Viver em Um Ambiente Onde Todos Os Discursos Pretendem Alcançar A Verdade Das Coisas É Compartilhar de Um Espetáculo Verborrágico Onde As Dúvidas e As Certezas Têm As Mesmas Possibilidades de Sucesso
O documento discute a filosofia de Descartes e seu método para alcançar a verdade. Descartes rejeita as abordagens anteriores que viam a verdade como algo externo ao ser humano, deduzido da natureza ou de Deus. Ele propõe que a única certeza é o pensamento humano (Cogito ergo sum) e que todo o conhecimento deve ser construído pelo método da dúvida, análise, síntese e enumeração.
Descrição original:
descartes
Título original
Viver Em Um Ambiente Onde Todos Os Discursos Pretendem Alcançar a Verdade Das Coisas é Compartilhar de Um Espetáculo Verborrágico Onde as Dúvidas e as Certezas Têm as Mesmas Possibilidades de Sucesso
O documento discute a filosofia de Descartes e seu método para alcançar a verdade. Descartes rejeita as abordagens anteriores que viam a verdade como algo externo ao ser humano, deduzido da natureza ou de Deus. Ele propõe que a única certeza é o pensamento humano (Cogito ergo sum) e que todo o conhecimento deve ser construído pelo método da dúvida, análise, síntese e enumeração.
Viver em Um Ambiente Onde Todos Os Discursos Pretendem Alcançar A Verdade Das Coisas É Compartilhar de Um Espetáculo Verborrágico Onde As Dúvidas e As Certezas Têm As Mesmas Possibilidades de Sucesso
O documento discute a filosofia de Descartes e seu método para alcançar a verdade. Descartes rejeita as abordagens anteriores que viam a verdade como algo externo ao ser humano, deduzido da natureza ou de Deus. Ele propõe que a única certeza é o pensamento humano (Cogito ergo sum) e que todo o conhecimento deve ser construído pelo método da dúvida, análise, síntese e enumeração.
Viver em um ambiente onde todos os discursos pretendem alcanar a
verdade das coisas compartilhar de um espetculo verborrgico onde as
dvidas e as certezas tm as mesmas possibilidades de sucesso. A razo a coisa mais bem distribuda entre os homens. E o de tal forma que ningum se julga dela querer mais do que a que j possui. assim que o filsofo francs vai iniciar sua obra sobre o mtodo. Para Descartes, no h homens com mais e homens com menos razo. Esta uma caracterstica inata inerente espcie humana. Ento como pode haver o erro nos juzos? preciso buscar um fundamento seguro e definitivo em que a verdade possa ser universalizada. Os gregos admitiam que ao observarem a natureza, eles interpretariam, desvelariam a verdade contida na phsis e a partir disso guiariam seus destinos, seguindo os imperativos do cosmo. Os medievais (leia-se os cristos) entendiam que o fundamento da realidade era Deus e a verdade revelada consistia nas leis que o homem deve conhecer para agir. Ambas pensam na perspectiva do objeto. Ambas imaginam poder deduzir a verdade, seja da autoridade da natureza, seja de Deus, o que nos permite considerar tal filosofia como realista (res = coisas). Assim, o homem, como sujeito, no passa de um mero espectador da pea divina ou da maravilha do cosmo. uma pea determinada que apenas cumpre uma funo sem ter nenhuma importncia no papel de descoberta da realidade. Dessa forma, os discursos e as aes eram realizadas sob a autoridade sempre externa das passivas marionetes humanas. Todas as maravilhas bem como as desgraas eram causadas em nome de Deus ou em prol do Todo. Com isso, vo surgindo contradies no real que despertam a argcia e inteligncia daqueles que no veem o homem meramente como um agente passivo no processo de conhecimento.
