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Santo Tomás de Aquino ensina que não é possível conhecer nenhuma criatura
espiritual diretamente, mas, por seus efeitos: “Pelos efeitos se remonta a causa”. Na ordem
prática da inteligência, damos sentido a essa afirmação ao percebermos qual seu ato próprio: o
conhecimento espiritual. Essa afirmação fica bastante clara, pois, o ser humano ao voltar-se
sobre si mesmo percebe que no ato de conhecer há sua especificidade. Ao perceber que
conhece, ao perceber de que modo conhece, chega até a essência da sua própria alma. Mas
conhece de que modo? Conhece intelectualmente. Não totalmente independente do corpo,
como pensava Platão e depois Descartes, mas, usando-o como cinco janelas (do corpo) para
seu ato superior e próprio: o conhecimento do que é. Ao intuir as essências, somente o
homem se pergunta sobre as causas, às origens das coisas a sua volta. Somente o homem pode
„intus – legere’, quer dizer, ler dentro das coisas, distinguindo o essencial do acidental.
Como veremos, na alma humana, encontra-se um desejo inato no homem, que é o
desejo de saber1, fonte da natureza da filosofia, que está ligado intimamente às potências da
alma, principalmente, a potência do intelecto ou inteligência. Aqui entra o objetivo de nossa
aula:
1
“Todos os homens desejam por natureza saber” (Aristóteles, Metafísica, L. 1).
Pois, é ao fazer filosofia que o homem pode satisfazer mais perfeitamente (tanto
quanto possível nesta vida) esse desejo de saber. Isso se dá por meio de sua inteligência, que é
ato próprio da alma humana.
Mas antes façamos duas perguntas:
a) Por que o homem deseja naturalmente saber?
b) Podemos provar filosoficamente a existência da alma espiritual no homem?
b) A alma é o “ato primeiro (ou forma) de um corpo físico organizado que tem a vida em
potência5”.
Todos os seres materiais são compostos de matéria e forma. A alma, partindo da
definição acima, é o ato que determina a matéria-prima indeterminada que estava em
potência.
2
Ver o Tratado De Homine na Suma Teológica, I, q. 75 – 89.
3
O que é?
4
(TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica, I, q. 75, a. 1, resp).
5
“Actus primus corporis physici organici vitam in potentia habentis” (Aristóteles, De Anima, L. II).
6
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ou “ato primeiro de um corpo”. Segundo Aristóteles, todas as coisas
materiais são constituídas de dois princípios fundamentais: a matéria, que é
princípio passivo, e a forma, que é princípio ativo (daqui a definição: “ato
primeiro de um corpo7”). Quer dizer então que a forma é aquele princípio
que dá especificação ao composto.
Então, santo Tomás admite que, assim como nas plantas e nos animais, a alma no
homem é sua forma. Mas será a forma do homem a mesma forma dos outros seres animados?
7
(Mondin, introdução à filosofia, p. 308).
caminho filosófico e mais concretamente, um caminho aposteriore. Quer dizer, santo Tomás
demonstra a espiritualidade da alma por suas operações:
“os efeitos me permitem remontar a causa”.
Santo Tomás faz isso se apoiando em um princípio metafísico, mas, de sentido
comum:
“o obrar segue o ser”.
Aplicando esse princípio, santo Tomás parte da seguinte base: “as operações
intelectuais do homem, pelas quais ele capta as essências universais das coisas, são
operações imateriais”. Como a matéria é o princípio de individuação, a essência só pode ser
universal se a minha inteligência abstrair a forma da matéria, isto é, liberar a forma do ser
condicionamento material.
Como temos capacidade de produzir ideias universais (homem, mesa, maça, virtude,
amor, etc.), temos capacidade de ter a forma espiritual das coisas em nossa mente. Frente a
essa operação se prova a espiritualidade da alma humana. Dizendo de outra maneira, essa
operação intrínseca da inteligência é imaterial, se a operação da inteligência é por si imaterial,
então a alma é por si espiritual. Logo, quanto mais espiritual o objeto conhecido, mais a alma
a de se aperfeiçoar. (Como pensavam os gregos). Escreve Gardeil:
2- O que é a filosofia?
O estudo da filosofia está intimamente relacionado com o ato da inteligência. Qual é o
ato da inteligência? O ato da inteligência, como vimos, é apreender o ser. É por meio da
inteligência que o homem se realiza.
- o ato da inteligência é o que há de mais sublime, mais perfeito e grandioso no modo
ser humano. A ciência que mais aperfeiçoa a inteligência é a filosofia ou sabedoria;
-
Se o estudante sabe algo de filosofia, talvez se surpreenda ao ver que
sustento que o primeiro que o homem conhece das coisas é sua “essência”.
Como se pode dizer que a essência das coisas é de simples evidência se os
mesmos metafísicos tomistas tanto se esforçam por compreende-la? Nosso
conhecimento começa com noções evidentes, mas pouco determinadas, que
durante a investigação científica recebem diversas distinções, mundando-se
em outras noções, em partes novas e em outras só em partes iguais as
8
(GARDEIL, 2013, p. 63).
anteriores. Umas das regras fundamentais do bom método é assinalar os
processos pelos quais as noções de essência, substância, matéria e forma, por
exemplo, sofrem transformações, passando de um significado vulgar a
outros sentidos análogos, próprios da lógica, da física ou da metafísica. Mas
se a um estudante se faz evidente, ao menos, que a distinção vulgar entre o
que é essencial e o que é acidental está fundada na realidade das coisas
mesmas, ainda que não chegue as precisões propriamente filosóficas, já
conta com um eficaz antídoto contra o modernismo9.
- Níveis de conhecimento:
1- Conhecimento empírico ou do senso comum;
2- Conhecimento científico;
3- Conhecimento Filosófico;
b) Filosofia e ciências
9
(Padre Álvaro Calderón. Umbrales de la Filosofia. 2011, p. 24).
10
(Gardeil, Iniciação à filosofia de Santo Tomás, Vol. I, 2013, p. 53).
perfeitamente quando conhecemos a causa primeira (TOMÁS DE AQUINO,
Suma contra os Gentios, L. III, C. XXV).
Bons estudos!
4- Referências Bibliográficas