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REVISÃO SOBRE FILOSOFIA– 1ºANOS

PROF. ANDERSON W.
RENE DESCARTES: A FILOSOFIA DE DESCARTES: René Descartes é responsável
pelo desenvolvimento do racionalismo cartesiano, segundo o qual o homem não pode alcançar
a verdade pura através de seus sentidos: as verdades residem nas abstrações e em nossa
consciência, na qual habitam as ideias inatas. Diante do forte ceticismo na época do
Renascimento, muitas pessoas acreditavam que os métodos científicos eram falhos,
incompletos e sujeitos ao erro, de forma que seria impossível para o homem conhecer o mundo
real e fazer ciência de maneira verdadeira. A missão de Descartes era justamente legitimar a
ciência, demonstrando que o homem poderia conhecer o mundo real. Para encontrar uma
certeza inquestionável, Descartes duvidou de tudo. A dúvida cartesiana é justificada por três
argumentos. Primeiramente, a ilusão dos sentidos, ou seja, não poderíamos confiar nos nossos
sentidos, os quais são limitados e enganosos. Em segundo lugar, não sabemos distinguir o
mundo externo daquilo que é produto de nossa mente (argumento dos sonhos). Em terceiro lugar, há o gênio maligno:
quem diz que não há um deus ou um demônio malévolo poderoso e astuto que dedicasse todas suas energias para enganar
os homens? Nesse momento, portanto, criou-se um impasse: como Descartes poderia encontrar certezas irrefutáveis se, ao
mesmo tempo, acreditava que deveria duvidar sistematicamente de tudo que se apresentasse para ele? Se, por um lado,
Descartes acreditava que o ato de duvidar punha em dúvida até nossos sentidos, por outro, é impossível duvidar do
pensamento: afinal, duvidar do pensamento é pensar. Mesmo a possibilidade de um deus enganador pressupõe a
existência de um ser pensante que esteja nas garras desse gênio. Dessa forma, nosso pensamento e nossa existência seriam
um ponto de partida inquestionável, uma certeza a partir da qual Descartes poderia edificar seu método filosófico. Nasceu
então a famosa máxima cartesiana, o argumento do cogito: “Penso, logo existo” (Ego cogito ergo sum).Porém, o
problema de Descartes ainda não estaria resolvido: se a única certeza do homem é o “eu”, ou seja, seu pensamento e sua
existência, como Descartes iria fazer a ponte que ligasse a certeza que residia no indivíduo à incerteza do mundo externo?
Como não cair no solipsismo? Solipsismo é a doutrina segundo a qual só existem, efetivamente, o eu e suas sensações,
sendo os outros entes (seres humanos e objetos) partícipes da única mente pensante, meras impressões sem existência
própria.Descartes, então, cria uma ponte entre o pensamento subjetivo e a realidade objetiva. Dessa forma, o filósofo
afirmou que o pensamento, sua única certeza, seria composto por ideias. Uma ideia seria válida na medida em que fosse
clara e distinta o suficiente para diferenciá-la das outras. Haveria, para ele, três tipos de ideias: as ideias inatas (naturais,
que se encontram no indivíduo desde o nascimento, de modo que não adquirimos pela nossa experiência), as ideias
adventícias (ou seja, empíricas, que formarmos ao longo de nossa vida, a partir da experiência, estando sujeitas à dúvida)
e as ideias factícias ou da imaginação (que formamos na nossa mente a partir das outras ideias).É a partir das ideias
inatas que Descartes fundamentou sua prova da existência de Deus. A ideia de Deus, presente em nossa mente, é a ideia
de uma entidade perfeita. O homem por si só seria incapaz de chegar à clara e distinta ideia de perfeição, já que não
haveria nenhuma correspondência desse ideal no mundo concreto. Assim, a ideia de perfeição seria inata, colocada no
homem por Deus, a grande marca do criador em sua obra.Se Deus existe, fica provado que o mundo por ele criado
também existe. Assim, note que Descartes provou que o “eu” existe e, por meio do raciocínio dedutivo, provou também, a
partir das premissas anteriores, que Deus e o mundo existem. Eis a ponte entre o pensamento subjetivo e a realidade
objetiva, isto é, a prova de que “o eu e o mundo” existem.

