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Filosofia Contemporânea

A Filosofia Contemporânea é aquela desenvolvida a partir do final do século XVIII,


que tem como marco a Revolução Francesa, em 1789. Engloba, portanto, os séculos
XVIII, XIX e XX.

Note que a chamada "filosofia pós-moderna", ainda que para alguns pensadores seja
autônoma, ela foi incorporada a filosofia contemporânea, reunindo os pensadores das
últimas décadas.

Contexto Histórico

Esse período é marcado pela consolidação do capitalismo gerado pela Revolução


Industrial Inglesa, que tem início em meados do século XVIII.

Com isso, torna-se visível a exploração do trabalho humano, ao mesmo tempo que se
vislumbra o avanço tecnológico e científico.

Nesse momento são realizadas diversas descobertas. Destacam-se a eletricidade, o uso


de petróleo e do carvão, a invenção da locomotiva, do automóvel, do avião, do telefone,
do telégrafo, da fotografia, do cinema, do rádio, etc.

As máquinas substituem a força humana e a ideia de progresso é disseminada em todas


as sociedades do mundo.

Por conseguinte, o século XIX reflete a consolidação desses processos e as convicções


ancoradas no progresso tecnocientífico.

Já no século XX, o panorama começa a mudar, refletido numa era de incertezas,


contradições e dúvidas geradas pelos resultados inesperados.

Acontecimentos desse século foram essenciais para formular essa nova visão do ser
humano. Merecem destaque as guerras mundiais, o nazismo, a bomba atômica, a guerra
fria, a corrida armamentista, o aumento das desigualdades sociais e a degradação do
meio ambiente.

Assim, a filosofia contemporânea reflete sobre muitas questões sendo que a mais
relevante é a "crise do homem contemporâneo".
Ela está baseada em diversos acontecimentos. Destacam-se a revolução copernicana, a
revolução darwiniana (origem das espécies), a evolução freudiana (fundação da
psicanálise) e ainda, a teoria da relatividade proposta por Einstein.

Nesse caso, as incertezas e as contradições tornam-se os motes dessa nova era: a era
contemporânea.

Escola de Frankfurt

Surgida no século XX, mais precisamente em 1920, a Escola de Frankfurt foi formada


por pensadores do “Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt”.

Pautada nas ideias marxistas e freudianas, essa corrente de pensamento formulou uma
teoria crítica social interdisciplinar. Ela aprofundou em temas diversos da vida social
nas áreas da antropologia, psicologia, história, economia, política, etc.

De seus pensadores merecem destaque os filósofos: Theodor Adorno, Max Horkheimer,


Walter Benjamin e Jurgen Habermas.

Indústria Cultural

A Indústria Cultural foi um termo criado pelos filósofos da Escola de Frankfurt Theodor


Adorno e Max Horkheimer. O intuito era analisar a indústria de massa veiculada e
reforçada pelos meios de comunicação.

Segundo eles, essa “indústria do divertimento” massificaria a sociedade, ao mesmo


tempo que homogeneizaria os comportamentos humanos.

Saiba mais sobre os principais acontecimentos da Idade Contemporânea.

Principais Características

As principais características e correntes filosóficas da filosofia contemporânea são:

 Marxismo

 Positivismo

 Racionalismo

 Utilitarismo
 Pragmatismo

 Cientificismo

 Niilismo

 Idealismo

 Liberdade

 Existencialismo

 Fenomenologia

 Subjetividade

 Sistema Hegeliano

 Materialismo dialético

Principais Filósofos Contemporâneos

Friedrich Hegel (1770-1831)

Filósofo alemão, Hegel foi um dos maiores expoentes do idealismo cultural alemão, e
sua teoria ficou conhecida como “hegeliana”.

Baseou seus estudos na dialética, no saber, na consciência, no espírito, na filosofia e na


história. Esses temas estão reunidos em suas principais obras: Fenomenologia do
Espírito, Lições sobre História da Filosofia e Princípios da Filosofia do Direito.

Dividiu o espírito (ideia, razão) em três instâncias: espírito subjetivo, objetivo e


absoluto.

Já a dialética, segundo ele, seria o movimento real da realidade que teria de ser aplicada
no pensamento.

