMG. História da reforma sanitária brasileira e
do Sistema Único de Saúde: mudanças, continuidades e
a agenda atual. História, Ciências, Saúde – Manguinhos.
2014; 21(1): 77-92.
5. Souza RR. O Sistema Público de Saúde Brasileiro. Brasília:
Ministério da Saúde; 2002.
6. Santos NR. SUS 30 anos: o início, a caminhada e o rumo.
Ciênc saúde coletiva [online]. 2018; 23(6): 1729-36.
7. Cohn A. A reforma sanitária brasileira após 20 anos do
SUS: reflexões. Cad Saúde Públ. 2009; 25: 1614-9.
8. Viana A, Dal Poz MR. A reforma do sistema de saúde no
Brasil e o Programa de Saúde da Família. Physis. 2005;
15 Suppl: 225-64.
9. Rolim LB, Cruz RSBLC, Sampaio KJAJ. Participação
popular e o controle social como diretriz do SUS: uma
revisão narrativa. Saúde em debate. 2013; 37: 139-47.

105
História do SUS e leis orgânicas da saúde Saúde coletiva

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 Descentralização com direção única em cada


esfera de governo.
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) A Lei n. 8142 de 1990
define a organização das instâncias de controle so- Atendimento universal, com garantia de acesso
cial que devem ser instituídas pelo Sistema Único a toda a população.
de Saúde nas diferentes esferas de governo. Den- Atendimento integral, com atividades preven-
tre as alternativas abaixo, qual está correta sobre a tivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.
forma de organização dessas instâncias? Equidade da atenção, compondo setor público
e privado.
A Conferência de Saúde deve se reunir a cada
dois anos com a representação dos vários seg-
mentos sociais, para avaliar a situação de saú- Questão 3
de, deliberar e constituir a política de saúde nos
níveis correspondentes. (SES-PE, 2018) Um conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços preventivos, curativos, individuais

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O controle Social relacionado ao SUS é centrado
nas ouvidorias, responsáveis pelas sugestões e e coletivos, exigidos para cada caso em todos os
críticas de usuários nos serviços. Elas têm papel níveis de complexidade do sistema, é um princípio
estratégico na participação efetiva da população, do SUS conhecido como:
por constituir um canal de comunicação acessível. Universalidade.
Os Conselhos de Saúde são órgãos permanen-
Integralidade.
tes e deliberativos e se organizam em colegia-
dos compostos por representantes do governo, Igualdade.
prestadores de serviço, profissionais de saúde Equidade.
e usuários. Atuam na formulação de estratégias Descentralização.
e no controle da execução da política de saúde.
Os conselhos de Saúde são instâncias de con-
Questão 4
trole social ligado ao legislativo de cada esfera
de governo. Tem o papel de regular o acesso da (UNIFESP, R1 – PROVA OBJETIVA, 2020) Com base nos pre-
população aos serviços, participar ativamente da ceitos que regulamentam a saúde na Constituição
gestão do sistema de saúde e analisar a política Federal de 1988, assinale a alternativa correta.
nos aspectos econômicos e financeiros.
Em caso de acidentes de trabalho, o acesso às
ações de saúde para a recuperação é condicio-
Questão 2
nado à contribuição para a seguridade social.
(USP-SP R1 – PROVA OBJETIVA, 2019) Assinale a alternati- Desempregados e imigrantes têm acesso so-
va que corresponde a uma diretriz organizativa e mente aos serviços filantrópicos conveniados
constitucional do SUS. com o Sistema Único de Saúde.

106
História do SUS e leis orgânicas da saúde Cap. 6

Todos os imigrantes domiciliados no Brasil têm periódicos para prestar contas das ações executadas
direito à assistência à saúde por meio do Siste- e dos recursos financeiros aplicados durante deter-
ma Único de Saúde. minado período. Considerando o controle social do
A responsabilidade do Estado é circunscrita à SUS, identifique a instância colegiada responsável
atenção à saúde das populações carentes. pela avaliação e aprovação dos relatórios de gestão:
Estrangeiros (turistas ou visitantes a trabalho) Conferência Municipal de Saúde, composta por
não podem ter assistência à saúde por meio do 50% de gestores.
Sistema Único de Saúde.
Conferência Municipal de Saúde, composta por
50% de usuários.
Questão 5 Conselho Municipal de Saúde, composto por
50% de gestores.
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL, 2021) A regulamentação e a coordenação Conselho Municipal de Saúde, composto por
do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica 50% de usuários.
no Brasil são de responsabilidade:

direta do Ministério da Saúde. Questão 8

direta do Ministério da Saúde e das secretarias (CASA DE SAÚDE NOSSA SENHORA DO CARMO/RJ – 2015) Uma
estaduais de saúde. característica marcante do período pré-SUS foi a
direta da Agência Nacional de Vigilância Sani- existência de Caixas de Aposentadorias e Pensões
tária (Anvisa). (CAPs). Comparando esse momento com o momen-
indireta do Ministério da Saúde. to atual, pós-constituição do SUS, é possível afirmar:

indireta da Anvisa. A assistência à saúde no período anterior ao SUS

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se concentrava nos hospitais e cada categoria
profissional possuía seu instituto de referência.
Questão 6
A garantia do acesso universal ao usuário man-
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2021) Uma paciente HIV- teve-se ao longo do tempo, diferindo apenas o
-positiva está em tratamento e tem um plano de tipo de oferta de serviço de saúde.
saúde oferecido pela empresa na qual trabalha. Ela
As medidas de prevenção à saúde não estavam
é acompanhada por infectologista em consultório
incluídas no período anterior à constituição das
particular e realiza exames cobertos por seu convênio
Caixas de Aposentadoria e Pensões.
médico. Todos os meses, a paciente retira gratuita-
mente medicamentos antirretrovirais dispensados A integralidade era uma preocupação já existente
por serviço público de referência do Sistema Único desde o período das Caixas de Aposentadorias
de Saúde (SUS). Qual é o princípio do SUS que ga- e Pensões, mas sua materialização se dava no
rante às pessoas o acesso a esses medicamentos? contexto hospitalar.

Equidade.
Questão 9
Ressarcimento.
Universalidade. (PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG, 2019) Sobre a cons-
trução da Regionalização e de Redes de Atenção à
Hierarquização.
Saúde no SUS, assinale a afirmativa INCORRETA:

A construção de várias redes temáticas articu-


Questão 7
ladas em linhas de cuidado é priorizada em de-
(PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG, 2019) As Secretarias trimento da constituição de uma única rede de
Municipais de Saúde preparam relatórios de gestão atenção à saúde.

107
História do SUS e leis orgânicas da saúde Saúde coletiva

A regionalização é instrumento de integração dos


fluxos assistenciais e se desenvolveu concomi-
tantemente com a descentralização no processo
de implementação do SUS.
As características demográficas, econômicas,
políticas e sociais devem ser consideradas na
construção de políticas de regionalização e de
constituição de redes de atenção à saúde.
As redes de atenção à saúde são organizações
de conjuntos de serviços de saúde que se co-
locam no mesmo nível e são coordenadas pela
atenção primária à saúde.

Questão 10

(HOSPITAL ADVENTISTA SILVESTRE/RJ – 2018) A Lei n. 8142


de 1990 dispõe sobre:

A participação da comunidade na gestão do Sis-


tema Único de Saúde (SUS) e sobre as transfe-
rências intergovernamentais de recursos finan-
ceiros na área da saúde e dá outras providências.
A participação do sistema privado na saúde pú-
blica através dos planos de saúde, as condições

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para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos ser-
viços correspondentes e dá outras providências.
A participação dos profissionais da área da saúde
para a construção das leis estaduais e que serão
executadas pelos hospitais federais e municipais.
A criação dos conselhos municipais, estaduais
e federais para as decisões que envolvem a ela-
boração de leis a serem praticadas pelas três
esferas do governo.

108
História do SUS e leis orgânicas da saúde Cap. 6

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: Alternativa D: INCORRETA. Equidade significa tratar


os diferentes de forma diferente, priorizando sem-
Comentário: O Controle Social, segundo a Lei n.
pre os que mais necessitam.
8142/1990, se dá, principalmente, através dos Con-
selhos e das Conferências de Saúde. Alternativa E: INCORRETA. Por descentralização en-
tendemos a atuação ativa das esferas estaduais e
Alternativa A: INCORRETA. As Conferências de Saúde
municipais.
se reúnem a cada 4 anos.
✔ RESPOSTA: 
Alternativa B: INCORRETA. O Controle social se dá
através dos Conselhos e das Conferências de Saúde.
Alternativa C: CORRETA. Questão 4 DIFICULDADE:

Alternativa D: INCORRETA. Os Conselhos de Saúde não Alternativa A: INCORRETA. O acesso é universal, não
são ligados ao legislativo de cada esfera de governo. sendo mais condicionado à contribuição para a
✔ RESPOSTA:  seguridade social.

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Alternativa B: INCORRETA. O acesso é universal, abran-
DIFICULDADE:
gendo desempregados e imigrantes, que podem ser
Questão 2
atendidos em toda a rede do SUS.
Comentário: Universalidade, Integralidade e Equida- Alternativa C: CORRETA. Não são apenas os imigran-
de são os princípios fundamentais, ou doutrinários. tes domiciliados no Brasil que têm direito à assis-
Respostas B, C e D, portanto, são falsas. A descen- tência pelo SUS, mas não é isso que a alternativa
tralização é um dos princípios organizativos do SUS. está dizendo. É correto afirmar que todos os imi-
✔ RESPOSTA:  grantes domiciliados no Brasil têm direito à assis-
tência pelo SUS.
Alternativa D: INCORRETA. Todos têm acesso ao SUS,
Questão 3 DIFICULDADE:
não havendo limitação aos mais carentes.
Comentário: A questão nos traz uma ótima definição Alternativa E: INCORRETA. Estrangeiros podem ter
do conceito de integralidade, que nada mais é do assistência pelo SUS.
que tratar o indivíduo como um todo desde a pre- ✔ RESPOSTA: 
venção até a cura e reabilitação.
Alternativa A: INCORRETA. Universalidade: o paciente
tem acesso universal ao SUS, ou seja, todos serão Questão 5 DIFICULDADE:

atendidos.
Comentário: Temos que ler a Lei n. 8080 com cui-
Alternativa B: CORRETA. dado. Sugerimos tirar 10 minutos por dia, durante
Alternativa C: INCORRETA. O princípio da Igualdade uma semana, para ler com atenção a Lei n. 8080.
prega por uma assistência à saúde prestada sem Muitas respostas sobre funcionamento do SUS e
preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. atribuições dos órgãos competentes estão nessa lei.

109
História do SUS e leis orgânicas da saúde Saúde coletiva

A Lei n. 8080, em seu artigo 16, estabelece algumas Questão 8 DIFICULDADE:


das competências da direção nacional do SUS, ou
seja, do Ministério da Saúde. Entre essas atribui- Comentário: No período pré-SUS, a medicina era
ções está: excludente. Especificamente durante o início do
século XX, em que o modelo de saúde envolvia as
“III – definir e coordenar os sistemas: c) de vigi-
Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPS), tra-
lância epidemiológica.” Ou seja, a coordenação
balhadores formais de determinadas categorias
do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica
contribuíam com parte do seu salário para essas
(SNVE) é de responsabilidade direta do Ministério
Caixas. Caso houvesse necessidade de algum in-
da Saúde.
ternamento ou consulta, o valor seria pago a partir
✔ RESPOSTA:  do montante disponível.
Alternativa A: CORRETA.
Questão 6 DIFICULDADE: Alternativa B: INCORRETA. Não havia garantia de
acesso universal.
Comentário: Questão tranquila sobre os princípios do
Alternativa C: INCORRETA. As medidas de prevenção
SUS. Traz o caso de uma paciente HIV positiva que
também não estavam incluídas após a constituição
faz seu acompanhamento com médico particular,
das CAPS. Sabemos que essa alternativa não está
porém faz uso dos antirretrovirais disponíveis pelo
100% clara, mas a alternativa A continua sendo a
SUS. Que princípio representa esse acesso a todas
melhor resposta disponível.
as pessoas, independente de ter ou não convênio?
A universalidade. Alternativa D: INCORRETA. Não havia a preocupação
com a integralidade.
✔ RESPOSTA: 
✔ RESPOSTA: 

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Questão 7 DIFICULDADE:
Questão 9 DIFICULDADE:
Comentário: Questão sobre a Lei n. 8.142 de 1990,
que é bem clara quando fala que “§ 4º A represen- Comentário: O enunciado pede a alternativa INCOR-
tação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Con- RETA.
ferências será paritária em relação ao conjunto dos Alternativa A: CORRETA.
demais segmentos.” Ou seja, tanto nos Conselhos Alternativa B: INCORRETA. Enquanto que a descentra-
quanto nas Conferências temos 50% de participa- lização (gestão única em cada esfera do governo)
ção de usuários. já começou a ser implementada desde o início do
Além disso, os propósitos das conferências de SUS nos anos 1990, a regionalização só foi começar
saúde são “avaliar a situação de saúde e propor as na prática com a definição, pelo Decreto n. 7.508 de
diretrizes para a formulação da política de saúde 2011, das Comissões Intergestores e das Regiões
nos níveis correspondentes” de Saúde: “espaço geográfico contínuo constituído
Já o conselho de saúde “atua na formulação de por agrupamento de municípios limítrofes, delimita-
estratégias e no controle da execução da política do a partir de identidades culturais, econômicas e
de saúde na instância correspondente, inclusive sociais e de redes de comunicação e infraestrutura
nos aspectos econômicos e financeiros”. de transportes compartilhados, com a finalidade de
integrar a organização, o planejamento e a execu-
Mesmo que você não se lembrasse dessas atribui-
ção de ações e serviços de saúde”.
ções, bastava saber que as conferências só ocorrem
a cada quatro anos, então não seria viável avaliar Alternativa C: CORRETA.
e aprovar os relatórios de gestão nesse espaço. Alternativa D: CORRETA.
✔ RESPOSTA:  ✔ RESPOSTA: 

110
História do SUS e leis orgânicas da saúde Cap. 6

Questão 10 DIFICULDADE:

Comentário: A Lei n. 8142, nas suas disposições, inicia


seu texto com o mesmo trecho descrito na alterna-
tiva A: “Dispõe sobre a participação da comunidade
na gestão do SUS e sobre as transferências inter-
governamentais de recursos financeiros na área da
saúde e dá outras providências”. Devemos sempre
lembrar os 2 principais pontos dessa lei: Participa-
ção da comunidade e Transferência de Recursos.
✔ RESPOSTA: 

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111
Fixe seus conhecimentos!

FIXE SEU CONHECIMENTO COM FLUXOGRAMAS

Use esse espaço para construir fluxogramas e fixar seu conhecimento!

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FIXE SEU CONHECIMENTO COM MAPAS MENTAIS

Use esse espaço para construir mapas mentais e fixar seu conhecimento!

112
FINANCIAMENTO E Capítulo

FUNCIONAMENTO DO SUS 7

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Bloco de custeio tem como finalidade manutenção dos serviços e ações já vigentes.
u Bloco de investimentos tem como finalidade aquisição de equipamentos e realização de obras.
u A lei complementar 141 (Antes chamada Emenda Constitucional 29) estabeleceu que os gastos da União
com saúde seriam iguais aos do ano anterior acrescidos da variação do PIB.
u A NOB 91 forneceu instruções para o retorno temporário a uma gestão centralizada na esfera federal.
u A NOB 93 regulou o processo de descentralização e regulamentou as comissões intergestores.
u A NOB 96 instituiu o piso da atenção básica e os modelos de gestão municipal da atenção básica.

1. FINANCIAMENTO DO SUS 1.3. APLICAÇÃO DOS RECURSOS

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u Várias emendas e leis diferentes foram criadas
1.1. CONSTITUIÇÃO DE 1988 ao longo do tempo. Vamos focar nas mais im-
portantes e naquelas que se mantêm em vigor.
u Art. 198, § 1º: “O sistema único de saúde será fi-
nanciado, nos termos do art. 195, com recursos 1.3.1. Portaria n. 3.992/2017
do orçamento da seguridade social, da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
u Estabeleceu os seguintes blocos de recursos:
pios, além de outras fontes”. W Bloco de custeio.
W Bloco de investimento.
1.2. FONTES DE RECURSOS W Antes, o município recebia a verba já destinada
para determinado serviço, como saneamento,
u CPMF: Imposto sobre transações econômicas assistência na atenção básica, farmácias etc.
que era destinado à saúde. Esse imposto não Não havia, portanto, autonomia dos municípios
existe mais. para a aplicação dos recursos.
u COFINS: Contribuição sobre o faturamento das
empresas. DICA
 A divisão da alocação dos recursos em apenas
u CSLL: Contribuição sobre o lucro líquido das dois blocos conferiu aos municípios maior liberdade.
empresas.
u Seguridade Social: Contribuição para aposenta- u Para que servia cada um desses blocos?
dorias e pensões. u Bloco de custeio.
W Manutenção das ações e serviços já vigentes.

113
Financiamento e funcionamento do SUS Saúde coletiva

W Funcionamento dos órgãos e estabelecimen- W Assistência à saúde que não seja universal.
tos onde tais serviços ocorrem. W Saneamento básico.
W É vedado usar recursos desse bloco para: W Limpeza urbana.
V Servidores. W Obras de infraestrutura.
V Gratificações. W Ações de assistência social.
V Assessorias ou consultorias. W Preservação do meio ambiente.
V Obras.
u Bloco de investimentos. DICA
 No caso da Emenda Constitucional 29 e da Lei
W Aquisição de equipamentos. 141, é importante lembrar seus números. Algumas
W Obras. provas cobram diretamente “Segundo a EC 29” ou
“Segundo a Lei Complementar 141”.
W É vedado usar os recursos desse bloco para:
V Órgãos e unidades voltados para atividades
administrativas. 1.6. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 95/2016

1.4. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 29/2000 u Estabeleceu que o repasse da União siga a se-
guinte fórmula:
u A Emenda Constitucional n. 29 estabeleceu o W Valor investido no ano anterior + valor do IPCA
seguinte: (inflação).
W Percentuais mínimos para cada esfera de go-
verno no que diz respeito à alocação de recur- DICA
 No momento, é a EC n. 95 que está em vigor,
sos para a saúde.
não a lei complementar 141. Mesmo assim, a lei

pedro_abrantes@hotmail.com | 52a2c9f2-9e09-4485-b388-bb945d0849a1
W O valor de responsabilidade da União iria au- complementar 141 continua sendo cobrada em
mentar junto com a variação do PIB. provas.
W O valor de responsabilidade dos Estados e
Municípios iria variar conforme uma tabela
preestabelecida. 1.7. O FINANCIAMENTO NA
ATENÇÃO BÁSICA

1.5. LEI COMPLEMENTAR N. 141/2012


1.7.1. Piso da Atenção Básica Fixo (PAB fixo)

u Os percentuais estabelecidos pela Emenda 29 u Valor baseado per capita (valor fixo para cada
nunca foram efetivamente postos em prática. A Lei pessoa do município).
n. 141 veio para, finalmente, iniciar esse modelo. u Outras variáveis sociais (esse valor vai depender
u O que a lei estabelecia: de condicionantes sociais do município).
W União teria de investir em saúde o mesmo do
ano anterior + variação do PIB. 1.7.2. Piso da Atenção Básica
Variável (PAB variável)
W Estados aumentam sua proporção de gastos
com saúde por 5 anos até atingirem 12%. u Valor destinado para estratégias específicas.
W Municípios aumentam sua proporção de gas-
tos com saúde por 5 anos até 15%. 1.7.3. Piso da Atenção Básica
u Essa lei também estabeleceu que deixam de ser ampliado (PAB ampliado)
considerados despesas com a saúde os seguintes: u Procedimentos mais específicos.
W Pagamento de aposentadorias e pensões. u Não existe mais.

114
Financiamento e funcionamento do SUS Cap. 7

DICA
2.2. NORMA OPERACIONAL
 Importante lembrar que o PAB fixo depende BÁSICA N. 93 (NOB 93)
da quantidade de pessoas no município e que o PAB
variável é destinado para estratégias específicas
(combate à violência contra a mulher, saúde bucal,
u A municipalização é efetivada a partir da NOB
saúde do idoso etc.). 93, que:
W Regula o processo de descentralização.
W Regulamenta a criação da Comissão Inter-
1.7.4. Previne Brasil
gestores Tripartite.
u Em 12 de novembro de 2019, a portaria n. 2.979 V A Comissão Intergestores Tripartite é com-
do Ministério da Saúde instituiu o programa Pre- posta pelo Ministério da Saúde, CONASS
vine Brasil, que estabelece um novo modelo de (Conselho Nacional de Secretários de Saú-
financiamento de custeio da Atenção Primária à de) e CONASEMS (Conselho Nacional de
Saúde. Essas informações serão apresentadas Secretarias Municipais de Saúde).
no capítulo “Atenção Primária”. W Regulamenta a criação da Comissão Inter-
gestores Bipartite.
V As Comissões Intergestores Bipartite são
2. FUNCIONAMENTO DO SUS compostas pela Secretaria Estadual de
Saúde e Secretarias Municipais de Saúde.
u Nessa sessão iremos focar em alguns marcos
legais que fizeram com que o SUS funcionasse DICA
 As Comissões Intergestores são espaços
da forma que ele funciona hoje. Começaremos intergovernamentais, políticos e técnicos em que
pelas Normas Operacionais, que são leis criadas ocorrem o planejamento, a negociação e a im-
após as Leis Orgânicas da Saúde para ajudar a plementação de políticas de saúde pública. As

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acertar e adequar o funcionamento do SUS frente decisões se dão por consenso. Visam assegurar a
às dificuldades e incertezas desse sistema que gestão compartilhada entre as esferas de governo
era recém-criado. para evitar duplicidade ou omissão na execução de
ações. A comissão tripartite é do âmbito federal,
incluindo estados e municípios. A comissão bipartite
2.1. NORMA OPERACIONAL é do âmbito estadual, incluindo municípios.
BÁSICA N. 91 (NOB 91)

u A NOB 91 fornece instruções para implantação 2.3. NORMA OPERACIONAL


do SUS: BÁSICA N. 96 (NOB 96)
W Gestão centralizada na esfera federal.
W Municípios apenas como prestadores de ser- u A NOB 96 tem como objetivo consolidar o pleno
viços. exercício da função de gestor do município. Es-
tabelece que o município pode decidir que tipo
u Houve um planejamento, a partir da NOB 91, para
de gestão pretende fazer:
que a Municipalização se efetivasse sem maio-
res dificuldades. W Gestão plena da Atenção Básica; ou
W Gestão plena do Sistema Municipal (incluindo
DICA outros níveis de atenção).
 Um ano após as Leis Orgânicas da Saúde,
os municípios ainda não estavam preparados para W Se não aderir a nenhum modelo, mantém-se
gerir a saúde de forma descentralizada. A NOB 91 como prestador de serviço.
foi um passo atrás, de volta ao modelo centralizado, u Outras atribuições dessa norma são:
para que os municípios pudessem se preparar para W Institui o Piso de Atenção Básica.
uma gestão descentralizada.

115
Financiamento e funcionamento do SUS Saúde coletiva

W Incentivo ao Programa de Saúde da Família e V Estruturação das regiões sanitárias.


de Agentes Comunitários de Saúde. V Fortalecimento das Comissões Intergesto-
res Bipartites.
2.4. NORMA OPERACIONAL
DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE 2.7. PACTO PELA VIDA (2008)
2001 (NOAS 2001)
u Em 2008, novas prioridades foram discutidas,
u Conclui descentralização com 100% dos muni- tais como:
cípios habilitados.
W Promoção da Saúde.
W Fortalecimento da Atenção Básica.
2.5. NORMA OPERACIONAL
DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE
W Saúde do Trabalhador.
2002 (NOAS 2002) W Saúde mental.
W Fortalecimento da capacidade de resposta do
u Cria estratégias para ampliação da Atenção Básica. sistema de saúde às pessoas com deficiência.
W Criação do PAB ampliado. W Atenção integral às pessoas em situação ou
risco de violência.
DICA
 O PAB ampliado já foi extinto, mas algumas
W Saúde do homem.
questões ainda querem que você saiba que sua
instituição ocorreu a partir da NOAS 2002. DICA
 De toda essa parte de funcionamento do
SUS, é importante que você tente memorizar os
principais pontos das Normas de Atenção Básica
2.6. PACTO DA SAÚDE 2006

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(NOBs).

u O Pacto da Saúde de 2006 trouxe novas priori-


dades aos agentes do SUS. São elas:
W Pacto em Defesa do SUS.
REFERÊNCIAS
V Implementar projeto permanente de mobi-
lização social.
V Elaborar e divulgar a carta dos direitos dos 1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 545, de 20 de maio
usuários do SUS. de 1993. Estabelece normas e procedimento reguladores
do processo de descentralização da gestão das ações e
W Pacto pela Vida. serviços de saúde, através da Norma Operacional Básica
V Saúde do idoso. – SUS 01/93. Diário Oficial da União. 24 maio 1993. Seção
1; p. 6.961.
V Controle do câncer de colo de útero e de
2. Brasil. Ministério da Saúde. Resolução n. 258, de 7 de
mama.
janeiro de 1991. Aprova a Norma Operacional Básica/SUS
V Redução da mortalidade infantil e materna. nº 01/91. Diário Oficial da União. 10 jan. 1991.
V Fortalecimento da capacidade de respostas 3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.203, de 5 de
às doenças emergentes e endemias. novembro de 1996. Aprova a Norma Operacional Básica
do Sistema Único de Saúde – NOB-SUS 01/96. Diário
V Promoção da saúde e fortalecimento da
Oficial da União. 6 nov. 1996. Seção 1; p. 22932-22940.
atenção primária.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 95, de 26 de janeiro
W Pacto de Gestão do SUS. de 2001. Diário Oficial da União. 29 jan. 2001.
V Desburocratização dos processos norma-
tivos.

116
Financiamento e funcionamento do SUS Cap. 7

5. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 373, de 27 de feve-


reiro de 2002. Aprova a Norma Operacional da Assistência
à Saúde/SUS – NOAS-SUS 01/02. Diário Oficial da União.
28 fev. 2002. Seção 1; p. 79-82.
6. Confederação Nacional de Municípios; Conselho Nacional
de Secretarias Municipais de Saúde. Mudanças no Finan-
ciamento da Saúde. In: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE
MUNICÍPIOS. Mudanças no Financiamento da Saúde. [S.
l.], 2018. [Acesso em: 5 maio 2020]. Disponível em: https://
www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2018/08/
Mudan%C3%A7as-no-Financiamento-da-Sa%C3%BAde.
pdf.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 3.992, de 28 de
dezembro de 2017. Altera a Portaria de Consolidação nº
6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre
o financiamento e a transferência dos recursos federais
para as ações e os serviços públicos de saúde do Sistema
Único de Saúde. Diário Oficial da União. 2017.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Resolução n. 1, de 29 de
setembro de 2011. Estabelece diretrizes gerais para a
instituição de Regiões de Saúde no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS), nos termos do Decreto nº 7.508,
de 28 de junho de 2011. Diário Oficial da União. 2011.
9. Brasil. Emenda Constitucional n. 95, de 15 de dezembro
de 2016. Altera o Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá
outras providências. Diário Oficial da União. 2016.

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10. Brasil. Lei complementar n. 141, de 13 de janeiro de 2012.
Regulamenta o parágrafo 3º do art. 198 da Constituição
Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem
aplicados anualmente pela União, Estados e Distrito
Federal e Municípios em ações e serviços públicos de
saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de
transferências para a saúde e as normas de fiscalização,
avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três)
esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nº 8.080,
de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de
1993; e dá outras providências. Diário Oficial da União.
16 jan. 2012. Seção 1; p. 1.
11. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 399, de 22 de
fevereiro de 2006. Divulga o Pacto pela Saúde 2006 –
Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais
do Referido Pacto. Diário Oficial da União. 2006.

117
Financiamento e funcionamento do SUS Saúde coletiva

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 ou a omissão na execução de ações e criar um es-


paço onde gestores do sistema técnico de saúde
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RP
possam permanentemente negociar, decidir e fir-
DA USP – 2019) A Tabela abaixo ilustra a participação
mar pactos. Nesse sentido, avalie as afirmações a
das esferas governamentais no financiamento do
seguir e assinale a alternativa correta:
Sistema Único de Saúde (SUS). A análise da evo-
lução percentual da participação de cada esfera I. Apenas a Comissão Intergestores Tripartite
governamental no financiamento do SUS permite (CIT) é de caráter permanente.
afirmar que: II. A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) é
do âmbito federal e a Comissão Intergestores
Ano União Estados Municípios Bipartite (CIB) é do âmbito estadual.
1991 73% 15% 12% III. A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e a
Comissão Intergestores Bipartite (CIB) são de
2001 56% 21% 23%
caráter permanente.

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2010 45% 27% 28%
Somente I é verdadeira.
2014 43% 26% 31%
Somente II é verdadeira.

a Emenda Constitucional 29 (EC/29) de 2000 ga- Somente I e II são verdadeiras.


rantiu a participação mais efetiva dos estados e Somente II e III são verdadeiras.
municípios no financiamento do SUS. Todas são verdadeiras.
a participação dos municípios no financiamento
do SUS não cumpriu o preconizado pela legis-
Questão 3
lação vigente.
a Proposta de Emenda Constitucional 95/2016, (HOSPITAL ADVENTISTA SILVESTRE – 2018) De acordo com
conhecida como “PEC do Teto” poderá inverter a Portaria n. 2.203, de 5 de novembro de 1996, a
a tendência observada na participação da União. Norma Operacional Básica – NOB 96 do Sistema
Único de Saúde (SUS), tem como finalidade:
os estados aplicaram, anualmente, o teto da ar-
recadação dos impostos em ações e serviços Promover e consolidar o pleno exercício, por par-
públicos de saúde determinado por lei. te do poder público estadual a função de gestor
da atenção à saúde dos seus munícipes, com a
consequente redefinição das responsabilidades
Questão 2
da União, avançando na consolidação dos prin-
(UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – 2016) As co- cípios do SUS.
missões intergestores têm o objetivo de assegurar Promover e consolidar o pleno exercício, por parte
a gestão compartilhada entre os governos munici- do poder público federal, da função de gestor da
pais, estaduais e federal para evitar a duplicidade atenção à saúde, com a consequente redefinição

118
Financiamento e funcionamento do SUS Cap. 7

das responsabilidades do município, avançando Pacto”, as estratégias do Programa de Saúde da Fa-


na consolidação dos princípios do SUS. mília (PSF) e do Programa de Agentes Comunitários
Promover e consolidar o pleno exercício, por parte de Saúde (PACS) devem ser custeadas:
do poder público do Distrito Federal, da função
pelo Piso de Atenção Básica (PAB Variável).
de gestor da atenção à saúde da federação com
a consequente redefinição das responsabilidades pela Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
dos estados e da União, avançando na consoli- Hospitalar (MAC).
dação dos princípios do SUS. pelo Fundo de Ações Estratégicas e de Compen-
Promover e consolidar o pleno exercício, por sação (FAEC).
parte do poder público Federal, municipal e do pela Vigilância em Saúde (VISA).
Distrito Federal, da função de gestor da atenção
à saúde dos seus munícipes, com a consequente
Questão 6
redefinição das responsabilidades do presidente
da república e dos governadores com auxílio da (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/RJ – HOSPITAIS MUNICIPAIS – 2018)
saúde privada avançando na consolidação dos Um sistema de saúde é o produto da cultura de um
princípios do SUS. país e do modo como as pessoas estão dispostas
Promover e consolidar o pleno exercício, por parte a financiá-lo para assegurar igualdade e justiça.
do poder público municipal e do Distrito Fede- No que se refere ao financiamento do modelo de
ral, da função de gestor da atenção à saúde dos Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, é corre-
seus munícipes, com a consequente redefinição to afirmar que:
das responsabilidades dos Estados, do Distrito
Federal e da União, avançando na consolidação o Piso da Atenção Básica (PAB) variável é cal-
dos princípios do SUS. culado per capita e transferido aos municípios
independentemente das ações realizadas, o que

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gerou uma diminuição da produção dos servi-
Questão 4 ços de saúde.
(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE GOIÁS – 2021) Na Nor- o PAB fixo é calculado de acordo com as informa-
ma Operacional Básica – SUS 01/1993, foram es- ções contidas nas bases de dados dos sistemas
tabelecidas normas e procedimentos reguladores de informação nacional a cada mês, compreen-
do processo de descentralização da gestão das dendo um valor para cada ação implementada.
ações e serviços de saúde. Dentre essas normas a criação do PAB variável fez diminuir o ritmo de
e procedimentos, expansão da estratégia de saúde da família, pois
os incentivos criados priorizam apenas popula-
foram criadas as comissões intergestoras bi- ções específicas como quilombolas e indígenas.
partite e tripartite.
o PAB passou a garantir os repasses de recur-
foi criado o Programa Saúde da Família.
sos de forma automática do nível federal para
foi elaborado o Plano Diretor de Regionalização. o nível municipal, interrompendo o modelo de
foram criados o Pacto pela Vida e o Pacto de pagamento de procedimentos até então vigente
Gestão. para a Atenção Primária à Saúde (APS).

Questão 5 Questão 7

(UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – 2017) (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO/RJ – 2018) A CO-
De acordo com a Portaria GM/MS n. 399/2006 que FINS (Contribuição para Financiamento da Segurida-
“divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do de Social), uma das principais fontes de recursos do
SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Orçamento da União para a Saúde, tem origem na:

119
Financiamento e funcionamento do SUS Saúde coletiva

receita das pessoas jurídicas. deveria reservar para a saúde pelo menos 10% da
alíquota da renda declarada das pessoas físicas. sua receita bruta. ii. Os estados e o Distrito Federal
se viram obrigados a alocar 12% da sua receita na
movimentação de valores de natureza financeira.
área de saúde. iii. Caberia aos municípios o míni-
transmissão de créditos de natureza financeira. mo de 15% de suas receitas para o financiamento
alíquota de lucros presumidos. da saúde. iv. A Emenda Constitucional n. 29/2000
foi responsável pela redução dos gastos totais em
saúde no Brasil. Marque a alternativa correta.
Questão 8
V, V, F, V.
(FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – 2018) Trou-
xe as bases para um novo modelo de financiamento V, F, F, V.
da atenção primária, ao instituir o Piso de Atenção F, V, V, F
Básica (PAB), operacionalizado, em fevereiro de F, F, F, F.
1998, substituindo a modalidade anterior de paga-
V, V, V, V.
mento por procedimentos. Trata-se de:

Ações Integradas de Saúde.


Programa de Consolidação e Expansão da Saú-
de da Família.
Conferência de Alma-Ata.
Norma Operacional Básica (NOB) 96.
Núcleos de Apoio à Saúde da Família.

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Questão 9

(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE PIRACICABA, 2019) A


Portaria do Ministério da Saúde que divulga o Pacto
pela Saúde, estabelece as prioridades do Pacto pela
Vida, a fim de privilegiar alguns segmentos, EXCETO:

Câncer de colo de útero e de mama.


Promoção da Saúde com índices hospitalares
como meta.
Mortalidade infantil e materna.
Doenças emergentes e endemias como a Dengue.
Atenção Básica à Saúde, qualificando a Saúde
da Família.

Questão 10

(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – 2021) No ano 2000 com


a proposta de evitar a chamada “gangorra orçamen-
tária” foi aprovada a Emenda Constitucional n. 29.
A respeito do assunto considere se as seguintes
afirmativas são verdadeiras (V) ou falsas (F). i. Por
meio dessa emenda ficou determinado que a União

120
Financiamento e funcionamento do SUS Cap. 7

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: Questão 2 DIFICULDADE:

Comentário: A Emenda Constitucional nº 29, de 2000, Assertiva I: FALSA. A Bipartite também é de caráter
tornou o financiamento do SUS mais estável, pois permanente.
vinculou recursos nas três esferas de governo (União, Assertiva II: VERDADEIRA. Correta e conceitual, con-
Estados e Municípios), estabelecendo os percentuais forme consta na Portaria n. 545/1993 (NOB 93).
mínimos orçamentários para cada um, prevendo Assertiva III: VERDADEIRA.
sanções ao descumprimento desses valores. An-
tes da EC29 não havia parâmetro legal obrigando
✔ RESPOSTA: 
os Estados e Municípios a investirem recursos na
área da Saúde, que contava apenas com o finan- Questão 3 DIFICULDADE:
ciamento instável da União que muitas vezes era
feito a partir de medidas provisórias emergenciais. Comentário: Questão um pouco confusa, com al-
ternativas grandes e muito parecidas, trocando
Alternativa A: CORRETA.

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apenas algumas palavras. A chave para a questão
Alternativa B: INCORRETA. Estados e Municípios de- é ler com muita atenção, e lembrar que a NOB 96
vem destinar, respectivamente 12% e 15% de sua fala sobre a gestão plena do município da saúde e
receita de impostos à saúde pela legislação vigen- atenção básica, acarretando uma redefinição das
te. No entanto, a tabela apresentada não informa atribuições dos Estados, do Distrito Federal e da
a porcentagem de arrecadação investida, mas a União, que até então tinham essa responsabilidade.
parcela que cada unidade federativa representa do ✔ RESPOSTA: 
total de investimentos, logo não nos permite julgar
se a meta foi cumprida.
Questão 4 DIFICULDADE:
Alternativa C: INCORRETA. A EC95 de 2016 instituiu um
Novo Regime Fiscal, determinando um limite para Comentário: Os dois grandes marcos da Norma Ope-
as despesas primárias, sendo o valor investido no racional Básica 93 são a regulação do processo de
ano anterior corrigido pela inflação, resultando em descentralização e a regulamentação das comis-
um ‘congelamento’ do padrão observado. sões intergestores bipartite e tripartite.
Alternativa D: INCORRETA. A legislação vigente no Alternativa A: CORRETA.
período determina o mínimo, o piso a ser investi- Alternativa B: INCORRETA. A NOB 96 que fornece in-
do, não o teto. Além disso, conforme o comentário centivo ao Programa Saúde da Família.
da alternativa B, a tabela não permitiria fazer esta
Alternativa C: INCORRETA. O Plano Diretor de Regio-
inferência.
nalização foi elaborado nas Normas Operacionais
✔ RESPOSTA:  de Assistência à Saúde 2001/2002.

121
Financiamento e funcionamento do SUS Saúde coletiva

Alternativa D: INCORRETA. O Pacto pela Vida e Pacto Questão 9 DIFICULDADE:


de Gestão fazem parte do Pacto da Saúde de 2006.
Comentário: O Pacto pela Saúde teve o objetivo de
✔ RESPOSTA: 
reforçar a atenção básica, e definiu as seguintes
áreas de prioridade: – Saúde do Idoso; – Câncer de
Questão 5 DIFICULDADE: Colo de Útero e Mama; – Redução da Mortalidade
Infantil e Materna; – Doenças Emergentes e Endê-
Comentário: A Portaria GM/MS n. 399/2006, conhe- micas; – Promoção da Saúde e fortalecimento da
cida como o Pacto pela Saúde, coloca no Pacto de Atenção Primária.
Gestão que: “O Piso da Atenção Básica Variável –
✔ RESPOSTA: 
PAB Variável consiste em um montante financeiro
destinado ao custeio de estratégias específicas de-
senvolvidas no âmbito da Atenção Básica em Saúde.” Questão 10 DIFICULDADE:
✔ RESPOSTA: 
Comentário: A Emenda Constitucional n. 29 de 2000,
que mais tarde teria seus termos aprovados na lei
Questão 6 DIFICULDADE: complementar 141, estabeleceu os seguintes pontos:
• O valor destinado pela União à saúde deveria ser
Alternativa A: INCORRETA. O PAB fixo é calculado per
o mesmo do ano anterior acrescido da mesma
capita, não o variável.
porcentagem de variação do PIB (Primeira asser-
Alternativa B: INCORRETA. O PAB fixo é calculado tiva falsa)
per capita.
• Estados e Distrito Federal aumentariam suas
Alternativa C: INCORRETA. Os incentivos do PAB va- proporções de gastos com saúde por 5 anos até
riável não são voltados para populações específi- alcançarem 12% (Segunda assertiva verdadeira)
cas, mas para estratégias, como combate a DSTs

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• Municípios aumentariam suas proporções de
e violência contra a mulher.
gastos com saúde por 5 anos até alcançarem
Alternativa D: CORRETA. 15% (Terceira assertiva verdadeira).
✔ RESPOSTA:  • Como haveria aumento das porcentagens de
repasses, essa medida visava aumentar os gastos
totais em saúde no Brasil, não reduzir (Quarta
Questão 7 DIFICULDADE:
assertiva falsa)
Comentário: A COFINS é uma fonte de recurso do ✔ RESPOSTA: 
Orçamento da União para a Saúde. Esse imposto
tem origem no faturamento das empresas, ou seja,
na receita das pessoas jurídicas.
✔ RESPOSTA: 

Questão 8 DIFICULDADE:

Comentário: O Piso de Atenção Básica (PAB), um


dos principais itens do modelo de financiamento
da atenção primária, foi instituído na Norma Ope-
racional Básica de 1996, a NOB 96.
✔ RESPOSTA: 

122
PROGRAMAS E POLÍTICAS Capítulo

DE SAÚDE 8

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u A Política Nacional de Humanização (PNH) estimula a participação de usuários e trabalhadores da saúde


no processo decisório da gestão de programas e unidades de saúde.
u A clínica ampliada se opõe à fragmentação do conhecimento e das ações de saúde.
u A intersetorialidade, conceito importante da Política Nacional de Promoção da Saúde, se refere ao processo
de articulação de saberes, potencialidades e experiências de sujeitos, grupos e setores na construção de
intervenções compartilhadas, estabelecendo vínculos, corresponsabilidade e cogestão para objetivos
comuns.
u A Política Nacional de Saúde Mental, quando instituída em 2001, incentivava o cuidado extra-hospitalar
em detrimento da internação em hospitais psiquiátricos e tinha como prioridade a reinserção do paciente
no seu contexto social e familiar.
u Alguns dos principais objetivos do Programa Mais Médicos foram: diminuir a carência de médicos em regiões
prioritárias para o SUS, fortalecer os serviços de atenção básica e a política de educação permanente.

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1. POLÍTICA NACIONAL DE u Humanização é considerada, portanto, como a
HUMANIZAÇÃO (PNH) inclusão das diferenças nos processos de ges-
tão e de cuidado.

