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O bem viver
1
O Bem Viver aposta em um futuro diferente, que não se conquistará com discursos radicais
carentes de propostas. 2É preciso construir relações de produção, de intercâmbio e de
cooperação que propiciem suficiência – mais que apenas eficiência – sustentada na
solidariedade.
3
Deixemos claro que, tal como reza a Constituição equatoriana, o ser humano, ao ser o centro
das atenções, é o fator fundamental da economia. E, nesse sentido, resgatando a necessidade
de fortalecer e dignificar o trabalho, abole-se qualquer forma de precarização trabalhista. 4No
entanto, esse raciocínio está incompleto. E aqui surge um elemento-chave: o centro das
atenções não deve ser apenas o ser humano, mas o ser humano vivendo em comunidade e em
harmonia com a Natureza.
As pessoas 5devem se organizar para recuperar e assumir o controle das próprias vidas.
6
Contudo, já não se trata somente de defender a força de trabalho e de recuperar o tempo livre
para os trabalhadores – ou seja, não se trata apenas de opor-se à exploração da mão de obra.
Também está em jogo a defesa da vida contra esquemas antropocêntricos de organização
produtiva, causadores da destruição do planeta.
7
Portanto, 8temos que superar o divórcio entre a Natureza e o ser humano. Essa mudança
histórica e civilizatória é o maior desafio da Humanidade, se é que não se deseja colocar em
risco nossa própria existência. É disso que tratam os Direitos da Natureza, incluídos na
Constituição equatoriana de 2008. A relação com a Natureza é essencial na construção do
Bem Viver.
No Equador, reconheceu-se a Natureza como sujeito de direitos. Essa é uma postura
biocêntrica que se baseia em uma perspectiva ética alternativa, ao aceitar que o meio ambiente
– todos os ecossistemas e seres vivos – possui um valor intrínseco, ontológico, inclusive
quando não tem qualquer utilidade para os humanos. A Constituição boliviana, aprovada em
2009, não oferece o mesmo biocentrismo: outorgou um posto importante à Pacha Mama ou
Mãe Terra, 9mas, ao defender a industrialização dos recursos naturais, ficou presa às ideias
clássicas do progresso, baseadas na apropriação da Natureza.
Não se trata simplesmente de “fazer melhor” as mesmas coisas que têm sido feitas até agora –
e ainda esperar que a situação melhore. Como parte da construção coletiva de um novo pacto
de convivência social e ambiental, 10é fundamental construir espaços de liberdade e romper
todos os cercos que impedem sua vigência.
Hoje, mais que nunca, em meio à derrocada financeira internacional, que é apenas uma faceta
da crise civilizatória que se abate sobre a Humanidade, 11é imprescindível construir modos de
vida que não sejam regidos pela acumulação do capital. O Bem Viver serve para isso, inclusive
por seu espírito transformador e mobilizador. 12É preciso virar a página, definitivamente.
Essas ideias sintetizam grande parte dos anseios populares andinos e amazônicos. 13Mas,
apesar de terem sido materializadas em duas constituições, sua aceitação e compreensão vêm
sendo impossibilitadas pelo conservadorismo de constitucionalistas tradicionais,
demasiadamente atentos às exigências do poder. Aqueles que se veem ameaçados em seus
privilégios não cessarão em combatê-las. E o que é mais frustrante: dentro dos governos da
Bolívia e do Equador, que apoiaram os processos constituintes, são cada vez maiores as
ameaças e as críticas às constituições do Buen Vivir ou Vivir Bien.
ACOSTA, Alberto. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Tradução
Tadeu Breda. São Paulo: Autonomia Literária; Elefante, 2016. p. 27-29. (Adaptado).
2. As expressões “No entanto” (ref. 4), “Contudo” (ref. 6), “mas” (ref. 9 e 13) são elementos
coesivos que ligam partes do texto. Esses elementos têm valor semântico
a) adversativo, já que conectam duas porções textuais cujas orientações argumentativas
apontam em direções opostas.
b) aditivo, pois indicam o acréscimo de ideias que confirmam e fortalecem o argumento
imediatamente anterior.
c) explicativo, tendo em vista que reelaboram e esclarecem a parte precedente do texto,
reafirmando as ideias ali apresentadas.
d) comparativo, já que ligam duas partes do texto em que se apresentam ideias similares sobre
o tema, salientando a equivalência entre elas.
e) alternativo, pois contrastam duas ideias diferentes, deixando para o leitor a decisão sobre
qual delas é a mais adequada para a argumentação.
