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História da Psicologia

Trabalho realizado por: Leonardo Escórcio (Nº10), Tomás Ornelas (Nº9) e Rubén Fabiano
(Nº16)
Nome da docente: Elisabete Fernandes Moura
Disciplina: Psicologia B
Introdução

A psicologia (o estudo científico do comportamento e dos processos mentais),


originada pela junção das palavras philo (amizade/amor) e sophia (sabedoria) é uma
matéria que já é estudada pelos seres humanos desde o Antigo Egito e a Grécia Antiga,
que foi sendo desenvolvida por outras sociedades durante a Época Medieval
(principalmente os Muçulmanos), cujos grandes pioneiros são nomeadamente Tales,
Platão, Pitágoras e Aristóteles. Este tema aborda uma grande parte do
desenvolvimento do ser humano e ao longo da sua história, vai-se ramificando em
vários estudos como a neurologia, a sociologia, antropologia e o estudo da inteligência
artificial.

Origem do pensamento psicológico

A psicologia ocidental moderna tem as suas raízes na tradição filosófica grega


antiga. Desde Tales (fl. 550 a.C.) até o período romano, os filósofos desenvolveram
uma teoria complexa da psique, utilizando termos como psuchẽ, nous, thumos,
logistikon, entre outros.
Os filósofos mais influentes nessa área foram Platão, Pitágoras e Aristóteles.
Platão, especialmente na República, desenvolveu abordagens como a teoria tripartite
da alma, a Alegoria de Carruagem e conceitos como eros, que definiram as visões
subsequentes da filosofia ocidental sobre a psique e anteciparam propostas
psicológicas modernas, como os conceitos de id, ego e superego e de libido de Freud.

Os filósofos helenísticos, como os estoicos e epicuristas, divergiram da tradição


grega clássica de várias maneiras importantes, especialmente ao enfatizar a base
fisiológica da mente. Isso se opunha às visões platônicas, que afirmavam que a mente
era separada do corpo.

O médico romano Galeno abordou questões relacionadas à base fisiológica da


mente de maneira mais elaborada e influente do que qualquer outro filósofo grego.
Ele desenvolveu a ideia de que a mente era composta de três partes: o cérebro, o
coração e o fígado.

A tradição grega não apenas influenciou a filosofia ocidental posterior e as


teorias psicológicas modernas, mas também teve impacto no pensamento cristão e
islâmico sobre o assunto. A filosofia grega antiga e a psicologia que dela derivou são,
portanto, uma parte importante da história da psicologia e do pensamento humano.
Walter M. Freeman propõe que o tomismo explica a cognição mais compatível
com a neurodinâmica (Mind and Matter, 2008). Na Ásia, a China usava testes de
habilidade em seu sistema educacional, incluindo um experimento de Lin Xie no século
VI d.C., considerado o primeiro experimento psicológico.

A Índia tinha teorias do "self (eu próprio)" em seus escritos filosóficos do


Vedanta. As filosofias budistas desenvolveram teorias psicológicas, como agregados,
vacuidade, não-self, atenção plena e Natureza de Buda.

Médicos muçulmanos medievais desenvolveram práticas para tratar doenças


da mente, incluindo distúrbios relacionados ao corpo e à mente, como a depressão.
Ibn al-Haytham e Al-Biruni realizaram experimentos em percepção visual e outros
sentidos. Avicena desenvolveu um sistema para associar alterações na taxa de pulso a
sentimentos internos e descreveu condições neuropsiquiátricas, como alucinação,
insônia, mania, pesadelo, melancolia, demência, epilepsia, paralisia, acidente vascular
cerebral, vertigem e tremor.

