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A palavra filosofia é grega[1]. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se
de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer
sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio.
Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a
invenção da palavra filosofia. Segundo Pitágoras, a sabedoria plena e completa pertence aos
deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.
Evidentemente, isso não quer dizer, de modo algum, que outros povos, tão antigos quanto os
gregos, como os chineses, os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os
africanos ou os índios da América não possuam sabedoria, pois possuíam e possuem.
Também não quer dizer que esses povos não tivessem desenvolvido o pensamento e as
formas de conhecimento da Natureza e dos seres humanos, pois desenvolveram e
desenvolvem.
A Filosofia surge, portanto, quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade,
insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e
buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos, os
acontecimentos e as coisas da natureza, os acontecimentos e as ações humanas podem ser
conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.
Já Sócrates nos lembra, nos diálogos platônicos, que a dúvida possibilita ponderar sobre as
próprias atitudes individuais, como ao perceber a nossa ignorância. Tal caso é retratado na
obra Apologia de Sócrates, quando a personagem, após a consulta no templo de Delfos, vai
testar na cidade a informação que ele é o mais sábio na cidade.
Ora, certa vez, indo a Delfos, arriscou esta consulta ao oráculo – repito,
senhores; não vos amotineis – ele perguntou se havia alguém mais sábio
que eu; respondeu a Pítia que não havia ninguém mais sábio. Para
testemunhar isso, tendes aí o irmão dele, porque ele já morreu. Examinai por
que vos conto eu esse fato; é para explicar a procedência da calúnia. Quando
soube daquele oráculo, pus-me a refletir assim: "Que quererá dizer o deus?
Que sentido oculto pôs na resposta? Eu cá não tenho consciência de ser nem
muito sábio nem pouco; que quererá ele, então, significar declarando-me o
mais sábio? Naturalmente, não está mentindo, porque isso lhe é impossível."
Por longo tempo fiquei nessa incerteza sobre o sentido; por fim, muito contra
meu gosto, decidi-me por uma investigação, que passo a expor (PLATÃO,
2008, p. 21).
O resultado desta busca revelou a importância e a conduta do filósofo, aquele sujeito que
busca questionar e compreender as complexidades do mundo, desconstruindo verdades mal
estabelecidas, revelando as tensões da vida social, mesmo que isto represente uma privação
de uma série de outras atividades. Neste sentido, o filósofo, além de tratar da estranheza, é
reputado como sujeito estranho no meio da sociedade. Tal ponto é novamente ilustrado por
Sócrates:
É por isso que podemos concordar com a apresentação do filósofo brasileiro José Arthur
Giannotti ao sustentar esta condição da estranheza como algo próprio da filosofia, diz “o
filosofo sempre foi considerado um personagem bizarro, estranho, capaz de cair num poço
quando se embrenha em suas reflexões” (GIANNOTTI, 2011, p.21)
Aliás em muitas culturas, a coruja é a ave que simboliza a sabedoria[2]. Isso se deve ao fato
de que, na tradição grega, a coruja foi vista como a ave de Athena (Minerva, para os romanos),
ou seja, como símbolo da racionalidade e da sabedoria, como a representação da atitude
desperta, que procura, que age sob o fluxo lunar, e que não dorme quando se trata da busca
do conhecimento.
Associada à capacidade de enxergar mesmo nas trevas, seus grandes olhos voltados para a
compreensão, para a observação, são suficientemente significativos para traduzirem a ideia
de que a busca da sabedoria pressupõe um olhar atento para a compreensão do mundo
(CHEVALIER, 2005 apud BITTAR & ALMEIDA, 2008, p. 1,2).
Em sua obra: “Curso de Filosofia do Direito”, Bittar & Almeida (2008) chamam a nossa atenção
para o fato de que “uma longa experiência que seja não refletida, mas mecanicamente vivida,
não é sinônimo de sabedoria adquirida. A sabedoria realmente evoca experiência e
capacidade de absorção reflexiva da experiência mundana, esta predisposição de voltar-se
para o processo de convívio com o espanto diante do mundo”.
Os mosteiros construídos em regiões mais altas, as fortalezas num alto penhasco. Em ambos
os casos, observam-se consideráveis distâncias da vida urbana, de onde se pode ter ampla
visão do todo.