1.1. INTRODUÇÃO
1.2. PRINCÍPIOS

u A Política Nacional de Humanização (PNH) foi 1.2.1. Transversalidade


lançada em 2003 com o objetivo de incluir os
princípios do SUS no cotidiano dos serviços de u A PNH deve se fazer presente e estar incluída em
saúde, principalmente no que diz respeito aos todas as políticas e programas do SUS.
modos de gerir e cuidar. u Transversalidade passa pelo reconhecimento de
u A PNH estimula: que todas as ações em saúde devem conversar
W Comunicação entre gestores, trabalhadores com a experiência do usuário e das diferentes
e usuários. especialidades envolvidas na assistência.
W Construção de processos coletivos de en-
1.2.2. Indissociabilidade entre
frentamento de relações de poder, trabalho e
atenção e gestão
afeto que produzam atitudes e práticas desu-
manizadoras. u A gestão interfere diretamente na atenção à saúde.
W Autonomia e corresponsabilidade dos profis- u Usuários e trabalhadores devem conhecer como
sionais de saúde em seu trabalho e dos usuá- funciona a gestão dos serviços de saúde.
rios no cuidado de si.

123
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva

u Usuários e trabalhadores devem participar dos u A clínica ampliada se opõe à fragmentação do


processos decisórios da gestão. conhecimento e das ações de saúde.
u Necessário considerar múltiplas variáveis além
1.2.3. Protagonismo, corresponsabilidade do enfoque orgânico e qualificar o diálogo.
e autonomia dos sujeitos e coletivos
1.3.5. Valorização do trabalhador
u Usuários não são só pacientes. O usuário e sua
rede social e familiar devem se corresponsabili- u Dar visibilidade aos trabalhadores da saúde e
zar pelo cuidado, assumindo protagonismo com incluí-los na tomada de decisão.
relação à sua saúde. u Importante assegurar a participação dos traba-
u Trabalhadores não devem só cumprir ordens. lhadores nos espaços coletivos de gestão.
u Mudanças acontecem com o reconhecimento
do papel de cada um. 1.3.6. Defesa dos direitos dos usuários
u Cada pessoa é detentora de direitos e deve ter u Incentivar o conhecimento dos direitos dos usuá-
sua atuação na produção de saúde incentivada.
rios e assegurar que esses sejam cumpridos.

1.3. DIRETRIZES DICA


 Lembre-se que a Política Nacional de Humani-
zação cita, em diferentes momentos, a importância
1.3.1. Acolhimento
de os trabalhadores e usuários serem inseridos
u Primeiro passo para o acolhimento é reconhe- como participantes na gestão dos serviços de
cer que o que o outro traz é uma necessidade saúde.
de saúde singular e legítima.
Pode-se acolher por meio de escuta qualificada

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u
1.4. OBJETIVOS
às necessidades do usuário. O acolhimento tam-
bém é praticado a partir da garantia de acesso
u Redução de filas e de tempo de espera, com am-
oportuno, considerando as prioridades a partir da
pliação de acesso.
avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco.
u Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em
1.3.2. Gestão participativa e cogestão prioridades.
u Modelo de atenção com responsabilização e
u Cogestão inclui a participação de novos sujeitos vínculo.
nos processos de análise e decisão e a amplia-
u Garantia dos direitos dos usuários.
ção das tarefas da gestão.
u Valorização do trabalho na saúde.
u Estimula um espaço coletivo de gestão, em que
interesses de usuários, trabalhadores e gestores u Gestão participativa nos serviços.
são levados em consideração.

1.3.3. Ambiência 2. POLÍTICA NACIONAL DE


PROMOÇÃO DE SAÚDE (PNPS)
u Fornecer espaços saudáveis, acolhedores, con-
fortáveis e que respeitem a privacidade.
2.1. INTRODUÇÃO
1.3.4. Clínica ampliada e compartilhada

u Abordagem do adoecimento e do sofrimento que u Promoção de saúde consiste em um conjunto de


considere singularidade do sujeito e complexida- estratégias e formas de produzir saúde.
de do processo saúde/doença.

124
Programas e políticas de saúde Cap. 8

u A Política Nacional de Promoção de Saúde foi aos seus determinantes e condicionantes – mo-
implementada em 2006 através da Portaria n. dos de viver, condições de trabalho, habitação,
687, de 30 de Março de 2006, influenciada pelo ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a
Pacto pela Saúde firmado no mesmo ano. bens e serviços essenciais.
u A PNPS foi redefinida em 2014, pela Portaria n. u Diretrizes
2.446, de 11 de Novembro de 2014. W Estimular as ações intersetoriais, buscando
parcerias que propiciem o desenvolvimento
2.2. PORTARIA N. 687, DE 30 integral das ações de Promoção da Saúde.
DE MARÇO DE 2006 W Promover mudanças na cultura organizacio-
nal, com vistas à adoção de práticas horizon-
u Antes do texto específico acerca dos objetivos, tais de gestão e estabelecimento de redes de
diretrizes e atribuições de cada esfera do gover- cooperação intersetoriais.
no na implementação da política, há uma apre-
sentação do tema que traz pontos importantes, 2.3. PORTARIA N. 2.366, DE 11 DE
tais como: NOVEMBRO DE 2014
W Reafirmação das prioridades do Pacto em
Defesa da Vida: fortalecimento e qualificação u Essa portaria redefiniu a Política Nacional de Pro-
estratégica da Saúde da Família; A Promoção, moção da Saúde. Traremos alguns dos artigos
Informação e Educação em Saúde com ênfase mais importantes dessa portaria para as provas.
na Promoção de atividade física, na Promoção u Art. 4º A PNPS adota como princípios:
de hábitos saudáveis de alimentação e vida,
controle do tabagismo; controle do uso abu-
W Equidade.
sivo de bebida alcoólica; cuidados especiais W Participação Social.

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voltados ao processo de envelhecimento. W Autonomia.
W Enfoque nos aspectos que determinam pro- W Empoderamento.
cesso saúde-adoecimento, como: violência, W Intersetorialidade, que se refere ao processo
desemprego, subemprego, falta de saneamen- de articulação de saberes, potencialidades e
to básico, habitação inadequada e/ou ausen- experiências de sujeitos, grupos e setores na
te, dificuldade de acesso à educação, fome, construção de intervenções compartilhadas,
urbanização desordenada, qualidade do ar e estabelecendo vínculos, corresponsabilidade
da água ameaçada, deteriorada; e potenciali- e cogestão para objetivos comuns;
zar formas mais amplas de intervir em saúde.
W Intrassetorialidade, que diz respeito ao exercício
permanente da desfragmentação das ações
DICA
 Um conceito citado algumas vezes ao lon- e serviços ofertados por um setor, visando à
go desse documento é o da intersetorialidade. construção e articulação de redes cooperati-
Compreende-se a intersetorialidade como uma vas e resolutivas;
articulação das possibilidades dos distintos se- W Sustentabilidade.
tores de pensar a questão complexa da saúde, de
corresponsabilizar-se pela garantia da saúde como
W Integralidade.
direito humano e de cidadania e de mobilizar-se na W Territorialidade.
formulação de intervenções que a propiciem. u Art. 6º A PNPS tem por objetivo geral promover
a equidade e a melhoria das condições e modos
u Objetivo de viver, ampliando a potencialidade da saúde
individual e da saúde coletiva, reduzindo vulne-
W Geral: Promover a qualidade de vida e reduzir
rabilidades e riscos à saúde decorrentes dos
vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados

125
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva

determinantes sociais, econômicos, políticos,


culturais e ambientais. 3. POLÍTICA NACIONAL
DE SAÚDE MENTAL
u Art. 7º São objetivos específicos da PNPS:
W Estimular a promoção da saúde como parte da
integralidade do cuidado na Rede de Atenção u A Política Nacional de Saúde Mental foi propos-
à Saúde (RAS), articulada às demais redes de ta pela Lei n. 10.216, de 6 de Abril de 2001. Os
proteção social; Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) foram
W Promover a cultura da paz em comunidades, estabelecidos pela Portaria n. 336, de 19 de Fe-
territórios e municípios; vereiro de 2002. A Nota Técnica n. 11/2019 do
Ministério da Saúde trouxe algumas mudanças
W Valorizar os saberes populares e tradicionais
à Política que precisam ser debatidas. Apresen-
e as práticas integrativas e complementares;
taremos esses 3 marcos legais.
W Promover processos de educação, formação
profissional e capacitação específicas em pro-
moção da saúde, de acordo com os princípios 3.1. LEI N. 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001
e valores expressos nesta Portaria, para tra-
balhadores, gestores e cidadãos; u Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona
u Art. 8º São temas transversais da PNPS, en-
o modelo assistencial em saúde mental.
tendidos como referências para a formação de
agendas de promoção da saúde, para adoção u Parágrafo único – São direitos da pessoa porta-
de estratégias e temas prioritários, operando dora de transtorno mental:
em consonância com os princípios e valores do W Ser tratada com humanidade e respeito e no
SUS e da PNPS: interesse exclusivo de beneficiar sua saúde,
Determinantes Sociais da Saúde (DSS), equi- visando alcançar sua recuperação pela inser-

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W

dade e respeito à diversidade. ção na família, no trabalho e na comunidade;


W Desenvolvimento sustentável. W Ter livre acesso aos meios de comunicação
disponíveis;
W Produção de saúde e cuidado.
W Receber o maior número de informações a
W Ambientes e territórios saudáveis.
respeito de sua doença e de seu tratamento;
W Vida no trabalho.
W Ser tratada em ambiente terapêutico pelos
W Cultura da paz e direitos humanos. meios menos invasivos possíveis;
u Art. 10. São temas prioritários da PNPS: W Ser tratada, preferencialmente, em serviços
W Formação e educação permanente. comunitários de saúde mental.
W Alimentação adequada e saudável.
W Práticas corporais e atividades físicas. DICA
 A Política Nacional de Saúde Mental, quando
W Enfrentamento do uso do tabaco e seus de- instituída em 2001, apresentava dois pontos muito
rivados. importantes: o cuidado extra-hospitalar era clara-
W Enfrentamento do uso abusivo de álcool e mente incentivado e a reinserção do paciente nos
outras drogas. contextos familiar e social era uma prioridade.
W Promoção da mobilidade segura.
u A internação, em qualquer de suas modalidades,
W Promoção da cultura da paz e de direitos hu-
só será indicada quando os recursos extra-hos-
manos.
pitalares se mostrarem insuficientes.
W Promoção do desenvolvimento sustentável.
W O tratamento visará, como finalidade perma-
nente, a reinserção social do paciente em seu
meio.

126
Programas e políticas de saúde Cap. 8

W O tratamento em regime de internação será 3.2. PORTARIA N. 336, DE 19 DE


estruturado de forma a oferecer assistência FEVEREIRO DE 2002
integral à pessoa portadora de transtornos
mentais, incluindo serviços médicos, de as- u Art.1º Estabelecer que os Centros de Atenção
sistência social, psicológicos, ocupacionais, Psicossocial poderão constituir-se nas seguin-
de lazer, e outros. tes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e
CAPS III, definidos por ordem crescente de por-
DICA te/complexidade e abrangência populacional,
 Basicamente se estabeleceu que pacientes
conforme disposto nesta Portaria;
psiquiátricos têm direitos como quaisquer outros
pacientes e que o tratamento intra-hospitalar é W Os CAPS deverão constituir-se em serviço
exceção, não regra. ambulatorial de atenção diária que funcione
segundo a lógica do território;
W Os 5 tipos diferentes de CAPS que foram apre-
sentados nessa portaria, assim como suas es-
pecificações, estão listados no quadro a seguir:

Quadro 1. Centros de Atenção Psicossocial.

Abrangência Características Atividades Recursos Humanos

• 01 médico com formação


• Atendimento individual, em em saúde mental
• Supervisionar e capacitar
20.000 – grupo, em oficinas terapêu- • 01 enfermeiro
equipes da atenção básica
CAPS I 70.000 ticas, visitas domiciliares, • 03 profissionais de nível
habitantes • Funcionar de 08:00 às 18:00, atendimento em família e superior*

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durante 5 dias atividades comunitárias • 04 profissionais de nível
médio**

• 01 médico psiquiatra
• Supervisionar e capacitar
• 01 enfermeiro com forma-
equipes da atenção básica • Igual ao CAPS I
70.000 – ção em saúde mental
CAPS II 200.000 • Funcionar de 08:00 às 18:00, • Atendimento de 30 pacien-
• 04 profissionais de nível
habitantes durante 5 dias, podendo tes por turno (máximo de
superior*
comportar um 3º turno até 45 pacientes/dia)
21:00 • 06 profissionais de nível
médio

• Todas as atribuições do
CAPS I
• Acolhimento noturno, nos • 02 médicos psiquiatras
• Supervisionar e capacitar feriados e finais de sema- • 01 enfermeiro com forma-
equipes da atenção básica na, com no máximo 5 leitos ção em saúde mental
• Constituir-se em serviço am- para eventual repouso e/ou
observação. • 05 profissionais de nível
Acima de bulatorial de atenção contí-
superior*
CAPS III 200.000 nua, durante 24 horas, todos • A permanência de um mes-
habitantes os dias. mo paciente no acolhimen- • 08 profissionais de nível
to noturno fica limitado a 7 médio**
• Estar referenciado a um ser-
viço de atendimento de ur- dias corridos ou 10 dias in- • Há composições distintas
gência/emergência tercalados em um período de equipe para acolhimen-
de 30 dias. to noturno.
• 40 pacientes por turno. Má-
ximo de 60 pacientes/dia

127
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva

Abrangência Características Atividades Recursos Humanos

• Constituir-se em serviço am- • 01 médico psiquiatra, ou


bulatorial de atenção diária neurologista ou pediatra
200.000 destinado a crianças e ado- com formação em saúde
lescentes com transtornos • Todas as atribuições do
habitantes mental.
mentais CAPS I, porém voltados ao
CAPS i II ou outro
cuidado de crianças e ado- • 04 profissionais de nível
parâmetro • Funcionar de 08:00 às 18:00, lescentes. superior*
populacional durante 5 dias, podendo
comportar um 3º turno até • 05 profissionais de nível
21:00 médio**

• Constituir-se em serviço am-


bulatorial de atenção diária, • 01 médico psiquiatra
de referência para área de
• 01 enfermeiro com forma-
abrangência populacional
ção em saúde mental
Acima de definida pelo gestor local. • Todas as atribuições do
CAPS I. • 01 médico clínico
CAPS ad II 70.000 • Manter de 2 a 4 leitos para
habitantes desintoxicação e repouso • Atendimento de desinto- • 04 profissionais de nível
xicação superior*
• Funcionar de 08:00 às 18:00,
durante 5 dias, podendo • 06 profissionais de nível
comportar um 3º turno até médio**
21:00

* Psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico.
** Técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão.
Fonte: Adaptado da Portaria n. 336/2002.

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3.3. NOTA TÉCNICA N. 11/2019 – u Ministério da Saúde passa a financiar a compra
CGMAD/DAPES/SAS/MS de equipamentos para Eletroconvulsoterapia
(ECT) para pacientes com determinados trans-
u Algumas lógicas apresentadas durante a reforma tornos mentais graves e refratários.
psiquiátrica e consolidadas na Política Nacio-
nal de Saúde Mental sofrem alterações a partir DICA
 A grande mudança proposta por essa norma
dessa nota técnica do Ministério da Saúde, que
técnica diz respeito à reintrodução do Hospital Psi-
mistura justificativas, recomendações e opiniões.
quiátrico na RAPS, havendo estímulo à expansão
Focaremos naquilo que realmente difere do que de leitos nessa modalidade de atenção, diferente
já foi apresentado. da Política anterior, que visava sua redução e subs-
u A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi am- tituição por outros serviços.
pliada, e passa a contar com hospitais psiquiá-
tricos especializados, hospitais-dia, unidades
ambulatoriais e o CAPS IV AD, além dos serviços 3.4. RESOLUÇÃO N. 32, DE 14 DE
já existentes. DEZEMBRO DE 2017
u O CAPS IV AD, criado a partir dessa nota técni-
ca, tem como objetivo atuar nas regiões de cra- u Alguns dos pontos presentes nessa resolução já
colândias. foram apresentados na discussão sobre a Nota
u Atendimento ambulatorial com especialistas de Técnica N. 11/2019. Há mais uma informação,
psiquiatria passa a ser incentivado. presente nessa resolução, que é importante que
você saiba:
u Estímulo à expansão de leitos qualificados em
Hospitais Gerais, dentro de Unidades Psiquiátri-
cas Especializadas.

128
Programas e políticas de saúde Cap. 8

u Art. 1º Estabelecer as diretrizes para o fortale- W II – fortalecer a prestação de serviços de aten-


cimento da RAPS. Considera-se como compo- ção básica em saúde no País;
nentes da RAPS os seguintes pontos de atenção: W III – aprimorar a formação médica no País e
W 1.Atenção Básica; proporcionar maior experiência no campo de
W 2.Consultório na Rua; prática médica durante o processo de formação;
W 3.Centros de Convivência; W IV – ampliar a inserção do médico em formação
nas unidades de atendimento do SUS, desen-
W 4.Unidades de Acolhimento (Adulto e Infan-
volvendo seu conhecimento sobre a realidade
to-Juvenil);
da saúde da população brasileira;
W 5.Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) I e II;
W V – fortalecer a política de educação perma-
W 6.Hospital Dia; nente com a integração ensino-serviço, por
W 7.Unidades de Referência Especializadas em meio da atuação das instituições de educação
Hospitais Gerais; superior na supervisão acadêmica das ativida-
W 8.Centros de Atenção Psicossocial nas suas des desempenhadas pelos médicos;
diversas modalidades; W VI – promover a troca de conhecimentos e
W 9.Equipe Multiprofissional de Atenção Espe- experiências entre profissionais da saúde bra-
cializada em Saúde Mental; sileiros e médicos formados em instituições
W 10.Hospitais Psiquiátricos Especializados. estrangeiras;
W VII – aperfeiçoar médicos para atuação nas
políticas públicas de saúde do País e na orga-
4. PROGRAMA MAIS MÉDICOS nização e no funcionamento do SUS; e
W VIII – estimular a realização de pesquisas apli-
cadas ao SUS.

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u O Programa Mais Médicos, instituído em 2013,
sofreu algumas mudanças, mas continua sen-
DICA
do cobrado nas provas. A maioria das provas  Desses objetivos, é essencial que você lembre
pergunta diretamente sobre os objetivos desse que o Programa Mais Médicos tinha como obje-
Programa, enquanto algumas questões ainda são tivos diminuir a carência de médicos em regiões
feitas sobre seus impactos e sobre as mudan- prioritárias para o SUS, fortalecer os serviços de
ças na formação médica que foram propostas. atenção básica e fortalecer a política de educação
permanente.
u Traremos alguns dos artigos mais importantes
e mais cobrados da lei que instituiu o programa.
u Art. 2º Para a consecução dos objetivos do Pro-
grama Mais Médicos, serão adotadas, entre ou-
4.1. LEI Nº 12.871, DE 22 DE
tras, as seguintes ações:
OUTUBRO DE 2013
W I – reordenação da oferta de cursos de Medi-
4.1.1. Disposições gerais cina e de vagas para residência médica, prio-
rizando regiões de saúde com menor relação
u Art. 1º É instituído o Programa Mais Médicos, de vagas e médicos por habitante e com es-
com a finalidade de formar recursos humanos trutura de serviços de saúde em condições
na área médica para o Sistema Único de Saúde de ofertar campo de prática suficiente e de
(SUS) e com os seguintes objetivos: qualidade para os alunos;
W I – diminuir a carência de médicos nas regiões W II – estabelecimento de novos parâmetros para
prioritárias para o SUS, a fim de reduzir as de- a formação médica no País; e
sigualdades regionais na área da saúde; W III – promoção, nas regiões prioritárias do
SUS, de aperfeiçoamento de médicos na área

129
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva

de atenção básica em saúde, mediante inte- 4.1.3. Eixos fundamentais


gração ensino-serviço, inclusive por meio de
intercâmbio internacional. u O Programa Mais Médicos apresenta três eixos
fundamentais, ou pilares:
DICA
W Eixo Educacional:
 Um dos impactos do Programa Mais Médicos
foi a abertura de novos cursos de medicina, tanto
V Expansão do número de vagas para os cur-
em grandes cidades quanto em cidades com menor sos de medicina e residência médica.
oferta de médicos, essas últimas consideradas, V Implantação de um novo currículo com for-
pelo programa, como prioridade. mação voltada para o atendimento humani-
zado, com foco na valorização da Atenção
Básica.
4.1.2. Do Projeto Mais Médicos pelo Brasil
W Eixo de Estruturação da Rede de Serviços Bá-
u Art. 13. É instituído, no âmbito do Programa Mais sicos de Saúde:
Médicos, o Projeto Mais Médicos para o Brasil, V Ações voltadas para a infraestrutura da
que será oferecido: Atenção Básica.
W I – aos médicos formados em instituições de W Eixo de Provimento Emergencial:
educação superior brasileiras ou com diploma V Contratação emergencial de médicos.
revalidado no País; e
W II – aos médicos formados em instituições de
educação superior estrangeiras, por meio de
intercâmbio médico internacional. REFERÊNCIAS
W III – médicos estrangeiros com habilitação
para exercício da Medicina no exterior. 1. Ministério da Saúde, Política Nacional de Humanização –

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W § 2º Para fins do Projeto Mais Médicos para HumanizaSUS, publicado em 22/10/2015 [Acesso em 8
mar. 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/
o Brasil, considera-se:
acesso-a-informacao/acoes-e-programas/humanizasus.
V I – médico participante: médico intercam- 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
bista ou médico formado em instituição de Política Nacional de Humanização. Formação e interven-
educação superior brasileira ou com diplo- ção / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
ma revalidado; e Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da
Saúde, 2010. 242 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)
V II – médico intercambista: médico forma-
(Cadernos HumanizaSUS; v. 1).
do em instituição de educação superior
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo
estrangeira com habilitação para exercício
Técnico da Política Nacional de Humanização. Humaniza-
da Medicina no exterior. SUS: Política Nacional de Humanização: a humanização
u Art. 16. O médico intercambista exercerá a Me- como eixo norteador das práticas de atenção e gestão
dicina exclusivamente no âmbito das atividades em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde,
Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional
de ensino, pesquisa e extensão do Projeto Mais
de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
Médicos para o Brasil, dispensada, para tal fim,
4. Brasil, Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Porta-
nos 3 (três) primeiros anos de participação, a
ria n. 2.446, de 11 de Novembro de 2014. Arthur Chioro.
revalidação de seu diploma Ministério da Saúde.
u As questões envolvendo a participação de mé- 5. Malta DC, Reis AAC d., Jaime PC, Neto OL d. M; Silva
dicos estrangeiros no programa são mais raras. MMA d.; Akerman M. O SUS e a Política Nacional de
Por isso não ofereceremos maior detalhamento. Promoção da Saúde: perspectivas, resultados avanços
e desafios em tempos de crise. Ciência & Saúde Coletiva,
23(6):1799-1809, 2018.

130
Programas e políticas de saúde Cap. 8

6. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria


n. 687, de 30 de Março de 2006. Saraiva Felipe. Ministério
da Saúde.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estra-
tégicas, Coordenação-Geral de Saúde Mental, Álcool e
Outras Drogas. NOTA TÉCNICA Nº 11/2019-CGMAD/
DAPES/SAS/MS. Esclarecimentos sobre as mudanças
na Política Nacional de Saúde Mental e nas Diretrizes da
Política Nacional sobre Drogas. Quirino Cordeiro Júnior.
Disponível em: www.saúde.gov.br.
8. Silva BL d., Silva AX da. A Política Nacional de Saúde Mental:
uma reflexão acerca dos retrocessos nos governos Temer
e Bolsonaro. Serv. Soc. Rev., Londrina, v. 23, n. 1, p.99-119,
jul./set. 2020. DOI:10.5433/1679-4842.2020v23n1p99.
9. Brasil. Lei n. 10.216, de 6 de Abril de 2001. Política Nacional
de Saúde Mental. Fernando Henrique Cardoso.
10. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria
n. 336, de 19 de Fevereiro de 2002. José Serra. Ministério
da Saúde.
11. Brasil. Presidência da República. Casa Civil. Lei Nº 12.871,
de 22 de Outubro de 2013. Dilma Rousseff.

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131
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 Espaço de votação constituído por um represen-


tante de cada categoria profissional e de cada
(UDI HOSPITAL/REDE D’OR SÃO LUIZ – 2020) A Política Na-
setor do serviço de saúde.
cional de Humanização (PNH) foi lançada em 2003
para buscar pôr em prática os princípios do SUS. A reunião é adequada para diálogo e direito à
Assinale a alternativa incorreta sobre essa política opinião de todos os profissionais da equipe.
de saúde. Momento em que a enfermeira define as ativida-
des da semana dos demais profissionais.
São princípios da PNH: autonomia dos sujeitos
Espaço em que os usuários organizados no con-
e coletivos, transversalidade e indissociabilidade
selho gestor, fiscalizam os profissionais.
entre atenção e gestão.
Acolhimento é uma diretriz da PNH e significa
reconhecer o que o outro traz como legítima e Questão 3
singular necessidade de saúde.
(FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLA – SUS BAHIA – 2020) O

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A PNH atua com base em orientações clínicas, Ministério da Saúde lançou, em 2003, a Política Na-
éticas e políticas, que se traduzem em determi- cional de Humanização da Atenção e da Gestão do
nados arranjos de trabalho. SUS (PNH). Seus conteúdos devem transversalizar
A ambiência é uma das diretrizes da PNH e con- as diferentes ações e instâncias gestoras, corres-
siste em criar espaços saudáveis, acolhedores ponsabilizando todos os envolvidos nas práticas de
e confortáveis, que respeitem à privacidade, produção de saúde. Além disso, apresenta princípios,
propiciem mudanças no processo de trabalho a partir dos quais se desdobra enquanto política de
e sejam lugares de encontro entre as pessoas. saúde (BRASIL, 2010). Em relação aos princípios da
A ambiência é uma ferramenta teórica e prática PNH, analise as assertivas e identifique com V as
cuja finalidade é contribuir para uma abordagem verdadeiras e com F as falsas.
clínica do adoecimento e do sofrimento, que
( ) O protagonismo, a corresponsabilidade e a
considere a singularidade do sujeito e a com-
autonomia dos sujeitos e coletivos são preco-
plexidade do processo saúde-doença.
nizados nas práticas de produção de saúde.
( ) A transversalidade propõe o aumento da comu-
Questão 2 nicação intra e intergrupos, embora não inclua
nesse processo os gestores da saúde.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – 2020) Confor-
( ) A transversalidade propõe uma desestabilização
me a Política Nacional de Humanização é fundamen-
das fronteiras dos saberes, dos territórios de
tal a reunião da equipe de saúde. Sobre esse fato:
poder e dos modos instituídos na constituição
Momento fundamental para pessoa da equipe das relações de trabalho.
com mais experiência distribuir tarefas aos de- ( ) A indissociabilidade entre atenção e gestão
mais. entende que clínica e política devem atuar sepa-

132
Programas e políticas de saúde Cap. 8

radamente, pois a produção de saúde não inter- Política Nacional de Promoção da Saúde, aprovada
fere na produção de sujeitos. pela Portaria GM n. 687/2006:

A alternativa que contém a sequência correta, de Incorporar e implementar ações de promoção


cima para baixo, é: da saúde, com ênfase na atenção básica.
Promover o entendimento da concepção amplia-
V, F, F, F.
da de saúde, entre os trabalhadores de saúde,
V, V, F, V. tanto das atividades-meio, como os da ativida-
V, F, V, F. des-fim.
F, V, V, V. Contribuir para o aumento da resolubilidade do
F, F, V, F. Sistema, garantindo qualidade, eficácia, eficiência
e segurança das ações de promoção da saúde.
Promover a qualidade de vida e reduzir vulne-
Questão 4
rabilidade e riscos à saúde relacionados aos
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO MARANHÃO – 2020) Sobre seus determinantes e condicionantes – modos
a Política Nacional de Promoção de Saúde – PNPS, de viver, condições de trabalho, habitação, am-
analise os itens a seguir. biente, educação, lazer, cultura, acesso a bens
e serviços essenciais.
I. Estimular a promoção da saúde como parte da
integralidade do cuidado na Rede de Atenção
à Saúde – RAS, articulada às demais redes de Questão 6
proteção social.
(HOSPITAL ESTADUAL DIRCEU ARCOVERDE – 2020) A Politica
II. Valorizar os saberes populares e tradicionais e de Saúde Mental no Brasil promove a redução pro-
as práticas integrativas e complementares. gramada de leitos psiquiátricos de longa permanên-

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III. Apoiar ações de controle interno incluindo cia, incentivando que as internações psiquiátricas,
sistemas de auditorias de iniciativa popular e quando necessárias, se deem no âmbito dos hos-
governamental. pitais gerais e que sejam de curta duração. Além
IV. Estimular a pesquisa, produção e difusão de disso, essa politica visa à constituição de uma
conhecimento e estratégias inovadoras no rede de dispositivos diferenciados que permitam a
âmbito das ações de promoção da saúde. atenção ao portador de sofrimento mental no seu
V. Qualificar e implementar ações voltadas para território, a desinstitucionalização de pacientes de
o tratamento de pessoas com dependência ao longa permanência em hospitais psiquiátricos e,
craque. ainda, ações que permitem a reabilitação psicosso-
cial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e
São considerados objetivos específicos do PNPS: do lazer. (Conferência Nacional de Saúde Mental).
Os aparelhos da RAPS que podem ser incluídos na
II, III e IV, apenas.
definição acima são:
III, IV e V, apenas.
I, II e V, apenas. CAPS AD, residência terapêutica e centros de
acolhida.
I, II e IV, apenas.
leitos psiquiátricos em hospital geral, rede Cego-
I, II, III, IV e V.
nha e rede de cuidado à pessoa com deficiência.
CAPS 3, CAPS infantil e conselho tutelar.
Questão 5
residência terapêutica, rede de saúde do idoso
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE LIMEIRA – 2019) Assinale e ambulatório de redução de danos.
a alternativa que corresponde ao objetivo geral da CAPS infantil, comunidades terapêuticas.

133
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva

Questão 7 social, pelo acolhimento envolvendo a comuni-


dade, a família e o usuário.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – 2020) A Políti-
ca Nacional de Atenção à Saúde Mental, implantada
em 2001, representa um dos maiores avanços do Questão 9
SUS. A respeito de suas diretrizes assinale a alter-
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – PE – 2020) Sobre o Pro-
nativa INCORRETA:
grama Mais Médico, instituído em 2013, leia os
A Política Nacional de atenção à saúde mental itens abaixo
tem entre as suas diretrizes: a redução gradual I. Tem como objetivo diminuir a carência de médi-
de leitos em hospitais psiquiátricos e a criação cos nas regiões prioritárias para o SUS, a fim
de uma rede extra-hospitalar. de reduzir as desigualdades regionais na área
A responsabilidade pelo cuidado dos usuários da saúde.
de saúde mental no território deve ser dos profis- II. Objetiva estimular a realização de pesquisas
sionais do Núcleo de apoio ao Saúde da Família aplicadas ao SUS.
(NASF) embora a equipe de Saúde da Família
III. Regulamenta a autorização para o funciona-
seja responsável pela distribuição de medica-
mento de curso de graduação em Medicina,
ção psicotrópica.
por instituição de educação superior privada,
O movimento social que impulsionou a mudança que será precedida de chamamento público,
do modelo de atenção em saúde mental no Brasil pelo Ministério da Educação.
é denominado de Reforma Psiquiátrica e objetivou
IV. O médico intercambista exercerá a Medicina
a mudança na maneira de cuidar substituindo a
exclusivamente no âmbito das atividades de
cultura da internação pelo acolhimento da crise.
ensino, pesquisa e extensão do Projeto Mais
Abuso ou negligência familiar, cárcere privado Médicos para o Brasil.

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e problemas graves relacionados ao abuso de V. Apenas no caso de profissionais cubanos e
álcool e outras drogas são exemplos de situação argentinos, houve um acordo entre o governo
de risco psicossocial que precisam ser conside- brasileiro e o de Cuba e da Argentina, interme-
rados no cuidado em saúde mental. diados pela OPAS.
Devem compor a rede de saúde mental as Uni-
dades de Saúde da Família, os Centros de Aten- Assinale a alternativa CORRETA
ção Psicossocial (CAPS), as Residências Tera-
Os itens I, II, III, IV e V estão corretos
pêuticas, leitos de atenção integral nos CAPS e
hospital geral. Existem, apenas, quatro itens corretos
Existem, apenas, três itens corretos.
Existem, apenas, dois itens corretos.
Questão 8
Apenas os itens II e III estão incorretos.
(HOSPITAL DE CÂNCER DE MATO GROSSO – 2017) Política Na-
cional de Saúde Mental, Álcool e Drogas do Minis-
tério da Saúde: Questão 10

É centrada na prática psiquiátrica hospitalar. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – 2020) O Pro-
grama Mais Médicos, criado no ano de 2013, por
A internação compulsória tem sido estratégia
meio da Portaria Provisória n.º 621, posteriormente
de consenso para lidar com adictos.
transformada em Lei n.º 12.871 no mesmo ano, tem
O Núcleo de Apoio a Saúde da Família tem pou- como objetivo principal ampliar o acesso aos servi-
co a oferecer nesses casos. ços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) das
Entre os objetivos, está a substituição de tra- populações vulneráveis. Para sua implementação,
tamentos inspirados em modelos de exclusão o governo brasileiro estabeleceu ações conjuntas

134
Programas e políticas de saúde Cap. 8

entre Casa Civil, MS, MEC e Organização Paname-


ricana de Saúde (OPAS). Quais os eixos fundamen-
tais dessa política pública?

Eixo Educacional; Eixo de Gestão Internacional;


Eixo de Integração, Ensino e Serviço.
Eixo Educacional; Eixo de Estruturação da Rede
de Serviços Básicos de Saúde; Eixo de Provimen-
to Emergencial.
Eixo de Assistência para a ABS; Projeto Mais
Médicos para o Brasil; Eixo de Supervisão.
Eixo de Atenção Básica; Eixo Educacional; Eixo de
Integração Nacional e Cooperação Internacional.

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135
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: Alternativa C: CORRETA.

Comentário: A questão está pedindo a alternativa Alternativa D: INCORRETA. Mais uma vez, vemos uma
incorreta sobre a PNH. Vamos às alternativas: ação de gestão centralizada.

Alternativa A: CORRETA. Esses são os três princípios Alternativa E: INCORRETA. Não é durante a reunião
apresentados pela PNH. de equipe que o conselho realiza fiscalização dos
profissionais.
Alternativa B: CORRETA. A definição apresentada para
acolhimento é a mesma descrita na PNH. ✔ RESPOSTA: 
Alternativa C: CORRETA. Os arranjos de trabalho apre-
sentados pela PNH são determinados a partir de Questão 3 DIFICULDADE:
orientações clínicas, éticas e políticas, como des-
crito na alternativa. Comentário: Vamos analisar cada uma das assertivas:
Alternativa D: CORRETA. Mais uma vez, a alternativa Assertiva 1. “O protagonismo, a corresponsabili-
dade e a autonomia dos sujeitos e coletivos são

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traz a definição da mesma forma que está descri-
to na PNH. preconizados nas práticas de produção de saúde.”
VERDADEIRO. Um dos princípios da PNH inclui,
Alternativa E: INCORRETA. A alternativa está descre-
exatamente, esses três conceitos: Protagonismo,
vendo a Clínica Ampliada e Compartilhada, não a
corresponsabilidade e autonomia.
ambiência.
Assertiva 2. “A transversalidade propõe o aumento
✔ RESPOSTA:  da comunicação intra e intergrupos, embora não
inclua neste processo os gestores da saúde.” FAL-
Questão 2 DIFICULDADE:
SO. Não devemos excluir os gestores do processo.
Asseriva 3. “A transversalidade propõe uma desesta-
Comentário: A PNH cita, em alguns momentos, a bilização das fronteiras dos saberes, dos territórios
importância de trabalhadores e usuários serem ou- de poder e dos modos instituídos na constituição
vidos e participarem dos processos decisórios nos das relações de trabalho.” VERDADEIRO. Segundo
serviços de saúde, algo evidenciado pela diretriz de o princípio da transversalidade, todas as ações de
gestão compartilhada e cogestão. saúde devem considerar a experiência do usuário
Alternativa A: INCORRETA. A distribuição de tarefas e das diferentes especialidades envolvidas na as-
pela pessoa mais experiente é um exemplo de gestão sistência.
centralizada em apenas uma figura, algo contrário Assertiva 3. “A indissociabilidade entre atenção e
à diretriz de cogestão. gestão entende que clínica e política devem atuar
Alternativa B: INCORRETA. Essa alternativa limita as separadamente, pois a produção de saúde não in-
ações das reuniões de equipe a simples votação. terfere na produção de sujeitos.” FALSO. A indis-
Além disso, as reuniões não limitam o número de sociabilidade deixa claro como a atenção interfere
representantes por categoria profissional, visto que na gestão e a gestão interfere na atenção à saúde.
toda a equipe deve fazer parte. Dessa forma, todas as variáveis que interferem na

136
Programas e políticas de saúde Cap. 8

gestão e na atenção devem ser consideradas, in- Questão 5 DIFICULDADE:


clusive os aspectos políticos.
Comentário: Para quem já leu a Política Nacional
✔ RESPOSTA: 
de Promoção da Saúde (PNPS), essa questão fica
fácil. Para quem nunca leu, é uma questão bastan-
Questão 4 DIFICULDADE: te difícil. O objetivo geral da PNPS é: “Promover a
qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos
Comentário: A PNPS apresenta diversos objetivos à saúde relacionados aos seus determinantes e con-
específicos. Conhecendo os conceitos por trás da dicionantes – modos de viver, condições de traba-
Política, entretanto, essa questão torna-se um pou- lho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura,
co menos difícil. Vamos às assertivas: acesso a bens e serviços essenciais.”
Assertiva I. Estimular a promoção da saúde como ✔ RESPOSTA: 
parte da integralidade do cuidado na Rede de Aten-
ção à Saúde – RAS, articulada às demais redes de
proteção social. VERDADEIRO. Os princípios da in- Questão 6 DIFICULDADE:
tegralidade e da intersetorialidade estão descritos
Comentário: Basicamente, o que essa questão está
nessa assertiva, que corresponde, sim, a um obje-
querendo saber diz respeito aos pontos de aten-
tivo específico da PNPS.
ção que podem ser considerados componentes da
Assertiva II. Valorizar os saberes populares e tradi- RAPS. Essa lista encontra-se na Resolução N. 32
cionais e as práticas integrativas e complementa- de 14 de Dezembro de 2017. Segundo a resolução,
res. VERDADEIRO. Mais uma vez temos interseto- consideramos como pontos de atenção da RAPS
rialidade e integralidade presentes, assim como o os seguintes: Atenção Básica; Consultório na Rua;
princípio da autonomia. Mais uma vez, temos uma Centros de Convivência; Unidades de Acolhimento
assertiva que corresponde a um objetivo específico. (Adulto e Infanto-Juvenil); Serviços Residenciais

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Assertiva III. Apoiar ações de controle interno incluin- Terapêuticos (SRT) I e II; Hospital-Dia; Unidades
do sistemas de auditorias de iniciativa popular e de Referência Especializadas em Hospitais Gerais;
governamental. FALSO. Não há menção a ações de Centros de Atenção Psicossocial nas suas diversas
controle ou de auditorias nessa política. O foco da modalidades; Equipe Multiprofissional de Atenção
PNPS é a promoção de saúde individual e coletiva. Especializada em Saúde Mental; Hospitais Psiquiá-
Assertiva IV. Estimular a pesquisa, produção e difu- tricos Especializados.
são de conhecimento e estratégias inovadoras no Alternativa A: CORRETA. Centros de acolhida têm a
âmbito das ações de promoção da saúde. VERDA- ver com o acolhimento para pessoas em situação
DEIRO. Além de haver menção direta do estímulo de rua, o que caracteriza um público-alvo da RAPS.
à pesquisa na PNPS, é comum vermos, entre os Alternativa B: INCORRETA. Rede Cegonha e rede de
objetivos de Políticas de Saúde, a produção e dis- cuidado à pessoa com deficiência não são consi-
seminação de conhecimento sobre o assunto dis- derados pontos na RAPS.
cutido na política.
Alternativa C: INCORRETA. Conselho tutelar não faz
Assertiva V. Qualificar e implementar ações voltadas parte da RAPS.
para o tratamento de pessoas com dependência
Alternativa D: INCORRETA. Rede de saúde do idoso
ao crack. FALSO. Não há menção a ações voltadas
não faz parte da RAPS.
para o combate à dependência ao crack na PNPS.
Alternativa E: INCORRETA. As Comunidades Tera-
Comentário: Questão difícil e específica. Estudar o pêuticas podem ser consideradas pontos de aten-
assunto não garante que você será capaz de res- ção na RAPS. Acontece que há um debate acerca
ponder perguntas desse tipo na prova, mas certa- desse modelo de atenção sobre a sua semelhança
mente aumentará suas chances. aos antigos manicômios, ao menos no que diz res-
✔ RESPOSTA:  peito ao distanciamento dos pacientes da família e

137
Programas e políticas de saúde Saúde coletiva

da comunidade. A questão pede “os aparelhos da Alternativa D: CORRETA.


