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Instituto Superior Politécnico Privado Walinga do Moxico

Aprovado Pelo Conselho De Ministros aos 17 De Maio De 2017


Decreto Presidencial Nº 132/2017, 19 De Junho

Departamento de Ciências Sociais e Humanas


Curso de: E. Primário, Psicologia e Sociologia
1º Ano de frequência

UNIDADE CURRICULAR: METODOLOGIA DE


INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA I

Docente: Paulino Pereira

Moxico/Luena Ano 2023

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Nota introdutória

Durante muito tempo o homem iniciou uma jornada em busca do conhecimento


para procurar possíveis respostas para questões relativas a problemas do seu dia-a-dia.
Algumas destas respostas eram, muitas vezes, explicadas de forma mística à medida
que utilizavam a mitologia para explicá-las. Quando o homem passou a questionar estas
respostas e a buscar explicações mais aceitáveis, por meio da razão, excluindo suas
emoções e suas crenças religiosas, passou-se a obter respostas mais realistas, se
aproximavam mais da realidade das pessoas e por isto, talvez, passaram a ser mais bem
aceitas pela sociedade. Pode-se dizer que essa nova forma de pensar do homem foi que
criou a possibilidade do surgimento da ideia de ciência e que sua tentativa de explicar os
fenómenos, por meio da razão, foi o primeiro passo para se fazer ciência.

A metodologia científica, mais do que uma disciplina, significa introduzir o


discente no mundo dos procedimentos sistemáticos e racionais, base da formação tanto
do estudioso quanto do profissional, pois ambos actuam, além da prática, no mundo das
ideias. Podemos afirmar até: a prática nasce da concepção sobre o que deve ser
realizado e qualquer tomada de decisão fundamenta-se naquilo que se afigura como o
mais lógico, racional, eficiente e eficaz.

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UNIDADE # 1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

1. OBJECTIVOS
1.1. Objectivo Geral
Doptar os estudantes de conhecimentos e habilidades técnicas e teóricas que lhes
permitam dominar os Principais elementos de pesquisa Científica e serem capazes de
desenvolver uma Investigação Científica a todos os níveis.
1.2. Objectivos Específicos
✓OE1. Abordar sobre a Epistemologia de Investigação
✓OE2. Abordar sobre Ética na pesquisa (plágio)
✓OE3. Abordar os fundamentos teóricos sobre Conhecimento Científico, Investigação
Científica e Método Científico;
✓OE4. Abordar os principais Trabalhos Académicos existentes;
✓OE5. Discutir as etapas de um projecto de pesquisa e os tipos de Investigação
Científica;
✓OE6. Apresentar instrumentos e técnicas de recolha, tratamento e apresentação de
dados.
2. Objectivos de Aprendizagem (Competências a Desenvolver ao Longo do
Semestre) O estudante que termine com êxito esta disciplina deverá:
✓OA1. Estar apto a conhecer o processo de uma investigação científica (pesquisa
empírica);
✓OA2. Ser capaz de identificar e diferenciar os tipos de trabalho académico existentes;
✓OA3. Estar apto a compreender o método científico e os diferentes tipos
(classificação) de pesquisa;
✓OA4. Ser capaz de elaborar a estrutura de um projecto de pesquisa ou trabalho
académico e desenvolver os seus elementos constituintes;
✓OA5. Aplicar na prática os conhecimentos teóricos
✓OA6. Criar/elaborar procedimentos/instrumentos/técnicas de recolha de dados4
✓OA7. Analisar dados estatísticos e fazer leitura de tabelas e gráficos de
dados/informações.

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A palavra método deriva da palavra grega méthodus, formadas por duas palavras:

Mét: significa no meio Hodus: significa caminho ou via

Método: é o caminho, via ou a trajectória que o pesquisador percorre para conhecer o


objecto ou fenómeno a ser investigado para o alcance de um determinado fim, em como
para se chegar ao conhecimento.

Método científico: é um conjunto de procedimentos ou técnicas que produzem o


conhecimento científico, quer um novo conhecimento, quer uma correcção ou aumento
na área de incidência de conhecimentos anteriormente existentes.

Metodologia: é uma palavra derivada de método que consiste no estudo dos mais
variados métodos.

Conhecimento: é a capacidade humana de entender, aprender e compreender as coisas


por meio da experiência e do raciocínio. A partir do que for apreendido, pode-se criar
como fazer as ciências e as artes.

Ciência: Etimologicamente a palavra ciência vem do latim (scientia) e significa


conhecimento, sabedoria, adquiridos através de práticas sistematicas.

Metodologia de investigação científica: é a ciência que contem, métodos, técnicas,


categorias, leis e procedimentos que garantem soluções de problemas científicos com
máxima eficiência, bem como dos instrumentos necessários para a elaboração de
trabalhos científico-académicos.

Importância da disciplina para os estudantes do curso de ensino primário.

 Tem como importância auxiliar os estudantes a compreenderem o processo de


construção da ciência e da pesquisa de modo;
 A adoptar o estudante com um conjunto de conhecimentos teórico e prático
sobre MIC tendo em conta as três funções básicas do ensino superior:
 Ensino: como ensino, a disciplina está empenhada em incentivar a reflexão
sobre a construção do conhecimento e desenvolver habilidades necessárias para
a actividade científica;
 Como pesquisa: tem a finalidade de produzir conhecimentos;

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 Como extensão: permite que os estudantes, compartilhem com a comunidade
externa o conhecimento produzido dentro da universidade através de eventos
diversos.

