Você está na página 1de 111

MINISTÉRIO DO ENSINO SUPERIOR, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO NDUNDUMA


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA CLÍNICA

INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
Designação: Licenciatura em Psicologia Clínica
1º Ano Curricular
Docente
Período: Matinal, Tarde & Noturno ____________________
Emanuel J. C. Malanga

Quarta – Feira; 10 de Janeiro de 2023


INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA
No meio científico diz-se que a Psicologia é uma
ciência com um longo passado, mas com uma
história curta.
OS DOIS GRANDES PERÍODOS

Filosófico – especulativo; Teve a sua origem com


o pensamento grego e se estende desde o final do
século XIX até o princípio do XX.
O científico: É considerado como marco do
surgimento da Psicologia como ciência.
OS PRIMÓRDIOS DO PENSAMENTO PSICOLÓGICO
As primeiras idéias, relacionadas à Psicologia,
surgiram com o pensamento filosófico, quando os
gregos se propunham: indagar, investigar,
organizar e compreender o mundo.
Para CHAUÍ, 1995, p.23.:
A filosofia surgiu quando se descobriu que a verdade do
mundo e dos humanos não era algo secreto e
misterioso, que precisava ser revelado por divindades a
alguns escolhidos, mas que, ao contrário, podia ser
conhecida por todos, através da razão que é a mesma
em todos.
É neste sentido que a Filosofia enquanto conhecimento
sistemático e racional, deu espaço para o surgimento
das primeiras indagações sobre a subjetividade
humana.
Considerada inicialmente como parte da Filosofia,
surgiu sensivelmente no quarto ou quinto séculos A.C.
com os filósofos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles.
Sócrates (469-399 a.C.) Defendia a noção de que o
homem se diferenciava dos animais, porque era
dotado de razão, ou inteligência.
OBS: Com Sócrates, um novo objeto passou a ser
estudado, isto é aquilo que ele chamou de alma, ou a
unidade do ser individual.
Platão (427-347 a.C.): Defendia a existência de três tipos de alma:

1 - ALMA RACIONAL: Esta, encontra – se localizada na cabeça;

RACIONAL: Palavra que qualifica esta alma, no sentido de atribuir uma qualidade,
“Racionalidade”; Qualidade de tudo o que é racional, lógico, ou seja é a tendência para
encarar tudo sob uma perspectiva racional.
”Dicionário Académico de Língua Portuguesa”

2 - ALMA IRASCÍVEL: Para este autor, a alma irascível está situada com sede no
peito;
É um adjectivo que faz referência, a tudo que é propenso à irritação, ou seja o que é irritavel.
(Dicionário de Língua Portuguesa)
3 - ALMA CONCUPISCÍVEL: Fundamentada no prazer, e tem a sua sede no ventre.

CONCUPISCÍVEL, é relativo a CONCUPISCÊNCIA, que pode vir a significar; Grande ou


ardente desejo.

Para Platão: “As pessoas se diferenciariam pela predominância de uma das


três almas. No momento da morte, o corpo, que era matéria, desaparece e a
alma se desprendia do corpo, estando livre para ocupar um novo corpo. (A
Imortalidade da alma).
Aristóteles (384-322 A.C), Foi discípulo de Platão, porém,
possuia uma compreensão diferente do seu mestre; ao
defender que: “Alma e Corpo” não podem ser
dissociados (separados).
Assim para o autor; tudo aquilo que cresce, se reproduz
e se alimenta, tem uma alma ou psique. Assim, além do
homem, dos animais os vegetais também teriam alma,
como um princípio vital ou animador.
Com o período da Ascensão do Império Romano,
notou – se o surgimento do Cristianismo. Este
(Cristianismo) se constitui em uma força religiosa que
com o seu desenvolvimento se tornou, também, mais
tarde, força numa política.
As idéias cristãs, embora no princípio não tenham tido
o peso político, foram de importância extrema para o
desenvolvimento da Psicologia.
Um novo período histórico se estabeleceu: A idade média.

