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O pensamento filosófico teve início nas colônias gregas, nos séculos VI e V a.C.,
da região periférica (pré-socráticos) para o centro, em Atenas (sofistas e filósofos
socráticos). Há também um questionamento se a filosofia na Grécia não seria
produto de filosofias orientais, pertencentes a outras civilizações.
Como resposta, há basicamente duas correntes que se ocupam em delimitar
essas influências. Uma delas acredita que a filosofia grega seria mesmo
resultado da contaminação cultural com pensamento de outros povos. Já a
segunda, destaca que a filosofia grega revela-se como produto único dos gregos,
livre de qualquer influência estrangeira. Atualmente, o mais correto seria
considerar a combinação das duas possibilidades.
A filosofia antiga pode ser dividida em três períodos:
Primeiro período: do século VII até o ano de 450 a.C., de Tales até Sócrates.
Caracteriza-se pela formação ou juventude, uma vez que é durante ele que se
estuda a natureza, passando a ser conhecido e chamado de Período
Cosmológico.
Segundo período: de 450 a.C. até o século III d.C., de Sócrates até o ecletismo.
Seu foco central está no ser humano; por isso, essa fase recebeu o nome de
Período Antropológico.
Terceiro período: do século I até o século VI d.C. Por três séculos coincide com o
período antropológico; mas deixa evidente a decadência da filosofia grega, e seu
foco passa a ser Deus ou a união teosófica com Ele. Por essa razão, denomina-se
Período Teosófico.
Sócrates
O conhecimento é uma apreensão intuitiva de universais conceituais.
O bem é igual a virtude e é o mesmo que a felicidade que é
proporcionado pelo conhecimento. O bem, portanto, é a essência das
coisas.
Sócrates foi um divisor de águas na história da filosofia na Grécia Antiga, que se
divide entre os filósofos pré-socráticos e pós-socráticos, tal foi sua relevância
para o pensamento filosófico ocidental.
Sócrates revelava na sua postura filosófica o quanto era importante levar o
conhecimento para os gregos por meio do diálogo como forma pedagógica de
transmissão de saber. Ele também acreditava que a alma humana era imortal e
teria de alertar o homem sobre a necessidade de conhecer a si mesmo.
Além disso, duvidava da possibilidade de a virtude ser ensinada, uma vez que a
moral pressupõe uma questão de inspiração e não de parentesco, já que pais
moralmente perfeitos podem não gerar filhos iguais a eles.
Sócrates destacou ainda que suas ideias não eram próprias, mas sim de seus
mestres, entre eles Pródico e Anaxágoras de Clazômenas. Chamou a atenção
para a limitação da sua sabedoria e da própria ignorância, atribuindo os erros
cometidos à ignorância, pois jamais assumiu ser um homem sábio.
A introspecção sempre foi uma característica marcante da filosofia de Sócrates,
que se revela no famoso lema “conhece-te a ti mesmo”, ou seja, que nos leva a
entrar em contato com a nossa prória ignorância. Alcançava em Sócrates uma
importância tão grande que se personificava na voz interior divina, que poderia
ser de um gênio ou de um demônio.
O fundador do pensamento ocidental também acreditava que a maneira mais
apropriada para as pessoas viverem era se concentrando no próprio
desenvolvimento intelectual, ao invés de buscar a riqueza material. Ele
costumava convidar outras pessoas a se concentrar na amizade e em um
sentido de comunidade, uma vez que acreditava ser esse o melhor modo de um
povo evoluir.
No campo da psicologia, Sócrates deixou sua contribuição ao pensar sobre a
espiritualidade e a imortalidade da alma, destacando a diferença entre as duas
ordens de conhecimento, o sensitivo e o intelectual, sem definir a capacidade de
escolha, mas relacionando a vontade com a inteligência. Na teodiceia, ele
admitiu a existência de Deus com o seguinte argumento teológico: tudo aquilo
que possui uma finalidade resulta de uma inteligência e, se o homem é
inteligente, também deve ser inteligente a causa eficiente que o concebeu.
Pela moral socrática, a lei natural pressupõe um ser superior ao homem, um
legislador, que a sancionou. Portanto, Deus não só existe, como também é
Providência, uma vez que governa o mundo com sabedoria, e o homem pode
atingi-lo por meio de sacrifícios e com orações.
Pela moral socrática, a lei natural pressupõe um ser superior ao homem, um
legislador, que a sancionou. Portanto, Deus não só existe, como também é
Providência, uma vez que governa o mundo com sabedoria, e o homem pode
atingi-lo por meio de sacrifícios e com orações.
Para Sócrates, a forma lógica para chegar ao conhecimento científico de fato
consiste na indução, quer dizer, no percurso do que é particular até o universal,
do foco opinativo à ciência, do experimento ao conceito, leva à definição, para
demonstrar o ideal e a reflexão sobre a essência da realidade.
Ele também é considerado o fundador da ciência, em especial da ciência moral,
defendendo a doutrina de que ética é sinônimo de racionalidade. Além disso, a
virtude é considerada como inteligência, razão e ciência, e não um sentimento,
uma tradição, uma lei e o senso comum. Isso tudo precisa ser superado, fazendo
com que a razão prevaleça.
Platão
O conhecimento é a intuição ou a evocação dos universais, o que
significa que o conhecimento é a idéia que temos sobre as coisas na
perspectiva de classificá-las. Isto significa que a realidade está sob a
luz, no reino das formas e das idéias universais e perfeitas, e temos de
conviver com suas cópias imperfeitas que nos aparecem através dos
sentidos, enquanto fenômenos. Nas idéias encontramos o bem, na
forma do ideal de cada coisa. A alma e a mente (psique) se equivalem,
e a alma é imortal. O bem é a realidade última (a mais importante) e
alcançamos o bem através do conhecimento e da realização harmoniosa
das funções naturais ( os sentidos).
