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CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO

ALUNO: MARIA DO SOCORRO ANDRADE SILVA RA:8161073


CURSO: FILOSOFIA E PSICANÁLISE

RESENHA

PROFESSOR: ALESSANDRO REINA

VOLTA REDONDA
2022

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Filosofia e Psicanálise

O estudo da mente e seu funcionamento, assim como o estudo do


comportamento humano, não é um fato novo no campo da pesquisa. Isso porque
esses estudos estiveram sob a supervisão da filosofia até o final do século XIX,
por volta de 1879, quando Wilhelm Wund de Leipzig, Alemanha, com base em
estudos teóricos, passou a estudar a psicologia como o estudo do
comportamento humano e dos processos mentais científicos.
Notamos que a filosofia ocidental se concentrou no estudo do
pensamento e comportamento humano ao longo de sua história de 2.600 anos
e em vários períodos históricos. Além da filosofia ocidental, há relatos de
pesquisas no antigo Extremo Oriente de países como China, Índia, Egito e
Pérsia. Aparentemente, os antigos filósofos gregos entendiam a razão e a fé
como dois discursos distintos que coexistiam ao longo da filosofia antiga.
A filosofia desde o início enfatizou o estudo da natureza e seus
fenômenos, enquanto Sócrates introduziu questões relacionadas à alma e a
moral. Platão, discípulo de Sócrates, trouxe fortes evidências de sua obra A
República para o estudo da alma humana e nosso comportamento. Vale
observar que, para Platão, corpo e alma são diferentes e, como tal, ele se
destacou nos temas dualistas que há muito influenciaram a filosofia,
especialmente na modernidade do racionalismo cartesiano. Esse conhecimento
da alma também aparece em outros escritos de Platão, mais proeminentemente
em Diálogo com Fédon, no qual Platão estudou a dualidade entre corpo e alma.
A "teoria da oposição", segundo ele, tudo o que existe no universo segue
as regras opostas, então o calor se opõe ao frio, a tristeza se opõe à felicidade,
a matéria se opõe à alma. Segundo Platão, corpo e alma têm propriedades
diferentes. O corpo é sinônimo de instabilidade material, imperfeição e efêmero,
enquanto a alma é sinônimo de perfeição e eternidade, que é imaterial. O estado
mental é um atributo da imaterialidade da alma, que realmente "ativa o corpo",
ou seja, dá vida.
Tanto que no diálogo do Fédon, Platão enfatizou que a morte nada mais
é do que o fim do corpo, a matéria, pois a alma permanecerá viva porque é
perfeita e imortal. O próprio conhecimento é chamado de "recordação" por

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Platão, isto é, "recordação". O corpo pertence à realidade sensorial, enquanto a
alma se origina do mundo das ideias. Por ter se originado no mundo das ideias,
a alma possui todos os conhecimentos possíveis, mas sofre um processo de
esquecimento na encarnação, efeito da finitude e das limitações do mundo
material.
Pois isso tem o caráter de memória e não de descoberta, já que a alma
entrou em contato com o conhecimento através do mundo das ideias. A frase
"Conhece-te a ti mesmo" impressa na frente do Templo de Delfos inspirou a
filosofia socrática, implicando implicitamente que o conhecimento reside na alma
e, portanto, o conhecimento não está fora de nós, mas dentro de nós mesmos.
A alma de Platão tem uma estrutura tripla. Na Fábula da Carruagem de
Platão, o condutor simboliza a primeira parte da alma, a razão. Ele deve liderar
e administrar o conflito que surge das outras duas partes da alma. Portanto, cabe
ao maestro governar as outras duas partes da alma, uma de natureza moral e
outra de natureza instintiva, buscando equilibrar essas posições.
Na Fábula da Carruagem, de Platão, encontramos um forte indício de que
a filosofia terá influência na psicanálise. Freud, que fundou a psicanálise, admite
que sua teoria da personalidade, na qual o aparelho psíquico consiste em três
instâncias, o id, o ego e o superego, foram decisivamente influenciados por
Platão e sua visão tripartite. Mesmo na Grécia antiga, Aristóteles, juntamente
com Platão, teve uma influência decisiva no estudo da mente humana. Assim, o
discípulo de Platão, Aristóteles, estudou por muitos anos em sua academia de
mestres. Mas quando examinamos o pensamento de Aristóteles e tudo o que
ele criou, podemos entender gradualmente as razões da rejeição de Platão.
Enquanto em Platão a natureza da alma é sempre vista como algo ligado
a outra realidade, diferente daquela em que vivemos, Aristóteles não negará o
estudo da realidade empírica, especialmente no que diz respeito à questão da
alma humana. Ao contrário de seu aluno, Platão considerava a realidade
empírica uma farsa, uma ilusão porque a verdade não estaria presente neste
mundo. Para entender o quanto Platão negligenciou a natureza racional do
conhecimento. Na alegoria da Caverna, Platão conta como os prisioneiros foram
acorrentados na escuridão da caverna. Existem diferentes interpretações do
mito, mas a visão de Platão e a desconfiança do conhecimento dos sentidos,

