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A conceção de

ciência de Popper –
o método conjetural

Karl Popper
(1902-1994),
físico, matemático
e filósofo da
ciência.
Popper (1902 - 1994) Principais obras

K arl Raimund Popper nasceu na capital austríaca, Viena e, mais tarde,


naturalizou-se britânico. Foi professor de Filosofia no University College,
na Nova Zelândia e professor de Lógica na Universidade de Londres. Em
termos políticos, situa-se entre a social democracia, o liberalismo e o
conservadorismo. Homem de interesses diversificados, a sua formação
académica versou áreas como a Matemática, a Física, a Filosofia, a
Psicologia e a História da Música. Grande parte da sua obra é dedicada à
epistemologia, pelo que é considerado um dos maiores filósofos da
ciência do século XX. Relativamente às conceções sobre a ciência,
Popper destaca-se pela rejeição do método indutivo, bem como pela crítica ao verificacionismo. Como
alternativa ao indutivismo, propõe um método dedutivo de prova, cujo objetivo é deduzir, através da
experimentação, consequências das hipóteses, a fim de as corroborar ou refutar. Contra o
verificacionismo, defende o falsificacionismo: o objetivo da ciência não é verificar, justificar ou provar a
verdade das teorias, mas sim falsificá-las empiricamente.
Críticas ao indutivismo

A observação não é ponto de


O raciocínio indutivo não
partida do método científico
confere o rigor lógico
e, ainda que o cientista
necessário às teorias
recorra à observação, ela não
científicas.
é totalmente neutra e isenta.

A observação dos fenómenos


ocorre num determinado A indução constitui, em termos
contexto. A observação do lógicos, uma operação que obriga
cientista é afetada por a um salto do conhecido (de
pressupostos teóricos, teorias, proposições particulares) para o
conceitos e expectativas desconhecido (para proposições
desenvolvidas face à gerais).
investigação.
POPPER

rejeita o critério da verificabilidade

Segundo Popper, as teorias científicas não são


empiricamente verificáveis.

Para que uma hipótese venha a ser considerada credível,


é preciso procurar refutá-la ou falsificá-la.

Critério da
falsificabilidade

Uma hipótese é
científica se, e só se, for
falsificável.
Popper criticou o critério
da verificabilidade do
indutivismo empirista do
positivismo lógico do
Círculo de Viena e
propôs, como
possibilidade para o
saber científico, o critério
da falsificabilidade.
Mas será que as teorias e as leis propostas pelos
cientistas podem ser realmente verificadas?

“Há corvos negros.” “Todos os corvos são negros.”

Aquilo que nesta proposição se


Esta proposição é verificável: afirma não pode ser estritamente
podemos verificar aquilo que ela verificado de forma universal, pois
afirma de cada vez que se vê um é impossível saber a cor de todos
corvo. Se o corvo for negro, a os corvos que existiram no
proposição é verdadeira.. passado, que existem e que
existirão no futuro.

Problema da indução

Se todos e cada um dos corvos observados até ao momento Alguns filósofos neopositivistas
forem negros, o enunciado «Todos os corvos são negros» traduz afirmam, porém, que basta que os
uma proposição verdadeira. Assim, o enunciado confirma-se, o enunciados sejam empiricamente
que é suficiente para que seja reconhecido como científico.. confirmáveis.
Confrontação da hipótese com a experiência

Não visa confirmar a hipótese, mas permitir testar a


resistência que ela tem face às tentativas empreendidas
para a enfraquecer, refutar ou falsificar.

O teste experimental é visto como a procura de


fenómenos que possam infirmar a hipótese.

Se se encontrar Uma teoria científica é válida enquanto for resistindo à A atitude do


um cisne de outra tentativa de a falsificar empiricamente e é tanto mais cientista deve ser
cor, teremos de forte quanto mais resistir. a de procurar
abandonar e/ou
cisnes de outra
reformular o
O enunciado «Todos os cisnes são brancos» é científico, cor (para
enunciado: este
porque é empiricamente falsificável – para o falsificar, falsificar) e não a
não resistiu à
basta encontrar um cisne de outra cor. de procurar cisnes
falsificação e foi,
brancos (para
efetivamente,
confirmar).
falsificado.
Popper nas suas investigações
lógicas também destacou que
no conhecimento científico a
mente não desempenha um
papel de tabua rasa como
pensavam os empiristas
ingleses. Para ele não existe
observação pura, pois todas as
observações são sempre
realizadas à luz de
pressupostos e de teorias
prévias que o cientista traz
consigo. A partir daí, "o
trabalho do cientista consiste
em elaborar teorias e pô-las à
prova."
David Hume

sublinha o carácter ilusório do indutivismo

Apesar de admitir que o conhecimento científico se


constrói por indução, reconhece que ela não serve para
justificar esse conhecimento.

