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TÉCNICAS

PSICOTERÁPICAS

AULA 1 – HISTÓRIA DA
PSICOTERAPIA
- Traçar um histórico claro das psicoterapias não é uma tarefa fácil.

- Entre esses temas podemos encontrar:


- (1) a natureza da alma ou da mente, incluindo perspectivas substancialistas e não
substancialistas, dualistas e monistas, etc.;
- (2) a natureza d a relação entre a alma e/ou a mente e o corpo;
- (3) os fundamentos da diferenciação entre estados mentais – sensações, percepções, etc.;
- (4) a determinação e a análise das faculdades do ego pensante, uma psicologia racional
distinta de uma psicologia empírica;
- (5) a natureza da relação dos diferentes estados mentais e sua influência sobre os estados
físicos, dada a sua aparente capacidade de influenciar o comportamento;
- (6) a natureza e os fundamentos da consciência;
- (7) muitos outros tópicos que atravessam os campos da ontologia, da t eologia, da ética e
da epistemologia
- Referindo-se a momentos históricos mais distantes, costuma m sugerir que formas primitivas
de psicoterapias sempre existiram, fazendo alusões a curandeiros ou xamãs como
psicoterapeutas primordiais.

- alguns autores veem um paralelo entre os efeitos benéficos sobre o sofrimento existencial de
certos rituais religiosos ou manifestações culturais e aquilo a que atualmente chamaríamos
de seus efeitos psicoterapêuticos. (Teatro, confissão)

- Há os que preferem vincular o surgimento das psicoterapias ao surgimento da medicina.

- acreditamos que o mais importante é entender o longo caminho epistemológico que nos
permitiu abandonar explicações míticas para os fenômenos mentais e chegarmos a sistemas
explicativos racionais e cientícos
RAÍZES FILOSÓFICAS DAS
PSICOTERAPIAS
- A palavra “psique”: “sopro vital”, “vida”, “espírito”, “princípio vital”, “alma”, “si mesmo” e
“pessoa”.

• São os filósofos gregos, o primeiros a tecerem compreensões acerca do ser humano e sua
natureza - estas estavam relacionadas as fabulas e mitos originários...

• O pré-socráticos – preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo por meio


da percepção...

- O MUNDO EXISTE PORQUE O HOMEM O VÊ? OU O HOMEM VÊ UM MUNDO QUE JÁ


EXISTE
- As primeiras explicações sobre a conduta do homem são
de natureza sobrenatural (mau comportamento = mau
espírito habitava corpo). Depois vieram os filósofos
gregos e com eles a primeira tentativas de sistematizar
uma psicologia.
Psicologia Pré-científica
- Surge a primeira tentativa de sistematizar a Psicologia:

- A evolução da sociedade grega (dominação de outros povos,


geração de riquezas, organização das cidades) permitiu que o
homem se preocupasse com aspectos como a natureza humana,
a Filosofia e a arte (Bock et al., 2002, p.41).
- O próprio termo psicologia vem do grego psyché, que significa
alma, e de logos, que significa razão. Psicologia = “estudo da
alma”. A alma ou espírito era concebida como a parte imaterial
do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de
amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a
percepção.
Psicologia Pré-científica

• Os pré-socráticos: a percepção forma o mundo ou o mundo já é dado para a percepção?


• Os pré-socráticos definiam a relação do homem com o mundo através da percepção. Dividiam-se em:

- Idealistas: ideia forma o mundo. O mundo existe


porque o homem vê.
- Materialistas: matéria forma o mundo. Essa matéria é
dada para a percepção. O homem vê o mundo que já
existe.
Psicologia pré científica

- Sócrates (466-399 a. C.): preocupava-se com o limite que separa o homem do


animal. Esse limite seria a razão, que permite ao homem sobrepor-se aos
instintos, à irracionalidade do animal. A razão é a principal característica humana.
- Platão (427-347 a. C.): procurou definir um lugar para a razão. Esse lugar seria a
cabeça, onde se encontra a alma. Concebia alma e corpo separados (visão
dualista mente-corpo) e a medula era o elo de ligação entre os dois.
- Aristóteles (384-322 a. C.): para ele alma e corpo não eram separados. A alma
seria o princípio ativo da vida. Tudo que cresce, reproduz-se e se alimenta possui
alma. Plantas (alimentação e reprodução), animais (percepção e movimento) e
humanos (pensamento).
A Evolução da Ciência Psicológica:
Platão e o Racionalismo

- Para Platão, a realidade não reside nos objetos concretos


de que somos conscientes através dos sentidos, mas sim nas
formas abstratas que esses objetos representam;
- Assim, o que nosso corpo percebe é somente a cópia
imperfeita da realidade.
- Então, a verdade se alcança por intermédio do próprio
pensamento e não pelos sentidos.
A Psicologia Pré-Científica

- Diante disso temos, 2300 anos antes da psicologia científica, duas


formulações:
- Platônica: postulava a imortalidade da alma e a concebia
separada do corpo; O conhecimento se alcança por intermédio do
próprio pensamento e não pelos sentidos.
- Aristotélica: afirmava mortalidade da alma e pertencente ao
corpo; O conhecimento adquirido por meio da experiência obtida
pelos sentidos;
Os estoicos

- As emoções negativas resultavam de erros de julgamento, e uma pesso a sábia era aquela
que não deixava que as emoções guiassem seu comportamento, tentand o viver em sintonia
com o que o destino oferecesse e, dessa forma, em harmonia com as lei s da natureza (o
cosmos)

- Os estoicos pregavam a indiferença (apatia) como caminho para se ter uma vida feliz e a
serenidade como atitude, tanto diante de tragédias como de coisas boas.
Idade Média

- Tida como um período de trevas e de uma ignorância avess a à inquirição racional promovida por seu vínculo à
mundividência cristã,

- São Tomás de Aquino: época que aparece o protestantismo; o capitalismo, revolução francesa, revolução

industrial. Surgem crises econômicas e sociais e é preciso rever a relação entre Deus e o homem.