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que figuram as sombras na parede da caverna no mito está implícita. Por outro
lado, indica sua morada na certeza de conhecer por meios racionais e que a
alma é insensível, mas tem uma natureza intangível.
A filosofia de Aristóteles leva muito a sério a pesquisa empírica e,
portanto, em relação ao que Platão chamou de "o mundo sensível". Em De
Anima, que é sempre traduzido como "alma", Aristóteles define a alma como "a
primeira realidade do corpo natural que tem poder". Para Aristóteles, a psique
ou alma se refere a tudo em que há vida. Mas Aristóteles não associa apenas a
ideia de alma a qualidades como emoções e pensamentos que seriam
exclusivos dos humanos, ele busca algo que corresponda à afirmação que todos
os seres vivos possuem, respiração. Segundo Aristóteles, a alma não é algo
corpóreo, porque a morte do corpo tira a vida, e neste caso ela seria libertada da
alma. Uma pessoa morta perderia seu "potencial de vida" e não teria alma. Mas
a alma não é algo que existe à parte do corpo, como acreditava Platão, mas é
algo que dá vida, que anima o corpo, que existe junto com o corpo e não algo
separado dele. Para Aristóteles, a alma seria a causa formal da matéria viva,
enquanto o corpo seria sua causa material.
No "Discurso do Método", Descartes afirma os princípios básicos da
pesquisa científica moderna, a divisão do método, ou seja, investigação
processual, que se inicia com etapas, nomeadamente provas. Descartes propõe
o dualismo em sua filosofia, separando radicalmente o corpo da alma. Embora
Descartes percebesse a diferença entre o corpo e a alma, ele não entendia o
corpo como um mero instrumento da alma, como pensava Platão. Embora corpo
e alma tenham naturezas diferentes para Descartes, a vida se dá pela complexa
relação entre eles. Ele também difere de Aristóteles por considerar a alma como
uma propriedade apenas do homem, que os animais e as plantas, por exemplo,
não possuem. Como o pensamento realmente existe, é natural que haja alguém
que seja portador desse pensamento, o eu, o ser que pensa. O eu cartesiano é
o lugar principal o qual denominamos consciência, mente ou alma, que as
pessoas preferem chamar de espírito. O corpo busca informações através da
percepção, mas não é o corpo que sente, mas o eu que sente. Um estado em
que os sentidos enganam e a mente é facilmente enganada e o sonho não pode
desviar-se da realidade, ou seja, embora o argumento de Descartes assuma a

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existência de um "eu pensante", o conteúdo desse pensamento é "Postauretus
não” aceitar-me como completamente verdadeiro. O problema da existência do
mundo, ou seja, se é real ou parte de uma simulação, já foi palco de muitas
discussões. O puramente intelectual se refere à alma, enquanto o material se
refere ao corpo. Do ponto de vista de Descartes, a separação do corpo e da alma
pressupõe a construção mecânica do corpo. O corpo funcionaria como uma
máquina, onde tudo funcionaria de forma harmoniosa e previsível.
A propriedade do corpo é dimensão porque tem um lugar no espaço, tem
comprimento, largura e profundidade, enquanto a propriedade da alma é
pensada. O puramente intelectual é atribuído à alma, enquanto o material ao
corpo, e é considerado “existência” para ambos. Enquanto o intelecto trata de si
mesmo, considerando as ideias em si, a imaginação volta-se para o corpo,
formando-se a partir dos dados recebidos pelos sentidos, pois a imaginação não
ocorre sem a concretização de uma ideia, mesmo que não seja exatamente
idêntica, são os traços reais do objeto. Não estamos apenas no corpo, como o
piloto em seu avião, mas também estamos intimamente ligados a ele, e tão
confuso que formo uma essência com ele. Porque, na realidade, todos esses
sentimentos de fome, sede, dor etc., são apenas formas confusas de pensar que
surgem e dependem da conexão e, por assim dizer, da mistura de mente e corpo.
Embora corpo e alma estejam conectados, Descartes claramente quer separá-
los. O corpo é uma substância corpórea e divisível, enquanto a alma é uma
substância incorpórea e indivisível. Para Descartes isso não significa apenas a
separação do corpo e da mente do conhecimento de uma terceira substância,
pelo contrário, corpo e alma são uma unidade, funcionam harmoniosamente
como um todo, mas são divididos em partes. Essa ideia de entender corpo e
mente como uma união de partes relaciona-se diretamente com o conceito
cartesiano de método, confirmando inclusive a ideia de que a mente é mais fácil
de sentir do que o corpo.

