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Instituto Superior Politécnico Privado Walinga do Moxico

MATERIAL DE APOIO, PSICOLOGIA GERAL

DOCENTE: ONOFRE DA PIEDADE MARVÃO

Luena, 2022
Capítulo 1- Psicologia como Ciência.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar este capitulo você será capaz de:

 Indicar os marcos importantes do desenvolvimento histórico da Psicologia;


 Caracterizar as principais correntes ou movimentos actuais da Psicologia;
 Conceituar a Psicologia tendo em conta o seu significado actual de seu
objecto de estudo e justificar a sua caracterização como ciência;
 Saber os ramos da Psicologia e suas áreas de aplicação;
 Explicar a relação da Psicologia com outras ciências.

Desenvolvimento histórico da Psicologia

A humanidade desde sempre teve uma serie de questões sobre o mundo que a
cerca, fazendo várias questões como:

1. Porquê se sucedem os dias e às noites?


2. Porque é que chove e troveja?
3. Qual é a causa dos tremores de terra?
4. Qual é a origem da vida?
5. Porque é que as pessoas morrem?

Como já dissemos, as tentativas para compreender a experiência e o


comportamento humano são tão antigas quanto a história registada. Este estudo
começou a ser realizado muito antes de se usar o termo “Psicologia”.

As questões sobre o conhecimento do homem era de natureza sobrenatural (algo


que está em cima do que é natural. São factos que os seres humanos não
conseguem explicar, fenômenos que ultrapassam as leis naturais. Por exemplo: um
ser humano pode caminhar, correr ou saltar, mas não voar. Faziam parte da
Filosofia.

A Grécia, como se sabe, foi o berço da civilização ocidental. Foi na Grécia que teve
início o estudo da Filosofia e que depois, dominou todo o Ocidente. Os primeiros
filósofos conhecidos surgiram por volta dos séculos IV, V, VI a.C., nas colônias
gregas da Ásia Menor, num período denominado Cosmológico

O período Cosmológico foi assim chamado, porque a preocupação da época era


compreender o cosmo, saber de que matéria era feita, buscar o princípio e a lei que
regia o universo que até então era conhecido somente através das explicações
mitológicas e especulações.

A partir daí, vieram os sofistas, que deslocaram o objecto de suas especulações do


mundo para o homem. O “como conhecemos” é uma das questões colocadas pelos
filósofos deste período, tais como Sócrates, Platão e Aristóteles.

Os filósofos pré-socráticos preocupavam-se em definir a relação do homem com o


mundo através da percepção. Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê ou
se o homem vê um mundo que já existe.

Havia uma oposição entre os idealistas (a ideia forma o mundo) e os materialistas (a


matéria que forma o mundo já é dada para percepção).

Com Sócrates (469-399 a.C.) a Psicologia na antiguidade ganha


consistência. Sua principal preocupação era com o limite que separa o homem dos
animais. Desta forma, postulava que a principal característica humana era a razão.

Segundo o filósofo Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates.


Esse filósofo procurou definir um lugar para a razão no nosso próprio corpo. Definiu
esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma do homem. A medula
seria, portanto, o elemento de ligação da alma com o corpo. Este elemento de
ligação era necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo.

Quando alguém morria, a matéria (o corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre
para ocupar outro corpo.

Aristóteles (384-322 a.C.) discípulo de Platão foi um dos mais


importantes pensadores da história da Filosofia. Sua contribuição foi inovadora ao
postular que alma e o corpo não podem ser dissociados. Para Aristóteles, a psiché
seria o princípio activo da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta
possui a sua psiché ou alma. Desta forma, os vegetais, os animais e o homem
teriam alma. Aristóteles é considerado por muitos o autor do primeiro estudo de
psicologia acerca da alma.

Já na Idade Média, com o aparecimento e desenvolvimento do cristianismo e pouco


interesse dos fenómenos naturais, surge dois grandes filósofos que representam
esse período: Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274).

Santo Agostinho, inspirado em Platão, também fazia uma cisão entre alma e corpo.
Para ele, a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de uma
manifestação divina no homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o
homem a Deus. E, sendo a alma também a sede do pensamento, a Igreja passa a
se preocupar também com sua compreensão.

São Tomás de Aquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e


existência. Com o filósofo grego, considera que o homem, na sua essência, busca a
perfeição através de sua existência. Porém, introduzindo o ponto de vista religioso,
ao contrário de Aristóteles, afirma que somente Deus seria capaz de reunir a
essência e a existência, em termos de igualdade. Portanto, a busca de perfeição
pelo homem seria a busca de Deus.
René Descartes (1596-1659), filósofo francês que mais contribuiu
para o avanço da ciência, postula na sua teoria do dualismo psicofísico, a separação
entre mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o homem possuiria duas
realidades: uma substância material (corpo) comparável a uma máquina desprovido
de espírito, e uma substância imaterial, a alma, livre de determinismos físicos.

Desta concepção sobre o homem decorre que existem duas áreas de estudo: a
parte material, o corpo, a quem se deveria dedicar a ciência e a parte imaterial a
alma ou mente, domínio da Filosofia.

A origem da Psicologia, ainda ligada aos estudos da Filosofia, pode ser localizada
no quinto e quarto séculos A.C., principalmente com as ideias de filósofos gregos
como Sócrates, Platão e Aristóteles, que levantaram hipóteses e ideias sobre o
funcionamento da alma ou mente humana.

A palavra Psicologia tem sua origem em duas palavras gregas: psyché (alma ou
espírito) e logos (estudo, razão, discurso), significando originalmente o estudo da
alma. Daí, psyché + logos = Psicologia estudo da alma
Origem da Psicologia científica

Wilhelme Wundt (1832 – 1920) influenciado pelo ponto de vista dos filósofos
empiristas como John Locke que comparou a mente como uma tábua rasa e pelo
desenvolvimento da Fisiologia e Psicofísica de René Descartes, Gustav T. Fechner,
desenvolve a concepção do paralelismo psicofísico, segundo a qual aos fenómenos
mentais correspondem fenómenos orgânicos. Por exemplo, uma estimulação física,
como uma picada de agulha na pele de um indivíduo, teria uma correspondência na
mente deste indivíduo.

Deste modo, Wundt, filósofo, fisiologista, de nacionalidade alemã, é reconhecido


como o fundador da psicologia experimental porque foi o primeiro a criar um
laboratório de análise experimental no século XIX, isto é, em 1879, na universidade
de Leipzig – Alemanha, com o objectivo de estudar a consciência ou experiências
conscientes: sensações imediatas – pensamentos e sentimentos usando o método a
introspecção (olhar para dentro) refere-se a observação e registo da nossa
natureza das nossas próprias percepções, pensamentos e sentimentos. Por
exemplo; reflexões sobre as nossas impressões sensoriais imediatas a um estímulo,
como o clarão de uma luz colorida. Este método transformou-se num movimento
conhecido como Estruturalismo, que apresentava limitações claras, pois a
introspecção é um processo obscuro e exclui automaticamente do estudo as
experiências de crianças e animais, pois estes não podem ser treinados
convenientemente.
Movimentos actuais em psicologia

Após Wundt ter criado na Universidade de Leipzig, na Alemanha o primeiro


laboratório de Psicologia experimental, muitos estudiosos emigraram para
Alemanha, para estudar com ele. Com o aparecimento da psicologia cientifica, no
fim do século XIX, desenvolveram-se nos E.U.A. Vários movimentos como: o
Estruturalismo, Funcionalismo, que no inicio do século XX, começaram a ser
substituidos pelo Behaviorismo, Gestaltismo, Psicanálise assim como o
Construtivismo e humanismo.

Associacionismo

Terceira corrente fundando por Wilherme Wundt (1832-1920). Influenciado pelas


descobertas em Química segundo as quais todas as substâncias químicas são
compostas por átomo, Wundt, propõe-se estudar a consciência, partindo do princípio
que a consciência é uma soma de elementos isolados, uma associação de
sensações elementares usando o método a introspecção controlada. Que significa
observação da consciência por si próprio.

Estruturalismo

Criado por Wundt e desenvolvido por Edward B. Titchner (1867-1927) com objectivo
de estudar e compreender a consciência humana. Titchner irá estudá-la em seus
aspectos estruturais, isto é, os estados elementares da consciência como estruturas
do sistema nervoso central.

O método utilizado neste caso a introspecção apresentava algumas limitações


como: não ilustrava o emprego de crianças, indivíduos psicologicamente anormais,
animais como sujeito e situações inconscientes.

Funcionalismo

Criado por William James (1842-1910) é considerado como a primeira


sistematização genuinamente americana de conhecimentos em Psicologia. Tem
como objectivo estudar o funcionamento da consciência ou dos processos
mentais na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio. As funções
mentais como: perceber, recordar, etc., têm a propósito de ajustar o indivíduo ao
meio.

Behaviorismo ou comportamentalismo

Nasce com John Watson (1878-1958) nos Estados Unidos da


América por volta de 1912. Descontente com a situação que se encontrava a
Psicologia e influenciado pelo desenvolvimento das ciências naturais na época,
Watson propôs um novo objecto de estudo para a Psicologia: o comportamento
observável. Com isso, descartou o estudo dos fenómenos mentais e a introspecção
como método. Afirmava que a única fonte de dados sobre o homem era o seu
comportamento, o que as pessoas faziam, o que diziam. Usando o método
experimental.

Portanto, o Behaviorismo dedica-se ao estudo das interacções entre o indivíduo e o


ambiente, entre as acções do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as
estimulações).
O Comportamento, entendido como interacção indivíduo - ambiente, é todo acto que
o organismo efectua. Este comportamento pode ser representado da seguinte
maneira: S R (Estimulo – Resposta).

Por estímulo entende – se o conjunto de excitações que agem sobre o organismo.


Este pode ser qualquer elemento ou objecto do meio ou qualquer modificação
interna do organismo. E estes estímulos podem ser de natureza interna ou externa.

Estímulo de natureza interna: movimento dos músculos, secreções das glândulas,


contrações do estomago provocada pela fome.

Estímulo de natureza externa: podemos citar a contracção das pupilas quando uma
luz forte incide sobre os olhos, a salivação provocada por uma gota de limão
colocada na ponta da língua, o arrepio da pele quando um ar frio nos atinge, as
famosas “lágrimas de cebola” picada de uma agulha etc.

