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SAIBA MAIS
A teoria da Gestalt vê a aprendizagem como a relação entre o todo e as partes, em que o todo
tem papel fundamental na compreensão da parte percebida. É o que ocorre, por exemplo,
quando uma criança de 3 anos, que ainda não sabe ler, reconhece a logomarca de um
refrigerante e o identifica corretamente. Nesse caso, a criança não reconheceu as letras e as
uniu, mas, sim, deu significado ao todo da palavra.
A PSICOLOGIA GENÉTICA
A Psicologia Genética teve como principal representante Jean Piaget, teórico que defendeu a
visão interacionista de desenvolvimento e a abordagem construtivista de conhecimento. Piaget
investigou profundamente a maneira pela qual a criança constrói as noções fundamentais do
pensamento lógico como espaço, tempo, objeto, casualidade etc.
VOCÊ SABIA
Piaget não tinha intenção de estudar os processos de aprendizagem, muito menos métodos de
ensino, e sim analisava o desenvolvimento cognitivo. O que ocorre, atualmente, é a apropriação
dos conceitos formulados por Piaget sobre a gênese do conhecimento para elaborar estratégias
pedagógicas de ensino e aprendizagem.
Em linhas gerais, a teoria piagetiana considera o desenvolvimento envolvido em um processo
contínuo de trocas entre o organismo e o meio ambiente. A noção de equilíbrio é o alicerce de
sua teoria, processo em que o indivíduo procura manter um estado de equilíbrio ou de adaptação
com seu meio. Para ele, o desenvolvimento cognitivo ocorre a partir de constantes desequilíbrios
e equilibrações. Para acionar esse estado de equilíbrio, dois mecanismos são acionados:
A ASSIMILAÇÃO
Refere-se à captação e à obtenção de novas informações que são incorporadas às ideias já
existentes no psiquismo.
A ACOMODAÇÃO
Diz respeito à adaptação das informações novas, ou seja, a acomodação ocorre quando uma
estrutura mental precisa ser alterada para se adaptar às novas informações.
AGORA QUE VOCÊ JÁ SABE QUE PIAGET DEFINIU O DESENVOLVIMENTO COMO SENDO
UM PROCESSO
DE EQUILIBRAÇÕES SUCESSIVAS, É HORA DE CONHECER AS FASES DO
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO SEGUNDO ESSE AUTOR.
Cada fase ou etapa define um momento de desenvolvimento pelo qual a criança constrói suas
estruturas cognitivas. São três etapas: sensório-motora, pré-operatória e operatória, sendo que
esta última é subdividida em duas - operatória concreta e operatória formal.
ATENÇÃO
É importante ressaltar que, apesar de Piaget ter definido uma faixa etária para cada uma dessas
etapas com base em seus experimentos, é possível considerar variações de idades devido a
inúmeras evoluções de nossa realidade, como, por exemplo, a tecnologia e as condições sociais
e culturais em que a pessoa está inserida.
ETAPA SENSÓRIO-MOTORA
Essa etapa vai do nascimento aos dois anos de idade. A criança baseia-se exclusivamente em
percepções sensoriais e em esquemas motores para resolver seus problemas. Nessa fase,
considera-se que a criança ainda não possui pensamento, mas está construindo o conhecimento
enquanto se relaciona com o meio (pega, balança, joga, bate, morde etc.). Dentre as principais
aquisições desse período, estão a noção da construção de “eu”, diferenciando o mundo externo
de seu próprio corpo. Elabora sua organização psicológica básica quanto aos aspectos motor,
perceptivo, afetivo, social e intelectual.
ETAPA PRÉ-OPERATÓRIA
Essa etapa vai de aproximadamente dos dois aos sete anos de idade. A principal aquisição
desse período é o desenvolvimento da linguagem, por meio da qual a criança é capaz de
construir esquemas de ação interiorizados, chamados de esquemas representativos ou
simbólicos. É possível, a partir desse momento, que a criança pegue uma caixa de leite e a
represente como um carrinho, ou ainda, que se refira a pessoas ou objetos sem que eles estejam
em seu campo de visão.
