Você está na página 1de 37

ARA0838 - História da Psicologia

Aula 03 E 04: Antecedentes Históricos e Origens da Psicologia


História da Psicologia
Antecedentes Históricos e Origens da Psicologia

Objetivos desta aula:

1) Compreender a construção da ciência moderna no que tange às correntes do Racionalismos e


Objetivos Empirismo e 2) Compreender os modelos de ciência do século XIX: positivismo, materialismo,
empirismo
História da Psicologia

O que vocês entendem por


ciência moderna?
História da Psicologia
Condições para o surgimento da Psicologia como Ciência

O advento da Idade Moderna como um marco: século XV ao século XVIII


História da Psicologia

Idade Moderna

• A Ciência Moderna: método científico- articular


observação, técnica e experimentação (Europa do
século XVI);

• Idade Média: influência da filosofia natural de


Aristóteles e das ideias relacionadas a religião e a
fé;

• As noções modernas de "ciência" e "cientista"


remontam apenas ao século XIXː antes disso, a
palavra "ciência" significava
simplesmente conhecimento, e não existia o
rótulo de "cientista“ (influência de Galilei,
Descartes e Newton) .
História da Psicologia

Idade Moderna

• Império Romano: oriente e ocidente;

• Império Bizantino;

• Queda de Constantinopla pelo Império Turco-


Otomano (1453);

• Fim da Era Medieval e início da Idade Moderna-


sec. XV até o século XVIII;

• Filosofia: Psicologia do filósofo alemão Christian


Wolff X Ideias do filósofo alemão Immanuel
Kant.
História da Psicologia
História da Psicologia
História da Psicologia

• Renascimento, Renascença ou Renascentismo: século


XIV e o fim do século XVI;

• transição do feudalismo para o capitalismo;

• Retorno à antiguidade clássica;

• progressivo abrandamento da influência do dogmatismo


religioso e do misticismo sobre a cultura e a sociedade,
com uma concomitante e crescente valorização da
racionalidade, da ciência e da natureza;

• Revolução Científica: conhecimentos só eram


considerados corretos depois de confirmados pela
experiência e razão, surgindo assim o método
experimental ou científico. A partir desse período,
a Ciência, que até então estava atrelada à Teologia,
separa-se desta e passa a ser um conhecimento mais
estruturado e prático.
História da Psicologia

Idade Moderna

• Século XVIII: Iluminismo, século das luzes,


razão no centro, separação igreja/Estado;

• Teocentrismo, Antropocentrismo, Geocentrismo,


Heliocentrismo (Revolução Copernicana-
Nicolau Copérnico-1473-1543/Galileu Galilei -
1564 – 1642).

• Somente em 1835, o Papa Gregório 16


reconheceu o modelo do heliocentrismo;

• Big bang quente: universo em contínua expansão,


1927/1965.
História da Psicologia

• Positivismo e Materialismo

Positivismo:
• França, séculos XIX e XX;
• Auguste Comte- 1798-1857;
• O conhecimento científico como a única forma
de conhecimento válido;

• Recusa ao conhecimento das superstições,


religiões e demais ensinos teológicos: valoriza a
ciência, o materialismo e o mundo humano, em
detrimento da metafísica e do mundo espiritual;

• Dividido em duas vertentes: a orientação


científica, que busca efetivar uma divisão das
ciências, e a orientação psicológica, linha teórica
da sociologia que investiga toda a natureza
humana existente;
• Observação como único critério do conhecimento
válido;
História da Psicologia

• Positivismo e Materialismo

Positivismo:
• Paradigma de ciência: ciências naturais;

• Ciência cumulativa e transcultural;

• Positivismo no Brasil: “Ordem e progresso”;

• Comte centralizou a ideia do pensamento


positivista em sete termos e significados. São
eles: o real, o útil, o certo, o preciso, o relativo, o
orgânico e o simpático. Vale ressaltar que o
pensamento positivista é considerado também
uma “romantização da ciência”, pois ele
deposita a sua fé na onipotência da razão, apesar
de estabelecer os valores humanos como
completamente opostos aos da teologia e a
metafísica.
História da Psicologia

• Positivismo e Materialismo

Materialismo:

• Inventado em 1702 por Gottfried Leibniz , e


reivindicado pela primeira vez em 1748 por La
Mettrie;
• Admite a origem e a existência humana a partir
de uma condição concreta: a matéria;
• Circunstâncias concretas e materiais como
principal meio de explicação da realidade e seus
fenômenos sociais, históricos e mentais;
• Contrapõe-se ao espiritualismo e, sobretudo,
ao idealismo, cujo elemento central é a ideia
de existência metafísica – compreensão da
realidade através dos sentidos;
• O materialismo pertence à classe
da ontologia monista. Assim, é diferente de
teorias ontológicas baseadas
no dualismo ou pluralismo;
História da Psicologia