No pensamento filosófico de Platão, essa busca racional possui uma natureza
mais contemplativa, o que implica a busca da verdade no interior do próprio
homem como um agente participante da essência do ser.
Da mesma forma que Sócrates, ocupou-se em desvendar as verdades essenciais
das coisas por meio do conhecimento, desconsiderando o homem na condição
de corpo, mas ressaltando a sua alma pela perfeição e com direito a um lugar no
mundo perfeito das ideias. No entanto, esse formalismo pode ser encontrado na
experiência sensitiva.
Para Platão, também o conhecimento deve ser concebido para uma finalidade
moral, com o objetivo de elevar o homem à instância da bondade e da
felicidade. Assim sendo, a maneira de conhecer era, de fato, uma forma de
reconhecimento, possibilitando o reencontro do ser humano com as verdades já
conhecidas e capacitando-o a discernir sobre o que existe entre a aparência de
verdade (o simulacro) e as verdades propriamente ditas.
Aristóteles
Aristóteles evolui a razão através de seus raciocínio silogístico e do
método analítico. A realidade deve ser o propósito final das coisas. A
alma (mente, psique) é o princípio vital do corpo. O bem equivale a
felicidade e pode ser alcançado pela virtude. Todas as coisas pretendem
ser virtuosas.
Conhecido como o pensador que mais influenciou a filosofia ocidental,
Aristóteles nasceu em Estagira, na Calcídica, em 384 a.C. Na condição de
discípulo de Platão, ele discordava de uma parte fundamental da filosofia do seu
mestre, que concebia dois mundos distintos, um dominado pelos sentidos
humanos, em processo de mutação perene, e o outro como sendo
das ideias, acessível apenas pelo pensamento intelectual, que é imutável e
atemporal.
Aristóteles aceitava somente a existência do mundo em que vivemos, alegando
que aquilo que se encontra além da experiência humana não poderia fazer
sentido algum para o homem. Na filosofia aristotélica, a lógica é considerada
como uma introdução para o conhecimento, baseada em uma estrutura de
raciocínio que inclui pressupostos criados para que se possa chegar à etapa
conclusiva.
Por outro lado, quando se infere uma verdade geral a partir de um caso singular,
estamos pensando de forma indutiva, e isto é chamado de uma indução:
O cobre, a prata, o ferro, o zinco são condutores de eletricidade
Logo, todo metal é condutor de eletricidade.
A diferença entre a indução e a generalização, é que na indução nós verificamos
primeiro as qualidades que se apresentam iguais em cada coisa ou cada
indivíduo, para depois chegarmos a uma conclusão. Na generalização, nós
aceitamos que a qualidade de uma única coisa ou de um único indivíduo serve
para descrever todas as outras coisas ou indivíduos:
Generalização: João é um homem forte, logo todos os Joãos são homens fortes.
Giló é um vegetal verde e amargo, logo todo vegetal verde é amargo.
Para Aristóteles, a ética pode ser considerada como a ciência das condutas, que
estuda assuntos que podem sofrer alteração. Sendo assim, ela se debate com
aquilo que é essencial e imutável no ser humano, com o que pode ser adquirido
por atitudes repetidas ou por costumes que legitimam as virtudes e os vícios. O
seu objetivo último, portanto, consiste na garantia ou na possibilidade de
conquista da felicidade. Tomando como princípio as disposições naturais do
homem, a função da moral consiste em demonstrar como elas necessitam ser
mudadas para se adaptar à razão. Ainda na visão dele, as virtudes se realizam
sempre na esfera do homem e perdem sentido quando as relações humanas
deixam de existir.
Já a virtude, seja ela especulativa ou intelectual, diferencia-se porque faz parte
de um universo filosófico limitado que, excluindo a vida moral, busca o
conhecimento pelo conhecimento. Dessa maneira, na filosofia aristotélica, a
prática da contemplação volta o homem para Deus. Nesse sentido, se a ética
está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se ocupa em
investigar as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a
felicidade coletiva na constituição do estado.
A escolástica pode ser entendida como a linha filosófica adotada pela Igreja na
alta Idade Média. Esse modo de pensar essencialmente cristão buscava
respostas que justificassem a fé na doutrina ensinada pelo clero, considerado
como o guardião das verdades espirituais. Essa escola filosófica prevaleceu do
princípio do século IX até o final do século XVI, época que representou o declínio
da Era Medieval.
A tarefa dos escolásticos consistia, portanto, em harmonizar ideais platônicos
com fatores de natureza espiritual, inseridos no cristianismo vigente ocidental.
Mesmo quando Aristóteles é contemplado no pensamento cristão por Tomás de
Aquino, o neoplatonismo adotado pela Igreja ainda é preservado, fazendo com
que a escolástica seja permanentemente atravessada por dois universos
distintos – o da fé herdada da mentalidade platônica e a razão aristotélica.
As soluções oferecidas pela escolástica podem ser basicamente divididas em
três: a solução chamada de realismo transcendente, a solução do realismo
moderado e a solução nominalista. Segundo a solução proposta pelo realismo
transcendente, a ideia de uma realidade existe além da esfera mental e do
objeto,
consistindo na solução platônica adotada pela escolástica iniciante. Já a solução
do realismo moderado traz em si uma realidade objetiva e fora do campo
mental. Nesse sentido, a solução conceptualista nominalista
destaca que o universal não possui existência objetiva, mas somente mental ou
nominal.