ETAPA OPERATÓRIA: CONCRETA E FORMAL
Essa etapa vai, aproximadamente, dos sete aos 12 anos de idade. É nesse período que o
pensamento lógico se constitui. Ele é considerado operatório porque é reversível, ou seja, o
sujeito pode retomar seu pensamento ao ponto de partida. Piaget fez inúmeros experimentos
para verificar a reversibilidade do pensamento a partir dos famosos testes de conservação de
quantidades, de volume e de massa.
A etapa operatória concreta recebe esse nome porque é a fase em que a criança só consegue
pensar corretamente se os objetos e materiais estiverem ao seu alcance e servirem de apoio para
a construção de seu pensamento.
Já na etapa operatória formal, o pensamento se liberta do concreto, ou seja, a criança é capaz de
representar e pensar de forma abstrata. Nessa fase, a partir dos 13 anos de idade, o indivíduo é
capaz de raciocinar logicamente mesmo se o conteúdo do seu raciocínio é falso.
A PSICANÁLISE
Segundo Aranha (2003), o conceito de Psicanálise tem três sentidos: é um método interpretativo,
uma forma de tratamento psicológico e uma teoria, ou seja, um conhecimento que o método
produz.
O PRINCIPAL REPRESENTANTE DA PSICANÁLISE É SIGMUND FREUD.
A principal característica dessa teoria é o estudo do inconsciente e a compreensão da natureza
sexual da conduta. Para a Psicanálise, todos os nossos atos têm uma realidade exterior
representada na nossa conduta e significados ocultos que podem ser interpretados.
COMENTÁRIO
A metáfora do iceberg representa bem essa ideia, pois é como se a montanha de gelo que
conseguimos ver fora da água fosse nosso consciente e a parte da montanha de gelo submersa
fosse nosso inconsciente.
O principal colaborador de Freud foi Joseph Breuer, médico vienense que já realizava na Áustria
pesquisas de tratamento de histeria com a hipnose. Breuer tinha uma paciente histérica que ficou
muito famosa no caso Ana O. Esse foi o primeiro caso clínico a ser tratado dentro do modelo que
daria origem à Psicanálise. Esse método de eliminar os sintomas com a retomada de recordações
traumáticas passadas se tornou conhecido como método catártico - a cura pela
fala.
Os fracassos nos tratamentos e o fato de muitos pacientes não conseguirem ser hipnotizados
levou Freud a abandonar a hipnose. Ele, então, passou a utilizar a sugestão pós-hipnótica, que
consiste em um procedimento sugestivo de afirmar ao paciente que ele se recordaria de fatos
presentes no inconsciente. As recordações inconscientes emergiriam para a elaboração e o
domínio da consciência com a ajuda do próprio paciente.
Freud, ao construir sua teoria durante suas experiências com os pacientes, elaborou alguns
conceitos que dariam forma à psicanálise. Por exemplo, formulou os conceitos de resistência e
repressão, as quais agem como em um jogo de forças, sendo movidas pelo próprio paciente no
intuito de afastar a angústia diante de um trauma.
RESISTÊNCIA REPRESSÃO
RESISTÊNCIA
É a força que se opõe à percepção consciente do fato significativo. Protege o indivíduo da dor e
do sofrimento que seriam trazidos junto com o seu conhecimento. As forças do próprio paciente,
ou seja, de sua consciência, podem passar a ser mobilizadas para vencer a resistência.
REPRESSÃO
É a força que se mobiliza para negar o conhecimento à consciência e para que o indivíduo não
seja ferido em seus ideais éticos e estéticos. Ela tira da consciência a percepção de
acontecimentos cuja dor o indivíduo não poderia suportar. A repressão é consequência lógica da
resistência.
Outra definição importante da Psicanálise são os constructos que constituem o modelo dinâmico
da estruturação da personalidade: id, ego e superego.
Para Freud, o id é um reservatório de energia do indivíduo, é o poder instintivo do ser humano,
está no nível do desejo, independentemente de as possibilidades reais de esse desejo ser
satisfeito ou não.