• Santo Agostinho: inspirado em platão, defendia a ideia de


que a alma era a sede da razão, era imortal e o elemento
de ligação entre o homem e deus.

São Tomás de Aquino, influenciado pelo pensamento


aristotélico, considerava que o homem, na sua essência,
buscava a perfeição através de sua existência, mas somente
deus seria capaz de reunir essência e existência.
Por volta do ano 1300 decorreram profundas
transformações no cenário econômico e social da
Europa, ou seja, foi a transição do Feudalismo para o
Capitalismo. Essa transição fez surgir o movimento
Renascentista.
Com ele, aconteceram mudanças em todos os setores
da produção humana (literatura, artes e ciências). O
homem aí passou, com maior intensidade, a ser
considerado como objeto de estudo dos filósofos.
René Descartes (1596-1659): Que defendeu a separação
entre a mente e corpo, afirmando que o homem possui uma
substância material e uma substância pensante e, o corpo,
sem o espírito, é apenas uma máquina.
John Locke (1632-1704) Destacou o papel das
impressões sensoriais sobre o desenvolvimento da
nossa experiência.
Descreveu o espírito da criança como uma folha de
papel em branco (tabula rasa) na qual são registradas
as experiências.
A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
No final do século XIX verificou - se uma ruptura definitiva da
psicologia em relação a Filosofia, transformando – se assim
em uma ciência autónoma. Entretanto, deve – se a Wilhelm
Maximilian Wundt (1832 - 1920) o título de fundador da
Psicologia como ciência.

A palavra “Psicologia” do ponto de vista estrutural, resulta


da união entre duas palavras de horigem grega:

Psique + logia
Psique = Mente
Logia = Estudo
Assim a Psicologia tem a sua base etimológica nas palavras
Gregas: Psyché ou Psique (alma ou mente) e Logos ou
estudo (razão ou conhecimento) o que traduzindo
literalmente significa:

“A Ciência que estuda os processos mentais”. Deste


modo podemos inferir que;

A Psicologia é o estudo do comportamento e dos


processos mentais, ou seja, é o estudo das
experiências subjectivas inferidas através do
comportamento humano.
MÉTODOS DE ESTUDO DA PSICOLOGIA
Para além dos pressupostos teóricos, a Psicologia também
possui os seus próprios métodos de investigação, devidamente
identificados. Organizados de acordo com a seguinte ordem:
Gerais ou Tradicionais (Introspecção, Experimentação, e a
Observação) e os métodos Secundários ou Complementares
(Estudo da Produtividade do sujeito, Entrevista, e o
Questionário).
A palavra método deriva do grego Met´ hodos, que significa literalmente:
Caminho, ou via que se utiliza para se chegar a um fim último.

Podemos então definir o método como: “O procedimento utilizado pelos


investigadores, para a descoberta de algo, como também verificar
conhecimentos que já existem em uma determinada área do saber”. A sua
origem justifica – se pela existência de um caminho, de um meio, para se chegar
a um ou a vários objectivos.
Os métodos baseiam – se na formulação de hipóteses e a sua posterior
confirmação. Assim a Psicologia compreendida como a ciência
experimental, ela utiliza um método cientifico rigoroso, para dessa
maneira responder de forma satisfatória a todas as inquietações com as
quais deparam – se os estudiosos dessa área, que surgiu em algumas
décadas para ilustrar os seus conceitos.
Assim passaremos a descrever de forma pormenorizada os
métodos mais usuais em Psicologia:
GERAIS OU TRADICIONAIS
O MÉTODO INTROSPECTIVO:

Foi um método muito empregado por Wilhelm Wundt e William James, em


pesquisas nos seus laboratórios, quando estudavam a mente humana. Assim a
introspecção não é nada mais se não o autoconhecimento do próprio sujeito.
Na introspecção o sujeito observa os conteúdos dos seus próprios
estados mentais, podendo dessa forma, tomar consciência deles.
Dentre os conteúdos mentais passíveis de introspecção destacam –
se as crenças, as imagens mentais, a memória (Sejam estas visuais,
auditivas, olfactivas, sonoras e tácteis), as intenções, as emoções e
os conteúdos do pensamento em geral.
Nessa linha de pensamento, a introspecção ainda pode ser definida
como a descrição da experiência pessoal em termos de elementos e
atitudes ou seja a análise feita por uma determinada pessoa, de seus
processos mentais.

Este método é empregue: Na Psicoterapia, na Psicanálise e na terapia


Cognitivo Comportamental, onde o sujeito pode ser levado a reflectir sobre
as consequências das suas próprias acções, o seu modo de pensar, e sobre as
suas formas de pensar mais eficazes.
O MÉTODO EXPERIMENTAL:
É um tipo de método onde o pesquisador, manipula e controla uma ou mais
variáveis independentes. Observa a alteração das variáveis dependentes e
simultaneamente a alteração das variáveis independentes.
O método experimental pode ser:

• Natural: É a experimentação que acontece de forma natural, tal como o


seu nome o diz, esta acontece sem a alteração ou a modificação da ordem
natural do fenómeno ou objecto psicológico a ser investigado.

• Laboratorial: São aquelas experimentações que acontecem sob as


condições criadas dentro de um laboratório. Nela o investigador possui um
maior controlo das variáveis a serem investigadas.
O MÉTODO DA OBSERVAÇÃO:

É um processo imprescindível na investigação, a observação consiste no olhar


atento e sistemático em registar aquilo que se observa. Ocorre sempre que
alguém diferente do observado, anota e descreve um determinado
comportamento.
IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO:

A observação, como método científico permite – nos obter conhecimentos


acerca do objecto de investigação, tal como este se dá na realidade. É uma
maneira de aceder a informação directa e imediata sobre o processo, ou sobre
o fenómeno a ser investigado. A observação estimula a curiosidade,
impulsiona o desenvolvimento de factos novos que podem possuir interesse
científico, provoca a colocação de problemas e a formulação de hipóteses
correspondentes.
TIPOS DE OBSERVAÇÃO
• Observação Científica: É consciente, orienta – se para um objectivo ou fim
determinado. Como método consiste na percepção directa do fenómeno a ser
investigado, assim permite – nos conhecer a realidade mediante a percepção
directa do objecto investigado.
• Observação Simples: Realiza – se com uma certa espontaneidade, por uma
pessoa com qualificação adequada e deve ser executada de forma consciente
e sem preconceitos.
• Observação não participativa: É aquela em que o investigador realiza a
observação de fora, não fazendo parte do grupo investigado.
Observação Quotidiana: É aquela que se fundamenta na experiência,
possui um carácter casual, isto desorganizado. Habitualmente este tipo de
observação não é planificada e as possíveis causas que a sustentam são
buscadas ao acaso.
RELAÇÃO DA PSICOLOGIA COM OUTRAS
CIÊNCIAS
O desenvolvimento da Psicologia a semelhança de
outras ciências esteve determinado pela demanda da
prática social. Por isso é que hoje pouco antes de
completar meio século, da sua existência a ciência
psicológica, constitui um sistema de disciplinas
desenvolvidas e vinculadas com outras esferas da
actividade humana.
A diferença entre estas ciências baseia – se na
orientação e no objecto de estudo que cada uma
procura, embora na realidade uma complementa a
outra, essa relação torna – se por vezes inevitável.

Sendo assim a Psicologia estabelece relações, com as


seguintes
PEDAGOGIA: A Psicologia na Pedagogia, é importante porque
ajuda tanto os alunos como os professores, a entenderem
certos comportamentos ou fenómenos que frequentemente
ocorrem num determinado estabelecimento escolar.