Ludwig Feuerbach (1804-1872)

Filósofo materialista alemão, Feuerbach foi discípulo de Hegel, embora mais tarde,
tenha adotado uma postura contrária de seu mestre.
Além de criticar a teoria de Hegel em sua obra “Crítica da Filosofia Hegeliana” (1839),
o filósofo criticou a religião e o conceito de Deus. Segundo ele, o conceito de Deus é
expresso pela alienação religiosa.

Seu ateísmo filosófico influenciou diversos pensadores dentre eles Karl Marx.

Arthur Schopenhauer (1788-1860)

Filósofo alemão e crítico do pensamento hegeliano, Schopenhauer apresenta sua teoria


filosófica baseada na teoria de Kant. Nela, a essência do mundo seria resultado da
vontade de viver de cada um.

Para ele, o mundo estaria repleto de representações criadas pelos sujeitos. A partir disso,
as essências das coisas seriam encontradas por meio do que ele chamou de
“insight intuitivo” (iluminação).

Sua teoria foi marcada também pelos temas do sofrimento e do tédio.

Soren Kierkegaard (1813-1855)

Filósofo dinamarquês, Kierkegaard foi um dos precursores da corrente filosófica do


existencialismo.

Dessa maneira, sua teoria esteve pautada nas questões da existência humana, destacando
a relação dos homens com o mundo e ainda, com Deus.

Nessa relação, a vida humana, segundo o filósofo, estaria marcada pela angústia de
viver, por diversas inquietações e desesperos.

Isso somente poderia ser superado com a presença de Deus. No entanto, está assinalada
por um paradoxo entre a fé e a razão e, portanto, não pode ser explicada.

Auguste Comte (1798-1857)

Na “Lei dos Três Estados” o filósofo francês aponta para a evolução histórica e cultural
da humanidade.

Ela está dividida em três estados históricos diferentes: estado teológico e fictício, estado
metafísico ou abstrato e estado científico ou positivo.
O positivismo, baseado no empirismo, foi uma doutrina filosófica inspirada na
confiança do progresso científico e seu lema era “ver para prever”.

Essa teoria se opôs aos preceitos da metafísica citada na obra “Discurso sobre o Espírito
Positivo”.

Karl Marx (1818-1883)

Filósofo alemão e crítico do idealismo hegeliano, Marx é um dos principais pensadores


da filosofia contemporânea.

Sua teoria é denominada de "Marxista". Ela abrange diversos conceitos como o


materialismo histórico e dialético, a luta de classes, os modos de produção, o capital, o
trabalho e a alienação.

Ao lado do teórico revolucionário, Friedrich Engels, publicaram o “Manifesto


Comunista”, em 1948. Segundo Marx, o modo de produção material da vida condiciona
a vida social, política e espiritual dos homens, analisada em sua obra mais emblemática
“O Capital”.

Georg Lukács (1885-1971)

Filósofo húngaro, Lukács baseou seus estudos no tema das ideologias. Segundo ele, elas
têm a finalidade operacional de orientar a vida prática dos homens, que por sua vez,
possuem grande importância na resolução dos problemas desenvolvidos pelas
sociedades.

Suas ideias foram influenciadas pela corrente marxista e ainda, pelo pensamento
kantiano e hegeliano.

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Filósofo alemão, o niilismo de Nietzsche está expresso em suas obras em forma de


aforismos (sentenças curtas que expressam um conceito).

Seu pensamento passou por diversos temas desde religião, artes, ciências e moral,
criticando fortemente a civilização ocidental.

O mais importante conceito apresentado por Nietzsche foi o de “vontade de potência”,


impulso transcendental que levaria a plenitude existencial.
Além disso, analisou os conceitos de “apolíneo e dionisíaco” baseado nos deuses gregos
da ordem (Apolo) e da desordem (Dionísio).

Edmund Husserl (1859-1938)

Filósofo alemão que propôs a corrente filosófica da fenomenologia (ou ciência dos
fenômenos) no início do século XX. essa teoria está baseada na observação e descrição
minuciosa dos fenômenos.