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Fenomenologia e Psicanálise

A fenomenologia é um campo da filosofia que surgiu na segunda metade


do século XIX com a proposta de criar um estudo da consciência humana que
se concentra na descrição, compreensão e interpretação dos fenômenos
apresentados para observação. Seu objetivo é alcançar imediatamente a
intuição das essências, ou seja, o conteúdo inteligível e ideal dos fenômenos. A
fenomenologia torna-se a base para o surgimento da psicologia como ciência
que estuda os estados de consciência e comportamento humano. Os estudos
começaram com Franz Brentano, que desenvolveu seu pensamento filosófico
com foco no que chamou de ciência dos fenômenos psíquicos, posteriormente
considerada psicologia. Na psicologia artificial de Brentani, a consciência torna-
se sinônimo dos atos mentais de compreender os objetos e como nossa
consciência os relaciona. Por outro lado, na psicologia do ato de Brentani, a
consciência é sinônimo das ações psíquicas pelas quais o sujeito dá sentido aos
objetos de seu mundo relacional. Na psicologia, o mundo composto de
representações dos significados da experiência percebida é chamado de "campo
da percepção, campo da pessoa, campo do comportamento, campo do estado
de vida individual e fenômeno". Enquanto o pensamento de Aristóteles definiu
os fundamentos de uma possível psicologia na antiguidade, a psicologia aparece
com Brentano em uma estrutura moderna. A ciência da vida psíquica interior dos
homens, tem como objetivo determinar minuciosamente os elementos da
consciência humana e a relação entre eles.
Se a abordagem fenomenológica incluiria o estudo das operações
mentais na relação entre a consciência do sujeito e o mundo, a psicofísica
deveria abordar os estados físico-químicos com elementos que influenciam o
processo comportamental. Tal abordagem também encontra seu significado nas
teorias da psicologia comportamental moderna, onde diversas doenças mentais
recebem, além do tratamento medicamentoso, que seria eficaz no tratamento
das funções bioquímicas da mente, mas também um tratamento
psicoterapêutico que leva em conta a dinâmica humana.

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O contemporâneo de Brentano Wilhelm Wundt é considerado o pai da
psicologia moderna. Prolífico, Wundt publicou muitas publicações e alcançou
grande popularidade, conquista que ofuscou seu colega cientista Franz
Brentano, evocando sua persistência na imaginação intelectual nos cursos de
psicologia hoje, porque seu pensamento era tão importante quanto o nascimento
e a história do nascimento. as origens da psicologia moderna. Embora seja
mencionado em livros introdutórios de psicologia, Wundt parece ter se
preocupado muito mais com a criação do pensamento sistemático-filosófico em
suas obras do que simplesmente se concentrar nos pressupostos de uma ciência
emergente, no caso a psicologia. A psicologia parece ser apenas uma parte do
grande projeto filosófico de Wundt. Wundt foi principalmente um filósofo cujo
objetivo final era desenvolver um sistema metafísico universal - uma visão de
mundo - baseado nos resultados empíricos de todas as ciências específicas.
Wundt define a psicologia como uma ciência empírica cujo objeto de estudo é a
experiência medida ou imediata. Embora isso pareça uma afirmação simples, é
preciso primeiro entender o que Wundt quer dizer com "experiência imediata".
Isso ocorre porque nossa experiência externa é sempre mediada pelas
propriedades constitutivas do sujeito da experiência, enquanto a experiência
interna imediata não é mediada porque cada um de nós tem acesso à sua própria
experiência subjetiva.
Ao contrário, seu modo de conhecer é indireto e conceitual, pois o objeto
que permanece após a retirada de certos elementos da experiência imediata só
pode ser pensado conceitualmente. A partir de 1885, quando Freud conseguiu
terminar seu mestrado em neuropatologia, Freud teve a oportunidade de
trabalhar em Paris com o neurologista francês J.M. Charcot. Em 1897, Freud
dedicou-se ao estudo das neuroses, onde enfatizou a importância da natureza
sexual dos traumas infantis quando causam patologias psicológicas em seus
pacientes. E é a partir desse período que Freud começa a delinear a teoria do
"complexo de Édipo". Freud, não só ofereceu uma nova abordagem da mente e
dos fenômenos psíquicos, mas também causou uma ruptura com o método
tradicional da medicina clínica, tanto na forma, no desenho e na forma.
publicação de seus estudos.