RAPS que podem ser incluídos na definição acima”. ✔ RESPOSTA: 
O trecho apresentado no enunciado fala sobre a
redução no tempo de institucionalização. Por isso,
as comunidades terapêuticas, mesmo tendo sido Questão 9 DIFICULDADE:
incluídas recentemente como pontos da RAPS, não
estariam de acordo com a lógica apresentada no Comentário: Os objetivos do Programa Mais Médi-
enunciado. cos correspondem à parcela mais cobrada de todo
o Programa nas provas. Vamos analisar cada uma
✔ RESPOSTA:  das assertivas:
Assertiva I: VERDADEIRO. Esse trecho foi retirado di-
Questão 7 DIFICULDADE: retamente da Lei 12.871, que instituiu o Programa
Mais Médicos.
Comentário: Observe que uma questão de 2020
continua falando sobre os princípios e modelos Assertiva II: VERDADEIRO. Esse trecho também foi
discutidos em 2001 e 2002, mesmo a nota técnica retirado diretamente da Lei 12.871.
de 2019 tendo voltado a encorajar a abertura de Assertiva III: VERDADEIRO. A Lei 12.871 diz que “A
leitos psiquiátricos em hospitais. As alternativas autorização para o funcionamento de curso de gra-
A, C, D e E estão todas corretas. Observe que a al- duação em Medicina, por instituição de educação
ternativa E, em momento algum, diz que a rede de superior privada, será precedida de chamamento
saúde mental se limita aos componentes apresen- público, e caberá ao Ministro de Estado da Educa-
tados, visto que a nota técnica de 2019 apresentou ção dispor sobre” e em seguida lista algumas do
mais componentes do que os que estão descritos Ministério da Educação.
na alternativa. Assertiva IV: VERDADEIRO. Esse trecho também foi

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A alternativa B está incorreta porque são os pro- retirado diretamente da Lei 12.871.
fissionais das equipes de Saúde da Família que Assertiva V: FALSO. Os acordos articulados pela OPAS
têm responsabilidade sobre esses pacientes. Os foram entre Brasil e Cuba.
profissionais do CAPS e do NASF podem auxiliar
nesse cuidado, inclusive se corresponsabilizando ✔ RESPOSTA: 
pela assistência, mas a equipe de Saúde da Família
não irá se limitar a distribuir medicamentos. DIFICULDADE:
Questão 10
✔ RESPOSTA: 
Comentário: O Programa Mais Médicos apresenta
três eixos fundamentais, ou pilares:
Questão 8 DIFICULDADE:
1. Eixo Educacional, que atua em prol da expansão
Comentário: Vamos às alternativas: do número de vagas para os cursos de medicina
e residência médica e da implantação de um novo
Alternativa A: INCORRETA. A Política Nacional de
currículo com formação voltada para o atendimento
Saúde Mental busca reduzir a prática psiquiátrica
humanizado, com foco na valorização da Atenção
hospitalar.
Básica.
Alternativa B: INCORRETA. Não há consenso sobre a
2. Eixo de Estruturação da Rede de Serviços Bási-
internação compulsória.
cos de Saúde, com foco em ações voltadas para a
Alternativa C: INCORRETA. O NASF pode auxiliar as infraestrutura da Atenção Básica.
equipes de Saúde da Família e da Atenção Básica no
3. Eixo de Provimento Emergencial, cujo foco é a
manuseio dos casos envolvendo transtornos men-
contratação emergencial de médicos.
tais, visto que oferecem profissionais especialistas
capazes de participarem da condução dos casos. ✔ RESPOSTA: 

138
Capítulo
ATENÇÃO PRIMÁRIA
9

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u A Atenção Primária à Saúde tem alta complexidade e baixa densidade tecnológica.


u Os atributos essenciais da Atenção Primária são: acesso, coordenação do cuidado, integralidade e
longitudinalidade.
u A equipe de Saúde da Família é composta por, no mínimo, médico, enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfer-
magem e agente comunitário de saúde.
u A primeira ação a ser realizada segundo a Estratégia de Saúde da Família é a territorialização.
u O Núcleo Ampliado de Saúde da Família oferece apoio matricial, não constituindo porta de entrada ao
serviço de saúde.

1. INTRODUÇÃO 1.1. NÍVEIS DE ATENÇÃO

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u Atenção Primária ou Básica: primeiro ponto de
u “A atenção básica caracteriza-se por um con-
atenção à saúde. Tem como objetivo o alcance de
junto de ações de saúde, no âmbito individual e
certo grau de resolução dos problemas, algo em
coletivo, que abrange a promoção e a proteção
torno de 80% a 90% dos problemas de saúde da
da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico,
população. Atua com maior ênfase na prevenção
o tratamento, a reabilitação, a redução de danos
de aparecimento e evolução de agravos. Apresenta
e a manutenção da saúde com o objetivo de de-
baixa densidade tecnológica (discutido adiante).
senvolver uma atenção integral que impacte na
situação de saúde e autonomia das pessoas e
u Atenção Secundária: formada pelos serviços es-
nos determinantes e condicionantes de saúde das pecializados em nível ambulatorial e hospitalar.
coletividades.” – Princípios e Diretrizes Gerais da Apresenta densidade tecnológica intermediária.
Política Nacional de Atenção Básica. Compreende serviços médicos especializados,
de apoio diagnóstico e terapêutico e atendimento
de urgência e emergência.
DICA
 A Atenção Primária não se limita à prevenção u Atenção Terciária: designa o conjunto de tera-
e promoção de saúde. Há resolubilidade, diagnóstico
pias e procedimentos de elevada especialização.
e tratamento entre as suas atribuições. Nas ques-
Contém serviços que envolvem alta tecnologia e/
tões de provas, alternativas que trazem atribuições
ou nível de especialização, como oncologia, car-
muito limitadas da Atenção Primária geralmente
diologia, oftalmologia, transplantes, parto de alto
estão erradas.
risco, trauma, cirurgias de grande porte, hemo-
diálise etc. Há serviços ambulatoriais compondo
a atenção terciária, como ressonâncias magné-
ticas, medicina nuclear e serviços excepcionais,
como próteses ósseas.

139
Atenção primária Saúde coletiva

DICA
u Coordenação do cuidado
 Não confundir níveis de atenção com níveis
de prevenção. A prevenção primária não é exclusiva
W Os profissionais da APS são responsáveis pela
da atenção primária. Podemos ter prevenção pri- coordenação do cuidado do paciente em toda
mária (ex: vacinas), secundária (ex: rastreamentos), Rede de Atenção à Saúde. Diz respeito à con-
terciária (ex: reabilitação social) e quaternária (ex: tinuidade de informações dentro do sistema,
revisão de medicamentos em uso) sendo pratica- muitas vezes evidenciada pelos relatórios de
das na atenção primária. Não ache que existe uma Referência e Contrarreferência.
associação entre o nível de atenção e o nível de u Integralidade
prevenção. W Assim como o princípio do SUS, a integralida-
de diz respeito ao cuidado mais abrangente
do indivíduo, a partir da ampla oferta de ser-
1.2. DENSIDADE X COMPLEXIDADE
viços multiprofissionais e da observância de
determinantes e condicionantes de saúde em
u Densidade tecnológica se refere ao nível de todos os aspectos biopsicossociais.
tecnologia dos equipamentos utilizados. Obvia-
u Longitudinalidade
mente, usamos ferramentas de tecnologia mais
avançada dentro de um hospital (máquinas de W A APS deve fornecer aos pacientes fontes re-
tomografia ou ressonância magnética) do que gulares de atenção, que não necessariamente
na atenção básica. precisam ser ofertadas pelo mesmo profissional.
u Complexidade significa conhecimento necessá-
rio. O profissional que atua na atenção primária 2.2. DERIVADOS
precisa de um conhecimento muito abrangente.
Não podemos afirmar, portanto, que é um nível u Foco na família
de atenção de baixa complexidade.

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W Compreensão de que o foco da atenção não
se dá, exclusivamente, no indivíduo, mas em
DICA
 A atenção básica tem alta complexidade e toda a família, tanto para processos de adoe-
baixa densidade tecnológica. cimento quanto de cuidado.
u Orientação Comunitária
W Conhecimento de características da comunida-
de que tenham influência no processo saúde-
2. ATRIBUTOS DA ATENÇÃO -doença, dos recursos disponíveis na comuni-
PRIMÁRIA dade e de suas necessidades, a fim, inclusive,
de proceder com intervenções coletivas.
u Competência cultural
2.1. ESSENCIAIS W Reconhecimento das características culturais
de determinados grupos sociais ou comuni-
u Acesso dades e compreensão da influência dessas
W A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de características no processo saúde-doença.
entrada preferencial para o sistema, devendo
ser nesse nível de atenção o primeiro contato
do paciente com o SUS. 3. POLÍTICA NACIONAL DE
ATENÇÃO BÁSICA (PNAB)
DICA
 A APS não é a porta de entrada exclusiva, já
que um paciente pode ter seu primeiro atendimen- u A Política Nacional de Atenção Básica revisou,
to numa unidade de urgência e emergência, por
através de sua última portaria em 2017, as dire-
exemplo.

140
Atenção primária Cap. 9

trizes para organização da Atenção Básica no do SUS. Territorialização significa o processo de


âmbito do SUS. delimitação e reconhecimento desse território,
assim como de seus condicionantes e determi-
3.1. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES nantes de saúde. As pessoas e coletividades que
constituem aquele espaço estão adscritos a ele.
3.1.1. Princípios u População Adscrita: população presente no ter-
ritório determinado como sendo de responsabi-
u Universalidade: possibilitar acesso universal e lidade da Unidade de Saúde.
contínuo a serviços de saúde, caracterizados u Cuidado Centrado na Pessoa: ações de cuidado
como a porta de entrada aberta e preferencial de forma singularizada. O Método Clínico Centra-
da Rede de Atenção à Saúde – RAS (primeiro do na Pessoa será discutido de forma detalhada
contato). no capítulo “Ferramentas da Atenção Primária”.
u Resolutividade: sim, a Atenção Básica tem que
DICA ser resolutiva. Na verdade, deve ser o nível de
 A Atenção Básica é a PORTA DE ENTRADA
preferencial do SUS. O primeiro contato do paciente atenção mais resolutivo de todos, sendo capaz,
com os serviços de saúde deve ser feito na aten- idealmente, de fornecer a devida assistência a
ção básica. Não esqueça disso. Muitas questões mais de 80% dos problemas de saúde.
cobram esse conceito simples. u Longitudinalidade: pressupõe a continuidade da
relação de cuidado. Envolve construção de vín-
u Equidade: oferta o cuidado, reconhecendo as dife- culo do usuário com os profissionais de saúde
renças nas condições de vida e saúde de acordo e a unidade.
com as necessidades das pessoas, considerando
que o direito à saúde deve atender à diversidade. DICA
 Tempo e vínculo são os principais pontos da

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longitudinalidade. Acompanhar por longo período e
DICA
 Lembre-se do princípio da equidade com a se- observar os resultados das intervenções aplicadas
guinte frase: tratar os diferentes de forma diferente. são exemplos da relação temporal. Saber o nome
e conhecer a família são exemplos de vínculo.

u Integralidade: conjunto de serviços visando pro-


moção e manutenção de saúde, prevenção de u Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e
doenças e agravos, cura, reabilitação, redução organizar o fluxo dos usuários entre os pontos
de danos e cuidados paliativos. Além disso, há de atenção da RAS.
a responsabilização da Atenção Primária pela
oferta de serviços de saúde em outros pontos DICA
 A Atenção básica é a responsável pela expe-
da RAS. Reconhecer as necessidades biológicas, riência do usuário em toda a rede. Por isso, deve
psicológicas, ambientais e sociais é um ponto produzir a gestão compartilhada da atenção integral
crucial do princípio da integralidade. ao paciente.

3.1.2. Diretrizes
u Ordenar as redes: reconhecer as necessidades
u Regionalização e Hierarquização: regiões dizem da população e atuar de forma que o planejamen-
respeito a recortes espaciais da rede de atenção, to das ações de saúde em toda a rede atente a
enquanto hierarquização lida com os diferentes essas necessidades.
níveis de atenção (primária, secundária e terciária). u Participação da comunidade: estimular a parti-
u Territorialização e Adscrição: considera-se territó- cipação dos usuários na organização da rede e
rio a unidade geográfica de ação descentralizada no planejamento das ações.

141
Atenção primária Saúde coletiva

DICA
u Equipe de Atenção Básica:
 A PNAB reconhece a Estratégia de Saúde da
Família como prioritária para expansão e consoli-
W Composta no mínimo por médico, enfermeiro e
dação da Atenção Básica, mas reconhece outras técnico de enfermagem. Outros profissionais,
estratégias, desde que sigam os princípios e dire- inclusive ACS, podem fazer parte das equipes.
trizes acima descritos. W Carga horária mínima por categoria profissio-
nal é de 10 horas/semana, com no máximo de
3 (três) profissionais por categoria, devendo
3.2. INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA somar no mínimo 40 horas/semana.
E FUNCIONAMENTO DA
ATENÇÃO BÁSICA
DICA
 As provas perguntam mais sobre as equipes
de Saúde da Família do que sobre as Equipes de
u Carga horária: Recomenda-se que as Unidades
Atenção Básica.
Básicas de Saúde (UBS) tenham seu funciona-
mento com carga horária mínima de 40 horas/
semana, 5 dias/semana e 12 meses/ano.
3.4. NÚCLEO AMPLIADO DE SAÚDE
u População adscrita: 2.000 a 3.500 pessoas, tan- DA FAMÍLIA E ATENÇÃO
to para equipes de Atenção Básica quanto para BÁSICA (NASF-AB)
equipes de Saúde da Família.
u Número de equipes: 4 (quatro) equipes por unida- u Equipe multiprofissional complementar às equi-
de (de Atenção Básica ou de Saúde da Família). pes que atuam na Atenção Básica. Não se consti-
W Em um município com menos de 2000 habi- tuem como serviços com unidades físicas e não
tantes, só poderá haver uma equipe. são de livre acesso para atendimento individual
ou coletivo.

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3.3. TIPOS DE EQUIPES
u Compete à Equipe do Nasf-AB:
W Participar do planejamento conjunto com as
u Equipe de Saúde da Família: equipes que atuam na Atenção Básica.
W Composta no mínimo por médico, enfermeiro, W Contribuir ao cuidado dos usuários por inter-
técnico de enfermagem e agente comunitário médio da ampliação da clínica, aumentando
de saúde (ACS). Outros profissionais podem a capacidade de análise e intervenção.
fazer parte das equipes. W Realizar discussão de casos, atendimento
W Número máximo de 750 pessoas por ACS. individual, compartilhado, interconsulta, edu-
cação, construção de projetos, intervenções
W Para Equipe de Saúde da Família há obrigato-
no território, ações de prevenção e promoção
riedade de carga horária de 40 horas/semana
de saúde etc.
para todos os profissionais de saúde. Assim,
cada profissional só pode estar vinculado a
uma unidade. DICA
 O Nasf-AB não é porta de entrada da rede de
atenção à saúde, já que não oferece porta aberta
DICA para o usuário. Os profissionais desse núcleo au-
 Pergunta manjada das provas: dentista e
xiliam as equipes que atuam na Atenção Básica
auxiliar de saúde bucal não fazem parte da equipe
oferecendo um modelo de assistência denominado
mínima. Lembre-se: médico, enfermeiro, técnico
apoio matricial, ou matriciamento.
de enfermagem e agente comunitário de saúde.

142
Atenção primária Cap. 9

3.5. ESTRATÉGIA DE AGENTES 3.6.3. Médico


COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
u Realizar consultas clínicas, pequenos procedi-
mentos cirúrgicos, na unidade e/ou em domicílio.
u Essa estratégia prevê a implantação dos Agen-
tes Comunitários de Saúde (ACS) nas Unidades u Encaminhar, quando necessário, usuários a ou-
Básicas de Saúde (UBS) como uma possibilida- tros pontos de atenção.
de de reorganizar a Atenção Básica, visando à u Indicar a necessidade de internação hospitalar
implantação gradual da Estratégia de Saúde da ou domiciliar.
Família.
3.6.4. Agente comunitário de saúde
3.6. ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS u Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural,
DE ATENÇÃO BÁSICA
ambiental, epidemiológico e sanitário do territó-
rio em que atuam.
u Vamos selecionar algumas atribuições que podem u Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias
cair na sua prova. Na PNAB há outras atribuições
em base geográfica definida e cadastrar todas
para cada uma das categorias profissionais quem
as pessoas de sua área.
compõem a equipe.

3.6.1. Atribuições comuns a todos


os membros das equipes que 4. A ESTRATÉGIA DE
atuam na atenção básica SAÚDE DA FAMÍLIA

u Participar do processo de territorialização e ma-


peamento da área de atuação da equipe. u Trata-se da principal estratégia de expansão da

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atenção básica. Os seus princípios são os mes-
u Cadastrar e manter atualizados o cadastramen-
mos dos já expostos nesse capítulo. Vamos apre-
to e outros dados de saúde das famílias e dos
sentar alguns detalhes específicos da estratégia.
indivíduos no sistema de informação da Aten-
ção Básica. u Territorialização:
u Realizar o cuidado integral da população adscrita. W Primeira ação a ser realizada.
u Participar do acolhimento dos usuários. u Adscrição de clientela:
u Articular e participar das atividades de educação W Segunda ação a ser realizada.
permanente. u As duas grandes diferenças entre uma unidade
u Promover a mobilização e a participação da co- básica de saúde (UBS) e uma unidade de saúde
munidade. da família (USF) são as seguintes:
W Em uma USF, há uma população adscrita. Essa
3.6.2. Enfermeiro população tem acesso a todos os serviços da
unidade. Quem não está oficialmente vincula-
u Realizar consulta de enfermagem, procedimen- do a um posto tem direito a muitos serviços
tos, solicitar exames complementares, prescrever (vacinação, farmácia, pré-natal), mas não a
medicações conforme protocolos, observadas todos (consultas clínicas, visitas domiciliares).
as disposições legais da profissão.
W O Agente Comunitário é presença obrigatória
na equipe de Saúde da Família. A equipe da
UBS pode contar com um ACS, mas não existe
equipe de USF sem um ACS.

143
Atenção primária Saúde coletiva

segunda a sexta e mais 5 horas no final de


5. NOVIDADES NA semana.
ATENÇÃO PRIMÁRIA W 75 horas semanais, com 15 horas diárias inin-
terruptas de segunda a sexta ou 14 horas de
segunda a sexta e mais 5 horas no final de
5.1. EQUIPE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA (EAP)
semana.
u Já apresentamos as equipes de Saúde da Famí-
DICA
lia (ESF) e de Atenção Básica (EAB). Em 2019 foi  Por um lado, amplia-se o tempo de funcio-
instituído um novo modelo de equipe, denomina- namento da APS, ampliando, assim, seu alcance.
do equipe de Atenção Primária (EAP). Por outro, há priorização de demanda espontânea
e flexibilização de carga horária dos profissionais
W Composição mínima: médico e enfermeiro.
e de formação da equipe atuante, podendo levar
W Profissionais não podem integrar mais de a atenção primária a atuar como um “desafogo” a
uma equipe. serviços de urgência.
W Há duas modalidades:
V Modalidade 1: carga horária mínima indi-
vidual de 20 horas semanais e população 5.4. NOVO FINANCIAMENTO
adscrita correspondente a 50% daquela DA APS – PREVINE BRASIL
designada a uma ESF. (PORTARIA N. 2.979 DE 2019)

V Modalidade 2: carga horária mínima indi-


u Estabelece novo modelo de financiamento de
vidual de 30 horas semanais e população
custeio da Atenção Primária, constituído por:
adscrita correspondente a 75% daquela de-
signada a uma ESF. W Capitação Ponderada:

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V Passa a ser considerada a população ca-
5.2. NASF dastrada nas equipes de Saúde da Família
(eSF) e de Atenção Primária (eAP).
u Extinção do credenciamento de novas equipes V Perfil demográfico e vulnerabilidade so-
e financiamento federal do NASF. cioeconômica da população são levados
em consideração.
u Credenciamento de equipes multidisciplinares
passa a ocorrer diretamente na equipe pelo ges- V Classificação geográfica estabelecida pelo
tor local. IBGE também é considerada.

DICA
DICA
 Cuidado: o NASF não “acabou”. O cadastra-  Antes, o financiamento da Atenção Primária
mento de novas equipes foi suspenso e, nesse novo se baseava na população do município. Agora, a
modelo, há um enfraquecimento do componente base do cálculo é a população já adscrita e suas
multidisciplinar na atenção primária, mas o NASF características.
não está completamente extinto.
W Pagamentos por Desempenho:
V Ministério da Saúde realizará cálculo de
5.3. PROGRAMA SAÚDE NA HORA
indicadores de desempenho que estarão
atrelados ao repasse de recursos à Aten-
u Incentivo à expansão dos horários de funciona- ção Primária.
mento das unidades.
W Incentivo para Ações Estratégicas:
W 60 horas semanais, com 12 horas diárias inin-
V Programa Saúde na Hora.
terruptas de segunda a sexta ou 11 horas de
V Equipe de Consultório de Rua.

144
Atenção primária Cap. 9

V Programa Saúde na Escola.


V Incentivo aos municípios com residência
médica e multiprofissional.
V Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde.

DICA
 Trouxemos apenas algumas das ações es-
tratégicas que podem receber financiamento.

W Suspensão da Transferência dos Incentivos


Financeiros
V No caso de irregularidades, o incentivo finan-
ceiro da capitação ponderada será suspenso.

REFERÊNCIAS

1. Gusso G, Lopes JMC. Tratado de medicina de família e


comunidade princípios, formação e prática. 2. ed. Porto
Alegre: Artmed; 2019.
2. Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. (org.). Medicina
Ambulatorial: condutas de atenção primária baseada em
evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed; 2013.

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3. Demarzo MMP. Reorganização dos Sistemas de Saúde:
Promoção da Saúde e Atenção Primária à Saúde. UNA-
SUS. [Internet]; 2013. [acesso em 5 set. 2020]. Disponível
em: https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/167.
4. Oliveira NRC. Redes de Atenção à Saúde: a atenção à saúde
organizada em redes. UNASUS. [Internet]; 2016. [acesso
em 4 set. 2020]. Disponível em: https://ares.unasus.gov.
br/acervo/handle/ARES/7563.
5. Ministério da Saúde (BR). Política Nacional de Atenção
Básica (Série E. Legislação em Saúde) / Ministério da
Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.
6. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Pri-
mária à Saúde, Departamento de Saúde da Família. Nota
Técnica Nº 3/2020-DESF/SAPS/MS, de 20 de janeiro de
2020. Define o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e
Atenção Básica (NASF-AB) e Programa Previne. Diário
Oficial da União. 2020.
7. Starfield B. Atenção primária: equilíbrio entre necessida-
des de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO,
Ministério da Saúde; 2002.

145
Atenção primária Saúde coletiva

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 São características preconizadas do processo de


trabalho das equipes de Atenção Básica:
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – 2016) Ainda de
acordo com a Portaria n. 2.488, do Ministério da Somente as alternativas I, II, III e V.
Saúde, de 21 de outubro de 2011, que aprova a Somente as alternativas I, II, III e IV.
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), ana-
Somente as alternativas II, III, IV e V.
lise as características de processo de trabalho em
saúde a seguir: Somente as alternativas I, III, IV e V.
Somente as alternativas I, II, IV e V.
I. Definição do território de atuação e de população
sob responsabilidade das Unidades Básicas de
Saúde e de suas respectivas equipes. Questão 2
II. Programação e implementação das atividades (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) Qual das alternativas
de atenção à saúde de acordo com as necessi- abaixo é correta com relação à estrutura e funcio-

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dades de saúde da população, com a priorização namento da estratégia de saúde da família?
de intervenções clínicas e sanitárias nos proble-
mas de saúde segundo critérios de frequência, A identificação das características epidemioló-
risco, vulnerabilidade e resiliência. gicas define a composição da equipe de saúde
III. Divisão de agenda dos atendimentos segundo da família.
critérios de presença de patologias e problemas A delimitação das microáreas adota parâmetros
de saúde (como diabéticos e hipertensos), sexo político-operacionais estabelecidos pelo último
(homens e mulheres), faixa etária (como pueri- censo disponível.
cultura e atendimento de adultos), programas A adscrição do território é ferramenta utilizada
especiais (como pré-natal e puerpério) e ativida- pelo SUS com a finalidade de diminuir a deman-
des preventivas (como coleta de Papanicolau), da da unidade.
o que facilita o acesso dos usuários.
O mapeamento de equipamentos como igrejas
IV. Desenvolvimento de ações que priorizem os e organizações não governamentais é atribuição
grupos de risco e os fatores de risco clínico- da equipe de saúde da família.
-comportamentais, alimentares e/ou ambientais,
com a finalidade de prevenir o aparecimento ou
a persistência de doenças e danos evitáveis. Questão 3
V. Realização do acolhimento com escuta qua- (UDI HOSPITAL – 2017) Segundo a Política Nacional de
lificada, classificação de risco, avaliação de Atenção Básica (PNAB), a Atenção Básica tem como
necessidade de saúde e análise de vulnerabi- FUNÇÕES NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE:
lidade, tendo em vista a responsabilidade da
assistência resolutiva à demanda espontânea Ser base; acesso universal; coordenar o pacien-
e o primeiro atendimento às urgências. te; ordenar UBS.

146
Atenção primária Cap. 9

Ser base, ser hierárquica; coordenar o paciente; pela Estratégia Saúde da Família, a médica de fa-
ordenar as UBS. mília deve:
Ser base; ser hierárquica; acesso universal; or- Encaminhar o paciente para a rede especializada.
denar as redes de saúde.
Encaminhar o paciente para atendimento pelo
Ser base; ser resolutiva; coordenar o cuidado; Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF).
ordenar as redes de saúde.
Pedir apoio ao matriciamento.
Ser base; ser íntegra; coordenar o paciente; or-
Confirmar o diagnóstico com teste toxicológico
denar as redes de saúde.
antes de iniciar o tratamento.

Questão 4
Questão 6
(SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA DO CEARÁ – (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – 2018) A longitudina-
2021) Mulher, 65 anos, acompanhada por hiperten- lidade é um atributo da Atenção Primária à Saú-
são, diabetes, obesidade comparece à unidade de de (APS) que deve ser fortalecido, qualificando o
atenção primária à saúde com queixa de febre bai- atendimento à saúde. Entre as estratégias para o
xa, dor de garganta, tosse, cefaleia e astenia há 7 fortalecimento da longitudinalidade podem ser ci-
dias. Na oximetria de pulso apresentou saturação tadas, EXCETO:
de oxigênio de 89% em ar ambiente. O SAMU foi
acionado e a paciente foi transferida para a UPA e O ensino do Método Clínico Centrado na Pes-
em seguida para hospital, onde ficou em leito de te- soa nas escolas de medicina e a utilização do
rapia intensiva por 5 dias. A sua equipe de saúde da telessaúde.
família (ESF) manteve contato com os profissionais O uso de prontuário eletrônico, compartilhado
da UPA e do hospital e realizou acompanhamento por profissionais de diferentes categorias, e se

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remoto por telefone e mensagens de aplicativo até possível, de diferentes serviços na rede.
a alta hospitalar, quando agendou visita domiciliar.
Diferentes formas de contratação de profissio-
Qual princípio da atenção primária à saúde está re-
nais (RJU, CLT, RPA, REDA) de forma a facilitar
presentado pela ação de sua ESF?
a atração e fixação destes.
Coordenação do cuidado. A utilização, por parte da equipe, da estratégia
de Projetos Terapêuticos Singulares.
Longitudinalidade.
Integralidade.
Questão 7
Equidade.
(UDI HOSPITAL – 2018) De acordo com a Política Nacio-
nal de Atenção Básica (Portaria n. 2.436, de 22 de
Questão 5
setembro de 2017), é atribuição de todos os mem-
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2021) Uma médica de fa- bros da equipe, exceto:
mília atende muitos casos de dependência química
Participar do processo de territorialização e ma-
na Unidade Básica de Saúde onde trabalha. Para
peamento da área de atuação da equipe, identi-
se capacitar, passou a aplicar escalas de avaliação
ficando grupos, famílias e indivíduos expostos
desses casos. Ao atender um paciente adulto, apli-
a riscos e vulnerabilidades.
cou um instrumento da Organização Pan-america-
na da Saúde, cujos resultados foram dois pontos Realizar consultas clínicas, pequenos procedi-
para maconha e 23 para álcool. Para o tratamen- mentos cirúrgicos, atividades em grupo na UBS.
to do paciente, está prevista a intervenção breve. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Bá-
Considerando os atributos da Atenção Primária à sica vigente para registro das ações de saúde na
Saúde e as formas de trabalho em equipe previstas AB, visando subsidiar a gestão, o planejamento,

147
Atenção primária Saúde coletiva

a investigação clínica e epidemiológica, e a ava- É a porta de entrada do sistema de saúde e atua


liação dos serviços de saúde. coordenando o Projeto Terapêutico Singular.
Instituir ações para a segurança do paciente e Atua no apoio às Equipes de Saúde da Família
propor medidas para reduzir os riscos e diminuir e não deve ser a porta de entrada do sistema
os eventos adversos. de saúde.
Realizar ações de educação em saúde à popula-
ção adstrita, conforme planejamento da equipe
Questão 10
e utilizando abordagens adequadas às necessi-
dades deste público. (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – 2020) Dois
pacientes compareceram ao acolhimento de uma
UBS sem horário agendado. A primeira, Eduarda,
Questão 8
tem 52 anos de idade, mora há duas quadras da
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFU – 2018) A visita domiciliar UBS, está desempregada e gostaria de uma con-
(VD) é uma ferramenta importante na Estratégia de sulta com o médico para cuidar da sua diabetes.
Saúde da Família (ESF). Qual alternativa apresenta Na última consulta, no ano passado, estava com
o conceito mais CORRETO sobre a VD? a diabetes controlada. O segundo, Alberto, tem 23
anos de idade, é morador de área livre e gostaria
Tem como objetivo oferecer condutas de promo- de uma nova consulta de rotina com o médico. Na
ção, proteção e recuperação da saúde do indi- consulta do ano passado, era hígido. Nenhum dos
víduo, da família e da coletividade, no ambiente pacientes tinha outras queixas. Como a agenda
da unidade de saúde. estava muito cheia, a equipe optou por encaixar
É um instrumento que promove um grande víncu- Alberto no mesmo dia e marcar Eduarda em uma
lo entre o profissional de saúde e as famílias de vaga disponível nos próximos dias. Com base nes-
seu território de atuação, dificultando conhecer se caso hipotético, assinale a alternativa correta.

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a realidade do indivíduo e de sua família in loco.
A conduta da equipe está adequada. O princí-
Deve ser realizada em equipe, sendo importante pio do SUS que mais justifica a decisão é o da
que o Agente Comunitário de Saúde (ACS) lidere equidade.
o grupo, pois é momento oportuno para que se
A conduta da equipe não está adequada. O prin-
legitime a sua representatividade na ESF.
cípio do SUS que não foi respeitado foi o da
Há a necessidade de se conhecer a família em descentralização: Alberto deveria ter sido enca-
sua espontaneidade cotidiana, sem agendamen- minhado para um centro de referência do “con-
tos, pois só assim será possível conhecer os sultório na rua”.
domicílios com suas características ambientais,
A conduta da equipe não está adequada. O prin-
socioeconômicas e culturais e verificar a estru-
cípio do SUS que não foi respeitado foi o do
tura e a dinâmica familiares.
acesso: Eduarda deveria ter sido priorizada pelo
atendimento médico, pois tem diabetes e está
Questão 9 há mais de seis meses sem controle da HbA1c.
A conduta da equipe está adequada. O atributo
(UNICAMP R1 – PROVA OBJETIVA, PARTE 2, 2019) O Núcleo de
da Atenção Primária à Saúde que mais justifica
Apoio à Saúde da Família:
a decisão é o da “orientação comunitária”.
Realiza apoio institucional, complementando o A conduta da equipe está adequada. O princí-
trabalho das Equipes de Saúde da Família. pio do SUS que mais justifica a decisão é o da
É composto por médicos especialistas que aten- universalidade.
dem pacientes encaminhados pelas Unidades
Básicas de Saúde.

148
Atenção primária Cap. 9

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: Questão 3 DIFICULDADE:

Comentário: Todas as assertivas, exceto pela III, são Comentário: A Política Nacional de Atenção Básica
verdadeiras e são citações diretas da Portaria n. diz que a Atenção Básica “possui um espaço privi-
2.488 de 2011, mencionada no enunciado. legiado de gestão do cuidado das pessoas e cum-
pre papel estratégico na rede de atenção, servindo
Assertiva I: VERDADEIRA.
como base para o seu ordenamento e para a efe-
Assertiva II: VERDADEIRA. tivação da integralidade. Para tanto, é necessário
Assertiva III: FALSA. “[…] recomenda-se evitar a divi- que a Atenção Básica tenha alta resolutividade, com
são de agenda segundo critérios de problemas de capacidade clínica e de cuidado e incorporação de
saúde, ciclos de vida, sexo e patologias dificultando tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas
o acesso dos usuários” – Portaria n. 2.488 de 2011. e terapêuticas), além da articulação da Atenção Bá-
sica com outros pontos da RAS”.
Assertiva IV: VERDADEIRA.
✔ RESPOSTA: 

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Assertiva V: VERDADEIRA.
✔ RESPOSTA: 
Questão 4 DIFICULDADE:

DIFICULDADE:
Comentário: Temos o caso de uma paciente acompa-
Questão 2
nhada na UBS que apresenta um quadro respiratório
Comentário: Questão que aborda a estratégia de agudo com necessidade de hospitalização. A equipe
saúde da família. Quem define a composição da responsável pela paciente mantém contato com a
equipe de saúde da família é a PNAB e não as carac- equipe do hospital e já se organiza para os cuida-
terísticas epidemiológicas, sendo que atualmente a dos pós alta. Dos princípios da Atenção Primária à
equipe mínima é formada por médico, enfermeiro, Saúde estamos falando da coordenação do cuida-
técnico de enfermagem e agente comunitário. A do, uma das responsabilidades da equipe de APS.
delimitação da microárea é importante para que ✔ RESPOSTA: 
os pacientes sejam sempre atendidos pela mesma
equipe de saúde, aumentando o vínculo destes. A
adscrição de clientela tem o objetivo de otimizar a Questão 5 DIFICULDADE:

demanda em relação à população. O mapeamento


Comentário: Questão interessante sobre saúde men-
de equipamentos como igrejas e ONGs são sim
tal na Atenção Primária a Saúde. Temos um territó-
atribuições da equipe de saúde da família, uma
rio com grande número de casos de dependentes
vez que isso interfere diretamente na vida dessa
químicos e a médica de família aplicou uma escala
população.
de avaliação desses casos que ajuda na determi-
✔ RESPOSTA:  nação do tratamento (ASSIST) cujo resultado foi

149
Atenção primária Saúde coletiva

2 pontos pra maconha (nenhuma intervenção) e enfraquecem o vínculo do profissional com o serviço
23 para álcool (intervenção breve). Considerando de saúde, diminuindo sua fixação e dificultando o
o caso em questão e os atributos da APS, o que a efetivo acompanhamento longitudinal dos pacientes.
médica deve fazer? Alternativa D: INCORRETA. O Projeto Terapêutico Sin-
Alternativa A: INCORRETA. Não há necessidade de gular facilita discussão dos casos e indicação de
encaminhar esse caso a rede especializada, pois condutas entre equipes interdisciplinares.
se trata de um caso leve cuja indicação é a inter- ✔ RESPOSTA: 
venção breve.
Alternativa B: INCORRETA. Pode ser, mas muita aten-
Questão 7 DIFICULDADE:
ção a uma palavra em especial – encaminhar. Não
se encaminha ao NASF. Comentário: O enunciado pede a alternativa que NÃO
Alternativa C: CORRETA. Exato, podemos pedir apoio é uma atribuição de todos os membros da equipe
ao matriciamento (do CAPS por exemplo). de saúde da família.
Alternativa D: INCORRETA. Não há necessidade de Realizar consultas clínicas e pequenos procedimen-
confirmação diagnóstica. tos cirúrgicos na UBS são atribuições específicas
do médico.
✔ RESPOSTA: 
✔ RESPOSTA: 

Questão 6 DIFICULDADE:
Questão 8 DIFICULDADE:
Comentário: “VI – Longitudinalidade do cuidado:
pressupõe a continuidade da relação de cuidado, Alternativa A: INCORRETA. No ambiente RESIDEN-
com construção de vínculo e responsabilização en- CIAL, não da unidade de saúde.

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tre profissionais e usuários ao longo do tempo e de Alternativa B: INCORRETA. Facilitando, não dificul-
modo permanente e consistente, acompanhando tando, o conhecimento da realidade do indivíduo
os efeitos das intervenções em saúde e de outros e sua família.
elementos na vida das pessoas, evitando a perda Alternativa C: CORRETA. Na visita domiciliar, o ACS
de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia é a figura de liderança, pois é ele que acompanha
que são decorrentes do desconhecimento das histó- mais de perto a realidade das famílias e da comuni-
rias de vida e da falta de coordenação do cuidado.” dade, tendo mais facilidade de atuar em situações
– Política Nacional de Atenção Básica. como condições precárias de moradia, desemprego,
O enunciado pede a alternativa que NÃO fortalece destinação do lixo, saneamento básico, exclusão
a longitudinalidade. social, drogas lícitas e ilícitas, violência intrafami-
Alternativa A: INCORRETA. O método clínico centra- liar, acidentes etc.
do na pessoa busca conhecer as histórias e de- Alternativa D: INCORRETA. Errado, as visitas são agen-
mais elementos da vida do sujeito, e a telessaúde dadas, via de regra.
evita a perda de referências e diminui os riscos de ✔ RESPOSTA: 
iatrogenias.
Alternativa B: INCORRETA. O uso de prontuário ele-
Questão 9 DIFICULDADE:
trônico compartilhado por diferentes profissionais
facilita a coordenação do cuidado e evita o desco- Comentário: Devemos entender o NASF como equi-
nhecimento da história da pessoa. pe multiprofissional complementar às equipes que
Alternativa C: CORRETA. Pelo contrário, as múlti- atuam na Atenção Básica. Não se constituem como
plas formas de contratação, como por terceiriza- serviços com unidades físicas e não são de livre
ção ou por interposição de fundações diversas, acesso para atendimento individual ou coletivo.

150
Atenção primária Cap. 9

Alternativa A: INCORRETA. O NASF não atua como


apoio institucional. O tipo de apoio que fornece é
matricial.
Alternativa B: INCORRETA. O NASF atua como apoio
matricial, não havendo encaminhamento dos pacien-
tes para o NASF, como ocorre com profissionais da
atenção secundária, por exemplo.
Alternativa C: INCORRETA. NASF não é porta de en-
trada.
Alternativa D: CORRETA.
✔ RESPOSTA: 

Questão 10 DIFICULDADE:

Comentário: Temos dois pacientes sendo acolhidos


no mesmo dia, em situações semelhantes (não
marcaram consulta). Um deles é morador de área
livre, ou seja, morador de rua. Mesmo a outra pa-
ciente cursando com uma patologia prévia, o pa-
ciente Alberto encontrava-se em uma condição de
vulnerabilidade social mais alarmante. Por isso, foi
atendido no mesmo dia.
Alternativa A: CORRETA.

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Alternativa B: INCORRETA. A conduta da equipe está
adequada, sim.
Alternativa C: INCORRETA. Alberto, mesmo hígido,
apresenta condição de vulnerabilidade social mais
alarmante.
Alternativa D: INCORRETA. Não foi o atributo de orien-
tação comunitária que norteou a conduta.
Alternativa E: INCORRETA. Não foi o princípio da uni-
versalidade que norteou a conduta.
✔ RESPOSTA: 

151
Fixe seus conhecimentos!

FIXE SEU CONHECIMENTO COM RESUMOS

Use esse espaço para fazer resumos e fixar seu conhecimento!

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152
FERRAMENTAS DA Capítulo

ATENÇÃO PRIMÁRIA 10

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u O principal componente do Método Clínico Centrado na Pessoa diz respeito à experiência da pessoa frente
à sua doença.
u O genograma expressa graficamente a dinâmica familiar, enquanto o ecomapa inclui as relações com a
comunidade e com outros componentes externos à família.
u O método SOAP é composto por dados Subjetivos, Objetivos, Avaliação e Planos.
u Os pacientes devem participar ativamente da construção do Projeto Terapêutico Singular.

1. MÉTODO CLÍNICO V b) Contexto: família, emprego, comunidade,


CENTRADO NA PESSOA suporte social.
W 3. Elaborando um projeto comum de manejo.
a) Avaliar, junto com paciente, quais são as

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u O método clínico centrado na pessoa (MCCP) V

se contrapõe ao método centrado na doença, prioridades.


propondo uma abordagem que valorize mais as V b) Estabelecer responsabilidades do paciente
percepções e experiências do paciente. e do profissional nos tratamentos.
u O MCCP propõe uma abordagem mais focada W 4. Incorporando a prevenção e a promoção
no paciente, englobando, além de suas queixas de saúde.
e experiências para com sua saúde, o seu con- W 5. Fortalecendo a relação médico-paciente.
texto familiar, condições de trabalho, condição W 6. Sendo realista.
social, saúde mental etc.

DICA
 A nova versão do MCCP inclui apenas 4 com-
1.1. OS 6* COMPONENTES DO MÉTODO
ponentes, não estando mais presentes os núme-
CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA
ros 4 (Incorporando a prevenção e a promoção de
saúde) e 6 (Sendo realista).
u Como garantir uma abordagem mais centrada
na pessoa? Há 6 recomendações (fontes mais
recentes consideram apenas 4 – ver DICA) u Há evidências que demonstram benefícios na
aplicação desse método, tais como:
W 1. Explorando a doença e a experiência da
pessoa com a doença. W Maior adesão ao tratamento.
V a) Avaliar dimensão da doença: sentimen- W Melhora da saúde mental.
tos, ideias, medos, expectativas. W Diminuição na utilização de outros serviços
W 2. Entendendo a pessoa como um todo. de saúde, como UPAs e hospitais.
V a) História de vida, aspectos pessoais. W Maior satisfação do paciente.
W Redução da ansiedade para com a doença.

153
Ferramentas da atenção primária Saúde coletiva

Figura 1. Método Clínico Centrado no Paciente.

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Fonte: Gusso et al.4

2. INSTRUMENTOS DE um genograma, é necessário incluir pelo menos


ABORDAGEM FAMILIAR 3 gerações na representação gráfica (nas provas,
nem sempre temos 3 gerações representadas).
u O paciente e seu núcleo familiar devem ser des-
2.1. GENOGRAMA tacados no genograma. Além dos símbolos
apresentados, há símbolos capazes de identi-
u O genograma demonstra a dinâmica familiar. ficar abuso físico e/ou sexual, relacionamento
Serve como uma árvore genealógica que iden- de cuidador etc. O detalhamento desses símbo-
tifica, além dos vínculos sanguíneos ou de ma- los não é o principal ponto cobrado nas provas.
trimônio entre as pessoas, alguns detalhes dos A compreensão e intepretação do genograma e,
relacionamentos entre as mesmas. Para termos principalmente, do ecomapa, é o que mais cai.

154
Ferramentas da atenção primária Cap. 10

Figura 2. Símbolos usados no genograma.

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Fonte: Freitas et al.2

2.2. ECOMAPA

u O Ecomapa engloba todos os símbolos do geno- u Há, portanto, representação gráfica de suas rela-
grama. O genograma como um todo pode estar ções com escola dos filhos, profissão, vizinhança,
incluído no ecomapa. O seu foco, entretanto, é religião, além da própria unidade de saúde. Qual-
demonstrar as relações e possíveis redes de apoio quer relação significativa da vida do paciente deve
do paciente, tanto dentro da família quanto fora. estar representada graficamente no ecomapa.

