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FACULDADE ANHANGUERA DE SÃO LUIZ

CURSO DE PSICOLOGIA – MATUTINO


DISCIPLINA: HISTÓRIA DA PSICOLOGIA

RESUMO

São Luís

MA – Brasil
2023

Resumo

Sócrates (470 ou 469-399 a.C.) foi uma figura ímpar na história da Filosofia. Sócrates leva a Filosofia
ao antropocentrismo, o que, literalmente, significa “o homem no centro”. Ao assumir para si o lema
lido no Oráculo de Delfos – “Conhece-te a ti mesmo” –, Sócrates direciona a Filosofia para a
compreensão de si e, portanto, do ser humano. Aquela busca sobre a verdade da natureza e do
Universo tornou-se uma busca da verdade sobre o próprio homem. O conhecimento de si é que seria o
verdadeiro conhecimento. Esse movimento de olhar para dentro de si em busca de uma verdade é
chamado de introspecção. Sócrates acreditava que as pessoas traziam consigo o conhecimento, mas
era preciso superar a ilusão da verdade para se chegar à verdade. Para isso, Sócrates questionava
sistematicamente seus interlocutores até perceber que eles, na verdade, não sabiam o que afirmavam
saber.

O método de questionamento utilizado por Sócrates envolve alguns conceitos criados por ele. O
primeiro é o da ironia. A ironia utilizada por Sócrates consiste em demonstrar ignorância quando, na
verdade, tem conhecimento sobre o assunto. Sócrates também se considerava um “parteiro da
verdade”. Essa atividade é chamada de maiêutica e se realiza através de perguntas que vão, pouco a
pouco, descontruindo as certezas e obrigando a pessoa a pensar por conta própria. Certa vez, com suas
perguntas, fez com que um escravo deduzisse operações matemáticas complexas que nunca tinha
aprendido. Assim se configura o chamado questionamento socrático (PLATÃO, 1999). O debate
socrático teve um impacto muito grande na Filosofia, nas Ciências e no pensamento de forma geral.
Todas as atividades que envolvam diálogo, debate e retórica podem ser influenciadas por técnicas
inspiradas em questionamento socrático.

A ideia de imortalidade da alma humana já era abordada por outros filósofos mas, com Sócrates, uma
semente – entre tantas outras – foi plantada no seu mais ilustre discípulo: Platão.

Platão (428 ou 427-348 ou 347 a.C.) é um dos pensadores mais influentes da nossa cultura ocidental.
Platão concordava com praticamente tudo o que Sócrates dizia. Aliás, foi ele quem mais relatou as
falas e ações de Sócrates em suas obras. Compartilhava, portanto, da ideia de que o conhecimento
vinha do próprio sujeito. Mas como isso acontecia? Partindo da noção de imortalidade da alma, Platão
acreditava que a alma é que trazia o conhecimento para a pessoa. Como a alma é imortal, mas o corpo
é mortal, Platão supunha que a alma já existia antes do corpo em outro lugar de onde trazia o
conhecimento. Esse é o conceito de reminiscência da alma. Dessa doutrina, derivam as teorias
inatistas, ou seja, aquelas que consideram que o conhecimento nasce com as pessoas.

Inatismo é uma doutrina que defende a posição de que as ideias nascem naturalmente com as pessoas.
Para Platão, ele viria de um mundo superior ao nosso, onde habitam as ideias eternas, perfeitas e
imutáveis que são a fonte original de todas as coisas do nosso mundo. As coisas que podemos
perceber na nossa realidade são apenas projeções ou sombras desse mundo perfeito. Como Platão
chegou a essa proposta aparentemente tão diferente? Você se lembra dos filósofos pré-socráticos, não
é? Pois bem, há dois nomes em especial que levam Platão a criar uma teoria muito própria. São
justamente os dois mais opostos possíveis: Heráclito e Parmênides. A proposta de Platão é de
considerar que os dois têm sua parcela de razão. Podemos ver que as coisas mudam o tempo todo e,
no entanto, também é possível perceber que, de alguma forma, a identidade delas permanece, mesmo
com a mudança.