1.2 Trabalhos correntes académicos (estrutura e funcionalidade)

Orientação de trabalhos em grupos

Definição: é um conjunto de informações recolhidas por um grupo de estudantes entre


5-8, sobre um determinado tema para sua aprendizagem e sob a orientação do professor.
Estrutura: para a elaboração de um trabalho corrente académico há necessidade dos
seguintes elementos que serão descritos:
a) Pré-textuais
1) Capa modelo em (apêndice: A)
2) Página do Rosto em (apêndice: B)
3) lista dos integrantes e índice
b) Textual
1) Introdução, Enquadramento teórico e conclusão
c) Pós- textuais
1) Referências bibliográficas (Normas APA 1 6ª e 7ª edição)
2) Apêndices (caso existe)
3) Anexos (caso existe)

Funcionalidade
1) Introdução: Introduz o trabalho dos aspectos a serem tratados no trabalho para
motivar o leitor ( informativa);

2) Desenvolvimento: aborda os itens do trabalho divididos em sessões ou subtítulos e


devem ser numerados.

3) Conclusões: os objectivos elaborados na introdução devem fazer sincronia ou ligação


na conclusão.

4) Referências bibliográficas: Deve ser de acordo, a norma APA 6ª e 7ª edição.

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1.2.1 Estratégias Didácticas para apresentação dos trabalhos.

O termo estratégia tem sido usado multiplicidade de contexto. “Provavelmente


por ser utilizado nos domínios militares, diplomáticos e políticos e nos variados jogos”.
Em educação como sinónimo de abordagem, métodos, modelo e técnica (viera &
Vieira, 2005, p. 15).

Entende-se com Estratégia em educação, como um plano concebido pelo


professor, em relação a um dado conteúdo promover determinadas competências num
contexto real. Existem várias estratégias de ensino-aprendizagem dentre as mais
conhecidas podemos citar a seguinte:

Seminário: Semente (semear ideias). É uma técnica de estudo que inclui pesquisa,
discussão e debate. Para Santos (2016, citado por Marconi e Lakatos, 2017: 29), Como
uma técnica de pesquisa, bem como um procedimento didáctico que consiste em levar o
educando a pesquisar a respeito de um tema, afim de apresentá-lo e discuti-lo
cientificamente.

Componentes

1. Coordenador: O professor, na distribuição dos temas, indicar a bibliografia inicial,


agenda do trabalho e orientação;

2. Organizador: Quando é grupal, divide as tarefas do grupo, coordena a pesquisa,


reuniões e ajuda no material;

3. Relatador/es: Expõe os resultados dos estudos: pode ser um ou todos elementos;

4. Secretário: Designado pelo professor para anotar as conclusões parciais e finais do


seminário;

5. Comentador: pode ser um estudante ou grupo, escolhido pelo professor para


aprofundar os temas e críticas adequadas ao trabalho, deve estudar os temas com
antecedência;

6. De batedores: Corresponde a todos os estudantes da classe.

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1.3. Ética na pesquisa (plágio)
Antes de desenvolvermos o tema proposto, definiremos alguns conceitos e termos.
Quando se diz “ética”, logo vem à mente o termo “moral”. Os dois termos são
sinónimos? Obviamente, não.
 Ética significa, em primeiro lugar, o ramo da filosofia que fundamenta
cientificamente e teoricamente a discussão sobre valores, opções (liberdade),
consciência, responsabilidade, o bem e o mal, o bom e o ruim etc.
 O termo moral refere-se principalmente aos hábitos, aos costumes, ao modo ou
maneira de viver. Assim, qualifica-se um certo hábito ou costume de virtuoso
ou vicioso e um certo modo de agir ou viver de moral ou imoral.

Plágio académico: consiste na cópia parcial de trechos, frases ou parágrafos integral de


uma obra e artigo. É usar conteúdo produzido por outra pessoa e colocá-lo como se
fosse de sua autoria intelectual. É mais comum do que se imagina, principalmente entre
estudantes de graduação. Em muitos casos o plágio é feito de forma não intencional por
falta de conhecimento dos universitários sobre o assunto.

Tipos de plágio académico

Há várias formas de cometer plágio académico. Os tipos mais comuns são:


 Plágio total: quando o trabalho académico ou obra é feita a partir da cópia
completa de livro, artigo trabalho académico de um autor. Ou seja, quando se
cópia uma obra completa, omite-se o verdadeiro autor e publica-se como se
fosse de sua autoria.
 Plágio parcial: quando é feita uma cópia de partes ou parágrafos de uma ou
mais obras sem mencionar a fonte.
 Plágio conceitual: é a apropriação de uma ideia ou conceito como se de sua
autoria fosse. É escrever com suas palavras as ideias de outros autores sem citá-
los no texto.

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Como evitar o plágio académico?
 Faça citação direta: ao copiar um trecho, parágrafos de uma obra faça a
citação direta informe o sobrenome do autor, ano da publicação e a página de
onde a informação retirada.
Ex: Segundo Lakatos (2006, p. 120) a definição do objectivo de estudo determina o
que se pretende atingir com a realização do trabalho.

 Faça citação indireta: ao escrever com suas palavras as ideias de autores


consultados não se esqueça de mencionar o sobrenome do autor e o ano de
publicação.
Ex: Para Libânio( 2004) a metodologia de ensino define o caminho para atingir um
fim.

 Citação de citação: quando for necessário e não deve ser sequencial


Ex: De acordo com Duarte cit (apoud) por Sil, (2004), a escola é uma instituição de
ensino destinada ao saber, à formação e ao desenvolvimento humano tendo como
objectivo principal fazer com que os alunos aprendam.

 Informe a fonte: de imagens, gráficos, tabelas e outros elementos visuais que


foram e não elaborados por você.