155
Ferramentas da atenção primária Saúde coletiva

u Há alguns outros símbolos utilizados no ecoma- W O = Objetivo: Dados objetivos adquiridos pelo
pa, tais como: examinador, como achados no exame físico
W ______ linhas contínuas = ligações forte, rela- ou resultados de exames complementares.
ções sólidas. W A = Avaliação: Avaliação realizada pelo profis-
W --------- – linhas tracejadas = ligações frágeis. sional sobre os problemas apresentados pelo
paciente, que pode ser compilada na forma de
W __//__ linhas com barras (ou em ziguezague)
uma lista de problemas.
= relações conflituosas.
W P = Planos: Condutas propostas.
W , ou = setas = indicam o fluxo de energia
e/ou de recursos. V Plano diagnóstico: investigação diagnósti-
ca necessária.
W Ausência de linhas = ausência de qualquer
tipo de relação. V Plano terapêutico: intervenções terapêuti-
cas propostas (medicamentos, orientações
específicas etc.).
DICA
 Sempre que você for responder uma questão V Plano de seguimento: estratégias de segui-
de genograma e/ou ecomapa, tente interpretar
mento longitudinal.
todo o instrumento antes de responder à questão.
Durante a prova isso pode ser importante para não V Plano educacional: informações e orien-
errar nenhuma besteira, mas isso é ainda mais tações.
importante quando você estiver estudando para a
prova. Você corre o risco de não ver tantos desses
instrumentos na sua prática antes de realizar a 4. PROJETO TERAPÊUTICO
prova, então tire o máximo proveito de todos que SINGULAR (PTS)
você encontrar para estar se sentindo confiante.

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u O projeto terapêutico singular (PTS) é um con-
junto de terapêuticas articuladas, seja para um
3. REGISTRO CLÍNICO ORIENTADO paciente ou sua família, com resultado da dis-
POR PROBLEMAS cussão em equipe multidisciplinar. É realizado
geralmente para casos complexos e contém as
seguintes partes:
u Basicamente o que é cobrado em prova é o
W O diagnóstico: Avaliação orgânica, psicológica
preenchimento correto do método SOAP, que é
e social que possibilite uma conclusão a res-
a estrutura das notas de evolução do paciente,
peito dos riscos e vulnerabilidades do usuário.
formada por 4 partes:
W Definição de metas: Propostas de curto, mé-
W S = Subjetivo: Informações recolhidas na anam-
dio e longo prazos que serão negociadas com
nese. Sentimentos, impressões, funcionali-
o paciente pelo membro da equipe de maior
dades e expectativas que estão diretamente
vínculo.
relacionadas à experiência da pessoa com a
doença. Pode se ater simplesmente à queixa
W Divisão de responsabilidades: Como é um tra-
trazida pelo paciente, como “dor de cabeça”, balho em equipe, cada membro deve se res-
ou envolver aspectos mais profundos, como ponsabilizar pelas etapas que cabem às suas
“medo de morrer”. responsabilidades e capacidades técnicas.
W Reavaliação: Momento em que se discutirá a
evolução e, se necessário, correções de rumo.

156
Ferramentas da atenção primária Cap. 10

REFERÊNCIAS

1. Gusso G, Lopes JMC. Tratado de medicina de família e


comunidade – princípios, formação e prática. 2. Ed. Porto
Alegre: Artmed; 2019.
2. Freitas BC, Teixeira PEU. Manual Prático da Atenção
Primária. Salvador: Sanar; 2020.
3. Chapadeiro CA, Andrade HYSOA, Araújo MRN de. A família
como foco da Atenção Primária à Saúde. Belo Horizonte:
Nescon/ UFMG; 2011.
4. Ministério da Saúde (BR). Clínica ampliada, equipe de
referência e projeto terapêutico singular (Série B. Textos
Básicos de Saúde) / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de
Humanização 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.
5. Granja M, Outeirinho C. Registo médico orientado por
problemas em medicina geral e familiar: atualização
necessária. Rev Port Clínica Geral. 2018; 34(1): 40-4.
6. Demarzo MMP, Kolchraiber FC, Otaviano J, Oliveira GC de,
Vasconcelos E. Gestão da prática clínica dos profissionais
na Atenção Primária à Saúde. Módulo Político Gestor.
UNA-SUS, Unifesp;

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157
Ferramentas da atenção primária Saúde coletiva

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 examina a orofaringe e não encontra alteração.


Conversa sobre o roteiro das férias e sugere uma
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ – 2018) Com
estratégia intermediária: fariam um tratamento in-
relação ao Método Clínico Centrado na Pessoa, as-
tensivo sintomático nos próximos cinco dias com
sinale a resposta correta:
higiene nasal e anti-histamínico; se falariam todos
Surgiu no Brasil com a implantação da Estraté- os dias e, se o quadro persistisse, combinariam
gia de Saúde da Família. outra estratégia, eventualmente utilizando predni-
sona. Dr. Henrique explica ainda que a Vitamina C
Tem vários componentes que interagem entre si.
não tem função neste momento e sugere parar. A
O método é utilizado apenas para pacientes com paciente diz que vai apenas terminar a caixa de vi-
transtornos mentais. tamina C e “parar de gastar tempo e dinheiro com
Não aumenta a satisfação do usuário. vitaminas”. Segundo a sistematização do Registro
Limitação do método é desconhecer o contexto Clínico Orientado a Problemas, qual o melhor regis-
tro dentre os abaixo?

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do paciente.
S – coriza; O – orofaringe sem alteração; A – ce-
Questão 2 faleia frontal; P – prevenção quaternária
S – coriza e cefaleia frontal; O – coriza; A – an-
(USP-SP R1 – PROVA OBJETIVA, 2019) Mariza é uma execu-
siedade; P – negociação da prednisona
tiva de multinacional e marca uma consulta para o
mesmo dia no seu médico de família, Dr. Henrique. S – medo de sinusite; O – coriza; A – ansiedade;
Relata que está com “nariz escorrendo” (coriza) e P – negociação da prednisona
tosse há 5 dias. Diz ainda que há 3 dias começou S – deseja antibiótico; O – orofaringe sem alte-
uma dor na região frontal da face. Acha que está ração sem alteração; A – ansiedade; P – obser-
começando uma sinusite. Nega febre ou outras vação atenta
queixas e era alérgica na infância. Ela já teve este
problema há dois anos e lembra que foi uma ex-
Questão 3
periência ruim. Diz que vai sair de férias em cinco
dias e, no primeiro dia de férias, que ir no show do (SELEÇÃO UNIFICADA (AMRIGS, AMB, ACM E AMMS) – 2021) So-
Pepino Di Capri com o marido. Não quer correr risco bre o Método Clínico Centrado na Pessoa, assinale
de não estar bem no dia do show. Ela diz que está a alternativa INCORRETA.
tomando vitamina C que um amigo deu e pergunta
o que precisa fazer para “garantir que estará bem A chave do método centrado na pessoa é permi-
no início das férias”. Por fim, questiona se deve to- tir que o fluxo maior venha da pessoa, inclusive
mar antibiótico e prednisona que foi o que deram a expressão de sentimentos.
para uma amiga no pronto socorro de um hospital As habilidades cruciais são aquelas de escutar
de grande reputação quando ela tinha apenas um com atenção e responder às pistas verbais e
dia de sintomas. O médico escuta com atenção, não verbais com que as pessoas se expressam.

158
Ferramentas da atenção primária Cap. 10

O fracasso em entender as pistas dadas pelas


pessoas é uma oportunidade perdida de obter um
entendimento de sua experiência com a doença.
A sua essência é que o médico responda às
pistas dadas pela pessoa, permita e encoraje a
sua expressão, sempre insistindo pela resposta.

Questão 4

(SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA DO CEARÁ –


2021) Paciente masculino, 82 anos, compareceu à
unidade de atenção primária para consulta com sua
médica de família. A última consulta foi há 1 ano, Sandra é casada com Fernando, é irmã de Mar-
quando compareceu acompanhado de seu filho. Hoje cos e Mariana é sua sobrinha.
comparece desacompanhado para o atendimento Fernando é o novo companheiro de Sandra, com
e apresenta pressão arterial de 160 x 100 mmHg quem teve três filhos
e glicemia capilar pós-prandial de 200 mg/dL. No Marcos foi casado com Sandra, porém não teve
prontuário, havia uma lista de medicamentos com filhos com ela.
hidroclorotiazida, losartana, anlodipino, metformi-
Mariana é filha de Marcos com Sandra, que es-
na e insulina NPH. Ao ser questionado, refere que
tão separados
usava as medicações sem ajuda de familiares, mas
não sabia os nomes dos medicamentos e não ti-
nha segurança para explicar a posologia. Referiu Questão 6
que não retornou na data programada pois estava

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assintomático. Estava muito triste com a perda do (SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA DO CEARÁ – 2021)
filho de 33 anos de idade, que foi assassinado há Durante uma visita domiciliar de um paciente aca-
3 meses em disputa de facções do bairro. Após mado, você percebe um certo “clima pesado” entre
discussão sobre a situação, a equipe de saúde da os integrantes da família. É perceptível que a cuida-
família realizou uma conferência familiar no domi- dora está mais áspera nas suas respostas, afinal de
cílio com elaboração do genograma e ecomapa. contas já são 3 anos cuidando, praticamente só do
Qual componente do método clínico centrado na paciente. Qual ferramenta de abordagem familiar
pessoa foi abordado na visita domiciliar? ajudará, de maneira mais específica, a equipe de saú-
de da família em traçar estratégias para este caso?
Entendendo a pessoa como um todo.
Ecomapa.
Intensificando a Relação entre a pessoa e o
médico. Genograma.
Explorando a saúde, a doença e a experiência PRACTICE.
da doença. Apgar familiar.
Elaborando um plano conjunto de manejo dos
problemas.
Questão 7

(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – 2021) Consideran-


Questão 5
do que o projeto terapêutico singular (PTS) tem se
(REVALIDA UFMT – 2020) Analise a figura. Qual informa- mostrado como dispositivo resolutivo, tanto no
ção pode ser extraída do genograma de abordagem âmbito do cuidado e da atenção, como da gestão
familiar da estratégia saúde da família ilustrado na dos serviços e redes de saúde, assinale a alterna-
figura? tiva correta.

159
Ferramentas da atenção primária Saúde coletiva

O PTS se caracteriza como um conjunto de Escolha a alternativa com a sequência de combi-


propostas e condutas terapêuticas articuladas nação correta.
e resultantes da avaliação da equipe de saúde,
com prioridade para o médico. IV, I, III e II.
Considerando a relevância que tem demonstrado III, IV, II e I.
para o cuidado integral, a proposta de implanta- II, III, IV e I.
ção do PTS deve ocorrer independentemente da I, II, III e IV.
adesão dos pacientes e familiares.
No processo de construção do PTS há espaço
para uma postura ativa do paciente, evidenciando Questão 9
suas possibilidades para a produção de saúde
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) Ana, 17 anos de ida-
e o exercício da autonomia.
de, procurou a Unidade Básica de Saúde há duas
O processo de construção do PTS pode favorecer semanas por dor abdominal. Estava sozinha e visi-
a fragmentação do cuidado ao paciente, devido velmente angustiada. A profissional que a acolheu
à elaboração complexa que demanda a parti- identificou que Ana ingeriu vários medicamentos
cipação de diferentes profissionais da equipe. (que não sabe o nome) para interromper a gravidez.
Naquele dia, foi encaminhada para o pronto-socor-
Questão 8
ro de referência, onde foi atendida. A gravidez não
foi interrompida. Retorna hoje à Unidade Básica de
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – 2021) O primeiro com- Saúde para prosseguir seu acompanhamento. Ana
ponente do Método Clínico Centrado na Pessoa diz que a ação de tentar terminar a gestação ocor-
(MCCP) propõe quatro dimensões para ampliar o reu após briga com líder de sua religião, que, por
olhar à história clínica, incluindo a experiência do indiretas, sugeriu que ela não era bem-vinda e que

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adoecer. Analise o relato deste paciente, na coluna procurasse outra religião. Além da ação religiosa,
da esquerda, e combine com a respectiva dimen- costumava também voluntariar-se em uma organiza-
são do MCCP. ção não governamental que já havia sido assaltada
três vezes por seu irmão. Esses episódios a deixa-
I. Sentimentos
ram muito envergonhada e, por isso, não frequenta
II. Ideias mais o local. Esse irmão também está em acom-
III. Funcionalidades panhamento na UBS, e na última consulta médica
IV. Expectativas. disse sentir que deveria diminuir a quantidade de
bebida alcoólica ingerida, pois vários membros da
( ) “Doutor, hoje eu vim porque preciso de uma
família o criticam por isso. Ele estranhou a pergunta
ressonância magnética para ver a minha coluna
do médico sobre o costume de ingerir bebidas pela
e, também, de um exame da próstata.”
manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca.
( ) “Estou com medo de ter o mesmo fim do meu O pai, caminhoneiro, passa um dia por semana em
primo. Ele faleceu semana passada, tinha uma casa e a mãe abandonou os dois filhos ainda muito
metástase na coluna.” pequenos, por motivo desconhecido. O pai do bebê
( ) “Sabe, Doutor, eu sou muito ativo no meu tra- de Ana tem 18 anos, é aluno do curso técnico de
balho de marceneiro, minha família depende informática e trabalha à noite em uma lanchonete
de mim. Será que é uma hérnia que me deixará perto da UBS. Qual estratégia adotada na atenção
paralítico?” primária terá maior utilidade na sistematização da
( ) “Mas, pelo que me falou, a dor dele era parecida abordagem dessa família?
com a minha, acho que posso ter câncer tam-
bém. Se bem que já tenho essa dorzinha leve genograma associado a ecomapa.
nas costas há muitos anos.” projeto terapêutico singular.

160
Ferramentas da atenção primária Cap. 10

matriciamento com saúde mental.


atendimento compartilhado com psicólogo.

Questão 10

(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP/SP – 2015) “Os


padrões de relacionamento em gerações anteriores
podem fornecer modelos implícitos de funcionamen-
to familiar na próxima geração”. O INSTRUMENTO
PARA OBTER ESTA INFORMAÇÃO É:

Ecomapa.
Rede Social Significativa.
Visita domiciliar.
Genograma.

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161
Ferramentas da atenção primária Saúde coletiva

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: P = Planos. O que faremos de medidas educativas,


diagnóstico, tratamento e seguimento. A observação
Alternativa A: INCORRETA. O Método Clínico Centrado
atenta e o uso de sintomáticos foi a abordagem
na Pessoa (MCCP) surgiu no Canadá.
adotada pelo médico.
Alternativa B: CORRETA. O MCCP é estruturado em Agora, adaptando ao caso, a paciente Mariza traz
seis componentes, que são complementares e in- de subjetivo a coriza e a cefaleia frontal. Indo além
teragem entre si: Explorar a doença e a experiência e explorando a experiencia da doença, ela acredita
da pessoa com a doença; Entender a pessoa como estar com Sinusite e teve uma experiencia prévia
um todo; Elaborar um plano conjunto; Incorporar negativa há 2 anos. Além disso, se preocupa em
prevenção e promoção de saúde; Fortalecer a re- estar bem para o início das suas férias, em 5 dias.
lação médico-pessoa; Ser realista. No objetivo o médico não encontra alterações em
Alternativa C: INCORRETA. O MCCP é para todos os orofaringe. Mesmo não estando descrito, a coriza,
pacientes. se presente no momento da consulta, poderia ser
observada no exame físico. No enunciado não há

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Alternativa D: INCORRETA. Um de seus benefícios
é justamente a maior satisfação tanto do usuário detalhes sobre a Avaliação do médico e o Plano
quanto do profissional de saúde. proposto foi a terapia sintomática e observação,
com possível utilização de prednisona.
Alternativa E: INCORRETA. Um dos seus pontos po-
sitivos é justamente buscar conhecer o contexto ✔ RESPOSTA: 
da pessoa.
✔ RESPOSTA:  Questão 3 DIFICULDADE:

Comentário: O método clínico centrado na pessoa é


Questão 2 DIFICULDADE: uma das principais ferramentas da Atenção Primária
a Saúde e a mais cobrada nas provas de. Consiste
Comentário: Vamos analisar os 4 pontos do regis- em uma forma de conduzir a entrevista clínica de
tro SOAP: forma, como o próprio nome diz, centrada no pa-
S = Subjetivo. Anotamos os dados subjetivos trazi- ciente, em suas necessidades, preferências, con-
dos pela paciente na anamnese. As queixas eram trapondo o método centrado na doença.
coriza e cefaleia frontal, então esse é o S. Alternativa A: CORRETA. É um método que inclui na
O = Objetivo. O que foi observado durante o exame avaliação não só a doença, como também o sen-
físico e exames complementares. Nesse caso, o timento que a doença provoca no paciente e o im-
exame físico foi voltado para a orofaringe. pacto funcional.
A = Avaliação. Fazemos a lista de problemas do caso. Alternativa B: CORRETO. Habilidades de comunica-
Para Mariza, os problemas são as próprias queixas ção envolvem escuta ativa, linguagem não verbal,
apresentadas: cefaleia frontal e coriza. entre outros.

162
Ferramentas da atenção primária Cap. 10

Alternativa C: CORRETO. É um método que cientifi- os membros das famílias, pelo menos 3 gerações,
camente traz inúmeros benefícios incluindo maior idades, relações parentais, conjugais etc. Seria bas-
controle de doenças crônicas, maior adesão ao tante útil no caso, porém não identificaria outras
tratamento justamente por ter sido avaliado o sen- redes de apoio pensando no estrese do cuidador
timento de doença do paciente e ter sido elaborado citado no enunciado.
um plano compartilhado. Alternativa C: INCORRETA. A ferramenta PRACTICE
Alternativa D: INCORRETO. O médico deve sim res- foi projetada por médicos de família para avaliar
ponder as pistas (e também perguntar ativamente) o funcionamento da família. Seria útil neste caso
de como o paciente se sente, mas não deve haver também, mas a questão nos pede a ferramenta
insistência na resposta. mais específica.
✔ RESPOSTA:  Alternativa D: INCORRETA. APGAR familiar consiste
na avaliação da satisfação familiar através de um
questionário aplicado ao paciente.
Questão 4 DIFICULDADE:
Comentário: Em suma, todas as ferramentas teriam
Comentário: Temos a descrição do caso de um idoso utilidade no caso proposto, porém se tratando de
com doenças crônicas e passando por uma situação uma família conflituosa com cuidador sofrendo es-
importante de estresse psicológico. Observe que tresse do cuidador, precisamos pensar em rede de
o paciente não foi apenas abordado em relação às apoio e o ecomapa é a ferramenta que nos traria
suas doenças crônicas, alterações nos sinais vitais essas informações.
e exames laboratoriais, e sim de forma integral, onde ✔ RESPOSTA: 
foi aplicado o método clínico centrado na pessoa,
em especial o passo de entender o indivíduo como
um todo. Alternativa correta A. Questão 7 DIFICULDADE:

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✔ RESPOSTA: 
Comentário: O projeto terapêutico singular (PTS) é
um conjunto de terapêuticas articuladas, seja para
Questão 5 DIFICULDADE: um paciente ou sua família, com resultado da dis-
cussão em equipe multidisciplinar.
Comentário: Interpretação de genograma. Nossa
Alternativa A: INCORRETA. Não há prioridade para o
pessoa índice é Mariana, ela é filha de Sandra e
médico. O foco é na discussão em equipe multi-
Marcos que estão separados. Sandra, sua mãe, está
disciplinar.
em um relacionamento com Fernando e juntos têm
dois filhos, Ricardo e Claudia. Alternativa B: INCORRETA. A adesão de pacientes e
familiares é essencial.
✔ RESPOSTA: 
Alternativa C: CORRETA.
Alternativa D: INCORRETA. O PTS é uma ferramenta
Questão 6 DIFICULDADE:
de integralidade, não favorecendo, portanto, a frag-
Comentário: Qual ferramenta de abordagem familiar mentação do cuidado. O objetivo é exatamente o
da atenção primária à saúde seria mais útil nesse oposto.
caso? Vamos discutir as alternativas. ✔ RESPOSTA: 
Alternativa A: CORRETA. Ecomapa consiste em uma
ferramenta em que adicionamos as redes de apoio
Questão 8 DIFICULDADE:
da família estudada e suas relações. Seria de ex-
trema necessidade neste caso. Comentário: O Método Clínico Centrado na Pessoa
Alternativa B: INCORRETA. Genograma consiste na propõe que o profissional avalie quatro dimensões
ferramenta gráfica e visual em que identificamos da experiência da doença. São elas:

163
Ferramentas da atenção primária Saúde coletiva

• Sentimentos: o que a pessoa sente sobre seu pro- compreensão da dinâmica familiar da Ana através
blema, como medos e preocupações. Observamos do genograma e ecomapa.
esses sentimentos na segunda frase. ✔ RESPOSTA: 
• Ideias: ideias que o paciente tenha sobre o que
está errado, que pode ser objetiva como uma
suspeita diagnóstica ou subjetiva como uma Questão 10 DIFICULDADE:

noção de que aquele sintoma é uma punição, por Comentário: A questão está se referindo ao GENO-
exemplo. Observamos essa ideia mais objetiva GRAMA, que é um método gráfico de abordagem
na quarta frase. familiar que tem o objetivo de avaliar a anatomia fa-
• Funcionamento ou Funcionalidade: o paciente miliar. É traçado a partir de símbolos, com o intuito
pergunta se haverá sequelas, limitações, prejuízo de mostrar as relações familiares e sua composição.
à qualidade de vida etc. Observamos esses ques-
✔ RESPOSTA: 
tionamentos na terceira frase.
• Expectativas: o que o paciente espera do aten-
dimento? Observamos essas expectativas na
primeira frase.
A ordem correta, portanto, seria: IV, I, III, II.
✔ RESPOSTA: 

Questão 9 DIFICULDADE:

Comentário: O enunciado é grande, mas não se as-


suste. De forma resumida, temos descrito o caso

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de um atendimento na unidade básica de saúde en-
volvendo diversas questões de relações familiares
e com a comunidade, e o enunciado pede qual es-
tratégia é a melhor para sistematizar esse contexto.
Alternativa A: CORRETA. O Genograma é um gráfico
que ilustra as relações familiares, e o Ecomapa
ilustra as relações da família com o ambiente/co-
munidade, perfeito para o caso.
Alternativa B: INCORRETA. O Projeto Terapêutico Fa-
miliar é basicamente uma sistematização de dis-
cussão de caso clínico, reunindo toda a equipe para
ajudar a entender o sujeito com alguma situação
de saúde e definição de propostas de ações. É uma
ferramenta para abordar o sujeito ou coletivos, e não
necessariamente voltado para abordagem familiar.
Alternativa C: INCORRETA. A questão não pede a con-
duta individual para o caso da paciente, mas um
instrumento para abordagem familiar.
Alternativa D: INCORRETA. O atendimento comparti-
lhado com o psicólogo tem sua importância nes-
te caso, mas poderá apenas ser efetivo após a

164
Capítulo
DECLARAÇÃO DE ÓBITO
11

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u A emissão da Declaração de Óbito é um ato médico.


u Devemos emitir a D.O. sempre que houver um óbito.
u Óbitos fetais > 20 semanas, 500g ou 20cm devem ter D.O.
u Nos óbitos decorrentes de causas externas, quem deve emitir a D.O. é o médico perito legista no IML ou
o perito eventual designado pela justiça.

1. A DECLARAÇÃO DE ÓBITO W A via amarela fica com a família. Com essa


via a família consegue a certidão de óbito no
cartório.
u A Declaração de Óbito é o documento base do
W A via rosa fica no estabelecimento de saúde
Sistema de Informação sobre Mortalidade. Tra-

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onde o óbito ocorreu.
ta-se de um modelo único utilizado em todo
território nacional. Todo óbito ocorrido no país W A via branca é enviada para a secretaria de
deve gerar uma declaração de óbito. Tem por saúde.
objetivo coletar informações sobre mortalidade,
documentando as causas do óbito, assim como Quadro 1. Destinos das vias da declaração de óbito.
informações sobre o indivíduo. Além disso, a Rosa Estabelecimento de saúde → prontuário
partir de uma das vias da declaração de óbito é
Amarela Família → cartório de registro civil
que a família, em cartório, recebe a certidão, ou
certificado de óbito, documento necessário para Branca Secretaria de Saúde
o sepultamento. É, portanto, um documento de Fonte: O autor.
caráter epidemiológico e jurídico.

DICA
 A causa básica do óbito é a utilizada nas 2. O PAPEL DO MÉDICO
estatísticas de mortalidade.

u A emissão da D.O. é um ato médico. Apenas


u Três vias: A declaração de óbito é emitida em 3 médicos podem preencher e assinar uma D.O.
vias – Rosa, Amarela e Branca. A depender das
u Vamos além: o médico tem a obrigação de emi-
condições e local do óbito, o destino das vias
tir a D.O.
rosa e branca pode se alterar, mas geralmente
temos o seguinte:

165
Declaração de óbito Saúde coletiva

u O que o médico deve fazer? u Criança que nasce viva e morre após o nascimento.
W Preencher os dados do indivíduo a partir de W Se a criança teve algum batimento cardíaco
um documento de identificação. ou incursão respiratória fora do útero da mãe,
W Revisar todos os campos antes de assinar. então ela esteve viva. Se esteve viva e morreu,
é óbito, e todo óbito merece uma D.O. Não im-
W Constatar o óbito examinando o corpo.
porta quanto tempo a criança viveu. Se nasceu
viva e morreu depois, a D.O. deve ser emitida.
DICA
 Nunca devemos assinar uma Declaração de u Óbito fetal, se:
Óbito sem exame direto do corpo. Nunca. Podemos,
W > 20 semanas de gestação OU
até, não ter presenciado o óbito no exato momento
em que ocorreu, mas temos que examinar o corpo. W > 500 g OU
W > 25 cm
u O que o médico não deve fazer? W Basta uma dessas características.
W Assinar D.O. em branco.
Quadro 2. Quando emitir a declaração de óbito.
W Preencher D.O. sem exame direto do corpo.
Quando emitir a declaração de óbito
W Cobrar pela emissão da D.O.
TODOS os óbitos
DICA Quando a criança nascer viva e morrer
 Se você não for o médico que tem a obrigação
logo após o nascimento.
de emitir a D.O. de determinado paciente, você pode
cobrar pela “consulta” realizada para o exame do Óbito fetal > 20 semanas OU feto > 500 g OU > 25 cm.
corpo, porém nunca cobrar pela emissão da D.O. Fonte: Ministério da Saúde.1

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u No caso de óbitos fetais que não preencham
nenhuma dessas características, a declaração
3. QUANDO EMITIR A de óbito não é obrigatória. Se a família quiser
DECLARAÇÃO DE ÓBITO realizar o sepultamento do feto, o médico pode
emitir a D.O.
u Se houve óbito, deve ter declaração de óbito.
DICA
W Parece óbvio, mas algumas questões trazem  Não devemos emitir D.O. para peças anatô-
histórias mirabolantes, cheias de detalhes que micas amputadas. Caso o paciente queira realizar
podem lhe confundir. No final das contas, se o sepultamento do membro, você pode emitir um
teve óbito, precisa ter declaração de óbito. relatório médico com papel timbrado.

166
Declaração de óbito Cap. 11

4. QUEM DEVE EMITIR A D.O.

Quadro 3. Quem deve emitir a declaração de óbito.

MORTE NATURAL (DOENÇA)


Óbito por causa natural é aquele cuja causa básica é uma doença ou estado mórbido prévio

Com assistência médica Sem assistência médica

• Sempre que possível, em todas as situações: o médico


que vinha prestando assistência ao paciente.
• Óbitos de pacientes internados sob regime hospitalar: o
médico assistente e, na sua falta, o médico substituto ou
plantonista. • Localidades com SVO: o médico do SVO.
• Óbitos de pacientes sob regime ambulatorial: o médico • Localidades sem SVO: o médico do serviço público de
designado pela instituição que prestava assistência. saúde mais próximo do local onde ocorreu o evento e, na
• Pacientes em tratamento sob regime domiciliar: o médi- sua ausência, por qualquer médico.
co do Programa de Saúde da Família, Programa de Inter- • Localidades sem médico: um responsável do cartório de
nação Domiciliar. registro, junto com duas testemunhas, emite a DO.
• Atenção: O SVO pode ser acionado para emissão da DO,
em qualquer das situações acima, caso o médico não con-
siga correlacionar o óbito com o quadro clínico registrado
nos prontuários ou fichas médicas dessas instituições.

MORTE NÃO NATURAL (CAUSAS EXTERNAS)


Óbito por causa externa (ou não natural) é aquele que decorre de lesão provocada
por violência (homicídio, suicídio, acidente ou morte suspeita), qualquer que
tenha sido o tempo entre o evento lesivo e a morte propriamente.

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Em localidade com IML Em localidade sem IML

Qualquer médico (ou mesmo outros profissionais) da lo-


O médico legista, qualquer que tenha sido o tempo entre o
calidade, investido pela autoridade judicial ou policial, na
evento violento e a morte propriamente.
função de perito legista eventual (ad hoc).
Fonte: Ministério da Saúde.1

5. COMO PREENCHER A D.O.

u A parte mais importante no preenchimento cor- para tal, além das circunstâncias do acidente ou
reto da D.O. é a causa da morte. Para determi- da violência que produziram essas lesões. Pre-
narmos corretamente a causa do óbito, é impor- cisamos determinar desde a causa básica da
tante observar as doenças, estados mórbidos ou morte até a causa imediata, conforme a imagem
lesões que produziram a morte ou contribuíram abaixo (Figura 1):

167
Declaração de óbito Saúde coletiva

Figura 1. Parte VI da declaração de óbito.

Fonte: Ministério da Saúde.1

u Em teoria, devemos começar a preencher pela nia nosocomial, evoluindo com sepse e choque
causa básica da morte, mas vamos começar ex- séptico, vindo a óbito. A causa imediata é bem
plicando a partir da causa imediata. É o final da simples: choque séptico. Qual a causa básica?
linha da cascata de eventos que produziu o óbito. Nesse caso, queda de própria altura, ou seja, o
O choque séptico, a insuficiência respiratória, o paciente deve ser encaminhado para o IML. Se
edema agudo de pulmão, ou seja, aquela última a pneumonia é nosocomial, o paciente precisa
complicação que levou efetivamente ao óbito. estar internado para adquiri-la, então a causa
básica é aquela que o levou ao internamento, no
DICA caso o próprio mecanismo da lesão ou do trauma.
 Parada cardiorrespiratória e falência múltipla
de órgãos não devem constar como causas ime-

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diatas de óbito. O manual oficial de preenchimento DICA
 Gestação e intervenções cirúrgicas não são
da D.O. traz esses dois exemplos como erros no causas de óbito, então não devem entrar na linha de
preenchimento, e as provas seguem a mesma linha. “produção” do óbito. A gestação, entretanto, deve
entrar na Parte II.
u A causa básica é aquela que iniciou a sequência
de eventos que levou ao óbito. u Na Parte II, devemos incluir outras condições
W Exemplo: paciente hipertenso cursa com infar- patológicas que possam ter contribuído para o
to agudo do miocárdio. Permanece internado óbito, sem necessariamente fazer parte da se-
por conta de insuficiência cardíaca, evoluindo quência de eventos que levou ao óbito.
com edema agudo de pulmão refratário e óbi- W Exemplo: um paciente diabético pode não se
to. Qual a causa básica? Tudo começou por recuperar tão bem de um quadro infeccioso
causa da hipertensão arterial. A causa básica, quanto um não diabético. Uma gestante que
portanto, é essa. vem a óbito por conta de uma complicação da
gestação deve ter a própria gestação como
DICA condição clínica que contribuiu ao óbito.
 Na parte I do campo 49 da Declaração de
Óbito, há 4 linhas a serem preenchidas, mas não é u Observe que há duas colunas a serem preenchi-
obrigatório usar todas elas. das: “Tempo aproximado entre o início da doença
e a morte” e “CID”. Devemos preencher a primei-
ra. Caso você não saiba o tempo exato, pode es-
u IMPORTANTE: Um paciente sofreu uma queda
crever “Ignorado” no local. O CID, entretanto, não
de própria altura, sendo internado para correção
deve ser preenchido pelo médico.
de fratura em colo de fêmur. Adquiriu pneumo-

168
Declaração de óbito Cap. 11

6. ESCLARECENDO AS REFERÊNCIAS
DÚVIDAS MAIS COMUNS
1. Ministério da Saúde (BR). A declaração de óbito: docu-
Quadro 4. Dicas para situações mento necessário e importante. Ministério da Saúde,
especiais e dúvidas comuns! Conselho Federal de Medicina, Centro Brasileiro de Clas-
sificação de Doenças. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde;
Condições Especiais da Declaração de Óbito 2009.

1. Quem emite a D.O.? – Ambulância COM Médico


Médico!!! Tá na chuva… é para se molhar!

2. Quem emite a D.O.? – Ambulância SEM Médico SVO


(sem violência) ou IML (morte violenta).

3. Recém-nascido de 450 g que nasceu vivo e morreu


Recebe D.O.

4. Morte sem assistência médica D.O. + Causa: “óbito


sem assistência médica” ou “causa desconhecida”

5. Chegou “parado” no PS Violência (IML); Dúvida (SVO);


Sem dúvida = D.O.!

6. Idoso caiu, fraturou o fêmur e morreu de pneumonia


Causa Externa = IML!

7. Não tem IML na cidade, juiz escolhe você para perito


examinar corpo e fornecer D.O.!

8. Só tem você de médico na cidade: Não sabe do que

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morreu D.O. “Causa da morte desconhecida”. Mencionar
ausência de sinais de violência.

9. Morreu na ambulância SEM MÉDICO com relatório


D.O. preenchida por médico que recebeu ou que enviou.
Não sabe causa (SVO). Causa Violenta (IML);
*Morte sem relatório médico o responsável é quem
enviou o paciente.

10. Morte de paciente do PSF Examinar o cadáver e


fornecer a D.O.

11. Peça anatômica (“Perna Amputada”). Não faz D.O. – Se


paciente quiser, pode fornecer relatório médico.

12. Errou preenchimento de D.O. Anular (Nunca rasgue!)


e preencher nova.

13. Não pode cobrar para preencher D.O. Pode cobrar


para constatar o óbito se não for sua obrigação.

14. Médico charlatão deu atestado falso 1 mês a 1 ano


de cadeia! Se lucrou em cima, paga multa adicional!
Fonte: Autor.

169
Declaração de óbito Saúde coletiva

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 hipotético, assinale a alternativa que apresenta a


conduta a ser adotada.
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ES-
TADUAL – 2021) Uma criança de dez anos de idade, ao atestar o óbito, sendo a causa-base a insuficiên-
brincar com a arma de fogo do pai, acidentalmente, cia respiratória, pois foi o que causou o óbito do
disparou em seu peito. Foi levada ao hospital, mas paciente
chegou sem vida. Na necrópsia, constatou-se feri- atestar o óbito, sendo a causa-base a septice-
da transfixante de coração e pulmão, hemorragia mia, pois esse era o diagnóstico do paciente no
interna traumática e anemia profunda. Com base momento do óbito
nesse caso hipotético, assinale a alternativa que
encaminhar o corpo ao sistema de verificação
apresenta a causa básica de morte que deverá
de óbito (SVO), pois o paciente apresentou insu-
constar no atestado de óbito.
ficiência respiratória aguda e não houve tempo
hemorragia externa traumática de se verificar a causa

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anemia profunda encaminhar ao Instituto Médico Legal, pois se
trata de um óbito por causa externa
ferida transfixante do coração
avaliar a relação médico-paciente, explicar para
ferida transfixante do pulmão a família que não há certeza acerca da causa-
disparo acidental de arma de fogo -base do óbito e fornecer declaração de óbito se
ela estiver de acordo

Questão 2
Questão 3
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL – 2021) Um paciente de 83 anos de idade, (REVALIDA UFMT – 2020) Sobre o preenchimento do do-
que teve uma fratura de fêmur à esquerda, ao cair cumento de declaração de óbito (DO), considere as
no banheiro de sua casa, foi operado pela equipe seguintes afirmativas:
de ortopedia há dois meses. Durante a internação,
I. A DO deve ser preenchida em caso de óbito
observou-se uma insuficiência renal aguda, com
pré-natal do concepto, independentemente da
necessidade de dez sessões de hemodiálise, e
idade gestacional.
teve uma pneumonia nosocomial, associada a um
quadro de delirium hipoativo, devido a essas inter- II. A causa básica do óbito deve ser descrita como
corrências. Foi transferido aos cuidados da clínica última condição no encadeamento que explica
médica. Nesse momento, estava tratando uma in- os eventos que levaram à morte.
fecção urinária por Klebsiella pneumoniae, resisten- III. Em óbito por causa violenta, o médico que dá
te a todos os antibióticos do antibiograma, e tinha o primeiro atendimento deve, por lei, preencher
sinais de disfunção de múltiplos órgãos, que levou a DO.
a um quadro de insuficiência respiratória aguda, IV. A falência de múltiplos órgãos é a causa direta
vindo a falecer horas após. Com base nesse caso mais frequente de óbito, devendo encabeçar a

170
Declaração de óbito Cap. 11

lista de eventos. Qual o número de afirmativas linha a: edema aguda de pulmão; linha b: insufi-
corretas? ciência cardíaca hipertensiva; linha c: cardiopatia
hipertensiva; linha d: hipertensão arterial.
Três
linha a: choque hipovolêmico; linha b: rotura de
Dois varizes esofagianas; linha c: hipertensão portal;
Um linha d: esquistossomose mansônica.
Quatro linha a: parada cardiorrespiratória; linha b: insufi-
ciência renal; linha c: choque hemorrágico; linha
d: hemorragia.
Questão 4
linha a: choque séptico; linha b: peritonite aguda;
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – 2021) Homem, linha c: volvo de sigmoide; linha d: megacolon
34a, vítima de acidente motociclístico é levado à chagásico crônico.
Unidade de Emergência Referenciada pelo SAMU
devido a TCE grave, com via aérea definitiva e aces-
sos venosos. Foi realizada abordagem pela equipe Questão 6
de neurocirurgia. No quinto pós-operatório na UTI,
(UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – 2021) A obrigação
evoluiu com pupilas midriáticas e fixas. Foi suspensa
legal da emissão da Declaração de Óbito, em ca-
a sedoanalgesia para início do Protocolo de Morte
sos de “morte não natural” (decorrente de causas
Encefálica. A sequência da avaliação do Protocolo
externas) compete ao médico
foi: primeiro teste clínico, exame complementar e
segundo teste clínico. O Protocolo foi positivo para que vinha prestando assistência ao paciente,
morte encefálica. A família decidiu por não doar sempre que o tempo entre o evento violento e a
os órgãos. Após esta decisão, os meios artificiais morte for superior a 30 dias.
de suporte orgânico foram suspensos e o pacien-

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legista ou de SVO (Serviço de Verificação de
te foi retirado da ventilação mecânica, evoluindo
Óbito), nas localidades que dispõem desses ti-
com queda da saturação de oxigênio, bradicardia
pos de serviço.
e linha isoelétrica no monitor cardíaco. A HORA DE
ÓBITO QUE DEVE CONSTAR NA DECLARAÇÃO DE legista, qualquer que tenha sido o tempo entre o
ÓBITO É A DO: evento violento e a morte propriamente.
do serviço público de saúde mais próximo do lo-
Primeiro teste clínico. cal onde ocorreu o evento, nas localidades que
Segundo teste clínico. não dispõem de Instituto Médico Legal.
Exame complementar.
Momento da linha isoelétrica no monitor. Questão 7

(PSU/MG – R1 – 2020) Em relação à Declaração de Óbito


Questão 5
(DO), documento oficial para a atestação da morte,
(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE GOIÁS – 2021) A redução é CORRETO afirmar:
do percentual de óbitos com causas consideradas
Causa básica a ser citada é definida como a doen-
pouco úteis em saúde pública é um dos principais
ça ou lesão que causou diretamente a morte.
objetivos do Departamento de Análise da Situação
de Saúde da Secretaria de Vigilância do Ministério Em caso de óbito hospitalar por complicação
da Saúde. Ao se deparar com exemplos de preen- de um acidente ou qualquer tipo de violência, a
chimento da Declaração de Óbito, item causas da DO deverá ser preenchida pelo médico legista.
morte (Parte I), o médico deve considerar como um Em caso de óbito ocorrido em ambulância durante
preenchimento inadequado, dentro do contexto das o processo de transferência, o médico do hospital
causas imediatas e antecedentes: de origem será o responsável pelo preenchimento.

171
Declaração de óbito Saúde coletiva

Não será emitida em caso de óbito ocorrido mi- não deverá ser emitida em óbito fetal, se a ges-
nutos após o nascimento. tação teve duração inferior a 28 semanas.
deverá ser emitida em óbito fetal ou quando
Questão 8
uma criança nascer viva e morrer logo após o
nascimento, independentemente da duração da
(IAMSPE – 2019) Uma jovem de 20 anos caiu acidental- gestação.
mente na rua de sua residência e bateu a cabeça
num bloco de concreto. Foi socorrida e estava in-
consciente quando chegou ao hospital. Após dois
dias de neurocirurgia, faleceu devido à hemorragia
cerebral. Qual foi a causa básica da morte?

Politraumatismo
Coma
Choque hipovolêmico
Edema cerebral
Queda acidental

Questão 9

(UFRJ – 2018) Em relação às principais fontes de infor-


mação para o sistema de vigilância epidemiológica,
pode-se afirmar que:

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A imprensa é a principal fonte de informação
para eventos frequentes
A vigilância do tipo “sentinela” é utilizada como
fonte de informação durante as epidemias
Os resultados laboratoriais são inúteis na detec-
ção de casos não notificados
A declaração de óbito pode ser usada como
fonte primária para a vigilância epidemiológica

Questão 10

(UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, 2019) Em relação à


Declaração de óbito, documento-base do Sistema
de Informações sobre Mortalidade do Ministério da
Saúde, é correto afirmar que:

não poderá ser objeto de cobrança, mesmo em


se tratando de paciente particular a quem o mé-
dico não vinha prestando assistência.
deverá ser emitida quando uma criança nascer
viva e morrer logo após o nascimento, indepen-
dentemente da duração da gestação e do tempo
que tenha permanecido viva.

172
Declaração de óbito Cap. 11

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: de eventos que levou o paciente ao óbito, mesmo


que a associação entre esse acidente e a causa
Comentário: A causa básica é definida como a doen-
do óbito seja indireta, consideramos o óbito como
ça ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos
sendo por causa externa. Segundo o mesmo do-
patológicos que conduziram diretamente à morte,
cumento, óbitos por causa externa, ou não-natural,
ou as circunstâncias do acidente ou violência que
devem ser notificados por perito médico no Insti-
produziram a lesão fatal. Temos sempre que lembrar
tuto Médico Legal.
que a causa básica deve ser o primeiro aconteci-
mento na cadeia de eventos que produziu a morte Alternativa A: INCORRETA. Não é o médico assistente
do paciente. Nesse caso, o primeiro acontecimento que deve atestar o óbito, e a insuficiência respirató-
é a circunstância do acidente. ria não seria a causa-base, mas a causa imediata.