Segundo ele, para que a realidade fosse vislumbrada a relação entre sujeito e objeto
deveria ser purificada. Assim, a consciência é manifestada na intencionalidade, ou seja,
é a intenção do sujeito que desvendaria tudo.

Martin Heidegger (1889-1976)

Heidegger foi filósofo alemão e discípulo de Husserl. Suas contribuições filosóficas


estiveram apoiadas nas ideias da corrente existencialista. Nela, a existência humana e a
ontologia são suas principais fontes de estudo, desde a aventura e o drama de existir.

Para ele, a grande questão filosófica estaria voltada para a existência dos seres e das
coisas, definindo assim, os conceitos de ente (existência) e ser (essência).

Jean Paul Sartre (1905-1980)

Filósofo e escritor francês existencialista e marxista, Sartre focou nos problemas


relacionados com o “existir”.

Sua obra mais emblemática é o “Ser e o Nada”, publicada em 1943. Nela, o “nada”,uma
característica humana, seria um espaço aberto, no entanto, baseada na ideia da negação
do ser (não-ser).

O “nada” proposto por Sartre faz referência a uma caraterística humana associada ao
movimento e as mudanças do ser. Em resumo, o “vazio do ser” revela a liberdade e a
consciência da condição humana.

Bertrand Russel (1872-1970)

Bertrand Russel foi filósofo e matemático britânico. Diante da análise lógica da


linguagem, buscou nos estudos da linguística a precisão dos discursos, do sentido das
palavras e das expressões.
Essa vertente ficou conhecida como "Filosofia Analítica" desenvolvida pelo positivismo
lógico e a filosofia da linguagem.

Para Russel, os problemas filosóficos eram considerados "pseudoproblemas", analisados


à luz da filosofia analítica. Isso porque não passariam de equívocos, imprecisões e mal-
entendidos desenvolvidos pela ambiguidade da linguagem.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951)

Filósofo austríaco, Wittgenstein colaborou com o desenvolvimento da filosofia de


Russel, de forma que aprofundou seus estudos na lógica, na matemática e na linguística.

De sua teoria filosófica analítica, sem dúvida, os “jogos de linguagem” merecem


destaque, donde a linguagem seria o “jogo” aprofundado no uso social.

Em resumo, a concepção da realidade é determinada pelo uso da língua cujos jogos da


linguagem são produzidos socialmente.

Theodor Adorno (1903-1969)

Filósofo alemão e um dos principais pensadores da Escola de Frankfurt. Ao lado de


Max Horkheimer (1895-1973) criaram o conceito de Indústria Cultural, que está
refletido na massificação da sociedade e em sua homogeneização.

Na “Crítica da Razão”, os filósofos apontam que o progresso social, reforçado pelos


ideais iluministas, resultou na dominação do ser humano.

Juntos, publicaram a obra “Dialética do Esclarecimento”, em 1947. Nela, eles


denunciaram a morte da razão crítica que levou a deturpação das consciências pautadas
num sistema social dominante da produção capitalista.

Walter Benjamin (1892-1940)

Filósofo alemão, Benjamin demostra uma postura positiva em relação aos temas
desenvolvidos por Adorno e Horkheimer, sobretudo da Indústria Cultural.

Sua obra mais emblemática é “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica”.
Nela, o filósofo aponta que a cultura de massa, disseminada pela Indústria Cultural,
poderia trazer benefícios e servir como um instrumento de politização. Isso porque ela
permitiria o acesso da arte à todos os cidadãos.
Jurgen Habermas (1929-)

Filósofo e sociólogo alemão, Habermas propôs uma teoria baseada na razão dialógica e
na ação comunicativa. Segundo ele, seria uma maneira de emancipação da sociedade
contemporânea.

Essa razão dialógica surgiria dos diálogos e dos processos argumentativos em


determinadas situações.

Nesse sentido, o conceito de verdade apresentado pelo filósofo é fruto das relações
dialógicas e, portanto, é denominado de verdade intersubjetiva (entre sujeitos).

Michel Foucault (1926-1984)

Filósofo francês, Foucault buscou analisar as instituições sociais, a cultura, a


sexualidade e o poder.