Os mosteiros, lugares de reclusão, de ligação com o divino, propiciam aos monges a condição
de serem mediadores entre o mundo humano e o divino. A capacidade de os monges
orientarem resulta da sua condição de ver muito além do que os homens conseguem ver.
Já das fortalezas no exercício de seu papel defensivo contra os inimigos de uma sociedade
vulnerável a toda sorte de ataques e embates, os sentinelas podem ter ampla visão de tudo
para propor o aviso estratégico ou de propor o ataque sobre o perigo iminente do invasor.
Nas palavras dos autores, “ao usar o pensamento como força de compreensão, acaba por agir
sobre o mundo, e isto porque, ao utilizar o ferramental da razão, se posta como sentinela e
defensor da garantia de que a razão será conservada na vida social como um distintivo
fundamental da condição humana. (...) A filosofia exerce uma verdadeira vigília dirigida a si
mesma e ao mundo circundante, dedicada a cumprir uma tarefa de fundamental importância
para a existência humana” (BITTAR & ALMEIDA 2008, p.4).
Como visto até este momento o filósofo volta-se à busca pelo conhecimento, pela sabedoria.
Assim, devemos indagar: para que filosofia? [3]
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que
são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos.
É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre
como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as
indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude
crítica e pensamento crítico.
ATITUDE CRÍTICA = NEGAR O PRÉ-ESTABELECIDO (1° PASSO) PARA PODER PROVOCAR, INDAGAR (2° PASSO).
A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto,
começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da
Filosofia, o grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer:
“Sei que nada sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa
com a admiração; já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia
começa com o espanto.
Admiração e espanto significam: tomamos distância do nosso mundo costumeiro, por meio
de nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não
tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos
tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e
para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e
precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.
Todas as pretensões das ciências pressupõem que elas acreditem na existência da verdade,
de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como aplicação
prática de teorias, na racionalidade dos conhecimentos, porque podem ser corrigidos e
aperfeiçoados.
Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e
prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O
cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Filosofia quem as formula e
busca respostas para elas.
- perguntar por que a coisa, a ideia ou o valor, existe e é como é. A Filosofia pergunta pela
origem ou pela causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor.
A Filosofia, cada vez mais, ocupa-se com as condições e os princípios do conhecimento que
pretenda ser racional e verdadeiro; com a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos,
políticos, artísticos e culturais; com a compreensão das causas e das formas da ilusão e do
preconceito no plano individual e coletivo; com as transformações históricas dos conceitos,
das ideias e dos valores.
Em outras palavras, a Filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural (o
mundo das coisas) e a histórica (o mundo dos homens) tornam-se estranhas, espantosas,
incompreensíveis e enigmáticas, quando o senso comum já não sabe o que pensar e dizer e
as ciências e as artes ainda não sabem o que pensar e dizer.
Essa descrição da atividade filosófica capta a Filosofia como análise (das condições da
ciência, da religião, da arte, da moral), como reflexão (isto é, volta da consciência para si
mesma para conhecer-se como capacidade para o conhecimento, o sentimento e a ação) e
como crítica (das ilusões e dos preconceitos individuais e coletivos, das teorias e práticas
científicas, políticas e artísticas), estando essas três atividades (análise, reflexão e crítica)
orientadas para elaboração filosófica de significações gerais sobre a realidade e os seres
humanos.
A Filosofia surgiu quando alguns pensadores gregos se deram conta de que a verdade do
mundo e dos humanos não era secreta e misteriosa, que precisasse ser revelada por
divindades a alguns escolhidos, mas, ao contrário, podia ser conhecida por todos por meio de
operações mentais de raciocínio, que são as mesmas em todos os seres humanos.
Descobriram que a linguagem respeita exigências do pensamento, o que, por esse mesmo
motivo, os conhecimentos verdadeiros podem ser transmitidos e ensinados a todos.
1. Tendência à racionalidade: os gregos foram os primeiros a definir o ser humano como
animal racional, a considerar que o pensamento e a linguagem definem a razão, que o homem
é um ser dotado de razão e que a racionalidade é um traço distintivo em relação a todos os
outros seres.
2. Recusa de explicações pré-estabelecidas: cada fato exige uma explicação racional como
resultado de investigação.
3. Tendência à argumentação e ao debate: nenhuma solução pode ser aceita sem que tenha
sido demonstrada, isto é, provada racionalmente em conformidade com princípios e regras do
pensamento verdadeiro.
4. Capacidade de generalização: mostrar que uma explicação tem validade para muitas outras
coisas diferentes ou muitos fatos diversos, porque sob a aparência da diversidade e variação,
pode-se descobrir semelhanças e identidades. A capacidade racional chama-
se síntese (palavra grega que significa reunião, fusão de várias coisas numa união íntima para
formar um todo).
5. Capacidade de diferenciação: mostrar que fatos ou coisas que parecem iguais ou
semelhantes, na verdade, são diferentes quando examinados pela razão. A capacidade
racional de compreender diferenças em coisas nas quais parece haver identidade e
semelhança, chama-se análise (palavra grega que significa ação de desligar, separar,
resolução de um todo em suas partes).
No tocante a história da Grécia [4] é válido salientar que essa costuma ser dividida pelos
historiadores em quatro grandes fases ou épocas:
1. A da Grécia homérica, correspondente aos 400 anos narrados pelo poeta Homero, em seus
dois grandes poemas, Ilíada e Odisseia;
2. A da Grécia arcaica ou dos sete sábios, do século VII ao século V a.C., quando os gregos
criam cidades como Atenas, Esparta, Tebas, Megara, Samos etc., com predominância da
economia urbana, baseada no artesanato e no comércio;
3. A da Grécia clássica, nos séculos V e IV a.C., quando a democracia se desenvolve, a vida
intelectual e artística entra no apogeu e Atenas domina a Grécia com seu império comercial e
militar;
4. E, finalmente, a da época helenística, a partir do final do século IV a.C., quando a Grécia
passa para o poderio do império de Alexandre da Macedônia e, depois, para as mãos do
Império Romano, terminando a história de sua existência independente.
Os períodos da Filosofia não correspondem exatamente a essas épocas, já que ela não existe
na Grécia homérica e só aparece nos meados da Grécia arcaica. Entretanto, o apogeu da
Filosofia acontece durante o apogeu da cultura e da sociedade grega; portanto, durante a
Grécia clássica.
1. Período pré-socrático ou cosmológico, do final do século VII ao final o século V a.C., - a
origem do mundo e as causas das transformações na natureza.
3. Período sistemático, do final do século IV ao final do século III a.C., - busca reunir e
sistematizar tudo quanto foi pensado sobre a cosmologia e a antropologia; busca mostrar o
objeto do conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamento e de suas
demonstrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e da
ciência.
4. Período helenístico ou greco-romano, do final do século III a.C. até o século VI d.C. Esse
período alcança Roma e o pensamento dos primeiros padres da Igreja. A Filosofia se ocupa,
sobretudo, com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o
homem e a natureza e de ambos com Deus.
Pode-se perceber que os dois primeiros períodos da Filosofia grega têm como referência o
filósofo Sócrates de Atenas, de onde vem a divisão em Filosofia pré-socrática e socrática.
1. Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito
de Éfeso;
2. Nega que o mundo tenha surgido do nada, como acredita a religião judaico-cristã, segundo
a qual Deus cria o mundo do nada. Por isso diz: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”.
Isso significa:
b) que no mundo, ou na natureza, tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer,
embora a forma particular que uma coisa possua desapareça com ela, mas não sua matéria.
3. Afirma que o mundo é eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é
invisível para os olhos do corpo e visível somente para o olho do espírito, isto é, para o
pensamento.
4. Entende que o mundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo brota e para onde
tudo retorna é o elemento primordial da natureza e chama-se physis (em grego,physis = fazer
surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir). A physis é a natureza eterna e em perene
transformação.
5. Considera que, embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá
origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao contrário
do princípio gerador, são perecíveis ou mortais.
6. Afirma que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são seres em
contínua transformação, mudando de qualidade (por exemplo, o branco amarelece, acinzenta,
enegrece; o novo envelhece, o quente esfria, o dia se torna noite, a primavera cede lugar ao
verão, o saudável adoece, a criança cresce etc.) e mudando de quantidade (o pequeno cresce
e fica grande, o longe fica perto, um rio aumenta de volume na cheia e diminui na seca etc.).
Portanto, o mundo está em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e
sua estabilidade.