Alternativa A: INCORRETA. A Hemorragia externa trau- Alternativa B: INCORRETA. Não é o médico assistente
mática é uma consequência da lesão. que deve atestar o óbito, e a septicemia não seria a
causa-base, mas uma causa intermediária.
Alternativa B: INCORRETA. A anemia é uma conse-

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quência da hemorragia. Alternativa C: INCORRETA. Nesse caso, não se trata
de situação que requeira SVO. O paciente sofreu
Alternativa C: INCORRETA. A ferida transfixante foi
um acidente no início da cadeia de eventos que
uma consequência do disparo acidental.
culminou com seu óbito, devendo o corpo ser en-
Alternativa D: INCORRETA. A ferida transfixante foi caminhado ao IML.
uma consequência do disparo acidental. Alternativa D: CORRETA.
Alternativa E: CORRETA. Alternativa E: INCORRETA. O médico assistente não
✔ RESPOSTA:  deve emitir a D.O.
✔ RESPOSTA: 
Questão 2 DIFICULDADE:

Questão 3 DIFICULDADE:
Comentário: “Segundo a definição, óbito por cau-
sa externa é aquele que ocorre em consequência Comentário: Vamos analisar as assertivas:
direta ou indireta de um evento lesivo (acidental,
Assertiva I. A DO deve ser emitida em caso de óbito
não-acidental ou de intenção indeterminada). Ou
fetal se maior de 20 semanas, 500g ou 25cm.
seja, decorre de uma lesão provocada por violência
(homicídio, suicídio, acidente ou morte suspeita), Assertiva II. Causa básica = É a doença ou lesão que
qualquer que seja o tempo decorrido entre o evento iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que
e o óbito.” Esse texto foi retirado de um documento conduziram diretamente à morte, ou as circuns-
do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de tâncias do acidente ou violência que produziram
Medicina sobre preenchimento da Declaração de a lesão fatal.
Óbito. Ou seja, se houve algum acidente na cadeia Assertiva III. Causa violenta = médico perito legista.

173
Declaração de óbito Saúde coletiva

Assertiva IV. Falência de múltiplos órgãos não deve Questão 6 DIFICULDADE:


ser causa imediata. É descrito como erro.
Comentário: Questão direta que discute quem deve
✔ RESPOSTA:  , porém nossa equipe discorda e não con-
emitir a Declaração de Óbito em casos de morte
siderou nenhuma alternativa correta.
não natural. Em locais com IML, a obrigação é do
médico perito legista do IML. Em locais sem IML,
Questão 4 DIFICULDADE: é o médico designado como perito eventual. De
qualquer forma, sempre quem terá a obrigação de
Comentário: Devemos lembrar de alguns conceitos emitir a Declaração de Óbito nesses casos será o
para podermos responder essa pergunta. Primeiro, médico legista, independente do tempo decorrente
recomenda-se que médicos envolvidos em equipes entre o evento violento e a morte.
de transplante de órgãos não devem participar do
diagnóstico do quadro de morte encefálica. Sabe-
✔ RESPOSTA: 
mos que esse paciente não será doador de órgãos,
mas isso já nos permite entender que a declaração Questão 7 DIFICULDADE:
de óbito de um paciente em morte encefálica terá
de ser feita antes da suspensão do suporte ventila- Alternativa A: INCORRETA. A causa base é aquela com
tório, já quem, em caso de transplante de órgãos, a que se iniciou a sequência de eventos que culminou
equipe de transplantes deve assumir um paciente na morte do paciente.
cujo óbito já tenha sido declarado. Segundo a RE- Alternativa B: CORRETA. Se a causa base é externa,
SOLUÇÃO Nº 2.173, DE 23 DE NOVEMBRO DE 2017 a D.O. deve ser preenchida pelo médico legista.
do Conselho Federal de Medicina “Os médicos que
Alternativa C: INCORRETA. Se o óbito ocorrer em
determinaram o diagnóstico de ME ou médicos as-
ambulância com assistência médica, o médico
sistentes ou seus substitutos deverão preencher a
da ambulância é o responsável pela D.O. Mesmo
DECLARAÇÃO DE ÓBITO definindo como data e hora

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sem assistência médica na ambulância, se houver
da morte aquela que corresponde ao momento da
relatório ou registro médico suficiente para detec-
conclusão do último procedimento para determina-
ção da causa, o médico da unidade que recebe o
ção da ME”. Para finalizarmos a determinação da
paciente pode (e deve) realizar o preenchimento
morte encefálica precisamos de dois exames clíni-
da D.O.
cos e um exame complementar. O enunciado nos
disse que a sequência da avaliação do Protocolo Alternativa D: INCORRETA. Se nasceu com vida, pre-
foi: primeiro teste clínico, exame complementar e cisa haver Declaração de Nascido Vivo e Declara-
segundo teste clínico. Assim sendo, a hora de óbito ção de Óbito.
que deve constar na declaração de óbito é aquela ✔ RESPOSTA: 
correspondente ao segundo teste clínico.
✔ RESPOSTA: 
Questão 8 DIFICULDADE:

Comentário: Conta um caso de uma jovem que, após


Questão 5 DIFICULDADE:
queda acidental, evoluiu com hemorragia cerebral.
Comentário: Aqui não temos muito o que discutir. Sa- A causa básica é definida como a doença ou lesão
bemos que escrever “parada cardiorrespiratória” ou que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos
“falência múltipla dos órgãos” como causas imedia- que conduziram diretamente à morte, ou as circuns-
tas deve ser considerado erro de preenchimento da tâncias do acidente ou violência que produziram a
declaração de óbito. Não há motivos para conside- lesão fatal. A causa básica nesse caso, portanto,
rarmos que há qualquer erro nas outras alternativas. foi a queda acidental.
✔ RESPOSTA:  ✔ RESPOSTA: 

174
Declaração de óbito Cap. 11

Questão 9 DIFICULDADE:

Alternativa A: INCORRETA. A imprensa, geralmente,


não é uma boa fonte de informação para eventos
frequentes, entre outros motivos, pois dão muita
ênfase a eventos raros e infrequentes.
Alternativa B: INCORRETA. Redes de notificação sen-
tinelas são utilizadas no dia a dia, não apenas du-
rante epidemias.
Alternativa C: INCORRETA. A notificação também
deve ser feita em unidades laboratoriais e institui-
ções de pesquisa.
Alternativa D: CORRETA. Correto, sendo a declaração
de óbito o documento-base que alimenta o Sistema
de Informação sobre Mortalidade – SIM.
✔ RESPOSTA: 

Questão 10 DIFICULDADE:

Alternativa A: INCORRETA. o preenchimento da decla-


ração de óbito não poderá ser objeto de cobrança.
Quando o médico não vinha prestando assistên-
cia ao paciente, não se configura substituto nem

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é designado por uma autoridade judicial, esse não
apresenta obrigatoriedade para com a declaração
do óbito. Pode haver cobrança no que diz respeito
ao exame físico realizado no cadáver para atestar
o óbito. Sempre que esse dilema estiver exposto
na questão, procure por uma alternativa melhor.
Alternativa B: CORRETA. Se a criança nasceu viva não
importa idade gestacional, peso ou comprimento.
A declaração de óbito tem que ser emitida.
Alternativa C: INCORRETA. Não deve ser emitida em
óbitos fetais com menos de 500g, 25cm e 20 se-
manas, não 28.
Alternativa D: INCORRETA. No óbito fetal a duração
da gestação importa.
✔ RESPOSTA: 

175
Fixe seus conhecimentos!

FIXE SEU CONHECIMENTO COM FLUXOGRAMAS

Use esse espaço para construir fluxogramas e fixar seu conhecimento!

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FIXE SEU CONHECIMENTO COM MAPAS MENTAIS

Use esse espaço para construir mapas mentais e fixar seu conhecimento!

176
Capítulo
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
12

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u A Vigilância em Saúde tem alguns componentes, tais como: Vigilância Sanitária, Vigilância em Saúde
Ambiental, Vigilância Epidemiológica, Vigilância de Zoonoses e Saúde do Trabalhador.
u A Vigilância Sanitária é responsável pela produção e circulação de bens e pela prestação de serviços de
interesse da saúde.
u A principal fonte de informações da Vigilância Epidemiológica é a Ficha de Notificação Compulsória.
u As provas cobram, em sua maioria, as recomendações de rastreamentos oncológicos do Ministério da Saúde.
u O Ministério da Saúde não orienta o rastreamento para câncer de próstata.

1. VIGILÂNCIA EM SAÚDE u Atuação: Meio ambiente; produção e circulação


de bens e serviços de interesse à saúde.

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u Entende-se Vigilância em Saúde como o proces-
DICA
so sistemático e contínuo que envolve coleta,  A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
consolidação, análise e disseminação de dados Sanitária) compõe a esfera federal na Vigilância
sobre eventos relacionados à saúde, visando ao Sanitária. É da ANVISA a responsabilidade do con-
planejamento e à implementação de medidas de trole sanitário de portos, aeroportos e fronteiras.
saúde pública. A melhor forma de compreender
a Vigilância em Saúde é descrevendo seus com-
ponentes, visto que se trata de uma área muito 1.2. VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL
abrangente.
u Apresentaremos os seguintes componentes: Vigi-
u Definição: “A Vigilância em Saúde Ambiental
lância Sanitária, Vigilância em Zoonoses, Vigilân- (VSA) consiste em um conjunto de ações que
cia em Saúde Ambiental, Saúde do Trabalhador proporcionam o conhecimento e a detecção de
e, claro, Vigilância Epidemiológica. mudanças nos fatores determinantes e condi-
cionantes do meio ambiente que interferem na
saúde humana, com a finalidade de identificar as
1.1. VIGILÂNCIA SANITÁRIA medidas de prevenção e controle dos fatores de
risco ambientais relacionados às doenças ou a
u Definição: “Entende-se por vigilância sanitária um outros agravos à saúde” (Ministério da Saúde).
conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou u Objetivo:
prevenir riscos à saúde e de intervir nos proble-
W Vigilância da qualidade da água para consumo
mas sanitários decorrentes do meio ambiente,
humano (VIGIÁGUA).
da produção e circulação de bens e da prestação
de serviços de interesse da saúde” (Lei n. 8080). W Vigilância em saúde de populações expostas
a poluentes atmosféricos (VIGIAR).
u Objetivo: Eliminar, diminuir ou prevenir riscos.

177
Vigilância em saúde Epidemiologia

W Vigilância em saúde de populações expostas a u Objetivo: vigilância e controle das doenças trans-
contaminantes químicos (VIGIPEQ ou VIGIQUIM). missíveis, não transmissíveis e agravos, princi-
W Vigilância em saúde relacionada aos riscos palmente daqueles de notificação compulsória, e
decorrentes de desastres (VIGIDESASTRES). organização da rede de saúde para melhor atuar
sobre tais agravos.
W Vigilância em saúde ambiental relacionada
aos fatores físicos (VIGIFIS).
DICA
 A Vigilância Epidemiológica é a mais abran-
DICA
 Controle de agrotóxicos abrange a Vigilância gente das “divisões” da vigilância em saúde. Sua
em Saúde Ambiental, mas envolve Vigilância Sanitá- principal fonte de informação é a Ficha de No-
ria e Saúde do Trabalhador. Caso haja contaminação, tificação Compulsória, discutida no capítulo de
a Vigilância Epidemiológica também é envolvida. Notificação Compulsória.
Esse exemplo demonstra como essas diferentes
áreas de atuação da Vigilância em Saúde podem
atuar em conjunto.
2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

1.3. VIGILÂNCIA DE ZOONOSES


u Definição: instrumentos de coleta e monitora-
u Definição: desenvolve ações, atividades e estra- mento de dados.
tégias para a vigilância e o controle das zoono- u Objetivo: fornecer informações sobre os proble-
ses, das doenças transmitidas por vetores e dos mas de saúde da população.
agravos causados por animais peçonhentos.
u Os agentes do CCZ (Centro de Controle de Zoo- DICA
 Para a prova, você precisa saber 2 coisas
noses) que vão à casa das pessoas para com-

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sobre os Sistema de Informação: o nome e qual
bater reservatórios do Aedes aegypti atuam na documento o “alimenta”.
vigilância de zoonoses.
u 1. SIM = Sistema de Informações sobre Morta-
1.4. SAÚDE DO TRABALHADOR
lidade.
W a) Declaração de Óbito.
u Definição: “conjunto de atividades que se destina
à promoção e proteção da saúde dos trabalha-
u 2. SINASC = Sistema de Informações de Nas-
dores, assim como visa à recuperação e reabili- cidos Vivos.
tação da saúde dos trabalhadores submetidos W a) Declaração de Nascido Vivo.
aos riscos e agravos advindos das condições de W b) Observação: Monitora a saúde da criança
trabalho” (Lei n. 8080). e da mulher.
u A saúde do trabalhador será discutida em capí- u 3. SIH = Sistema de Informações Hospitalares.
tulo à parte. W a) Autorização de Internação Hospitalar (AIH).
u 4. SIA = Sistema de Informações Ambulatoriais.
1.5. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
W a) Boletim de Procedimento Ambulatorial (BPA).
u Definição: “conjunto de ações que proporcionam
W b) Autorização de Procedimento de Alta Com-
o conhecimento, a detecção ou prevenção de plexidade (APAC).
qualquer mudança nos fatores determinantes e u 5. SINAN = Sistema de Informações de Agravos
condicionantes de saúde individual ou coletiva, de Notificação.
com a finalidade de recomendar e adotar as me- W a) Ficha de Notificação Compulsória.
didas de prevenção e controle das doenças ou
agravos” (Lei n. 8080).

178
Vigilância em saúde Cap. 12

u 6. SIAB = Sistema de Informações da Atenção de 25 anos sem vida sexual iniciada não deve
Básica. iniciar o rastreamento. Uma mulher com vida
W a) Ficha A = Cadastro Familiar. sexual iniciada e menos de 25 anos também não.
W b) Ficha B = Diabetes, Hipertensão, Tubercu- u Periodicidade: A cada 3 anos, após 2 anuais
lose, Hanseníase e Gestantes. negativos.
W c) Ficha C = Controle de Vacinação da Criança. W Fazemos o primeiro exame aos 25 anos. Re-
petimos aos 26. Se os dois forem negativos,
W d) Ficha D = Registro de Atividades, Procedi-
só realizamos o rastreamento a cada 3 anos.
mentos e Notificações.
Essa periodicidade só irá mudar em caso de
u 7. SI-PNI = Sistema de Informações do Programa alguma lesão que precise ser investigada.
Nacional de Imunizações.
u Término: em condições normais, finalizamos o
u Pronto, agora você é capaz de responder prati- rastreamento aos 64 anos.
camente todas as perguntas sobre Sistemas de
Informações. As relações entre SIM e Declaração
3.3. MAMA
de Óbito, e SINAN e Ficha de Notificação Com-
pulsória são as mais cobradas.
u Exame: Mamografia.
u Início: 50 anos.
3. RASTREAMENTOS W Há critérios para início mais precoce.
u Periodicidade: A cada 2 anos.
u O que cai na sua prova, via de regra, é o que o Minis- W A depender do BIRADS, pode haver necessi-
tério orienta. Algumas provas estão começando a dade de reduzir esse intervalo.
incluir recomendações da US Preventive Task Force, u Final: em condições normais, finalizamos o ras-

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mas ainda é algo muito menos cobrado do que as treamento aos 69 anos.
recomendações clássicas do Ministério da Saúde.
3.4. COLORRETAL
3.1. CRITÉRIOS PARA RASTREAMENTO
u Exame: Sangue oculto nas fezes.
u Para implantação de um programa de rastreamen- W Há recomendações divergentes que orientam,
to, os seguintes critérios devem ser preenchidos: também, a colonoscopia. A maioria das provas
W Magnitude: dimensão coletiva e epidemiológica orienta realizar colonoscopia apenas para con-
do problema. Altas prevalência e incidência. firmação em caso de sangue oculto positivo.
W Transcendência: impacto produzido na co- u Início: 50 anos.
munidade. u Periodicidade: a cada 1-2 anos.
W Vulnerabilidade: capacidade de se evitar o u Final: em condições normais, finalizamos o ras-
problema. treamento aos 75 anos.
W Deve haver benefício do tratamento precoce.
3.5. PRÓSTATA
3.2. COLO DO ÚTERO
u Exame: PSA e toque retal.
u Exame: Citopatológico do colo do útero (Papa- u Esse é o rastreamento que está mais sendo cobra-
nicolau). do. O Ministério da Saúde e o INCA não orientam
u Início: 25 anos e vida sexual ativa. mais o rastreamento para o câncer de próstata.
W Isso mesmo, a paciente precisa ter iniciado a Ou seja, segundo essas recomendações, PSA e
vida sexual e ter mais de 25 anos. Uma mulher toque retal não devem mais ser realizados em

179
Vigilância em saúde Epidemiologia

pacientes assintomáticos. O paciente que apre- 6. Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Lei Orgâ-
sente queixas ainda deve ser investigado, mas nica da Saúde. Dispõe sobre as condições para a promo-
ção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
isso foge ao escopo do rastreamento.
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras
u A conduta correta é conversar com o paciente providências. Brasília, set. 1990.
sobre riscos e benefícios, orientar que o Ministé- 7. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância
rio da Saúde não recomenda mais esse rastrea- epidemiológica / Fundação Nacional de Saúde. 5. ed.
mento, mas respeitar a decisão do paciente caso Brasília (DF), 2002.
ele mantenha interesse em realizar os exames. 8. Brasil. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância
epidemiológica / Fundação Nacional de Saúde. 6. ed.
Brasília (DF), 2005.
DICA
 Pode ter coragem no que diz respeito ao 9. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 204, de 17 de
câncer de próstata. As questões estão querendo fevereiro de 2016. Define a Lista Nacional de Notificação
que você responda que não há mais recomendação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
para esse rastreamento. pública nos serviços de saúde públicos e privados em
todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília (DF), 2016.
10. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância
REFERÊNCIAS de Doenças não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2018. Secre-
taria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise
em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis.
1. Abath M de B et al. Avaliação da completitude, da consis-
– Brasília (DF), 2018.
tência e da duplicidade de registros de violências do Sinan
em Recife, Pernambuco, 2009-2012*. (*Este artigo é um 11. Costa ZGA et al. Evolução histórica da vigilância epide-
dos produtos da tese de Doutorado em Saúde Pública, a miológica e do controle da febre amarela no Brasil. Rev
ser defendida no primeiro semestre de 2014 pela autora Pan-Amaz Saude, Ananindeua, v. 2, n. 1, p. 11-26, mar.

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principal do artigo junto ao Centro de Pesquisas Aggeu 2011. [Acesso em 12 abr. 2021]. Disponível em http://
Magalhães da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, Recife- scielo.iec.gov.br/pdf/rpas/v2n1/v2n1a02.pdf.
-PE. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2014, 12. Malta DC et al. A implantação do Sistema de Vigilância de
v. 23, n. 1.) Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil, 2003 a
2015: alcances e desafios. Revista Brasileira de Epidemio-
2. Albuquerque MIN de, Carvalho EMF de, Lima LP. Vigilân-
logia [online]. 2017, v. 20, n. 04, pp. 661-675. [Acesso em 12
cia epidemiológica: conceitos e institucionalização. Rev.
abr. 2021]. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-
Bras. Saude Mater. Infant., Recife, v. 2, n. 1, p. 7-14, abr.
5497201700040009.
2002. [Acesso em 12 abr. 2021]. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519- 13. Pinto LF, Freitas MPS de; Figueiredo AWS de. Sistemas
38292002000100002&lng=en&nrm=iso. Nacionais de Informação e levantamentos populacionais:
algumas contribuições do Ministério da Saúde e do IBGE
3. Guimarães RM et al. Os desafios para a formulação,
para a análise das capitais brasileiras nos últimos 30
implantação e implementação da Política Nacional de Vigi-
anos. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2018, v. 23, n. 6.
lância em Saúde. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2017, v.
22, n. 5, pp. 1407-1416. [Acesso em 12 abr. 2021]. Disponível 14. Senna M de CM. Vigilância sanitária: desvendando o
em: https://doi.org/10.1590/1413-81232017225.33202016. enigma. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, supl.
3, p. 3625-3626, nov. 2010. [Acesso em 12 abr. 2021].
4. Barcellos C, Quiterio LAD. Vigilância ambiental em saúde e Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?scrip-
sua implantação no Sistema Único de Saúde. Rev. Saúde t=sci_arttext&pid=S1413-81232010000900037.
Pública, São Paulo, v. 40, n. 1, p. 170-177, Feb. 2006. [Acesso
15. Silva Junior JB da. 40 anos do Programa Nacional de
em 12 abr. 2021]. Disponível em: https://www.scielo.br/
Imunizações: uma conquista da Saúde Pública brasileira.
scielo.php?pid=S0034=89102006000100025-&script-
Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 22, n. 1, p. 7-8, mar.
sci_abstract&tlng=pt.
2013. [Acesso em 12 abr. 2021]. Disponível em http://
5. Brasil. Decreto 78.231 de 12 de agosto 1976. Regulamenta scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, que dispõe sobre 49742013000100001.
a organização das ações de Vigilância Epidemiológica,
16. Freitas BC, Teixeira PEU. Rastreamentos. In: Freitas BC,
sobre o Programa Nacional de Imunizações. Brasília,
Teixeira PEU. Manual Prático da Atenção Primária. Sal-
ago. 1976.
vador: Sanar; 2020.

180
Vigilância em saúde Cap. 12

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 Entretanto, sua filha insiste na realização de exa-


mes, afirmando “receio de ser algo mais grave”.
(HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS – 2021) As recomendações do
Considerando a situação descrita, qual é a conduta
Ministério da Saúde para rastreamento do câncer
médica adequada?
de mama incluem

mamografia bienal em mulheres com idade en- Explicar ao paciente a necessidade do rastrea-
tre 50 e 69 anos. mento de câncer de próstata (PSA e ultrassono-
grafia de vias urinárias), pelo risco da neoplasia,
mamografia bienal em mulheres com idade en-
pois o diagnóstico precoce comprovadamente
tre 60 e 69 anos.
diminui a mortalidade por essa doença, e solici-
estímulo ao ensino do autoexame como método tar anuência da filha, responsável pelo paciente,
de rastreamento do câncer de mama. para realização dos exames de rastreamento.
mamografia bienal em mulheres com menos
Explicar ao paciente e à filha que a noctúria se
de 50 anos.

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deve ao AVE isquêmico prévio e ao envelheci-
mamografia anual em mulheres com 75 anos mento; orientar ser desnecessário o rastrea-
ou mais. mento de câncer de próstata e recomendar que
o paciente evite, à noite, a ingesta hídrica e o
Questão 2 consumo de cafeína; avaliar suspensão de diu-
réticos e prescrever medicação para aumento
(REVALIDA NACIONAL – INEP – 2020) Um médico presta do tônus vesical.
atendimento domiciliar a um paciente de 69 anos
Explicar ao paciente que o câncer de próstata é
de idade, já acompanhado há um ano, com hiper-
o mais prevalente em homens, com alta morta-
tensão e diabete melito compensados, com hemi-
lidade e que somente seu diagnóstico precoce
plegia direita por acidente vascular encefálico (AVE)
evita complicações e óbitos; convencer o pa-
isquêmico há 10 anos, parcialmente independente
ciente a realizar o toque retal e encaminhá-lo
para as atividades de vida diária e em uso de anda-
ao urologista; se o toque retal e o PSA se mos-
dor. A filha e cuidadora do idoso refere que o pai
trarem alterados, encaminhá-lo para realização
está apresentando noctúria há alguns meses e que
de biópsia prostática.
isso a preocupa devido ao risco de queda. O pa-
ciente nega incômodo com a noctúria e não refere Explicar ao paciente e à filha que o rastrea-
outros sintomas urinários. Nega emagrecimento e mento de câncer de próstata depende de uma
não tem história familiar de câncer de próstata. Ao decisão compartilhada entre médico, paciente
exame físico, o idoso apresenta-se lúcido, orientado e família; oferecer explicações, em linguagem
e com diminuição de força à direita. Ao ser ques- acessível, sobre os benefícios e riscos desse
tionado, ele se recusa a realizar exame de toque rastreamento; respeitar a decisão compartilha-
retal e Antígeno Prostático Específico (PSA) para da com o paciente para prosseguimento ou não
investigar a possibilidade de câncer de próstata. do rastreamento.

181
Vigilância em saúde Epidemiologia

Questão 3 Um importante foco na vigilância e controle das


doenças transmissíveis é o diagnóstico e trata-
(SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA DO CEARÁ – 2021) mento precoce dessas doenças, a fim de inter-
Uma médica, atuando em uma equipe de atenção romper a cadeia de transmissão.
primária, recebe em seu consultório uma senhora
A vigilância das doenças e agravos não trans-
de 74 anos de idade, solicitando um “check-up”.
missíveis, tais como morbidade e mortalidade
Nega qualquer sintoma no momento. Não relata
por causas externas, doenças crônico-degene-
nenhum antecedente patológico pessoal ou familiar.
rativas e doenças crônicas degenerativas (por
Qual deverá ser a conduta da médica em relação
exemplo, doenças cardiovasculares, neoplasias,
ao rastreamento?
diabetes etc.), têm pouca importância, uma vez
Solicitar mamografia. que o impacto dessas condições na morbimor-
talidade da população geral é muito pequeno.
Realizar exame de papanicolau.
A vigilância ambiental em saúde é atribuição
Solicitar sangue oculto nas fezes.
exclusiva dos agentes comunitários de saúde,
Realizar o rastreamento para câncer de pele. identificando fatores de risco não biológicos à
saúde humana: água para consumo humano, ar,
solo, desastres naturais, substâncias químicas,
Questão 4
acidentes com produtos perigosos, fatores físi-
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – 2021) O uso off cos e ambiente de trabalho.
label da hidroxicloroquina e cloroquina para o tra- A vigilância à saúde do trabalhador compreen-
tamento da covid-19 chegou a ser disseminado. Os de um conjunto de atividades de promoção e
efeitos adversos da cloroquina são geralmente leves proteção à saúde do trabalhador, mas não visa
e reversíveis. Porém, efeitos mais graves, como ar- à recuperação e à reabilitação da saúde dos tra-
ritmias cardíacas, podem ser observados. Em qual balhadores sujeitos ao risco profissional.

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sistema de informação em saúde e vigilância esses
A vigilância sanitária visa prevenir riscos à saúde
eventos devem ser notificados?
decorrentes de problemas sanitários decorren-
Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária tes do meio ambiente, produção e circulação de
(VigiMed). bens, mas não interfere na prestação de serviços
de interesse da saúde.
Sistema de Informação de Agravos de Notifica-
ção (SINAN).
Sistema de Informações Hospitalares do SUS Questão 6
(SIH/SUS).
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – 2020) Um pa-
Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS ciente de 71 anos de idade foi à consulta de rotina
(SIA/SUS). por insistência da esposa, sem qualquer problema
de saúde ou queixas no momento. É tabagista há
quarenta anos (um maço por dia) e sedentário.
Questão 5
Nega uso de álcool ou de medicamentos contínuos,
(AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE LONDRINA comorbidades, internações ou quedas nos últimos
– 2018) A vigilância em saúde inclui: a vigilância epi- doze meses e cirurgias prévias. Encontra-se em bom
demiológica, composta da vigilância e controle das estado geral, consciente, orientado, com PA de 116
doenças transmissíveis e da vigilância e controle x 74 mmHg, IMC igual a 23, FC de 76 bpm e sat. de
das doenças e agravos não transmissíveis; a vigi- O2 de 97% em ar ambiente. Pesa 67 kg e tem 1,69 m
lância da situação de saúde, a vigilância ambiental de altura. Foram observados duas bulhas rítmicas,
em saúde, a vigilância da saúde do trabalhador e a normofonéticas, sem sopro, e murmúrios vesicula-
vigilância sanitária. Assinale a alternativa correta: res bilaterais. Com base nesse caso hipotético e no

182
Vigilância em saúde Cap. 12

US Task Force, assinale a alternativa que apresenta Questão 9


apenas exames com benefícios comprovados para
o rastreamento do paciente. (SANTA CASA – SP R1 – PROVA OBJETIVA, 2019) O rastrea-
mento de doenças é fundamental para a promoção
densitometria óssea e glicemia da saúde no âmbito da atenção primária à saúde.
ultrassonografia de tireoide e colesterol total Consiste na aplicação de um teste em uma popu-
lação predefinida, assintomática, com o objetivo
TSH e colonoscopia de selecionar indivíduos para intervenções cujo
glicemia e radiografia de pulmão benefício potencial seja maior que o dano. Dessa
ultrassonografia de abdômen e tomografia de forma, reduz-se nas a morbimortalidade da condi-
pulmão de baixa dosagem ção rastreada. A respeito do rastreamento do cân-
cer de próstata, com base nas recomendações do
Ministério da Saúde/Instituto Nacional do Câncer,
Questão 7 assinale a alternativa correta.

(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ES- O exame de escolha é o PSA, associado ao to-
TADUAL – 2021) A medida mais eficaz para se reduzir que retal, devendo-se iniciar o rastreamento aos
a incidência de sarampo no Brasil é quarenta anos de idade e repeti-lo anualmente.
O exame de escolha é o PSA, associado ao to-
aumentar a cobertura vacinal contra o sarampo. que retal, devendo-se iniciar o rastreamento aos
melhorar o pronto-atendimento dos casos. cinquenta anos de idade e repeti-lo anualmente.
melhorar o pronto-atendimento dos comuni- Não é indicado o rastreamento do câncer de
cantes. próstata.
implementar programas de suplementação ali- O exame de escolha é o PSA, devendo-se iniciar

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mentar na infância. o rastreamento aos cinquenta anos de idade e
repeti-lo anualmente.
controlar as complicações da doença.
O exame de escolha é o toque retal, devendo-se
iniciar o rastreamento aos cinquenta anos de
Questão 8 idade e repeti-lo anualmente.

(UNICAMP R1 – PROVA OBJETIVA, PARTE 2, 2019) Para implan-


tação de programas de rastreamento, o problema Questão 10
clínico a ser rastreado deve atender, entre outros,
(UNICAMP R1 – PROVA OBJETIVA, PARTE 1, 2019) Em relação
o seguinte critério:
à vigilância em saúde, assinale a alternativa correta:
A doença deve representar um importante pro- A notificação compulsória tem sido a principal
blema de saúde pública, independentemente de fonte de vigilância epidemiológica.
magnitude, transcendência e vulnerabilidade.
Notificação é a comunicação feita à vigilância
O benefício da detecção e do tratamento pre- sanitária apenas pelo médico.
coce com o rastreamento deve ser maior do
Vigilância sanitária tem como finalidade reco-
que se a condição fosse tratada no momento
mendar e adotar as medidas de prevenção e
do diagnóstico.
controle das doenças ou agravos.
A sazonalidade como fator de risco. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária foi
A alta prevalência na população, independente transformada na Secretaria Nacional de Vigilân-
da história natural da doença. cia Sanitária, em 1999.

183
Vigilância em saúde Epidemiologia

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: secundária cujo principal objetivo é detectar doen-


ças em estágios pré-clínicos em pacientes assin-
Comentário: O ministério da Saúde recomenda ma-
tomáticos. Vamos analisar as alternativas juntos:
mografias bianuais dos 50 aos 69 anos em mulhe-
res assintomáticas como forma de rastreamento Alternativa A: INCORRETA. A idade de rastreamento
do câncer de mama. O Ministério da Saúde e o de mamografia no Brasil de acordo com o ministério
INCA não orientam o autoexame como método de da saúde é dos 50 aos 69 anos, sendo então nossa
rastreamento. paciente excluída da faixa etária alvo.

✔ RESPOSTA:  Alternativa B: INCORRETA. A população alvo do pa-


panicolau é dos 25 aos 65 anos, estando também
fora da faixa etária recomendada.
Questão 2 DIFICULDADE:
Alternativa C: CORRETA. Sangue oculto é recomenda-
Comentário: Questão aborda idoso com noctúria do como rastreio anual a partir dos 50 anos de idade.
que se recusa a realizar o exame de PSA. Primeiro Alternativa D: INCORRETA. Não existe uma recomen-

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é importante ressaltar que esse exame não deve ser dação do ministério de rastreamento de câncer de
solicitado de rotina (como rastreamento) por seus pele e sim de detecção precoce em pacientes que
riscos serem superiores ao seu benefício. Aqui te- já apresentem lesões cujas características devem
mos então um paciente com noctúria (podendo ser ser analisadas.
um sintoma prostático) que seria um candidato a ✔ RESPOSTA: 
realizar um exame de PSA.
Alternativa A: INCORRETA. Comprovadamente não
reduz a mortalidade por CA de próstata. Questão 4 DIFICULDADE:

Alternativa B: INCORRETA. Pode estar ou não rela- Comentário: Na maioria das vezes, só precisamos
cionado ao AVE. saber o que significam as siglas dos sistemas de
Alternativa C: INCORRETA. Convencer o paciente JA- informação e quais os documentos base que ali-
MAIS. Decisão deve ser compartilhada. mentam esses sistemas.
Alternativa D: CORRETA. Deve haver uma decisão com- Alternativa A: CORRETA. Poucas vezes o VigiMed é
partilhada entre paciente, família e médico a respei- cobrado em provas, mas aqui o seu conhecimento
to do risco e benefício de realizar ou não o exame sobre Vigilância Sanitária seria o suficiente. Entre
✔ RESPOSTA:  as atribuições da Vigilância Sanitária está averiguar
medicamentos e seus possíveis efeitos colaterais.
Alternativa B: INCORRETA. Efeito colateral de medica-
Questão 3 DIFICULDADE:
mento não é de notificação compulsória.
Comentário: Questão sobre rastreamento de doen- Alternativa C: INCORRETA. O principal documento do
ças na atenção primária à saúde. Relembrando que SIH é a AIH, cujas principais informações levam em
rastreamento faz parte das medidas de prevenção consideração os motivos para internamento de um

184
Vigilância em saúde Cap. 12

paciente. O efeito colateral de um medicamento de abdome para avaliação de aneurisma de aorta


pode ser a principal justificativa, mas a alternativa abdominal. Para câncer de pulmão, recomenda-se
A continua sendo a melhor resposta. tomografia de pulmão de baixa dosagem para pes-
Alternativa D: INCORRETA. A questão está perguntan- soas entre 55-80 anos com histórico de tabagismo
do sobre efeitos colaterais mais graves, que prova- e carga tabágica maior ou igual a 30 maços-ano,
velmente não serão assistidos ambulatorialmente. que estejam fumando ou que tenham parado há
De qualquer forma, os principais documentos do menos de 15 anos.
SIA são a APAC e BPA, que dizem respeito a proce- ✔ RESPOSTA: 
dimentos realizados. Há outros documentos, mas,
como dito acima, a alternativa A é a que melhor
Questão 7 DIFICULDADE:
responde à questão.
✔ RESPOSTA:  Comentário: Aqui precisamos conhecer dois con-
ceitos: incidência e níveis de prevenção. Incidên-
cia trata-se dos casos novos. Reduzir a incidência
Questão 5 DIFICULDADE:
significa não deixar as pessoas pegarem a doença.
Comentário: Questão um tanto decoreba sobre as Precisamos, portanto, de medidas que impeçam o
diretrizes de diversos setores da vigilância em saú- adoecimento, no caso medidas de prevenção pri-
de; porém, com um pouco de bom senso, é possí- mária. Agora é procurar nas alternativas qual apre-
vel eliminar as alternativas incorretas e encontrar senta uma medida efetiva de prevenção primária.
a resposta. Alternativa A: CORRETA. Vacinação é o principal exem-
Alternativa A: CORRETA. plo de medida de prevenção primária.

Alternativa B: INCORRETA. As maiores causas de Alternativa B: INCORRETA. Pronto-atendimento de


morte no Brasil são as doenças cardiovasculares, casos indica que as pessoas já adoeceram. Pode

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doenças oncológicas e as causas externas. reduzir mortalidade, mas não incidência.

Alternativa C: INCORRETA. Também é atribuição do Alternativa C: INCORRETA. Se os comunicantes já tive-


Agente de Combate a Endemias. rem sido infectados, em nada reduz a incidência da
doença. Caso não estejam infectados, não apresen-
Alternativa D: INCORRETA. A vigilância à saúde do
ta eficácia para redução, a menos que orientações
trabalhador tem como princípio a atenção integral
sejam dadas ou os comunicantes sejam vacinados.
à saúde dos trabalhadores.
Alternativa D: INCORRETA. Suplementação alimentar
Alternativa E: INCORRETA. “Entende-se por vigilância não previne infecção por sarampo.
sanitária um conjunto de ações capazes de elimi-
Alternativa E: INCORRETA. Controlar as complicações
nar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de inter-
da doença não é uma medida de prevenção primária.
vir nos problemas sanitários decorrentes do meio
ambiente, da produção e circulação de bens e da ✔ RESPOSTA: 
prestação de serviços de interesse da saúde…” –
Lei n. 8.080/1990.
Questão 8 DIFICULDADE:
✔ RESPOSTA: 
Alternativa A: INCORRETA. Magnitude (dimensão do
problema, Transcendência (relevância social) e Vul-
Questão 6 DIFICULDADE: nerabilidade (possibilidade de sofrer intervenção)
são critérios necessários para que determinado
Comentário: Geralmente as provas cobram os ras-
problema de saúde seja rastreado.
treamentos propostos pelo Ministério da Saúde. A
US Prevention Task Force (USPSTF) traz algumas Alternativa B: CORRETA.
orientações a mais. Homens entre 65 anos e 75 Alternativa C: INCORRETA. Presença ou ausência de
anos que fumam ou já fumaram devem realizar US sazonalidade não são critérios.

185
Vigilância em saúde Epidemiologia

Alternativa D: INCORRETA. A História Natural da Doen-


ça é essencial. Se é uma doença sobre a qual não
podemos atuar, não há benefício no rastreamento.
✔ RESPOSTA: 

Questão 9 DIFICULDADE:

Comentário: O Ministério da Saúde não orienta mais


o rastreamento do câncer de próstata.
✔ RESPOSTA: 

Questão 10 DIFICULDADE:

Alternativa A: CORRETA.
Alternativa B: INCORRETA. A notificação pode ser
feita por qualquer cidadão, mas deve ser feita pelo
profissional de saúde, não necessariamente o mé-
dico. Além disso, é feita à vigilância epidemiológi-
ca, não sanitária.
Alternativa C: INCORRETA. A definição exposta é de
vigilância epidemiológica, não de vigilância sanitária.
Alternativa D: INCORRETA. A Agência Nacional de

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Vigilância Sanitária (ANVISA) foi criada em 1999.
A Secretaria Nacional de Vigilância Nacional ante-
cedeu a ANVISA.
✔ RESPOSTA: 

186
Capítulo
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
13

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Conhecer os 48 agravos de notificação compulsória da Lista Nacional.


u Estados e municípios podem adicionar agravos à Lista Nacional, mas não podem subtrair.
u Segundo a Portaria 204 de 2016, todos os agravos devem ser notificados a partir da suspeita.
u Além de médicos, outros profissionais de saúde e responsáveis pelos serviços de saúde que prestam
assistência ao paciente têm obrigação de notificar esses agravos.
u Há agravos de notificação semanal e imediata, e as provas estão cobrando esses detalhes.

1. INTRODUÇÃO interpessoais, como agressões e maus tratos,


e lesão autoprovocada.
W Evento de Saúde Pública: situação que pode
u Quando falamos de notificação compulsória,

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constituir potencial ameaça à saúde pública,
estamos, basicamente, falando sobre a Porta-
como a ocorrência de surto ou epidemia, doen-
ria n. 204, de 17 de fevereiro de 2016. Ela define
ça ou agravo de causa desconhecida, alteração
a Lista Nacional de Notificação Compulsória de
no padrão clínico-epidemiológico das doenças
doenças, agravos e eventos de saúde pública nos
conhecidas, considerando o potencial de dis-
serviços de saúde públicos e privados em todo
seminação, a magnitude, a gravidade, a seve-
o território nacional. Durante essa introdução,
ridade, a transcendência e a vulnerabilidade,
traremos alguns conceitos importantes a serem
bem como epizootias ou agravos decorrentes
discutidos, e o primeiro já apareceu: o que deve-
de desastres ou acidentes.
mos notificar?

DICA
1.1. O QUE NOTIFICAR?  Estados e municípios podem criar suas pró-
prias listas! Em todo o território nacional a Lista
Nacional tem que ser seguida, mas estados e muni-
u Doenças, agravos e eventos de saúde pública.
cípios podem incorporar outros agravos de interesse
W Doença: enfermidade ou estado clínico, inde- local, tornando-os de notificação compulsória para
pendente de origem ou fonte, que represente aquela região.
ou possa representar um dano significo para
os seres humanos.
W Agravo: qualquer dano à integridade física ou 1.2. QUEM NOTIFICA?
mental do indivíduo, provocado por circuns-
tâncias nocivas, tais como acidentes, intoxi- u A notificação compulsória é obrigatória para os
cações por substâncias químicas, abuso de médicos, outros profissionais de saúde ou res-
drogas ou lesões decorrentes de violências ponsáveis pelos serviços públicos e privados
de saúde, que prestam assistência ao paciente.

187
Notificação compulsória Epidemiologia

u Qualquer cidadão pode notificar. 1.4. QUANDO NOTIFICAR?


W O profissional de saúde tem a obrigação de
notificar, mas qualquer cidadão pode fazê-lo. u Devemos notificar diante da suspeita ou confir-
No caso do profissional, a ficha de Notificação mação. Ou seja, basta suspeitar da doença para
Compulsória deve ser preenchida. No caso do notificá-la.
cidadão comum, a notificação pode ser por
telefone ou até à mídia. DICA
 Há documentos que orientam a notificação de
algumas doenças após sua confirmação. Esqueça
DICA esses documentos. A maioria das questões de prova
 Lembre-se que a notificação não é ato médico.
Qualquer profissional de saúde tem a obrigação de quer que você saiba o que está escrito na Portaria
notificar. 204, e lá está explícito que, independente da doença,
a notificação deve ser feita desde a suspeita.

1.3. POR QUE NOTIFICAR? u A notificação pode ser classificada como sema-
nal ou imediata:
u Potencial de disseminação, magnitude, gravi- W Imediata: deve ser feita em até 24 horas pe-
dade, severidade, transcendência e vulnerabi- los responsáveis pelo primeiro atendimento.
lidade são algumas características que fazem
W Semanal: feita em até uma semana do aten-
com que determinado agravo seja de notificação
dimento do paciente.
compulsória.
u Infelizmente temos que saber quais agravos são
W Potencial de disseminação: expresso pela
de notificação semanal e quais são de notifica-
transmissibilidade da doença, através de ve-
ção imediata. Como lembrar?
tores e demais fontes de infecção.

