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Psicologia Hoje

Psicologia o que significa?

“Psicologia” é uma palavra que


tem, para o leigo, um sentido bem
pouco definido.
Expectativas comuns
 Estudo das causas e características do
desequilíbrio mental;
 Aprender como lidar com crianças em suas
sucessivas etapas desenvolvimentais;
 Compreensão das regras do bom
relacionamento interpessoal;
 Desejo de poder vir a psicanalisar pessoas;
 Treinar-se em mensuração da inteligência;
 Também de forma mais vaga, vir a
“compreender o ser humano”
Crença generalizada

 Todos nós somos “psicólogos práticos”

 O que se costuma “comprovar” pela nossa


quase “infalível” capacidade de “julgar” as
pessoas. Acreditamo-nos, em suma,
conhecedores da “natureza humana”.
Crença generalizada

 Apesar de ser verdade que, por


pertencermos à espécie humana,
devamos conhecer alguma coisa a seu
respeito e alguns indivíduos são,
realmente, mais hábeis do que outros ao
avaliar ou ao relacionar-se com os demais,
estes “conhecimentos” não são científicos.
A Psicologia vem se desenvolvendo na base
de esforços sérios, de métodos que exigem
observação e experimentação
cuidadosamente controladas.
A Psicologia é uma ciência.
Postura científica
 O estudante precisa adotar uma postura
científica;
 Examinar o que já foi estabelecido pela
ciência o que ainda não recebeu
explicação satisfatória,
 Rejeitar toda concepção que não tiver sido
submetida a estudos e comprovação
rigorosos;
Adotar um espírito crítico
que desconfie, sempre, de
“conhecimentos naturais”
sobre as pessoas.
Comumente se encontra a “Teoria” de
que é impossível estabelecer algum
conhecimento válido para todos os
seres humanos, sob o argumento:
 O ser humano é dotado de livre arbítrio e,
portanto, cada um se comporta como quer;

A natureza humana é, por si mesma,


misteriosa, insondável, complexa demais.
 Acreditar na impossibilidade de
generalização sobre o homem tem como
decorrência imediata e lógica desacreditar
na possibilidade de uma ciência sobre o
homem.
 Contudo a Psicologia vem se desenvolvendo,
estabelecendo generalizações válidas,
apesar da real complexidade e diversidade
da conduta humana e apesar, também, da
controvérsia sobre a “vontade própria” do
homem.
Pseudopsicólogos

 Escrevem livros, dão conferências;

 Atuam em “clínicas”;

 Montam “testes” em revistas populares.

Fornecendo uma falsa imagem da Psicologia


Última advertência: vocabulário psicológico.

Palavras como:

“inteligência”, “personalidade”, “criatividade”

e muitas outras são usadas pelo público leigo com


sentido bastante diverso (e indefinido) daquele que
têm no vocabulário científico, dificultando para o
estudante que, precisa aprender a significação que
tais termos recebem em Psicologia.
Afinal, o que estuda a Psicologia?

O que se entende por Psicologia?


DESENVOLVIMENTO
HISTÓRICO DA PSICOLOGIA
 As primeiras ciências a se desenvolverem
foram justamente as que tratam do que está
mais distante do homem, como, por exemplo,
a Astronomia, ciências como a Psicologia, são
as que tiveram desenvolvimento mais tardio.
Psicologia é uma das ciências
mais jovens.

 Mesmo sem existir uma ciência a respeito, o


homem procurou explicar a si mesmo.

 As primeiras explicações sobre o ser humano


e a sua conduta foram de natureza
sobrenatural, tal como as explicações para
todos os eventos.
Psicologia é uma das ciências
mais jovens.
 Assim como a tempestade era um indício da
cólera dos deuses, e a boa colheita, do seu
favoritismo, o homem primitivo acreditava
que um comportamento estranho e insólito
era causado por um “mau espírito” que
habitava o corpo da pessoa.
Psicologia é uma das ciências
mais jovens.

 Tales de Mileto, um filósofo grego do século VI


a.C, tem sido apontado como quem, primeiro,
procurou explicar os eventos naturais em
função de outros eventos naturais.

 Ele explicou a matéria como formada de um


único elemento natural: a água.
Psicologia é uma das ciências
mais jovens.
 Outros filósofos, depois dele, explicaram a matéria
como formada de fogo, de ar, de uma partícula
indefinida (átomo).

