Você está na página 1de 9

História e Epistemologia da Psicologia

1º semestre - 1º teste

História: ciência humana que estuda os factos e acontecimentos, no tempo e espaço.

Epistemologia: conhecimento da verdade implícita na ciência.

A psicologia passou por diversos paradigmas, uma transiçã o feita de forma lenta e
conturbada. Uma nova teoria vem sempre com uma probabilidade de aceitaçã o reduzida, é
como se um estereó tipo fosse destruído.

Filosofia e Psicologia
A origem da Psicologia está ligada à histó ria da filosofia, pelo que esta coloca
também questõ es filosó ficas.

A Psicologia só surgiu como ciência no século XIX, com o contributo de Wundt. Até
aí, o que se pode considerar hoje Psicologia estava no â mbito da Filosofia.
Desde cedo que o Homem interroga acerca do mundo que o rodeia, mas também
acerca dele pró prio. Questõ es filosó ficas como: “O que é o Homem?”, “Qual o papel do ser
humano no mundo?” e “Porque é que existe o bem e o mal?” podem ser consideradas como
os primó rdios da Psicologia.

Já em 400 a.C., Hipó crates pretendeu criar uma teoria que relacionava o tipo físico
com a personalidade das pessoas.

Aristó teles é outro autor conhecido que se dedicou ao pensamento sobre a alma
humana, escrevendo até uma obra com o nome De Anima ou Sobre a Alma.

O método introspetivo, que foi o utilizado por Wundt, é um dos métodos clá ssicos
da psicologia em geral, foi usado por Santo Agostinho na sua obra As Confissõ es.

Nesta perspetiva, durante séculos, a histó ria da Psicologia e da Filosofia foram


indissociá veis.

A etimologia da palavra Psicologia mostra-nos que psicologia surgiu como o estudo


da alma: psiché (alma) + logos (razã o, estudo). No entanto, esta só se constituiu como
saber no século XVI, com Rodolfo Goclénio, tendo adquirido o estatuto de ciência, muito
recentemente, nos finais do século XIX.

Pré-História
O que marca a passagem para a Idade Antiga é a chegada da escrita.

Idade Antiga (séc. IV a.C. – séc. V d.C.: queda do Império Romano)


 Na qualidade de filó sofos, grandes pensadores como Platã o, Aristó teles e Só crates,
levantaram prolemas relacionados com a nossa psique.

 O Egipto: Livro dos mortos”


 Busca da eternidade: Templo e tú mulos. Pirâ mides, símbolos do Antigo Egipto;
 Garantir a vida depois da morte;
 Mumificaçã o: preservar o corpo para preservar a alma. O nosso corpo é a morada
duradoura da alma (v.g. Tutankhamon).

 Civilizaçã o Hindu (entre os rios Indo e Ganges)


 Escrita
 Poesia épica védica
 “Os Upanishads”- “O espírito, sem se mover, é mais rá pido de que o pensamento;
os sentidos nã o o podem alcançar: ele sempre está para além deles.”
 Séc. VIII já os indianos falavam de sonhos: “Quem é o espírito que vigia a magia dos
sonhos?” (Upanishads)
 Upanishads derivam do mais antigo texto hindu, os Vedas, que formam a base de
toda a filosofia do hinduísmo. Discutem principalmente meditaçã o e filosofia.

 Xenó fanes (séc. v a.C.)


 “Todo olhos, todo pensamento, todo ouvidos.” (Fragmento 24)
 Primeira pessoa a utilizar a observaçã o de fó sseis como evidência para a teoria da
Histó ria da Terra.

 Parménides (séc. VI a.C.)


 “É a mesma coisa pensar e ser.”
 Domínio do ”ser” corresponde à s coisas que sã o percebidas pela mente. O que é
percebido pelas sensaçõ es é enganoso e falso, pertence ao domínio do “nã o-ser”.

Idade Média (séculos V e XV. Inicia-se com a Queda do Império Romano do


Ocidente e termina durante a transição para a Idade Moderna)
 Características e principais questõ es debatidas e analisadas pelos filó sofos
medievais:
 Relaçã o entre razã o e fé;
 Existência e natureza de Deus;
 Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana;
 Individualizaçã o das substâ ncias divisíveis e indivisíveis.

 Escolá stica (século IX ao XIV)


 Movimento que pretendia usar os conhecimentos greco-romanos para entender e
explicar a revelaçã o religiosa do cristianismo. As ideias dos filó sofos gregos Platã o
e Aristó teles adquirem grande importâ ncia nesta fase.
 Santo Agostinho buscou a razã o para justificar as crenças. Foi ele quem
desenvolveu a ideia da interioridade, ou seja, o homem é dotado da consciência
moral e do livre arbítrio.