Platão busca, então, conciliar essas duas compreensões sobre o ser. Para isso, ele entende que a
realidade se divide em dois diferentes mundos: o mundo sensível e o mundo suprassensível ou
mundo das ideias. O sensível é o mundo onde tudo muda. O suprassensível é o mundo estável e
imutável.

O mundo sensível, conforme o significado da palavra, é aquele a que podemos ter acesso através de
nossos sentidos. Portanto, qualquer coisa que possa ser vista, ouvida, tocada, degustada ou cheirada
faz parte do mundo sensível. Esse mundo é acessível a qualquer um, independentemente de seu estudo
ou inteligência. Platão o considera, portanto, inferior. Já o mundo suprassensível ou, como é mais
conhecido, mundo das ideias, só pode ser acessado pela razão, pois é preciso enxergar além da
obviedade das coisas e encontrar as ideias essenciais das coisas. Esse é um conhecimento superior.

É assim que Platão diferencia corpo de alma. O corpo pertence ao mundo sensível, enquanto a alma
pertence ao mundo suprassensível. Em linguagem científica, podemos afirmar que Platão se referia à
mente humana, fenômeno também de interesse da Psicologia. Sobre a alma, ele identifica três
faculdades principais: a sensível, a afetiva e a racional. Elas correspondem, respectivamente, às
características humanas da percepção, emoções e razão. Isso configura um pensamento psicológico
presente na filosofia de Platão.

Assim como Platão foi discípulo de Sócrates, houve um discípulo de Platão que também se destacou
bastante. O nome dele é Aristóteles (384-322 a.C.) e, diferentemente da relação entre Sócrates e
Platão, Aristóteles passa a discordar de Platão em sua compreensão filosófica. A principal
discordância de Aristóteles com relação a Platão é que ele não menospreza a importância dos
sentidos. Aristóteles acredita que os sentidos sejam necessários para aprender as informações sobre as
coisas do mundo. Aristóteles escreveu obras de forma bastante sistemáticas. É tido, portanto, como
um precursor do pensamento científico, pois dessa forma ressalta a importância do método rigoroso
na pesquisa. Aristóteles defende a observação do mundo como um primeiro passo para o
conhecimento (ABRÃO, 1999).

Para Aristóteles, corpo e alma eram inseparáveis. Ele não separava a realidade da mesma forma que
Platão, mas entendia que existiam coisas concretas, sensíveis e, ao mesmo tempo, coisas que não
podem ser percebidas com os sentidos. Segundo ele, há uma diferenciação entre a forma e a matéria.
No entanto, elas são interdependentes, pois não há matéria sem forma e não há motivo de se existirem
formas sem que elas se tornem reais. A denominação utilizada por ele é a de potência e ato. Algo pode
ser possível em potência, mas precisa se tornar ato para ser real.

Essa também é uma concepção muito importante para a Psicologia, pois demonstra que há uma
diferenciação entre o possível e o realizado. Aristóteles identifica a presença da alma em todos os
seres vivos, incluindo as plantas. Aristóteles escreveu um tratado que vai influenciar a cultura
ocidental diretamente por mais de um milênio pela frente. Nesse tratado sobre a alma, ele descreve
quais são as potências da alma, além de abordar vários outros temas que hoje são parte integrante do
mundo da Psicologia, como os sentidos, as sensações, a memória e a associação, o sono, a insônia etc.
Se a alma tem “potências”, então você entende que ela precisa ter as condições necessárias para se
tornar ato, certo? Assim como a semente precisa delas para virar árvore, o que é preciso para que uma
potência da alma seja realizada? Sua resposta é a educação. A educação dá forma à matéria e
desenvolve as potencialidades. Aristóteles aqui demonstra um gérmen do que será no futuro o
pensamento empirista, ou seja, um pensamento que acredita que o conhecimento vem da experiência.

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