1. “O Bem Viver aposta em um futuro diferente, que não se conquistará com discursos
radicais carentes de propostas” (ref. 1).
2. “Deixemos claro que, tal como reza a Constituição equatoriana, o ser humano, ao ser o
centro das atenções, é o fator fundamental da economia.” (ref. 3).
3. “Portanto, temos que superar o divórcio entre a Natureza e o ser humano” (ref. 7).
4. “É preciso virar a página, definitivamente.” (ref. 12).
De volta ao divã
4
Para variar, o pai da psicanálise tem explicações para esse ódio, sentimento que
experimentamos antes do amor, e um dos mecanismos mais primitivos de discriminação entre
o "Eu" e o "Outro". Freud classificou de "Eu- Prazer" o estágio no qual o sujeito se identifica
com tudo aquilo que lhe proporciona satisfação, e projeta tudo o que lhe é desprazeroso no
Outro.
"Trata-se de uma vivência ilusória de total autossuficiência, na qual o Outro é
interpretado como puro empecilho às satisfações do Eu; empecilho que deveria ser eliminado",
afirma Eduardo de São Thiago Martins, psicanalista e psiquiatra, membro associado da SBPSP
(Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo).
A próxima etapa é desenvolver o chamado "bom sentimento de si", quando todos
aqueles que são diferentes do sujeito não precisam mais ser encarados como ameaça à
integridade do Eu. Assim surge a noção de alteridade, que identifica e reconhece as diferenças
do Outro e que possibilita aceitar que existem outras origens, outras culturas e outras
subjetividades no mundo compartilhado por nós.
Mas nem sempre esse processo é bem-sucedido e pode se prolongar por toda a vida,
numa deficiência que costuma ser agravada em situações de adversidade. "É importante
ressaltar que o desenvolvimento psíquico do ser humano não se dá de modo linear. Os
estágios primitivos ou infantis não ficam para trás conforme modos de defesa mais elaborados
são desenvolvidos. Eles seguem latentes no sujeito como núcleos defensivos que podem ser
recrutados a qualquer instante", detalha Martins.
Assim, quando o nosso psiquismo julga que a existência está ameaçada, nossa reação
se torna mais brutal e menos lapidada.
Bode expiatório
Dessa forma, a reação mais comum é de intolerância com os diferentes e de
gratificação ao estar entre os iguais, numa maneira simples de não assumir e nem confrontar
as minhas limitações e o receio do próprio Eu em adentrar por regiões desconhecidas que
podem amedrontar. Outra saída bastante comum e que vem sendo empregada há́ séculos é o
chamado "bode expiatório". Funciona com a escolha de alguém ou de um povo para carregar
todo o mal que precisamos extirpar, de modo a não sermos atacados.
"Esse comportamento mágico, nocivo por si, infelizmente tende a ser manipulado por
figuras que exercem poder e influenciam seguidores, aparentemente racionais em suas
alegações, mas basicamente movidos por emoções muito primitivas e exacerbação de ódios.
Por isso que o preconceito racial, de gênero, religioso e qualquer outro necessita ser combatido
como uma ignorância e despreparo da possibilidade de conviver", enaltece a psicóloga Liliana
Liviano Wahba, analista junguiana e professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo).
Usualmente a adesão a essas ideias superficiais e estereotipadas, que não resistem a
argumentos, ocorre por meio de uma identificação afetiva, na qual a tonalidade é ódio e o outro
é o meu maior problema. O "bode expiatório" é o culpado pelo caos da cidade, pelo
desemprego elevado, pelas dificuldades econômicas e até pela falta de perspectiva dos dias
atuais. Curiosamente é durante período de escassez de recursos e crise financeira que
despontam supostas lideranças dispostas a resolver todos os males, inclusive a corrupção, não
por meio de propostas, mas sim pela eliminação daqueles que são os culpados pela desgraça
do país ou do mundo.
O psicólogo Fernando Gastal de Castro, professor associado do Instituto de Psicologia
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), acrescenta que é um discurso muito antigo
na nossa sociedade, e retorna de tempos em tempos, principalmente "em momentos de
anomia social, de crise das instituições e das relações sociais". Quando crescem as
vulnerabilidades e a desesperança, a identificação do outro como a razão dos meus tormentos
ganha força pelo afeto do ódio. "A dificuldade da nossa e de outras nações é justamente criar
um modelo social em que caiba todo mundo, onde todos possam dizer 'minha sociedade'".