Origem da psicologia propriamente dita


O primeiro uso do termo "psicologia" foi feito pelo humanista croata Marko Marulić
(1450-1524) no título de seu tratado latino, Psichiologia de ratione animae humanae.
Embora o tratado em si não tenha sido preservado, seu título aparece em uma lista
das obras de Marulic compiladas por seu contemporâneo mais jovem, Franjo
Bozicevic-Natalis, em sua "Vita Marci Maruli Spalatensis" (Krstić, 1964). A palavra
"psychologia" aparece também como nome de um capítulo do livro Quaestionaes
physicae de Johann Thomas Freigius em 1579, e foi posteriormente aceita em títulos
de obras por um discípulo de Göckel, Otto Cassmann, além de Hawenreuther e Fabian
Hippe. O termo não entrou em uso popular até que o filósofo racionalista alemão,
Christian Wolff (1679-1754) o usou em seus trabalhos Psychologia empirica (1732) e
Psychologia racionalis (1734). Essa distinção entre psicologia empírica e racional foi
identificada na Enciclopédie (1751-1784) de Denis Diderot (1713-1780) e de Jean le
Rond d'Alembert (1717-1783), e popularizada na França por Maine de Biran (1766-
1824). Na Inglaterra, o termo "psicologia" ultrapassou a "filosofia mental" em meados
do século XIX, especialmente na obra de William Hamilton (1788-1856). No Brasil, o
médico da região de Bahia Eduardo Ferreira França publica em 1854 o livro
"Investigações de Psychologia", inspirado pela análise filosófica dos fenômenos e
funções mentais por Maine de Biran.

Origem da psicologia moderna (não baseada na religião)

Nos seus primórdios, a psicologia era inicialmente baseada na alma religiosa,


mas com as obras criadas por Descartes, especialmente as obras Paixões da Alma
(1649) e Meditações sobre a Primeira Filosofia (1641), o estudo da alma cristã
começou a virar-se para o estudo da alma e do pensamento humano, sem a mesma
base que anteriormente existia, apenas tendo agora uma base intelectual e não
religiosa, mas as mesmas não foram lançadas no ano de criação após Descartes
descobrir que Galileu fora condenado pela Igreja Católica por ir contra as suas ideias.
O conceito do inconsciente foi pioneiramente proposto pelo idealismo alemão
e descrito psicologicamente por Carl Gustav Carus em seu livro Psyche em 1846, sendo
reconhecido por Jung como o primeiro registro desse tema. No entanto, o historiador
Henri Ellenberger destacou que o conceito foi amplamente difundido nos escritos de
Schopenhauer e Nietzsche, que influenciaram toda a psicologia dinâmica. Além disso,
Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling e Eduard von Hartmann também utilizaram o
conceito, sendo que a versão do inconsciente de Hartmann é considerada muito
semelhante à de Freud, de acordo com o psicólogo Hans Eysenck em seu livro Decline
and Fall of the Freudian Empire (1985). O filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard
também influenciou as escolas psicológicas humanísticas, existenciais e modernas com
suas obras O Conceito de Angústia (1844) e O Desespero Humano (1849).

Transição para a psicologia moderna


Um dos principais acontecimentos que marcou a transição para a psicologia
moderna foi a invenção da frenologia, que é o estudo no cérebro no sentido que uma
certa parte do cérebro é associável a uma ação, sentimento ou impulso, mas que
atualmente é considerada uma pseudociência (falsa ciência).
A frenologia surgiu no final dos anos 1700 em Viena como a teoria da
"organologia" do médico alemão Franz Joseph Gall e, posteriormente, foi popularizada
como frenologia pelo seu assistente, o médico alemão Johann Gaspar Spurzheim. Gall
observou que o córtex cerebral humano era maior do que o dos animais, o que ele
acreditava ser responsável pela superioridade intelectual humana. Ele concluiu que as
características físicas do córtex cerebral também poderiam ser visualizadas pela forma
e tamanho do crânio. Gall argumentou que as protuberâncias na superfície do cérebro
poderiam ser detectadas ao sentir as protuberâncias na superfície da cabeça de um
indivíduo, e que a forma geral do crânio poderia estar ligada a diferentes aspectos da
personalidade, caráter e habilidades de uma pessoa.
Ao examinar as cabeças de jovens batedores de carteira, Gall descobriu que
muitos tinham protuberâncias no crânio logo acima das orelhas, as quais ele
relacionou à tendência de roubar, acumular ou exibir ganância. No seu livro sobre
frenologia, Gall afirmou que as faculdades morais e intelectuais eram inatas, ou seja,
as pessoas nasciam com o caráter moral e inteligência que possuíam. Se alguém era
um ladrão, por exemplo, era porque tinha uma predisposição para o engano. Gall
acreditava que o cérebro era composto por vários órgãos diferentes, cada um
controlando diferentes faculdades, propensões e sentimentos, e que a forma do crânio
representava e refletia a forma e o desenvolvimento desses órgãos cerebrais.

Qual foi a primeira experiência psicológica?