Obs:
Consultar os manuais de apoio:
 Norma APA 6ª e 7ª edição
 Livro: Metodologia do Trabalho Científico pag. 190, Autor: Cléber
Cristina pradanov

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Apêndice: A

Instituto Superior Politécnico Privado Walinga do Moxico


Aprovado Pelo Conselho De Ministros aos 17 De Maio De 2017
Decreto Presidencial Nº 132/2017, 19 De Junho

Departamento de Ciências Sociais e Humanas


Curso: E. Primário, Psicologia e Sociologia

Título do trabalho (tamanho 16)

Autor(a) João xxxxxxxx (Tamanho 12)

Luena, Mês de 2023 (Tamanho 12)

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Página de Rosto (apêndice B)

Lista dos integrantes

Nº de estudante Nome completo Classificação

111777 Maria dos Céus

111778 João da Cruz

Título do trabalho

Trabalho submetido ao Departamento de


Ciências sociais e Humaas do Instituto
Superior Politécnico Privado Walinga do
Moxico como parte dos requisitos de
avaliação na disciplina de MIC, no curso
de………. do 1º Ano.
Orientador: (título Acadêmico; Lic.,
MSc e
Ph.D.) depois o nome (Tamanho 12)

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1.4. Tipos de Conhecimentos
Desde os primórdios da humanidade o homem procurou sempre saber o porquê dos
acontecimentos dos fenómenos naturais e dessa forma, surgiu a ciência (Lakatos &
Marconi, 2003, pag 84 ).

Para entender melhor esse assunto, precisamos compreender o que é ciência e,


também, distinguir ciência e senso comum. Ciência Etimologicamente, ciência significa
conhecimento. Mas, nem todos tipos de conhecimento pertence à ciência, como é o caso
do conhecimento do senso comum entre outros.

Para Ferrari (1974, citado apud Marconi Lakatos pag 62), ciência é um conjunto
de atitudes e actividades racionais, dirigidas ao sistemático do conhecimento com
objectivo limitado, capaz de ser submetido à verificação e a confiabilidade.

1.4.1 Características da Ciência

➢ Objectividade: consiste na descrição da realidade investigada;

➢ Racionalidade: A razão é utilizada durante todo o processo de pesquisa


desde o desenho do estudo, a colecta dos dados, até a sua análise;

➢Sistematicidade: As ideias devem ser construidas e organizadas


racionalmente, pautadas na lógica isto é: os conhecimentos apresentados são observados
na totalidade;

➢ Generalidade: o conhecimento gerado deve ser analisado sob apossibilidade


de ser ou não aplicado a outros contextos, explicando o fenómeno em diferentes
situações;

➢ Verificabilidade: os conhecimentos produzidos são são mensuraveis com


fundamentos teoricos e práticos;

➢ Falibilidade: os conhecimentos produzidos estão sujeitos a erros.

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1.4.2 Tipos de conhecimentos e suas características

Segundo Oliveira (2003, p. 37-41), somado às contribuições de Galliano,


classificaram os conhecimentos em 4 tipos:

❖ Senso comum
❖ Filosófico
❖ Religioso
❖ Científico

Quadro n º 1- Definição e características básicas dos tipos de conhecimentos


Tipos de conhecimentos Característica
Senso comum  Fundamenta-se em hipótises que não podem
ser submetidas à observação;
Basea-se em informações obtidas na  Não é verificável, pois as hipóteses não
convivência familiar e social. podem ser nem confirmadas nem refutadas;
 Reflexivo, não pode ser reduzido a uma
formula;
 Assistemático, baseia-se na organização de
quem promove o estudo, não possui uma
sistematização das ideias que explique os
fenómenos;
 Inexacto, conforma-se com a aparência e
com o que ouvimos dizer a respeito do
objecto ou fenómeno.
Filosófico
 Fundamenta-se em hipóteses que não
Basea-se no uso da razão pura para podem ser submetidas à observação;
questionar os problemas humanos e para  Não é verificável, pois as hipóteses não
destinguir sobre o certo e o errado. podem ser confirmadas e nem refutadas;
 É racional, já que os enuciados têm
correlação lógica;
 É sistemático, pois as hipóteses e
enuciados representam umarealidade
coerente,
 É infálivel e exato, pois os seus posturados
e hipóteses não são submetidos a teste de
observação ou experimentação.
Religioso  Fundamenta-se em doutrinas que contêm
presssupostosagrados; É in

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Basea-se em verdades que são infalíveis  spiracional, pois as doutrinas são revela as
indiscutíveis por revelarem o sobrenatural. pela divindade;
 É infalivel, pois adopta pressuposto
indiscutiveis e exatos,
Continuação  É sistematico, pois o conhecimento
organizado do mundo é obra do criador
divino;
 Não é verificável, pois o que é revelado
implica uma atitude de fé.
Científico
 Fundamenta-se em fatos reais, e suas
Basea-se na ocorência de fatos, que se hipóteses e proposições têm a veracidade
manifestão de algum modo, tendo em ou falsidade dos fatos;
conta a sistematização dos fenómenos,  É sistemático, pois o saber é ordenado
obtido segundo determinado método, que logicamente, construindo um sistema de
aponta a verdade dos fatos ideias e teorias, e não conhecimento
experimentados e sua aplicação prática. desconexos;
 É verifiável, pois as hipóteses são
examindas através da observação e
experimentação para serem comprovadas
ou refutadas;
 É falível, pois o conhecimento não é
definitivo, absoluto ou final;
 É aproximadamente exato, já que novas
proposições podem reformular uma teoria
já existente.
Fonte: Adaptado de Marconi Lakatos, 2010

NB:
O conhecimento científico difere dos outros tipos de conhecimento – empírico,
filosófico e teológico –, pois procura conhecer além do fenómeno e resultado de uma
investigação metódica e sistemática da realidade, buscando as causas dos fatos e as leis
que os regem. Tem a característica de verificabilidade, isto é, suas hipóteses podem ser
comprovadas ou não . É um conhecimento falível, porque não é definitivo, absoluto e
final, já que está em constante renovação e construção

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2. Método Científico

Partindo da concepção de que método é um procedimento via ou caminho para


alcançar determinado fim e que a finalidade da ciência é a busca do conhecimento,
podemos dizer que o método científico é um conjunto de procedimentos adoptados com
o propósito de atingir o conhecimento.