Para Freud, essa necessidade de ter o Outro como inimigo faz parte do chamado
"narcisismo da pequena diferença", no qual o sujeito frágil deixa de pensar por si e se torna um
replicante dentro da massa, que se organiza no combate daqueles que estão distantes dos
ideais do grupo. "Em outras palavras, falar mal do vizinho pode salvar um almoço em família.
Ter um inimigo em comum, alguém para eliminar, mantém os laços entre os indivíduos da
organização. Caso contrário, suas próprias pequenas diferenças vêm à tona, dissolvendo o
sentimento grupal e expondo o Eu ao seu desamparo constitutivo", diz Martins.
5. O texto é do gênero reportagem. Sobre ele, julgue as alternativas abaixo como verdadeiras
ou falsas.
Nós, seres humanos, somos um poço de contradições e imperfeições. Por mais que a gente se
esforce para ampliar a visão de mundo que nos foi contada, não é raro que pensamentos
mesquinhos ou invejosos venham nos visitar. (ref. 1)
Sobre a locução "por mais que", é correto afirmar que ela inicia uma oração subordinada,
expressando:
a) uma ideia de proporção entre ampliar a visão de mundo e evitar pensamentos mesquinhos.
b) a tentativa de uma ação contrária aos pensamentos mesquinhos, mas incapaz de impedi-los.
c) a finalidade de evitar pensamentos mesquinhos por meio da ampliação da visão de mundo.
d) a consequência de não conseguir ampliar a visão de mundo, sendo invadidos por
pensamentos mesquinhos.
e) a causa de não conseguirmos evitar pensamentos mesquinhos, mesmo tentando impedi-los.
9. Leia o que explica o professor Nilson Lage sobre a linguagem jornalística e os registros
coloquial e formal da linguagem:
A conciliação entre esses dois interesses – de uma comunicação eficiente e de aceitação social
– resulta na restrição fundamental a que está sujeita a linguagem jornalística: ela é
basicamente constituída de palavras, expressões e regras combinatórias que são possíveis no
registro coloquial e aceitas no registro formal.
Fonte: LAGE Nilson. Linguagem jornalística. São Paulo: Ática, 1999, p.28.
Considerando o que se afirmou sobre a linguagem jornalística no texto acima, é correto afirmar
que:
a) "um poço de contradições e imperfeições" (ref. 2), no primeiro parágrafo, é uma expressão
que imprime coloquialidade à reportagem sem infringir normas gramaticais.
b) a locução "para variar" (ref. 4), no sexto parágrafo, indica uma ironia, dificultando a
compreensão do leitor e rompendo com o equilíbrio entre os registros formal e informal.
c) ao fazer uso da primeira pessoa do singular, a autora se aproxima do registro coloquial,
desobedecendo às regras do registro formal, já que se trata de uma reportagem.
d) o uso da primeira pessoa do plural é menos adequado a uma comunicação eficiente e tem
menor aceitação tanto entre os jornalistas como entre o público leitor.
e) o uso do registro coloquial é mais usual na oralidade, por isso, ao longo da reportagem, tal
registro encontra-se no discurso direto nas falas dos especialistas.
Uma aluna me interrompeu bruscamente quando eu estava dando uma aula para uma turma
de psicologia sobre o livro “A dominação masculina”, de Pierre Bourdieu. “Você está
comparando o sofrimento das mulheres com o dos homens?” Respondi que, para o sociólogo
francês, a lógica da dominação masculina, além de oprimir, aprisionar e escravizar as
mulheres, também provoca sofrimento nos homens que não conseguem corresponder ao
modelo dominante de ser um “homem de verdade”.
Na lógica da dominação masculina, os homens devem ser sempre superiores às mulheres:
mais velhos, mais altos, mais fortes, mais poderosos, mais ricos, mais escolarizados etc. Essa
lógica tem como efeito colocar as mulheres em um permanente estado de insegurança,
inferioridade e dependência. Delas se espera que sejam submissas, contidas, discretas,
apagadas, inferiores, invisíveis.