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Teoria e Método Psicanalítico

A Psicanálise e a natureza do Inconsciente, metodologia terapêutica


desenvolvida por Sigmund Freud que explora o conteúdo inconsciente das
palavras, ações e/ou ser imaginário baseado na associação livre e na
transferência. É uma disciplina independente da psicologia, sem necessidade de
formação acadêmica para exercê-la. Para compreender a natureza da teoria e
do método psicanalítico, é importante que comecemos nossa investigação
falando sobre o conceito de inconsciente. O inconsciente não existe num lugar
anatômico, ele se localiza no psíquico. O inconsciente real como sistema é
irredutível à consciência. Não devemos confundir o inconsciente com o pré-
consciente, que pode se tornar consciente. Para Freud, o inconsciente consiste
em pensamentos instintivos com significados sexuais que podem armazenar
informações importantes relacionadas a traumas, bloqueios, frustrações e
desejos reprimidos. De acordo com as teorias de Freud, as doenças de origem
psicológicas surgem dos conteúdos reprimidos/recalcados do inconsciente.
Assim, os sintomas da doença mental seriam apenas uma espécie de
manifestação dos conteúdos suprimidos do inconsciente. Para Freud, usar esse
conteúdo inconsciente e torná-lo consciente pode proporcionar a cura para a
doença de uma pessoa. Esse método de ouvir e falar livremente representa o
que Freud chamou de associação livre, essencial para que ele abandonasse a
hipnose amplamente utilizada de Charcot para acessar o inconsciente. Para
Freud, o sonho é uma estrada real que tende a transmitir conteúdos reprimidos
à consciência, mas isso nunca acontece de forma direta, mas sempre metafórica
e simbolicamente.
O aparelho psíquico, ou simplesmente psique, é o nome do método
estrutural proposto por Freud. O ID é uma manifestação que contém conteúdo
instintivo e inconsciente que reflete a natureza psicobiológica da personalidade.
Para Freud, o ID representa conteúdo inconsciente, herdado e inato por um lado
e adquirido e reprimido por outro. Do ponto de vista "econômico", o Id é a fonte
de toda energia psíquica dentro do indivíduo e, do ponto de vista dinâmico, o Id
interage com as funções próprias e os aspectos da realidade externa que

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residem no superego. Do ponto de vista "funcional", o id baseia-se no "princípio
do prazer", ou seja, busca a satisfação instintiva dos desejos,
independentemente das circunstâncias da realidade. Agora o ego se desenvolve
desde o primeiro ano de vida, a separação das habilidades psíquicas da
realidade externa, e seu funcionamento é parcialmente consciente, parcialmente
pré-consciente e inconsciente.
Do ponto de vista funcional, o ego é regido por um "princípio de realidade"
capaz de regular os conflitos entre o eu do sujeito e sua realidade. O ego é um
sistema adaptativo que atua como uma espécie de intermediário entre o princípio
do prazer e o princípio da realidade. Este período é o momento em que
formamos nossa personalidade moral e social, sua função é atuar como uma
espécie de “juiz do ego”. Para Freud, a primeira parte da formação do superego
ocorre na primeira infância, onde o superego dos pais tem forte influência.
Durante a infância, o indivíduo alterna entre a satisfação do prazer e as punições
que causam dor.
Freud afirma que nossa mente é movida por desejos de natureza
desejante, ele afirma que há uma grande energia psíquica por trás dela, que
seria radicalmente diferente da sexualidade, a energia dos desejos sexuais. Ele
define a força como uma certa quantidade de energia que empurra em uma
determinada direção. Nesse contexto, as influências formadoras da libido não
têm realidade empírica, mas apenas valor teórico conceitual e heurístico. A libido
seria, portanto, o grande motor do id, constituindo nossa natureza primitiva,
desejante, que busca o prazer imediato sem a censura da realidade. Nesse
processo, as energias da natureza pulsante ficam à mercê do relacionamento e
das experiências que a criança compartilha com seus pais.
Segundo Freud, o complexo de Édipo é uma etapa importante no
desenvolvimento psicossexual dos meninos. O nome do complexo é inspirado
em uma lenda da mitologia grega. A história de Édipo era para Freud uma
referência ao conceito de cone sexual inconsciente, pelo qual o menino passa
na fase fálica. O complexo de Édipo está diretamente relacionado à castração,
que se deve à proibição associada à figura paterna, que pode desencadear um
mecanismo repressivo na primeira sexualidade. Encontrar um objeto de amor