2.1Conceito
De acordo com Trujillo Ferrari (1974), o método científico é um traço
característico da ciência, constituindo-se em instrumento básico que ordena,
inicialmente, o pensamento em sistemas e traça os procedimentos do cientista ao longo
do caminho até atingir o objectivo científico preestabelecido.

Método Científico:é o conjunto de etapas e instrumentos pelo qual o


pesquisador científico, direciona seu projeto de trabalho com critérios de caráter
científico para alcançar dados que suportam ou não sua teoria inicial (Ciribelli, 2003).

Desta forma, o pesquisador, tem toda a liberdade de definir quais os melhores


instrumentos vai utilizar para cada tipo de pesquisa a fim de obter resultados confiáveis
e com possibilidades de serem generalizados para outros casos.

Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a utilização de métodos científicos não é


exclusiva da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de problemas do
quotidiano. Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o emprego de métodos
científicos.

2.2Tipos de métodos científicos

Dada a diversidade de métodos, alguns autores costumam classificá-los


em:método dedutivo, indutivo, hipotético dedutivo, dialéctico e fenomenológico.

Método dedutivo

Acordo com o entendimento clássico, é o método que parte do geral e, a seguir,


desce ao particular. A partir de princípios, leis ou teorias consideradas verdadeiras e

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indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares com base na lógica. “Parte de
princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a
conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.”
(GIL, 2008, p. 9).

Exemplo:Todo homem é mortal ........................ (premissa maior)

Pedro é homem .................................................. (premissa menor)

Logo, Pedro é mortal ...........................................(conclusão)

Método indutivo

É um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular


para uma questão mais ampla, mais geral. Para Lakatos e Marconi (2007, p. 86),

A Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados


particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não
contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a
conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se
basearam.

Nesse método, partimos da observação de fatos ou fenómenos cujas causas


desejamos conhecer. A seguir, procuramos compará-los com a finalidade de descobrir
as relações existentes entre eles. Por fim, procedemos à generalização, com base na
relação verificada entre os fatos ou fenómenos.

Exemplo1:António é mortal. João é mortal.

Paulo é mortal. ... Carlos é mortal. Ora, António, João, Paulo ... e Carlos são homens.
Logo, (todos) os homens são mortais;

M. Hipotético dedutivo

O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de críticas à


indução, expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela primeira
vez em 1935 (Gil, 2008).

A indução, conforme Popper, não se justifica, “pois o salto indutivo de ‘alguns’


para ‘todos’ exigiria que a observação de fatos isolados atingisse o infinito, o que nunca

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poderia ocorrer, por maior que fosse a quantidade de fatos observados.” (Gil, 2008, p.
12)

O método hipotético-dedutivo inicia-se com um problema ou uma lacuna no


conhecimento científico, passando pela formulação de hipóteses e por um processo de
inferência dedutiva, o qual testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela
referida hipótese.

Quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são


insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar
as dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das
hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas.
Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no
método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-
dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la. (GIL, 2008,
p. 12).

M. Dialéctico

O conceito de dialética é bastante antigo. Platão o utilizou no sentido de arte do


diálogo. Na Antiguidade e na Idade Média, o termo era utilizado para significar
simplesmente lógica.

Lakatos e Marconi (2007) apontam as leis da dialética. A ação Recíproca informa


que o mundo não pode ser entendido como um conjunto de “coisas”, mas como um
conjunto de processos, em que as coisas estão em constante mudança, sempre em vias
de se transformar: “[...] o fim de um processo é sempre o começo de outro.” (Lakatos;
Marconi, 2007, p. 101). As coisas e os acontecimentos existem como um todo, ligados
entre si, dependentes uns dos outros.

Em síntese: o método dialético parte da premissa de que, na natureza, tudo se


relaciona, transforma-se e há sempre uma contradição inerente a cada fenômeno. Nesse
tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa
estudá-lo em todos os seus aspectos, suas relações e conexões, sem tratar o
conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está sempre em constante
mudança. De acordo com Gil (2008, p. 14)

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M. fenomenológico
O método fenomenológico não é dedutivo nem idutivo. Consiste em mostrar o
que é dado e em esclarecer esse dado. “Não explica mediante leis nem deduz a partir de
princípios, mas considera imediatamente o que está presente à consciência: o objeto.”
(Gil, 2008, p. 14). Consequentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o
objeto. Ou seja, o método fenomenológico limita-se aos aspectos essenciais e
intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão de deduções ou empirismos, buscando
compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o dado, o fenômeno, não
importando sua natureza real ou fictícia.

NB:

O método dedutivo: relaciona-se ao racionalismo


O indutivo –ao empirismo
O hipotético – dedutivo:ao neopositivismo
O dialéctico –ao materialismo dialéctico
O fenomenológico – à fenomenologia

Consultar o manual de apoio


Livro:Metodologia do Trabalho Científico
Métodos de procedimentos – meios técnicos da investigaçãopag. 36 à 39
Autor: Cleber Cristiano Prodanov

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3. Agentes da pesquisa científica no ambito académico

O que é pesquisa?