No entanto, essa lógica aprisiona as mulheres e também os homens, já que eles precisam
fazer um esforço desesperado e patético, segundo Bourdieu, para estar à altura do ideal de
masculinidade: força física, altura, sucesso, poder, prestígio, dinheiro, potência, virilidade,
tamanho do pênis etc.
A aluna reagiu agressivamente: “Mas os homens não precisam ser defendidos pelas mulheres.
Eles são os agressores, os inimigos, não as vítimas. Todos os homens são culpados ou
cúmplices da violência que as mulheres sofrem”.
Tentei argumentar mostrando que os discursos sobre masculinidade podem ter mudado, mas
que muitos comportamentos e valores permanecem, de forma consciente ou inconsciente,
reproduzindo e fortalecendo a lógica da dominação masculina, inclusive pelas próprias
mulheres.
“Ninguém está defendendo os machistas, só estamos refletindo sobre como a lógica da
dominação masculina aprisiona mulheres e homens. Não estamos diminuindo o sofrimento
feminino, mas apenas mostrando que os homens também sofrem. E sofrem calados.”
Dei então alguns exemplos das minhas pesquisas. Quando perguntei: “O que todo homem é?”,
as respostas mais citadas foram: machista, galinha e infiel. Para “O que toda mulher é?”, a
maioria respondeu: maternal, sensível e romântica.
Quando perguntei: “Você chora muito ou pouco?”, 52% das mulheres responderam que choram
muito, 46% choram pouco e 2% nunca choram. Já os homens disseram que choram pouco
(58%) ou nunca (37%). Apenas 5% choram muito. Perguntei: “Quem chora mais: o homem ou
a mulher?”: 95% concordaram que a mulher chora mais e 5% que homens e mulheres choram
igual.
Muitos homens cresceram ouvindo: “Homem não chora”; “Homem que chora é mulherzinha”;
“Engole o choro, seja um homem de verdade”; “Chorar é frescura, coisa de maricas”. Alguns
choram escondido, dentro do banheiro, pois não querem revelar seus medos, fraquezas e
inseguranças para a esposa, namorada, filhos, pais e amigos. Outros confessaram que só
choram quando estão bêbados, como um estudante de 18 anos: “Quando minha namorada
terminou comigo entrei em depressão, passei a beber muito, tomar muito remédio. Muitas
vezes me escondi para chorar no banheiro do bar para meus amigos não zombarem de mim.”
Mostrei pesquisas sobre o número de homens que morrem de infartos, suicídios, violência
urbana. E outras sobre aposentados que se tornaram alcoólatras por se sentirem inúteis,
invisíveis e descartáveis. Apresentei os resultados de pesquisas sobre jovens que têm
vergonha do tamanho do pênis e que tomam Viagra por medo de brochar. A aluna gritou:
“todos os homens são machistas”.
A turma tinha 100 alunos: 75 mulheres e 25 homens. Por que ninguém mais disse o que
pensava? Por que todos ficaram calados?
Muitos alunos e alunas vieram conversar comigo depois da aula. “Professora, o discurso
odiento e raivoso silencia as vozes de todos, não importa o assunto, pode ser machismo ou
outro qualquer. Ela não quer ouvir ninguém, só quer vomitar seu ódio. Vivemos em uma época
em que mesmo que 99% pensem diferente, o mal e o ódio venceram, estão no poder. Não
existe a banalização do mal? Agora é a era da dominação do mal.”
Fonte:https://www1.folha.uol.com.br/colunas/miriangoldenberg/2022/04/o-machismo-brasileiro-
e-a-dominacao-do-mal.shtml
“Tentei argumentar mostrando que os discursos sobre masculinidade podem ter mudado, mas
que muitos comportamentos e valores permanecem, de forma consciente ou inconsciente,
reproduzindo e fortalecendo a lógica da dominação masculina, inclusive pelas próprias
mulheres”.
a) O trecho pertence à fala da professora, mas está baseada no estudo de Bourdieu.
b) A palavra “valores” poderia ser substituída por “modos de pensar” ou “ideias”, sem prejuízos
ao sentido do trecho.
c) As mulheres também são responsáveis por perpetuar o comportamento pertencente à lógica
da dominação masculina.
d) A palavra “inconsciente” poderia ser substituída por “sem que a pessoa perceba”.
e) Em “inclusive pelas próprias mulheres”, a autora assume que elas são as únicas
responsáveis pela manutenção do pensamento machista.