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que surge da resolução dos sentimentos dos pais. Acesso a genitais que
possuem características e personalidades próprias.
O "complexo de Édipo" inicia-se com a fase fálica, mas termina com o
"complexo de castração", que marca a transição do indivíduo para a fase de
latência. O complexo de castração funcionaria em uma imagem mental onde há
uma "caída" do mundo, um fim à ingenuidade e à fantasia de que tudo é possível,
que todos os desejos podem ser realizados.
A teoria psicanalítica ensina que a personalidade é formada durante o
desenvolvimento psicológico de um indivíduo, com base em processos mentais
e relações parentais na primeira infância. Na estrutura chamada psicose, o
indivíduo encontra fora tudo o que deixa dentro. O psicótico tem dificuldade em
organizar seus processos psíquicos de acordo com o princípio de realidade, e o
ego e o superego acabam sendo prejudicados. Uma pessoa em estado
paranoico formula pensamentos, hipóteses e argumentos conspiratórios, nos
quais sempre parece ser perseguido ou uma possível vítima de perseguidores.
Na esquizofrenia, uma pessoa tem sérias dificuldades para distinguir entre o real
e o irreal. Um esquizofrênico pode ver coisas que não existem, imaginar,
alucinar, e pela dificuldade de reconhecer seu ego e sua posição no mundo,
pode ficar com medo, ou seja, não pode viver e trabalhar de acordo ao princípio
da realidade. Por outro lado, uma pessoa autista tende a interagir com o mundo
ao seu redor porque não consegue distinguir entre a realidade interna e a
realidade externa. Em outras palavras, uma pessoa autista percebe a realidade
como uma só, sem distinguir entre subjetivo e objetivo. Tudo o que atrapalha ou
prejudica é reprimido pelo indivíduo, e como tal conteúdo permanece oculto no
inconsciente, o sofrimento nunca é reconhecido, apenas sentido. Na histeria, a
pessoa se vira porque nunca consegue identificar o verdadeiro motivo de sua
decepção. Geralmente essas buscas se repetem em busca de um objeto ou
relação idealizada na qual o indivíduo deposita toda sua frustração, o que de fato
não resolve, mas apenas aprofunda a frustração. Com o TOC, a pessoa também
segue por conta própria, mas em vez de procurar algo fora para tentar aliviar sua
frustração, na verdade desenvolve uma tendência a organizar tudo ao seu redor.
Finalmente, o homem tende a abandonar seus prazeres em uma estrutura
chamada perversão.

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Quando Freud desenvolveu a psicanálise, percebemos que o método de
pesquisa se baseava no método terapêutico, o que criava uma profunda ligação
entre teoria e prática. "Esta novidade inesperada se manifesta de muitas formas,
de modo que vemos que o paciente, que não deseja nada mais do que encontrar
uma saída para seus conflitos dolorosos, desenvolve um interesse especial pela
personalidade do médico.”. No início do tratamento, o paciente sempre
demonstra um profundo interesse em tentar compreender melhor seus
problemas, inclusive começa a criar associações livres, por meio das quais o
analista pode obter muitas informações valiosas para compreender e interpretar
fenômenos psíquicos. relacionados ao paciente. problemas do paciente. Com o
tempo, porém, o paciente começa a resistir ao método terapêutico e desvia a
atenção de seu problema e dirige sua atenção para a figura do analista. Um
homem que se tornou normal em seu relacionamento com o médico e livre dos
efeitos do instinto reprimido permanecerá assim em sua vida depois que o
médico se afastar dele. Isso aconteceria devido às diferentes necessidades do
paciente, quanto menos os impulsos transferidos são sublimados, mais se torna
a expressão crua do conflito original. Dessa forma, uma transferência negativa
ou hostil deve ser uma das preocupações do analista, pois pode distanciar o
paciente de reconhecer sua condição patológica de acordo com os obstáculos e
repressões de seu psiquismo. Desta forma, a transferência está presente desde
o início do tratamento psicanalítico. Assim, a transferência positiva coincide com
a cooperação do paciente, enquanto a transferência negativa coincide com a
resistência do paciente à terapia. Excluindo assim impulsos agressivos em vez
de libidinosos no processo de análise. A mera identificação ou conhecimento de
conteúdo reprimido não pode, por si só, promover a recuperação do paciente.
Quando a repressão vence o que acontece é que os instintos reprimidos
produzem sintomas, quando os instintos desejantes os vencem se tornam
sintomas diretamente, em um sentido limitado o equilíbrio seria impossível
porque ambos os lados nunca seriam satisfeitos. No entanto, Freud acreditava
que não bastava simplesmente descobrir o conteúdo inconsciente que levava à
identificação consciente do paciente. As repressões devem ser abolidas - e
então a substituição do inconsciente por material consciente pode ser feita sem
impedimentos. "Primeiro o objetivo da repressão, depois a eliminação da