O ego é o intermediário entre o desejo e a realidade. Ele apresenta as reais possibilidades de
satisfação desse desejo, agindo entre os processos internos (id-superego) e a relação destes
com a realidade.
O superego é o responsável pela estruturação interna dos valores morais, é a internalização das
normas, do que é proibido e do que é valorizado e deve ser ativamente buscado.
EXEMPLO
Em outras palavras...
Sabe aquela festa de aniversário da sua amiga que você vai todos os anos e sempre é muito
divertida? Pois bem, é 2020 e ela está fazendo 20 anos! Mesmo com o panorama da pandemia
causada pela COVID-19, ela decide fazer a famosa festa de aniversário.
1) Quando você recebe o convite, imediatamente pensa: “Vou à festa! Não vai acontecer
nada!
Eu realmente vou ficar muito feliz!” (ID).
2) Depois de alguns minutos, você se lembra: “Nossa, haverá aglomeração, eu posso
mecontaminar e, consequentemente, contaminar meus pais e meus avós!” (SUPEREGO).
Com isso, você internamente pondera as informações, analisa seu desejo e verifica as reais
possibilidades de satisfação mediante os valores morais e as regras sociais atribuídas à situação.
3) Assim, é capaz de chegar à seguinte conclusão: “A festa realmente será muito
divertida,gostaria muito de ir, mas preciso pensar nas consequências desse ato. Por isso, esse
ano não vou à festa, vou proteger a mim e as pessoas que eu amo” (EGO).
É claro que esse exemplo mostra como agem os constructos de forma muito simplificada diante
da complexidade de cada um dos conceitos, mas possibilita uma breve compreensão de seus
significados.
Há também outros conceitos elaborados a partir dos estudos da Psicanálise, como os
mecanismos de defesa. Os mecanismos de defesa são os diversos tipos de processos
psíquicos, cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador de angústia da percepção
consciente.
EXEMPLO
Sabe quando algo não dá certo e, depois disso, tudo fica sem graça? Quando você briga com um
irmão, reclama que o arroz está sem sal... ou não gosta de ir ao psicólogo e “sem querer” perde o
horário toda semana? Há ainda aquela situação de seminário, que você tem que expor o trabalho
oralmente e sempre acontece algo que você precisa sair mais cedo. Em todos esses casos, está
implícito um mecanismo de defesa, seja uma agressão, uma fuga ou negação, dentre vários
outros.
VISTO ESSES CONCEITOS, VAMOS À PRINCIPAL
DESCOBERTA DA PSICANÁLISE: A LIBIDO QUE, NAS PALAVRAS DE FREUD, É A
ENERGIA DOS INSTINTOS SEXUAIS E SÓ DELES.
Segundo Rappaport, Fiori e Davis (1981), no processo de desenvolvimento psicossexual, o
indivíduo, nos primeiros tempos de vida, tem a função sexual ligada à sobrevivência, e, portanto,
o prazer é encontrado no próprio corpo. O corpo é erotizado, ou seja, as excitações sexuais estão
localizadas em partes do corpo e há um desenvolvimento progressivo que levou Freud a postular
as seguintes fases do desenvolvimento:
FASE ORAL
A zona de erotização é a boca. Desde o nascimento do bebê, a estrutura sensorial mais
desenvolvida é a boca. É pela boca que começará a provar e a conhecer o mundo. É pela boca
que o bebê fará sua primeira e mais importante descoberta: o seio.
FASE ANAL
A zona de erotização é o ânus. No início do segundo ano de vida, a libido passa da organização
oral para a anal. No segundo e terceiro anos de vida, dá-se a maturação do controle muscular na
criança. É o período que se inicia o andar, o falar e o controle de esfíncteres.
FASE FÁLICA
A zona de erotização é o órgão sexual. Por volta dos três anos de idade, a libido inicia nova
organização. A erotização passa a ser dirigida para os genitais; desenvolve-se o interesse infantil
por esses órgãos, a masturbação torna-se frequente e normal. A preocupação com as diferenças
sexuais entre meninos e meninas torna-se frequente.
