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7º Edição 47
RAÍZES DA PSICOLOGIA
Escola francesa
Julien O. de La Mettrie1 (1709-1751) nasceu em Saint-Malo, França.
Estende o pensamento de Descartes ao homem. Descartes considera que
apenas os animais são autômatos ou máquinas intrincadas e que o corpo do
homem, embora tenha ação mecânica, possui a alma pensante que modifica
esses mecanismos. La Mettrie, no entanto, vai mais adiante, considera que
todas as ações humanas podem ser descritas mecanicamente, de forma
objetiva, material e natural. Dessa forma, condena o dualismo espírito x matéria
que Descartes preconiza. Critica Leibniz pelo seu monismo espiritualista. Para
ele, ao invés de se ter espiritualizado a matéria o certo seria materializar a
alma. Daí o seu monismo materialista. Os fenômenos psíquicos são
considerados como resultado de alterações orgânicas no cérebro e sistema
nervoso. Demonstra isso através de sua obra L'Homme Machine, escrita em
1748, onde consolida as bases do materialismo. A teoria de La Mettrie vai
embasar a escola behaviorista.
Etienne Bonnot de Condillac (1715-1780) nasceu em Grenoble, também
da escola francesa, prossegue na mesma linha de seu antecessor e afirma que
o comportamento humano pode ser explicado material e mecanicamente.
Reconhece uma única fonte de conhecimento - a sensação. Sua teoria é a do
sensacionismo, isto é, a sensação é suficiente para explicar as diversas
funções da mente humana, sejam elas simples ou complexas. Rejeita o
princípio de Locke, que apresenta duas fontes do conhecimento - a sensação e
a reflexão. Para Condillac, a comparação entre as sensações faz nascer as
funções psíquicas, ou seja, os conteúdos da mente - juízo, raciocínio,
abstração, generalização, etc. Era, assim, contra toda a metafísica e idealismo.
Contestou o idealismo cartesiano ao afirmar que a alma e as idéias se
resumem à experiência. Afirma ainda que o desenvolvimento do homem se
condiciona à educação que recebe e ao meio ambiente. Ponto de vista adotado
pelo behaviorismo.
Pierre Jean Georges Cabanis (1757-1808), francês. Coloca a
consciência e a digestão no mesmo patamar. A diferença está nos órgãos
responsáveis pelo funcionamento de cada uma. Assim, a consciência é função
do cérebro, enquanto a digestão é função do estômago. Cabanis dá
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RAÍZES DA PSICOLOGIA
Escola britânica
O materialismo britânico também foi representativo. É sabido que o
materialismo científico está ligado ao desenvolvimento da fisiologia. Foi assim
que Harvey, já antes de Descartes, descrevia o movimento do coração e do
sangue como mecânicos, hidráulicos, sem nenhum animismo ou interferência
de espíritos vitais. Também dentro desta linha, Hartley busca reduzir os
processos mentais a processos naturais dentro do sistema nervoso.
Escola alemã
Um dos mais representativos da escola alemã foi Hermann Von
Helmholtz4 (1821-1894) que nasceu em Potsdam. Como físico, fisiólogo e
psicólogo, contribuiu com a ciência de sua época. Realizou estudos nos órgãos
dos sentidos, como olho e ouvido. Conseguiu demonstrar a complexidade dos
processos fisiológicos, como é o ver e o ouvir. Ainda mostrou que esses
processos podem ser estudados através das ciências naturais. Seus estudos
vieram demonstrar a possibilidade de observar, cientificamente, a sensação e a
percepção, processos esses considerados como fundamento da vida mental.
Helmholtz quis mostrar que os fenômenos ou material I psicológico podem ser
estudados através da experimentação exata. E considerado um dos maiores
cientistas alemães do século XIX, I pela profundidade e amplitude de seus
estudos.
Outros nomes poderiam ser lembrados como os de: Johannes Muller
(Leis das Energias Específicas dos Nervos Sensoriais) e Ernest Weber (Com a
sua descoberta da teoria do limiar diferencial da sensação ou diferença
imperceptiva), entre outros. No entanto, como o objetivo desse trabalho é dar
uma visão sintética do tema, limitou-se ao estudo dos autores julgados mais
representativos.
Em síntese, depois de todo o desenvolvimento da física, da fisiologia,
da biologia, da química, da descoberta dos métodos científicos experimentais,
da fundação dos laboratórios para pesquisa, da afirmação das principais
correntes filosóficas, como o empirismo crítico, o associacionismo e o
materialismo científico, a psicologia passou a ter todas as condições para
despontar como ciência autônoma.
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