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CARAGUATATUBA
Junho/2015
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1 INTRODUÇÃO
A obra o Discurso do Método pode ser vista como uma sistemática reflexão sobre
seu tempo através de uma tomada de posição específica frente a uma crise que, a
partir do posicionamento pessoal de Descartes inaugurou uma nova epistemologia e
uma nova maneira de olhar a realidade.
Para esse objetivo, notamos que ele incorporou o espírito que se formava na
época e diferenciou seu discurso dos tratados filosóficos medievais impessoais e
abstratos, escrevendo na maioria das vezes na primeira pessoa e exemplificando
suas ideias a partir de suas experiências pessoais.
As maiores almas são capazes dos maiores vícios, como também das
maiores virtudes, e aqueles que só andam muito devagar podem avançar
bem mais, se seguirem sempre pelo caminho reto, do que aqueles que
correm e dele se afastam.
Quanto a mim, nunca cheguei a supor que meu espírito fosse em nada mais
perfeito do que os dos outros em geral. Muitas vezes cheguei mesmo a
desejar ter o pensamento tão rápido, ou a imaginação tão nítida e diferente,
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É com esse tom pessoal e de certa forma intimista, embora tente sempre
universalizar os conceitos que decorrem de seu raciocínio pessoal, que Descartes
começa seu Discurso do Método com uma das frases mais emblemáticas da
modernidade; não tanto por seu caráter axiomático, mas por seu caráter aforístico:
Descartes usa esse enunciado para argumentar a ideia de que todos são
dotados igualmente de razão e que só chegam a opiniões diferentes por que não
possuem um método adequado. É claro que, embora aforisticamente seja
interessante, é difícil imaginar que cada homem não veja necessidade de ter mais
bom senso do que julga ter como evidência de que todo de fato tenha. Mas essa
ideia se configura como pedra basilar de um consenso de que se forma na época, já
formulado no final do medievo por Nicolau de Cusa, de que o homem seria um
microcosmo, reproduzindo em si, sinteticamente, a totalidade da natureza.
2 DESENVOLVIMENTO
Descartes chega a seu método assumindo uma postura cética, porém postula um
ceticismo que não duvida para negar, e sim para chegar através da dúvida metódica
ao verdadeiro conhecimento. Seu método estabelece que tanto os sentidos quanto a
percepção não se configuram como um conhecimento seguro, e estabelece o
caminho para esse segurança pelos quatro preceitos básicos:
encontra a questão que garante a certeza segura de algo: “Penso, logo existo”. A
existência, a partir dessa constatação, se torna a pedra basilar da certeza de que
podemos conhecer de fato algo sem qualquer tipo de questionamento que possa
negá-lo. Se sabemos que pensamos, é por que necessariamente existimos.
Só haverá ciência, para Descartes, quando a razão puder explicar através de leis
e princípios indubitáveis como a realidade se configura e funciona. A ponte para fora
de si mesmo e o rompimento com o solipsismo no pensamento cartesiano é
justamente sua argumentação sobre a existência de Deus. Deus existindo, as coisas
existem fora do nosso pensamento, e é caminhando em direção a Deus através de
nossa razão é que posso conhecer as coisas. O método cartesiano também é
metafísico.
3 CONCLUSÃO
Ora, o que justifica que o caminho direto é melhor que o dialético? Só uma ideia
de perfeição, que já carrega em si julgamentos de valores que à época de Descartes
não se questionava. Logo, a dúvida dele não chegou tão longe e não é tão metódica
assim, pois nada justifica, a não ser a presunção de que exista uma perfeição e
ordem reguladora no Universo, que partamos do pressuposto de que existe um norte
a ser seguido e que leve necessariamente a algum lugar.
ocidentalidade desde a antiguidade, não foi sequer resvalada. Logo, ele não foi tão
metódico quanto achou que tivesse sido no ceticismo que quis imprimir em suas
investigações.
Pensar sobre Descartes é pensar sobre nossa condição atual. Mesmo hoje a
própria ciência aceitando outras abordagens epistemológicas, o senso-comum ainda
se enxerga dentro de um dualismo dicotômico e fixo que nos embota firmes como
instrumento de dominação e controle numa sociedade que insiste em nos
fragmentar.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS