O desenho pode ser definido como a interpretação da
qualquer realidade visual, emocional, intelectual, etc. através da representação gráfica. Aprender a desenhar baseia-se em conhecer e dominar a gramática e a sintaxe da linguagem visual, empregada na representação, ou seja, conhecer e dominar os elementos que são utilizados quando se faz um trabalho visual. O desenho é a base para qualquer trabalho visual, bi ou tridimensional, e é por isso que seu domínio se torna indispensável para qualquer área do conhecimento que tenha como prioridade a criação. O desenho de observação é um meio para conhecer os elementos da representação e depois dominá-los, mas é importante não confundir o desenho com o desenho de observação. A representação realista num espaço de papel é somente parte do universo do desenho, pois, através do desenho, podemos usar os pontos, linhas e espaços da linguagem gráfica para comunicar impressões da realidade, sejam elas visuais, emocionais, psicológicas ou intelectuais. O desenho de observação é, sobretudo, um meio para adquirir o domínio sobre os fundamentos do desenho (que não são regras), sobre a percepção visual e sobre o espaço no qual se desenvolveu o resultado, seja ela bi ou tridimensional, e levamos a conhecer todos os elementos que compõe a linguagem gráfica. É um meio para se conhecer a linguagem da arte visual, através de uma investigação da realidade plástica à nossa volta, e para que cada um conheça sua própria maneira de lidar com essa linguagem. No exercício do desenho de observação desenvolve-se o pensamento analógico e concreto, o senso de proporção, espaço, volume e planos.A sensibilidade e a intuição são aguçadas enquanto se passa a usar melhores os outros elementos da linguagem gráfica: textura,linha,cor, estrutura e composição O exercício do desenho realista permite adquirir o domínio de todos os elementos da linguagem visual e gráfica, que é essencial para a interpretação da realidade com total liberdade. Proporciona-lhe a liberdade de exercer a sua criatividade como quiser. Com este domínio, o modo de interpretação é sempre o resultado de uma opção. Sem esse domínio, a criatividade é sempre limitada. Veremos que o domínio do desenho não depende de habilidade manual, nem de conhecimento de técnicas, tampouco de um olhar diferenciado. Depende de um pensamento diferente. Para poder ver de uma maneira adequada para desenhar, é necessário pensar de uma maneira adequada, diferente do modo utilizado no dia a dia. . Esse pensamento diferenciado acaba sendo aplicado em outras atividades tanto pessoais como profissionais, sendo mais crítico à sua realidade, mais sensível e mais criativo, de forma geral. Estudos recentes, iniciados pelo Dr. R. W. Sperry, no Califórnia Institute of Technology, e, continuado em várias universidades do mundo inteiro, indicam como o ser humano pensa. A professora Betty Edwards utilizou esses estudos para crier o conceito “Desenhando com o lado direito do cérebro” no seu livro Drawing on the Rigth Side of the Brain. Este estudo ajudou muito no desenvolvimento da aprendizagem do desenho de observação, porque realmente precisamos usar os atributos localizados no lado direito do cérebro para desenhar realisticamente. No entanto os atributos do lado esquerdo também desempenham um papel importante no desenho. Quando desenhamos precisamos pensar concretamente e não como de costume, simbolicamente ou abstratamente. Queremos saber como são as coisas visualmente e não o que representam. Normalmente, avistamos alguns detalhes significativos que nos dão as informações mínimas de que precisamos para decifrar aquilo que estamos vendo. Quando desenhamos, essas informações são insuficientes, então precisamos ver mais concretamente. No nosso dia a dia o pensamento lógico e racional é o que predomina. No entanto, no desenho, o emprego da lógica pode levar a conclusões completamente errôneas. A prática do desenho é, por exelência, a prática do pensamento analógico, ou seja, de comparações. Comparam-se diferentes tamanhos, espaços e formas, claros e escuros. O desenho é feito de contrastes. É dessa forma que decodificamos o mundo tridimensional e o interpretamos de forma bidimensional. O desenho também desenvolve a expressão, a sensibilidade e a intuição. Para quem está desenhando, é o processo no qual está envolvido que é importante e não o produto que resulta desse processo. Para o desenhista o prazer esta no fazer o desenho e não no resultado. Sendo assim, não se deve preocupar com o desenho acabado, mas com o processo de aprendizagem e descobrimento. Deve-se preocupar com o entendimento e o domínio dos elementos que formam o trabalho visual, e ai o produto será uma conseqüência natural desse domínio. Preocupar-se com o resultado é conseqüência do domínio dos atributos do lado esquerdo do cérebro. O lado direito trabalha com outros atributos, menos importantes para nossas atividades diárias: analogia, síntese, intuição, conceitos concretos, espaciais, geométricos e holísticos. O lado direito também é o lado musical. Portanto, o desenho de observação e a música também são o que melhor desenvolve esse tipo de pensamento. Quando o pensamento utilizado no desenho é transferido para outras atividades, há um ganho imenso no número de informações obtidas e codificadas que podem ser utilizadas junto com as informações obtidas pelo lado esquerdo do cérebro para se chegar a conclusões melhores. Quando o desenho é usado para desenvolver a percepção, a sensibilidade e os atributos do lado direito do cérebro os resultados são obtidos rapidamente. No entanto, quando o objetivo é o domínio do desenho, o processo é mais lento, porque é necessário desenhar muito, repetindo várias vezes o exercício que é sugerido, até conseguir primeiro o domínio dos fundamentos e depois das técnicas.