JOHN LOCKE: John Locke (Reino Unido, 1632 — 1704) Classificar um filósofo em específico seja como racionalista
ou empirista seja com quaisquer outros termos já implica numa aspiração árdua e abundante – e nesse caso classificar
especificamente John Locke (1632 – 1704) como um empirista mitigado ou por outro
lado um racionalista que não despreza a experiência é de um designo muito mais sutil e
complexo do que a classificação simplória de seus termos sugere. É ainda mais
dificultoso entender uma filosofia de caráter transicional tal como a sua; vivenciada no
século XVII, contornada por valores cristãos tradicionais, mas, ao mesmo tempo,
vislumbrando um capitalismo nascente em direção aos valores burgueses ora promissores
ora ameaçadores. Decerto Locke parte de um método empirista mas possui um realismo
tal que é nominado por muitos como um racionalista político. Em verdade sua filosofia
rejeita o inatismo e o racionalismo clássico, no entanto, tem esse último como ponto de
partida – exemplo disso está no modo como dá continuidade ao método geométrico
cartesiano – e ademais o filósofo não hesita em adotar a tese de dedução/intuição em
relação ao conhecimento da existência de Deus. Tendo isso em vista, faz-se necessário perceber como consequência do
pensamento lockeano que a distinção entre racionalismo e empirismo dificilmente se extenua em suas possíveis fontes de
conhecimento. Na verdade, para melhor compreender o estudo dessa temática, deve-se reconduzir a discussão
“racionalismo versus empirismo” para termos mais comedidos, a exemplo da ambivalência, do espaço que abarca e
integra não “o racionalismo ou o empirismo” mas antes “a racionalidade e a experiência” em sua relação interna e

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própria. O pensamento de Locke é sobremaneira delineado ao longo de suas vivências – e isso muito diz sobre o mesmo;
sua educação foi calvinista, por conseguinte, o educando que nele havia se manteve acreditando em Deus e em valores
universais, estava, pois, “distante do fenomenismo de Hume, do utilitarismo de Bentham ou do moderno pragmatismo
americano” (CANDEIAS, 2014). Dessa maneira, o que o filósofo entendia por “leis naturais” era uma expressão da
vontade d’um Deus criador cuja ordenação da lei expressa a vontade divina apreendida no homem pela luz natural e
manifestada na racionalidade humana. A razão, portanto, não é a criadora dessa lei; a criação desta vem de Deus, a razão
é a sua intérprete: “(…) para Locke, a lei natural não seria inata, nem estaria inscrita na mente dos homens, resultava sim,
o seu conhecimento, das noções que a razão extraí, por via dedutiva, dos conhecimentos que lhe proporciona a
experiência sensível” (MM. A. Candeias, 2014). Conforme o objeto do seu Ensaio sobre o Entendimento Humano, não há
nos homens ideias inatas, ao invés disso, as ideias se originam nas sensações – logo Locke passou a perceber que a moral
e a própria religião se dão por noções do espírito experimentadas como fatos psicológicos e as verdades morais são
atestadas pela educação, tradição e pelo hábito. Há culturas, por exemplo, disse o filósofo, que não concebem a existência
de Deus. Mas ainda assim, preservando os cumes de sua tradição, a solução dada por ele (…) ao problema do
conhecimento ficou sepultada em considerações de psicologia, sem atingir a crítica das próprias funções do intelecto. O
seu realismo ficou hesitante sobre o seu idealismo subjetivo. Os seus intelectualismo e racionalismo entraram em conflito
com todos os momentos empiristas, utilitários e pragmatistas do seu pensamento. No fundo, toda a metafísica ficou
esmagada sob a aluvião das suas preocupações nominalistas e positivistas, próprias de um britânico burguês, cauteloso e
de bom-senso. Da sua obra transparece uma dialéctica constante entre por um lado, o empirismo e por outro lado, o
racionalismo. De novo neste ponto, a mesma dualidade da sensação-reflexão, emerge sob a forma de uma combinação ou
justaposição entre o conceito de lei natural e eterna, com certos conteúdos éticos, e os postulados do mais tenaz e radical
individualismo. (Idem) Sob esta herança transicional, a filosofia lockeana compreende que os indivíduos humanos se
sentem solicitados pela lei natural porque são seres racionais e estão sujeitos aos ditames desta, a mesma que define e
salienta a existência da família e da propriedade; os indivíduos humanos consentem em viver numa sociedade regulada