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resistência que sustenta a repressão." Portanto, segundo Freud, a tarefa do
método psicanalítico não é tornar consciente o conteúdo reprimido, mas
principalmente suprimir e depois remover a resistência que sustenta a
supressão. O procedimento para remover a resistência é análogo ao recalque,
encontrá-lo e comunicá-lo ao paciente por meio da interpretação é essencial,
pois toda resistência começa com o recalque. A interpretação ajuda a remover
tanto a resistência quanto a repressão, servindo para trazer o impulso
inconsciente para o reconhecimento consciente. No entanto, isso pressupõe a
inteligência e o desejo de recuperação do paciente, pois a interpretação apenas
permite que o próprio indivíduo amplie sua compreensão da opressão e dos
obstáculos que a impedem de ser alcançada conscientemente.

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Bibliografia

1. Bibliografia básica

FREUD, S. O Eu e o ID. São Paulo: Cia das Letras, 2011.

FREUD, S. Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. São Paulo: Cia das
Letras, 2016.

ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos. São Paulo: Artmed, 1999.

2. Bibliografia complementar

BURKE, J. Deuses de Freud. Rio de Janeiro: Record, 2010.

FREUD, S. A interpretação dos Sonhos. Porto Alegre. L &PM POCKET. 2012.

FREUD, S. Mal-estar na Civilização. Porto Alegre: L&PM POCKET. 2013.

FREUD, S. Totem e Tabu. Porto Alegre: L&PM POCKET. 2013.

HERRMMAN, F. Sobre os Fundamentos da Psicanálise. São Paulo: Blucher,


2015.

JUNG, C. G. Freud e a Psicanálise. Petrópolis: Vozes, 2014.

JORGE, M. A. C. Fundamentos da Psicanálise de Freud a Lacan: Vol. 1: As


bases conceituais. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

3. +Referências

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Aparelho Psíquico. [S. l.: s. n.] 2020, 1 vídeo (10:51). Canal: Psi e Analise.
Disponível em: https://youtu.be/lPCgCvB9di4. Acesso em: 17 ago. 2021.

AIRES, S. Atos falhos: interpretação e significação. Nat. hum., v. 19, n. 1, São


Paulo, jul. 2017. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
24302017000100003. Acesso em: 17 ago. 2021.

ALVAREZ, C. Édipo e a castração. Disponível em:


https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/13732/5/Freud-
edipocastracao.pdf .Acesso em: 17 ago. 2021.

ALVES, L. C. R. A consciência na fenomenologia husserliana. 2013. Disponível


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usserliana.pdf. Acesso em: 17 ago. 2021.

ARAUJO, S. de. F. Uma visão panorâmica da psicologia científica de Wilhelm


Wundt. 2009. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-
31662009000200003. Acesso em: 17 ago. 2021.

ARISTÓTELES. De anima, books II and III (with passages from book I).
Translated with introduction and notes by D. W. Hamlyn. Oxford: Clarendon
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Fenomenologia em Husserl. [S. l.: s. n.] 2018, 1 vídeo (6:33). Canal: Mateus
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2021.

Freud e a Psicanálise. [S. l.: s. n.] 2021, 1 vídeo (1:03:21). Disponível em:
https://youtu.be/KYIH58ZOzVc. Acesso em: 17 ago. 2021.

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