Para os behavioristas, a resposta é tudo o que o animal ou o ser humano faz. E


nela, podemos encontrar as respostas explícitas que são directamente observáveis
como: afastar a mão quando picada por uma agulha, saltar quando se escuta um
som alto, chorar quando se recebe uma má noticia, escrever um livro, ter filhos etc. e
respostas implícitas aquelas que não são observáveis como: contração do estômago
e batimento do coração por exemplo.

Comportamentalismo e educação

Watson considerava que o ser humano e o animal, para além dos reflexos inatos,
têm reflexos aprendidos. O comportamento humano seria o resultado da soma dos
reflexos inatos e condicionados. A personalidade seria o produto da acumulação dos
condicionamentos sofridos pelo indivíduo ao longo do tempo.

Para ele a primeira infância tem grande importância na vida do ser humano, porque
é o período da vida que se organiza as primeiras aprendizagens, isto é, os primeiros
condicionamentos. Por isso, muitos distúrbios comportamentais dos adultos têm
origem dos hábitos interiorizados quando criança. Por esta razão, Watson vai
interessar-se pelas questões da educação. Diante disso surge a sua frase:

“Dêem-me uma dúzia de crianças sadias, bem constituídas e a espécie de mundo


que preciso para as educar, e eu garanto que tomando uma qualquer delas, ao
acaso, hei-de prepará-la para se tornar um especialista que eu seleccione: um
médico, um comerciante, um advogado e, até um pedinte ou ladrão independemente
dos seus talentos, inclinações, tendências, aptidões, assim como da profissão e da
raça dos seus antepassados”
Gestaltismo, Gestalt ou Psicologia da forma

Movimento de origem alemã criada nos E.U.A. O


mesmo teve como líderes Marx Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kolher (1887-
1967) Kurt Kofka (1886-1941). A palavra Gestalt não tem perfeita tradução em
português, mas significa: o todo, a estrutura, a forma, a organização. Foi criada com
o objectivo de a Psicologia estudar a experiência de um organismo, no seu todo,
com ênfase na percepção, ocupando-se da análise dos elementos essenciais que
existem nos processos de organização, reunindo os elementos da experiência numa
unidade complexa.

O lema da Gestalt é: o todo é mais do que a soma das partes. Usaram os testes
projectivos como método.

Uma melodia por exemplo é ouvida como uma totalidade, como um conjunto, e,
quando a escutamos não temos consciência das notas que a compõem.

Psicanálise

Fundado pelo médico austríaco Sigmund Freud (1856-1939) com o


objectivo de tratar as pessoas com distúrbios mentais e de formas anormais de
adaptação ao ser humano neste caso, estudar o inconsciente onde estavam
reprimidos ou armazenada inúmeras experiências em formas de impulsos hostis e
destrutivos, desejos proibidos e os pensamentos não controlados que a pessoa em
estado sã a consciência rejeita. Entre outros representantes deste movimento
temos: Melanie Klein; e J. Lacan.

Para explicar esses fenómenos Freud usou os seguintes métodos: a hipnose,


interpretação dos sonhos, associação livre - método no qual os pacientes deitavam
num divã e eram encorajados a dizer o que lhes viesse à mente (desejos, conflitos,
temores, pensamentos e lembranças).

Humanismo

Abraham Maslow e Carl Rogers

É um movimento mais recente em Psicologia que enfatiza a necessidade de estudar


o homem e não os animais e indivíduos normais psicologicamente, ao invés de
pessoas perturbadas. Os seus representantes são: Abraham Maslow, Rollo May e
Carl Rogers. Segundo os humanistas, o homem tem a capacidade de avaliar,
decidir, escolher, não sendo passivo que apenas reage aos estímulos do meio. É
alguém que se caracteriza pela sua potencialidade, pela sua tendência de realizar as
suas actividades por estar constante motivação. Método usado a entrevista.

Segundo Carl Rogers e Abraham Maslow, que foram as figuras centrais no


desenvolvimento da perspectiva humanística, as pessoas esforçam-se para realizar
seu pleno potencial se tiverem oportunidade. A ênfase da perspectiva humanística é
no livre-arbítrio, na capacidade de tomar decisões livremente sobre o próprio
comportamento e a vida. A noção de livre-arbítrio coloca-se em contraste com o
determinismo, o qual vê o comportamento como causado, ou determinado, por
aspectos além do controle da pessoa.
Objecto de estudo da Psicologia

O conceito de Psicologia

Apesar de existir várias Concepções sobre a Psicologia, ela hoje, é comummente


definida como o estudo científico do comportamento humano, animal, e os
processos mentais.

Comportamento: qualquer acto, acção, que o organismo faz que podemos observar
e registar. Exemplos: sorrir, falar, pestanejar, comportamento social, suar etc. A
expressão comportamento e os processos mentais na definição da psicologia devem
ser compreendidos como tendo muitos significados: ela abrange não apenas o que
as pessoas fazem, mas também seus pensamentos, emoções, percepções,
processos de raciocínio, lembranças e mesmo actividades biológicas que mantêm o
funcionamento corporal.

Processos mentais ou fenómenos psíquicos: Fenómenos internos e subjectivos,


inferido a partir dos comportamentos observados. Ex.: sensações, percepções,
pensamentos, lembranças, sonhos, imaginação, atenção, emoção, sentimento,
vontade, temperamento, carácter, necessidade e outros.

Objecto de estudo da Psicologia

Um conhecimento para se considerado científico, requer um objecto específico de


estudo, métodos e técnicas específicas, divulgados numa linguagem científica O seu
objecto de estudo é o comportamento humano e os processos mentais.

Objectivos

 Descrever comportamentos e processos mentais.


 Explicar esses comportamentos e processos, o que significa identificar as
causas que os determinam comportamentos de violência.
 Prever comportamentos, o que só é possível a partir da identificação das
causas que estão na sua origem.
 Controlar as circunstâncias em que ocorrem os comportamentos, o que exige
a sua explicação.

Características gerais da psique

As Características gerais da psique são as seguintes:

1. Carácter reflexo: reflecte as características externas dos objectos pelas


imagens;
2. Carácter activo: pois, é na actividade onde o homem forma-se e desenvolve-
se mediante a sua relação com o meio;
3. Carácter regulador: regula toda a actividade psíquica do homem. Isto é, não
permite que o homem faça uma actividade por excesso, tem de haver um
limite;
4. Carácter individual: cada indivíduo reflecte as suas características externas
dos objectos duma forma diferente.

Função da Psique

A psique tem a função de orientar, impulsionar, intensificar ou estimular e regular os


actos do homem. Isto é, guiar os indivíduos para que eles se adaptem a
determinado ambiente social.

Os seres humanos possuem quatro funções psíquicas, sendo duas estão na esfera
da racionalidade (pensamento e sentimento), e outras duas se encontram na
irracionalidade (sensação e intuição)

1. Pensamento: este é o ponto em que tomamos decisões baseados na nossa


intelectualidade, pela lógica da racionalidade bem como pelos conhecimentos que
construímos ao longo da nossa existência.

2. Sentimento: segundo Goleman, (2001) sentimentos são informações que os seres


biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam, isso é, por ser um estado
psicofisiológico.

3. Sensação: é o acto de recepção de um estímulo através de um órgão sensorial.


Como: tato, olfato, paladar, visão, audição
4. Intuição: é o ponto em que percebemos as situações por meio de pressentimentos
e impressões que acontecem de maneira inconsciente.

Ramos ou áreas de aplicação da Psicologia

A Psicologia está ramificada em diversas áreas distintas, sendo quase impossível


enumerá-las devido ao avanço das ciências humanas. Então, vamos destacar
alguns:

Psicologia geral: que abrange todos os aspectos da mesma, isto é, estuda os


fenómenos psíquicos em suas manifestações gerais.

Psicologia fisiológica: procura investigar o papel, os eventos e as estruturas


fisiológicas desempenham no comportamento humano, ou seja, o estudo das bases
fisiológicas de como nosso cérebro funciona diante daquilo que fazemos ou
dissemos.

Psicologia do desenvolvimento: estuda o desenvolvimento ontogénico, isto é, as


mudanças que ocorrem no ciclo vital de um indivíduo.

Psicologia animal ou comparada: estuda o comportamento animal, com o objectivo


de compará-lo com o homem. Ou seja, é o campo da psicologia que estuda as
diferenças de comportamento entre os vários seres vivos.

Psicologia social: procura investigar todas as situações e suas variáveis, em que a


conduta humana é influenciada a de outras pessoas e grupos. Trata de pessoas
com problemas psicológicos no seio da comunidade. Promove a acção comunitária
e desenvolve programas para melhorar a saúde mental.

Psicologia diferencial: busca estabelecer as diferenças individuais em termo de


idade, classe social, raças, capacidades, sexo etc.

Psicopatologia: Ramo da Psicologia e da Psiquiatria que estuda as perturbações


psicológicas, ou seja, a natureza e o desenvolvimento dos comportamentos,
pensamentos e comportamento anormal, como as neuroses e psicoses.
(perturbações patológicas).
Psicologia do desporto: analisa as particularidades psicológicas das actividades
desportistas, as condições e métodos da sua preparação, os parâmetros
psicológicos da preparação e capacidade dos desportistas e ainda os factores
psicológicos relacionados com a organização e realização das competições.

Psicologia do trabalho: tem como objecto de estudo as particularidades psicológicas


da actividade laboral e os aspectos psicológicos da organização científica do
trabalho, desenvolvendo pesquisas e programas para aprimorar a eficiência, a
satisfação e a ética no trabalho. Visa a saúde mental do trabalhador e a
humanização da organização.

Psicologia da personalidade: ramo da psicologia que estuda as diferenças que


existem entre os indivíduos em relação com a ansiedade, sociabilidade, auto-estima,
motivo de realização, agressividade e sobretudo os temperamentos.

Psicologia clínica: é o ramo da psicologia em que aplica os princípios e métodos da


psicologia para o tratamento de problemas emocionais e comportamentais. Muitas
pessoas confundem psicólogos com psiquiatras. O psicólogo é o profissional que faz
o curso de graduação em Psicologia e pode especializar-se em qualquer das áreas
da Psicologia. Estuda o funcionamento da mente humana de uma maneira ampla, o
psicólogo não pode receitar medicamentos de nenhum tipo, e o psiquiatra pode
medicar. O psiquiatra é o especialista em doenças ou distúrbios mentais, tem como
foco as doenças da mente, o psicólogo clinico também trata destes problemas.