pelo poder executivo comum da lei natural porque este poder reside em cada homem não pelo contrato histórico, mas
antes pelo seu consentimento tácito e explícito – e ao fazer isso, numa simbiose entre estado de natureza e estado de
sociedade, a argumentação do filósofo se torna “puramente racional e sem base histórica” (M. C. Henriques, 2008) – eis
aqui senão a herança de um tempo, o seu tempo, o século XVII, que se reconfigura entre o pensamento do pretérito e o
pensamento do porvir, que se permite pensar ser essa lei expressa pela razão e ensinada a todos os homens que tão-só a
consultem, sendo todos iguais e independentes, que nenhum deles deve prejudicar a outrem na vida, na saúde, na
liberdade ou nas posses (LOCKE, 1973, § 6), mas também um tempo que permite construir uma teoria do conhecimento
ao sobreveio da empiria. Desse modo, partindo d’um método empirista ao mesmo tempo em que se compromete com um
projeto racionalista e, portanto, com a ideia do conhecimento como conhecimento certo e com a crença na existência de
um método capaz de proporcionar decisões conclusivas a respeito da verdade e da falsidade das proposições do
conhecimento (CHIAPPIN e LEISTER, 2009), tese essa apresentada pela primeira vez em Chiappin (1989), a
investigação de Locke, tal como a de Descartes, procura examinar a extensão dos domínios da certeza mas se
distanciando do cartesianismo a medida em que se distancia de pressupostos e recursos metafísicos. Ora, se o pensamento
cartesiano engloba até mesmo a filosofia natural, o lockeano a demarca nos domínios dos graus da crença e de seus
instrumentos – a probabilidade aparece então como um recurso para introduzir medida a esses graus. Locke, contudo, não
estagna na probabilidade mesma, pelo contrário, conforme aqui foi dito, o filósofo busca o conhecimento certo; é certo, a
título de exemplo, a existência inegável de um objeto e sujeito do conhecimento – que diferentemente de Descartes, não é
um sujeito ideal, mas um sujeito concreto, particular e dotado de faculdades apropriadas para o conhecimento, muito
embora ele não possa conhecer diretamente as essências reais das substâncias, quer dizer, o mundo tal como ele é. O
sujeito conhece a composição das ideias construídas por sua mente pela sensação e experiência dessas ideias – uma
alternativa e concepção empirista contra a doutrina inatista cartesiana uma vez que se faz sem fundamentos metafísicos.
Locke chega à conclusão de que Descartes não teria razão: nem as leis da física, nem a metafísica, nem a mecânica
preenchem as exigências do conhecimento certo pois, uma vez que o conhecimento das essências reais é inacessível aos
sentidos, suas leis não podem ser consideradas proposições universais e necessárias (Cf. CHIAPPIN; LEISTER, 2009).
Assim ele conclui que apenas a moral, que coincide essência nominal e real por construção de seus objetos, é
conhecimento certo. Assim a filosofia de Locke abarca, de maneira sui generis, admirável e moral, não o racionalismo em
contraposição ao empirismo, mas a racionalidade seguindo um método empirista rígido, sensato e inovador.

DAVID HUME: Foi filósofo, historiador, ensaísta e diplomata escocês, um dos mais importantes filósofos modernos do
Iluminismo.Seus pensamentos foram revolucionários o que o levou a ser acusado de heresia pela Igreja Católica por ter
ideias associadas ao ateísmo e ao ceticismo. Por esse motivo, suas obras foram acrescidas no "Índice dos Livros
Proibidos" (Index Librorum Prohibitorum).Inspirado nas correntes filosóficas do empirismo e do ceticismo, Hume foi um
crítico do racionalismo cartesiano em que os conhecimentos estavam associados à razão. Suas ideias foram inspiradoras

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para diversos filósofos posteriores, como Immanuel Kant e Augusto Comte.Saiba também sobre o Iluminismo e
os Filósofos Iluministas.
Nascido em Edimburgo, na Escócia, em 1711, Hume foi integrante de uma família de nobre escoceses e desde pequeno
demostrou interesse pelas artes e filosofia.Estudou Direito na Universidade de Edimburgo entre 1724 e 1726. Já que não
se interessou muito pelo curso, Hume se aprofundou nos conhecimentos sobre literatura, economia e filosofia. Nas
palavras do filósofo: "uma aversão insuperável a tudo o que não fossem as buscas da filosofia e do conhecimento em
geral".Foi na França, em 1748, que escreveu sua Magnus Opus: Ensaio sobre o Entendimento Humano. Além de escritor,
ocupou cargos públicos, foi comerciante, professor e bibliotecário. Faleceu em 1776, com 65 anos em sua cidade natal.