• Positivismo e Materialismo

Materialismo:

• Materialismo científico: o pensamento se


relaciona a fatos puramente materiais
(essencialmente mecânicos) ou
constituem epifenômeno;

• Materialismo Marxista:

A corrente materialista ainda teve sua linha teórica


apoiada nos argumentos dos filósofos alemães Karl
Marx e Friedrich Engels, especialmente no que diz
respeito às mudanças sociais e econômicas
provocadas pelos meios de produção, e as suas
consequências quanto a existência humana.
História da Psicologia

• Positivismo e Materialismo

Materialismo:

• Histórico/Materialismo Dialético
História da Psicologia

Idade Moderna

• Filosofia → Epistemologia → Racionalismo e


Empirismo;

• Racionalismo:
Se posiciona epistemologicamente como uma
abordagem que prioriza o conhecimento adquirido
pelo sujeito através do intelecto, em detrimento das
experiências ou das sensações. Um argumento
racionalista comum diz que os sentidos enganam
nossa percepção da realidade, que apenas através da
dedução lógica podemos assumir certas verdades
sobre o mundo.
História da Psicologia

Idade Moderna

• Empirismo:

Se posiciona epistemologicamente como uma


abordagem que prioriza a obtenção do conhecimento
sensível pela experiência, ao contrário daquele obtido
por deduções puramente lógicas. Um argumento
empirista comum é o de que na experiência se tira a
prova de diversas teorias sobre o funcionamento da
natureza, em detrimento de puras especulações sem
base na realidade sensível.
História da Psicologia

Idade Moderna

• Racionalismo:

-René Descartes (1596-1650): obra Discurso do


Método e Meditações Metafísicas;

- Descartes propõe que a razão humana deve ser a


principal fonte de obtenção de conhecimento,
pois apenas dela podem surgir conhecimentos
tidos como válidos;

- Dúvida Metódica;

- Cogito, Ergo Sum: “Penso, Logo Existo”.


História da Psicologia

Idade Moderna

• Racionalismo:

-A razão como antídoto aos enganos das sensações e


dos sentidos;
- Regras para o conhecimento verdadeiro:

1) Tratar apenas do que é evidente;


2) Dividir problemas em partes para buscar sua
solução;
3) Ordenar o pensamento do mais simples ao mais
complexo;
4) Controlar o percurso desse pensamento.
História da Psicologia

Idade Moderna

• Racionalismo:

-Baruch Spinoza (1632-1677): uma das maiores


contribuições de Spinoza para a Filosofia é a
distinção que opera, em parte de sua obra, entre dois
tipos de conhecimento (PENNA, 1991, p. 85):

1) O conhecimento sensível: incompleto e é fonte


de erros e concepções equivocadas sobre a
realidade;
2) O conhecimento obtido pela razão: confiável,
pois a razão “revela-se em nós como um poder
independente de todo o mundo exterior, que nos
permite apreender a essência íntima das coisas e as
relações necessárias que as ligam às outras”.
História da Psicologia

Idade Moderna

• Empirismos:

-John Locke (1632-1704): a mente humana se


constituía de elementos básicos que seriam as ideias,
e estas, por sua vez, seriam formadas através da
experiência humana;

-Ser humano: uma tabula rasa, que se preenche ao


longo da vida. Tal preenchimento se dá tanto pelas
sensações que adquirimos pela experiência, quanto
pela reflexão, operação interna da mente.
História da Psicologia

Idade Moderna

• Empirismos:

-David Hume (1711-1776): empirista de uma vertente


chamada associacionismo;

-Preocupação com a análise de experiências e como estas se


tornam sensações que se tornam ideias. Preocupado também
em formalizar leis que explicassem como as sensações se
associavam;

-Distinção entre ideias e impressões: as primeiras seriam


cópias “fracas” da segunda; e as impressões surgiriam das
sensações. Ideias e impressões, quando ocorrem juntas,
tendem a se associar, daí sua filiação a um empirismo
associacionista.
História da Psicologia

Idade Moderna

• Empirismos:

-Três Princípios ou Leis de Associação


(HOTHERSALL, 2006, p. 59):

a) Associações de ideias por semelhança;

b) Contiguidade (espacial ou temporal);

c) Relações de causa e efeito.