Psicologia jurídica: estuda a estrutura das Normas Jurídicas enquanto estímulos dos
vectores das condutas humanas

Psicologia escolar: actua junto a equipas multiprofissionais promovendo o


desenvolvimento intelectual, social e educacional de crianças nas escolas.
Estabelece programas e consultas, efectua pesquisas, treina professores e faz
análise crítica do sistema educacional como um todo.
Relação da psicologia com outras ciências

Apesar de a Psicologia ser uma ciência independente, ela necessita de um auxílio


de outras ciências para aperfeiçoar o seu campo de acção no domínio da
complementaridade e interdisciplinaridade.

Anatomia: estuda a estrutura interna e externa do corpo. Não podemos falar da


psique ou dos processos mentais na ausência do corpo humano.

Biologia: ciência que estuda os seres vivos, os fenómenos vitais e as suas leis;
como o objecto de estudo da Biologia são os seres vivos, então, eles fornecem os
reflexos psíquicos que constitui a matéria - prima da Psicologia no estudo do
Comportamento humano.

Direito: auxilia a entender os mecanismos envolvidos tanto na criminalística, quanto


em relações familiares e de trabalho.

Filosofia: de onde advém sua história, confirmando ou negando pensamentos e


teorias sobre o funcionamento do campo mental dos sujeitos.

Medicina: esta trata sobre a saúde do organismo do homem. E esta é a base para
que haja um equilíbrio psíquico tendo em conta a configuração interna e externa do
organismo.

Pedagogia: esta é a ciência e arte da educação. É mediante a educação que se


desenvolve a psique do homem (processos mentais como a inteligência, percepção,
memória, imaginação, pensamento e sensação)

Sociologia: estuda a dinâmica do homem na sociedade. Contribui na compreensão


dos fenómenos psíquicos de cada indivíduo independentemente de cada situação.
Matemática: utiliza-se a matemática não só para se fazer cálculos estáticos ou em
pesquisa, mas também para apresentar os resultados das pesquisas as leis
psíquicas e testes psicológicos.

Capítulo 2- Metodologias e técnicas de pesquisa em Psicologia.

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar este capítulo você poderá ser capaz de:


 Conceituar métodos e técnicas de pesquisa;
 Explicar a observação naturalista, estudos de casos, questionário,
método correlacional, métodos dos testes psicológicos, método
experimental, entrevista e levantamento

A definição do carácter científico de uma ciência não esgota com a determinação de


seu objecto de estudo, mas implica ademais a determinação dos métodos e técnicas
de investigação.

Métodos são conjuntos de procedimentos específicos para recolha e análise dos


dados utilizados na investigação de uma ciência.

Técnica: são processos pelos quais um método é implementado.

Qualquer ciência precisa de métodos científicos para investigação do seu objecto de


estudo. Tendo em conta o seu desenvolvimento, actualmente, em Psicologia
utilizam-se vários métodos, dos quais destacamos os seguintes:

 Observação
 Observação naturalista;
 Observação laboratorial
 Estudos de casos;
 Questionário
 Método correlacional
 Método dos testes psicológicos;
 Método experimental
 Entrevista
 Levantamento;

Observação

A observação pode ser encarada como um método, um instrumento ou uma etapa


de outros métodos. Em psicologia o objecto da observação é o comportamento do
sujeito ou de um grupo. Por isso, ela é um método sistemático porque faz o controlo
e generalização dos resultados. E este método está dividido em observação
naturalista e laboratorial.

Observação naturalista

É um dos métodos que refere-se a recolha atenta e cuidadosa de dados de pessoas


e animais no seu ambiente natural. Por exemplo; o comportamento agressivo dos
rapazes no recreio da escola, ou comportamentos dos condutores de automóvel no
meio de um engarrafamento de trânsito.

Na observação naturalista pode-se distinguir dois tipos de observação: Observação


participante: aquela em que o observador integra-se no grupo que pretende estudar
participando nas suas actividades quotidianas. Exemplo: numa aula o indivíduo finge
sendo aluno e comporta-se como tal e Observação não participante: o investigador
não intervém na situação em que está a observar ou a investigar.

Observação laboratorial

Nesta observação, os comportamentos humanos ou animais decorrem num


contexto laboratorialmente definido pelo investigador. Este tipo de observação
apresenta alguns tipos de limitações: o ambiente é artificial e alguns
comportamentos não se podem observar no laboratório.

Estudo de caso ou método clínico


Consiste na observação e estudo aprofundado e especifico de um sujeito ou grupos
de sujeitos, normais ou com problemas de comportamento e/ou emocionais tendo
em conta o seu historial ou passado, usando as vezes a entrevista. O propósito
principal de um psicólogo clinico é ajudar as pessoas na resolução dos seus
problemas pessoais. Redige-se um relatório clinico de caso, visto que se trata de
fazer um exame aprofundado de uma situação pessoal, individual.

Questionário

Técnica de investigação composta por um conjunto de questões abertas ou


fechadas que são submetidas as pessoas com o propósito de obter informações
sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas,
aspirações, temores, comportamento presente ou passado etc.

Método correlacional

Este método tem como objectivo determinar uma relação entre duas ou mais
variável e esta relação pode ser negativa ou positiva ou ainda inexistente. Quando
um investigador observa que os pais com mais livros em casa, têm filhos com
melhor rendimento escolar, que as crianças que ficam mais tempo na televisão são
mais violentas e agressivas.

Método de testes psicológicos

São mensurações objectivas e padronizadas de uma amostra de comportamentos


de uma pessoa. Consiste num conjunto de questões através das quais se pretende
avaliar as aptidões ou explorar a personalidade.

Os testes classificam – se em dois grandes tipos:

1. Teste de inteligência: teste que serve para medir as capacidades de um sujeito


em termos de: raciocínio espacial, mecânico, habilidade numérica, rapidez, atenção,
organização, pensamento e outros como: matriz de Raven, o teste de dominó, o
teste das cartas, etc.
2. Teste de personalidade: são testes que tentam avaliar as características do
comportamento de um indivíduo como: atitudes, tranquilidade, instabilidade,
exuberância etc.

Método experimental

A experimentação é um o método em que o observador está em contacto directo


com o objecto a ser observado, onde ele provoca o fenómeno a estudar,
manipulando as variáveis independentes e dependentes (causas e efeito) para
depois controlá-los.

O factor manipulado pelo experimentador designa-se por variável independente, ao


factor que ela modifica dá-se o nome de variável dependente

A variável dependente, em Psicologia, é sempre uma reacção ou resposta. Na


pesquisa, a variável independente é indicada pela letra X e a dependente pela letra
Y. Por exemplo: considerando que a hipótese de que a inadequada informação
sobre a cadeira da Língua Portuguesa, conduz aos alunos a abandonar a turma,
neste caso, a variável independente X corresponde as inadequadas informações
sobre a disciplina da Língua Portuguesa. A variável dependente Y, os alunos
abandonam a turma.

Entrevista: é uma técnica de colheita de dados que consiste na conversação ou


diálogo com a pessoa ou sujeito em estudo para podermos saber acerca de um
determinado acontecimento ou situação comportamental.

Levantamento ou estudo exploratório: caracteriza - se pela interrogação e


entrevistas directa às pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
Basicamente procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de
pessoas a cerca do problema estudado para em seguida, mediante análise
quantitativa, obter as conclusões correspondentes dos dados colectados. Por
exemplo: estudar costumes sociais, as variações de costumes de uma cultura,
preferência de um público consumidor, determinadas atitudes de uma população e
outras questões.

Capítulo 3 – fundamentos biológicos do comportamento

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar este capitulo você será capaz de:

 Conceituar a Psicologia Fisiológica;


 Explicar os três mecanismos fisiológicos do comportamento: mecanismo
receptor, mecanismo efector e mecanismo conector;
 Descrever as três grandes divisões do Sistema Nervoso, suas subdivisões
e principais funções;
 Explicar a importância do córtex cerebral para o comportamento.

Psicologia Fisiológica: ramo da psicologia que estuda a relação do comportamento


humano com a sua base fisiológica. Que estuda a base orgânica do comportamento,
isto é, as relações entre o sistema nervoso, os receptores e as glândulas endócrinas
por uma parte e os processos mentais e comportamentais, por outra parte.

Mecanismo fisiológico do comportamento

Os mecanismos fisiológicos do comportamento são três, cada qual correspondendo


uma estrutura orgânica básica.
1. Mecanismo receptor: é o mecanismo constituído pelos órgãos de sentidos e que
têm como função captar os estímulos do meio externo quanto interno.

Por exemplo: o tacto ou a pele recebe o estímulo (receptor) e envia esta informação
para os nervos sensoriais e estes por sua vez levam a informação para a medula
espinal onde ela recebe e processa a resposta, (processador) esta resposta
processada é enviada aos nervos motores para os músculos e estes contraem-se
retirando-a da fonte de calor. (efectores)

2. Mecanismo efector: é o mecanismo que compreende os músculos e as


glândulas e reage aos estímulos captados. Isto é, as várias estimulações do meio
levam o indivíduo a reagir para ajustar-se a ele. O comportamento observável por
exemplo, se dá a partir dos efectores ou órgãos de respostas, que incluem músculos
e glândulas activados pelo sistema nervoso. Entre outros exemplos estão: espirrar,
tossir, o batimento do coração, a respiração, correr, escreve, falar etc.

3. Mecanismo conector: é o sistema nervoso que estabelece a conexão entre


receptores e conectores formados por vários bilhões de neurónios que têm a função
de condutores.

Sistema nervoso, funcionamento e sua estrutura

Sistema nervoso: Conjunto de órgãos formados de tecido nervoso que funciona de


modo organizado. Servem para capacitar o organismo a perceber as variações
vindas do meio interno ou externo, a difundir as modificações que essas variações
produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o equilíbrio
interno corpo.
Este sistema tem como funções: controlar o comportamento humano e ordenar a
regulação fisiológica do organismo.

Do ponto de vista estrutural, o sistema nervoso divide-se em duas partes:

1º Sistema nervoso central (SNC)

2º Sistema nervoso Periférico (SNP)

Divisão ou organização do Sistema nervoso


Espinal medula

Central Metencéfalo : Cerebelo e B.