O importante nestas primeiras tentativas de


explicação é a noção em que até hoje se apoia a
ciência:

Os eventos naturais devem receber explicações


também naturais.
Sócrates e Platão

Sócrates (470-395 a.C) e Platão (427-347


a.C), os dois grandes filósofos gregos, com
seus ensinamentos ,fizeram com que
despertasse o interesse pela natureza do
homem, o que trouxe ao centro do
questionamento filosófico da época
inúmeras questões psicológicas.
Sócrates e Platão
 Sócrates demonstra isto muito bem com o
método do questionamento lógico

 Platão com a sua explicação racional do


mundo pela existência do mundo das ideais
que justifica o mundo real.
Aristóteles

O filósofo que valorizou pela primeira vez a


observação como forma de se chegar a
explicar os eventos naturais, também pelo
método de investigação racionalista
Aristóteles
A primeira doutrina sistemática dos
fenômenos da vida psíquica foi
formulada, na antiga Grécia, por
Aristóteles. Nos três livros De Anima, ele
se pronuncia, como introdução, sobre a
tarefa da psicologia.
Aristóteles
Ele acredita que as ideias e,
consequentemente, a alma, seriam
independentes do tempo, do espaço e
da matéria e, portanto, imortais.
Tomás de Aquino
As obras de Aristóteles alcançaram um
notável estado de perfeição em 1250 por
meio de Tomás de Aquino.
Tomás de Aquino
A determinação aristotélica das relações
corpo-alma e as questões ligadas a elas
sobre as diferentes funções psíquicas
tornaram possível a este santo da Igreja
medieval uma união quase total da
psicologia aristotélica com as doutrinas
da Igreja.
Tomás de Aquino
A força da psicologia tomista reside
uma parte nos fundamentos empíricos
da psicologia já, introduzidos por
Aristóteles e nela conservados e, por
outra parte, na simultânea ligação com
as crenças religiosas.
O homem como sagrado

O corpo do homem era considerado


como uma espécie de “Sacrário da
alma”, era santo, e não se concebia a
dissecação de cadáveres para o estudo
do organismo.
O homem como objeto de estudo

Na Idade Média, há pouco interesse pelo


estudo dos fenômenos naturais em si
mesmos, diante da grande predominância
dos valores religiosos levar à crença que um
interesse muito grande nos fenômenos
naturais era nocivo para a salvação da
alma.
O homem como objeto de estudo
O homem é tido como criado à imagem e
semelhança de Deus, e seu comportamento
sujeito, à sua própria vontade e à de Deus,
O desenvolvimento de uma ciência do
homem era comprometido, por não poder
ser objeto de investigação científica.
O homem como objeto de estudo
O homem é tido como criado à imagem e
semelhança de Deus, e seu comportamento
sujeito, à sua própria vontade e à de Deus,
O desenvolvimento de uma ciência do
homem era comprometido, por não poder
ser objeto de investigação científica.
René Descartes (1596-1650)
filósofo francês, além de matemático e fisiólogo

Favoreceu a pesquisa sobre o ser


humano com a sua teoria do dualismo
psicofísico:
O homem seria constituído de duas
realidades
René Descartes (1596-1650)
Uma realidade material, o corpo: comparável a
uma máquina e, portanto, cujos movimentos
seriam previsíveis a partir do conhecimento de
suas “peças” e relações entre elas (pensamento
mecanicista);
Uma outra realidade, imaterial, a alma, livre dos
determinismos físicos.
René Descartes (1596-1650)

Todos os organismos vivos apresentariam


certa diversidade de processos
fisiológicos como, por exemplo,
alimentação, digestão, funciona mento
nervoso, crescimento, etc.
René Descartes (1596-1650)

A mente, por outro lado, é


exclusividade do homem e tem
atividades próprias como conhecer,
recordar, querer e raciocinar.
René Descartes (1596-1650)

A sensação, a imaginação e o instinto,


seriam produtos da interação entre
corpo e mente.
René Descartes (1596-1650)

Desta concepção sobre o homem decorre


que existem duas áreas de estudo:
a parte material, o corpo, a quem se
deveria dedicar a ciência;
e a parte imaterial, a alma ou mente,
domínio da filosofia.
René Descartes (1596-1650)

Quem estudasse a alma, não se


poderia valer de observação e
mensuração, já que ela é entidade
sem extensão e nem localização.
René Descartes (1596-1650)