12. Os trechos “Muitos homens cresceram ouvindo: ‘Homem não chora’; ‘Homem que chora é
mulherzinha’; ‘Engole o choro, seja um homem de verdade’; ‘Chorar é frescura, coisa de
maricas’” servem como:
a) exemplos que comprovam a tese defendida pela autora em torno dos males da dominação
masculina para os homens.
b) dados que mostram como o feminismo é prejudicial aos homens.
c) argumentos que refutam a dominação masculina.
d) exemplos que indicam situações vividas pelos homens sob a dominação feminina.
e) falas que são ditas na sociedade exclusivamente pelos homens.
Fonte: LEMINSKI, Paulo. Melhores poemas. Organização Fred Góes e Álvaro Marins;
coordenação Edla van Steen-7ª ed. São Paulo: Global,2016, p 101
13. Analise as proposições em relação à obra Melhores poemas, Paulo Leminski, e ao poema
AVISO AOS NÁUFRAGOS, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa.
( ) Da leitura do poema, infere-se que o poeta faz uso de uma linguagem bastante
metafórica, que permite ao leitor estabelecer um paralelo da página em branco com a
vida, conforme as experiências e as vivências a folha vai sendo preenchida.
( ) A leitura do último verso “Não é assim que é a vida?”, reforçada pelo sinal de pontuação –
interrogação, desvenda o pavor do homem, revelado pelo autor, diante às oportunidades
novas dadas ao homem, a dificuldade da escolha.
( ) As palavras “plágio” e “Índia” são acentuadas pela mesma regra gramatical, enquanto as
palavras “ilíada” e “última” o acento é justificado por serem, ambas, proparoxítonas,
quanto à acentuação gráfica.
( ) A obra está pautada em uma linguagem coloquial, aparentemente, simples, bem
articulada, porém sem explorar uma sintaxe bem elaborada, tornando a leitura
fragmentada, sem coerência na maior parte dos poemas.
( ) Nos versos “Palavras trazidas de longe”/“pelas águas do Nilo” o poeta faz referência aos
versos mais antigos da Odisséia, àqueles que foram escritos em uma tabuinha de argila,
fazendo alusão às obras da literatura antiga.
O tungstênio é, sob condições padrão, um metal de cor branco cinza. Ele é encontrado na
natureza combinado a outros elementos. Foi identificado como um novo elemento em 1781, e
isolado pela primeira vez como metal em 1783. O tungstênio é o único metal da terceira série
de transição que se sabe ocorrer em biomoléculas, usadas por algumas espécies de bactérias.
É o elemento mais pesado utilizado por seres vivos. Porém, o tungstênio interfere com os
metabolismos do molibdênio e do cobre e é algo tóxico para a vida animal.
Dentre as opções que seguem, assinale a alternativa em que a acentuação gráfica das
palavras do texto obedece a uma regra comum.
a) Mútuo, exercício e política.
b) Solidária, também e é.
c) Intrínseca, exercício e solidária.
d) Exercício, solidária e política.
e) Diálogo, política e intrínseca.
“Olhai, oh Senhor, os jovens nos postos de gasolina. Apiedai-vos dessas pobres criaturas, a
desperdiçar as mais belas noites de suas juventudes sentadas no chão, tomando Smirnoff Ice,
entre bombas de combustível e pães de queijo adormecidos. Ajudai-os, meu Pai: eles não
sabem o que fazem. [...] As ruas são violentas, é verdade, mas nem tudo está perdido.
[...]
Salvai-me do preconceito e da tentação, oh Pai, de dizer que no meu tempo tudo era lindo,
maravilhoso. [...] Talvez exista alguma poesia em passar noite após noite sentado na soleira de
uma loja de conveniência, e desfilar com a chave do banheiro e sua tabuinha, em gastar a
mesada em chicletes e palha italiana. Explica-me o mistério, numa visão, ou arrancai-os dali. É
só o que vos peço, humildemente, no ano que acaba de nascer. Obrigado, Senhor.”
18. Todas as opções a seguir mostram formas de diminutivos dos vocábulos entre
parênteses, com o sufixo –inho.
- “Eu não fiz nada porque a responsa nesse caso não era minha.”