PERÍODO DE LATÊNCIA
Fase que se prolonga até a puberdade e se caracteriza por uma diminuição das atividades
sexuais, isto é, há um intervalo na evolução da sexualidade. A energia da libido é canalizada para
outras finalidades (energia mobilizadora). Ela é canalizada para o desenvolvimento intelectual e
social da criança – realizações socialmente produtivas.
FASE GENITAL
O objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, e sim em um objeto externo
ao indivíduo — o outro. Alcançar a fase genital para a Psicanálise significa atingir o pleno
desenvolvimento de um adulto normal. Freud define um adulto normal: “O homem normal é
aquele que é capaz de amar e trabalhar”.
COMENTÁRIO
A teoria da Psicanálise, bem como as teorias psicológicas apresentadas anteriormente, deve, a
partir desse momento, servir de referência para construir um aporte teórico para que você as
relacione com os processos de aprendizagem.
AS TEORIAS PSICOLÓGICAS E SUA INTERFACE COM A EDUCAÇÃO
A especialista Andresa Aparecida Ferreira fala sobre as teorias psicológicas e as interfaces com
a Educação:
MÓDULO 2
LURIA
COMENTÁRIO
A aprendizagem da escrita requer não somente que a criança perceba a correspondência da
sonoridade das palavras com os símbolos do alfabeto, das contradições entre letras e sons,
necessários para a aquisição da ortografia, mas também de fatores sociais, afetivos e cognitivos.
O processo de aquisição da língua escrita necessita automatizar-se para alcançar o domínio em
sua forma mais complexa, como, por exemplo, na composição de um texto.
O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO
O processo de aprendizagem do pensamento lógico-matemático, assim como na aquisição da
leitura e da escrita, é complexo e dinâmico. Para compreender como ele ocorre, vamos recorrer
mais uma vez a Piaget. Em seus estudos e experimentos, o teórico chegou a algumas conclusões
que nos permitem refletir sobre a construção do conceito de número e o pensamento lógico-
matemático. Para ele, há uma diferença entre:
CONHECIMENTO FÍSICO
CONHECIMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO
PARA QUE VOCÊ ENTENDA ESSA DIFERENÇA, CONSIDERE O SEGUINTE EXEMPLO:
EXEMPLO
A partir da observação de um lápis, você poderá citar algumas características, como, por
exemplo, “é um lápis grafite que pesa 10g”. Você obtém informações a partir de uma observação,
um conhecimento físico. No entanto, se você observar dois lápis, um verde e um azul, poderá
notar a diferença de cores entre eles e fazer uma relação. Denominamos esse tipo de
conhecimento de lógico-matemático.
O conceito de número é a relação criada mentalmente por cada indivíduo. Kamii (1990)
reportando a Piaget, ressalta que a criança progride na construção do conhecimento
lógicomatemático pela coordenação das relações simples que anteriormente criou entre os
objetos. Dessa maneira, pode-se dizer que o conhecimento lógico-matemático consiste na
coordenação de relações como, por exemplo, relações de “igual”, “diferente” e “mais”, o que a
conduzirá no futuro a fazer operações.
O desenvolvimento do pensamento lógico-matemático para Piaget, bem como a construção do
número, é uma síntese de dois tipos de relações que a criança elabora entre os objetos:
A ORDEM
A INCLUSÃO HIERÁRQUICA
Para garantir que uma criança conte corretamente quantos lápis foram dados a ela, é preciso
que:
ELA OS COLOQUE EM UMA ORDEM (QUE PODE SER MENTALMENTE OU DE FORMA
ABSTRATA) PARA GARANTIR QUE NENHUM LÁPIS FOI ESQUECIDO OU CONTADO DUAS
VEZES.
ELA INCLUA ESSES LÁPIS EM DADO CONJUNTO, OU SEJA, PARA QUANTIFICAR OS
OBJETOS COMO UM GRUPO, É PRECISO QUE A CRIANÇA OS COLOQUE EM UMA
RELAÇÃO DE INCLUSÃO HIERÁRQUICA.