A sua relação com esta área está também relacionada com


o sentido de estudar as leis psicológicas que regem o processo
de ensino e aprendizagem, os aspectos psicológicos do
trabalho educativo da relação que se estabelece entre
professor e aluno e aluno professor.
SOCIOLOGIA: Estuda a conduta humana no contexto dos
grupos, ou seja, é a ciência que estuda, a sociedade e o
comportamento humano em função do meio.

As descobertas desta ciência são importantes para a Psicologia,


porque o homem como ser social faz parte de diferentes grupos.
Sendo o homem por natureza um ser social, tal facto faz com
que o mesmo interaja com os seus semelhantes de diferentes
formas, muitas vezes tendo em conta o carácter, o
temperamento, e as atitudes que caracterizam cada sujeito.
Antropologia: Estuda de maneira global o homem e a
humanidade, entretanto, encontraremos de igual modo uma
relação com a Psicologia.

A Antropologia interessa – se pelas formas culturais dos


diferentes povos primitivos, são importantes na medida em que
dão ao Psicólogo a noção da consciência da relatividade
cultural, entre os povos, valores, motivos e as aspirações dos
indivíduos, factos que obrigam a ter presente a influência do
quadro cultural da conduta individual.
História: A história permite – nos conhecer o desenvolvimento
do homem através do tempo, e compreender a partir dessa
evolução as características actuais as realidades sociais que
influenciam o comportamento do indivíduo.
Biologia: A Biologia estuda as leis da vida. A sua relação com
a Psicologia justifica – se pelo facto, de que, ela vai interessar –
se pelo estudo da parte orgânica ou material do homem e a
Psicologia estudará a outra parte, isto é a Psique (Psyché) do
homem.
Matemática: A relação entre a Matemática e a Psicologia dá
- se no sentido de que actualmente usa – se a Matemática
não apenas para os estudos com a intenção de fazer dela
um instrumento de cálculo, pesquisa, e análise estatística de
números. Mas também para apresentar os resultados das
pesquisas Psicológicas.

Medicina: Os psicólogos desempenham um papel importante


no domínio da medicina, fundamentalmente quando se trata
do surgimento de algumas doenças mentais.
A ÉTICA DO PSICÓLOGO NO TRABALHO
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E
BIOLÓGICOS DA PSICOLOGIA
A sensopercepção constitui a primeira etapa da cognição, ou seja, do
conhecimento do mundo externo. Este (conhecimento) se refere aos
objetos reais, isto é, àqueles que estão fora de nossa consciência.
SENSAÇÃO: é um fenômeno passivo, físico, periférico e objetivo (Alonso-

Fernández, 1976), que resulta das alterações produzidas pelos estímulos


externos sobre os órgãos sensoriais. Através da sensação, podemos
distinguir as qualidades mais elementares dos objetos: cor, forma, peso,
temperatura, consistência, textura, timbre, sabor etc.

EXEMPLOS: Sensações: formas e cores em uma fotografia.


A PERCEPÇÃO: É um fenômeno ativo, psíquico, central e subjetivo, que

resulta da integração das impressões sensoriais parciais associando estas


às representações mentais.

A percepção está relacionada com a identificação, com o reconhecimento


e a discriminação dos objetos. É a estapa da cognição humana que dá
significado às sensações.

EXEMPLOS: um quadro - negro, carteiras, crianças uniformizadas e sentadas,


uma senhora em pés (apontando para o quadro). Estas impressões levam –
nos a percepção de que: uma aula está a ser ministrada.
CLASSIFICAÇÃO DAS QUALIDADES SENSORIAIS
As qualidades sensoriais podem ser classificadas em:

EXTEROCEPTIVAS: Visuais, auditivas, gustativas, olfativas, cutâneas

(táteis, térmicas, dolorosas).

INTEROCEPTIVAS: Destacam – se o bem - estar, o mal - estar, a fome, a


sede e a sensibilidade visceral.