O fisiologista russo Ivan Petovsky Pavlov desenvolveu os primeiros estudos sobre


reflexo condicionado e aprendizagem, inspirando-se no teste de Thorndike chamado
"caixa de problemas". Estes estudos de Pavlov possibilitaram a primeira experiência na
história da psicologia, realizada pelo psicólogo americano Jhon B. Watson.

Esta experiência ficou conhecida como "Pequeno Alberto" e teve como objetivo
analisar e demonstrar como medos específicos poderiam ser aprendidos.

A experiência ocorreu da seguinte forma: Albert, um bebé de 11 meses, tinha medo de


sons altos, mas não tinha medo de pequenos animais. No entanto, após ser exposto a
um rato seguido de um som alto, Albert começou a chorar ao ver o animal, mesmo
sem o som.
Posteriormente, ele generalizou a sua resposta, ou seja, passou a ter medo ao ver um
coelho, um cão, entre outros. Assim, este experimento permitiu a Watson provar que
o comportamento poderia ser moldado pela introdução ou remoção de estímulos. No
entanto, é importante ressaltar que essa análise gerou muita polêmica devido à
utilização de um bebé para comprovar sua teoria.

Além disso, atualmente, essa experiência não é mais aceite. Atualmente, existem
códigos de ética e conduta que devem ser seguidos, não permitindo a realização de
experiências como esta.

Wundt e os primórdios da Psicologia~

A história da psicologia tem início com a filosofia. No entanto, embora os filósofos


confiassem na observação e na lógica, tais métodos revelaram-se insuficientes para
estudar e tirar conclusões sobre a mente e o comportamento humano.

Foram os estudos do fisiologista alemão Wilhelm Wundt, no século XIX, que


possibilitaram a abertura do Laboratório de Psicologia Experimental na Universidade
de Leipzig, Alemanha, em 1879. Esse evento marca o início oficial da psicologia como
uma disciplina científica separada e distinta.

A partir desse marco na história da psicologia, foram empreendidos esforços para


delimitar essa ciência. Ou seja, quais áreas seriam estudadas, qual seria o escopo da
psicologia e quais questões relativas ao ser humano poderiam ser abordadas por essa
ciência. Atualmente, os métodos de estudo utilizados por Wundt são vistos como
menos confiáveis, uma vez que o conhecimento nesta área evoluiu significativamente
desde então. No entanto, seu trabalho contribuiu para o crescimento da psicologia
como ciência e profissão.

Após a criação do primeiro instituto de psicologia em 1879, por Wundt, houve um


grande esforço para validar métodos científicos a fim de compreender melhor a
experiência humana. Com isso, qualquer ideia sem provas e experimentos era
desacreditada.
Esse cenário influenciou o surgimento de várias correntes de pensamento, resultando
em diferentes ideias que deixaram sua marca na história da psicologia. Por isso, é
comum ouvir falar em diversas psicologias, uma vez que esta ciência é plural.

Agora, vamos falar um pouco sobre algumas dessas correntes que surgiram. Cada uma
delas possui as suas próprias ideias únicas e diferentes pontos de vista! No entanto,
todas tentaram encontrar soluções para os problemas humanos e compreender
melhor a mente e o comportamento das pessoas.

Behaviorismo

O Behaviorismo está bastante relacionada com a experiência que mencionamos


anteriormente sobre o Pequeno Albert e como o medo pode ser induzido por meio da
experiência.

O behaviorismo defende que a psicologia deve focar apenas em fenómenos


observáveis e mensuráveis. Dessa forma, os processos mentais não foram
considerados nesta análise.

Assim, é possível afirmar que o behaviorismo é uma teoria baseada na ideia de que os
comportamentos podem ser adquiridos por meio do condicionamento na interação
com o ambiente. Por outras palavras, os behavioristas acreditavam que a forma como
os seres humanos se comportam é resultado da experiência.

No entanto, no decorrer do século XX, psicólogos questionaram essa abordagem.


Apesar disso, a sua influência ainda é notória na psicologia atual, sendo uma parte
fundamental da terapia cognitivo-comportamental.

Gestalt

Esta abordagem da psicologia procura ajudar as pessoas a focarem-se no presente,


aqui e agora, de modo a tomarem consciência dos padrões de comportamento
negativos que impedem uma vida plena. Assim, as emoções e experiências são
reavaliadas em tempo real juntamente com o psicólogo.
Outro ponto importante nesta abordagem é a ideia de que o todo é maior do que a
soma das partes. Ou seja, o ser humano é mais do que a simples junção das suas
partes constituintes. A ênfase é colocada na perceção que temos do nosso mundo e
das nossas experiências.