A pesquisa é a actividade básica da ciência, é por meio dela que descobrimos a


realidade. Assim, ciência e pesquisa andam de mãos dadas. Uma não pode existir sem a
outra. Só se faz ciência e se produz conhecimento fazendo pesquisa.

Nos cursos, em todos os níveis, tem se exigido da parte do estudante, alguma


actividade de pesquisa. Esta, efectivamente, tem sido quase sempre mal compreendida
quanto à sua natureza e à finalidade por parte de alguns alunos e professores. Muito do
que chamamos de pesquisa não passa de simples compilação ou cópia de algumas
informações desordenadas ou opiniões várias sobre determinado assunto e, o que é pior,
não referenciadas devidamente.

Para Demo (2000, p. 20), “Pesquisa é entendida tanto como procedimento de


fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio
científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de
conhecimento.”

É uma actividade humana, cujo objectivo é conhecer e explicar os fenómenos,


fornecendo respostas às questões significativas para a compreensão da natureza. Para
essa tarefa, o pesquisador utiliza o conhecimento anterior acumulado e manipula
cuidadosamente os diferentes métodos e técnicas para obter resultado pertinente às suas
indagações. Segundo Lakatos e Marconi (2007, p. 157).

A finalidade da pesquisa

A finalidade da pesquisa é “resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a


utilização de procedimentos científicos” (Barros; Lehfeld, 2000, p. 14) e a partir de
interrogações formuladas em relação a pontos ou fatos que permanecem obscuros e
necessitam de explicações plausíveis e respostas que venham a elucidá-las.

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A pesquisa científica faz parte de toda a vida académica, seja na graduação, pós-
graduação ou extensão. Para a sua realização é ecessário que ajá:

 Tempo disponível para sua realização;


 Espaço onde será realizado;
 Recursos e materiais necessários.

Para o desenvolvimento de qualquer pesquisa, há a necessidade de se elaborar um


projecto. No ambito académicoele é realizado por:

a) Alunos de graduação – no desenvolvimento de projecto de monografia, relatório ou


participação em Programas de Iniciação Científica;

b) Alunos de pós-graduação – no desenvolvimento de projecto de trabalhos de


especialização ou projecto para ingresso nos cursos de mestrado ou doutorado;

c) Professores – no desenvolvimento de projectos de pesquisa para serem apresentados


a agências de fomento, a fim deobter recursos financeiros.

20
4. Trabalhos Científicos-acadêmicos e Estrutura

Ao longo de nossa vida como estudante, principalmente a partir da graduação,


realizamos diversos tipos de trabalhos académicos. Os mesmos diferenciam-se em
tamanho, nível de complexidade e objectivos com que são realizados. Em comum, todos
têm seu valor para a transmissão de dados de carácter científico.

4.1 Trabalhos Científicos-acadêmicos

Trabalhos científicos ou acadêmicos consistem em escritos que resultam do


desenvolvimento de pesquisas realizadas tanto em Curso de Graduação quanto de Pós-
graduação.

4.2 Classificação dos Trabalhos Científicos-acadêmicos

Os diferentes tipos de trabalhos académicos – científicos estão classificados em:

 Trabalhos de Graduação(monografia, relatório, aula prática ou simulada);


 Trabalhos de Pós- Graduação(dissertação e tese)
 Públicação Científica(artigo, comunicação, ensaio, relatório de pesquisa);

1.Trabalhos de Graduação (monografia, relatório, aula prática ou


simulada);

Monografia

Éum dos tipos mais populares de trabalho académico.Trabalho académico mais


comum nas entregas para conclusão de cursos degraduação e especialização, e
consequente obtenção dos títulos de bacharel e especialista, a monografia normalmente
tem característica recapitulativa de uma base bibliográfica consolidada, não exigindo
originalidade de pesquisa ou apresentação de resultados vindos de experimentos.

Relatório

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É um documento técnico que revela o andamento de uma pesquisa ou estágio.
Os relatórios são exigidos por instituições de ensino ou agências de fomento à pesquisa.
Dentre suas funções, um relatório serve para conseguir e manter financiamentos de
projectos e bolsas de estudo, e como documento para exames de qualificação.

2.Trabalhos de Pós- Graduação (dissertação e tese)

Dissertação

Dissertação significa falar, discutir, debater, reflectir, informar alguém a respeito

de um determinado assunto. Ou seja, aDissertação pressupõe a capacidade do autor em

expor, reflectir, analisar e interpretar fatos, iformações e opniões a respeito de um

determinado tema.Trabalho académico que representa o resultado de um trabalho

experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem

delimitado em sua extensão, com o objectivo de reunir, analisar e interpretar

informações através (observação sistemática, entrevistas, colecta de dados)É feito sob a

orientação de um orientador [doutor], visando à obtenção do título de mestre.

Tese
Do grego thesis, significa proposição intelectual. Por proposição, entende-se
aquilo que se pensa e se busca alcançar.
A tese é um tipo de trabalho académico que apresenta o resultado de um trabalho
de tema único e bem limitado. Deve ser elaborado com base em investigação original,
constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a
coordenação de um orientador [doutor] e visa à obtenção do título de doutor.
A tese é basicamente seu ponto de vista sobre o assuto proposto. Pode apresetá-
la no seu texto por meio de afirmações positivas ou rgativas.

3. Públicação Científica (artigo, comunicação, ensaio, relatório de


pesquisa);

22
Artigo Cientifico: é um documento científico que expressa os dados de uma pesquisa

em andamento ou já concluída. Um artigo pode ter origem a partir de um estudo

bibliográfico, de uma pesquisa experimental ou mesmo “derivar” de trabalhos maiores e

mais complexos, sendo um resumo dos resultados de uma dissertação de mestrado ou

tese de doutoramento. É dividido por duas partes:

Artigo de revisão: parte de uma publicação que resume, analisa e discute informações

já publicadas oudados secundários.