Raquidiano

Encéfalo Mesencéfalo: Sistema R. Activante

Protencéfalo:Tálamo,Hipotálamo
Sistema Nervoso Sistema límbico, Amígdala, Cérebro

Nervos sensoriais ou aferentes


S.N.Somático
Nervos motores ou eferentes
Periférico
Sistema Nervoso Simpático
S.N.Autónomo
Sistema N. Parassimpático
Sistema nervoso central

O sistema nervoso central está localizado no esqueleto axial (cavidade craniana e


canal vertebral) formado por:

Espinal medula: a medula (miolo) espinal é uma massa cilindróide de tecido


nervoso, que tem as seguintes funções: conduzir as informações provenientes do
sistema nervoso periférico para o encéfalo e o cérebro. Coordenar os movimentos
voluntários, as actividades reflexas ou arco reflexo – reacções rápidas e
involuntárias. Uma lesão na espinal medula pode causar paralisia e insensibilidade.

Encéfalo: protegido pelo crânio, é a dimensão mais importante do sistema nervoso


central porque é donde se realizam as funções psíquicas superiores do homem
(inteligência, percepção, imaginação, pensamento etc. e as funções reflexas ou
involuntárias como: andar, falar, urinar, olhar salivar…

O encéfalo está dividido por três divisões: metencéfalo, mesencéfalo e


Protencéfalo

O metencéfalo – é uma região do encéfalo que o liga a espinal medula, constituído


por cerebelo e bolbo raquidiano.

Cerebelo - está situado na parte de trás do encéfalo sob os lobos occipital e o


temporal. Tem a função de coordenar a actividade motora e manutenção dos
movimentos do nosso corpo. Por exemplo: ao escrevermos mediante o teclado do
computador, ao digitarmos qualquer número telefónico, nadar, dançar, tocar piano,
jogar basquetebol etc;. Ainda é responsável pela manutenção da posição e do
equilíbrio do corpo. Uma lesão no cerebelo provoca perda de equilíbrio e de
coordenação dos movimentos.

Bolbo raquidiano – situado acima da espinal medula. É o controlador das respostas


orgânicas automáticas como: o batimento cardíaco, a circulação sanguínea, engolir,
tossir, vomitar e respirar. Uma lesão nesta área do encéfalo pode causar a morte de
imediato. Pois, este controla os reflexos vitais do corpo como.
O mesencéfalo – é a região média do encéfalo que coordena a informação visual e
auditiva. É também uma das várias zonas onde se dá o registo da sensação da dor.

Possui apenas uma única estrutura o Sistema Reticular Activante (SRA) é o centro
que controla a nossa capacidade de vigília e o sono, capacidade de atenção e
distração. Uma lesão nesta área provoca um estado de coma permanente.

O Protencéfalo – é uma área do encéfalo mais ampla, constituída por: tálamo,


hipotálamo, sistema límbico e o cérebro, revestido por uma camada denominada
córtex cerebral.

Tálamo - é uma massa oval de células nervosas localizada no centro do encéfalo. É


uma espécie de estação central de distribuição de informação, por onde passam e
são coordenadas todas as informações dos nossos órgãos de sentido excepto o
olfato. Uma lesão no tálamo torna-se difícil memorizar novas informações como
aprender novos números e relembrar rostos recentemente vistos. Tem a função de
conduzir os impulsos às regiões do cérebro onde são processados. Isto é, nos
processo mentais como a aprendizagem e a memória.

Hipotálamo – hipotálamo, significa por baixo do tálamo. Situa-se na base do


Protencéfalo. A sua função é controlar os padrões de comportamentos
desencadeados pelas necessidades biológicas como: comer, beber, desejo sexual e
a regulação da temperatura do corpo, circulação sanguínea, distribuição sanguínea
no cérebro e também como das emoções básicas como o medo e a agressividade.

Sistema límbico – é um conjunto de estruturas interconectadas, localizados nos


hemisférios cerebrais que envolvem parte do lobo frontal e o temporal. As suas
principais estruturas são a amígdala e o hipocampo.

Amígdala – tem a forma de amêndoa, situado no interior do lobo temporal. É o


centro da agressividade, assim como base de impulsos como o medo e a ansiedade.
Esta estrutura tem a função de activar as reacções emocionais de medo e de raiva.

Quando uma parte da amígdala é danificada ou removida em seres agressivos,


estes tornam-se calmos, tímidos, indefesos e não reagem, ao contrário dos seres
vivos que tinham o comportamento de medo tornam-se agressivos.
Hipocampo – é uma estrutura da forma de um cavalo - marinho situado atrás da
amígdala. Desempenha papel importante na formação de novas memórias e a sua
retenção. É uma das zonas que mais afecta a doença de Alzheimer.

Uma lesão nesta área, a pessoa não pode aprender algo novo ou formar uma nova
memória, provoca a amnésia anterógrada, a qual a pessoa não consegue memorizar
ou gravar nomes das pessoas que conhece mas, sempre poderá lembrar-se dos
acontecimentos anteriores formados antes da lesão. Enquanto, os acontecimentos
posteriores, isto é, depois da lesão são varridos da memória.

O cérebro - é uma estrutura muito complexa do corpo humano. Constitui a maior


parte do encéfalo humano, e apresenta dois hemisférios (direito e esquerdo). A parte
interna do cérebro é constituída por uma substância branca composta por uma
massa de fibras nervosas, e a parte externa é constituída por uma substância
cinzenta, cujas circunvoluções aumentam significativamente cobrindo todo o
cérebro. A este revestimento externo é o chamado de córtex cerebral.

O córtex cerebral – é a parte mais externa que cobre toda a parte do cérebro,
dando-o um aspecto rugoso com os seus sulcos ou fissuras. É o centro de controlo
motor, de recepção e processamento de mensagens sensoriais, sendo igualmente
constituídas pelas áreas responsáveis por processos mentais superiores como: as
nossas capacidades de raciocinar, recordar, imaginar, falar, resolver problemas,
planear acções, coordenar movimentos, e ter percepção do meio. Sem ele não
seriamos capazes de realizarmos as funções mentais superiores que nos distingue
dos outros animais. O córtex cerebral está dividido em quatro lobos (frontal,
temporal, parietal e occipital).
Sistema nervoso periférico (SNP)

O sistema nervoso periférico é constituído por nervos cranianos 12 pares que ligam
as diversas partes da cabeça (olho nariz, língua) e nervos raquidianos 31pares que
nascem ao longo da espinal medula. Tem a função de receber e captar os estímulos
do meio externo e encaminhá-los para o sistema nervoso central, onde se fará o
processamento da informação e a recepção das respostas para cada estímulo.

O SNP estabelece a ligação do encéfalo e a medula espinal com outras estruturas


do organismo como os músculos, órgãos sensoriais, as glândulas etc.

O sistema nervoso periférico está constituído por duas subdivisões:

1. Sistema Nervoso Somático


2. Sistema Nervoso Autónomo

Sistema Nervoso Somático – é constituído por nervos sensoriais ou aferentes e


nervos motores ou eferentes.

Nervos sensoriais ou aferentes: que transportam a informação proveniente de fora


como: a temperatura, sons, odores, luz etc; para o sistema nervoso central.
Nervos motores ou eferentes: tem como função transportar a informação do encéfalo
e da espinal medula para os músculos esqueléticos e certas glândulas, regulando
comportamentos como: andar, escrever, dançar e chorar.

Sistema nervoso autónomo – está relacionado com o funcionamento do meio


interno do organismo, controlando o seu funcionamento tais como: o coração,
estômago, os intestinos, sistema digestivo, e diversas glândulas como: pâncreas,
salivares e supra – renais etc. O sistema é conhecido como autónomo, porque as
actividades que este controla são autónomas, não exigem esforço consciente,
continuam com o seu funcionamento normal mesmo estando a dormir.

O sistema nervoso autónomo está dividido por:

1. Sistema Nervoso Simpático


2. Sistema Nervoso Parassimpático

Sistema Nervoso Simpático: sistema que excita e prepara o corpo para responder a
situações de tensão e de emergência do nosso organismo, activando – o para
enfrentar problemas e ameaças aumentando o batimento cardíaco.

Sistema Nervoso Parassimpático: sistema responsável pela manutenção das


reservas energéticas do organismo. Isto é, após a passagem da situação de stress
ou de perigo, o sistema nervoso parassimpático acalma e relaxa o organismo
fazendo – o restabelecer o seu equilíbrio.

Capitulo 4 – Psicologia do desenvolvimento


Objectivo de aprendizagem

Depois de estudar este capitulo, você deverá ser capaz de:

 Conceituar o desenvolvimento
 Descrever os factores do desenvolvimento intelectual
 Caracterizar as concepções acerca do desenvolvimento cognitivo, psicossexual,
e psicossocial.

A Psicologia do desenvolvimento é um ramo da psicologia que se relaciona com o


estudo de todos os aspectos do desenvolvimento humano: físico-motor, intelectual,
afectivo-emocional e social.

Conceito de desenvolvimento

Desenvolvimento

Conjunto das mudanças contínuas que ocorrem no ser humano ao nível físico e
psicológico desde o nascimento até a morte.

Factores que influenciam o desenvolvimento humano

Hereditariedade: Cada criança ao nascer herda de seus pais uma carga genética
que estabelece o seu potencial de desenvolvimento. Estas potencialidades poderão
ou não se desenvolver de acordo com os estímulos advindos do meio ambiente

Crescimento orgânico: refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a


estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do
mundo que antes não existiam.

Maturação neurofisiológicas: é o crescimento do cérebro ou do próprio sistema


nervoso, que torna possível determinado padrão de comportamento. A alfabetização
das crianças, por exemplo, depende dessa maturação. Para segurar o lápis e
manejá-lo como nós, é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança
de 2, 3 anos não tem.
Meio social: o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões
de comportamento do indivíduo.

Concepção do desenvolvimento

São várias as teorias que propõem interpretações sobre o desenvolvimento.


Algumas correntes privilegiam a componente biológica – maturativa (maturacionismo
e psicanálise), outras a componente – social (behaviorismo). Outras correntes
procuram superar esta dicotomia defendendo que o desenvolvimento resulta da
interacção entre a componente biológica e social (construtivismo e teoria
psicossocial).

Vamos abordar de forma mais aprofundada as teorias de quatro (4) autores:

1. Piaget – estudou o desenvolvimento da criança e do adolescente a partir dos


aspectos cognitivos;
2. Freud – frisou a cerca do desenvolvimento psicossexual;
3. Erickson – destacou aos aspectos psicossexuais, tendo em conta a
construção da identidade;
4. Kohlberg – estudou o desenvolvimento sócio-moral.