Portanto, a Gestalt centra-se na pessoa e no seu percurso individual, tendo o psicólogo


como facilitador da consciência pessoal.

A terapia Gestalt foi introduzida na década de 1940 como uma alternativa à


abordagem mais tradicional da psicanálise, promovendo ações efetivas na construção
de relações colaborativas, autocuidado e crescimento pessoal.

Psicanálise

Tal como as outras teses a Psicanálise é um tipo de terapia preocupada em explicar


como funciona a subjetividade humana e, portanto, auxiliar no tratamento dos
transtornos mentais.

Criada por Sigmund Freud no final do século 19, a psicanálise tem como objetivo
interpretar fenómenos inconscientes por meio da fala. Ou seja, através da palavra
procura-se a origem dos sintomas mentais, emocionais e comportamentais.

Ainda hoje a psicanálise é considerada uma teoria complexa, capaz de desafiar as


conceções mais simplistas do sujeito, e por isso mesmo representa um marco na
história da psicologia.

Além disso, não se trata de uma abordagem diretiva, mas de um processo analítico
que pode passar anos revisitando o passado para identificar como ele influencia o
momento presente.

Humanismo

Esta teoria foi solidificada por volta da década de 1960 e foi grandemente influenciada
pelos estudos de Abraham Maslow, que era conhecido pelo seu trabalho sobre as
necessidades humanas. Atualmente, a Pirâmide de Maslow é amplamente utilizada
para explicar a motivação humana.
A psicologia humanista procura compreender o fenómeno com base nas circunstâncias
e potencialidades de cada indivíduo. Pressupõe que o ser humano é responsável pelas
suas escolhas, tem controlo sobre a sua história e é capaz de autorrealização e
desenvolvimento. Enfatiza o estudo da capacidade do sujeito de atribuir sentido e
propósito à sua própria existência.

Inicialmente, a psicologia humanista opôs-se ao behaviorismo e à psicanálise, pois


enquanto estas duas últimas se concentravam no comportamento e nos pensamentos
do ser humano, a psicologia humanista propunha-se a analisar as motivações do ser
humano, como aquilo que gera felicidade e o que o ser humano poderia fazer para
alcançá-la.

Psicologia cognitiva

A psicologia cognitiva estuda o processo de assimilação de ideias e fontes de


informação através de processos cognitivos como linguagem, perceção, tomada de
decisão, imaginação, resolução de problemas, entre outros. Para tal, relaciona a
informação emocional com o comportamento do indivíduo.

Esta linha teórica difere das restantes, uma vez que adota o método científico
positivista como válido para as investigações. Também defende a existência de estados
internos como desejos, crenças, motivações, entre outros.

Um dos principais nomes da psicologia cognitiva é Jean Piaget, que desenvolveu uma
teoria sobre o desenvolvimento da mente humana. Atualmente, uma das correntes
principais desta abordagem é o foco no processamento de informações.

Além disso, existem outras áreas que se relacionam com este estudo, tais como
inteligência humana e artificial, construção de conceitos, perceção visual e auditiva,
memória, entre outras.
Conclusão

Em conclusão, a história da psicologia é marcada por uma evolução contínua ao longo


dos séculos. Desde os primórdios da filosofia até as abordagens científicas mais
recentes, a psicologia tem procurado compreender e explicar a complexidade da
mente humana e o comportamento humano.

Desde os primeiros estudos de Wilhelm Wundt na psicologia experimental até as


teorias de Freud, Maslow e Piaget, cada abordagem trouxe novas perspetivas e
contribuições significativas para a compreensão da mente humana.

Essas diferentes abordagens destacaram-se por enfocar diferentes aspectos da


experiência humana, desde o comportamento observável até os processos mentais, a
autorrealização e a cognição.

Ao longo do tempo, a psicologia tem avançado em direção a uma visão mais integrada
e holística do ser humano, considerando não apenas os aspectos individuais, mas
também os fatores sociais, culturais e biológicos que influenciam o funcionamento
humano.

Hoje em dia, a psicologia continua a desenvolver-se e a adaptar-se às demandas e


desafios da sociedade moderna, aplicando os seus conhecimentos em áreas como
saúde mental, educação, trabalho, desporto, etc. A busca por uma compreensão mais
profunda da mente humana e a promoção do bem-estar e desenvolvimento individual
e coletivo permanecem como pilares fundamentais da psicologia.

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