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O Iluminismo ou Ilustração, teve seu significado traduzido para diversas línguas. Assim,
temos Enlightenment para os de fala inglesa, Siècle des Lumières na França, Illuminismo na
Itália, e Aufklarung para alemães e austríacos. A origem da palavra que dá nome ao período
está na dicotomia entre trevas e luz, onde os filósofos iluministas se consideravam filósofos
das luzes ou iluminados, em virtude de serem detentores da razão e da verdade. É também
uma referência à tradição escolástica e medieval como era das trevas.
Teve início no século XVII, na França, e se espalhou por toda a Europa, tendo no século
XVIII o seu apogeu, o Século das Luzes. Ele foi uma continuação e uma superação ao
Renascimento.
Não é uma tarefa fácil definir o Iluminismo. Pensadores como Jonathan Israel afirmam que
houve um Iluminismo radical, com Baruch Spinoza, e um Iluminismo moderado, baseado em
John Locke. Já para Johnson Kent Wright, “o Iluminismo nunca se apresentou como um único
sistema teórico ou doutrina ideológica única” (Wright, 2004). E o professor Marcus Boeira
defende que há 4 correntes iluministas: a francesa, a inglesa, a americana e a ibérica. Percebe-
se nos filósofos iluministas uma grande variedade de ideias e não há uma fácil sistematização
de todos os conceitos produzidos nessa época.
Um fato que merece destaque foi a organização da Enciclopédia por, entre outros, o filósofo
Denis Diderot (1713-1784). O primeiro volume da Enciclopédia, organizada em parceria com
Jean le Rond d’Alembert (1717-1783), apareceu em 28 de junho de 1751, tendo sua
publicação se desenrolado até 1772. Ela foi o livro símbolo do movimento das Luzes, e
estabeleceu o modelo para a Enciclopédia como um multivolume, multiautor, ilustrado
trabalho de referência e em ordem alfabética ainda predominante hoje em dia. (Patricia Merlo,
2015).
E para ilustrar, recorremos às ideias dos filósofos iluministas René Descartes, David Hume e
Emmanuel Kant que se destacaram em sua contribuição para a psicologia como ciência. Cada
um representa uma escola filosófica. Racionalismo ou Realismo, Empirismo ou Idealismo e o
Idealismo Transcendental.
René Descartes (1596-1650) foi um filósofo e matemático que nasceu na região de Touraine
na França e faleceu em Estocolmo na Suécia. Foi aluno no colégio Jesuíta e uma herança
familiar permitiu a ele uma vida dedicada aos estudos e viagens. Sua filosofia inaugura o
pensamento moderno, através de um sistema de pensamento científico e lógico, o
Racionalismo. Este é o autor da conhecida frase “Penso, logo existo” (cogito, ergo sum). Ele
acreditava no dualismo entre corpo e mente e na diferenciação entre ideias inatas e derivadas.
Temas que geram discussões e dividem opiniões em correntes psicológicas até os dias de hoje.
David Hume (1711-1776) foi um filósofo que nasceu na Escócia e foi educado na University
of Edimburg. Tinha especial interesse na filosofia pneumática e nos métodos de ciências
naturais. Para Hume o pensamento depende das sensações, “senso, ergo sum” (tenho
sensações, portanto existo). Ele fez distinção entre impressões e ideias e era considerado um
empirista radical por duvidar até da lei da causalidade. Todas as suas pesquisas em torno de
uma ciência da natureza humana contribuíram para que Wundt criasse a psicologia como
ciência mais de cem anos depois.
Emmanuel Kant (1724-1804) nasceu em Königsberg no leste da Prússia. Foi aluno e professor
na universidade de Königsberg durante toda a sua vida. Kant era da escola racionalista, mas
descreve que ao ler Hume foi desperto do sono dogmático da razão. Ele desenvolveu
conceitos como faculdades cognitivas e chamou de revolução copernicana a sua teoria do
conhecimento. Para Kant a ciência deveria ter objeto de estudo, método e fórmula matemática
e a psicologia falhava em ser uma verdadeira ciência ao não cumprir esses requisitos. Os vetos
kantianos tiveram tanto impacto que a primeira geração de psicólogos alemães teve de lutar
para estabelecer a psicologia como ciência.
CONCLUSÃO
O mundo não foi mais o mesmo depois do movimento Iluminista, já que ideias que parecem
tão comuns para nossa sociedade atual têm suas origens nele. Sendo assim, a psicologia
também foi fortemente influenciada pelo Iluminismo. Como vimos, o racionalismo cartesiano
e seus estudos sobre a mente como prova irrefutável da existência humana abrem caminhos ao
que seria posteriormente objeto de estudo da psicologia. Junto deste, o inatismo e o empirismo
continuam influenciando pesquisas científicas no campo da psicologia, buscando respostas
para questões como: se características humanas são herdadas pela natureza ou influenciada
pelo meio, por exemplo. Por fim, os vetos kantianos impulsionaram pesquisas na biologia e
fisiologia, para assim colocar a psicologia no hall das ciências humanas.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL PARALELO. Brasil Paralelo: Quem foram os filósofos das luzes, 2022.
Disponível em: < https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/o-que-foi-o-iluminismo>
Acesso em: 15 de out. de 2022.