Piaget e o desenvolvimento cognitivo


Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo ocorre quando
houver a maturação do organismo na relação da pessoa com o meio, que, muitas
vezes, exige que as suas estruturas psicológicas se organizem de modo mais
complexo para permitir uma melhor adaptação (equilibração).

Deste modo o desenvolvimento cognitivo ocorre através de mecanismo adaptação


que são assimilação e acomodação.

Adaptação

É o processo mental pelo qual os esquemas existentes incorporam dados das


experiencias aos esquemas de acção e aos esquemas operatórios existentes. É um
movimento de integração do meio no organismo. Por exemplo: na relação, sujeito -
objecto, quando uma pessoa entra em contacto com o objecto de conhecimento ela
retira desse objecto algumas informações e as retém, e são essas informações, e
não todas, que são retidas porque existe uma organização mental a partir de
estruturas já existentes.

Acomodação

É um processo mental pelo qual os esquemas existentes vão modificar-se em


função das experiencias do meio. É um movimento do organismo no sentido de
submeter-se às exigências exteriores, adequando-se ao meio. Exemplo: na
interacção com o meio as estruturas mentais, ou seja, a organização que a pessoa
tem para conhecer o mundo são capazes de se modificarem para atender e se
adequar às necessidades e singularidades do objecto,

Para que haja adaptação, é necessário que estes dois processos estejam em
equilíbrio dinâmico, o que é conseguido através do mecanismo de equilibração – é
o processo de regulação entre a assimilação e a acomodação.
 Estádios de desenvolvimento cognitivo segundo Jean Piaget

Segundo J. Piaget, o desenvolvimento cognitivo ou mental faz-se por etapas


sucessiva em que as estruturas intelectuais se constroem progressivamente. Assim,
ele distingue fundamentalmente quatro (4) estádios de desenvolvimento:

1. Estádio sensório-motor (0 ao 2 anos)

Neste estádio, a criança conquista, através da percepção e dos movimentos, todo o


universo que a cerca. Por volta dos 5 meses, a criança consegue coordenar os
movimentos das mãos, olhos e pegar objectos, aumentando sua capacidade de
adquirir hábitos novos. A criança conhece o mundo pela manipulação. No final do
período, a criança é capaz de usar um instrumento como meio para atingir um
objecto. Por exemplo, descobre que, se puxar a toalha, a lata de bolacha ficará mais
perto dela. Neste caso, ela utiliza a inteligência prática ou sensório-motora, que
envolve as percepções e os movimentos.

Também aparece neste período a construção do objecto permanente que se inicia


ao longo dos nove meses, é um marco importante no desenvolvimento da
inteligência. Para saber se um bebé já adquiriu esta noção, podes fazer uma
experiência: a frente dele tape o brinquedo com o qual está a brincar, com um pano.
Se ele sabe que o brinquedo está apenas escondido, levanta o pano e recupera o
brinquedo. Antes da construção do objecto permanente, provavelmente desatará a
chorar ao deixar de o ver, é como ele deixasse de existir.

2. Estádio pré-operatório (2 aos 7 anos)

Neste período, aparece na criança o desenvolvimento da função simbólica,


acontecimento que assinala o início do pensamento e da linguagem.

A função simbólica: refere-se à capacidade de criar símbolos para substituir ou


representar os objectos e de lidar mentalmente com eles. Isto é, representação do
objecto mentalmente. Exemplo: um pau ou uma caixa perdem significado objectivo,
para simbolizarem um avião, navio etc.
A linguagem: o uso da linguagem permite-lhe comunicar com os outros, mas em
virtude do egocentrismo típico da criança neste período, o diálogo é praticamente
inexistente. Mesmo quando brinca com outras crianças, verifica-se que cada uma
fala sem se interessar com as respostas dos outros. A este propósito, podemos dizer
que a linguagem é monólogo colectivo em vez de diálogo.

A principal característica deste estádio, ao nível do pensamento é o egocentrismo,


que define-se pelo entendimento pessoal que o mundo foi criado para si e pela
incapacidade de compreender as relações entre as coisas. A criança não
compreende o ponto de vista do outro porque se centra no seu ponto de vista.

3. Período das operações concretas (7 aos 11/12 anos)

Neste período aparece o desenvolvimento do pensamento lógico sobre coisas


concretas; compreensão das relações entre coisas e capacidade para classificar,
comparar objectos; superação do egocentrismo da linguagem; aparecimento das
noções de conservação de substância, peso e volume.

4. Período das operações formais (11 aos 16 anos)

Neste período, ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento


formal, abstracto, isto é, o adolescente é capaz de lidar com conceitos como amor,
fantasia, liberdade, justiça etc. e realizar com elas operações mentais que seguem a
lógica formal, o que lhe dará sem dúvida uma riqueza imensa em termos de
conteúdo e flexibilidade de pensamentos. Com isso, adquire a capacidade de criticar
os sistemas sociais e propor códigos de conduta, discute os valores morais de seus
pais e constrói os seus próprios adquirindo portanto autonomia.

Freud e o desenvolvimento psicossexual


O desenvolvimento da personalidade é explicado pela evolução da
forma como a pessoa procura obter prazer – a sexualidade – que na infância é
sobretudo auto – erótica, e só a partir da adolescência passa a ser essencialmente
voltada para os outros. Esta evolução permite definir estádios de desenvolvimento
psicossexual, que se caracterizam por mudanças na zona erógena e por conflitos
entre a busca do prazer e a realidade que o limita, que vão condicionar a criação de
estruturas do aparelho psíquico e a relação dinâmica entre elas.

Estádios de desenvolvimento psicossexual

A criança no seu desenvolvimento atravessa uma série de fases ou de estádios,


cada um dos quais se associa a sensações de prazer ligadas a uma zona erógena
específica. O controlo destas sensações origina conflitos cuja resolução influencia a
formação da personalidade adulta. Para alcançar a maturidade psicológica o
indivíduo tem de resolver positivamente os próprios conflitos de cada etapa.

 Estádio oral (0 a 1 ano)

Neste período, a boca é a principal zona de prazer. É pela boca que a criança entra
em contacto o mundo, é por esta razão que a criança pequena tende a levar tudo o
que pega a boca. O seio da mãe é a fonte de grande satisfação que lhe permite
estabelecer uma relação afectiva de proximidade com a mãe. A qualidade da
relação afectiva entre o bebé e a mãe irá reflectir-se na sua personalidade em
adulto. Se pessoa enquanto bebé, foi desmamada, demasiado cedo, ou muito tarde,
desenvolverá uma fixação neste estádio oral e posteriormente, na sua vida, terá
necessidade de actividades que consistem, simbólica e realmente, em obter
gratificação oral (fumar, beber; roer as unhas…).
Devido á grande dependência que temos de alguém neste estádio, podemos como
adultos apresentar características como a crueldade, humor sarcástico, má-língua,
grande capacidade de argumentação, entre outras características.

 Estádio anal (2 aos 4 anos)

Após a digestão de alimentos, estes finalizam-se no prazer de controlo dos


músculos dos esfíncteres anal que ao serem aliviados da pressão provocam
sensações de alívio na defecação. Todavia, as contracções musculares podem
provocar também dor, criando assim uma possível ambivalência entre estas duas
emoções. A zona erógena é a região anal e a mucosa intestinal.

Se a regulação dos impulsos biológicos da criança é demasiado exigente e severa, e


for simbolicamente generalizada a outros comportamentos a criança desenvolverá
um carácter anal-retentivo. Pode levar á teimosia; mania da pontualidade; avareza;
egoísmo…Mas ainda assim a criança poderá reagir de maneira totalmente contraria
expelindo as fezes nos momentos mais inoportunos. Desenvolvendo um carácter
expulsivo-anal. E como adulto terá traços de personalidade explosivos: crueldade;
irritabilidade; sadismo; tendências violentas; desorganização; etc.

A experiencia ou conflito decisivo será então aprender a controlar as funções


orgânicas de evacuação.

 Fase fálica (4 aos 6 anos)

As crianças estão interessadas em questão do género: como nascem os bebés?


Têm brincadeiras onde exploram estes interesses, como brincar de médicos, pais e
mães, daí alguns comportamentos exibicionistas e voyeuristas.

Nesta etapa de desenvolvimento a atenção da criança volta-se para a região


genital onde a criança obtém prazer ao tocar-lhes. Inicialmente a criança imagina
que tanto os meninos e as meninas possuem um pénis, exemplo: ao serem
defrontados com as diferenças anatómicas entre os sexos, as crianças criam as
chamadas «teorias sexuais infantis» imaginando que as meninas não têm pénis
porque este órgão foi-lhe arrancado. Se os pais ensinarem aos filhos a não tocarem
nos seus órgãos genitais, dizendo que é vergonhoso os rapazes podem contrair o
medo de castração. Rapazes e raparigas podem apresentar, futuramente,
dificuldades de relacionamento sexual.

É nesta fase que as crianças vivem a primeira experiencia de amor heterossexual. O


rapaz alimenta uma atracção especial pela mãe, ao mesmo tempo em que
desenvolve uma agressão competitiva em relação ao pai. A rapariga sente-se
atraída pelo pai, vendo a mãe como obstáculo a realização dos seus desejos. Estas
vivências foram designadas no caso do rapaz complexo de Édipo, e na rapariga
complexo de Electra.

 Estádio de latência (5 ao 6 anos - puberdade)

O estádio de latência caracteriza-se por uma diminuição de actividade sexual, que


pode ser total ou parcial. Após a vivência da situação edipiana, a criança entra numa
fase em que os desejos sexuais estão praticamente ausentes ou esquecidos,
através de um processo que se designa por amnésia infantil.

Neste estádio a criança concentra a sua energia nas aprendizagens escolares e


sociais e culturais pois aqui ele aprende a compreensão dos papéis sexuais, isto é, o
que é ser mulher e ser homem na sociedade em que vive. A vergonha, o pudor, o
nojo, são sentimentos que contribuem para reter a libido.

 Estádio genital (depois da puberdade)

Ao período de uma sexualidade latente sucede-se um estádio em que a sexualidade


desperta de novo e com grande intensidade. Isso deve-se ao fenómeno de
maturação orgânica e aos impulsos desencadeados pela consequente produção de
hormonas sexuais. Os jovens, rapazes e raparigas que atingem este estádio após
terem resolvido os conflitos inerentes às fases anteriores, estão preparados, a partir
de agora, não só para o exercício de actos ligados à reprodução, como também para
assumir as responsabilidades da idade adulta.
Erickson e o desenvolvimento psicossocial

Segundo Erik A. Erickson, o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e é


influenciado pelas características dos contextos sociais em que o indivíduo está
inserido e não como defendia Freud ao dizer que a energia que orientava o
desenvolvimento era de natureza libidinal ou psicossexual.