Veja-se, por exemplo, o que pensavam alguns dos filósofos: Tales dizia que o princípio era a
água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas;
Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era o fogo;
Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante.
Dessa forma, teremos, já neste primeiro módulo de estudo, uma visão holística sobre os
caminhos que percorremos nos módulos seguintes.
De se registrar que foi dada maior atenção à Filosofia Grega uma vez que é daí que partem os
demais filósofos, inclusive aqueles que realizarão, na Idade Média, uma releitura dos filósofos
que sucederam Sócrates.
Como todas as outras criações e instituições humanas, a Filosofia está na História e tem uma
história.
Tem uma história: as respostas, as soluções e as novas perguntas que os filósofos de uma
época oferecem tornam-se saberes adquiridos que outros filósofos prosseguem ou,
frequentemente, tornam-se novos problemas que outros filósofos tentam resolver, seja
aproveitando o passado filosófico, seja criticando-o e refutando-o. Além disso, as
transformações nos modos de conhecer podem ampliar os campos de investigação da
Filosofia, fazendo surgir novas disciplinas filosóficas, como também podem diminuir esses
campos, porque alguns de seus conhecimentos podem desligar-se dela e formar disciplinas
separadas.
Pelo fato de estar na História e ter uma história, a Filosofia costuma ser apresentada em
grandes períodos que acompanham, às vezes de maneira mais próxima, às vezes de maneira
mais distante, os períodos em que os historiadores dividem a História da sociedade ocidental.
Assim, os principais períodos da Filosofia são: Filosofia Antiga, Filosofia Patrística, Filosofia
Medieval, Filosofia da Renascença, Filosofia Moderna, Filosofia da Ilustração ou Iluminismo e
Filosofia Contemporânea.
A Filosofia Antiga (século VI A.C. ao século VI D.C) compreende os quatro grandes períodos
da Filosofia greco-romana, indo dos pré-socráticos aos grandes sistemas do período
helenístico, mencionados linhas acima.
A Filosofia Patrística (século I ao século VIII) inicia-se com as Epístolas de São Paulo e
o Evangelho de São João e termina no século VIII, quando teve início a Filosofia medieval.
A patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos
primeiros padres da Igreja para conciliar a nova religião - o Cristianismo - com o pensamento
filosófico dos gregos e dos romanos, pois somente com tal conciliação seria possível
convencer os pagãos da nova verdade e convertê-los a ela. A Filosofia patrística liga-se,
portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da religião cristã contra os ataques
teóricos e morais que recebia dos antigos.
Divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina (ligada à Igreja de
Roma) e seus nomes mais importantes foram: Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes,
Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de
Sevilha, Santo Agostinho, Beda e Boécio.
Para impor as ideias cristãs, os padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas por
Deus (através da Bíblia e dos santos) que, por serem decretos divinos, seriam dogmas, isto é,
irrefutáveis e inquestionáveis.
2. Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé (diziam eles: “Creio
para compreender”).
3. Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu
campo próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se refere a tudo o que
concerne à vida temporal dos homens no mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação da
alma e à vida eterna futura).
No tocante à Filosofia Medieval (século VIII ao século XIV) saliente-se que essa abrange
pensadores europeus, árabes e judeus. É o período em que a Igreja Romana dominava a
Europa, ungia e coroava reis, organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais,
as primeiras universidades ou escolas. A partir do século XII, por ter sido ensinada nas
escolas, a Filosofia medieval também é conhecida com o nome de Escolástica.
A Filosofia medieval teve como influências principais Platão e Aristóteles, embora o Platão
que os medievais conhecessem fosse o neoplatônico (vindo da Filosofia de Plotino, do século
VI d.C.), e o Aristóteles que conhecessem fosse aquele conservado e traduzido pelos árabes.
A diferença e a separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo), a diferença entre
razão e fé (a primeira deve subordinar-se à segunda), a diferença e a separação entre corpo
(matéria) e alma (espírito), O universo como uma hierarquia de seres, em que os superiores
dominam e governam os inferiores (Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais,
minerais), a subordinação do poder temporal de reis e barões ao poder espiritual de papas e
bispos: eis os grandes temas da Filosofia medieval.
Outra característica marcante da Escolástica foi o método por ela inventado para expor as
ideias filosóficas, conhecida como disputa: apresentava-se uma tese e esta devia ser refutada
ou defendida por argumentos tirados da Bíblia, de Aristóteles, de Platão ou de outros padres
da Igreja.
