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História da Filosofia em períodos


Autor:  Bruno Carrasco

 17.5.18  7 minutos de leitura

A Filosofia oferece uma prática de questionamento sobre o mundo e as coisas, os


modos de ser e sobre nós mesmos, com perguntas do tipo: Por que as coisas são como
são, ou como nos parecem ser? O que leva as pessoas a fazerem o que fazem e como
fazem? Será que o que percebo é realmente o que me parece?

Além de questionamento, a filosofia é também uma ação, pois quando nos


questionamos percebemos novas possibilidades de entender o mundo, os seres, as
coisas e a nós mesmos, assim passamos a agir de maneira diferenciada. O ato de
filosofar implica em refletir sobre as coisas do modo como nos aparecem, para
repensar sobre elas e encontrar novas perspectivas.

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A história da filosofia costuma ser dividida em quatro grandes períodos: a Filosofia
experiência. Ler mais
Antiga (séc. VII a.C. à V d.C.), a Filosofia Medieval (séc. V à XV), a Filosofia Moderna (séc.
Aceitar !
XVIAceitar
à XVIII)! e a Filosofia Contemporânea (séc. XIX à atual). Esses períodos possuem um
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caráter didático, e se referem 
a produção filosófica 
ocidental, sobretudo da Europa. 

Filosofia Antiga
Período: do surgimento das primeiras cidades na Grécia Antiga até a queda do Império
Romano, aproximadamente entre o século VII a.C. ao século V d.C.

Contexto histórico:

Antiguidade Clássica;
Surgimento das Pólis (cidades-estado);

Grandes civilizações;
Sociedades escravistas;

Politeísmo;

Democracia em Atenas (Grécia);

Início da filosofia nas cidades gregas;

República de Roma;

Nascimento de Jesus Cristo;

Invasões Bárbaras.

Correntes de pensamento:

Mitologia: histórias sobre a origem do mundo, dos valores e da moralidade;

Pré-Socráticos: estudo da natureza (physis), suas mudanças e transformações;

Sofistas: relações humanas e políticas, discurso, relatividade e argumentação;

Socrático: questões éticas, valores morais, dialética, dúvida e maiêutica;

Platônico: mundo sensível X mundo das ideias, busca de verdades essenciais;

Aristotélico: metafísica, lógica, ato e potência, teoria das quatro causas;


Estoicismo: filosofia ética que busca viver de acordo com a razão universal;

Epicurismo: busca de prazeres moderados como meio de evitar as dores;

Ceticismo: coloca em dúvida todas as teorias, questionamento generalizado;

Cinismo: desprezo pelos valores da sociedade, viver de acordo com a natureza;

Ecletismo: entende que a verdade não se limita a apenas um sistema filosófico.


Características:

Tentativa de compreender a realidade sem o uso das histórias míticas;


A Filosofia Antiga é caracterizada por uma diversidade de concepções;

No início da filosofia não há uma primazia da razão mas das experiências;

Experiências sensoriais, reflexões e da geometria como estudo da natureza;

Diversidades de concepções sobre o mundo, os seres e as transformações;

Início do uso da razão e da lógica como meio de entender a realidade;

Conceitualização da filosofia como atividade racional para alcançar verdades;

Separação do mundo real e do mundo ideal, sendo o ideal como verdadeiro;


Desvalorização das experiências sensoriais e da percepção individual

Alguns dos principais filósofos:

Tales de Mileto (624-546 a.C.)

Pitágoras de Samos (580-500 a.C.)

Heráclito de Éfeso (535-475 a.C.)

Anaxágoras (500-428 a.C.)

Protágoras de Abdera (480-410 a.C.)


Sócrates (469-399 a.C.)

Demócrito de Abdera (460-360 a.C.)

Platão (427-347 a.C.)

Aristóteles (384-322 a.C.)

Pirro de Elis (360-270 a.C.)

Epicuro de Samos (341-270 a.C.)


Zenão de Cítio (336-264 a.C.)

Filosofia Medieval
Período: da queda do Império Romano no ocidente até a queda de Constantinopla,
aproximadamente entre o século V ao século XV.

Contexto histórico:

Ascensão do catolicismo e da Igreja Católica no ocidente;


A crença na fé passa a ser tida como o caminho para a verdade;

O cristianismo vai se propagando a muitos povos e regiões;

Feudalismo: organização social dividida em rei, clero, nobreza e servos.