Idade Moderna (Tradicionalmente aceita-se o início estabelecido em 1453 quando


ocorreu a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, e o término com
a Revolução Francesa, em 1789)
 Destaca-se por ter sido um período de transiçã o.
 XVI- XVII: Kepler formulou as leis sobre o movimento dos planetas à volta do sol
(Heliocentrismo);
 XVII: Harvey descobre a circulaçã o do sangue;
 XVII: Percursores do empirismo inglês (Lucke, Hume);

 O empirismo inglês é o ponto de partida para a investigaçã o e com ela o método


experimental, sendo que este método só se irá desenvolver nos finais do século
XIX.
 XVIII: Descartes, discurso do método;
 “Para chegarmos à verdade é preciso duvidarmos sistematicamente.” (Descartes)
 Kant e o Idealismo.

Idade Contemporânea (período específico atual da história do mundo ocidental,


iniciado a partir da Revolução Francesa)
 Principais características no mundo ocidental:
 Consolidaçã o do capitalismo como sistema econô mico;
 Desenvolvimento industrial;
 Ascensã o política e econô mica da burguesia industrial, principalmente nos países
europeus;
 Consolidaçã o do regime democrá tico apó s meados do século XIX;
 Neocolonialismo e Imperialismo: disputa de territó rios, mercados consumidores e
fontes de matérias-primas pelas potências europeias;
 Amplo desenvolvimento tecnoló gico, principalmente a partir de meados do século
XX;
 Crescimento, no século XX, dos Estados Unidos como grande potência;
 Globalizaçã o da economia a partir de meados do século XX;
O interesse pela Psicologia é tã o antigo como a existência humana.
Vá rios filó sofos e teó logos refletiram sobre a natureza humana.
A mais importante diferença entre a Psi. Moderna e os seus percursores está no
método.

Marcos importantes da Psicologia:


 1879 - 1º laborató rio de Psicologia em Leipzig, Alemanha, Wundt;
 1881- 1ª revista de psicologia a publicar relató rios experimentais: Philosophische
Studien (Wundt);
 1887 – 1ª revista de psicologia americana: American Journal of Psychology (Hall);
 1888 – 1ª docência de psicologia no mundo (Cattell): como ciência da alma;
 1908 – definida, pela 1ª vez, como ciência do comportamento (McDougall).

É possível falar do Homem, apenas, a partir dos paradigmas da psicologia? NÃ O! Antes


de tudo somos um ser Biopsicossocial. Temos influências bioló gicas (genética),
psicoló gicas (açõ es, pensamentos, sentimentos, ect) e sociais (família, amigos, sociedade,
cultura, etc).

A Nova Psicologia
O pai da Psicologia Moderna
Wilhelm Wundt foi o fundador da psicologia como disciplina académica formal.
Instalou o primeiro laborató rio, lançou a primeira revista especializada e deu inicio à
psicologia experimental como ciência.

A contribuiçã o de Wundt para a fundaçã o da psicologia moderna é devida nã o


tanto a uma ú nica descoberta cientifica quanto à promoçã o vigorosa da experimentaçã o
sistemá tica realizada por ele. Portanto, fundador nã o é sinó nimo de criaçã o, embora essa
distinçã o nã o tenha intençã o de ser depreciativa. Com essa distinçã o em mente é possível
compreender por que Fechner nã o foi identificado como o fundador da psicologia. Na
verdade, ele nã o estava a tentar fundar uma nova ciência. O seu objetivo era compreender
a relaçã o entre os universos mental e material.

Wundt, no entanto, estava determinado a fundar uma nova ciência. O seu objetivo
era promover a psicologia como uma ciência independente. Embora Wundt seja
considerado o fundador da psicologia, ele nã o foi o seu criador. A psicologia é o resultado
de uma longa sequencia de esforços criativos.

1º sistema da Psicologia: Estruturalismo – Wundt (1832- 1920) e Titchener (1867 – 1927)

O Estruturalismo tem como seu má ximo representante Wundt, que encara a


Psicologia, nã o como o estudo da alma, mas como o estudo dos processos mentais.
Utilizando a introspeçã o controlada (ou introspeçã o na segunda pessoa) como
metodologia, os fenó menos psíquicos – pensamentos, emoçõ es e sentimentos – começam a
ser intencionalmente estudados no laborató rio.

Esta corrente ficou conhecida como Estruturalismo porque se dedicou a descobrir


a “estrutura” ou anatomia dos processos conscientes.