Segundo ele, as sociedades modernas e contemporâneas são disciplinares. Assim, elas


apresentam uma nova organização do poder, que, por sua vez, foi fragmentado em
“micropoderes”, estruturas veladas do poder.

Para o filósofo, o poder na atualidade engloba os diversos âmbitos da vida social e não
somente o poder concentrado no Estado. Essa teoria foi esclarecida em sua obra
“Microfísica do Poder”.

Jacques Derrida (1930-2004)

Filósofo francês nascido na Argélia, Derrida foi um crítico do racionalismo, propondo a


desconstrução do conceito de “logos” (razão).

Assim, ele cunhou o conceito de “logocentrismo” baseado na ideia de centro e que


inclui diversas noções filosóficas como o homem, a verdade e Deus.

A partir dessa lógica de oposições, Derrida apresenta sua teoria filosófica destruindo o
“logos”, que, por sua vez, auxiliou na construções de “verdades” indiscutíveis.

Karl Popper (1902-1994)
Filósofo austríaco, naturalizado britânico, dedicou seu pensamento ao racionalismo
crítico. Crítico do princípio indutivo do método científico, Propper formulou o Método
Hipotético Dedutivo.

Nesse método, o processo de pesquisa considera o princípio da Falseabilidade a


essência da natureza científica. A Sociedade Aberta e Seus Inimigos e A Lógica da
Pesquisa Científica são as suas obras mais conhecidas.

Qual é a origem da filosofia contemporânea?

A filosofia contemporânea é iniciada com o positivismo de Comte e o materialismo


histórico-dialético de Marx no século XIX. Esses dois conceitos dão o pontapé inicial
para o que viria depois na construção do pensamento filosófico atual. No positivismo, o
pensamento científico é o único considerado válido.

Filosofia Contemporânea

A Filosofia Contemporânea inicia-se no século XIX e perdura até os dias atuais, tendo
como marca principal a crítica ao cientificismo moderno e às estruturas racionais.
Friedrich Nietzsche pode ser considerado um dos primeiros filósofos contemporâneos.

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A Filosofia Contemporânea, cronologicamente, situa-se entre algum período
impreciso do século XIX até os dias atuais. Alguns estudiosos preferem classificar
os pressupostos teóricos e pensamentos filosóficos produzidos no século XIX como
parte da Filosofia Moderna.

Porém, permitindo-se fazer uma análise mais conceitual e amplamente historiográfica


do que estritamente positivista e cronológica, podemos conceber que as produções
filosóficas do século XIX aproximam-se muito mais daquilo que foi produzido nos
séculos posteriores do que nos períodos anteriores.

Ademais, o pensamento reinante no século XX, as escolas filosóficas, as interpretações,


a pós-modernidade, enfim, tudo o que há de diferente na Filosofia Ocidental nos dias
de hoje, que se destaca da Filosofia Moderna, nasceu em obras de filósofos do século
XIX, como Auguste Comte, Friedrich Nietzsche, Søren Kierkegaard, Arthur
Schopenhauer e Karl Marx.

Saiba mais: Crítica feita por Nietzsche à moral cristã

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Tópicos deste artigo

 1 - Contexto histórico da Filosofia Contemporânea

 2 - O que caracteriza a Filosofia Contemporânea

 3 - O que é a razão na Filosofia Contemporânea

 4 - Principais filósofos

Contexto histórico da Filosofia Contemporânea

Durante o Iluminismo, no fim da modernidade, havia uma crença comum de que o


avanço das ciências, das técnicas e do conhecimento aliados à popularização desse
conhecimento por meio da educação, trariam o avanço moral da sociedade.
O positivismo de Auguste Comte permanece, de certo modo, numa linha iluminista,
mas acrescenta a necessidade de um conhecimento estritamente científico e de uma
rigorosa ordem social para o avanço social.
Como método historiográfico, o positivismo afirma a necessidade de atenção aos fatos
estritos da história como fonte única de conhecimento. Já o materialismo
histórico dialético, de Karl Marx, afirma a necessidade de se entender a história humana
como história de sua produção material.