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W Faça essas perguntas sobre o agravo:
W Magnitude: elevado impacto nas populações,
por alta incidência, prevalência, mortalidade V 1. É uma doença “vacinável”?: praticamente
ou anos potenciais de vida perdidos. todas as doenças presentes na caderneta
de vacinação que são de notificação com-
W Severidade: taxas de letalidade, hospitaliza-
pulsória são de notificação imediata. Tuber-
ções e sequelas.
culose e Hepatites virais são as exceções.
W Transcendência: relevância do agravo para a
V 2. Oferece risco iminente de morte?: Aci-
população, o que envolve severidade, impac-
dentes e doenças graves, que precisam de
tos sociais e econômicos.
tratamento rapidamente, geralmente são de
W Vulnerabilidade: disponibilidade de instrumen- notificação imediata. Doenças de evolução
tos de prevenção e controle. mais crônica, como HIV e Hanseníase, ge-
u Além dessas características, há doenças de im- ralmente são semanais.
portância sanitária internacional que são incluídas u É uma doença muito estranha?: Febre do Nilo
na lista por conta de compromissos adotados Ocidental, Ebola, Lassa, Tularemia, Síndrome da
com outros países. Paralisia Flácida Aguda. Muitas dessas doenças
são de importância internacional, o que as torna
DICA
 O sistema de informação alimentado pelas de notificação imediata. Cuidado: Creutzfeldt-Ja-
fichas de notificação é o SINAN (Sistema de Infor- kob é o nome mais estranho que temos na lista,
mação de Agravos de Notificação). mas é de notificação semanal.
W Se você respondeu “sim” para alguma dessas
perguntas sobre o agravo apresentado na sua
questão, provavelmente a notificação deve ser

188
Notificação compulsória Cap. 13

imediata. Isso é apenas um macete. A melhor u 09 meses: Febre Amarela Febre Amarela –
forma é respondendo dezenas de questões Imediata
sobre o assunto até se acostumar com as u 15 meses: Tetraviral Sarampo, Rubéola, Vari-
doenças que mais caem. cela (caso grave internado ou óbito) – Imediatas
W Caxumba não é de notificação compulsória.
u Outras idades: Influenza Influenza humana pro-
2. LISTA NACIONAL DE
duzida por novo subtipo viral – Imediata
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
u Apenas Tuberculose e Hepatites Virais são de
notificação semanal. Todas as outras são de
u Vamos dividir todos os 48 agravos em alguns notificação imediata.
grupos. Não deixe de assistir à aula. A divisão u Falamos em Febre Amarela, o que nos dá a “dei-
fica muito mais fácil de acompanhar pela aula. xa” para nosso próximo grupo.
Depois dessa divisão, você vai ver que esse as-
sunto vai ficar fácil, fácil. Vai ser mel na chupeta.
2.2. MOSQUITOS
Opa! Cuidado! Mel é perigoso para recém-nasci-
dos por causa do risco de Botulismo. (Algumas
dicas serão toscas assim mesmo. Não tem para u Febre Amarela: já apresentado
onde correr.) Você acaba de ser apresentado(a) u Aedes aegypti Dengue, Zika e Chikungunya.
à nossa primeira doença. W Casos são de notificação semanal.
W Botulismo – imediata W Óbitos são de notificação imediata.
W Zika: em gestantes, são de notificação imediata.
2.1. CALENDÁRIO VACINAL W Chikungunya: em locais sem transmissão, são

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de notificação imediata.
u O primeiro grupo é aquele das doenças presentes u Malária Malária.
no nosso calendário vacinal. Vamos apresentar
W De notificação semanal na região amazônica
as vacinas que são dadas por faixa etária e, logo
e imediata fora dela.
em seguida as doenças, que são de notificação
compulsória: u Leishmaniose Leishmaniose Tegumentar Ame-
ricana e Leishmaniose visceral – semanais.
u Vacinas Eventos Adversos ou óbito pós-vaci-
nal – Imediata. u A Leishmaniose é transmitida por mosquito, mas
pode infectar animais, nos levando ao próximo
u Ao nascer: BCG e Hepatite B Tuberculose e
grupo.
Hepatites Virais – Semanais.
u 02 meses: Pentavalente, VIP, Pneumo-10 e Ro-
tavírus: Difteria, Tétano, Coqueluche, Doença 2.3. ANIMAIS
Invasiva causada por H. influenzae, Poliomielite
por poliovírus selvagem e cólera – Imediatas u Barbeiro Doença de Chagas Aguda – Imediata
W Rotavírus causa diarreia, porém é muito comum (A partir de 2020, Doença de Chagas crônica tor-
e geralmente autolimitada. Cólera causa uma nou-se de notificação compulsória. Discutiremos
diarreia mais grave. Por isso, forçamos a barra ao final do capítulo).
nessa “substituição” aqui no grupo das vacinas. u Cobra/Escorpião/etc. Acidente por Animal Pe-
W Pneumonia também é muito comum para que çonhento – Imediata.
notifiquemos todas. u Cachorro (e alguns outros) Raiva humana e
u 03 meses: Meningocócica Meningites, Doença Acidente por animal potencialmente transmis-
Meningocócica – Imediatas sor da raiva – Imediata.

189
Notificação compulsória Epidemiologia

u Caramujo Esquistossomose – Semanal. 2.5. OUTRAS DOENÇAS


u Carne infectada Toxoplasmose gestacional
ou congênita, Febre tifoide e Creutzfeldt-Jakob. u Agora temos muitas daquelas doenças que nem
W Toxoplasmose gestacional ou congênita e conhecemos direito e que, ainda bem, caem me-
Creutzfeldt-Jakob são semanais. nos na prova. A partir daqui, quase todas serão
memorização pura e simples. Só faltam 10 agra-
W Febre tifoide é imediata.
vos. Temos um macete no final para 3 delas. As
u Na nossa lista de animais, temos 2 exemplos de outras 7, caso você encontre na sua prova, você
acidentes (com animal peçonhento e potencial- lembrará de tê-las visto aqui. Vamos lá!
mente transmissor da raiva). Com isso, vamos
u Doenças febris hemorrágicas emergentes e ree-
apresentar o próximo grupo.
mergentes (Arenavírus, Ebola, Marburg, Lassa e
Febre purpúrica brasileira) – Imediata.
2.4. ACIDENTES E VIOLÊNCIA u Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de
importância em saúde pública – Imediata.
u Acidentes de trabalho Acidente de Trabalho u Febre Maculosa e outras Ricketisioses – Imediata.
com Material Biológico, Acidente de Trabalho
grave ou fatal, Acidente de trabalho envolvendo
u Peste – Imediata.
criança ou adolescente. u Síndrome da Paralisia Flácida Aguda – Imediata.
W Com material biológico, é de notificação se- u Agora faltam só 5. Uma delas, com certeza, es-
manal. Os outros 2 exemplos são de notifica- tará na sua prova.
ção imediata. u Coronavírus Síndrome Respiratória Aguda
u IST HIV/AIDS, Sífilis. Grave associada a Coronavírus: SARS-COV e
W Teve HIV, é para notificar. Gestante, criança, MERS-COV – Imediata.

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com AIDS ou sem = notificação semanal. W Esses foram os coronavírus anteriores. O SAR-
W Teve sífilis, é para notificar. Adquirida, congê- S-COV2 ainda não apareceu na Lista Nacional
nita ou em gestante = notificação semanal. formalmente, mas a recomendação, no mo-
mento, é de notificação de todo caso suspei-
to de forma imediata, evoluindo ou não para
DICA
 Muita prova lhe apresenta situações específi- SRAG. É importante se manter atualizado so-
cas envolvendo sífilis e HIV para que você considere bre o que será considerado caso suspeito na
como sendo de notificação imediata. Não são. Sífilis data da prova.
e HIV sempre são de notificação semanal. u Óbitos Óbitos Infantil e Materno – Semanal.
W Sim, além da Declaração de Óbito, temos que
u Intoxicação exógena Intoxicação Exógena (por fazer a notificação desses óbitos.
substâncias químicas, incluindo agrotóxicos,
u A pior de todas. O macete que vamos apresentar
gases tóxicos e metais pesados) – semanal.
agora é o mais tosco de todos, mas vai te ajudar.
u Violência: Estão faltando 3 doenças, e esperamos que você
W Violência doméstica e/ou outras violências nunca mais esqueça.
– Semanal. W Hanseníase______ Leptospirose
W Violência sexual e tentativa de suicídio – W Han(xxxxxxx) ___ (xxxxxxx)irose
Imediata.
W Han _________________________irose
u Doenças com suspeita de disseminação inten-
W Han __ irose
cional Antraz pneumônico, Tularemia e Varío-
la – imediata.
W Hantavirose

190
Notificação compulsória Cap. 13

u Isso mesmo, você não entendeu errado. Pega- u Hanseníase – Semanal.


mos Hanseníase e “fundimos” com leptospiro- u Leptospirose – Imediata.
se. O resultado foi Hantavirose. Essas são as 3 u Hantavirose – Imediata.
doenças que estavam faltando.
u Abaixo está a Lista Nacional de Agravos de No-
tificação (Tabela 1).

Tabela 1. Lista de notificação compulsória.

Periodicidade de notificação

Imediata
Nº Doença ou agravo (ordem alfabética) Outros
(até 24 horas) para* Semanal*
documentos
MS SES SMS

a. Acidente de trabalho com exposição a material biológico X


1 b. Acidente de trabalho: grave, fatal e em crianças e adoles-
X
centes

2 Acidente por animal peçonhento X

3 Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva X

4 Botulismo X X X

5 Cólera X X X

6 Coqueluche X X

a. Dengue – Casos X

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7
b. Dengue – Óbitos X X X

8 Difteria X X

a. Doença de Chagas Aguda X X


9
b. Doença de Chagas Crônica X

10 Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) X

a. Doença Invasiva por Haemophilus Influenza X X


11
b. Doença Meningocócica e outras meningites X X

Doenças com suspeita de disseminação intencional: a. Antraz


12 X X X
pneumônico b. Tularemia c. Varíola

Doenças febris hemorrágicas emergentes/reemergentes: a.


13 Arenavírus b. Ebola c. Marburg d. Lassa e. Febre purpúrica X X X
brasileira

a. Doença aguda pelo vírus Zika X

14 b. Doença aguda pelo vírus Zika em gestante X X

c. Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika X X X

15 Esquistossomose X

16 Evento de Saúde Pública (ESP) X X X

17 Eventos adversos graves ou óbitos pós-vacinação X X X

191
Notificação compulsória Epidemiologia

Periodicidade de notificação

Imediata
Nº Doença ou agravo (ordem alfabética) Outros
(até 24 horas) para* Semanal*
documentos
MS SES SMS

18 Febre Amarela X X X

a. Febre de Chikungunya X

19 b. Febre de Chikungunya em áreas sem transmissão X X X

c. Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya X X X

Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância


20 X X X
em saúde pública

21 Febre Maculosa e outras Riquetisioses X X X

22 Febre Tifoide X X

23 Hanseníase X

24 Hantavirose X X X

25 Hepatites virais X

HIV/AIDS – Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana


26 X
ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e


27 X
criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV

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28 Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) X

29 Influenza humana produzida por novo subtipo viral X X X

Intoxicação Exógena (por substâncias químicas, incluindo


30 X
agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados)

31 Leishmaniose Tegumentar Americana X

32 Leishmaniose Visceral X

33 Leptospirose X

a. Malária na região amazônica X


34
b. Malária na região extra-amazônica X X X

35 Óbito: a. Infantil b. Materno X

36 Poliomielite por poliovírus selvagem X X X

37 Peste X X X

38 Raiva humana X X X

39 Síndrome da Rubéola Congênita X X X

40 Doenças Exantemáticas: a. Sarampo b. Rubéola X X X

41 Sífilis: a. Adquirida b. Congênita c. Em gestante X

42 Síndrome da Paralisia Flácida Aguda X X X

Síndrome Respiratória Aguda Grave associada a Coronavírus


43 X X X
a. SARS-CoV b. MERS – CoV

192
Notificação compulsória Cap. 13

Periodicidade de notificação

Imediata
Nº Doença ou agravo (ordem alfabética) Outros
(até 24 horas) para* Semanal*
documentos
MS SES SMS

44 Tétano: a. Acidental b. Neonatal X

45 Toxoplasmose gestacional e congênita X

46 Tuberculose X

47 Varicela – caso grave, internado ou óbito X X

a. Violência doméstica e/ou outras violências X


48
b. Violência sexual e tentativa de suicídio X
Fonte: Brasil.3

2.6. ATUALIZAÇÕES 2020 Tabela 2. Lista Nacional de Doenças e Agravos a serem


monitorados pela Estratégia de Vigilância Sentinela.
u Em 2020, o Ministério da Saúde incluiu a Doença Nº Doença ou agravo
de Chagas crônica à lista nacional: I. Vigilância em Saúde do Trabalhador
u Doenças de Chagas crônica – Semanal. 1 Câncer relacionado ao trabalho
u Outros três agravos haviam sido adicionados, 2 Dermatoses ocupacionais
mas foram retirados logo em seguida. Foram

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Lesões por Esforços Repetitivos/
eles: criptococose, paracoccidioidomicose e
3 Distúrbios Osteomusculares Relacionados
esporotricose humana. ao Trabalho (LER/DORT)
Perda Auditiva Induzida por Ruído
4
2.7. UNIDADES SENTINELA – PAIR relacionada ao trabalho
5 Pneumoconioses relacionadas ao trabalho
u O que são unidades sentinela? A Vigilância Sen- 6 Transtornos mentais relacionados ao trabalho
tinela é um modelo de vigilância que utiliza es-
II. Vigilância de doenças de transmissão respiratória
tabelecimentos de saúde estratégicos. Ou seja,
em determinadas unidades (ou municípios), al- 1 Doença pneumocócica invasiva
guns outros agravos, além daqueles presentes na 2 Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
lista discutida acima, podem ser de notificação
3 Síndrome Gripal (SG)
compulsória. Observe a lista abaixo (Tabela 2).
III. Vigilância de doenças de transmissão
hídrica e/ou alimentar

1 Rotavírus
2 Doença Diarreica Aguda
3 Síndrome Hemolítica Urêmica
IV. Vigilância de doenças
sexualmente transmissíveis

1 Síndrome do Corrimento Uretral Masculino


V. Síndrome neurológica pósinfecção
febril exantemática

Fonte: Brasil.1

193
Notificação compulsória Epidemiologia

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 205, de 17 de


fevereiro de 2016. Define a lista nacional de doenças e
agravos, na forma do anexo, a serem monitorados por
meio da estratégia de vigilância em unidades sentinelas
e suas diretrizes. Diário Oficial da União. 2016.
2. Fundação Nacional de Saúde (BR). Guia de vigilância
epidemiológica / Fundação Nacional de Saúde. 5. ed.
Brasília: FUNASA; 2002.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 264, de 17 de
fevereiro de 2020. Altera a Portaria de Consolidação n. 4/
GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir a doença
de Chagas crônica, na Lista Nacional de Notificação
Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
pública nos serviços de saúde públicos e privados em
todo o território nacional. Diário Oficial da União. 2020.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 204, de 17 de
fevereiro de 2016. Define a Lista Nacional de Notificação
Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
pública nos serviços de saúde públicos e privados em
todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 18
fev. 2016. Seção 1, p. 23-24.
5. Brasil. Lei n. 13.685, de 25 de junho de 2018. Altera a Lei

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n. 12.732, de 22 de novembro de 2012, para estabelecer
a notificação compulsória de agravos e eventos em
saúde relacionados às neoplasias, e a Lei n. 12.662, de
5 de junho de 2012, para estabelecer a notificação com-
pulsória de malformações congênitas. Diário Oficial da
União – Seção 1. 2018.
6. Ministério da Saúde (BR). Sistema de Informação de Agra-
vos de Notificação – Sinan: normas e rotinas / Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento
de Vigilância Epidemiológica. 2. ed. Brasília: Ministério
da Saúde; 2007

194
Notificação compulsória Cap. 13

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 Notificação negativa ocorre quando um caso


previamente confirmado é diagnosticado erro-
(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO MARANHÃO – 2018) A
neamente.
notificação compulsória consiste na comunicação
da ocorrência de casos individuais, agregados de A notificação compulsória não poder ser sigilosa
casos ou surtos, suspeitos ou confirmados, dos e os meios de comunicação precisam ter acesso
agravos incluídos na lista de notificação, que deve irrestrito ao processo informação-decisão-ação.
ser feita às autoridades sanitárias por profissionais A listagem das doenças de notificação nacional
de saúde ou qualquer cidadão, visando à adoção é estabelecida pelos próprios municípios.
das medidas de controle pertinentes. Das doenças O SINAN, Sistema de Informação de Agravos de
a seguir, são de notificação compulsória: Notificação, é o principal instrumento de coleta
I. Violência sexual. dos dados de notificação compulsória.
II. Pneumonia comunitária.

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III. Sífilis Congênita. Questão 3
IV. Hanseníase.
(SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE – DF – 2021) Uma crian-
V. Zica Vírus.
ça de 1 ano e 4 meses de idade, com histórico de
Está CORRETO o que se indica em: aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, é
levada a atendimento pela mãe que referiu tosse,
II, IV e V, apenas. febre, hiperemia ocular e aparecimento de “man-
II, III e V, apenas. chas” brancas em mucosa oral, com posterior apa-
I, III, IV e V, apenas. recimento de “manchas” vermelhas no corpo. Ao
I, II, IV e V, apenas. exame, apresenta temperatura axilar de 38°C e exan-
tema maculopapular avermelhado, de progressão
I, II, III, IV e V.
craniocaudal. Com base nesse caso clínico e nos
conhecimentos médicos correlatos, julgue os itens
Questão 2 a seguir. 97. Trata-se de uma doença de notificação
compulsória imediata.
(SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE VOLTA RE-
DONDA – 2018) A notificação compulsória tem sido a CERTO
principal fonte da vigilância epidemiológica, a par- ERRADO
tir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o
processo informação-decisão-ação. Sobre a notifi-
cação compulsória, marque a afirmativa CORRETA: Questão 4

A notificação deve ser efetuada logo após a (INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO
identificação de um caso suspeito para agilizar ESTADUAL – 2021) De acordo com a lista nacional de
a intervenção. notificação compulsória de doenças e agravos de

195
Notificação compulsória Epidemiologia

saúde pública, assinale a alternativa que apresenta febre amarela, doença de notificação compulsó-
duas doenças de notificação imediata. ria, apenas, em caso de sinal de Faget positivo.

varicela e tuberculose
hanseníase e leptospirose Questão 7

malária na região amazônica e sífilis (SECRETÁRIA DE ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO – 2021)
dengue-óbitos e raiva humana Um senhor de 82 anos de idade, debilitado pela
tétano e hepatite viral doença de Parkinson, mora com seu filho e sua
nora. A equipe de saúde da família suspeita que
esse senhor sofre maus-tratos físicos por parte
Questão 5 de algum familiar. Diante desse quadro, é corre-
to afirmar:
(HOSPITAL INFANTIL SABARÁ – 2021) Qual das alternativas
abaixo contempla doenças ou agravos de notifica- não se trata de caso de notificação ao SUS.
ção compulsória imediata (em até 24 horas)?
o caso deve ser notificado à polícia, que deve
Acidente de trabalho com exposição a material interrogar os familiares.
biológico como o caso é referente a uma pessoa do sexo
Sífilis adquirida em gestantes masculino, não se trata de violência a ser noti-
Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Huma- ficada.
na (HIV). o caso deve ser notificado ao SINAN como vio-
Hanseníase. lência interpessoal.
Violência sexual e tentativa de suicídio. se houver confirmação, o caso deve ser notifica-
do ao SUS como violência doméstica.

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Questão 6
Questão 8
(SUS/SP R1 – 2019) Infecção que pode ser assintomática,
mas que a primeira manifestação é febre alta (39 (HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS – RJ – 2021) Assinale a al-
a 40) de início abrupto, com duração de 2 a 7 dias, ternativa em que todas as doenças e agravos são
acompanhada de cefaleia, dores no corpo e articu- de notificação imediata.
lações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos
olhos, erupção e prurido na pele. Perda de massa Poliomielite, febre amarela e tuberculose.
corporal, náuseas e vômitos são comuns. Na fase Síndrome respiratória aguda grave, febre ama-
febril inicial da doença, pode ser difícil diferenciá- rela e tuberculose.
-la. A forma grave da doença inclui dor abdominal Síndrome respiratória aguda grave, varíola e fe-
intensa e contínua, vômitos persistentes e sangra- bre amarela.
mento de mucosas. Sem tratamento específico.
São aspectos que se referem à arbovirose: Poliomielite, raiva humana e hanseníase.
Febre do Nilo Ocidental, varíola e hanseníase.
malária, doença de notificação compulsória ime-
diata, apenas, na região extra-Amazônica.
leptospirose, doença de notificação compulsó- Questão 9
ria semanal.
(USP/RP – 2019) De acordo com as normas do Ministé-
dengue, doença de notificação compulsória se- rio da Saúde, no Brasil algumas condições devem
manal. ser notificadas de imediato (em até 24 horas) às
chikungunya, doença de notificação compulsó- Secretarias Municipais de Saúde. A alternativa que
ria imediata. engloba tais condições é:

196
Notificação compulsória Cap. 13

hantavirose, febre amarela, peste e paralisia flá-


cida aguda.
HIV em gestantes, hantavirose, leishmaniose
visceral e peste.
febre amarela, peste, violência doméstica e han-
seníase.
toxoplasmose gestacional, malária, raiva e into-
xicação exógena.

Questão 10

(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO


ESTADUAL – 2021) A Portaria nº 264/2020 alterou a
Portaria de Consolidação GM/MS nº 4/2017, incluin-
do, na lista nacional de notificação compulsória de
doenças, agravos e eventos de saúde pública nos
serviços de saúde públicos e privados em todo o
território nacional, a

malária.
doença de Chagas crônica.
covid-19.
violência doméstica.

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violência sexual.

197
Notificação compulsória Epidemiologia

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: Questão 3 DIFICULDADE:

Assertiva I: VERDADEIRA. Violência sexual é de noti- Comentário: Temos um quadro clássico de sarampo,
ficação imediata. visto que a criança apresenta doença febril exan-
temática, tosse e as famosas manchas de Koplik
Assertiva II: FALSA. Pneumonia comunitária não é
(manchas brancas em mucosa oral). O sarampo é
de notificação compulsória.
uma doença de notificação compulsória imediata.
Assertiva III: VERDADEIRA. Sífilis, adquirida, congênita
✔ RESPOSTA: 
ou em gestante, é de notificação semanal.
Assertiva IV: VERDADEIRA. Hanseníase é de notifi-
cação semanal. Questão 4 DIFICULDADE:

Assertiva V: VERDADEIRA. Doença aguda pelo vírus Comentário: Não basta mais estudar quais são as
Zika é de notificação semanal e, quando em ges- doenças de notificação compulsória. Cada vez está
tante ou óbito, de notificação imediata. mais comum ver as provas perguntando detalhes

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sobre a lista, principalmente quais são as doenças
✔ RESPOSTA: 
de notificação imediata e semanal.
Alternativa A: INCORRETA. Tuberculose é de notifi-
Questão 2 DIFICULDADE: cação semanal, e só notificamos casos graves/
internados de varicela.
Alternativa A: INCORRETA. A notificação é feita na
Alternativa B: INCORRETA. Hanseníase é de notifica-
suspeita, mas a intervenção, os tratamentos e exa-
ção semanal.
mes são realizados de forma independente dela.
Alternativa C: INCORRETA. Malária na região amazô-
Alternativa B: INCORRETA. A notificação negativa é
nica e sífilis são de notificação semanal. Lembre-se
para informar que não houve nada a ser notificado
que qualquer tipo de sífilis (congênita, em gestante,
no respectivo período.
adquirida) é de notificação semanal.
Alternativa C: INCORRETA. As autoridades de saúde Alternativa D: CORRETA.
devem garantir o sigilo das informações pessoais
Alternativa E: INCORRETA. Hepatites virais são de
integrantes da notificação compulsória que estejam
notificação semanal.
sob sua responsabilidade.
✔ RESPOSTA: 
Alternativa D: INCORRETA. Os municípios podem até
acrescentar itens, mas a lista nacional é parte das
Portaria n. 204 de 2016 e n. 265 de 2020 do Minis- Questão 5 DIFICULDADE:
tério da Saúde
Comentário: Nunca se esqueça que HIV e sífilis se-
Alternativa E: CORRETA. Correto e conceitual.
rão sempre de notificação semanal. Vamos às al-
✔ RESPOSTA:  ternativas:

198
Notificação compulsória Cap. 13

Alternativa A: INCORRETA. Apenas acidentes de tra- Alternativa E: INCORRETA. Todos os agravos de notifi-
balho graves, fatais e em crianças e adolescentes cação compulsória devem ser notificados a partir da
são de notificação semanal. Acidente com material suspeita, não havendo necessidade de confirmação.
biológico é de notificação semanal. ✔ RESPOSTA: 
Alternativa B: INCORRETA. Sífilis é de notificação se-
manal, mesmo na gestante.
Questão 8 DIFICULDADE:
Alternativa C: INCORRETA. HIV é de notificação se-
manal. Comentário: Esse tipo de pergunta é bastante co-
Alternativa D: INCORRETA. Hanseníase é de notifica- mum. Não basta sabermos quais as doenças da
ção semanal. Lista Nacional de Notificação Compulsória. É es-
Alternativa E: CORRETA. Violência sexual e tentativa sencial sabermos quais são as doenças de noti-
de suicídio são de notificação imediata. Violência ficação semanal e imediata. Vamos analisar cada
doméstica e outros tipos de violência são de noti- uma das alternativas.
ficação semanal. Alternativa A: INCORRETA. Tuberculose é de notifi-
cação semanal.
✔ RESPOSTA: 
Alternativa B: INCORRETA. Tuberculose é de notifica-
ção semanal.
Questão 6 DIFICULDADE:
Alternativa C: CORRETA. A Síndrome respiratória agu-
Comentário: O conhecimento sobre notificação com- da grave é de notificação compulsória imediata em
pulsória nem se faz necessário para responder à unidades sentinela e em todo território nacional se
questão. A falta desse conhecimento, entretanto, associada ao coronavírus. De qualquer forma, as
pode fazer com que se erre uma questão muito sim- outras alternativas estão claramente erradas, sen-
ples. O quadro descrito é de dengue, claramente. do essa a melhor possível.

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Acontece que muita gente acredita que dengue é Alternativa D: INCORRETA. Hanseníase é de notifica-
uma doença de notificação imediata. Apenas qua- ção semanal.
dros que evoluam para óbito são de notificação Alternativa E: INCORRETA. Hanseníase é de notifica-
imediata. Os casos de dengue, em geral, são de ção semanal.
notificação semanal.
✔ RESPOSTA: 
✔ RESPOSTA: 

Questão 9 DIFICULDADE:
Questão 7 DIFICULDADE:
Comentário: Leishmaniose visceral, hanseníase, HIV,
Comentário: Lembre-se que todo tipo de violência violência doméstica, intoxicação exógena, toxoplas-
é de notificação compulsória. Violência sexual e mose e malária não são de notificação imediata.
tentativa de suicídio são de notificação imediata
enquanto violência doméstica e outros tipos de
✔ RESPOSTA: 
violência são de notificação semanal.
Alternativa A: INCORRETA. Todo tipo de violência é Questão 10 DIFICULDADE:
de notificação compulsória.
Comentário: Em preventiva, precisamos estar sempre
Alternativa B: INCORRETA. Não devemos notificar à
atualizados. Em 2020, foram adicionados 4 agravos
polícia.
à lista nacional de notificação compulsória: Doen-
Alternativa C: INCORRETA. Todo tipo de violência é ça de Chagas crônica, criptococose, esporotricose
de notificação compulsória. e paracoccidioidomicose. Ainda em 2020, as três
Alternativa D: CORRETA. últimas foram excluídas. Assim, temos que apenas

199
Notificação compulsória Epidemiologia

a Doença de Chagas Crônica foi adicionada efeti-


vamente à lista. Malária, violência sexual e violên-
cia doméstica já faziam parte da lista. covid-19 foi
notificada de forma compulsória, mas não houve
portaria efetivando sua adição à Lista Nacional.
✔ RESPOSTA: 

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200
Capítulo
INDICADORES DE SAÚDE
14

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Prevalência diz respeito ao número total de casos.


u Incidência diz respeito ao número de casos novos em determinado intervalo de tempo.
u O denominador do coeficiente de mortalidade materna é o número total de nascidos vivos.
u Os dados atualizados de 2020 (os mais recentes disponíveis no DATASUS) indicam que a principal causa
de óbitos no Brasil são as doenças do aparelho circulatório.

1. INDICADORES DE MORBIDADE W Maior capacidade diagnóstica Aumenta o


número de diagnósticos da doença.
W Controle da doença Pessoas com a doença
1.1. PREVALÊNCIA vivem mais tempo e continuam na estatística

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de prevalência.
u Definição: Número total de casos. Retrato / u O que diminui a prevalência de uma doença?
Somatório.
W Obviamente, redução na incidência, imigração,
u Exemplo: 38 milhões de pessoas viviam com HIV capacidade diagnóstica e controle.
no mundo em 2019.
W Alta letalidade Pessoas morrem pela doen-
W Sabemos o número total de casos. Não esta- ça e deixam de fazer parte da estatística de
mos informando quantas pessoas adquiriram prevalência.
a doença naquele ano.
W Aumento na emigração de doentes Reduz o
u O que aumenta a prevalência de uma doença? número total de casos.
W Aumento na incidência Aumenta o número W Descoberta da cura Pessoas deixam de ter
de casos novos. a doença.
W Aumento na imigração de doentes Aumenta W Melhor prevenção Menos pessoas adoecem.
o número de casos novos.

201
Indicadores de saúde Preventiva

Figura 1. Eventos que influenciam adquiriram a doença entre janeiro e dezembro de


a prevalência de doenças. 2021? Doenças mais agudas, de rápida resolu-
ção, como dengue, gripe e resfriado, geralmente
apresentam incidência maior que prevalência.
O mesmo ocorre para doenças com alta letali-
dade, como a raiva humana.

2. OUTROS CONCEITOS

2.1. LETALIDADE

u Definição: Proporção de mortes por determina-


da doença.
u Exemplo: De 1.000 pessoas que adoecem, 100
evoluem a óbito. Letalidade = 10%.

2.2. MORTALIDADE

Fonte: Acervo Sanar.


2.2.1. Geral

1.2. INCIDÊNCIA u Definição: Número total de mortes em determi-


nada população.

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u Definição: Número de casos novos da doença u Exemplo: No ano de 2018, a mortalidade geral no
na população avaliada em determinado interva- Brasil foi de 6,7 mortes/1.000 habitantes.
lo de tempo.
u Exemplo: Em 2019, 1,7 milhão de pessoas foram DICA
 Mortalidade geral não é um bom indicador
diagnosticadas com HIV no mundo. das condições de saúde de uma determinada po-
W Ou seja, a prevalência de HIV em 2019 era de pulação, visto que não sabemos nada sobre os
38 milhões de casos, enquanto sua incidência óbitos, como causa ou faixa etária.
foi de 1,7 milhão de casos novos para o perío-
do de janeiro a dezembro de 2019.
2.2.2. Proporcional
u O que aumenta a incidência de uma doença?
W Aumento na imigração de doentes. u Definição: Realizamos algum tipo de distinção
W Maior capacidade diagnóstica. (geralmente a causa).
u O que reduz a incidência de uma doença?
u Exemplo: No ano de 2021, a cidade X, cuja po-
pulação é de 100 mil pessoas, apresentou 1.000
W Melhor prevenção.
óbitos, sendo 500 de doenças respiratórias. Ti-
vemos, portanto, 5 mortes por doenças respira-
1.3. PREVALÊNCIA X INCIDÊNCIA tórias para cada 1.000 habitantes.

u Prevalência é sempre maior que incidência? 2.2.3. Materna


NÃO!!! Pense no coronavírus em 2021. Qual nú-
u Definição: “Morte de uma mulher durante a ges-
mero é maior – pessoas vivendo com a doença
tação ou até 42 dias após o término da gestação,
no dia 31 de dezembro de 2021 ou pessoas que

202
Indicadores de saúde Cap. 14

independente da duração ou da localização da u a) COEFICIENTE DE LETALIDADE


gravidez, devida a qualquer causa relacionada W Letalidade = Nº total de óbitos por determina-
com ou agravada pela gravidez ou por medidas da doença/Nº total de doentes.
em relação a ela, porém não devida a causas u b) COEFICIENTE DE MORTALIDADE GERAL
acidentais ou incidentais” (CID-10).
W Mortalidade geral = Nº total de óbitos/Popu-
u Simplificando a definição para ser morte ma-
lação avaliada.
terna, precisa preencher os seguintes critérios:
u c) COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR CAUSA
W Morte durante a gestação ou até 42 dias após
o parto.
W Mortalidade por AVC = Nº total de óbitos por
AVC/População avaliada.
W Causada pela gravidez ou por comorbidade
agravada pela gravidez.
u d) COEFICIENTE DE MORTALIDADE MATERNA
V Causa direta: Problema que ocasionou o
W Mortalidade materna = Nº total de óbitos por
óbito foi gerado pela gestação. causas maternas/Nascidos vivos.
t Ex.: descolamento de placenta, eclâmpsia.
DICA
V Causa indireta: Problema já existia e foi  Não esqueça que o denominador do coe-
agravado pela gestação. ficiente de mortalidade materna é o número de
nascidos vivos.
t Ex.: Complicações do Lúpus Eritemato-
so Sistêmico.
W Não pode ter sido morte acidental ou incidental.
u e) COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL
W Mortalidade infantil = Nº total de óbitos em
2.2.4. Infantil menores de 1 ano/Nascidos vivos.

Definição: Morte de crianças no primeiro ano

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u
DICA
de vida.  Mortalidade na infância não é a mesma coi-
sa que mortalidade infantil. Para mortalidade na
W Neonatal Até 27 dias.
infância, consideramos crianças até os 5 anos de
W Neonatal precoce Até 6 dias. idade.
W Neonatal tardia 7-27 dias.
W Pós-neonatal > 27 dias.
3.2. ÍNDICES

DICA
 Mortalidades materna e infantil são indica- u Índice: Numerador = Denominador.
tivos da situação de saúde de uma determinada
localidade.
W Ex.: Numerador trata de óbitos e denomina-
dor também óbitos em menor de 1 ano/
total de óbitos.
u O índice mais cobrado na sua prova é o seguinte:
3. COEFICIENTES E ÍNDICES u SWAROOP-UEMURA OU RAZÃO DE MORTALI-
DADE PROPORCIONAL
W Mortalidade ≥ 50 anos/Mortalidade Geral.
3.1. COEFICIENTES

DICA
u Coeficiente: Numerador ≠ Denominador.  O índice de Swaroop-Uemura traduz a si-
tuação de saúde de uma população, visto que, em
u Ex.: Numerador trata de óbitos e denominador
uma sociedade com bons indicadores de saúde,
de população mortes por causa materna/nas-
esperamos que a maior parte dos óbitos se dê em
cidos vivos.
pessoas mais idosas.

203
Indicadores de saúde Preventiva

4. CURVAS DE NELSON MORAES

u As curvas de Nelson Moraes, ou curvas de mor- leiro que idealizou essas curvas nos anos 1950,
talidade proporcional, são representações gráfi-
associou cada um dos 4 formatos de curva a um
cas da distribuição proporcional dos óbitos por
faixas etárias. Nelson Moraes, sanitarista brasi- “nível de saúde”.

Figura 2. Evolução esquematizada do nível de saúde avaliado pelas curvas de mortalidade proporcional.

Fonte: Laurenti et al.1

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W Tipo IV: Nível de saúde elevado Número bai- por exemplo, sociedades com conflitos arma-
xo de mortes em crianças e adultos jovens, dos, em que os adultos jovens são incapazes
aumentando exponencialmente com a idade. de sobreviver. Por isso, não há aumento da
mortalidade nas idades mais avançadas, vis-
W Tipo III: Nível de saúde regular A mortalidade
to que a população não “consegue” alcançar
na infância (até 5 anos de idade) já se mostra
idades mais avançadas.
maior do que no nível IV, mas no geral conti-
nuamos tendo um aumento mais expressivo
da mortalidade nos pacientes mais velhos.
W Tipo II: Nível de saúde baixo A mortalidade 5. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
em crianças é a mais expressiva de todas, ha- E EPIDEMIOLÓGICA
vendo um leve aumento na população de mais
idade. Reflete sociedades com saneamento
básico muito precário e pobreza extrema. 5.1. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
W Tipo I: Nível de saúde muito baixo Temos uma
alta mortalidade infantil, mas o pico ocorre nos u Descreve a dinâmica do crescimento populacio-
adultos jovens, havendo queda da mortalida- nal. Basicamente, falamos sobre as alterações na
de entre aqueles de mais idade. Por que essa expectativa de vida, que culminam nas mudanças
curva é pior que a tipo II? Essa curva reflete, da pirâmide etária de determinada localidade.

204
Indicadores de saúde Cap. 14

Figura 3. Pirâmides populacionais do Brasil em 1900, 1950, 1980, 2000 e 2050.

Fonte: ONU.2

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u Em 1900, uma parcela muito significativa da W Melhora do saneamento básico Menos mor-
população era composta por crianças e ado- tes por doenças infecciosas.
lescentes, enquanto poucas pessoas tinham 70 u Por conta de todas essas mudanças, passamos
anos ou mais. Nos anos 2000, passamos a ter a ter uma população mais idosa e proporcional-
uma parcela maior de pessoas entre 15-59 anos. mente menos assolada por doenças infecciosas,
Para 2050, a previsão é de uma “pirâmide” mais o que resultou em:
distribuída, com redução do número de crianças
W Aumento de Doenças Crônicas não transmis-
e aumento significativo do número de idosos.
síveis e mortes provocadas por elas;
W Aumento de mortalidade por causas externas
5.2. TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA (principal causa em adultos jovens).

u Entende-se por transição epidemiológica as alte-


rações nos indicadores de saúde, como mortali- 6. PERFIL DE MORBIMORTALIDADE
dade e natalidade. É a transição epidemiológica
que causa a transição demográfica. O que vem
u Outro aspecto muito cobrado nas provas é o per-
ocorrendo no Brasil nas últimas décadas que
fil de morbimortalidade da sociedade brasileira.
culminou na alteração da pirâmide etária?
O que isso quer dizer? Basicamente quais são
W Redução da natalidade. as principais causas de óbito e de adoecimento
W Redução da mortalidade infantil. na população, divididos por sexo e faixa etária.
u Apresentaremos os indicadores referentes a dois
W Redução da mortalidade materna.
momentos distintos: 2019 (antes da pandemia
W Aumento da esperança de vida ao nascer. da Covid-19) e os dados do DATASUS de 2020.

205
Indicadores de saúde Preventiva

Observe como tivemos um aumento expressivo V 1. Doenças do aparelho circulatório.


nos óbitos por “Algumas Doenças Infecciosas e V 2. Algumas doenças infecciosas e parasi-
Parasitárias”, grupo ao qual pertence a Covid-19. tárias.
V 3. Neoplasias.
DICA
 Os dados referentes a 2021 só ficam dispo- u INFANTIL (ATÉ 1 ANO)
níveis no segundo semestre de 2022, mas prova- W 2019
velmente as doenças infecciosas representarão a
principal causa de óbito no Brasil, superando as
V 1. Afecções do período perinatal.
doenças do aparelho circulatório. Em 2021, essas V 2. Malformações e cromossomopatias.
atualizações “em cima da hora” praticamente não V 3. Doenças do aparelho respiratório.
foram cobradas, mas é importante que você esteja
W 2020
vigilante, e nós ajudaremos com qualquer atualiza-
ção ao longo do ano." V 1. Afecções do período perinatal.
V 2. Malformações e cromossomopatias.
V 3. Algumas doenças infecciosas e parasi-
6.1. MORTALIDADE POR CAUSA
tárias.
u GERAL
u NEONATAL (ATÉ 27 DIAS)
W 2019
W 2019
V 1. Doenças do aparelho circulatório.
V 1. Afecções do período perinatal.
V 2. Neoplasias.
V 2. Malformações e cromossomopatias.
V 3. Doenças do Aparelho Respiratório.
V 3. Algumas doenças infecciosas e parasi-
tárias.
W 2020

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W 2020
V 1. Doenças do aparelho circulatório.
V O mesmo padrão se manteve.
V 2. Algumas doenças infecciosas e parasi-
tárias.
u PÓS-NEONATAL (28 DIAS-1 ANO)
V 3. Neoplasias.
W 2019
u SEXO MASCULINO
V 1. Malformações e cromossomopatias.
W 2019
V 2. Afecções do período perinatal.
V 1. Doenças do aparelho circulatório.
V 3. Doenças do aparelho respiratório.
V 2. Neoplasias.
W 2020
V 3. Causas externas.
V 1. Malformações e cromossomopatias.
W 2020
V 2. Afecções do período perinatal.
V 1. Doenças do aparelho circulatório.
V 3. Algumas doenças infecciosas e parasi-
tárias.
V 2. Algumas doenças infecciosas e parasi-
tárias.
u MATERNA
V 3. Neoplasias.
V 1. Hipertensão.
u SEXO FEMININO
V 2. Hemorragia.
W 2019
V 3. Infecção.
V 1. Doenças do aparelho circulatório.
DICA
V 2. Neoplasias.  Em 2019, a principal causa de óbito na po-
pulação entre 1-49 anos era o grupo das causas
V 3. Doenças do aparelho respiratório.
externas, como acidente, violência e suicídio. Em
W 2020

206
Indicadores de saúde Cap. 14

2020, causas externas permaneceram como prin- W 2. Próstata.


cipal causa de óbito entre 1-39 anos. u SEXO FEMININO
W 1. Mama.
6.2. PRINCIPAIS NEOPLASIAS W 2. Pulmão.

u SEXO MASCULINO DICA


 Parece muita coisa para memorizar, mas
W 1. Próstata. não é tão difícil, desde que você não se contente
W 2. Colorretal. em simplesmente ler essas listas. Realmente se
W 3. Pulmão. esforce para memorizar e se teste para ter a certeza
de que o conteúdo foi memorizado.
u SEXO FEMININO
W 1. Mama.
W 2. Colorretal.
W 3. Colo do útero.
REFERÊNCIAS

DICA
 Sempre que falamos das principais neopla-
sias, estamos excluindo as neoplasias de pele não 1. Laurenti R, Buchalla CM. Estudo da morbidade e mortali-
dade perinatal em maternidades: II - Mortalidade perinatal
melanoma.
segundo o peso ao nascer, idade materna, assistência
pré-natal e hábito de fumar da mãe. Rev Saúde Púb.
1985; 19: 225-32.
6.3. NEOPLASIAS COM MAIOR
2. ONU (dados da revisão 2004). [Internet]. [acesso em 10
MORTALIDADE out. 2019]. Disponível em: http://esa.un.org/unpp.

pedro_abrantes@hotmail.com | 52a2c9f2-9e09-4485-b388-bb945d0849a1
3. Almeida Filho N, Barreto ML. Epidemiologia & Saúde: fun-
u SEXO MASCULINO damentos, métodos e aplicações. São Paulo: Guanabara
W 1. Pulmão. Koogan; 2012.