Como podemos então garantir a


cientificidade do conhecimento?

Karl Popper

Mostra que o
Propõe outro método Propõe outro critério
problema da indução
– conjeturas e de cientificidade –
não tem o peso que
refutações. falsificabilidade.
Hume lhe atribui.
Contudo, Karl Popper só reconhece um
sistema enquanto empírico ou científico se
ele for passível de comprovação pela
experiência.
As suas considerações sugerem que deve ser
tomado como critério de demarcação, não a
verificabilidade, mas a falsificabilidade de um
sistema.
De acordo com esta visão
Popperiana, o critério de
demarcação entre ciência e não
ciência reside no fato da teoria
se submeter à condição de
poder ser refutada.
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Isto é, uma teoria mantém-se verdadeira até que Com esta afirmação acima, Popper indicou a
seja possível refutá-la pela experiência empírica, condição transitória da validade de uma teoria.
visto que, para Popper, do ponto de vista lógico, não
é nada óbvio que se justifique inferir proposições
universais de assertivas singulares, por mais
numerosas que sejam as evidencias práticas.
"Independentemente de quantos casos de cisnes
brancos possamos observar, isso não justifica a
conclusão de que todos os cisnes são brancos."
Determinado sistema científico é
válido até o momento em que é
refutado, mostrando-se sua falsidade.
Isto equivale a dizer que, para Popper,
somente a refutabilidade de uma
teoria pode ser provada, mas nunca a
sua veracidade absoluta.
Em Popper, a invenção de uma nova
teoria ou de um novo sistema
científico pressupõe que, em
qualquer hipótese, para sua
validade, devam ser submetidos à
prova num processo de
"reconstrução racional".
A racionalidade
científica e a questão
da objetividade
Karl Popper VERDADE

Correspondência das proposições


científicas à realidade dos factos.

Meta para a qual a ciência avança.

O progresso científico deve ser entendido


como o desenvolvimento da ciência em
direção a um fim que, podendo não ser
alcançável, não deixa de ser pressuposto.

O critério da
falsificabilidade pressupõe Nenhuma teoria, mesmo
que a todo o momento as aquela que é corroborada,
teorias possam ser é completamente definitiva
refutadas.. e verdadeira.
A ciência avança por meio de tentativas e erros:

Parte de problemas. P1

Propõe hipóteses ou conjeturas, ou novas teorias-tentativas (TT) de


explicação do mundo, que são provisórias. TT

Vai eliminando os erros (EE), submetendo as teorias à refutação. EE

Conduz, neste processo, à descoberta de novos problemas (P2), e


assim por diante. P2…
Evolução da ciência: é comparável à evolução das espécies.

Conceção darwinista da Processo de construção da


evolução das espécies ciência

As espécies que melhor


respondem aos desafios que o
ambiente e a natureza As hipóteses
propõem são as que mais sofrem uma espécie de
probabilidades têm de processo de “seleção natural”.
sobreviver.

As teorias mais fortes – as que


As teorias menos aptas – as que
resistem às várias tentativas de
não resistem aos testes
refutação – são as melhores, isto
experimentais – são eliminadas e
é, as que oferecem uma (boa)
dadas como erros.
explicação dos factos.
ERROS

Obrigam o cientista a procurar novas


explicações dos factos ou problemas.

Importância da crítica: critério racional de


progresso científico.

A crítica permitirá a eliminação dos erros e,


consequentemente, o avanço da ciência em
direção à verdade..

O cientista encontra falhas ou erros nas teorias


já existentes e empenha-se na procura de novas
respostas.

Isso impede que a ciência estagne ou se fixe a


qualquer tipo de dogma.
Atitude crítica

Sendo contrária à atitude dogmática, ela


permite ao cientista avançar.

O objetivo do cientista é encontrar a verdade, ainda que essa


tarefa corresponda apenas a uma aproximação da verdade por
intermédio de teorias cada vez melhores.

As teorias científicas nunca são categóricas, mas conjeturais.

A ciência nunca pode afirmar-se como detentora da VEROSIMILHANÇA


verdade: as teorias são sempre falsificáveis.

Mesmo no caso das teorias corroboradas, há sempre a


hipótese de virem a ser refutadas no futuro..

Grau com que uma


Podemos mostrar apenas que dada teoria é verosímil. teoria capta a verdade.

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