Isso significa que o fato de a criança contar corretamente os objetos que lhe foram dados não
quer dizer que ela tenha compreendido o conceito de número e alcançado o pensamento lógico-
matemático, já que para Piaget o conhecimento social não é suficiente para que a criança
compreenda a relação. Em outras palavras, pode-se ensinar as crianças a darem as respostas
corretas “1 + 2= 3”, mas isso não implica ensinar a relação que está implícita nessa adição.
É importante que o profissional (professor ou psicopedagogo) saiba discernir entre quando a
criança está “contando de memória” e quando ela está “contando com significado”, atribuindo o
código à quantidade e fazendo relações. Isso só é possível quando a criança constrói em sua
mente a estrutura lógico-matemática.
Identificar o que diferentes áreas do desenvolvimento humano podem oferecer para sua
atuação profissional.
CONTRIBUIÇÕES DE OUTRAS ÁREAS
O processo de aprendizagem, seja o da leitura e escrita, seja o da matemática e outras áreas, é
complexo e dinâmico. Para que ele ocorra, lançamos mão das contribuições de várias áreas:
Como a da Psicologia, que nos oferece diferentes correntes teóricas que nos ajudam a pensar o
desenvolvimento humano e a construção do conhecimento.
A área da Pedagogia, com suas ferramentas didáticas e a relação que existe entre conteúdo,
ensino e aprendizagem.
No entanto, para compreender o processo de aprendizagem, outras áreas também contribuem
para que possamos ter uma visão mais holística.
ATENÇÃO
Nenhuma área é mais importante que a outra, todas se complementam, trazendo conceitos e
estudos que juntos, de maneira entrelaçada, fornecem apoio para interpretar esse dinâmico
processo que ocorre para a aprendizagem do ser humano.
Os estudos da Sociologia, Linguística, Fonoaudiologia, Psicomotricidade, Medicina e das
Neurociências trazem em si aspectos conceituais que podem ajudar o profissional a refletir sobre
o processo de aprendizagem e, consequentemente, sobre as dificuldades de aprendizagem das
crianças.
A SOCIOLOGIA E A LINGUÍSTICA
A Sociologia, que surgiu no século XIX, é denominada como a ciência dos fatos sociais, das
instituições, dos costumes e das crenças coletivas (ARANHA, 2003). A Sociologia, por se deter
nas questões sociopolíticas e culturais, serviu de apoio para grandes teóricos pensarem a
educação, como, por exemplo, o grande educador brasileiro Paulo Freire, que tinha como
preocupação principal a cultura popular. Tal preocupação consistia em possibilitar uma real
participação do povo enquanto sujeito de um processo cultural por meio da educação.
Para Freire, o processo de aprendizagem só será efetivado quando a ação educativa for
permeada de uma reflexão sobre o ser humano e seu meio de vida, seu contexto social. Na
abordagem freiriana, o ser humano é sujeito da educação. Segundo Freire (1974), é preciso
que a educação esteja comprometida a permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se
como pessoa, transformar o mundo e estabelecer com os outros homens relações de
reciprocidade, fazendo a cultura e a história.
ESSA RELAÇÃO ENTRE HOMEM E SOCIEDADE TAMBÉM É ESTUDADA PELA
LINGUÍSTICA, POIS A INTEGRAÇÃO ENTRE POVOS E CULTURAS TROUXE UMA
NECESSIDADE DE ESTRUTURAR UM PROCESSO
LINGUÍSTICO EM UMA SOCIEDADE CADA VEZ MAIS HETEROGÊNEA.
OS ESTUDOS ACERCA DA LINGUAGEM NOS
INTERESSAM DEVIDO À RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E
PROCESSO DE APRENDIZAGEM.
Os estudos da área de Linguística são divididos em:
Fonética: diferentes sons empregados na linguagem
Fonologia: padrões dos sons básicos da língua
Morfologia: estrutura interna das palavras
Sintaxe: formação de frases
Semântica: sentido das palavras e frases
Lexicologia: estudo do uso ou sentido do léxico das palavras
Terminologia: conhecimento e análise dos léxicos
Estilística: estilo da linguagem
Pragmática: uso da oralização
Filologia: estudo dos textos e linguagens antigos
Essas áreas de estudo da Linguística nos fornecem ferramentas para compreender o
desenvolvimento da linguagem e da aquisição da leitura e da escrita, principalmente, no que se
refere às áreas da fonética, fonologia e semântica.