207
Indicadores de saúde Preventiva

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 Questão 2

(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2022) (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBU-
Em um município X com 980.000 habitantes em CO – PE – 2021) Assinale o indicador epidemiológico
que a expectativa de vida está acima dos 70 anos, que não é considerado um indicador de qualidade
ocorreram 14.210 óbitos por todas as causas entre de vida de uma população humana.
2019 e 2020. Na comparação da mortalidade por
covid-19 com a mortalidade por doenças cardiovas- Taxa de Mortalidade Infantil
culares, e usando os dados abaixo: Curva de Nelson de Moraes
Tabela. Distribuição dos óbitos segundo faixas etá- Coeficiente de Mortalidade Geral
rias e causa. Município X, 2019-2020.
Coeficiente de Mortalidade Materna
Cardio- Esperança de vida
Faixas Co-
% vascu- %
etárias vid-19

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lares

0-9 3 0,09 4 0,11 Questão 3


10-19 5 0,14 1 0,03
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO
20-29 50 1,42 21 0,60 ESTADUAL – SP – 2021) Para se medir o nível de saúde
30-39 165 4,61 51 1,46 de uma população, a esperança de vida ao nascer
é um bom indicador porque
40-49 330 9,11 145 4,15

50-59 740 20,51 334 9,55 padroniza os coeficientes de letalidade.


60-69 606 19,09 682 19,50 sofre o efeito da composição da população por
idade e sexo.
70-79 756 21,53 752 21,50
sintetiza o efeito da morbimortalidade na po-
80 e
895 25,49 1.510 43,27 pulação.
mais

Total 3.550 - 3.500 - sintetiza o efeito da natalidade na população.


sintetiza o efeito da mortalidade, agindo ou atuan-
Em relação ao indicador que confere maior impor- do em todas as idades.
tância epidemiológica para a covid-19, a alternativa
CORRETA é:
Questão 4
Mortalidade proporcional por causa de óbito.
Coeficiente de mortalidade por causa específica. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2021) Com base nos dados
da tabela a seguir, assinale a alternativa que repre-
Anos potenciais de vida perdidos (APVP). senta a ação de maior prioridade para o decréscimo
Número absoluto de óbitos para cada causa. do número de casos de sífilis congênita

208
Indicadores de saúde Cap. 14

31,8/100 mil habitantes; 6,8% e 2,2/100 mil ha-


bitantes.
31,8/100 mil habitantes; 2,2/100 mil habitantes
e 6,8%.
2,2/100 mil habitantes; 6,8% e 31,8/100 mil ha-
bitantes.

Questão 7

Aumento da cobertura do pré-natal (maior nú-


(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – SP – 2021) Um
mero de gestantes fazendo pré-natal).
município notificou os seguintes indicadores ao
Campanhas para aumentar a testagem rápida analisar grupos de causas básicas: mortalidade
para a sífilis entre gestantes e parceiros. proporcional devido a doenças cardiovasculares
Campanhas de conscientização da população de 30% e de causas externas de 11%; percentual de
acerca da sífilis adquirida e congênita. anos potenciais de vida perdidos de 11% por cau-
sas cardiovasculares e 30% por causas externas.
Supervisão e melhoria da qualidade do cuidado ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
prestado no pré-natal.
A cidade tem grande percentual de idosos que
se expõem a causas externas.
Questão 5
Há grande contingente de óbitos precoces.
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – PR – 2021) Com a des-
As causas externas e as doenças cardiovas-
coberta e instituição de tratamentos do diabetes

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culares são as principais causas de morte no
que melhoram o prognóstico, mas não levam à
município.
cura, a incidência e a prevalência desse agravo,
respectivamente, Os indicadores mostram o risco de morrer tanto
por doenças cardiovasculares como por causas
permanecem as mesmas. externas no município.
aumenta e diminui.
diminui e permanece a mesma. Questão 8
permanece a mesma e aumenta.
(SELEÇÃO UNIFICADA (AMRIGS, AMB, ACM E AMMS) – 2021)
aumentam. _____________ de tabagismo é o resultado da inicia-
ção (novos usuários de tabaco) e da interrupção do
consumo (por cessação do tabagismo ou morte). A
Questão 6
identificação dos fatores determinantes da iniciação
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – 2021) No Brasil, e da cessação do tabagismo é, portanto, fundamen-
entre 26 de fevereiro e 26 de abril de 2020, ocorre- tal para o planejamento de ações específicas para
ram 67.471 casos confirmados e 4.592 óbitos pela o controle do tabaco. Assinale a alternativa que
COVID-19. Considerando uma população de 212 mi- preenche corretamente a lacuna do trecho acima.
lhões de habitantes, quais foram, respectivamente,
A incidência
as taxas de incidência, mortalidade e letalidade da
doença no Brasil no período estudado? A prevalência
O risco relativo
2,2/100.000 habitantes; 31,8/100 mil habitan-
tes e 6,8%. O risco atribuível

209
Indicadores de saúde Preventiva

Questão 9 I – 25 casos de gripe por 1.000 pessoas-ano. II –


3.460.413 casos de covid-19 no Brasil de 26/02/2020
(AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE APUCARANA – PR – 2021) a 18/08/2020. III – 1.633 casos de covid-19 por
Em relação à taxa de mortalidade infantil é CORRE-
100.000 habitantes no Brasil de 26/02/2020 a
TO afirmar que:
18/08/2020. As medidas de frequência epidemio-
É o número de óbitos de menores de um ano de lógica resultantes do cálculo de I, II e III represen-
idade por 100 nascidos vivos. tam, respectivamente:
Compreende as somas dos óbitos ocorridos nos
períodos neonatal, precoce e tardio. Densidade de incidência, número absoluto de
Estima o risco de um nascido vivo morrer duran- casos no período, taxa de incidência acumulada.
te o seu primeiro ano de vida.
Incidência acumulada, prevalência pontual, coe-
Os óbitos no período neonatal tardio represen-
ficiente de incidência do período.
tam mais de 50% dos óbitos infantis.
Taxa de incidência, coeficiente de prevalência,
Questão 10 razão de incidência no período.

(REVALIDA UFMT – 2020) Analise as seguintes medi- Coeficiente médio de incidência, proporção relati-
das de frequência de doença em uma população: va de incidência, taxa de prevalência acumulada.

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210
Indicadores de saúde Cap. 14

GABARITOS E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: Questão 2 DIFICULDADE:

Y Dica do professor: Questão que aborda os indica-


Y Dica do professor: Essa questão apresenta uma
dores em saúde e questiona sobre qual indicador
tabela que acaba não sendo útil para sua resolução.
não pode ser usado para avaliar a qualidade de vida
O que a questão realmente quer saber é o indicador
da população. Os indicadores são divididos em coe-
mais importante quando falamos de covid-19. Na
ficientes (também chamados de taxas) ou índices.
verdade, qual o indicador mais importante quando
Os primeiros avaliam o risco de uma determinada
falamos de qualquer doença. Vamos analisar cada
condição acometer uma população; por isso, o de-
uma das alternativas:
nominador consiste nas pessoas sob o risco de
Alternativa A: INCORRETA. Esse é um indicador im- sofrerem um evento (exemplo: coeficiente de mor-
portante, mas não nos dá uma dimensão da mag- talidade por ataque de tubarão). Por sua vez, os ín-
nitude da doença, já que só nos oferece um valor dices consistem em uma proporção (um exemplo
proporcional. Em uma localidade com poucos óbi- disso é dividir o número de mortes por ataque de

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tos, podemos ter uma doença que mata poucas tubarão pelo número geral de mortes). A resposta
pessoas apresentando esse indicador muito alto. da questão é o coeficiente de mortalidade geral,
que se trata do risco de morrer em geral. Não é um
Alternativa B: INCORRETA. Aqui, teremos a mesma bom indicador de saúde, porque não discrimina que
limitação apresentada na alternativa A. parcela da população morre (se jovens ou idosos).
Vale relembrar a curva de Nelson Moraes, citada
Alternativa C: CORRETA. APVP nos dá uma ideia do
na alternativa B. Trata-se de um gráfico com os se-
impacto da doença na sociedade. Uma doença como
guintes parâmetros: percentual do total de mortes
a covid-19, que mata muitos idosos, mas também
e idade dos óbitos. Logo, esse gráfico expressa se
vitima muitas pessoas mais jovens, leva a uma per-
em uma determinada população há mais mortes
da importante dos anos de vida.
na infância, juventude ou velhice. São quatro tipos
Alternativa D: INCORRETA. Se soubermos apenas o de curva, descritos a seguir:
número total de óbitos, sem saber a sua proporção Tipo 1: curva em N. Revela muito baixo nível de
dentro da população, não temos como saber o real saúde, devido aos óbitos elevados de adultos jovens
impacto da doença. 1.000 óbitos podem represen- e crianças. Reflete um cenário de guerra.
tar um número muito expressivo numa cidade de Tipo 2: curva em L. Representa alta mortalidade
50 mil pessoas, e pouco expressivo em uma cidade na infância, o que indica um nível de saúde baixo.
com 11 milhões de habitantes. Tipo 3: curva em U. Há maior percentual de mortes
de idosos, mas a mortalidade infantil ainda é alta.
Nenhum dos indicadores apresentados nessa ques-
Indica um nível de saúde regular.
tão é perfeito para avaliarmos a importância epide-
Tipo 4: curva em J. Alto percentual de mortes de
miológica da doença, mas a alternativa C é a melhor
idosos (é a curva ideal). Expressa elevado nível de
entre as respostas ofertadas.
saúde.
✔ RESPOSTA:  ✔ RESPOSTA: 

211
Indicadores de saúde Preventiva

Questão 3 DIFICULDADE: Questão 5 DIFICULDADE:

Y Dica do professor: Trata-se de um indicador de Y Dica do professor: Dentre os coeficientes ou taxas


saúde pouco cobrado em prova, mas que tem uma de morbidade, que avaliam o risco de um indivíduo
boa utilidade para medir o nível de saúde de uma adoecer, temos a taxa de incidência e a taxa de pre-
população. O próprio site do DATASUS, onde pode- valência. A taxa de incidência é calculada através da
mos encontrar muitos indicadores de saúde, traz divisão do número de casos novos pela população
três pontos importantes sobre esse indicador: não doente (ou seja, susceptível). Ela é particular-
1. Expressa a longevidade da população mente boa para avaliar doenças agudas, como as
2. Representa uma medida sintética da mortalidade, infectocontagiosas. A taxa de prevalência é melhor
não estando afetada pelos efeitos da estrutura etária para avaliar doenças crônicas e degenerativas, e
da população, como acontece com a taxa bruta de seu cálculo é obtido através da divisão do número
mortalidade. total de casos pela população total. A prevalência
3. O aumento da esperança de vida ao nascer indica é influenciada pela incidência, pelo uso de drogas
melhoria das condições de vida e saúde da popu- que melhoram/controlam as condições de base e
lação. aumentam a expectativa de vida dos pacientes, pe-
las mortes, curas, imigrações e emigrações. Assim,
O segundo ponto apresentado pelo DATASUS diz,
uma melhora no tratamento de pacientes com dia-
em outras palavras, o mesmo que a alternativa E.
betes mellitus irá reduzir a mortalidade e prolongar
✔ RESPOSTA:  a expectativa de vida, aumentando a taxa de preva-
lência. Contudo, essas medidas em nada alteram a
incidência, que permanece igual a anterior.
Questão 4 DIFICULDADE:
✔ RESPOSTA: 
Y Dica do professor: Vamos analisar a tabela juntos.

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A tabela nos traz informações a respeito da propor-
ção de casos novos de sífilis congênita registrados
Questão 6 DIFICULDADE:
no sistema de vigilância epidemiológica para o BR e
estado de SP, em 2019. Nele temos a proporção de Y Dica do professor: O que dificulta a questão é a
mães que realizaram pré-natal e a proporção de tra-
matemática, mas podemos fazer, inicialmente, as
tamento adequado para a sífilis durante o pré-natal.
contas com valores aproximados. Vamos ver:
Alternativa A: INCORRETA. Observamos que a cober-
tura pré-natal não é o problema, uma vez que temos Incidência = número total de casos novos sobre
cobertura de pré-natal de 83,4 e 77,6% no Brasil e a população exposta. Ou seja, aproximadamente
em SP respectivamente e tratamento de 6,4 e 6,5 70.000 / 210 milhões = 33/100 mil.
respectivamente. Mortalidade = número total de óbitos sobre a popu-
Alternativa B: INCORRETA. Não há necessidade de lação geral. Ou seja, aproximadamente 5.000 / 210
campanhas uma vez que a testagem de sífilis é milhões = 2,4/100 mil.
algo básico e rotineiro no pré-natal.
Letalidade = número total de óbitos sobre o número
Alternativa C: INCORRETA. Seria com certeza uma ati- de casos. Ou seja, aproximadamente 5.000 / 70.000
tude de educação em saúde com benefícios, porém = 7,1%.
não seria a alternativa mais correta.
Alternativa D: CORRETA. Perfeito, pois temos uma Algumas vezes você vai precisar fazer as contas
cobertura pré-natal OK, mas uma péssima taxa de mesmo, porque as alternativas trarão respostas
tratamento, logo o pré-natal não está sendo reali- muito próximas. Na maioria das vezes, como nessa,
zado de forma correta. dava para responder apenas aproximando os valores.

✔ RESPOSTA:  ✔ RESPOSTA: 

212
Indicadores de saúde Cap. 14

Questão 7 DIFICULDADE: valorização dos indicadores de mortalidade neonatal


e perinatal, que refletem melhor a atenção pré-natal,
Y Dica do professor: Vamos analisar os números o parto e o recém-nascido. O cálculo direto da taxa,
expostos: a partir de dados derivados de sistemas de registro
MORTALIDADE PROPORCIONAL: contínuo, pode exigir correções da subenumeração
de óbitos infantis e de nascidos vivos, especialmen-
• Cardiovascular: 30%
te nas regiões Norte e Nordeste.
• Causas externas: 11%
Alternativa A: INCORRETA. A mortalidade infantil
PERCENTUAL DE ANOS PERDIDOS: consiste no número de óbitos de menores de um
• 11% por causas cardiovasculares ano de idade, por mil nascidos vivos, na população
• 30% por causas externas residente em determinado espaço geográfico, no
ano considerado.
Vamos às alternativas.
Alternativa B: INCORRETA. Compreende a soma dos
Alternativa A: INCORRETA. O percentual de anos per-
óbitos ocorridos nos períodos neonatal precoce (0-6
didos em relação aos óbitos por causa externa con-
dias de vida), neonatal tardio (7-27 dias) e pós-neo-
tradiz essa afirmação.
natal (28 dias e mais).
Alternativa B: CORRETA. O percentual de anos perdi-
Alternativa C: CORRETA. Além disso, tem como ob-
dos em relação aos óbitos de causas externas nos
jetivos analisar variações geográficas e temporais
deixa claro isso.
da mortalidade infantil, contribuir na avaliação dos
Alternativa C: INCORRETA. Não há dados suficientes níveis de saúde e de desenvolvimento socioeconô-
para determinarmos as principais causas de óbito mico da população e subsidiar processos de plane-
desse município. jamento, gestão e avaliação de políticas e ações de
Alternativa D: INCORRETA. Para calcular esse risco saúde voltadas para a atenção pré-natal, o parto e

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precisaríamos de dados populacionais, dados de a proteção da saúde infantil.
incidência dos agravos. Alternativa D: INCORRETA. A maior parte dos óbitos
✔ RESPOSTA:  neonatais ocorre no período neonatal precoce, do
nascimento ao sexto dia de vida, e cerca de um
quarto dos óbitos ocorre no primeiro dia de vida.
Questão 8 DIFICULDADE:
✔ RESPOSTA: 
Y Dica do professor: Incidência é o número de casos
novos de uma doença; já a prevalência é o número
Questão 10 DIFICULDADE:
de casos totais da doença, incluindo os já existentes
(somatório). Na questão é descrito os novos casos Y Dica do professor: Temos dois tipos de incidência:
em soma com os pacientes que não cessaram o
tabagismo, logo, estamos falando da prevalência. Incidência cumulativa: Essa é a que conhecemos.
Casos novos no período / população exposta no
✔ RESPOSTA:  período.
Densidade de incidência: populações dinâmicas.
Questão 9 DIFICULDADE: Permite ingresso ou saída de pessoas. Considera-
mos a unidade pessoas/tempo.
Y Dica do professor: Lembre-se de que o indicador
não expressa tendências de mudança nos compo- I = densidade de incidência
nentes da mortalidade infantil, caracterizadas por II = número total
rápido declínio das causas pós-neonatais, com
III = Incidência normal, que é a cumulativa.
consequente concentração de óbitos nas primei-
ras semanas de vida. Essas mudanças implicam a ✔ RESPOSTA: 

213
Fixe seus conhecimentos!

FIXE SEU CONHECIMENTO COM RESUMOS

Use esse espaço para fazer resumos e fixar seu conhecimento!

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214
Capítulo
ÉTICA MÉDICA
15

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Os princípios basilares da bioética são a não-maleficência, a beneficência, o respeito à autonomia e a justiça


u A Eutanásia é proibida, a distanásia deve ser evitada e a ortotanásia é encorajada pelo Código de Ética Médica
u É vedado ao médico prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente
u É vedado ao médico revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão,
salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente.

1. O NOVO CÓDIGO DE ou moral, para o extermínio do ser humano ou


ÉTICA MÉDICA para permitir e acobertar tentativas contra sua
dignidade e integridade.

u Destacaremos pontos importantes de cada ca-

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DICA
pítulo do Código de Ética Médica. Quando ne-  O princípio da não maleficência está presente
cessário, realizaremos comentários ou traremos nesse artigo.
exemplos para garantir melhor preparação para
as questões de prova. u VII – O médico exercerá sua profissão com au-
tonomia, não sendo obrigado a prestar serviços
1.1. PREÂMBULO que contrariem os ditames de sua consciência
ou a quem não deseje, excetuadas as situações
u III – Para o exercício da medicina, impõe-se a de ausência de outro médico, em caso de urgên-
inscrição no Conselho Regional do respectivo cia ou emergência, ou quando sua recusa possa
estado, território ou distrito federal. trazer danos à saúde do paciente.
u V – A fiscalização do cumprimento das normas
u XI – O médico guardará sigilo a respeito das
estabelecidas neste Código é atribuição dos informações de que detenha conhecimento no
Conselhos de Medicina, das comissões de ética desempenho de suas funções, com exceção dos
e dos médicos em geral. casos previstos em lei.
u XVIII – O médico terá, para com os colegas,
respeito, consideração e solidariedade, sem se
1.2. CAPÍTULO 1 – PRINCÍPIOS
eximir de denunciar atos que contrariem os pos-
FUNDAMENTAIS
tulados éticos.
u VI – O médico guardará absoluto respeito pelo
u XXI – No processo de tomada de decisões pro-
ser humano e atuará sempre em seu benefício, fissionais, de acordo com seus ditames de cons-
mesmo depois da morte. Jamais utilizará seus ciência e as previsões legais, o médico aceitará
conhecimentos para causar sofrimento físico as escolhas de seus pacientes, relativas aos
procedimentos diagnósticos e terapêuticos por

215
Ética médica Ética médica

eles expressos, desde que adequadas ao caso DICA


 Pacientes com prognósticos muito reserva-
e cientificamente reconhecidas.
dos, sem possibilidade de reversão do quadro ou
u XXII – Nas situações clínicas irreversíveis e ter- reabilitação para uma vida com qualidade, muitas
minais, o médico evitará a realização de procedi- vezes são deixados dias em ventilação mecânica,
mentos diagnósticos e terapêuticos desnecessá- numa UTI, com drogas vasoativas. Podemos consi-
rios e propiciará aos pacientes sob sua atenção derar a distanásia como um exemplo de obstinação
todos os cuidados paliativos apropriados. terapêutica.
u A partir desse artigo XXII, podemos discutir três
conceitos que caem com certa frequência nas u Voltando ao Código de Ética.
provas de residência:
W Eutanásia: prática para abreviar a vida, a fim
1.3. CAPÍTULO 2 – DIREITOS DOS MÉDICOS
de aliviar ou evitar sofrimento do paciente.
V A Eutanásia é proibida. u É direito do médico:
u IV – Recusar-se a exercer sua profissão em insti-
DICA
 Forma fácil de lembrar: eutanásia é ajudar tuição pública ou privada onde as condições de
um paciente que está sofrendo a morrer. Realizar trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar
uma ação para facilitar ou promover a morte. a própria saúde ou a do paciente, bem como a
dos demais profissionais. Nesse caso, comuni-
W Ortotanásia: não promover o adiamento do cará imediatamente sua decisão à comissão de
óbito, permitindo uma morte sem sofrimen- ética e ao Conselho Regional de Medicina.
to. Dispensa utilização de métodos despro-
porcionais de prolongamento da vida, como DICA
 Por conta da covid-19 e dos EPIs necessários

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procedimentos invasivos. para atendimento dos pacientes suspeitos e/ou
V A Ortotanásia é o que queremos realizar (res- confirmados, esse artigo pode ser cobrado na sua
peitando a decisão do paciente e da família). prova.
V Ex.: Fornecer analgesia e sedação a um pa-
ciente oncológico em fim de vida em vez de u IX – Recusar-se a realizar atos médicos que,
proceder com intubação, transferência para embora permitidos por lei, sejam contrários aos
UTI e manutenção de drogas vasoativas é ditames de sua consciência.
um exemplo de ortotanásia.
1.4. CAPÍTULO 3 – RESPONSABILIDADE
DICA PROFISSIONAL
 Forma fácil de lembrar: ortotanásia é permitir
que a morte natural aconteça, fornecendo confor-
to. Trata-se de evitar o adiamento da morte, sem, u É vedado ao médico:
entretanto, provocá-la. u Art. 1º: Causar dano ao paciente, por ação ou
omissão, caracterizável como imperícia, impru-
W Distanásia: conceituada como morte difícil ou dência ou negligência.
penosa. Indica o prolongamento do processo u Sabe as diferenças entre esses três termos?
da morte, por meio de tratamento que apenas W Imperícia: falta de habilidade para executar.
prolonga a vida biológica do paciente, sem
qualidade de vida e sem dignidade.
W Imprudência: agir sem precaução, atenção
ou cuidado.
V A Distanásia deve ser evitada.
W Negligência: falta de cuidado através da omis-
são.

216
Ética médica Cap. 15

u Art. 8º: Afastar-se de suas atividades profissio- u Parágrafo único. O atendimento médico a dis-
nais, mesmo temporariamente, sem deixar outro tância, nos moldes da telemedicina ou de outro
médico encarregado do atendimento de seus pa- método, dar-se-á sob regulamentação do Con-
cientes internados ou em estado grave. selho Federal de Medicina.

1.5. CAPÍTULO 4 – DIREITOS HUMANOS DICA


 Lembre: você não pode prescrever nada
sem exame direto do paciente. Aquela “ajudinha”
u É vedado ao médico: prescrevendo o medicamento de pressão para a
u Art. 22: Deixar de obter consentimento do paciente mãe da funcionária do hospital, sem examiná-la,
ou de seu representante legal após esclarecê-lo caracteriza conduta antiética. Isso só está autori-
zado em caso de risco iminente de morte ou nos
sobre o procedimento a ser realizado, salvo em
moldes da Telemedicina.
caso de risco iminente de morte.

DICA 1.7. CAPÍTULO 6 – DOAÇÃO E


 Em praticamente todas as situações que não
envolvem risco iminente de morte, a autonomia do TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS
paciente deve ser preservada.
u É vedado ao médico:
u Art. 24: Deixar de garantir ao paciente o exercício u Art. 43: Participar do processo de diagnóstico da
do direito de decidir livremente sobre sua pessoa morte ou da decisão de suspender meios artifi-
ou seu bem-estar, bem como exercer sua autori- ciais para prolongar a vida do possível doador,
dade para limitá-lo. quando pertencente à equipe de transplante.
u Art. 26: Deixar de respeitar a vontade de qualquer

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pessoa, considerada capaz física e mentalmente, 1.8. CAPÍTULO 7 – RELAÇÃO
em greve de fome, ou alimentá-la compulsoria- ENTRE MÉDICOS
mente, devendo cientificá-la das prováveis com-
plicações do jejum prolongado e, na hipótese de u É vedado ao médico:
risco iminente de morte, tratá-la. u Art. 57: Deixar de denunciar atos que contrariem
os postulados éticos à comissão de ética da insti-
1.6. CAPÍTULO 5 – RELAÇÃO COM tuição em que exerce seu trabalho profissional e,
PACIENTES E FAMILIARES se necessário, ao Conselho Regional de Medicina.

u É vedado ao médico: DICA


 Pois é, você tem a obrigação de reportar à
u Art. 31: Desrespeitar o direito do paciente ou de Comissão de Ética ou ao Conselho as violações
seu representante legal de decidir livremente sobre éticas dos seus colegas de trabalho. Se não reportar,
a execução de práticas diagnósticas ou terapêu- quem está violando o Código é você.
ticas, salvo em caso de iminente risco de morte.
u Art. 32: Deixar de usar todos os meios disponíveis
de diagnóstico e tratamento, cientificamente reco- 1.9. CAPÍTULO 8 – REMUNERAÇÃO
nhecidos e a seu alcance, em favor do paciente. PROFISSIONAL
u Art. 37: Prescrever tratamento ou outros proce-
dimentos sem exame direto do paciente, salvo u É vedado ao médico:
em casos de urgência ou emergência e impos- u Art. 58: O exercício mercantilista da Medicina.
sibilidade comprovada de realizá-lo, devendo,
nessas circunstâncias, fazê-lo imediatamente
após cessar o impedimento.

217
Ética médica Ética médica

1.10. CAPÍTULO 9 – SIGILO PROFISSIONAL u Art. 75: Fazer referência a casos clínicos identifi-
cáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anún-
u É vedado ao médico: cios profissionais ou na divulgação de assuntos
médicos, em meios de comunicação em geral,
u Art. 73: Revelar fato de que tenha conhecimento
mesmo com autorização do paciente.
em virtude do exercício de sua profissão, salvo
por motivo justo, dever legal ou consentimento,
por escrito, do paciente. DICA
 Mesmo que o paciente autorize que você o
u Parágrafo único. Permanece essa proibição: identifique numa postagem em rede social, você não
W a) mesmo que o fato seja de conhecimento pode identificá-lo. Sabe aquela foto no Instagram
com a criança que seu colega atendeu? Também
público ou o paciente tenha falecido;
não pode.
W b) quando de seu depoimento como testemu-
nha. Nessa hipótese, o médico comparecerá
perante a autoridade e declarará seu impedi-
u Art. 76: Revelar informações confidenciais ob-
mento; tidas quando do exame médico de trabalhado-
res, inclusive por exigência dos dirigentes de
W c) na investigação de suspeita de crime o mé-
empresas ou de instituições, salvo se o silêncio
dico estará impedido de revelar segredo que
puser em risco a saúde dos empregados ou da
possa expor o paciente a processo penal.
comunidade.
u Art. 78: Deixar de orientar seus auxiliares e alu-
DICA
 Um exemplo de dever legal é a notificação nos a respeitar o sigilo profissional e zelar para
de agravos de notificação compulsória. que seja por eles mantido.

u Art. 74: Revelar sigilo profissional relacionado a 1.11. CAPÍTULO 10 – DOCUMENTOS

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paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou MÉDICOS
representantes legais, desde que o menor tenha
capacidade de discernimento, salvo quando a u É vedado ao médico:
não revelação possa acarretar dano ao paciente.
u Art. 80: Expedir documento médico sem ter pra-
ticado ato profissional que o justifique, que seja
DICA tendencioso ou que não corresponda à verdade.
 Esse é o exemplo mais cobrado em prova.
Não é porque o paciente é menor de idade que
você tem que contar o teor da consulta para os DICA
pais. Adolescente com DST, por exemplo, deve ser  Ou seja, nada de fornecer aquele atestado
devidamente orientado e, caso haja capacidade para o seu amigo que quer enforcar o feriado. Essa
de discernimento e de se cuidar, o sigilo deve ser nem precisávamos dizer, não é?
preservado.
u Art. 82: Usar formulários institucionais para
DICA
atestar, prescrever e solicitar exames ou proce-
 Nos casos em que o sigilo for relacionado a dimentos fora da instituição a que pertençam
paciente menor de idade e a não revelação possa tais formulários.
acarretar dano ao paciente, o médico pode quebrar
o sigilo médico.
DICA
 Se você atende em um hospital, você não
pode pegar o papel de solicitação de exame que
tem o nome da unidade e utilizar para solicitar exa-
me de um paciente que você atendeu fora daquela
unidade.

218
Ética médica Cap. 15

u Art. 83: Atestar óbito quando não o tenha ve- 1.13. CAPÍTULO 13 – PUBLICIDADE MÉDICA
rificado pessoalmente, ou quando não tenha
prestado assistência ao paciente, salvo, no úl- u É vedado ao médico:
timo caso, se o fizer como plantonista, médico u Art. 112: Divulgar informação sobre assunto mé-
substituto ou em caso de necropsia e verifica-
dico de forma sensacionalista, promocional ou
ção médico-legal.
de conteúdo inverídico.
u Art. 113: Divulgar, fora do meio científico, proces-
DICA
 Essa questão do atestado de óbito foi discu- so de tratamento ou descoberta cujo valor ainda
tida no capítulo que trata do assunto. não esteja expressamente reconhecido cientifi-
camente por órgão competente.
u Art. 85: Permitir o manuseio e o conhecimento dos
prontuários por pessoas não obrigadas ao sigilo DICA
 Mais um artigo que pode ser cobrado associa-
profissional quando sob sua responsabilidade. do ao coronavírus. Vimos muitos tratamentos sendo
u Art. 88: Negar, ao paciente, acesso a seu pron- noticiados como úteis no combate ao SARS-COV2.
tuário, deixar de lhe fornecer cópia quando soli- O médico não pode veicular informações que não
citada, bem como deixar de lhe dar explicações sejam reconhecidas cientificamente por órgãos
necessárias à sua compreensão, salvo quando competentes acerca de possíveis tratamentos.
ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a
terceiros. u Art. 115: Participar de anúncios de empresas
u Art. 91: Deixar de atestar atos executados no comerciais, qualquer que seja sua natureza, va-
exercício profissional, quando solicitado pelo lendo-se de sua profissão.
paciente ou por seu representante legal.

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1.14. CAPÍTULO 14 – DISPOSIÇÕES GERAIS
DICA
 Não há obrigatoriedade de incluir o CID no
atestado médico, a menos que seja solicitado pelo u IV – As omissões deste Código serão sanadas
paciente. O empregador não pode cobrar do fun- pelo Conselho Federal de Medicina.
cionário que apresente atestado com CID.
DICA
 O Código de Ética Médica não está descrito
1.12. CAPÍTULO 12 – ENSINO E em sua totalidade neste capítulo. Demos destaque
PESQUISA MÉDICA para os artigos que consideramos mais importan-
tes para sua prática profissional e para as provas.
Sugerimos que você leia o texto integralmente.
u É vedado ao médico:
u Art. 102: Deixar de utilizar a terapêutica correta,
quando seu uso estiver liberado no País. 1.15. RESOLUÇÃO CFM N. 1.851/2008
W Parágrafo único. A utilização de terapêutica – ATESTADO MÉDICO
experimental é permitida quando aceita pelos
órgãos competentes e com o consentimento u Art. 1º: O atestado médico é parte integrante do
do paciente ou de seu representante legal, ato médico, sendo seu fornecimento direito ina-
adequadamente esclarecidos da situação e lienável do paciente, não podendo importar em
das possíveis consequências. qualquer majoração de honorários.

219
Ética médica Ética médica

u Art. 2º: Ao fornecer o atestado, deverá o médico u Perceba que essa portaria regulamenta a Tele-
registrar em ficha própria e/ou prontuário médico medicina somente enquanto durar a pandemia
os dados dos exames e tratamentos realizados, da covid-19.
de maneira que possa atender às pesquisas de u Art. 2º: As ações de Telemedicina de interação
informações dos médicos peritos das empresas à distância podem contemplar o atendimento
ou dos órgãos públicos da Previdência Social e pré-clínico, de suporte assistencial, de consulta,
da Justiça. monitoramento e diagnóstico, por meio de tecno-
u Art. 3º: Na elaboração do atestado médico, o logia da informação e comunicação, no âmbito do
médico assistente observará os seguintes pro- SUS, bem como na saúde suplementar e privada.
cedimentos: W Parágrafo único. O atendimento de que trata o
W I – especificar o tempo concedido de dispen- caput deverá ser efetuado diretamente entre
sa à atividade, necessário para a recuperação médicos e pacientes, por meio de tecnologia da
do paciente; informação e comunicação que garanta a inte-
W II – estabelecer o diagnóstico, quando expres- gridade, segurança e o sigilo das informações.
samente autorizado pelo paciente; u Art. 4º: O atendimento realizado por médico ao
W III – registrar os dados de maneira legível; paciente por meio de tecnologia da informação
e comunicação deverá ser registrado em pron-
W IV – identificar-se como emissor, mediante
tuário clínico, que deverá conter:
assinatura e carimbo ou número de registro
no Conselho Regional de Medicina. W I – dados clínicos necessários para a boa con-
dução do caso, sendo preenchido em cada
u Art. 5º: Os médicos somente podem fornecer
contato com o paciente;
atestados com o diagnóstico codificado ou não
quando por justa causa, exercício de dever legal, W II – data, hora, tecnologia da informação e
solicitação do próprio paciente ou de seu repre- comunicação utilizada para o atendimento; e

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sentante legal. W III – número do Conselho Regional Profissional
u Art. 6º: Somente aos médicos e aos odontólogos, e sua unidade da federação.
estes no estrito âmbito de sua profissão, é facul- u Art. 5º: Os médicos poderão, no âmbito do aten-
tada a prerrogativa do fornecimento de atestado dimento por Telemedicina, emitir atestados ou
de afastamento do trabalho. receitas médicas em meio eletrônico.
u Art. 6º: A emissão de receitas e atestados médi-
DICA
 O carimbo não é obrigatório. Para qualquer cos à distância será válida em meio eletrônico,
ato médico que necessite de identificação, basta a mediante:
assinatura e número do conselho regional em que W I – uso de assinatura eletrônica, por meio de
está inscrito. certificados e chaves emitidos pela Infraestru-
tura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil;
W II – o uso de dados associados à assinatura
1.16. PORTARIA Nº 467/2020 DO do médico de tal modo que qualquer modifi-
MINISTÉRIO DA SAÚDE – cação posterior possa ser detectável;
TELEMEDICINA E TELECONSULTA

u Dispõe, em caráter excepcional e temporário,


sobre as ações de Telemedicina, com o objetivo REFERÊNCIAS
de regulamentar e operacionalizar as medidas de
enfrentamento da emergência de saúde pública
1. Conselho Federal de Medicina (BR). Código de Ética
de importância internacional previstas no art. 3º Médica: Resolução CFM nº 2.217, de 27 de setembro de
da Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, de- 2018. Brasília: Conselho Federal de Medicina; 2019.
corrente da epidemia de covid-19.

220
Ética médica Cap. 15

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 3. ( ) É vedado ao médico oferecer seus serviços


profissionais como prêmio, qualquer que seja
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2021) Você está atendendo
sua natureza.
a consulta de pré-natal de uma gestante de baixo
risco muito interessada e que faz várias perguntas. Assinale a alternativa com a sequência CORRETA.
A consulta já passou do tempo previsto e você tem
muitas pacientes aguardando consulta, mas preci- 1F, 2F, 3F.
sa solicitar os exames de rotina da gestação. Em 1F, 2F, 3V.
relação às orientações e ao consentimento sobre 1V, 2V, 3F.
os exames a serem solicitados, assinale a alterna- 1V, 2V, 3V.
tiva correta.
1V, 2F, 3F.
O consentimento não é mandatório caso você
oriente a paciente a se informar sobre os exa-
Questão 3

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mes, pela internet ou outros meios.
Você deve sempre informar o que é e para que (SELEÇÃO UNIFICADA (AMRIGS, AMB, ACM E AMMS) – 2021) So-
serve cada um dos exames solicitados e a pa- bre o regramento deontológico médico, analise as
ciente deve consentir em fazê-los. assertivas abaixo e assinale V, se verdadeiras, ou
F, se falsas.
Exames, quando previstos em protocolo do Mi-
nistério da Saúde, não necessitam de consenti- ( ) A fim de garantir o acatamento e a cabal execu-
mento do paciente para serem realizados. ção do Código de Ética Médica (CEM), o médico
No pré-natal não é necessário consentimento da comunicará ao Conselho Regional de Medicina,
gestante para a realização dos procedimentos com discrição e fundamento, fatos de que tenha
previstos, já que o cuidado da criança é prioritário. conhecimento e que caracterizem possível infra-
ção do presente Código e das demais normas
que regulam o exercício da Medicina.
Questão 2 ( ) Para atender uma necessidade natural e perma-
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE DUTRA – 2018) Atribua nente de aperfeiçoamento, a revisão do Código
“V” para verdadeiro e “F” para falso nos itens abaixo. de Ética Médica é feita periodicamente sob o
prisma de zelo pelos princípios deontológicos
1. ( ) É vedado ao médico opor-se à realização da Medicina, sendo um dos mais importan-
de junta médica ou segunda opinião solicitada tes o absoluto respeito ao ser humano, com a
pelo paciente ou por seu representante legal. atuação em prol da saúde dos indivíduos e da
2. ( ) É vedado ao médico deixar de incluir, em coletividade, sem discriminações.
anúncios profissionais de qualquer ordem, o ( ) O CEM define a responsabilidade do médico
seu número de inscrição no Conselho Regional assistente, ou seu substituto, ao elaborar e
de Medicina. entregar o sumário de alta e prevê a isonomia de

221
Ética médica Ética médica

tratamento aos profissionais com deficiência e cujo valor ainda não esteja expressamente reco-
reforça a necessidade de criação de comissões nhecido cientificamente por órgão competente.
de ética nos locais de trabalho. 2. ( ) É vedado ao médico usar formulários de
instituições públicas para prescrever ou atestar
A ordem correta de preenchimento dos parênteses,
fatos verificados na clínica privada.
de cima para baixo, é:
3. ( ) É vedado ao médico assumir emprego, cargo
F – F – V. ou função para suceder médico demitido ou
V – F – F. afastado em represália à atitude de defesa
F – V – F. de movimentos legítimos da categoria ou da
aplicação deste Código.
V – V – V.
4. ( ) É vedado ao médico oferecer seus serviços
profissionais como prêmio, qualquer que seja
Questão 4 sua natureza.

(HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS – SP – 2021) Um senhor de 64 1F; 2F; 3V; 4V.


anos é atendido, durante a madrugada, com quei-
1F; 2F; 3F; 4F.
xa de que ocorreu retenção acidental de um tubo
de desodorante no reto, durante prática sexual. É 1V; 2V; 3V; 4V.
um homem casado e tem dois filhos, já maiores 1V; 2V; 3F; 4V.
de idade. Feita anestesia geral, o objeto foi reti- 1V; 2F; 3F; 4F.
rado com sucesso, sem necessidade de cirurgia.
No dia seguinte, a esposa e um dos filhos pedem
informações sobre o ocorrido. Melhor conduta Questão 6
do médico:
(SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE VOLTA REDONDA

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Manter o sigilo médico, negando informação de – 2018) A respeito do preenchimento dos atestados
qualquer detalhe do ocorrido. médicos, marque a afirmativa INCORRETA:
Informar que foi realizado um procedimento para
É vedado ao médico expedir documento médico
descartar infecção, suspeitada por causa de dor
sem ter praticado ato profissional que o justifi-
abdominal, assegurando que já está tudo bem.
que, que seja tendencioso ou que não corres-
Contar que foi retirado um objeto, devido a aci- ponda à verdade.
dente doméstico, sem fornecer maiores detalhes
É vedado ao médico atestar como forma de ob-
Informar a esposa e o filho, já maior de idade, ter vantagens.
de todos os detalhes, visto que a prática expôs
É vedado ao médico atestar óbito quando não o
o paciente a risco de vida.
tenha verificado pessoalmente, ou quando não
Contar o ocorrido, mas apenas para a esposa, tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no
pois são casados legalmente. último caso, se o fizer como plantonista, médico
substituto ou em caso de necropsia e verifica-
Questão 5
ção médico-legal.
É vedado ao médico deixar de atestar óbito de
(UDI HOSPITAL – 2018) Atribua V para verdadeiro e F para paciente ao qual vinha prestando assistência
falso nos itens abaixo e marque a alternativa com quando houver indícios de morte violenta.
a sequência correta.
É vedado ao médico deixar de atestar atos execu-
1. ( ) É vedado ao médico divulgar, fora do meio tados no exercício profissional, quando solicita-
científico, processo de tratamento ou descoberta do pelo paciente ou por seu representante legal.