Assim, uma ideia era considerada uma tese verdadeira ou falsa dependendo da força e da
qualidade dos argumentos encontrados nos vários autores. Por causa desse método de
disputa - teses, refutações, defesas, respostas, conclusões baseadas em escritos de outros
autores -, costuma-se dizer que, na Idade Média, o pensamento estava subordinado ao
princípio da autoridade, isto é, uma ideia é considerada verdadeira se for baseada nos
argumentos de uma autoridade reconhecida (Bíblia, Platão, Aristóteles, um papa, um santo).
Os teólogos medievais mais importantes foram: Abelardo, Duns Scoto, Escoto Erígena, Santo
Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham, Roger Bacon,
São Boaventura. Do lado árabe: Avicena, Averróis, Alfarabi e Algazáli. Do lado judaico:
Maimônides, Nahmanides, Yeudah bem Levi.
A Filosofia da Renascença (século XIV ao século XVI) é marcada pela descoberta de obras de
Platão desconhecidas na Idade Média, de novas obras de Aristóteles, bem como pela
recuperação das obras dos grandes autores e artistas gregos e romanos.
Nesse período predominaram algumas linhas de pensamento, dentre elas podemos elencar
as seguintes:
A respeito da Filosofia Moderna (século XVII a meados do século XVIII) esclareça-se que esse
período, conhecido como o Grande Racionalismo Clássico, é marcado por três grandes
mudanças intelectuais:
Por derradeiro, com relação à Filosofia Contemporânea registre-se que essa abrange o
pensamento filosófico que vai de meados do século XIX e chega aos nossos dias. Esse
período, por ser o mais próximo de nós, parece ser o mais complexo e o mais difícil de definir,
pois as diferenças entre as várias filosofias ou posições filosóficas nos parecem muito
grandes porque as vemos surgir diante de nós.
Exercício 1:
Exercício 1
Considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa que contenha apenas as assertivas que são corretas.
1) A Filosofia se volta para as questões humanas no plano da ação, dos comportamentos, das ideias, das
crenças, dos valores e, portanto, preocupa-se com as questões morais e políticas.
2) O ponto de partida é a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se
a si mesmo e, portanto, capaz de reflexão. Reflexão é a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para
conhecer-se; é a consciência conhecendo-se a si mesma como capacidade para conhecer as coisas, alcançando
o conceito ou a essência delas.
3) A preocupação se volta para estabelecer procedimentos capazes de permitir ao homem encontrar a
verdade. O pensamento deve oferecer a si mesmo caminhos próprios, critérios próprios e meios próprios
para saber o que é o verdadeiro e como alcançá-lo em tudo que é investigado.
4) A Filosofia está voltada para a definição das virtudes morais e das virtudes políticas, tendo como objeto
central de suas investigações a moral e a política; isto é, as ideias e as práticas que norteiam os
comportamentos dos seres humanos tanto como indivíduos quanto como cidadãos.
A)
B)
C)
D)
E)
Comentários:
Exercício 2:
Exercício 2
“[...] se em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas ideias, gostos,
preferências e valores, preferisse analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que
é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Alguém que
tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo [...] Ao
tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos
no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos
sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude
filosófica. Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é Filosofia?” poderia ser: A
decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações,
os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes
havê-los investigado e compreendido” (CHAUÍ, M. Convite è Filosofia. Introdução).
De acordo com o texto, qual das seguintes atitudes seria uma atitude filosófica?
A)
A) Fico sentado diante de uma flor para observar cada detalhe.
B)
B) Leio um livro para me distrair e não entendo o que o autor quer dizer com a palavra
“altruísmo”.
C)
D)
E)
Comentários:
Exercício 3:
Exercício 3
Quanto a Filosofia como um fato tipicamente grego considere as assertivas abaixo e
assinale a alternativa que contenha apenas as assertivas que são incorretas.
I - A antiga Grécia deu origem a Filosofia como aspiração ao conhecimento racional, lógico e
sistemático da realidade natural e humana, que se ocupa da origem e das causas do mundo,
de suas transformações, das ações humanas e do próprio pensamento.
III - Não podemos dizer que outros povos, tão antigos quanto os gregos, como os chineses,
os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da
América não possuíam sabedoria, como possuem até os dias de hoje.