Segundo estudo da Fundação Perseu Abramo, de 2010, 1 a cada 4 mulheres alega ser vítima
de violência obstétrica. A pesquisa mais recente foi publicada em 2012, pelo “Nascer no Brasil”,
da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz): 130% das mulheres atendidas em hospitais privados
sofreram violência obstétrica, enquanto no SUS (Sistema Único de Saúde), a taxa é de 45%.
2
Luana Irale, que sofreu com uma tentativa do médico que a atendeu durante o parto do filho,
hoje com 5 anos, de furar sua bolsa com uma espécie de tesoura e ser grosseiro enquanto ela
chorava de dor, é parte dessa estatística. “Senti como se a culpa fosse minha”, revela. Histórias
como a dela levaram o jornal Humanista a tentar entender como esse tipo de violência
acontece e como preveni-la.
Marcia Soares, do Grupo Themis, especializada em advocacia feminista, destaca que, 3apesar
dos avanços conquistados pelas mulheres nos últimos 30 anos em direitos sexuais e
reprodutivos, ainda há grande margem para evolução. 4“Infelizmente em alguns campos não
avançamos, como é o campo dos direitos sexuais e reprodutivos, especificamente no que diz
respeito ao aborto”, lamenta a advogada em entrevista concedida em julho. 5“E agora nós
estamos à beira de retrocessos muito graves; 6há inúmeros projetos de lei para criminalizar o
aborto em todas as suas formas e tentando alterar a Lei Maria da Penha.”
Disponível em:https://www.ufrgs.br/humanista/2022/08/09/um-olhar-para-a-violencia-obstetrica/
Acesso em: 10 set. 2022. Adaptado.
20. O vocábulo sublinhado no título “Um olhar para a violência obstétrica”, formou-se pelo
processo de derivação:
a) parassintética
b) regressiva
c) imprópria
d) prefixal
e) sufixal
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[E]
O terceiro parágrafo se inicia com a proposição de que as pessoas devem se organizar visando
assumir o controle de suas próprias vidas. Em seguida, é apresentada uma contraposição,
marcada pela conjunção adversativa “Contudo”: de que essa retomada de controle não trata
apenas de se opor à exploração da mão de obra, há um outro elemento além desse. Por fim, o
terceiro período acrescenta esse elemento, o que é marcado pela conjunção “Também”: trata-
se também da defesa da vida contra esquemas antropocêntricos de organização produtiva.
Resposta da questão 2:
[A]
As conjunções apresentadas são adversativas e têm a função de opor ideias. Como exemplo,
podemos observar a relação estabelecida no período: “No entanto, esse raciocínio está
incompleto”. Nele, é marcado um contraponto ao raciocínio que foi apresentado anteriormente,
indicando que tomar o ser humano como centro das atenções é insuficiente, é preciso
considerar também o ser humano vivendo em comunidade e com a Natureza – ideia
apresentada no período posterior. Assim, vemos orientações argumentativas que apontam em
direções opostas.
Resposta da questão 3:
[C]
O texto busca demonstrar justamente que a postura de pensar que o ser humano é o centro
das atenções é equivocada e insuficiente para lidar com os problemas contemporâneos, sendo
necessário considerá-lo em sociedade e valorizar também a relação com a Natureza,
superando o “divórcio” - para usar uma expressão do próprio texto - do ser humano com ela.
Assim, a alternativa [C] é a correta.
Resposta da questão 4:
[D]
As palavras apresentadas em [D] são usadas em sentido conotativo. “Aposta” não indica a
realização de uma aposta de fato, mas sim a ideia de que o Bem Viver acredita em um futuro
diferente. “Reza”, ao invés de indicar o ato de orar, tem o sentido de “afirma”, “estabelece”,
indicando o que se estabelece na Constituição. A palavra “divórcio”, no texto, adquire o sentido
de “separação”. Por fim, a expressão “virar a página”, no sentido conotativo, carrega a ideia de
mudar, superar, indicando a necessidade de uma mudança de postura.
Resposta da questão 5:
[E]
A primeira afirmação é falsa, já que a reportagem não é um gênero que se respalda na opinião
do repórter. A ideia é que ela traga informações de maneira mais imparcial, sem se valer de
estratégias argumentativas para defender um ponto de vista ou opinião.
A segunda afirmação também é falsa, pois apesar da divisão em subtemas, não se pode dizer
que são seções independentes, organizadas de maneira aleatória. Na verdade, o texto segue
uma progressão.