Discordando de algumas ideias iluministas que se fundem para iniciar o pensamento


liberal e concordando com outras, como o ideal da igualdade entre os homens
amplamente difundido durante a Revolução Francesa, Marx fundamenta
o socialismo científico com base em um pensamento político prático e revolucionário.
Dessa feita, o idealismo alemão, corrente filosófica da modernidade representada por
pensadores como Kant e Hegel, é duramente criticado por Marx.

Talvez, contando os fatos históricos, os que mais influenciaram o início do pensamento


contemporâneo sejam as revoluções Francesa, Americana e a Revolução Industrial. Em
termos práticos, as revoluções políticas trouxeram um novo modo de governar,
afastando o autoritarismo do Antigo Regime, enquanto a Revolução Industrial
representou um imenso avanço técnico e científico para a Europa.

O filósofo alemão Arthur Schopenhauer, opondo-se à visão idealista e aos sistemas


totalizantes da razão moderna, que pretendiam enquadrar o ser humano em um molde
inteiramente racional, lança o conceito de Vontade como uma força motriz da natureza
que tudo causa, ao acaso, independentemente de qualquer vontade humana e de
qualquer existência divina.

Kierkegaard lança a ideia de que a Filosofia deve prestar atenção à vida individual


humana, para que o próprio ser humano entenda e se conforme com a sua condição,
muitas vezes permeada pela angústia.

De todos os pensadores que marcaram o início da contemporaneidade, talvez esteja


em Friedrich Nietzsche a maior ruptura com a filosofia tradicional e uma grande
enunciação do que viria no século XX. Um crítico mordaz do que se tornou a filosofia
produzida entre Sócrates e Kant (com exceção de Spinoza), ou seja, quase toda a
Filosofia ocidental.

Nietzsche criticou a pretensão do ser humano de se chegar a uma verdade objetiva e


puramente racional, fundamentando o conhecimento no que ele chamou
de perspectivismo. Além da crítica à teoria do conhecimento e a fundação de um novo
método filosófico para entender o mundo, Nietzsche elabora uma crítica aos sistemas
morais que pretendem estabelecer uma valoração unilateral e desprezam a origem
histórica e cultural dos valores morais.

Já em uma marca cosmológica, Nietzsche trabalha com o conceito de Vontade de


Poder, que seria uma espécie de força que tudo conduz mediante o acaso promovido
pelo embate de forças naturais opostas. Seria a Vontade de Poder o que moveria a
natureza e as pulsões humanas, a vida animal, as determinações cósmicas etc.

O intenso século XIX também acompanhou o nascimento de novas ciências, como a


Sociologia, a Antropologia e a Psicologia. Em meio ao avanço técnico e às novas
maneiras de explicar a realidade, o pensamento ocidental foi se estabelecendo como um
mote para o desenvolvimento futuro, apesar de filósofos como Nietzsche duvidarem do
suposto progresso alavancado pela modernidade, que atingiria seu ápice no século XIX.

O século XX inicia com a suspeita de que as teorias iluministas e modernas talvez não
fossem tão certas. A Primeira Guerra Mundial foi um desses fatores e o Holocausto foi
o ápice do pessimismo contemporâneo em relação à ciência e à técnica.
Theodor Adorno e Max Horkheimer, no livro Dialética do Esclarecimento,
classificam o Holocausto como o máximo da barbárie que a humanidade chegou devido
ao que eles chamaram de “razão instrumental”.

A razão instrumental é a utilização não reflexiva da ciência e das técnicas visando a


uma finalidade. O capitalismo já vinha se utilizando da racionalidade como instrumento
de poder e o nazismo, por meio da câmara de gás e dos experimentos científico cruéis
que utilizavam prisioneiros de campos de concentração como cobaias, marcaram a
contemporaneidade como uma época em que o avanço científico não garantiu o
avanço moral humano.

Essa crítica de Adorno e Horkheimer recai, sobretudo, sobre o ideal iluminista que
acreditava que o avanço e a popularização do conhecimento garantiriam o avanço
social.