Erickson propõe oito idades ou estádios psicossociais desde o nascimento até a


morte, tendo em conta aspectos biológicos, individuais e sociais, com as quais as
pessoas têm de lidar. No entanto, cada estádio de desenvolvimento é caracterizado
por certas tarefas e pela experiência de terminado conflito ou crise. Da superação
positiva dessas crises resulta o equilíbrio ou ajustamento; da sua solução negativa
resulta o desajustamento.

Oito (8) idades ou estádio do desenvolvimento psicossocial

1ª Idade: Confiança versus Desconfiança (0 - 18 meses)

Este estádio é marcado pela relação que o bebé estabelece com a mãe. Assim,
durante este período, o relacionamento com a mãe é da maior importância. Se a
mãe alimenta bem o filho, se o aconchega e acarinha, brinca e fala ternamente com
ele, o bebé desenvolve o sentimento de que o ambiente é agradável e seguro,
criando uma atitude básica de confiança e face ao mundo.

Se pelo contrário, o comportamento da mãe não satisfaz o bebé, este desenvolve


medos e suspeitas que contribuem para a formação de uma atitude negativa de
desconfiança. A virtude desenvolvida durante este período é a esperança. Esta fase
corresponde ao estádio oral da teoria de Freud.

Vertente positiva: sentimento de confiança relativamente aos outros e ao meio


Vertente negativa: suspeita, medo, insegurança relativamente aos outros e ao meio.

2ª Idade: Autonomia versus Dúvida e Vergonha (18 meses – 3 anos)


Neste estádio a criança está apta a explorar activamente o meio que a rodeia. Por
isso, sentem-se bem sempre que podem exercitar as suas capacidades motoras:
correr, puxar, empurrar, segurar, largar são actividades que treinam e procuram
desenvolver. Se os pais encorajarem a criança a exercitar estas habilidades, ela
desenvolve o controlo dos seus músculos, o que contribui para o domínio do seu
próprio corpo e do ambiente que a rodeia. Desta forma, a criança ganha autonomia.

No entanto, se a criança for impedida de usar as suas capacidades ou se lhe é


exigido que use essas capacidades precocemente, a criança desenvolve
sentimentos negativos, como a vergonha e a dúvida. A boa resolução entre aquilo
que a criança quer e o que os outros exigem dela, resulta na sua força de vontade,
virtude própria desta idade. Este período aproxima-se do estádio anal da teoria de
Freud.

Vertente positiva: sentimento de auto-suficiência, autonomia.

Vertente negativa: falta de independência.

3ª Idade: Iniciativa versus Culpa (3 - 6 anos)

As crianças tomam iniciativas e desenvolvem as suas actividades sentindo grande


prazer quando obtém sucesso. Se os pais compreendem e aceitam o jogo activo das
crianças, estas sentem que o seu sentido de iniciativa é valorizado. Porém, se os
pais se impacientam e consideram disparatadas as suas perguntas, brincadeiras e
actividades, as crianças sentem-se culpadas e inseguras evitando agir de acordo
com os seus próprios desejos.

Este período aproxima-se do estádio fálico da teoria de Freud.

Vertente positiva: capacidade para iniciar acções.

Vertente negativa: sentimento de culpabilização pelo que faz e pelo que pensa.

4ª Idade: Indústria/Mestria versus Inferioridade (6 - 12 anos)

Na nossa cultura predominam as actividades escolares neste período. Se a criança


corresponde ao que lhe é exigido então desenvolve sentimentos de auto-estima, de
competência (indústria). Se a criança se sente incapaz de atingir com sucesso as
actividades escolares, quando os seus companheiros o atingem, pode desenvolver
um sentimento de inferioridade desinvestindo nas tarefas.

Este período aproxima-se do estádio de latência da teoria de Freud.

Vertente positiva: desenvolvimento do sentido da competência.

Vertente negativa: falta do sentido da competência, sentimento de inferioridade.

5ª Idade: Identidade versus Difusão/Confusão (12 - 18/20 anos)

A construção da identidade é a tarefa fundamental deste estádio. Nesta idade, o


adolescente apercebe-se da sua singularidade como pessoa, adquirindo a noção de
que é um ser único, com identidade própria, mas inserido num meio social onde tem
vários papéis a desempenhar, pelo que o adolescente vai ter de integrar diversas
auto-imagens: jovem, amigo, estudante, seguidor, líder, trabalhador, homem ou
mulher numa única imagem e é a partir dela que escolhe uma carreira profissional e
um estilo de vida.

Se não consegue definir os papéis que quer ou pode desempenhar, experimenta


uma confusão de identidade e de papéis.

Este período aproxima-se ao estádio genital da teoria de Freud.

Vertente positiva: formação de uma identidade pessoal, reconhecimento de papéis a


seguir.

Vertente negativa: incapacidade de definir papéis a seguir, indecisão, confusão de


papéis

6ª Idade: Intimidade versus isolamento (18/20 – 35 anos)

Nesta fase, o jovem adulto, com uma identidade já construída, está preparado para
estabelecer relações de amizade, de afecto com os outros. Geralmente procura uma
relação de intimidade com outra pessoa que pode envolver um relacionamento
sexual. Se não o consegue pode distanciar-se dos outros e isolar-se.
Vertente positiva: desenvolvimento das relações de intimidade (relações amorosas e
de amizade)

Vertente negativa: receio de estabelecimento de relações com os outros evitando


compromissos.

7a idade: Generatividade versus Estagnação (35 aos 65 anos)

Nesta idade vive o conflito que se pode traduzir nas seguintes questões: será que
faço alguma coisa que tenha realmente valor? Será que sou bom profissional? Serei
um bom pai ou mãe? Há uma grande vontade de tornar o mundo melhor, de
transmitir aos mais jovens valores e propostas num processo de um compromisso
social.

Vertente positiva: contributo como membro activo da sociedade.

Vertente negativa: contracção em si próprio, desinteresse pelos outros.

8a Idade: Integridade versus Desespero (depois dos 65 anos)

O conflito típico deste período é a Integridade vs. Desespero.

Esta fase coincide com a entrada na reforma, em que a pessoa se empenha em


reflectir, fazendo um balanço da sua vida. Quando a pessoa se sente satisfeita por
considerar que a sua vida teve mérito, surge o sentimento de integridade. Nas
situações em que a pessoa se apercebe de que nada que fez que tivesse sentido e
de que já é demasiado tarde para começar de novo, surge o desespero, amargura
aparecimento da depressão e agressividade deslocada. A principal virtude adquirida
neta idade é a sabedoria.

Vertente positiva: sentimento de realização face ao passado.

Vertente negativa: sentimento de que se perderam oportunidades importante


Kohlberg e o desenvolvimento sócio moral

A moralidade tem sido estudada por psicólogos do ponto de vista afectivo


(Psicanálise), do ponto de vista comportamental (behaviorismo, teoria da
aprendizagem social) e do ponto de vista cognitivista (Piaget e Kohlberg).

Mas foi Lawrence Kohlberg, psicólogo e filósofo americano, contemporâneo de


Piaget, que dedicou-se a estudar o desenvolvimento moral do ser humano, duma
maneira e aperfeiçoada ao modelo piagetiano.

Kohlberg, divide o desenvolvimento sócio-moral em seguintes níveis:

Nível I - pré-convencional (de 2 a aproximadamente 6 anos)

Neste nível, a criança interpreta as questões de certo e errado, bom e mau, em


termos das consequências físicas ou hedonistas da acção. Toda acção punida é
vista como má, e toda acção premiada é moralmente correcta. Portanto, este nível
de moralidade reduz-se a um conjunto de normas externas, a que se obedece para
evitar o castigo, a punição, ou para satisfazer desejos e interesses estritamente
individualistas.

Nível II - Convencional (idade escolar)

O indivíduo que está no nível de moralidade convencional é aquele que procura


viver conforme as regras estabelecidas, com o que é socialmente aceito e
compartilhado pela maioria, respeitando a ordem estabelecida. Portanto, há uma
tendência a agir de modo a ser bem visto aos olhos dos outros, para merecer
estima, respeito e consideração.

Nível III- Pós-convencional (adolescência em diante)

Aqui o valor moral das acções não está nas conformidades às normas e padrões
morais e sociais vigentes; está vinculado aos princípios éticos universais, tais como
o direito à vida, à liberdade e à justiça. Portanto, as normas sociais são entendidas
na sua relatividade, cuja finalidade é garantir que estes princípios sejam respeitados.
Caso isto não aconteça, as leis devem ser transformadas e até desobedecidas.

Capítulo 5 – Fundamentos sociológicos do comportamento

Objectivos de aprendizagem

Depois de estudar este capítulo, você será capaz de:

 Conceituar a Psicologia social, interacção social e comportamento


interpessoal;
 Descrever a socialização e seus tipos, o homem como ser social,
relatividade cultural
 Conceituar a percepção social
 Explicar as atitudes, os seus componentes e a sua formação
 O comportamento do grupo.
 Explicar e exemplificar os conceitos de grupos, posição status e papel
 Caracterizar a liderança como fenómeno grupal.
 Explicar a dinâmica e interacção grupal.

Psicologia social – a psicologia social que estuda os comportamentos resultantes


da interacção entre os indivíduos. O psicólogo social procura conhecer a natureza e
a causa dos nossos comportamentos, pensamentos, sentimentos que se revelam
nas situações sociais.

Interacção social – Entende-se por interacção social o processo através do qual as


pessoas se relacionam umas com as outras, num determinado contexto social.
Exemplo: um comprador discute com um vendedor e eles interagem num dado
contexto conhecido pelos dois.

Temos a salientar que um simples contacto físico não é suficiente para que haja
interacção social. Por exemplo se alguém se senta ao lado de outra pessoa num
autocarro, mas ambos não conversam, neste caso não há uma interacção social
mas, sim um contacto social.

Socialização – chama-se socialização o processo pelo qual o indivíduo adquire os


padrões de comportamentos, regras, valores, formas de estar e de relacionar-se que
são habituais e aceitáveis em seus grupos sociais.

O processo de socialização corresponde portanto, a uma aprendizagem cuja


finalidade é a integração ou adaptação do indivíduo ao meio social. Este processo
inicia logo ao nascimento do indivíduo.