A LINGUAGEM É OBJETO DE ESTUDO NÃO APENAS DA LINGUÍSTICA, MAS TAMBÉM DE
OUTRAS ÁREAS,
COMO A FILOSOFIA, A PSICOLOGIA, A BIOLOGIA OU A FONOAUDIOLOGIA, QUE SERÁ
ESTUDADA A SEGUIR.
A FONOAUDIOLOGIA E A PSICOMOTRICIDADE
A Fonoaudiologia é uma área da saúde que trabalha com os diferentes aspectos da comunicação
humana. Ela traz inúmeras contribuições para compreender o processo de aprendizagem, como
os estudos que envolvem a linguagem e o desenvolvimento e aquisição
da leitura e da escrita.
ATENÇÃO
O trabalho fonoaudiológico, principalmente, da criança em fase escolar, é muito importante
quando se trata, por exemplo, de “trocas de letras”, que podem ocorrer tanto na fala quanto na
escrita, pela falta de compreensão e decodificação dos sons.
A área fonoaudiológica é capaz de promover, aprimorar e prevenir alterações de linguagem oral e
escrita, audição, motricidade orofacial e voz, favorecendo e otimizando o processo de ensino e
aprendizagem.
Por isso, a Fonoaudiologia contribui no sentido de trazer conhecimento a respeito do
desenvolvimento da fala e da linguagem. Distúrbios nessas áreas podem ocasionar:
FALA ININTELIGÍVEL (TROCA DE SONS NA FALA).
DIFICULDADES NA ELABORAÇÃO DE FRASES PARA FALAR OU CONTAR HISTÓRIAS.
REPERTÓRIO PEQUENO DE PALAVRAS PARA SUA FAIXA ETÁRIA.
DÉFICIT DE MEMÓRIA.
Podem ainda prejudicar o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, caracterizadas
pelo processamento mais lento das informações, dificuldades na alfabetização, como na
correspondência som-grafia, e dificuldades de acesso ao léxico, ou seja, não reconhecer o
significado da palavra. Desse modo, os estudos da área da Fonoaudiologia podem nos ajudar a
compreender essas dificuldades e auxiliar na prevenção delas.
OUTRA ÁREA QUE TAMBÉM TRAZ CONTRIBUIÇÕES
AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM É A PSICOMOTRICIDADE.
A Psicomotricidade tem como objeto de estudo o homem por meio do seu corpo em movimento e
em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar,
agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. A Psicomotricidade está relacionada ao
processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
Ela tem como objetivo ajudar no desenvolvimento e nos distúrbios da integração entre corpo e
mente.
Para que isso seja possível, segundo Almeida (2008), o trabalho com a Psicomotricidade precisa
de vários fatores como:
CONCEPÇÃO
Refere-se ao planejamento do trabalho da Psicomotricidade, o qual precisa de objetivos claros
para ser realizado.
COMPORTAMENTO
Diz respeito à observação, através da qual o profissional deve estar atento às atividades e às
relações das crianças para introduzir as práticas com objetivos psicomotores.
COMPROMISSO
Refere-se ao aproveitamento do tempo de trabalho.
MATERIAIS
São necessários para ampliar as ações, possibilitar que a criança possa intervir e se relacionar
com objetos concretos, tornando o processo educativo mais próximo e mais pertinente.
ESPAÇOS
Devem ser ambientes psicomotores educativos que buscam explorar toda ação que ali acontece.
Em síntese, o trabalho com a Psicomotricidade está relacionado ao processo de aprendizagem
por auxiliar no desenvolvimento, por exemplo, da coordenação motora ampla e fina, da
lateralidade, da percepção (olfativa, gustativa, espacial, temporal, corporal e musical), da
seriação, além de inúmeras brincadeiras que envolvem o movimento do corpo, trabalhando o
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social.