Artigo original:parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais,

informações que ainda não foram publicadas.

4.4 Estrutura dos trabalhos de Graduação

Estruturalmente os Trabalhos de Graduação são constituidos por três


elemetos principais:

Elementos Pré-textuais

Capa Resumo em língua estrangeira


Contracapa/Folha de rosto Lista de ilustrações
Errata Lista de tabelas
Folha de aprovação DedicatóriaAgradecimento
Epígrafe Lista de abreviatura e siglas
Resumo em língua vernácula Lista de símbolos índice

Capa (elemento obrigatório)

É a cobertura que reveste o trabalho e deve conter todos os elementos


necessários à sua identificação como:
 Nome da Instituição em cima da folha, centralizado, em caixa alta, letras
maiúsculas e negrito tamanho 14;
 O título do trabalho com letras maiúsculas centralizado em caixa alta em
negrito e deverá ocupar o meio da folha ;

23
 Nome do autor escrito com letras comuns sem negrito;
 Abaixo centralizado deverá vir o nome do local, província ou país e o
ano. Obs: A impressão deverá ser a cores e na folha de A4.

Exemplo de capa

24
3 cm

Instituto Superior Politécnico Privado Walinga do Moxico


Aprovado Pelo Conselho De Ministros aos 17 De Maio De 2017
Decreto Presidencial Nº 132/2017, 19 De Junho

Departamento de Ciências Sociais e Humanas


Curso: E. Primário, Psicologia e Sociologia
Tamanho 14 centralizado e negrito

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO PEDAGOGICO/MONOGRAFIA

Tamanho 16 centralizado e negrito

3 cm 2 cm

TÍTULO DO TRABALHO: XXXX

Tamanho 16 centralizado e negrito

Autor/ a XXXX
Tamanho 14 centralizado e negrito

Local, Mês e Ano

2 cm
Fonte: APA 2016 1ª edição

Contracapa/folha de rosto – obrigatória

25
Contem os elementos essenciais à identificação do trabalho:
 Nome do autor centralizado com letras menúsculas e negrito;
 Título centralizado, negrito e localizado no meio da folha;
 A natureza do trabalho, na lateral direita da folha (Relatório apresentado ao
Departamento de Ciências Sociais e Humanas do Instituto Superior Politécnico Privado
Walinga do Moxico, com vista à obtenção do Grau de Licenciatura em xxxx).
Orientador a/ Prof. Dr. Msc. Phd. xxxx.

Exemplo defolha de rosto

3 cm

Nome do autor
xxxxxx
Tamanho 14 centralizado e negrito

Espaço simples 13

3 cm Título do trabalho 2 cm
Tamanho 14 centralizado e negrito

Espaço simples 7

Relatório apresentado ao Departamento de Ciências Sociais e Humanas do


Instituto Superior Politécnico Privado Walinga do Moxico, com vista à
obtenção do Grau de Licenciatura em xxxxxxxx.

8cm Orientador/a: Prof. DR. Msc. PHD. xxxxxxxx

(fonte - 10 normal – espaço simples, justificado

Local, Mês e Ano

2cm
Fonte: APA 2016 1ª edição

26
Folha de Aprovação

Nome do autor(a)

(Fonte 12 – negrito - centralizado) (3 três espaços 1,5)

Título do trabalho

(Fonte 12 – negrito - centralizado) (3 três espaços 1,5)

Relatório apresentado ao Departamento de Ciências Sociais e Humanas


Instituto Superior Politécnico Privado Walinga do
Moxico, com vista à obtenção do Grau de Licenciatura em xxxxxxxxxx.
Orientador/a: Prof. Dr. Msc. Phd. Xxxx

(fonte - 10 normal – espaço simples, justificado)

Assinatura dos Membros da Banca Examinadora

Presidente:

1.____________________
Arguente:
2.____________________
Orientador:
3.____________________
Secretário:
4.____________________

Local, Mês e Ano

2 cm

Fonte: APA 2016 1ª edição

27
Resumo – obrigatório

O resumo é a apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento,


elaborado pelo próprio autor. Deve ser apresentado em um único parágrafo.

Para os trabalhos académicos, a recomendaque seja redigida pelo resumo


informativo, que deve apresentar: a repescagem do tema, a enunciação do problema,
objectivos, procedimentos metodológicos, resultados e conclusões, não deve ultrapassar
500 palavras e o mínimo 250 palavras. Por baixo do resumo deverá aparecer as
palavras-chave, que representam o conteúdo do trabalho, não devem ultrapassar seis
palavras mínimo 4 palavras.

Sumário – obrigatório

O sumário é o último elemento pré-textual do trabalho.

Trata-se da enumeração dos capítulos, secções e outras partes do trabalho,


devendo ser elaborado, indicando os itens na ordem em que se sucedem no texto, com
indicação da página inicial.

Exemplo de sumário

1.Introdução…………………………………………..…………………….
……………………………………………………………………………………………….07
1.1 Enunciado do
Problema……………………………………………………………………………………………………
……………………….…….…08
1.2 Hipótese da
pesquisa………………………………………………………………………………………………………
………………….…………..…08
1.3 Objectivo
geral…………………………………………………………………………………………………………
……………………………………….…08
1.4 Específicos…………………..
………………………………………………………………………………………………………………
…………….………..09
1.5
Justificativa…………………………………………………………………………………………………
……………………………………………....……..09

28
1.6
Metodologia…………………………………………………………………………………………………
…………………………………..…………………09
1.7 Estruturação do
trabalho………………………………………………………………………………………………..
………………………………09
2.Referencial/abordagem/fundamentação
teórico…………………………………………………………………………………....……..10
2.1definição de termos e
conceitos……………………………………………………………………………………………………
………..………….10
3. Caracterização do local da investigação
…………………………………………………………………………………………………..…….20
4.Análise prático………………………………………………..
…………...........................................................................................25
Conclusão……………………………………………………………………………………………………
………………………………………………………….……..30
Dificuldades
encontradas…………………………………………………………………………………………………
…………………………..……………..31
Recomendações/sugestões………
…………………………………………………………………………………………………………..
………………......32
Referências
bibliográficas…………………………………………………………………………………………………
……………….……………………….33
Anexos………………………………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………...34

3.2 Elementos Textuais

 Introdução;
 Desenvolvimento;
 Conclusão.

