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/EVErEtt CollECtion/FotoarEna
imagem do filme Matrix (1999), no qual a maioria da humanidade vive de forma inconsciente uma “realidade virtual” criada por
máquinas. É possível comparar a história desse filme com o argumento do gênio maligno de Descartes?
Conexões
5. Descartes concluiu que pensava e que, por- estado de não saber com certeza se existe
tanto, era “pelo menos” uma coisa que pensa. outra mente (ou sujeito pensante) além de si
no entanto, essa conclusão não lhe permitia mesmo, além do eu.
deduzir que existissem outras mentes, outras reflita sobre essa concepção. Você consegue
coisas pensantes como ele. Foi um momento imaginar-se como uma mente sozinha, sendo
solipsista de sua meditação. Solipsismo é esse que todo o resto, coisas e pessoas, é mera ilusão?
Aprendendo a filosofar
Depois do estudo da dúvida metódica de Des- em que tudo o que se diz deve estar bem funda-
cartes, acreditamos que você tenha compreendido mentado. Como já dissemos, não existe apenas um
um pouco mais sobre o que é filosofar e como tipo de método para isso.
se filosofa. no caso de Descartes, aqui vão algumas dicas
Você deve ter percebido, entre outras coisas, sobre seu método, seguido em grande parte até
como é importante aprender a suspender o juízo e nossos dias pelos cientistas:
a pesquisar mais profundamente um assunto an- • sempre que possível, deve-se partir do mais
tes de emitir uma opinião sobre ele. tudo o que nos simples (isto é, daqueles conceitos que podem
parece mais evidente em determinado instante ser compreendidos com mais simplicidade, sem
pode ser percebido como falso ou incerto se ana- depender da compreensão de outros conceitos)
lisado em outro instante, em outra perspectiva e até chegar ao mais complexo (isto é, os concei-
com mais rigor. tos compostos, que pressupõem outros concei-
nesse processo também se descobre, muitas tos em seu entendimento). um exemplo bem
vezes, o sentido ou as razões profundas de certos fácil: para saber fazer uma soma (conceito com-
fatos, atos ou crenças dos quais tínhamos antes plexo), você precisa entender primeiro o que é
apenas uma compreensão superficial (isso ficará número (conceito simples) e, depois, o conceito
mais claro para você nos próximos capítulos). de adição (conceito menos simples que número,
outro aspecto importante que acabamos de pois depende deste para ser entendido);
trabalhar é a ideia de que a investigação filosófica • geralmente se vai do que é básico, dos funda-
sobre determinado tema deve ser conduzida com mentos, até o “corpo” completo de determinado
bastante critério, de maneira metódica e ordenada, assunto. Por exemplo: para entender o tema da
50 Unidade 1 Filosofar e viver
violência social, comece por investigar aquele etapas de nossa existência do que em outras. Por-
que a pratica, o ser humano, em suas diversas tanto, vá com calma: se algumas pistas fornecidas
dimensões básicas (mental, emocional e física, por ele não parecem ser úteis ou significativas para
por exemplo), bem como em sua interação com você agora, deixe-as guardadinhas em um canto de
o meio ambiente, com outros seres humanos e sua memória até surgir o momento adequado de
instituições sociais, e assim progressivamente. resgatá-las. Você não vai se arrepender disso.
Sabemos, porém, que as conclusões às quais
Análise e entenDimento
5. Por que o exercício da dúvida realizado por Des- 10. Qual é a primeira certeza que rompe com a dúvida
cartes é conhecido como “dúvida metódica”, mas hiperbólica? Explique como o filósofo chegou a ela.
também como “dúvida radical ou hiperbólica”? 11. relacione a dúvida cartesiana em relação aos
6. identifique a ambição de Descartes ao se propor sentidos com a teoria de Platão sobre o mundo
realizar a dúvida metódica. sensível.
7. resuma o critério de verdade adotado pelo filósofo. 12. no segundo parágrafo da citação contida no
8. Diferencie as “ideias que nascem dos sentidos” das quadro Meditações metafísicas, o autor consi-
“ideias que nascem da razão”. Exemplifique. dera que essa obra de Descartes não pode ser
9. analise a dúvida metódica de Descartes, passo compreendida sem a ajuda do contexto histórico
a passo, destacando os principais raciocínios ou do filósofo? ou critica seu caráter atemporal?
argumentos. Justifique.
ConveRsA filosófiCA
3. Cegueira se sabe; também se deve possuir a acuidade lógica
O pior cego é aquele que não quer ver. (Provérbio e o hábito do pensamento exato. Tudo isso, claro,
popular.) é uma questão de grau. A incerteza, em particular,
Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos pertence, até certo ponto, ao pensamento humano;
fechados sem nunca os haver tentado abrir (Des- podemos reduzi-la indefinidamente, embora jamais
cartes, Princípios da filosofia, Prefácio).
possamos aboli-la por completo. Em consequência,
a filosofia é uma atividade contínua, e não uma
interprete essas duas afirmações, observan- coisa pela qual podemos conseguir uma perfeição
do suas semelhanças e diferenças e buscando final, de uma vez por todas. (russell, Fundamentos
exemplos para ambas. Depois, em grupo, discuta de filosofia, p. 9.)
suas conclusões avançando sobre o problema da
“cegueira” e o que as pessoas não querem ver. Descartes concordaria com o filósofo britânico
Bertrand russell (1872-1970) quanto à ideia de
4. Certezas e incertezas que a filosofia deve ser uma atividade contínua?
Para ser um bom filósofo deve-se ter o desejo forte de E você? Em grupo, debata com colegas sobre es-
saber, combinado à grande cautela em acreditar que sas questões.
Cap’tulo 2 A dœvida 51
PROPOSTAS FINAIS
de olho na universidade
Sessão cinema
Horton e o mundo dos Quem (2008, Eua, direção de Jimmy hayward e Steve martino)
animação baseada em livro homônimo de Dr. Seuss, de 1954. o elefante horton conversa com uma partícula
de pó, onde vive uma comunidade microscópica que ninguém acredita existir. o lema de horton é: “toda
pessoa é uma pessoa, não importa seu tamanho”.