História da Psicologia

Idade Moderna

PSICOLOGIA NO SÉCULO XVIII:


CHRISTIAN WOLFF X IMMANUEL KANT
História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

Christian Wolff (1679-1754)


História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

-Christian Wolff (1679-1754): autor que ajudou a


delinear a Psicologia com status de uma disciplina da
Filosofia;
-O complexo sistema filosófico de Wolff visava
garantir a essa área uma certeza da qual gozavam os
conhecimentos que dispunham da Matemática;

-Para Wolff, os ramos da Filosofia deveriam ser a


Lógica, a Metafísica, a Filosofia Prática, a Física, a
Filosofia das Artes (nesse sentido, tratava-se da
Tecnologia, Artes Liberais e Medicina) e a Filosofia
da Jurisprudência.
História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

-Christian Wolff (1679-1754):

-A Metafísica estudava (VIDAL, 2010):

Ontologia
Cosmologia Geral
Psicologia Empírica
Psicologia Racional
Teologia Natural
História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

-Christian Wolff (1679-1754):

-Psicologia Empírica seria um estudo da vida


interior da alma excluindo as relações fisiológicas e
corporais;

-O interesse seria o estudo das faculdades da alma (a


percepção, os sentidos, a imaginação, a memória, a
atenção etc.). Trata-se de entender como a alma
humana capta o mundo e organiza as percepções e
ideias, observando como nossas faculdades
trabalham a posteriori, ou seja, após tais percepções
do mundo se formarem em nossa alma.
História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

-Christian Wolff (1679-1754):

-Psicologia Racional: define a alma humana como o


próprio poder de representação do universo, e estuda
essa alma como ente ou essência a priori;

“Ou seja, que antes define por princípio as faculdades


estudadas na Psicologia Empírica. Colocando em outras
palavras, se a Psicologia Empírica se preocupa com as
faculdades da alma, capazes de organizar o mundo ao nosso
redor, a Psicologia Racional se preocupa em justificar e
explicar a própria existência dessa alma que, por sua vez,
possibilita a existência de tais faculdades em primeiro lugar.
Para Wolff, a Psicologia Racional não produzia
conhecimentos empíricos, mas revelava aspectos da alma para
além do que permitia a observação, método próprio da
Psicologia Empírica” (VIDAL, 2010).
História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

-Immanuel Kant (1724-1804)


História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

-Immanuel Kant (1724-1804):

-Kant, livro Crítica da razão pura: certos


conhecimentos não podem ser ciências legítimas,
uma vez que são incapazes de produzir uma
evidência demonstrativa;

-Tais conhecimentos recaem numa Metafísica, um


tipo de conhecimento que pode alegar várias coisas
racionalmente, mas sem fornecer objeto ou evidência
empírica de sua validade. Seria preciso operar uma
síntese entre uma certa racionalidade especulativa e
um certo empirismo demonstrável para atingir o
status de cientificidade.
História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

-Immanuel Kant (1724-1804):

-Não se pode fazer ciência partindo da Psicologia


Racional, dado que, sendo seu objeto a alma,
incorreria fatalmente num discurso puramente
metafísico, sem viés empírico que demonstre sua
validade;

-A Psicologia Empírica tinha possibilidade de ser


uma ciência, mas apenas se formalizasse seu corpo de
conhecimento;

-Princípios metafísicos da ciência da natureza: Kant


argumenta o caminho para a cientificidade da
Psicologia Empírica (FERREIRA, 2010, p. 85);
História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

-Immanuel Kant (1724-1804):

1) Descobrir um objeto preciso, assim como a


Química tinha como objeto de estudo o
elemento, sobre o qual realizava análises e
sínteses;
2) Estudar tal objeto de modo objetivo, dado que
no caso da alma, observador (humano) e
observado (alma) se confundem nesse processo,
necessitando de uma separação entre objeto e
observador;

1) Produzir uma matematização sobre de tal objeto,


matematização essa mais complexa que a
geometria de uma linha reta.
História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

A superação dos vetos Kantianos como condição para


uma Psicologia Científica, uma Psicologia
Experimental;

Séc. XX: busca na fisiologia sensorial do caminho


para superação desses vetos

Psicologia proposta por Christian Wolf estava em des


-acordo com o paradigma científico
afirmado pelo projeto positivista.
História da Psicologia

Psicologia no Sec. XVIII

Para seguirmos pensando: por que a psicologia


proposta por Wolff não obteve sucesso?

Trabalho:
03 a 05 páginas, individual em grupo de ate 03
pessoas, fonte times new roman, 12, normas da
ABNT.

Prazo: AV1- 09/10/2021.


História da Psicologia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

"A mais útil de todas as ciências. Configurações da psicologia desde o Renascim


ento tardio até o fim do Iluminismo."
Disponível em:
https://www.academia.edu/6177364/_A_mais_%C3%BAtil_de_todas_as_ci%C
3%AAncias._Configur
a%C3%A7%C3%B5es_da_psicologia_desde_o_Renascimento_tardio_at%C3%
A9_o_fim_do_Ilumini smo

"O lugar de Christian Wolff na história da psicologia“


Disponível em:
https://revistas.javeriana.edu.co/index.php/revPsycho/article/view/1662/2960

Você também pode gostar