Introdução
É aparte integrante do trabalho,onde o autor expõe o tema do projecto, a
justificativa, o problema a ser abordado, a hipótese, os objectivos gerais e específicos a

29
serem atingidos. A introdução deve responder algumas perguntas: o que é? Porque?
Como? Onde? e quando?

Ou seja: Parte inicial do texto, onde devem constar: a delimitação do assunto tratado;
problema (pergunta) de pesquisa; objectivos; método (tipo de pesquisa, instrumento de
colecta de dados, universo e amostra investigada e forma de abordagem dos dados) e
justificativa.

Delimitação do tema
A escolha do tema é o primeiro passo em um trabalho científico e um dos mais
difíceis. Isso porque existem muitos temas para a pesquisa e a escolha pode ser decisiva
para a carreira profissional. Assim, “o tema de uma pesquisa é qualquer assunto que
necessite melhores definições, melhor precisão e clareza do que já existe sobre o
mesmo. Maria Alves (2012, p. 36).

Assim, aescolha do tema deve apresentar as seguintes características:

 Escolha um tema que gostes pois a pesquisa é longa;


 O tema deve ser actual, pertinente e de impacto social;
 O tema não deve ser longo e ambíguo;
 O tema deve ser objectivo e circunscrito;
 O tema deve ser aceite como tema científico pelos outros investigadores da área.

Problema de pesquisa
Após a escolha e a delimitação do tema, o próximo passo é a transformação do
tema em problema. “Problema é uma questão que envolve intrinsecamente uma
dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar uma solução”. A primeira
etapa de uma pesquisa é a formulação do problema, que deve ser na forma de pergunta
(Cervo & Bervian, 2002, p. 84). “Formular o problema consiste em dizer, de maneira
explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual nos
defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e apresentando suas
características. Desta forma, o objectivo da formulação do problema é torná-lo
individualizado, específico, inconfundível.

Segundo Lakatos e Marconi (1992), para ser considerado apropriado, o problema


deve ser analisado sobre os seguintes aspectos de valoração:

 Viabilidade,

30
 Relevância,
 Novidade,
 Exequibilidade,
 Oportunidade.

Hipóteses

Hipótese é uma suposta resposta ao problema a ser investigado. A origem das


hipóteses poderia estar na observação assistemática dos fatos, nos resultados de outras
pesquisas, nas teorias existentes, ou na simples intuição.

O papel fundamental das hipóteses na pesquisa é sugerir explicações para os fatos.


Podem ser verdadeiras ou falsas, mas, sempre que bem elaboradas, conduzem à
verificação empírica - que é o propósito da pesquisa científica.

Segundo Marconi e Lakatos (2004, p. 141), há várias maneiras de formular hipóteses,


mas a mais comum é: Se “x, então y”. Onde x é a causa e y, o efeito.

Definição dos objectivos


Por meio dos objectivos, indicam-se a pretensão com o desenvolvimento da
pesquisa e quais os resultados que se buscam alcançar. “A especificação do objectivo de
uma pesquisa responde às questões para que? E para quem?” (Lakatos & Marconi,
1992, p. 102).

Segundo Cervo e Bervian (2002), os objectivos definem a natureza do trabalho, o tipo


de problema, o material a colectar, etc.

Objectivo geral

Refere-se a uma visão global e abrangente do tema de pesquisa. Ele está


relacionado com o conteúdo intrínseco dos fenómenos, dos eventos ou das ideias
estudadas (Lakatos & Marconi, 1992). Cervo & Bervian (2002, p. 83) complementam
afirmam que, no objectivo geral, procura-se determinar com clareza e objectividade, o
propósito do estudante com a realização da pesquisa.

Observe a lista de verbos que podem ser utilizados para a construção dos
objetivos do seu estudo, segundo diferentes níveis de análises metodológicas, que serão
detalhadas adiante.

ESTUDOS VERBOS

31
Exploratórios_________________ Conhecer, descobrir, identificar, levantar...

Descritivos_____________caracterizar, descrever, traçar, relacionar, verificar...

Explicativos_______________________________analisar, avaliar, explicar….

Outros estudos_______________________________diagnosticar, observar….

Objectivos específicos
De acordo com Lakatos e Marconi (1992), os objectivos específicos apresentam
um carácter mais concreto. A sua função é intermediária e instrumentalizar porque
auxilia no alcance do objectivo geral e, ainda, permite aplicá-lo em situações
particulares.

Para Cervo e Bervian (2002, p. 83) definir objectivos específicos significa


aprofundar as int nções expressas nos objectivos gerais, as quais podem ser: mostrar
novas relações para o mesmo problema e identificar novos aspectos ou utilizar os
conhecimentos adquiridos para intervir em determinada realidade. “Na definição dos
objectivos deve-se utilizar uma linguagem clara e directa como: meu objectivo com esta
pesquisa é....