Resposta da questão 6:
[D]
O texto parte de um comportamento comum no ser humano para identificar suas razões e
causas. No caso, o comportamento é a aversão que o ser humano sente àquilo que foge do
padrão instituído. A partir desse fenômeno, a reportagem investiga as razões para que ele
ocorra, recorrendo a um resgate histórico, à fala de especialistas e a teorias como a
psicanalítica.
Resposta da questão 7:
[C]
A expressão “Quem nunca” traz a ideia de inclusão, isto é, indica que todos, alguma vez na
vida, já fizeram um ato intolerante, ilustrado pelo autor por meio da ideia de culpar o outro pelo
fracasso do país. Assim, o autor se inclui na pergunta, generalizando o ato de ser intolerante e
reforçando que todos já o foram alguma vez.
Resposta da questão 8:
[B]
A locução “por mais que” pode ser classificada como locução conjuntiva concessiva, já que
introduz uma ideia contrária à ideia apresentada na oração principal. Dessa forma, o esforço
mencionado seria uma ação contrária aos pensamentos mesquinhos, mas incapaz de impedi-
los.
Resposta da questão 9:
[A]
[B] Incorreta: o uso de recursos irônicos em uma reportagem não é inadequado, tanto do ponto
de vista do registro formal ou informal quanto do ponto de vista da compreensão (de
representar algum tipo de entrave para o leitor).
[C] e [D] Incorretas: o uso da primeira pessoa no plural, na verdade, serve como recurso para
aproximação do leitor ao assunto tratado. A autora, assim, indica que o assunto tratado
engloba todos.
[E] Incorreta: como o professor Nilson Lage explica, a coloquialidade aparece na linguagem
jornalística de maneira coerente com o propósito comunicativo. Assim, não está restrita
somente às falas dos especialistas, sendo encontrada também na voz do repórter.
A opção [C] é incorreta, pois, Mirian Goldenberg não afirma que as mulheres são as principais
responsáveis pela disseminação dos discursos de ódio. Segundo ela, muitos comportamentos
e valores da sociedade contemporânea continuam a reproduzir e fortalecer a lógica da
dominação masculina através de discursos proferidos tanto por homens como por mulheres.
Segundo a autora, não são as mulheres as únicas que reproduzem o discurso preconceituoso,
mas sim a sociedade na sua generalidade. O termo “inclusive” apresenta noção semântica de
até mesmo no segmento “reproduzindo e fortalecendo a lógica da dominação masculina,
inclusive pelas próprias mulheres”. Assim, apenas [E] é incorreta.
As opções [B], [C], [D] e [E] são incorretas, pois servem como
[B] dados que mostram como a dominação masculina afeta tanto homens como mulheres;
[C] argumentos que atestam a dominação masculina;
[D] exemplos que indicam situações vividas pelos homens na sociedade patriarcal
contemporânea.
[E] falas que são reproduzidas em vários setores da sociedade.
2ª afirmação – falsa: a pergunta colocada no final do poema apenas aponta para uma reflexão,
estabelecendo o paralelo entre a metáfora da folha do papel e a própria vida, que vai sendo
preenchida com as experiências. Não há pavor diante disso, apenas constatação.
4ª afirmação – falsa: a linguagem de Paulo Leminski é simples e bem articulada. Não há
estruturas truncadas e normalmente a leitura de seus poemas é fluida, como vemos no poema
“Aviso aos náufragos”.
5ª afirmação – falsa: os versos destacados fazem referência ao rio Nilo, que se encontra no
continente africano. Não remetem, portanto, à Odisseia, épica grega.
A única afirmação incorreta é a [IV], já que vemos dois substantivos que formam um composto
e, assim, a palavra “padrão” não deve ir para o plural.
Em [E], todas as palavras são acentuadas por serem proparoxítonas: di-á-lo-go; po-lí-ti-ca e in-
trín-se-ca.
Apenas na sequência “paizinho (pai) / paisinho (país) / raizinha (raiz)” as formas de diminutivos
dos termos foram corretamente grafadas. Nas demais alternativas, há erro em “papelzinho” [B],
“lapisinho” [C], “camisinha” [D] e “xadrezinho” [E].
A abreviação consiste na eliminação de uma parte de uma palavra com a finalidade se obter
uma forma mais reduzida do vocábulo. Assim, “responsa” seria uma abreviação de
“responsabilidade”.
Resposta da questão 20:
[C]