ObrasHume foi um ávido leitor e escritor e de suas obras merecem destaque:
• Tratado da Natureza Humana (1739-40)Ensaios Morais e Políticos (1742)Ensaio sobre o Entendimento Humano
(1748)As Cartas Inglesas (1748)Investigações sobre o Princípio da Moral (1751)Discursos Políticos (1752)A História da
Inglaterra (1754-62)História Natural da Religião (1757)Minha Vida (1776)
• Teoria do Conhecimento Hume desenvolveu sua teoria através de um método experimental de raciocínio. Para o
filósofo, o conhecimento é desenvolvido através da experiência sensível do ser humano, a
qual está dividida em duas partes: impressões e ideias.
A primeira estaria associada aos sentidos do ser humano (visão, tato, audição, olfato e
paladar), enquanto a segunda estaria associada as representações mentais resultantes das
impressões Essa teoria foi analisada em sua obra mais emblemática “Ensaio sobre o
Entendimento Humano”, publicada em 1748.
Empirismo e Racionalismo O empirismo é uma corrente filosófica baseada na
experiência e no saber científico, que por sua vez, critica a metafísica donde não há
experimentação.
A Crença no Hábito: Para o filósofo David Hume, o nosso conhecimento do mundo se dá
por meio de percepções. Ele as subdivide em impressões e ideias. As primeiras, as
impressões, são as percepções atuais que temos das coisas e do mundo, são portanto, fortes
e mais vivas. Enquanto as ideias são fracas e menos vivas porque geralmente são cópias
das impressões.
Segundo o filósofo esta diferenciação é fácil para nós, pois facilmente distinguimos entre sentir e pensar. O modo como a
impressão ocorre na mente é forte, e tem também um efeito peculiar. Uma impressão não é meramente pensada, mas
acreditada. A força e a vivacidade significam o modo como aparece a percepção na mente e o efeito que causa à mente.
Exemplificando, posso ir ao museu e ver uma pintura de Picasso. Neste caso, enquanto vejo a pintura, tenho a impressão
da pintura; trata-se de uma percepção forte e viva. Mas numa conversa com um amigo, na qual me lembro da minha visita
ao museu e lhe descrevo a minha percepção da pintura, trata-se de uma ideia, uma percepção fraca e menos viva.
De acordo com Hume, todo o nosso conhecimento é baseado em nossas experiências. Por isso, ele vai dizer que
determinadas conclusões que chegamos sobre o mundo e as coisas não são fundamentadas na razão, mas no hábito. O fato
de vermos todos os dias uma relação entre A e B, por exemplo, faz com que toda vez que vemos A, lembremo-nos de B.
Além disso, o nosso conhecimento é fundamentado em relações causais, ou melhor, na causalidade; que é a ideia segundo
a qual todo efeito deve ter uma causa.
Nossas certezas sobre o futuro devem-se à nossa crença no hábito. Acostumamo-nos a ver que o Sol nasce todos os dias.
Logo, concluímos que ele nascerá também amanhã e no futuro. Ou seja, este conhecimento é fundamentado numa crença
que obtemos pela regularidade com que as nossas experiências se repetem, produzindo o hábito ou o costume. Desse
modo, podemos concluir em breves palavras que para Hume a nossa mente é um feixe de percepções, pois todas as nossas
ideias têm origem na impressão sensível; e que não estamos diante de uma conexão necessária na relação entre causa e
efeito, mas diante de uma associação baseada na regularidade de eventos que ocorrem na experiência.
Estamos diante de uma explicação bastante plausível do funcionamento da mente humana que nos faz pensar sobre os
motivos ou razões pelas quais adotamos determinadas crenças ou opiniões sobre nós mesmos e sobre o mundo.
Fundamentamos nosso conhecimento somente na razão ou na experiência? O nosso conhecimento é racional ou é apenas
uma crença em regularidades? Descobrir esta explicação da mente humana muda ou compromete o nosso modo de ver o
mundo?

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