Existem dois (2) tipos de socialização

1. Primária
2. Secundária
3. Terceária

1 - Socialização primária:

É aquela que decorre durante a infância e na adolescência e constitui o período


mais intenso da aprendizagem. É a altura em que a criança aprende a falar e
aprende os mais básicos padrões comportamentais como os hábitos de higiene,
normas de conduta e diversas situações da vida quotidiana. Nesta fase, a família é o
principal agente de socialização.

2 - Socialização secundária

Que é aquela decorre desde um momento mais tardio da infância até na idade
adulta. Nesta fase, outros agentes de socialização assumem algumas das
responsabilidades que pertencia à família. As escolas, os grupos de pares,
instituições, os meios de comunicação e eventualmente o local de trabalho tornam-
se forças de socialização de um indivíduo.

3 - Socialização terciária

ocorre na velhice. Pela própria fase de vida, o indivíduo pode sofrer crises pessoais,
haja vista que o mundo social do idoso muitas vezes se torna restrito (deixa de
pertencer a alguns grupos sociais) e monótono. Nessa fase, o indivíduo pode sofrer
uma dessocialização, em decorrência das alterações que ocorrem, em relação a
critérios e valores. E, concomitantemente, o indivíduo, nesta fase, começa um novo
processo de aprendizagem social para as possíveis adaptações a nova fase da vida,
o que implica em uma ressocialização.

Agentes socializadores do processo de socialização

Por agentes de socialização entendemos pessoas, instituições ou mecanismos


sociais que exercem um papel socializador. Assim, a família os grupos de pares
(amigos ou colegas), a escola, a igreja, os meios de comunicação etc., são agentes
de socialização pois modelam o comportamento do indivíduo.

O primeiro contacto que o ser humano tem, ao nascer, é a família: primeiramente,


com a mãe, por meio dos cuidados físicos e afectivos, e, paralelamente, com o pai e
os irmãos, que transmitem atitudes, crenças e valores que influenciarão no seu
desenvolvimento psicossocial. Num segundo momento, tem a interferência da
escola. Geralmente, nessa fase, o indivíduo já traz consigo referências de
comportamentos, de orientação pessoal básica, devido ao contacto inicial com a
família.

O homem como ser social

Como ser social, o Homem possui, por exemplo, o instinto e desenvolve o hábito de
viver em sociedade, isto é, na relação com os outros homens. E é na sociedade que
o Homem se enquadra, onde existem os estatutos sociais, ou seja, as camadas
sociais que o enquadram e definem o seu “status” social. Na sociedade o homem
rege -se por normas de conduta social que representam a moral social. Esta prevê
tudo o que o homem é admitido e obrigado a fazer e aquilo que lhe não é permitido e
não deve fazer. Esta prevê as formas de conduta que o Homem deve ter em relação
com os outros homens. Portanto, o Homem vive em comunidade.

Relatividade cultural
Cada sociedade possui uma cultura própria e forma juízos de valores sobres os
modos de vida, os sistemas de valores, as regras, as crenças religiosas, as políticas
económicas e sociais dos outros grupos. A relatividade cultural defende que cada
cultura deverá ser olhada dentro dos seus próprios padrões, mesmo quando esses
padrões pareçam invulgares. Por exemplo; chorar é um acto que envolve uma
componente biológica e uma componente psicológica – choro porque estou triste,
choro de raiva, de dor, de emoção, de alegria. Mas, a forma de como se chora,
quando e porque se chora varia nas diferentes culturas.

A relatividade cultural é a diversidade comportamental entre os homens


provenientes de diferentes culturas. Ao considerarmos o comportamento de um
indivíduo ou grupo haverá, pois, que ter em conta a situação cultural em que foi
modelado.

A diversidade cultural manifesta-se em diferentes padrões culturais: o que comemos


e quando comemos, o modo de como nos saudamos, os hábitos de higiene, as
relações entre pais e filhos, homens e mulheres constituem comportamentos
padronizados previstos numa determinada sociedade.

Padrões culturais são conjunto de comportamentos comum aos membros de uma


cultura ou de um grupo social.

A aculturação:

É uma imposição de hábitos, e valores culturais de outras sociedades. Exemplo: a


colonização, a globalização e emigração fazem parte deste processo que se
caracteriza pela reformulação das práticas, costumes e crenças originais a partir dos
valores e das normas da sociedade dominante.

Devido a globalização, hoje em dia, os meios de comunicação social, o turismo, a


emigração, as trocas comerciais têm proporcionado a transmissão de novos
modelos comportamentais, alguns destes são fáceis e rapidamente assimilados e
reintegrados, outros são rejeitados.

Percepção social
Chama-se percepção social ao processo pelo qual formamos impressões a respeito
de uma outra pessoa ou grupos de pessoas. Isto é, todos nós temos a tendência de
fazer julgamentos bastantes complexos a respeito de outros, com base em bem
poucas informações.

As primeiras impressões determinam em muito o nosso comportamento em relação


às pessoas e têm probabilidade de se tornarem estáveis, talvez pela tendência dos
seres humanos de corresponderem às expectativas a seu respeito.

Grupo social

Grupo social: um grupo pode ser definido como uma unidade social ou estrutura
composta por vários indivíduos que cooperam entre si partilham objectivos e
interesses comuns e desempenham funções ou papéis distintos.

Tipos de grupos

Grupos primários: é um grupo constituído por um número limitado de pessoas que


interagem imediatamente e de modo directo e pessoal (contacto face a face) tem
uma relação mais íntima e douradoras uns aos outros, são grupos mais pequenos
que os grupos secundários. Exemplo: a família, a vizinhança grupos de amigos etc.

Grupos secundários: são grupos compostos por um número elevado de membros,


cujas relações interpessoais são afectivamente neutras, as relações entre o
indivíduo e outros membros do grupo são do tipo instrumental, isto é, funcionais para
a consecução de um objectivo. São grupos caracterizados de mais abertura, poucas
relações face a face, mais impessoal, um grupo mais largo, origina-se por contacto
ou escolha voluntária, são grupos que frequentemente não se conhecem todos e a
comunicação nem sempre é directa. Exemplos: empresa, instituições hoteleiras,
escolas, universidades, as igrejas partidos políticos etc.

Posição – a posição é definida como conjunto de direitos e deveres do indivíduo no


grupo. Há no grupo familiar, por exemplo, a posição de pai e mãe, cujos deveres são
prover o sustento da família, dar aos filhos a formação geral etc. e tem direito de ser
obedecido e respeitado

Liderança

Para falarmos de liderança temos que entender a definição de Líder – um indivíduo


que é capaz de exercer influência sobre um número significativo de pessoas. Essa
influência pode ser exercida pela palavra ou pela acção que será vista pelo grupo
como um exemplo a seguir.

Assim, o líder diferencia-se do chefe, que é aquela pessoa encarregada por uma
tarefa ou actividade de uma organização e que, para tal, comanda um grupo de
pessoas, tendo autoridade de mandar e exigir obediência. Para os gestores actuais,
são necessárias não só as competências do chefe, mas principalmente as do líder.

No entanto, muitas vezes a palavra «liderança» é usada com o sentido de «chefia».


Quando uma pessoa é designada de “cima” para coordenar as actividades de um
grupo ou instituição, fala-se de liderança formal – é todo indivíduo que ocupa
qualquer cargo de supervisão ou de chefia numa organização, cargo esse que lhe foi
atribuído por uma autoridade superior.

Em contraste com a liderança informal, exercida pela pessoa com grande


influência sobre os membros do grupo sem ter sido formalmente designado para
isso. A sua liderança está necessariamente ligada a função de chefia.

Estilos de liderança

Segundo Kurt Lewin, na sua investigação desenvolvida nos EUA, em 1939, sobre a
atmosfera de liderança, existem essencialmente três estilos de liderança
caracterizados como o líder se relaciona com o grupo:

1. Líder autoritário

É o estilo em que o líder toma decisões sem consultar o grupo. É um tipo de líder
gerador de conflitos, de atitudes agressivas e de várias frustrações, o grau de
insatisfação do grupo é elevado pois, não há espaço de iniciativa pessoal.
2. Líder permissivo ou Laissez-Faire:

Laissez-faire é a contracção da expressão em língua francesa laissez faire, laissez


aller, laissez passer, que significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar".
Neste tipo de liderança as pessoas tem mais liberdade na execução dos seus
projectos. Neste estilo, o líder funciona como elemento do grupo e só intervém se for
solicitado. É o grupo que levanta problemas, discute as soluções e decide. O líder
não intervém na divisão de tarefas, limitando-se a sua actividade a fornecer
informações, se a sua intervenção for requerida. No grupo com este tipo de líder,
quando o grupo não tem capacidade de auto-organização, pode surgir frequentes
discussões com desempenho das tarefas pouco satisfatório.

3. Líder democrático

É o estilo em que o grupo participa na discussão do programa de trabalho, na


divisão das tarefas, sendo as decisões tomadas colectivamente. O líder
desempenha um papel de apoio interveniente, dá sugestões, ajuda o grupo, prefere
decisões consensuais, é objectivo na avaliação do trabalho desempenhado. O grau
de de satisfação e empenho entre os elementos do grupo é elevado.

Dinâmica e interacção grupal

Segundo Solomon Asch, a interacção grupal diz respeito a influência mútua dos
comportamentos e expressões linguísticas próprias que ganham dimensão no grupo
e que muitas vezes o distinguem de outros. Se um grupo é composto de duas
pessoas, estabelece-se uma relação em que se desenvolvem interacções pessoais
onde predominam a cooperação. O aumento do número de elementos do grupo
implica um aumento considerável no número de interacções.

É também no contexto da interacção grupal que ocorre o conformismo – quando


uma pessoa se comporta de acordo com as expectativas do grupo. Isto é,
concordância com os desejos do influenciador e que não mudamos
necessariamente as nossas atitudes. E o inconformismo – quando embora
reconhecendo essas expectativas, a pessoa age de forma oposta mostrando o
inconformismo.
Influência do grupo

A influência é uma dimensão da interacção que se estabelece no interior do grupo


pelo facto de se estar junto do outro. A interacção implica que os sujeitos ajam uns
sobre os outros. Os indivíduos modelam o seu comportamento segundo as normas e
os valores do grupo a que pertencem: na família, na escola, no grupo de trabalho,
nos grupos de lazer etc. É nos grupos que se realizam as aprendizagens, que
emergem os modelos e se exercitam os papéis sociais.