Justificativa

Para Lakatos e Marconi (1992 p. 103), é a parte do trabalho que apresenta respostas
à questão do porquê da realização da pesquisa. É de suma importância para conseguir
financiamento para a pesquisa e para demonstrar a relevância da mesma. Deve
enfatizar:

 As contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer;


 Importância do tema do ponto de vista geral;
 Importância do tema para os casos particulares em questão;
 Descoberta de soluções para casos gerais ou particulares etc.

Referencial teórico – Desenvolvimento do Trabalho


Também chamado por alguns metodólogos de “corpo de trabalho.É o elemento
textual que sucede a introdução e antecede a conclusão, pois é ai que é descrita a
investigação.

Para a realização desta parte do trabalho faz-se uma adequada revisão


bibliográfica referente ao objecto de estudo. Descreve-se a metodologia utilizada e os
32
trabalhos de campo realizados, assim como inquérito (por questionários ou entrevistas)
bem como outras formas de pesquisa utilizadas.

No desenvolvimento deve haver coerência e sistematização na discussão, assim


como as relações entre os argumentos apresentados, deve conter citações textuais ou
livres, com indicação dos autores conforme norma (ABNT, NBR e AAP.Dependendo
da abordagem – teórica ou teórico-empírica – o desenvolvimento do trabalho constitui-
se em capítulos Parte principal do texto, que contém a exposição ordenada e
pormenorizada do assunto e em secções e subsecções, que variam em função da
abordagem do tema e do método. Maria Piedade Alves (2012 – pag 60:63).

NB:
A revisão da literatura apresenta as citações dos autores consultados, bem como,
deverá respoder algumas questões:
a) Quem já escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto?
b) Que aspectos já foram abordados?
c) Quais as lacunas existentes na literatura?

Conclusão
A conclusão inicia com o resgate do tema e do problema de pesquisa que
norteou a construção do trabalho, seguidos da síntese que foi discutida e da conclusão a
que se chegou, isto é, a resposta ao problema e aos objectivos específicos ou das
hipóteses.É a recapitulação sintética dos resultados e da discussão do estudo ou
pesquisa. É onde o autor faz uma autocrítica de seu trabalho, apresenta de uma forma
clara e ordenadamente as deduções tiradas dos resultados do trabalho ao longo da
discussão do assunto e apresenta sugestões de aspectos do tema a serem pesquisados.

É uma síntese de toda a reflexão do pesquisador, com a apresentação das conclusões


confrontadas aos objectivos ou hipóteses, traçados no início do trabalho. Na conclusão
não deve aparecer dados quantitativos nem citações.

3.3 Pós-Textuais

 Referências (obrigatório)
 Glossários (opcional)
 Apêndices (opcional)
 Anexos (opcional)

Referências

33
Referências é o conjunto de elementos que identificam as obras consultadas ou
citadas no texto. É um elemento obrigatório conforme as norma NBR, ABNT e AAP.

As referências devem ser apresentadas em uma única ordem alfabética,


independentemente do suporte físico (livros, periódicos, publicações electrónicas ou
materiais audiovisuais) alinhadas somente à esquerda, em espaço simples, e espaço
duplo entre elas.

Nas Referências devem constar obrigatoriamente todas as obras citadas no trabalho.


Documentos utilizados como suporte para a elaboração do trabalho, como dicionários
gerais, normas para apresentação, entre outros não devem ser referenciados.

Ao se colocar a referência de uma obra bibliográfica temos de seguir os seguinte passos:

 Sobrenome do autor nome do autor;


 Título da obra;
 Número de edição;
 Cidade de edição: Editora, ano de edição

Exemplo:Lakatos, Eva Maria e Marconi, Maria de Andrade. Fundamentos de


metodologia cientifica. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 200.

NB:

Trabalhos que não possuem referências bibliográficas não são considerados de


cunho científico. Por não possuírem embasamento teórico, são tratadas como obras de
ficção.

Glossários – opcional

Lista em ordem alfabética que fornece o significado de palavras ou expressões,


com o objectivo de esclarecer os termos da especialidade técnica, utilizadas no texto.

Apêndice – opcional
Textos ou documentos elaborados pelo autor, que servem como comprovação de
sua argumentação. Ex: Questionário aplicado, roteiro de entrevista (aberto /fechado e
misto).

Exemplo:

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos alunos;

34
APÊNDICE B – Questionário aplicado aos professores.

Anexo – opcional

Textos ou documentos não elaborados pelo autor, que servem como


comprovação de sua argumentação. Exemplos: Imagens/ilustrações, figuras, fichas,leis
etc etc.

Obs:
Pesquisar a estrutura dos traalhos de:
 Pós- Graduação (dissertação e tese)
 Públicação Científica (artigo, comunicação, ensaio, relatório de pesquisa).

Bibliografia

Sousa, Maria José; Baptista, Cristina Sales. Como Fazer Investigação, Dissertações,
Teses e Relatórios.
Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina de Andrade. 1992. Metodologia do Trabalho
Científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projecto de
relatório, publicações e trabalhos científicos. 4ª Ed.. São Paulo: Atlas
Editora.
Quivy, Raimond; Campenhoudt, Luc Van. 2005. Manual de Investigação em
Ciências Sociais. 4ª ed.: Gradiva.
35
Oliveira, Maxwell Ferreira de. Metodologia científica: um manual para a realização
de pesquisas em Administração. Catalão: UFG.
marconi, Marina de Andrade; Lakatos, Eva Maria. 2003. Fundamentos de
<metodologia Científica. 5ª Ed.. São Paulo: Atlas Editora.
Prodanov, Cleber Cristiano; Freitas, Ernani Cesar de. 2013. Metodologia do Trabalho
Científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2ª
ed. Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul – Brasil.
Gil, António Carlos. 2002. Como Elaborar Projectos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo:
Atlas Editora.

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