Essas contradies levaram os homens a descrerem de Deus e dos prprios
homens, suspendendo os juzos de realidade, impossibilitando o conhecimento (ceticismo). Eis que surge um homem capaz de salvar a verdade, atribuindo a responsabilidade desta ao construtor dos argumentos. Descartes utiliza-se do mesmo mtodo daqueles cticos que no acredita que o mundo possa ser conhecido. Assim, ele duvida de tudo o que possvel duvidar (do corpo, das pessoas, de Deus, de si mesmo, do mundo, etc.) at que chega um momento em que a dvida cessa. Pode-se duvidar de qualquer coisa, mas jamais pode-se duvidar de que para duvidar preciso pensar. Cogito ergo sum (Penso, logo existo!) a primeira e mais fundamental evidncia da verdade da qual se deve partir. Isso quer dizer que todo conhecimento possvel humano, at mesmo as interpretaes sobre Deus, o que se diz dele. Ento ele uma mera criao de nossa fantasia? Talvez! Mas no segundo Descartes, para quem Deus um ser necessrio como segunda verdade devido conscincia do sujeito pensante de sua prpria imperfeio. Temos, portanto, uma diviso de duas substncias, j que o pensamento real enquanto o resto depende deste: a Res extensa, que a matria e a Res cogitans, que o esprito, razo ou somente sujeito pensante (em termos universais). Esse dualismo psicofsico subordina o mundo mente humana de modo que somente pelas representaes do esprito se conhece as coisas, ou seja, elas s ganham sentido (leia-se existncia) a partir de uma abordagem que constri argumentativamente o mundo atravs de princpios puramente inteligveis. E o caminho para se chegar a esses princpios o que Descartes escreve no seu Discurso do mtodo: 1. Evidncia: segundo Descartes a regra que nos permite ter clareza e distino dos princpios inteligveis. Por serem simples ideias, so a fonte de toda construo terica do saber; 2. Anlise: o processo pelo qual decompomos nossas representaes imediatas em representaes mais simples a fim de organizar e ordenar os dados de forma a compreender o objeto; 3. Sntese: momento ao qual se chega depois da decomposio; significa que o todo desorganizado de uma representao sintetizado numa ordenao de suas partes, compondo-o em um todo, agora, organizado; 4. Enumerao: como h possibilidades de falhas, trata-se de uma verificao geral do processo com a finalidade de garantir que foi feita correta e devidamente a anlise do objeto. Em outras palavras, Descartes submete os dados dos sentidos (fonte de erro) ao jugo da razo humana (fonte de verdade). Para entender melhor do que se trata, bem como para se entender o funcionamento do mtodo, vamos ver como Descarte considera as ideias ou representaes humanas:
- Ideias adventcias: so as representaes oriundas dos sentidos (advem
= vem de fora). Nestas esto a fonte de erros dos juzos, pois um juzo no feito sobre coisas e sim sobre o modo como compreendemos coisas. Assim, juzos que so baseados nestas ideias, segundo Descartes, so fontes do erro, pois nos dizem como a coisa aparece e no o que ela ; - Ideias fictcias: fico o nome para o que no existe. Significa dizer que nossa imaginao pode, a partir de ideias adventcias, formar seres que no tm nenhuma correspondncia com a realidade (cavalo alado, por exemplo, que a ideia de cavalo com asas). Jamais nos instruem sobre algo; - Ideias inatas: so princpios simples por si mesmos e de ndole matemtica. S possvel representar ao esprito por uma intuio (ou seja, no so coisas). Por exemplo, o crculo, o tringulo, a perfeio, etc. So a marca do criador em nosso esprito e que nos permite conhecer os objetos particulares. So deduzidas e demonstradas apenas racionalmente. Logo, com esses critrios que, segundo Descartes, pode haver cincia absoluta e universal entendida como uma construo de um sujeito pensante e, por isso, ativo no processo do conhecer. As consequncias e responsabilidades so sempre humanas. Se Deus ajuda, devido a uma interveno que no pode ser evidenciada (ou seja, seus projetos no podem ser conhecidos).