Os estatutos e papéis sociais

O estatuto

É a posição que um indivíduo ocupa numa das dimensões do sistema social, como a
profissão, o nível de instrução, o sexo ou a idade. Define, portanto, a identidade
social.

Por exemplo: Ser médico é uma posição que um indivíduo ocupa na sociedade que
determina direitos e obrigações, nomeadamente em relação aos pacientes. Mas, se
o médico executa mal o seu papel cometendo faltas profissionais, o estatuto pode
ser-lhe retirado.

Os estatutos podem ser:

 Adquiridos ou atribuídos:

Estatutos adquiridos: posição adquirida pelo individuo por opção própria. São
aqueles que dependem do esforço pessoal para a sua obtenção, através das suas
habilidades, conhecimentos e capacidades pessoais (Meritocracia). Por exemplo; o
professor, médico, a escolaridade, a profissão, o modo de vida…
Estatutos atribuídos: posição imposta ao individuo independentemente da sua
vontade. são aqueles que independentemente da sua capacidade para obtenção,
este recebe o cargo logo à sua nascença. Por exemplo; o género, a etnia, a
ascendência, o sexo, os herdeiros de monarquias.

O papel social

Segundo a definição de Stoetzel, o papel social pode ser entendido como o


comportamento esperado pela pessoa que ocupa uma determinada posição com
determinado estatuto. Isto é, um conjunto de actividades ou operações feitas no
estatuto para satisfazer uma necessidade social. Não há papel sem estatuto nem
estatuto sem papel.

Por exemplo: espera-se que um pai ou um dirigente político aja de determinada


maneira e, se isto não acontecer as pessoas, que ocupam estas posições estão
sujeitas aos mais variados tipos de sanções. Dependendo do grau de desvio do
comportamento esperado, pode receber desde caras feias, demissões do cargo,
prisão ou até pena de morte.

É frequente no papel surgir conflitos de papéis, uma incompatibilidade entre as


diversas acções que o indivíduo deve desenvolver os seus papéis em domínios
distintos.

Por exemplo; uma universitária assume o papel de aluna na sala de aula, ao chegar
em casa passa a desempenhar o papel de mãe e ao chegar ao escritório onde
trabalha passa a desempenhar o papel de secretária-executiva.

Um jovem que trabalha todos os dias à noite numa discoteca, provavelmente, não
conseguirá responder às exigências do seu papel do aluno, na manhã seguinte.

Fala-se neste caso de descontinuidade de papéis, ocorre quando um individuo


passa a desempenhar funções inferiores as anteriormente ocupadas. Corresponde
geralmente a uma perca de poder e prestigio. Por exemplo, por efeito de
despromoção, de desemprego, por passagem a reforma.
Pode também ocorrer quando uma pessoa ocupa um lugar de direcção numa
empresa e é despromovido, ou quando um político deixa de ocupar um cargo
público passa a cidadão comum.

Atitudes

Entende-se por uma atitude a maneira organizada e coerente de pensar, sentir e


reagir (de forma positiva ou negativa) em relação a grupos, a questões, a objectos e
a outras pessoas ou mais especificamente, a acontecimentos ocorridos no meio que
circunda o indivíduo.

As atitudes podem ser positivas e negativas. Segundo Baron, Byrne e Brascombe


(2006), os indivíduos tendem constantemente, a reagir favorável ou
desfavoravelmente face a determinados assuntos, ideias, grupos sociais, objectos
ou pessoas. Por exemplo: um tema como o da necessidade de solidariedade para
com os mais desfavorecidos, gera reacções positivas, logo consensuais. E se for
outro domínio como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, produzem na
maioria das vezes, atitudes negativas que se traduzem em reacções extremadas em
determinados grupos ou numa determinada sociedade.

Componentes das atitudes

 Componente cognitiva (o que sabemos acerca da situação em causa)


 Componente afectiva (o que sentimos acerca da mesma situação)
 Componente comportamental (o modo que nos predispomos a agir em
resposta à situação)

Nem sempre, obviamente, as atitudes permitem prever os comportamentos que se


efectuam. A primeira das razões é o facto de podermos ter atitudes divergentes
relativamente ao mesmo objecto: o que sabemos pode contrariar o que sentimos ou
vice-versa; a segunda razão prende-se com o facto de os nossos comportamentos
serem incompatíveis com as atitudes, o que pode acontecer, por exemplo, quando
alguém que é ateu decide casar-se pela igreja, quando um indivíduo tem
conhecimento que fumar faz mal a saúde, mas continua fumando. A estas
incompatibilidades que podem verificar-se entre atitudes e comportamentos designa-
se por dissonância cognitiva. (Festinger, 1957).

Atitudes e comportamentos

As atitudes não são directamente observáveis: inferem-se dos comportamentos. É


possível, a partir de um comportamento, descobrir a atitude que esteve na sua
origem. Também as reacções de uma pessoa face a uma situação podem permitir
prever a atitude que lhe esta subjacente.

Formação e desenvolvimento das atitudes

As atitudes não nascem connosco, são formadas fundamentalmente através da


interacção social. É no processo de socialização, na influência que recebemos da
sociedade e dos grupos em que nos integramos, que formamos as nossas atitudes.
Estas portanto não são inatas, são aprendidas mediante a influência, pressão e
modelagem social. Isto é, são aprendidas no meio social.

Durante a infância, as atitudes são moldadas fundamentalmente pelos pais. Estes


são a primeira fonte das crenças das crianças. A medida que a criança cresce, esta
influência diminui. É sobretudo a partir da adolescência que assumem grande
importância, na formação das atitudes, pois, os pares, isto é, as pessoas de idade
aproximada com quem os jovens convivem.

Outra fonte importante no desenvolvimento das atitudes é a educação formal que


decorre na educação escolar.

Os meios de comunicação social contribuem para a formação das atitudes.


Especialmente a televisão, através dos filmes, telenovelas, publicidade e
informação, influencia o processo de desenvolvimento das atitudes, face as relações
interpessoais, a concepção da vida, ao lazer, ao trabalho etc.

A imitação, a identificação, o reforço e a gratificação dos pais, pares e professores


são determinadas na formação das atitudes.

Mudança de atitudes
A modificação das atitudes depende basicamente de novas informações relativas ao
objecto. Mas a forma como o individuo reage a essas informações varia em função
das atitudes em causa: é mais fácil mudar-se a atitude relativamente a um objecto
sobre o qual se tem um sentimento fraco ou sobre o qual se tem pouca informação.

Por vezes uma experiência traumática possibilita a modificação das atitudes. Se um


individuo for assaltado por um mumuila, este facto pode determinar uma atitude
hostil face aos elementos desta etnia. Mas, se um elemento da família for ajudado
por um mumuila, poder-se-á desenvolver uma atitude positiva relativamente a este
grupo.

A propaganda e a publicidade têm por objectivo influenciar as nossas atitudes e


comportamentos. São transmitidas mensagens que visam persuadir as pessoas a
formar uma atitude e, consequentemente, a comportar-se de determinada maneira.

Medida das atitudes: as atitudes são mensuradas através de escalas de atitudes que
constituem uma das técnicas que constituem para medir a qualidade, o grau de
intensidade e a direcção das atitudes. Baseiam-se no pressuposto de que se podem
medir através das opiniões.

Uma das escalas mais utilizada foi desenvolvida por Lickert. É uma técnica de papel
e lápis em que se pede ao inquirido que analise o que pensa sobre um determinado
objecto, manifestando a intensidade do seu acordo ou desacordo. Propõe-se uma
frase, relativamente à qual o inquirido regista a sua opinião.

Por exemplo:

“Os copiadores devem ser responsabilizados”


1. Concordo totalmente 4. Concordo relativamente
2. Indiferente 5. Discordo relativamente
3. Discordo totalmente

Estereótipos Preconceitos e Discriminação


Podemos, conceituar os estereótipos como ideias que resultam de generalizações
ou de especificações, tendentes a considerar que todos os membros de um grupo
social se comportam do mesmo modo ou têm as mesmas características.

As imagens mentais que aplicamos a grupos ou pessoas, coisas ou situação. São


usados principalmente para definir e limitar pessoas ou grupos de pessoas na
sociedade. O estereótipo é geralmente imposto, segundo as características externas
tais como a aparência, (cabelo, olhos, pele), roupas, condição, financeira,
comportamentos, cultura, sexualidade, sendo estas classificações nem sempre
positivas que podem muitas vezes causar certos impactos negativos nas pessoas.

Preconceito

Em Psicologia social, o preconceito, designa uma atitude que deriva de pré-


julgamentos e que conduz os sujeitos a avaliar negativamente ou positivamente
objectos, pessoas ou grupos sociais, sendo mais frequentes os preconceitos com
valência negativa que conduzem à discriminação, à segregação. Deste modo,
entende-se por preconceito uma atitude negativa ou positiva relativamente a
objectos pessoas ou grupos. As formas mais comuns de preconceito são: social,
racial e sexual.

Existem diversos tipos de preconceitos que acabam gerando discriminação e


intolerância, dentre os quais podemos destacar os seguintes:

 Preconceito contra as mulheres (machismo, misoginia ou sexismo)


 Preconceito social (classismo)
 Preconceito racial (racismo)
 Preconceito contra as pessoas trans (transfobia)
 Preconceito contra homossexuais (homofobia)
 Preconceito contra gordos (gordofobia)
 Preconceito contra pessoas com deficiência físicas (capacitismo)
 Preconceito contra estrangeiros (xenofobia)

Classificação das formas de preconceito.


As formas mais comuns de preconceito são: social, racial e sexual.

Preconceito Social ou classismo: trata-se de um tipo de preconceito na classe


social de uma pessoa. No geral, são vítimas de preconceito social as pessoas ou
populações mais pobres.

Preconceito racial: preconceito contra as pessoas que possuem características


físicas associadas a um determinado grupo social. Essas características incluem a
cor da pele, o formato do nariz, ou textura dos cabelos.

Preconceito sexual e de género: trata-se de preconceito contra pessoas em


virtude do seu sexo e género.

Discriminação: é denominada descriminação toda a atitude que exclui, separa e


inferioriza pessoas tendo como base ideias preconceituosas.

Discriminar alguém consiste em impedir essa pessoa de exercer seus direitos como
ser humano, negando a ela acesso a coisas e situações.

A discriminação pode conduzir à exclusão no emprego, na vizinhança e nas


oportunidades educacionais e pode resultar em salários e benefícios mais baixos
para membros de grupos específicos.

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