Leia também: O conceito mais famoso de Adorno e Horkheimer

O que caracteriza a Filosofia Contemporânea


Podemos dizer que a principal marca da Filosofia Contemporânea é a crítica aos
modelos filosóficos desenvolvidos até a modernidade. Nietzsche, ao criticar o padrão
de racionalidade que, segundo ele, deixava de lado a potência animal e natural do ser
humano e ao apontar que a moral que nós tínhamos como natural era fruto de uma
inversão dos valores antigos, coloca em xeque toda a história da Filosofia.

Ludwig Wittgenstein, filósofo filiado ao Círculo de Viena, investigava


as condições da linguagem por meio da lógica e da Filosofia analítica. Para ele, em sua
juventude, os problemas filosóficos eram problemas de linguagem mal resolvida, o que
também anula a produção filosófica feita até então.

Para Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista, a liberdade humana era incondicional, de


modo que o ser humano estaria, paradoxalmente, condenado a ter essa liberdade. Para
Sartre e para os existencialistas em geral, não havia uma essência que definiria o ser
humano (ao contrário do pensamento antigo e moderno que afirmava a racionalidade
como essencial ao animal humano).

Assim, para esse existencialista o que tornava o homem um ser angustiado e


desamparado, já que ele seria totalmente responsável por si mediante suas ações.
Segundo Sartre, o ser humano teria criado a ideia de Deus para se livrar do peso da
existência.

Os filósofos da Escola de Frankfurt, como Adorno e Horkheimer, dedicaram-se a uma


filosofia com forte tom político, que atualizaria o marxismo para o século XX e reveria
antigas concepções sobre o conhecimento, a ciência e a
técnica. Hannah Arendt também parte para a questão política. A filósofa judia alemã
(como Adorno e Horkheimer) vivencia o horror da perseguição nazista, o que motiva a
sua atuação filosófica com o intuito de teorizar o fenômeno do totalitarismo.

Filósofos mais recentes que iniciaram suas produções na segunda metade do século XX,
como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Jacques Derrida, fundam um pensamento que
ficou conhecido como pós-estruturalista (chamado por alguns, em tom de crítica, de
pensamento pós-moderno). O pós-estruturalismo visava a quebrar a estrutura
formal de pensamento baseada na razão e no método rigoroso, estabelecendo que a
Filosofia deve atuar por meio do pensamento livre para chegar às suas conclusões.

Acesse também: Existencialismo de Sartre: entenda a teoria


O que é a razão na Filosofia Contemporânea

A Filosofia Contemporânea, em geral, tentou estabelecer um novo padrão de


racionalidade. Pensando que a razão não era aquela marca tradicional do ser humano e
que o impulso positivista poderia estabelecer uma relação instrumental do ser humano
com a racionalidade, a razão passa a ser evocada como instrumento de emancipação
intelectual por meio da reflexão sobre a própria razão.

Os modernos encaravam a racionalidade como um instrumento que permitiria ao ser


humano dominar a própria natureza. Se o Holocausto foi a marca da
instrumentalização da razão como meio de domínio político, hoje, também vemos que o
domínio da natureza traz consequências catastróficas para a humanidade, devido
à degradação ambiental.

A Filosofia Moral e a ética contemporâneas também passaram por um processo


de revisitação e reestruturação de seus sistemas teóricos morais por perceberem que a
razão não é garantia das ações moralmente corretas. Aliás, o que se entendia como ação
moralmente correta até o século XIX passa a ser questionado, por filósofos como Marx
e Nietzsche, que enxergam a necessidade de mudanças sociais com a finalidade de,
segundo os seus julgamentos, estabelecer um novo tipo de sociedade, para Marx, e um
novo tipo humano mais forte, segundo Nietzsche.

Principais filósofos

 Friedrich Nietzsche: o pensador alemão é um dos mais característicos da


contemporaneidade, por ter influenciado muitos filósofos e correntes filosóficas
importantes do século XX, como o existencialismo e o pós-estruturalismo.

 Martin Heidegger: o filósofo alemão estruturou uma crítica à técnica e


estabeleceu novo modo de se chegar a um conhecimento mediante uma nova
estrutura filosófica.

 Theodor Adorno: também alemão, o pensador contemporâneo questiona


elementos políticos fundamentais da sociedade do século XX e elabora uma
crítica ao iluminismo.