Hierarquia: divisão social e econômica de forma hierarquizada

Período de guerras, conflitos, fome e epidemias;

Cruzadas: movimentos militares de inspiração cristã para a terra santa;

Inquisição: grupo de cristãos para combater todo tipo de heresia;

Cavaleiros nobres que lutavam em defesa da Igreja e seus ideais;

Surgimento da Burguesia com o início do desenvolvimento comercial;

Correntes de pensamento:

Neoplatonismo: síntese da filosofia de Platão com elementos místicos;

Cristianismo: crença num único e Deus, a Bíblia é a fonte de verdade;

Patrística: ideais dos padres da Igreja Católica que defendem o cristianismo;

Escolástica: sistematização do cristianismo pela interpretação de Aristóteles;

Nominalismo: as essências não existem em si mesmas, são apenas convenções;

Conceitualismo: os universais são conceitos que existem somente no espírito;

Realismo moderado: realidades singulares se aproximam da abstração universal;

Escolástica tomista: busca da harmonia entre o aristotelismo e o cristianismo.

Características:

Influências da Filosofia Clássica (Platão e Aristóteles);

Tentativa de estabelecer união entre a razão e a fé;

Crença numa única verdade, que é a fé do catolicismo;

O conhecimento filosófico não pode contrariar os preceitos da Igreja;

Crença num único criador do mundo e na imortalidade da alma;

Concepção racional das verdades a partir da fé religiosa;

Supremacia do espírito sobre o corpo, desprezo do corpo;


Aquele que deixa o corpo governar a alma é tido como pecador;

A liberdade era vista como harmonia das ações com a vontade de Deus;

É preciso crer para compreender, por conta do peso da fé sobre a razão;

A filosofia se mantêm confinada apenas nos mosteiros.


Alguns dos principais filósofos:

Santo Ambrósio (340-397)

Santo Agostinho (354-430)


Avicena (980-1037)

Pedro Abelardo (1079-1142)

Santo Anselmo (1033-1109)

Averróis (1126-1198)

São Tomás de Aquino (1225-1274)

Alberto Magno (1196-1280)

Rogério Bacon (1214-1294)

Guilherme de Ockham (1285-1347)

João Duns Escoto (1266-1308)

Filosofia Moderna
Período: da queda de Constantinopla até a Revolução Francesa, aproximadamente
entre o século XVI ao século XVIII.

Contexto histórico:

Antropocentrismo: o homem passa a ser visto como o centro do universo;

Renascimento Cultural: retorno à sabedoria clássica dos gregos;

Reforma Protestante: protesto contra diversos pontos da doutrina Católica;

Surgimento da imprensa: criação de um veículo de comunicação coletivo;

Absolutismo: teoria política onde uma pessoa detém o poder absoluto;

Desenvolvimento do comércio: ampliação das relações comerciais;

Grandes Navegações: encontro do novo mundo, o continente americano;

Produções Artísticas: tendo como referência às artes greco-romanas.

Correntes de pensamento:

Dualismo: entende o ser humano dividido entre pensamento e corpo;

Idealismo: prioriza o ser pensante e o pensamento em oposição à matéria;

Racionalismo: a razão como princípio e único meio de alcançar as verdades;


Cartesianismo: busca da verdade pela evidência, análise, síntese e enumeração;

Humanismo: valorização do ser humano como um ser “naturalmente bom”;

Empirismo: o conhecimento parte da experiência sensorial, e não pela razão;


Iluminismo: razão como caminho para a liberdade e felicidade, contrário à fé;

Liberalismo: defesa da liberdade individual e econômica;

Criticismo: questionamento sobre os limites de nossos conhecimentos;

Positivismo: crença no conhecimento científico como única fonte da verdade.