Estruturalismo – sistema de E. B. Titchener, que considera a experiência consciente como


dependente das pessoas que a vivenciam.
Wilhem Wundt
 Alemã o;
 Pai da psicologia moderna;
 Aluno de Fechener e professor de Titchener;
 Professor de Filosofia, em Leipzig;
 1873/4: publica os princípios da psicologia fisioló gica (estudar a mente
humana de forma objetiva e científica, recorrendo ao método científico);
 1881: lança a revista “Estudos Filosó ficos” que, em 1906, passou a chamar-
se “Estudos Psicoló gicos”;
 Fundaçã o da Psicologia Experimental.
1ºlaboratório: 1879

Objeto da sua investigação: perceçã o


 Subsidiariamente:
 Sensaçã o
 Atençã o
 Sentimento (o nosso foco de atençã o influencia a realidade)
 Reaçã o
 Associaçã o

“A perceçã o que tu tens do outro depende do teu foco de atençã o.”

Contributos
 Promoçã o da experiência;
 Promover a psicologia a ciência independente;
 Aná lise da estrutura da experiência imediata;
 Aná lise dos componentes mais elementares;

Método
 Introspetivo (autoexame do estado mental/ auto-observaçã o/ perceçã o
interna).

Objetivo científico
 Analisar os elementos bá sicos dos processos conscientes;
 Descobrir como se relacionam os elementos bá sicos (tamanho, intensidade
– medida por manifestaçõ es exteriores -, duraçã o dos estímulos físicos,
etc);
 Determinar as leis que explicam as conexõ es.

O que é a sensação? Resulta da estimulaçã o de um ó rgã o dos sentidos e os impulsos


atingem o cérebro.
Wundt alegava ser a sensaçã o uma das duas formas bá sicas de experiência. A sensaçã o
surge sempre que um ó rgã o do sentido é estimulado e os impulsos restantes atingem o
cérebro. Pode ser classificada pela intensidade, duraçã o e modalidade do sentido.

O que é o sentimento? Complemento subjetivo da sensaçã o.


O sentimento é a outra forma elementar da experiência. A sensação e o sentimento são
aspetos simultâneos da experiência imediata. O sentimento é o complemento subjetivo da
sensação, embora não se origine diretamente de órgão do sentido. Sensações são
acompanhadas de certas qualidades de sentimento; quando se combinam para formar um
estado mais complexo, resultam na qualidade de sentimento.
Wundt propô s a teoria tridimensional do sentimento com base nas pró prias observaçõ es
introspetivas. Munido de um metrô nomo, notou que, apó s ouvir uma série de cliques,
alguns padrõ es rítmicos eram mais prazerosos ou agradá veis do que outros. Concluiu que
parte da experiência de qualquer padrã o sonoro requer o sentimento subjetivo do prazer
ou desprazer.

Dando continuidade aos experimentos, Wundt observou um segundo tipo de sentimento,


ouvindo os cliques do metrô nomo: uma leve tensã o ao antecipar cada som sucessivo,
seguida do alívio apó s o clique. Concluiu assim que, além do contínuo prazer/desprazer, o
sentimento possuía uma dimensã o de tensã o/relaxamento. Posteriormente, ao aumentar
o intervalo dos cliques, sentiu-se suavemente excitado, e ao reduzi-lo, sentiu-se calmo e
até um pouco deprimido.

Modelo teórico de Wundt sobre a explicação dos sentidos

Apesar de jurar fidelidade eterna ao sistema de psicologia de Wilhelm Wundt, E. B.


Titchener alterou-o drasticamente ao lavá -lo da Alemanha para os Estados Unidos. Ele
apresentou uma abordagem pró pria, à qual denominou estruturalismo, embora alegasse
tratar-se do mesmo sistema estabelecido por Wundt. Na realidade, os dois eram
completamente distintos e a denominaçã o “estruturalismo” é adequada para definir
apenas a psicologia de Titchener.
Críticas à Psicologia de Wundt
A posiçã o de Wundt estava sujeita a críticas. Especialmente vulnerá vel era o método da
perceçã o interna ou da introspeçã o. Os críticos questionavam: quando a introspeçã o
realizada por diferentes observadores produz resultados distintos, como saber qual é o
resultado correto? As experiências realizadas com o uso da técnica de introspeçã o nem
sempre produzem o mesmo resultado, já que se trata de uma auto-observaçã o.