A MEDICINA, AS NEUROCIÊNCIAS E A NEUROPSICOLOGIA
A PARTIR DOS ANOS NOVENTA, UM PASSO IMPORTANTE FOI DADO NOS ESTUDOS DA
APRENDIZAGEM, PROPORCIONADO PELAS INVESTIGAÇÕES DA ÁREA DA MEDICINA
SOBRE O
SISTEMA NERVOSO E DOS PROCESSOS CEREBRAIS.
Por meio da evolução tecnológica e da criação de diversos aparelhos e exames não invasivos,
tem sido possível aos pesquisadores analisar e interpretar as conexões cerebrais dos seres
humanos, durante a execução de diferentes atividades. Essas possibilidades abriram caminho
para outras áreas de pesquisa com foco na observação do funcionamento do encéfalo, o que tem
contribuído de modo significativo com as práticas educacionais.
Uma dessas áreas é a Neuropsicologia, que é um campo da Psicologia e da Neurologia que
estuda as relações entre o cérebro e o comportamento humano. Ela investiga como diferentes
lesões causam déficits em diversas áreas da cognição humana.
As Neurociências, sobretudo a Neuropsicologia, trouxeram não só novos conhecimentos para
compreender o processo de aprendizagem, mas também novas formas de pensar a avaliação
dos transtornos e distúrbios de aprendizagem, pois buscam correlações entre as unidades
funcionais do cérebro e o comportamento humano.
AS NEUROCIÊNCIAS
São tradicionalmente consideradas como um ramo da Biologia, mas podem estar associadas a
outras áreas de conhecimento. Esse campo científico estuda o sistema nervoso, com o objetivo
de conhecer:
• O seu desenvolvimento
• O seu funcionamento
• A sua estrutura
• As suas alterações
A partir desse conhecimento neuropsicológico, é possível melhorar o funcionamento cognitivo e
auxiliar na orientação da família e da escola, buscando estratégias que otimizem diferentes áreas
da cognição, bem como a memória, atenção, linguagem, capacidade de planejamento, de
cálculo, de raciocínio-lógico, de julgamento, percepção visual, coordenação viso-motora e o
processo de aprendizagem da criança como um todo.
CONTRIBUIÇÕES DE OUTRAS ÁREAS
A especialista Andresa Aparecida Ferreira fala sobre as principais contribuições das áreas
apresentadas no módulo no desenvolvimento da Psicopedagogia:
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos módulos estudados, você aprendeu a importância das ciências humanas e naturais
para a compreensão do processo de aprendizagem.
Em um primeiro momento, vimos a constituição da psicologia enquanto ciência, bem como as
principais características de algumas abordagens psicológicas no estudo do pensamento
humano.
Em seguida, foram apresentadas informações a respeito da construção do conhecimento e do
desenvolvimento da aprendizagem da leitura, da escrita e da matemática. Além disso, vimos as
ferramentas didáticas que nos são úteis para pensar formas de ensinar com o intuito de facilitar o
processo de aprendizagem do sujeito.
Por último, vimos algumas contribuições de outras áreas, como: Sociologia, Linguística,
Fonoaudiologia, Psicomotricidade, Medicina, Neurociência e Neuropsicologia.
Em síntese, as diferentes áreas contribuem para o entendimento do processo de aprendizagem,
bem como das dificuldades de aprendizagem, pois estas envolvem conhecimentos sobre
aspectos sociais, culturais, pedagógicos, psicológicos e médicos. Por isso, é importante que seja
realizado um trabalho interdisciplinar para compreender a aprendizagem como um todo.
A PARTICIPAÇÃO DAS ÁREAS DA PEDAGOGIA, PSICOLOGIA, FONOAUDIOLOGIA,
NEUROPSICOLOGIA E MEDICINA NÃO PODE SER ENTENDIDA COMO UM SOMATÓRIO DE
AÇÕES ISOLADAS, E SIM, COMO UM ESTUDO INTEGRADO E INTERDEPENDENTE DE
SUAS
CONTRIBUIÇÕES, A FIM DE OTIMIZAR O PROCESSO DE APRENDIZAGEM.