 Jean-Paul Sartre: um dos principais teóricos do existencialismo, questionou o


modo como o ser humano encarava a existência.
 Simone de Beauvoir: filósofa existencialista e feminista, elabora as primeiras
teorias feministas do século XX, baseada no que ela chamou de condição
feminina.

 Hannah Arendt: judia alemã perseguida pelo nazismo, falou sobre a condição


humana em meio aos conflitos globais e estudou profundamente o totalitarismo.

 Michel Foucault: estudou os novos parâmetros da convivência humana e da


sociedade por meio da visão biopolítica, que são políticas públicas que tratam da
gestão e do controle tanto da vida quanto da morte.

 Introdução

A filosofia contemporânea é a maneira de pensar racionalmente desenvolvida desde o


final do século XVIII até os dias atuais. A Revolução Francesa é o marco inicial da
chamada Idade Contemporânea, da qual a filosofia contemporânea faz parte.

Liberdade Conduzindo O Povo, Delacroix, 1830.


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Contexto Histórico

O período pós Revolução Industrial é, em grande parte, marcado pelo desenvolvimento


e consolidação do capitalismo. É neste contexto, marcado ainda pelos ideais da
Revolução Francesa, que no final do século XVIII e no decorrer de todos os séculos
XIX e XX, o pensamento filosófico contemporâneo passou a tomar forma.

O período no qual a filosofia contemporânea emerge é marcado pela mudança,


incertezas, dúvidas, novidades e medo. O século XIX foi caracterizado por intensas
transformações no modo de vida, com intenso êxodo rural, intensificação das disputas e
conflitos entre proletariado e burguesia. 

O nascimento dos movimentos sociais, das primeiras lutas feministas pelo direito ao


voto, o nascimento da Sociologia e o desenvolvimento das ciências naturais foram,
também, características marcantes no decorrer do século XIX.

No século XX, por sua vez, o mundo foi marcado pelos conflitos e incertezas causados
pelas duas grandes guerrasmundiais, pela Guerra Fria, as corridas armamentista e
espacial, o desenvolvimento de governos extremistas como o fascismo e nazismo, o
desenvolvimento e uso de diversas tecnologias, o surgimento dos primeiros televisores,
a indústria cultural e os ataques nucleares.

Já nas primeiras décadas do século XXI, o mundo pode observar os avanços


tecnológicos e as mudanças nas relações humanas.

Todas as transformações que vem acontecendo desde o fim do século XVIII e


toda reestruturação do mundo serviram como base para o desenvolvimento de várias
escolas filosóficas contemporâneas e de novas linhas de interesse e abordagem
filosófica.

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Características

A filosofia contemporânea possui algumas características que a diferem das outras


correntes filosóficas. Muitas dessas ideias fazem parte, inclusive, dos pensamentos
filosóficos da Escola de Frankfurt. Dentre as características principais merecem
destaque:

 O pragmatismo, o cientificismo e as ideias positivistas;

 Utilitarismo;

 Racionalismo;

 Liberdade, que serviu de base às ideias liberais;

 Existencialismo;

 Pluralismo, com a abordagem de diversos temas distintos;


 Subjetividade.

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Principais Problemas

A filosofia contemporânea aborda uma série de questões que estão especialmente


ligadas ao contexto histórico e social em que o pensamento filosófico se desenvolve.

Dentre os problemas destacados, o mais emblemático deles foi levantado por Karl


Marx, ao estabelecer as relações originadas a partir do fortalecimento do sistema
capitalista e das novas relações de trabalho e conflitos travados entre burguesia e
proletariado, bem como do surgimento de duas classes sociais distintas e que estariam
em constante conflito.

O existencialismo de Jean Paul Sartre, que tem a liberdade, a existência metafísica e


as condições de existência dos seres como suas maiores preocupações e base de
pensamento e construções filosóficas.

O surgimento da Psicanálise, tendo em Sigmund Freud seu maior expoente. A


Psicanálise questionou a maneira como as ciências ligadas à psique eram desenvolvidas
e passou a adotar o inconsciente como um poder atuante sobre o desenvolvimento e
ações da consciência.