Titchener (1867 – 1927)


 Inglês;
 Discípulo de Wundt;
 Estudou filosofia e fisiologia;
 Estudou em Leipzig;
 Também criou um laborató rio (1893 -1900)

Objeto de estudo da psicologia


 Experiência consciente (com+ciência = aquilo que sei/conheço) como
dependente do indivíduo que a vivencia. (p.109)

Método de estudo: introspeçã o


(observaçã o da experiência consciente por observadores bem treinados)
 Elementos da experiência consciente: sensaçã o, imagem, estados afetivos.

As abordagens experimentais de Titchener (p.113)


 Relatos da sua aluna Cora Friedline

Criticas ao Estruturalismo
Muitas vezes, as pessoas ganham notoriedade na histó ria porque se opõ em a um ponto de
vista mais antigo, mas o caso de Titchener nã o foi bem assim, pois ele manteve-se firme,
mesmo quando todos haviam mudado de opiniã o. Na segunda década do século XX, o
pensamento intelectual americano e europeu havia mudado, mas o sistema formal de
Titchener permanecia o mesmo. Consequentemente, vá rios psicó logos chegaram a
considerar a psicologia estrutural uma tentativa fú til de ater-se a princípios e métodos
antiquados.

Funcionalismo: contexto de aparecimento


 Movimento científico de protesto contra o Estruturalismo de Wundt e Titchener;
 Críticas ao Estruturalismo: trata-se de um movimento limitado. Porquê? Nã o
estudam a ligaçã o prá tica da mente ao ambiente, a forma como aquela se adapta a
este. (Somos uma funçã o do ambiente em que estamos, um ser de contexto. Somos
todos dependentes dos contextos vivenciais!)

Funcionalismo – sistema de psicologia que se dedica ao funcionamento da mente na


adaptaçã o do organismo ao ambiente.

Estruturalismo: movimento assumidamente alemã o.


vs.
Funcionalismo: assumidamente inglês (em 1º), americano (em 2º) – que vai dar origem
ao Behaviorismo.

1ª tendência do funcionalismo: Inglaterra


 Darwin (1809 – 1882)
 Galton (1822 – 1911)
2ª tendência do funcionalismo: América
 William James (1842 – 1910)

Estruturalismo vs. Funcionalismo


o Trata-se de dois movimentos científicos contemporâ neos MAS de costas voltadas…
o Livro “Origem das espécies” (Darwin): 1859 – apresenta a Teoria da Evoluçã o;
o Elementos de psicofísica (Fechner): 1860;
o Laborató rio (Wundt): 1879;
o Diferenças individuais (Galton): 1869;
o Estruturalismo: ainda ligado à filosofia, fisiologia, 1Século das Luzes, …
o Funcionalismo: ligado à s ciências do séc. XIX - biologia, geologia, geografia … mais
desligado dos paradigmas aceites… explica o Homem através do modelo animal
(bioló gico).

Percursores do Funcionalismo
 Charles Darwin: A Origem das Espécies Por Meio da Seleçã o Natural (The Origin of
Species By Means of Natural Selection);

o Tese de Darwin:
1. Sobrevivem os mais aptos; (Seleçã o natural, a força física domina)
2. Os seres vivos sobreviventes transmitem essa característica aos
descendentes.

Influência de Darwin na Psicologia:


1. Importâ ncia do estudo do comportamento animal para a compreensã o do
comportamento humano;
2. Influenciou os métodos da Psicologia;
3. Lançou um novo campo de investigaçã o: funçõ es da consciência;
4. Desenvolveu a Psicologia experimental;
5. Busca de técnicas para medir as diferenças.

O Neo- Darwinismo resulta do aperfeiçoamento da teoria da evoluçã o de Darwin.


Darwin nã o explicou como surge a variabilidade específica (mutaçõ es e diferentes
recombinaçõ es génicas).

C. Darwin (1809-1882)
As emoçõ es nos homens e nos animais:
as emoçõ es, originariamente, sã o movimentos voluntá rios herdados no processo de
evoluçã o.
Darwin explica a sua origem com base em 2 princípios:
1 – têm o propó sito de satisfazer desejos ou aliviar sensaçõ es, tornando-se habituais
quando repetidas;
2 – açã o direta do sistema nervoso, independentemente do há bito e da vontade.

Galton (1822-1911)
O trabalho de Galton a respeito da herança mental e das diferenças individuais da
capacidade humana incorporou efetivamente o espírito da evoluçã o na nova psicologia.

1
Ideias iluministas foram promovidas na Europa por filósofos, espalharam-se pelo mundo e inspiraram
revoluções como a Revolução Francesa em 1789. Foi o último séc. da Idade Moderna e 1º da Idade
Contemporânea.
Antes dele, o fenó meno das diferenças individuais quase nã o era considerado um tema
adequado para estudo.

Você também pode gostar