Quem estudasse a alma, não se


poderia valer de observação e
mensuração, já que ela é entidade
sem extensão e nem localização.
René Descartes (1596-1650)

O pensamento de Descartes influenciou


profundamente a filosofia dos dois
séculos seguintes, e a sua teoria do
dualismo psicofísico foi amplamente
aceita.
XVIII e XIX
Os filósofos dos séculos XVIII e XIX, que tinham
a mente e o seu funcionamento como objeto
de estudo de grande interesse, dividiram-se
em duas escolas de pensamento:

 O empirismo inglês e;

 O racionalismo alemão.
O Empirismo Inglês

 Valorização dos processos de percepção e


de aprendizagem no desenvolvimento da
mente.

 O conhecimento tem base sensorial: as


associações fundamentam a memória e as
ideias.
O Empirismo Inglês
 É grande a importância do meio ambiente
que estimula a percepção, que é, por sua
vez, a base do conhecimento.

 O cérebro desempenha papel primordial, é


para onde se encaminham os estímulos
sensoriais e onde se processa a percepção.
O Empirismo Inglês

John Locke (1632-1704), inglês, é tido como


o fundador do empirismo, comparou a
mente com uma “tabula rasa” onde seriam
impressas, pela experiência, todas as ideias
e conhecimentos.
O Empirismo Inglês

Nada existiria ali que não tivesse passado


pelos sentidos.
(“Nihil est in inteliectu quod prius non
fuerit in sensibus”).
Racionalismo Alemão

Os filósofos racionalistas, acreditavam que


a mente tem capacidade inata para gerar
ideias, independentemente dos estímulos
do meio, diminuindo a importância da
percepção sensorial.
Racionalismo Alemão

Os racionalistas enfatizaram o papel da


pessoa no processo de percepção,
afirmando que a percepção é ativamente
seletiva e não um processo passivo de
registro.
Racionalismo Alemão

Afirmavam que as interpretações são


individuais das informações dos órgãos
dos sentidos, que poderiam, por isso, ser
bastante diferentes entre si.
Racionalismo Alemão

Preocuparam-se, mais com as atividades


da mente como:

Perceber – recordar – raciocinar – desejar

Enfatizaram o conceito de “faculdades”


mentais, isto é, capacidades especiais da
mente para realizar estas atividades.
Empirismo x Racionalismo
Empiristas e Racionalistas discordavam da
possibilidade ou não de análise, ou decomposição,
dos fenômenos mentais.

Empiristas Racionalistas
Cada percepção ou uma ideia cada percepção é
complexa era composta de
uma entidade
partes, ou elementos mais
simples e buscavam identificar indivisível, global, cuja
tais componentes simples, para análise destruiria suas
poder compreender os
fenômenos mentais complexos.
características próprias.
Empirismo x Racionalismo

Até então existem escolas filosóficas e


não, ainda, psicológicas, que buscam
compreender os processos mentais
humanos, e esta controvérsia é importante
porque vai se constituir no, ponto chave
do desacordo entre as teorias
psicológicas do início do século XX.
Fisiologia
A Fisiologia do século XIX investigou e
teorizou sobre a natureza da atividade
nervosa, a velocidade de condução do
impulso nervoso, contribuindo para o
surgimento da Psicologia, pelos novos
conhecimentos e pela metodologia de
laboratório que empregou.
Psicofísica
Gustav Theodor Fechner (1801-1887) é
considerado o “fundador da Psicofísica”
ou “pai da Psicologia Experimental, Um
outro campo científico relacionado e
cujo desenvolvimento está diretamente
na raiz da Psicologia moderna.
Psicofísica

A percepção consciente de um
estímulo ambiental foi considerada, no
século XIX, um fenômeno mental,
portanto, inacessível à investigação
experimental
Psicofísica

Descrita como o estudo quantitativo


das relações existentes entre a vida
mental (como sensações, por
exemplo) e os estímulos do mundo
físico.
Psicofísica
Fechner e outros psicofísicos mostraram
ser possível aplicar técnicas experimentais
e procedimentos matemáticos ao estudo
dos problemas psicológicos, quaisquer
que sejam as concepções filosóficas a
respeito do problema corpo-mente.
Esse é quadro de antecedentes
científicos e filosóficos do surgimento
da Psicologia como ciência!

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