222
Ética médica Cap. 15

Questão 7 Solicitar exame e contar sobre o exame do ma-


rido, se resultado positivo.
(HOSPITAL SÃO DOMINGOS – 2018) Sobre atestados médi-
Não investigar a parceira e tratar o marido.
cos, sob a orientação do Código de Ética Médica,
julgue os itens abaixo e assinale a alternativa correta:
Questão 9
I. O médico pode negar-se a atestar atos execu-
tados durante o exercício profissional quando (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – SP – 2021) Conforme
solicitado pelo paciente ou mesmo o seu repre- disposto no Código de Ética Médica, é vedado ao
sentante legal. médico revelar fato de que tenha conhecimento em
II. O atestado médico é um documento onde se virtude do exercício de sua profissão, salvo, entre
materializa a constatação de um fato médico outros motivos
e suas possíveis consequências.
quando do exame médico de trabalhadores.
III. Os médicos somente podem fornecer atesta-
dos com o diagnóstico codificado (CID) ou não, se tiver consentimento, por escrito, do paciente.
quando por justa causa, exercício de dever legal quando de seu depoimento como testemunha.
ou solicitação do próprio paciente ou represen- se o paciente tiver falecido.
tante legal.
IV. Somente aos médicos é facultada a prerrogativa
Questão 10
do fornecimento de atestado de afastamento
de trabalho. (UNICAMP R1 – PROVA OBJETIVA, PARTE 1, 2019) De acordo
V. O médico do trabalho pode discordar dos termos com o código de ética médica do CFM, é permiti-
de atestado médico emitido por outro médico, do praticar:
desde que justifique essa discordância após
Mistanásia

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devido exame médico.
Ortotanásia
V – V – V – F – V.
Distanásia
F – V – V – F – V.
Obstinação terapêutica
V – V – V – V – V.
F – V – V – F – F.
F – F – V – V – F.

Questão 8

(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – SP – 2021) Médico


atende homem de 45 anos que apresenta exame
positivo para sífilis. Paciente está preocupado com
a saúde da parceira, acompanhada pela mesma
equipe de saúde da família, e pede que o médico
solicite o exame da parceira sem que ela saiba o
resultado do exame dele. EM RELAÇÃO À SOLICI-
TAÇÃO DO EXAME DE INVESTIGAÇÃO DE SÍFILIS
PARA A PARCEIRA, A CONDUTA É:

Pactuar com o paciente que ele conte o seu re-


sultado e depois solicitar o exame.
Atender ao pedido do paciente e solicitar o exame.

223
Ética médica Ética médica

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: Questão 4 DIFICULDADE:

Comentário: Questão de ética médica. Salvo situação Comentário: Questão sobre ética médica. O paciente
iminente de óbito o paciente tem que consentir com em questão tem condições de tomar suas decisões,
a realização de exames, inclusive sendo necessário não encontra-se em situação de risco de vida, logo,
aconselhamento pré-teste. seu sigilo DEVE ser respeitado.
✔ RESPOSTA:  ✔ RESPOSTA: 

Questão 2 DIFICULDADE: Questão 5 DIFICULDADE:

Comentário: Questão sobre ética médica. Todas as Comentário: Questão sobre o Código de Ética Médi-
assertivas são verdadeiras e são citações diretas ca, que parece usar como referência a publicação
do Código de Ética Médica. de 2009. Todas as assertivas são citações diretas
do código.

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✔ RESPOSTA: 
Assertiva 1: VERDADEIRA.
Assertiva 2: VERDADEIRA. Na nova edição, de 2018,
Questão 3 DIFICULDADE: esse trecho foi modificado para “Usar formulários
institucionais para atestar, prescrever e solicitar
Comentário: Você vê “deontológico” e já dá um de-
exames ou procedimentos fora da instituição a que
sespero pois não é uma palavra que estamos acos-
pertençam tais formulários.
tumados a ler, mas esse regramento deontológico
médico nada mais é do que o código de ética médica. Assertiva 3: VERDADEIRA.
Assertiva I: CORRETO. Alguns artigos do Código de Assertiva 4: VERDADEIRA.
Ética Médica deixam evidente que é obrigação do ✔ RESPOSTA: 
profissional médico denunciar fatos que caracteri-
zem infrações ao Código.
Questão 6 DIFICULDADE:
Assertiva II: CORRETO. O Código de Ética Médica é
revisado periodicamente. A última revisão ocorreu Comentário: Questão pede a alternativa INCORRETA
em 2018 e a nova edição foi lançada em 2019. sobre atestados médicos. Todas as alternativas são
Assertiva III: CORRETO. O paciente tem direito ao rela- citações diretas do capítulo X do Código de Ética
tório de alta, e todo e qualquer profissional médico Médica, que fala sobre “Documentos Médicos”.
tem a obrigação de fornecê-lo. A isonomia deve ser É vedado ao médico deixar de atestar óbito de
respeitada sempre. Por fim, as instituições devem, paciente ao qual vinha prestando assistência,
sim, criar comissões de ética. EXCETO quando houver indícios de morte violenta.
✔ RESPOSTA:  ✔ RESPOSTA: 

224
Ética médica Cap. 15

Questão 7 DIFICULDADE: motivo justo, dever legal ou consentimento, por


escrito, do paciente.
Assertiva I: FALSA. É vedado ao médico deixar de
Parágrafo único. Permanece essa proibição:
atestar atos executados no exercício profissional,
quando solicitado pelo paciente ou por seu repre- a) mesmo que o fato seja de conhecimento público
sentante legal. ou o paciente tenha falecido;

Assertiva II: VERDADEIRA. Um atestado médico é a b) quando de seu depoimento como testemunha.
declaração por escrito de um fato médico e suas Nessa hipótese, o médico comparecerá perante a
consequências. autoridade e declarará seu impedimento;

Assertiva III: VERDADEIRA. A eventual divulgação c) na investigação de suspeita de crime o médico


do CID deve ser feita somente por interesse e em estará impedido de revelar segredo que possa expor
benefício do próprio paciente, devendo acontecer o paciente a processo penal.
mediante sua autorização, pois o sigilo pertence a Alternativas C e D: INCORRETAS.
ele, e o médico é seu confidente. Alternativa B: CORRETA
Assertiva IV: FALSA. Odontólogos também podem, Outro artigo que devemos revisar é o artigo 76.
no âmbito de sua profissão, fornecer atestado mé- É vedado ao médico:
dico de afastamento do trabalho.
Art. 76: Revelar informações confidenciais obtidas
Assertiva V: VERDADEIRA. O médico do trabalho quando do exame médico de trabalhadores, inclu-
pode discordar de atestado médico apresentado sive por exigência dos dirigentes de empresas ou
pelo trabalhador, podendo também estabelecer de instituições, salvo se o silêncio puser em risco a
novo período de afastamento, de acordo com sua saúde dos empregados ou da comunidade.
avaliação médica.
Alternativa A: INCORRETA.
✔ RESPOSTA: 
RESPOSTA: 

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Questão 8 DIFICULDADE:
Questão 10 DIFICULDADE:
Comentário: Questão sobre ética médica diante de um
Comentário: Nos princípios fundamentais do Código
caso de doença infectocontagiosa. Como proceder?
de Ética Médica está descrito o seguinte: “XXII –
Devemos solicitar exame sem a paciente saber e Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o
sem consentimento da paciente? Obviamente não. médico evitará a realização de procedimentos diag-
Podemos contar para esposa? Também não. nósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará
Das alternativas a correta é pactuar que o marido aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados
conte o resultado e em seguida solicitar o exame paliativos apropriados”. Trata-se da própria definição
para a esposa (e até acrescentamos que deve haver de ortotanásia. O Código de Ética Médica, portanto,
uma consulta com acolhimento a essa esposa). não só permite, como estimula a ortotanásia.
✔ RESPOSTA:  ✔ RESPOSTA: 

Questão 9 DIFICULDADE:

Comentário: Vamos revisar o artigo 73. do Código


de Ética Médica
É vedado ao médico:
Art. 73: Revelar fato de que tenha conhecimento
em virtude do exercício de sua profissão, salvo por

225
Fixe seus conhecimentos!

FIXE SEU CONHECIMENTO COM FLUXOGRAMAS

Use esse espaço para construir fluxogramas e fixar seu conhecimento!

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FIXE SEU CONHECIMENTO COM MAPAS MENTAIS

Use esse espaço para construir mapas mentais e fixar seu conhecimento!

226
Capítulo
SAÚDE DO TRABALHADOR
16

IMPORTÂNCIA/PREVALÊNCIA

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Os riscos físicos são aqueles relacionados a formas de energia, como ruídos, temperaturas extremas,
vibração, radiação etc.
u Uma doença relacionada ao trabalho pode ser considerada um acidente de trabalho
u A empresa (ou os empregadores) é que tem a obrigação de emitir a Comunicação do Acidente de Trabalho
(CAT)
u É obrigação do médico contribuir para a identificação e erradicação do trabalho infantil e das situações
análogas ao trabalho escravo

1. INTRODUÇÃO u QUÍMICO: exposição a compostos químicos


nocivos, gases prejudiciais à saúde, alérgenos
como poeira.

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u Por saúde do trabalhador entende-se todo o
u ERGONÔMICO: posições inadequadas, levanta-
conjunto de ações que visam à prevenção, pro-
mento de peso, jornadas de trabalho muito longas.
moção, proteção, assistência e reabilitação da
saúde do trabalhador.

2. A SEGURIDADE SOCIAL
1.1. OS RISCOS OCUPACIONAIS

u ACIDENTES (MECÂNICOS): um trabalhador pode u Definição: consiste em um conjunto de políticas


se acidentar por indisponibilidade de equipamen- sociais que tem o objetivo de prestar assistên-
tos de proteção individual (EPI), pelo trabalho en- cia aos cidadãos. No Brasil, a seguridade tem
volvendo máquinas em precário estado de con- três pilares:
servação, por estados inadequados de higiene W Previdência Social: mecanismo público de
ou, até, pelo contato com animais peçonhentos. proteção social mediante contribuição. Ou
u FÍSICO: exposição a ruídos, temperaturas extre- seja, quem contribui tem direito aos benefícios.
mas, radiação, variações de pressão. W Assistência Social: mecanismo de proteção
u BIOLÓGICO: contato com material biológico social gratuito direcionado aos que mais pre-
como vírus, bactérias, fungos ou algum micror- cisam. Nesse caso, não há nenhuma relação
ganismo nocivo. com contribuição prévia.
W Saúde Pública: assistência universal e gratui-
ta à saúde.

227
Saúde do trabalhador Saúde coletiva

DICA
motoristas e entregadores de aplicativos, por
 Neste capítulo, falaremos dos benefícios
exemplo. Algumas
previdenciários, devidos a contribuintes da Previ-
dência Social. Algumas categorias profissionais
u decisões judiciais estão comparando seus direi-
são contribuintes da previdência, como os traba- tos aos do trabalhador formal.
lhadores formais (carteira assinada), trabalhadores u Segurado especial: trabalhadores rurais que
domésticos e segurados especiais (trabalhadores produzem em regime de economia familiar, sem
rurais em regime de economia familiar, pescadores mão de obra assalariada, pescadores artesanais
artesanais e indígenas). O trabalhador autônomo e índios que exercem atividade rural.
pode contribuir de forma individual. u Contribuinte individual: trabalhador autônomo,
sem carteira assinada e sem vínculo empregatício,
que contribui individualmente para a previdência
social. Tem menos direitos a benefícios se com-
3. LEGISLAÇÃO
parados às categorias acima. Não recebem, por
exemplo, auxílio-acidente.
u Diferentemente do capítulo de legislação do SUS, u Segurado facultativo: pessoas físicas que não
na saúde do trabalhador o conhecimento sobre possuem remuneração, como bolsistas, donos
o conceito é mais importante do que o conheci- de casa, estudantes, etc., maiores de 16 anos,
mento sobre a lei. Aqui não precisamos saber, que querem ingressar no Regime Geral da Pre-
necessariamente, quais são os “marcos legais” ou vidência Social.
em que lei está escrito cada um dos pontos abor- u Servidores públicos: os servidores públicos estão
dados. Por isso, não espere ver tantos números sujeitos a regimes diferentes de previdência social.
e anos de leis quanto nos capítulos sobre o SUS.

3.2. ACIDENTES DE TRABALHO

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3.1. CATEGORIAS DE TRABALHADORES
u Definição: qualquer acidente, decorrendo em
u Os trabalhadores são divididos em diferentes ca- doença, lesão ou morte, que ocorre por conta
tegorias a depender do seu vínculo empregatício do exercício do trabalho. Um acidente pode de-
e da sua situação perante a Previdência Social. correr de agentes físicos, químicos, biológicos
u Segurado obrigatório: empregado rural ou urba- ou até por dinâmicas da própria organização do
no, empregado doméstico, trabalhador avulso, trabalho (ergonômicos, por exemplo).
segurado especial e contribuinte individual. Ou W Doenças profissionais e do trabalho devem ser
seja, se o indivíduo tem uma atividade remune- consideradas acidentes de trabalho. Mesmo
rada e contribui para a previdência social, de não se tratando de acidente típico (lesão agu-
forma compulsória (carteira assinada) ou não da durante exercício profissional), os trâmites
(contribuinte), ele é um segurado obrigatório. e as consequências legais são os mesmos.
São segurados obrigatórios: u Doença profissional: decorrente da atividade
W Trabalhador formal (urbano ou rural): traba- realizada no trabalho.
lhador com carteira assinada. u Doença do trabalho: decorrente das condições
W Trabalhador doméstico: direitos equivalentes em que o trabalho é realizado.
ao trabalhador formal.
W Trabalhador avulso: não tem carteira assina- 3.2.1. A Comunicação do Acidente
da, mas presta serviço a algum “empregador” de Trabalho (CAT)
de forma pontual e recebe por esse serviço.
Há discordâncias com relação aos direitos
u O que é a CAT?
dessa classe de trabalhadores, que engloba W A CAT é um documento que deve ser emitido
sempre que identificamos algum acidente de

228
Saúde do trabalhador Cap. 16

trabalho. Lembre-se que doenças profissio- W A CAT deve ser emitida até 24 horas após a
nais ou do trabalho devem ser consideradas identificação do acidente ou doença.
acidentes de trabalho. u Qual o papel do médico?
u Quem tem direito à CAT? W Identificar o acidente de trabalho, emitir rela-
W Todo trabalhador formal deve ter a CAT emitida. tório orientando a emissão da CAT, orientar
W Trabalhadores avulsos podem ter a CAT emiti- o trabalhador sobre sua situação de saúde e
da, mas ainda há discordâncias jurídicas sobre sobre a emissão da CAT e, se necessário, for-
essa categoria. necer atestado para afastamento.
u Quem deve emitir a CAT?
DICA
W Quem tem obrigação de emitir a CAT é a em-  A CAT é obrigatória para qualquer acidente
presa (ou os empregadores) para a qual o fun- de trabalho, não apenas para aqueles que causem
cionário trabalha. incapacidade. Não é obrigatório comprovar o nexo
causal para emitir a CAT. Ela pode ser emitida e,
W Médicos, sindicatos, familiares e até o próprio
posteriormente, haver a avaliação se houve mesmo
paciente PODEM emitir a CAT, mas quem DEVE
ou não relação com o trabalho.
emitir é a empresa.

3.3. OS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

Quadro 1. Benefícios Previdenciários.

Benefícios Condições Público-alvo

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• Segurados obrigatórios e facultativos.
• Empregadores arcam com os primeiros 15 dias no
caso de trabalhadores formais, que tornam-se ap-
Incapacidade temporária tos a receberem o auxílio-doença pelo INSS após
Auxílio-Doença
para o trabalho perícia a partir do 16º dia.
• No caso de trabalhador avulso, contribuinte indivi-
dual ou empregado doméstico, o auxílio é devido a
partir da data da incapacidade.

Acidente que resulte em sequela • Empregado urbano, rural, doméstico, trabalhador


Auxílio-acidente
redutora da capacidade de trabalho avulso e segurado especial

• Segurados obrigatórios e facultativos.


Aposentadoria Incapacidade permanente
por invalidez para o trabalho • Trabalhador pode estar em gozo ou não do auxí-
lio-doença.

Pensão por morte Morte do segurado • Dependentes do segurado


Fonte: Brasil.1; Gusso et al.2

3.4. POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO para o desenvolvimento da atenção integral à


TRABALHADOR E DA TRABALHADORA saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância,
visando à promoção e à proteção da saúde dos
u Objetivo: “definir os princípios, as diretrizes e as trabalhadores e à redução da morbimortalidade
estratégias a serem observados pelas três esfe- decorrente dos modelos de desenvolvimento e
ras de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), dos processos produtivos.”

229
Saúde do trabalhador Saúde coletiva

u Art. 3º Todos os trabalhadores, homens e mulheres,


independentemente de sua localização, urbana 4. DOENÇAS E AGRAVOS
ou rural, de sua forma de inserção no mercado RELACIONADOS AO TRABALHO
de trabalho, formal ou informal, de seu vínculo
empregatício, público ou privado, assalariado, u Para determinar a relação entre a condição de
autônomo, avulso, temporário, cooperativado,
saúde do indivíduo e seu trabalho, é necessário
aprendiz, estagiário, doméstico, aposentado ou
questionar sobre o surgimento dos sintomas e
desempregado são sujeitos desta Política.
o ambiente e as atividades no trabalho. Algumas
u Os princípios e diretrizes dessa política são pra- vezes, a inspeção do ambiente de trabalho se faz
ticamente os mesmos do SUS. Entre seus obje- necessária para estabelecer esse nexo causal.
tivos, podemos destacar alguns:
u Art. 8º São objetivos da Política Nacional de Saú- 4.1. CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS
de do Trabalhador e da Trabalhadora: SEGUNDO SUA RELAÇÃO
W II – promover a saúde e ambientes e proces- COM O TRABALHO
sos de trabalhos saudáveis, o que pressupõe:
V f) contribuição na identificação e erradicação 4.1.1. Critérios de Schilling
de situações análogas ao trabalho escravo;
Quadro 2. Classificação das doenças
V g) contribuição na identificação e erradi-
relacionadas ao trabalho.
cação de trabalho infantil e na proteção do
trabalho do adolescente; Grupo Exemplo

Intoxicação por chumbo


DICA I – Trabalho como
 É dever, portanto, da saúde do trabalhador, Silicose
causa necessária
combater o trabalho análogo à escravidão e o tra-

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Acidentes de trabalho
balho infantil, o que, consequentemente, torna-se
dever de todo médico, visto que a saúde do traba- Doenças osteomusculares
lhador não é responsabilidade apenas dos médicos II – Trabalho como
Varizes de membros
do trabalho. fator contributivo, mas
inferiores
não necessário
Câncer

3.5. RENAST E CEREST Asma


III – Trabalho como
provocador ou agravador Dermatite de contato
u RENAST: Rede Nacional de Atenção Integral à de doenças já existentes
Doenças mentais
Saúde dos Trabalhadores.
Fonte: Ministério da Saúde/OPAS.3
W A RENAST integra a rede de serviços do SUS
e inclui as ações de saúde do trabalhador na
atenção básica. 4.2. DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES
RELACIONADOS AO TRABALHO
u CEREST: Centros de Referência em Saúde do
(DORT) OU LESÕES POR
Trabalhador.
ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)
W Responsáveis pela retaguarda técnica para as-
suntos de prevenção, promoção, diagnóstico, u Quadro Clínico: dor crônica, parestesias e fadiga,
tratamento, reabilitação e vigilância em saúde
principalmente em membros superiores, região
dos trabalhadores.
cervical e escapular. Sintomas apresentam, ge-
ralmente, piora progressiva e podem causar in-
capacidades.

230
Saúde do trabalhador Cap. 16

u Fatores de Risco: Relacionados aos ritmos de DICA


 Outras doenças respiratórias que podem
trabalho, à ausência de EPIs, às ferramentas
estar associadas ao trabalho, como neoplasias,
inadequadas, ao uso repetitivo dos membros
enfisema, asma e DPOC, não são consideradas
superiores, sendo, às vezes, oriundo da própria
pneumoconioses.
atividade realizada.
u Diagnóstico: eminentemente clínico, resultando
da associação entre o quadro clínico e a história 4.4.1. Silicose
ocupacional.
u Definição: pneumoconiose que decorre da ina-
u São as mais notificadas. Entre as mais comuns,
lação de partículas de sílica.
estão aquelas de compressão nervosa, como
síndrome do túnel do carpo, e as musculotendi-
u Quadro clínico: A dispneia aos esforços é o prin-
nosas, como tendinite do ombro. cipal sintoma, mas pode haver tosse associada.
u Tratamento: Afastamento do trabalho, sintomá-
u Fatores de risco: mineração, indústria de cerâ-
ticos, fisioterapia, mudanças comportamentais, mica, jateamento de areia (proibido atualmente),
como pausas de pelo menos 10 minutos a cada indústria de vidro, algumas atividades na cons-
hora trabalhada, e possíveis alterações no am- trução civil.
biente de trabalho. u Diagnóstico: história ocupacional, quadro clínico
e radiografia e/ou tomografia computadorizada
do tórax. A espirometria pode ser utilizada para
4.3. PERDA DE AUDIÇÃO INDUZIDA
PELO RUÍDO (PAIR) avaliar a magnitude da incapacidade provocada
pela doença, mas não é necessária para o diag-
nóstico.
u Quadro clínico: diminuição gradual da audição,
geralmente bilateral, que se manifesta inicial-
u Tratamento: afastamento de forma definitiva da

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mente nas frequências mais altas, ou seja, aos exposição à poeira de sílica. Não há tratamen-
sons mais agudos. to específico. A doença pode progredir mesmo
após a cessação da exposição.
u Diagnóstico: além da anamnese e do exame clínico,
recomenda-se a realização de audiometria tonal. 4.4.2. Asbestose
u A lesão é permanente e irreversível. Na ausência
do ruído, entretanto, a lesão não progride. u Definição: pneumoconiose que decorre da ina-
u Tratamento: afastamento do ruído, através de lação de asbesto ou amianto.
alterações no ambiente de trabalho (EPIs, isola- u Quadro clínico: semelhante à silicose.
mento acústico) ou da própria transferência do u Fatores de risco: mineração, indústria de cimen-
trabalhador. to, tecelagem de fibras, pastilhas de freios, cons-
trução marítima.
4.4. PNEUMOCONIOSES
DICA
 O amianto também pode provocar derrame,
u As pneumoconioses são pneumopatias decor- espessamento e placas pleurais, além de câncer
rentes de fibroses intersticiais causadas pela de pulmão e mesotelioma de pleura.
reação do organismo à presença de poeiras. São
as doenças respiratórias ocupacionais mais no-
DICA
tificadas no Brasil.  A extração, assim como a manipulação e a
comercialização do amianto, foi proibida no Brasil
em 2017 pelo STF.

231
Saúde do trabalhador Saúde coletiva

u Diagnóstico: quadro clínico, história ocupacional 4.6.2. Chumbo – saturnismo


e radiografia e/ou tomografia de tórax.
u Fatores de risco: principais atividades são aquelas
u Tratamento: assim como a silicose, não há tra-
que envolvem fabricação e reforma de baterias.
tamento para a asbestose.
Outras são: indústria de plástico, fabricação de
tintas, tiro esportivo, fundição de sucatas e utili-
DICA zação de soldas à base de chumbo.
 A realização de espirometria não é obrigató-
ria. Para o diagnóstico das pneumoconioses, basta u Quadro clínico: cefaleia, irritabilidade, cansaço,
quadro clínico, história ocupacional e exame de sintomas gastrointestinais, além da clássica li-
imagem. nha de Burton (linha azul na gengiva).

4.6.3. Mercúrio – hidrargirismo


4.5. DERMATOSES OCUPACIONAIS
u Fatores de risco: garimpo, fabricação de termô-
u Definição: alterações tanto da pele quanto das metros (hoje os termômetros são digitais), barô-
mucosas e anexos que sejam influenciadas pela metros, lâmpadas fluorescentes.
atividade de trabalho. u Quadro clínico: neuropatias, síndrome nefrítica,
u Fatores de risco: a maioria das dermatoses ocorre diarreia e gengivite.
por conta de contato com agentes químicos que
podem irritar ou sensibilizar a pele. Em alguns 4.7. SÍNDROME DE BURNOUT
casos, pode haver dermatites por sensibilização,
nas quais o paciente desenvolve alergia ao agen- u Definição: reação de tensão emocional crônica
te a que se expôs no trabalho. gerada a partir do contato direto, excessivo e es-
tressante no ambiente de trabalho.

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4.6. INTOXICAÇÕES EXÓGENAS u Fatores de risco: pouca autonomia no desempe-
nho profissional, problemas de relacionamento
4.6.1. Agrotóxicos com as chefias, sentimentos de desqualificação,
pressões por produtividade, ter que lidar direta-
u Organofosforados e carbamatos: inibidores das mente com o público.
colinesterases são responsáveis pelo maior nú-
u Quadro clínico:
mero de intoxicações por agrotóxicos no Brasil.
W Manifestações físicas: Fadiga constante, dis-
W Quadro clínico: síndrome colinérgica (sudo-
túrbios do sono, falta de apetite e dores mus-
rese, sialorreia, miose, tosse, hipersecreção
culares generalizadas ou inespecíficas.
brônquica, diarreia e bradicardia).
W Manifestações psíquicas: Falta de atenção, al-
W Diagnóstico: essencialmente clínico, mas se
terações de memória, ansiedade e frustração.
pode realizar a dosagem de atividade da ace-
tilcolinesterase. W Alterações comportamentais: Negligência no
trabalho, irritabilidade ocasional e instantânea,
W Tratamento: o tratamento inespecífico é feito
diminuição da capacidade de concentração,
com atropina. Como tratamento específico,
aumento de incidentes conflitivos com os
temos a pralidoxina.
colegas de trabalho, necessidade de longas
pausas para o descanso e o cumprimento ir-
regular da carga horária de trabalho.
W Comportamento defensivo: Tendência ao iso-
lamento, sentimento de impotência e empo-
brecimento da qualidade do trabalho prestado.

232
Saúde do trabalhador Cap. 16

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social. Brasília: MDS;


c2018 [acesso em 2018]. Disponível em: http://mds.gov.br/
2. Gusso G, Lopes JMC, Dias LC. Tratado de medicina de
família e comunidade: princípios, formação e prática
[recurso eletrônico]. 2. ed. Porto Alegre: Artmed; 2019. 2 v.
3. Ministério da Saúde do Brasil. Organização Pan-Americana
da Saúde no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho:
manual de procedimentos para os serviços de saúde /
Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-Americana
da Saúde no Brasil; organizado por Elizabeth Costa Dias;
colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. – Brasília:
Ministério da Saúde do Brasil, 2001.
4. Ali SA. Dermatoses ocupacionais. 2. ed. São Paulo: Fun-
dacentro; 2009.
5. Brasil. Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova
a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial da
União, Seção 1; 01/05/1943.
6. Brasil. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre
os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Seção 1; 25/7/1991.
7. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 1679, de 19 de
setembro de 2002. Dispõe sobre estruturação da rede

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nacional de atenção integral à saúde do trabalhador no
SUS e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Seção 1; 20/09/2002.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.823, de 23 de
agosto de 2012. Institui a Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora. Diário Oficial da União,
Seção 1; 24/08/2012.
9. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.728, de 11 de
novembro de 2009. Dispõe sobre a Rede Nacional de
Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Seção 1;
11/11/2009.
10. Conselho Federal de Medicina (BR). Resolução CFM n.
1.488/1998, de 6 de março de 1998. Dispõe de normas
específicas para médicos que atendam o trabalhador.
Diário Oficial da União, Seção I; 06/03/1998.
11. Instituto Nacional do Seguro Social. Manual de acidente de
trabalho. Brasília: Instituto Nacional do Seguro Social; 2016.
12. Ministério da Saúde (BR). Vigilância do câncer ocupacional
e ambiental. Rio de Janeiro: INCA; 2005.
13. Ministério do Trabalho (BR). Manual de inspeção do
trabalho: programa de prevenção de riscos ambientais.
Brasília/DF; 2018.
14. Silveira AM. Saúde do trabalhador. Belo Horizonte: Nescon/
UFMG Coopmed; 2009.

233
Saúde do trabalhador Saúde coletiva

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 como Grupo I as doenças que têm o trabalho como


causa necessária; Grupo II aquelas para as quais o
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – 2021) Um
trabalho é fator contributivo, mas não necessário; e
paciente de 31 anos de idade, cozinheiro, chegou à
Grupo III quando o trabalho atua como provocador
UBS após acidente com faca, que ocorreu durante o
de um distúrbio latente ou agravador de uma doen-
trabalho no restaurante em que é contratado. Com
ça já estabelecida. Incluem exemplos dos grupos
base nesse caso hipotético, assinale a alternativa
I, II e III de Schilling, respectivamente:
que apresenta as orientações mais adequadas a se-
rem dadas ao paciente após a avaliação adequada Acidentes de trabalho, asma e câncer.
e a limpeza e a sutura da lesão. Doenças osteomusculares, intoxicação por chum-
informá-lo de que é fundamental abrir um boletim bo e câncer.
de ocorrência, esclarecer sobre os cuidados ne- Silicose, doenças osteomusculares e dermatite
cessários com a lesão e prescrever sintomático de contato.

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para o alívio da dor Intoxicação por chumbo, silicose e hipertensão
orientá-lo a procurar um advogado ou assisten- arterial.
te social para verificar as possibilidades de uma
ação trabalhista, esclarecer os possíveis sinais
Questão 3
de alarme do tratamento e introduzir antibiótico
profilático (REVALIDA NACIONAL – INEP – 2020) Um homem com 28
informá-lo de que o caso será denunciado ao CE- anos de idade, residente na área rural coberta pela
REST, esclarecer sobre os cuidados necessários Unidade Básica de Saúde, procura atendimento
e prescrever sintomáticos para a dor queixando-se de tosse seca, manchas vermelhas
explicar a ele que foi um acidente de trabalho, e coceira na pele, cefaleia, dispneia e astenia há 3
pedir que ele tome mais cuidado e introduzir an- dias. Trabalha há 3 meses na carcinicultura (criação
tibiótico profilático de camarões), sem carteira assinada, com a tare-
fa de calagem. Informa que, nessa atividade, faz a
orientá-lo sobre o preenchimento da CAT pela
limpeza do viveiro drenado espalhando cerca de 1
empresa e sobre a notificação da ocorrência,
000 quilos de cal/hectare sobre o solo. Já traba-
esclarecer sobre os cuidados necessários e pres-
lhou como agricultor e auxiliar de pedreiro. Além
crever sintomáticos para o alívio da dor.
de assistência imediata ao paciente, quais são as
atividades que a equipe de Saúde da Família (eSF)
Questão 2 deve exercer?

(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – 2018) O Encaminhar o caso ao setor de Vigilância em


Ministério da Saúde adota os critérios de Schilling Saúde do Trabalhador para que seja notificado
para classificar as doenças de acordo com sua no Sistema Nacional de Notificação de Agra-
relação com o trabalho. A classificação considera vos e acionar o município para desencadear as

234
Saúde do trabalhador Cap. 16

ações pertinentes de promoção, de proteção e Questão 5


de educação em saúde.
(SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA DO CEARÁ –
Construir o perfil epidemiológico dos trabalha-
2021) Adulto, 40 anos, lixeiro, empregado celetista de
dores da área adscrita e informar ao setor de Vi-
uma empresa de limpeza pública, chega ao posto de
gilância em Saúde do Trabalhador do município
saúde demandando uma consulta de Acolhimento
para que intervenha com ações de promoção e
com a mão direita envolta em uma blusa. Relata que
de prevenção em saúde do trabalhador no terri-
sofreu ferimento na mão ao manusear um objeto
tório adscrito à eSF.
pontiagudo e cortante mesmo usando luva duran-
Mapear as atividades produtivas desenvolvidas te seu turno de trabalho. Nega ter sofrido qualquer
no território para conhecer riscos potenciais à tipo de acidente anteriormente. Ao exame da mão
saúde dos trabalhadores e da população residen- direita: presença de lesão incisa, suja, de bordos
te e para identificar situações de vulnerabilidade definidos, com cerca de 4,0 (quatro) centímetros,
socioambiental decorrentes dessas atividades, sem sinais flogísticos e sangrando discretamente;
com vistas ao planejamento e execução das movimentos dos dedos preservados. Considerando
ações de saúde no território. o caso clínico descrito acima, qual o tipo de aciden-
Realizar a vigilância dos locais de trabalho dos te de trabalho sofrido pelo paciente e qual o tipo de
usuários sob sua responsabilidade, permitindo Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) que
o planejamento, a programação descentralizada deve ser emitida, respectivamente?
e o desenvolvimento de ações, com impacto na
Acidente de Trajeto e CAT de Reabertura.
situação, nos condicionantes e determinantes
da saúde das pessoas e coletividades presentes Acidente Típico e CAT de Reabertura.
naquele espaço adstrito. Acidente de Trajeto e CAT Inicial.
Acidente Típico e CAT Inicial.

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Questão 4
Questão 6
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – SP – 2021) Mulher,
26a, procurou pronto atendimento com quadro de (IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE ARARAS,
tonturas, dores de cabeça, cansaço e náuseas há 2017) Jovem médico passa a apresentar sintomas de
duas semanas. Foi medicada com sintomáticos e fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, muita
encaminhada para consulta com Equipe de Saúde falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono,
da Família, onde refere que o quadro se mantém dificuldade de concentração, problemas digestivos.
apesar da medicação analgésica e os sintomas são Relata que os sintomas surgiram após um período
piores no final do dia. O médico de família e comu- de esforço excessivo no trabalho com intervalos
nidade pergunta sobre a ocupação e condições de muito pequenos para recuperação, o diagnóstico
trabalho, solicita exames, afasta a paciente do tra- provável é
balho por uma semana e notifica o caso no Sistema
de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Depressão.
A OCUPAÇÃO DA PACIENTE E A NOTIFICAÇÃO NO Estresse pós traumático.
SINAN SÃO, RESPECTIVAMENTE: Síndrome de Burnout.

Manicure; intoxicação por solventes. Fadiga.

Montadora em fábrica de celulares; intoxicação


por fumos metálicos. Questão 7
Trabalhadora em fábrica de colchões; intoxica- (PSU-MG 2019) Sobre as políticas públicas de promoção
ção por isocianatos. e proteção da saúde dos trabalhadores brasileiros,
Trabalhadora rural; intoxicação por agrotóxicos. assinale a afirmativa CORRETA:

235
Saúde do trabalhador Saúde coletiva

A Política Nacional de Atenção à Saúde do Tra- vários tipos de câncer e asbestose.


balhador e da Trabalhadora não incorpora o tra- mesotelioma pleural e silicose.
balho infantil em suas ações.
linfoma e bagaçose.
O SUS não tem competência legal para realizar
silicose e leucemia.
ações de vigilância de ambientes e processos
de trabalho. saturnismo e leucemia.

Os trabalhadores autônomos, ao sofrerem aci-


dente de trabalho incapacitante, serão afastados Questão 10
do trabalho pelo INSS recebendo auxílio-doença
acidentário. (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO ANTÔNIO DE MORAES,
2018) A responsabilidade pela emissão da Comunica-
Os trabalhadores que têm carteira assinada con-
ção de Acidente de Trabalho (CAT) em um primeiro
tribuem compulsoriamente para o Regime Geral
momento é do (a):
de Previdência Social.
Vítima do acidente.
Questão 8 Empresa.
Médico assistente.
(UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO, 2018) Um rapaz de 22 anos
Centro de Referência em Saúde do Trabalhador.
procura o ambulatório para uma consulta de ur-
gência. Ele relata que acaba de machucar o ombro
quando levantava uma carga pesada em seu traba-
lho. É constatada a lesão e o médico chega à con-
clusão de que foi um acidente de trabalho. Quanto
à orientação adequada em relação ao evento e aos

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procedimentos exigidos pela legislação trabalhista,
assinale a alternativa correta.

Atender o paciente e orientar que procure sua


empresa para a emissão da Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT).
Recusar o atendimento e orientar que procure
sua empresa para maiores cuidados.
Realizar o atendimento e encaminhá-lo ao or-
topedista para acompanhamento e emissão da
Comunicação de Acidente de Trabalho.
Realizar o atendimento, solicitar uma radiografia
e tranquilizar o paciente, já que se ele precisar,
pode ser emitido atestado médico.

Questão 9

(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO


ESTADUAL – 2018) A Vigilância em Saúde do Trabalha-
dor (VISAT) tem como proposta o banimento do
amianto, em processos produtivos, por ser este um
fator de risco para:

236
Saúde do trabalhador Cap. 16

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 DIFICULDADE: Tipo III – O trabalho é um AGRAVANTE, piorando


o que já existe (exp. Asma, Dermatite de contato,
Comentário: Um dos principais conhecimentos co-
Doenças mentais).
brados em prova sobre a saúde dos trabalhadores
diz respeito à emissão da Comunicação de Acidente Ou seja, dentro das alternativas, temos: Schilling I
de Trabalho (CAT). Quem tem a obrigação de preen- (Intoxicação do chumbo, Silicose e Acidentes do
cher a CAT é a empresa onde o indivíduo trabalha, trabalho), Schilling II (Osteomusculares e HAS) e
e o papel do médico é de orientar o paciente sobre Schilling III (Asma e Dermatite de contato alérgica).
esse preenchimento. ✔ RESPOSTA: 
Alternativa A: INCORRETA. Não devemos orientar a
abertura de boletim de ocorrência.
Questão 3 DIFICULDADE:
Alternativa B: INCORRETA. Nós devemos orientar
o paciente sobre os seus direitos no caso de um Comentário: Temos descrito um caso de provável
acidente de trabalho, não entrando no mérito de intoxicação por Cal. Vamos analisar as alternativas.

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ações trabalhistas. Alternativa A: INCORRETA. A notificação pode ser
Alternativa C: INCORRETA. O caso pode ser notificado realizada em qualquer serviço de saúde e não há
ao CEREST, através do Relatório de Atendimento necessidade de acionar o município para desenca-
ao Acidentado do Trabalho (RAAT), mas não de- dear as ações de promoção, proteção e educação
nunciado. em saúde e sim o centro de referência em saúde
do trabalhador.
Alternativa D: INCORRETA. Nosso trabalho não deve
se limitar a pedir que o paciente tome mais cuidado. Alternativa B: INCORRETO. Construir o perfil ocupa-
cional do território adscrito está correto, mas não
Alternativa E: CORRETA.
há necessidade de informar o setor de vigilância
✔ RESPOSTA:  do município para realizar ações de prevenção e de
promoção, podendo ser realizadas pela própria ESF.
Questão 2 DIFICULDADE: Alternativa C: CORRETA. Devemos mapear as ativi-
dades ocupacionais do território e em conjunto
Comentário: A classificação de Schilling organiza planejar ações de promoção e prevenção.
as doenças relacionadas ao trabalho em três ca-
Alternativa D: INCORRETA. Essa alternativa não está
tegorias:
incorreta. Acontece que a alternativa indica que os
Tipo I – O trabalho é a CAUSA (exp. Pneumoconioses, profissionais devem realizar a vigilância dos locais
Benzenismo, Acidente). É A QUE MAIS INTERESSA de trabalho dos usuários sob sua responsabilidade,
PARA A SAÚDE DO TRABALHADOR, DEVIDO AO e é possível que alguns desses usuários trabalhem
FATOR CAUSAL. muito distante da unidade de saúde, possivelmente
Tipo II – O trabalho é um FATOR DE RISCO (HAS, até em outros municípios, o que fugiria do esco-
CA, Doença coronariana). po de atribuições da equipe de saúde da família.

237
Saúde do trabalhador Saúde coletiva

Por isso, a alternativa C é a que melhor responde ou os relacionamentos no trabalho, como no caso
à pergunta. descrito.
✔ RESPOSTA:  ✔ RESPOSTA: 

Questão 4 DIFICULDADE: Questão 7 DIFICULDADE:

Comentário: Vamos analisar as alternativas e os po- Comentário: Vamos analisar cada uma das alterna-
tenciais riscos expostos: tivas:
A. Solventes: quadro dermatológico, SNC Alternativa A: INCORRETA. A Política Nacional de
B. Metais pesados: SNC, distúrbios mentais, altera- Atenção à Saúde do Trabalhador e da Trabalhado-
ções do comportamento como irritabilidade, ner- ra incorpora o trabalho infantil em suas ações. En-
vosismo, inquietação, distúrbios da memória e da tre seus objetivos está descrito: “contribuição na
cognição identificação e erradicação de trabalho infantil e na
C. Isocianatos: asma, quadro respiratório proteção do trabalho do adolescente”.
D. Agrotóxicos: Alternativa B: INCORRETA. O SUS tem sim competên-
a. Composição principal: organofosforados, car- cia para realizar ações de vigilância em ambientes
bamatos, piretróides e processos de trabalho.

b. Intoxicação: cefaleia, irritação da pele, mucosas, Alternativa C: INCORRETA. Para os trabalhadores au-
náusea e discreta tontura. tônomos terem direito ao auxílio-doença eles pre-
cisam estar contribuindo de forma individual para
c. Se grave: cefaleia, náuseas, vômitos, cólicas
a previdência social. A alternativa não traz isso de
abdominais, tontura, fraqueza generalizada, formi-
forma explícita, então devemos procurar por uma
gamento, falta de ar, salivação e sudorese
alternativa melhor.

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✔ RESPOSTA: 
Alternativa D: CORRETA.
✔ RESPOSTA: 
Questão 5 DIFICULDADE:

Comentário: O enunciado descreve um acidente de Questão 8 DIFICULDADE:


trabalho que ocorreu durante o turno de trabalho,
e não no trajeto, então já podemos descartar as al- Comentário: Vamos analisar cada uma das alterna-
ternativas A e C. Sendo o primeiro episódio deste tivas:
acidente devemos solicitar a abertura de CAT inicial. Alternativa A: CORRETA. A emissão da CAT pode ser
✔ RESPOSTA:  feita pelo próprio médico ou pelo paciente, mas é
obrigação do seu empregador;

DIFICULDADE:
Alternativa B: INCORRETA. Não há razão para negar
Questão 6
atendimento ao paciente;
Comentário: Consideramos síndrome de burnout Alternativa C: INCORRETA. Seria possível encaminhar
uma reação de tensão emocional crônica gerada a para acompanhamento ortopédico a depender da
partir do contato direto, excessivo e estressante no natureza do acidente e do quadro clínico do pacien-
ambiente de trabalho. O paciente pode cursar com te, mas não para emissão da CAT;
manifestações físicas, como distúrbios do sono,
Alternativa D: INCORRETA. É preciso orientar o pa-
cefaleia, tonturas, tremores e dispneia, psíquicas,
ciente sobre emissão da CAT.
como dificuldades de concentração, dentre outras.
Deve haver relação com o ambiente, as condições ✔ RESPOSTA: 

238
Saúde do trabalhador Cap. 16

Questão 9 DIFICULDADE:

Comentário: O amianto (asbesto) pode causar asbes-


tose, que é uma doença que, apesar de inicialmente
ser assintomática, com o tempo acaba cursando
com dispneia, insuficiência respiratória, derrame
pleural e câncer de pulmão, além de mesotelioma
de pleura e do peritônio.
✔ RESPOSTA: 

Questão 10 DIFICULDADE:

Comentário: Outros agentes, como o médico ou o


próprio paciente, podem realizar a emissão da Co-
municação do Acidente de Trabalho, mas a obriga-
ção desta emissão é da empresa.
✔ RESPOSTA: 

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