A)
A) Apenas a I.
B)
B) Apenas a II.
C)
C) Apenas a III.
D)
D) Apenas a IV.
E)
Exercício 4:
Exercício 4
Considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa que que contenha as assertivas que
complementem, corretamente, a frase a seguir: “A Filosofia surge quando alguns gregos...”.
A)
A) Apenas a I.
B)
B) Apenas a I e a II.
C)
C) Apenas a I e a III.
D)
E)
Exercício 5:
Exercício 7
A)
B)
C)
C) período pré-socrático, período socrático, período sistemático, período helenístico.
D)
E)
Comentários:
Exercício 6:
Exercício 8
A)
A) o lobo.
B)
B) a raposa.
C)
C) a coruja.
D)
D) o leão.
E)
E) a águia.
Comentários:
Exercício 7:
Exercício 12
Considere as assertivas abaixo e assinale a alternativa que contenha as assertivas que são
incorretas.
IV – Antes de ser dominada por Roma a Grécia foi dominada pelo Império Macedônio, sob a
autoridade de Alexandre o Grande.
A)
A) I e II
B)
B) I e III
C)
C) I e IV
D)
D) II e III
E)
E) II e IV
Comentários:
Exercício 8:
A)
B)
C)
D)
E)
Comentários:
Exercício 9:
A)
Estética
B)
Lógica
C)
Teoria do conhecimento
D)
Sociologia
E)
Ética
Comentários:
Exercício 10:
Sobre a relação da filosofia com demais formas de conhecimento, é correto afirmar que:
A)
B)
A filosofia não se equipara à ciência, pois apresenta uma reflexão crítica sobre os
procedimentos e os conceitos científicos.
C)
D)
E)
Não existe nenhuma relação entre filosofia e demais formas de conhecimento na sociedade.
Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
Exercício 11:
A)
B)
A filosofia não atribui um papel importante para a dúvida, pois busca produzir um
conhecimento sem qualquer tipo de questionamento.
C)
A filosofia rejeita a dúvida dianta da incerteza que ela gera na produção do conhecimento.
D)
E)
Comentários:
Exercício 12:
A)
B)
D)
E)
Comentários:
Exercício 13:
Exercício 6
PORQUE
I – Esse filósofo professava que embora a sabedoria plena pertenciam aos deuses era
possível que os homens a alcançassem em sua plenitude
A)
A) A primeira assertiva é verdadeira e a segunda assertiva é falsa.
B)
C)
D)
E)
Comentários:
Exercício 14:
A)
B)
C)
O início da filosofia se relaciona com a experiência da Grécia Antiga, mas se vinculava com as
tradições mitológicas.
D)
E)
Comentários:
Exercício 10
A)
B)
C)
D)
E)
E) não admite, em nenhuma hipótese, a fixação de premissas básicas, tendo em vista que
essas podem sempre ser desconstruídas em virtude dos novos conhecimentos adquiridos
em decorrência da investigação filosófica.
Comentários:
Exercício 9
I – Sobre a atitude filosófica, que se subdivide em duas fases, é correto afirmar que se trata
da apreciação distanciada do objeto de reflexão.
III – A segunda fase da atitude filosófica é negativa, ou seja, nega-se todo e qualquer padrão
que esteja pré-estabelecido, buscando-se, dessa forma, construir as premissas de
determinada investigação sem qualquer interferência do senso comum.
A)
A) I e II
B)
B) I e III
C)
C) I e IV
D)
D) II e III
E)
E) II e IV
Comentários:
Exercício 17:
Exercício 5
III - É permitir-se a uma interrogação sobre o porquê de tudo de sobre nós mesmos, uma
interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Porque é?
Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
A)
A) Apenas a I.
B)
B) Apenas a II.
C)
C) Apenas a III.
D)
D) Apenas a II e a IV.
E)
E) Apenas a IV.
Comentários:
Exercício 18:
Exercício 11
A)
B)
C)
D)
D) tendência à racionalidade, recusa de explicações pré-estabelecidas, recusa à
argumentação e ao debate, capacidade de individualização, capacidade de diferenciação.
E)
E) tendência à racionalidade, recusa de explicações pré-estabelecidas, tendência à
argumentação e ao debate, capacidade de individualização, capacidade de diferenciação.
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