Características:

Valorização da razão e de seu uso como meio de alcançar as verdades;

Busca pela ordem, controle e previsão dos conhecimentos adquiridos;


Criação de um método científico rigoroso por meio de medições;

Entendimento que mente e corpo são substâncias diferentes e separadas;

Busca por valores e saberes absolutos, universais e generalistas;

Propostas totalizantes, que abrangem todas as áreas do conhecimento;

Explicação mecânica e matemática do universo e dos seres;

Crença da neutralidade do observador ao observar os fatos;

Olhar objetivo, evitando e suprimindo a intuição e a subjetividade;


Teoria heliocêntrica: a terra não é mais o centro do universo;

Surgimento do sujeito do conhecimento. Filosofia Moderna -

Alguns dos principais filósofos:

Niocolau Maquiavel (1469-1527)

Michel de Montaigne (1533-1592)

Francis Bacon (1561-1626)

Galileu Galilei (1564-1642)

René Descartes (1596-1650)

Blaise Pascal (1623-1662)

John Locke (1632-1704)

Baruch Espinoza (1632-1677)

Isaac Newton (1643-1727)

David Hume (1711-1776)

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)


Immanuel Kant (1724-1804)

George W. F. Hegel (1770-1831)

Filosofia Contemporânea
Período: da Revolução Francesa até os dias de hoje. Aproximadamente entre o século
XIX aos tempos atuais.

Contexto:

Revolução Francesa: ideais de liberdade, igualdade e fraternidade;

Revolução Industrial: trabalho assalariado com o uso de máquinas.

Independências das Américas: os países da América deixam de ser colônias;

Capitalismo: liberdade de comércio, exploração do trabalho humano;

Inovações Tecnológicas: locomotiva elétrica, motor gasolina, avião, telefone, etc.

Romantismo: movimento cultural e artístico que valoriza a subjetividade;

Guerras Mundiais: experiência da primeira e segunda guerras mundiais;

Nazismo, Fascismo, Socialismo: diferentes ideologias político-econômicas;

Conflitos ideológicos: conflitos entre tendências ideológicas direita e esquerda;

Filosofia e arte pós-moderna: questionamentos e críticas sobre a modernidade;

Revolução na Informática: desenvolvimento das ciências da informação.

Correntes de pensamento:

Marxismo: análise socioeconômica por meio das relações de classe e história;


Existencialismo: estudo sobre a existência humana, liberdade e singularidades;

Fenomenologia: método de conhecimento por meio da análise dos fenômenos;

Anarquismo, Socialismo, Comunismo: ideais políticos contrários ao capitalismo;

Filosofia Analítica: análise da linguagem, do sentido das palavras e expressões;

Pragmatismo: avaliação dos fenômenos apenas por seus aspectos utilitários;

Estruturalismo: entendimento da realidade a partir de um sistema elementar;

Escola de Frankfurt: teoria crítica sobre a sociedade com influências de K. Marx;

Arqueogenealogia: análise dos saberes e dos discursos sobre a “verdade”;


Desconstrucionismo: questionamento das “verdades” do pensamento ocidental.

Características:

Não há mais valores absolutos nem uma única verdade absoluta;

Compreensão da pluralidade cultural e respeito às diferenças;

Valorização da experiência pessoal de cada um;

Rejeição de uma concepção única da realidade, a realidade é múltipla;

Não aceita o uso de poder por meio de uma suposta “razão”;

Coexistem diferentes interpretações sobre a realidade e os fenômenos;

Descrença na ciência para resolver os problemas da humanidade;

Percepção que não há como confiar apenas na razão;

Tecnologias como melhorias ou como desumanização;

Desenvolvimento das Ciências Humanas e Sociais;

A falta de referências e a crise da subjetividade privada.

Alguns dos principais filósofos:

Arthur Schopenhauer (1788-1860)

Sören Kierkegaard (1813-1855)

Karl Marx (1818-1883)

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Ludwig Wittgenstein (1889-1951)

Martin Heiddeger (1889-1976)

Theodor Adorno (1903-1969)

Jean-Paul Sartre (1905-1980)

Gilles Deleuze (1925-1995)


Michel Foucault (1926-1984)

Jacques Derrida (1930-2004)

Noam Chomsky (1928-)

Jürgen Habermas (1929-)

Por Bruno Carrasco.

 Temas: Filosofia História

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Frases de Friedrich Nietzsche Terapia para a liberdade de ser

Bruno Carrasco 
Professor de filosofia e psicologia, terapeuta, crítico da psicologia positivista e tradicional, estudioso
da experiência humana em seus desdobramentos, a partir da filosofia da diferença, psicologia
crítica e artes, em favor de outros modos de vida.

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