- Pensa, como Aristóteles, que o homem em sua essência, busca a perfeição através da existência. Como esta
só existe na figura de Deus, aponta que a busca pela perfeição consiste na verdade na busca por Deus
- O homem era a imagem e semelhança de Deus, seu comportamento estava sujeito a vontade de Deus,
portanto ele não podia ser objeto de investigação científica. Seu corpo era santo, “Sacrário da Alma”, assim não
podia ser dissecado para estudo.
- Santo Agostinho (354-430) (inspirado em Platão): corpo e alma são separados. A alma é imortal por ser o
elemento que liga o homem a Deus. E como a alma é a sede da razão, do pensamento, a igreja passa a se
preocupar com sua compreensão.

• O cristianismo como força dominante que monopolizava o saber, ditando as “verdades” sobre o mundo

• Embora não seja uma filosofia, causa profundo impacto no pensamento filosófico da época.

• Falar de psicologia nesse período é relacioná-la ao conhecimento religioso.

• O cristianismo como força dominante que monopolizava o saber, ditando as “verdades” sobre o mundo

• Embora não seja uma filosofia, causa profundo impacto no pensamento filosófico da época.

• Falar de psicologia nesse período é relacioná-la ao conhecimento religioso.


Idade Moderna: Racionalismo
Filosófico e Descartes

-Renascimento
- A busca do belo e das artes espalha-se por todo o continente europeu.

- A opinião de que o corpo nu é pecaminoso é superada pelos artistas da Renascença.


Efervescência do estudo e conhecimento anatômico esculpidos com impressionante
perfeição.

- Na Renascença há uma aproximação e observação do humano, consequentemente, uma


valorização do homem.
Renascimento científico

- 1543 – Nicolau Copérnico defende matematicamente (através de cálculos dos movimentos


dos corpos celestes) que o Sol é o centro do universo e a terra apenas um astro girando em
seu entorno (sistema heliocêntrico).

- 1610 - Galileu Galilei estuda a queda dos corpos realizando as primeiras experiências que
propõem uma sistematização do conhecimento através da física.
Os primórdios da Ciência Moderna

- No século XVII, nova força começa a ganhar importância, o empirismo.

- O empirismo caracteriza-se pela busca do conhecimento através da observação da natureza


e atribuição de todo conhecimento à experiência.

- Como grande pilar desse período temos René Descartes.


René Descartes

- Penso, logo, existo Aula de anatomia do Dr. Tulp, de Rembrandt, 1632


Renascimento:

- René Descartes (1596-1659): Teoria do dualismo mente e


corpo. O homem possui o corpo e a alma separados. O corpo
sem alma é apenas uma máquina e, portanto, seus
movimentos seriam previsíveis se houvesse um conhecimento
de suas “peças”.
- A partir daí se torna possível o estudo do corpo humano
morto, havendo, então, avanço da anatomia e fisiologia que
vão contribuir para o avanço da psicologia. Isso permitiu o
começo da Psicologia Científica.
- Racionalismo: doutrinas que enfatizam o papel da razão no processo do conhecimento.

- Empirismo: tendência filosófica que enfatiza o papel da experiência sensível no processo do


conhecimento.
O racionalismo cartesiano:
a dúvida metódica
- “Pai da filosofia moderna", porque, ao tomar a consciência como ponto de partida enfatiza a capacidade
humana de construir o próprio conhecimento.

- Propósito: encontrar um método tão seguro que o conduzisse à verdade indubitável.

- Ideal matemático: Conhecimento inteiramente dominado pela inteligência baseado na ordem e na


medida
Descartes estabelece
quatro regras:
- a evidência: acolher apenas o que aparece ao espírito como ideia clara e distinta;

- da análise: dividir cada dificuldade em parcelas menores para resolvê-las por partes;

- da ordem: conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis
de conhecer para só depois lançar-se aos mais compostos;

- da enumeração: fazer revisões gerais para ter certeza de que nada foi omitido.
- Descartes parte em busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida

- Trata -se da dúvida metódica, porque é essa dúvida que o impele a indagar se não restaria
algo que fosse inteiramente indubitável.

- Ele busca uma verdade.


John Locke: a tabula rasa

- Locke critica a doutrina das ideias inatas

- Alma é como uma tabula rasa - tábua sem inscrições

- Conhecimento começa apenas a partir da experiência sensível

- Locke preferiu o caminho psicológico ao indagar como se processa o conhecimento.


A origem das ideias

- A sensação, cujo estímulo é externo, resulta da modificação feita na mente por meio dos
sentidos.
- qualidades primárias são objetivas
- qualidades secundárias, relativas e subjetivas

- A reflexão, que se processa internamente, é a percepção que a alma tem daquilo que nela
ocorre.
- fica reduzida à experiência interna do resultado da experiência externa produzida pela
sensação
- Ideias simples que vêm da sensação combinam-se entre si, formando as ideias complexas,
por exemplo as ideias de identidade, existência, substância, causalidade

- Ideias complexas não têm validade objetiva

- Daí o seu valor prático, e não cognitivo.

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