A teoria crítica da escola de Frankfurt, que analisou a indústria cultural e o


surgimento da cultura rápida e voltada para o consumo imediato das massas, sem o
levantamento de ideias ou propostas críticas, também ganhou destaque dentro da
filosofia contemporânea.

Qual foi o período da filosofia contemporânea?

A Filosofia Contemporânea é aquela desenvolvida a partir do final do século XVIII, que


tem como marco a Revolução Francesa, em 1789. Engloba, portanto, os séculos XVIII,
XIX e XX.

Motivos
De um modo geral, a filosofia contemporânea tinha por objetivo produzir uma nova
concepção de racionalidade. O pensamento filosófico moderno tinha a razão como uma
ferramenta de emancipação intelectual através da reflexão. A racionalidade deveria ser
utilizada para que os homens dominassem sua natureza.

Bibliografia

PORFíRIO, Francisco. "Filosofia Contemporânea"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/filosofia-contemporanea.htm. Acesso em 28 de
junho de 2023.

John Rawls

Filósofo norte-americano, nasceu em 1921, em Baltimore, e frequentou as


Universidades de Oxford e de Havard, e Faleceu a 24 de novembro de 2002.

O filósofo norte-americano John Rawls morreu no domingo, aos 81 anos, de falência


cardíaca, em sua casa em Lexington, Massachusetts,

os argumentos de john rawls acerca da filosofia política contemporânea

O objetivo mais geral de John Rawls, e a parte mais importante do seu legado para a
teoria/filosofia política contemporânea, é o de buscar critérios normativos para regular
as bases institucionais de sociedades moralmente diversas, economicamente afluentes e
politicamente autogovernadas. Como parte de tal interpretação, sustenta-se a posição
segundo a qual a pergunta fundamental colocada por Uma Teoria da Justiça é a
seguinte: Qual concepção de justiça social seria a mais adequada para uma sociedade
democrática?
Concordemos ou não com as teses ou com a concepção de “justiça como equidade”,
parece inegável a afirmação segundo a qual estamos diante de uma obra responsável por
revolucionar a natureza e as consequências dos argumentos normativos para os debates
e as ações políticas, principalmente, mas não apenas, aqueles relativos aos conflitos
distributivos do nosso tempo. Os sentidos da obra ralwsiana não estão, portanto,
restritos aos seus sentidos teóricos e filosóficos.

Os termos e as posições de Rawls são reinterpretadas nos pareceres da Suprema Corte


dos Estados Unidos, o filósofo é também referência nos pareceres do Supremo Tribunal
Federal brasileiro; cópias de Uma Teoria da Justiça foram sacudidas por estudantes em
protesto contra o governo autoritário da China, na Praça Tiananmen, em 1989, e, no
Zuccotti Park, contra a oligarquia financeira norte-americana pelo movimento Ocupar
Wall Street. Partidos políticos nomeiam a obra rawlsiana explicitamente em suas
plataformas políticas e o futuro das políticas distributivas parece depender direta ou
indiretamente dos termos do liberalismo igualitário – o debate sobre os modelos de
renda básica incondicional é o exemplo mais recente. O ponto parece evidente: o
domínio do vocabulário proposto pelo liberalismo político de John Rawls importa tanto
para debates filosóficos sobre os termos da justiça social, quanto parece cada vez mais
incontornável para reflexões sobre a relação entre os princípios normativos e o desenho
de políticas públicas; entre princípios normativos abstratos e as bases institucionais
concretas da justiça social.

Karl Raimund Popper

Karl Raimund Popper nasceu em Viena, na Áustria, no dia 28 de julho de 1902.


Austríaco, com origem judaica, naturalizou-se britânico.

Doutorou-se em Filosofia em 1928. Após ter lecionado durante cerca de 6 anos, foi
viver na Nova Zelândia e, de seguida, na Inglaterra. Na Inglaterra foi nomeado
professor em 1949.
Foi congratulado com vários prêmios e é reconhecido com um dos maiores filósofos do
século XX.

Faleceu em Kenley, na Inglaterra, no dia 17 de setembro de 1994.

A Sociedade Aberta e Seus Inimigos e A Lógica da Pesquisa Científica são as suas


obras mais conhecidas.

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