PROPRIOCEPTIVAS: Destacam – se as cinestésicas (os movimentos corporais),

a posição segmentar do corpo, o equilíbrio, a barestesia (isto é, a


sensibilidade à pressão) e a palestesia (relativa a sensibilidade para
vibrações).
CARACTERÍSTICAS DE UMA IMAGEM PERCEPTIVA &
REPRESENTATIVA
De acordo com Carl Jaspers, são as seguintes as características de uma imagem perceptiva:

Corporeidade: Os objetos são tridimensionais.

Extrojeção: Os objetos estão localizados no espaço objetivo externo, isto é, fora da


Consciência humana.

Nitidez: Os contornos dos objetos são precisos, e notáveis.

Frescor sensorial: A percepção vivida é influenciada pela intensidade do seu


contraste. Por exemplo: As cores são brilhantes.

Estabilidade: A imagem é constante e estável, não desaparece nem se modifica de


uma hora para a outra.
Ausência da influência pela vontade: A imagem é aceite passivamente pelo indivíduo,
que não pode evocá - la nem modificá – la.

Ausência da corporeidade: A imagem será bidimensional.

Introjeção: O objeto está localizado no plano mental, isto é, no espaço subjetivo interno.

Imprecisão; Faz refência a falta de precisão do objecto isto é, ausência de rigor.

Instabilidade; Qualidade do que é instável, designa a falta de permanência do objecto.

Possibilidade de influência pela vontade; A imagem é aceite activamente pelo


indivíduo.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA
SENSOPERCEPÇÃO
Ilusão: O termo ilusão vem do latim, illusionem, que significa: engano,
fantasia ou miragem. Trata - se de uma percepção falsificada ou
deformada, de um objeto real e presente.

OBS: A deturpação da imagem perceptiva se dá em função da junção ou


ligação entre a imagem real com aquela imagem deformada.
A imagem ilusória projeta-se no espaço exterior, é aceita (pelo
menos num primeiro momento) como realidade e não é
influenciada pela vontade (Cabaleiro Goas, 1966). Pode ocorrer
não só em doentes mentais, mas também em pessoas normais.
As ilusões são assim classificadas por:

ILUSÃO POR DESATENÇÃO: Os elementos representativos são


introduzidos para completar ou corrigir estímulos externos escassos ou
incorretos, respectivamente. É o que ocorre quando, sem nos darmos
conta, completamos uma frase ouvida apenas de forma fragmentária, ou
corrigimos as falhas de impressão na leitura de um livro. Quando se presta
mais atenção, num segundo momento, a ilusão desaparece.

ILUSÃO CATATÍMICA: A deformação do objeto tem origem em um afeto


intenso, relacionado a desejo ou a temor.
Um exemplo seria o de um indivíduo apaixonado falsamente reconhecer a pessoa
amada nos diversos estranhos com os quais cruza rapidamente andando pela rua. Um
outro seria o de, à noite, passando por um lugar sabidamente perigoso, confundir-se
uma árvore com a figura de um assaltante.
Ilusão onírica: Está relacionada a um quadro de rebaixamento do nível de
consciência. As ilusões são predominantemente visuais e se associam, com
frequência, a fenômenos alucinatórios.

Pode acontecer, por exemplo, de um paciente internado em uma unidade


de tratamento intensivo, ao olhar para um médico que se aproxima, veja no
pescoço deste uma cobra, quando na verdade trata-se de um estetoscópio.
PAREIDOLIA: O termo pareidolia, vem do grego, isto é, para (ao lado)
eidos (que significa um). Esse fenômeno consiste numa imagem
(fantástica e extrojetada) criada intencionalmente a partir de
percepções reais de elementos sensoriais incompletos ou imprecisos.

Por exemplo: ver figuras humanas, cenas, animais, objetos etc., em


nuvens, em manchas ou relevos de paredes, no fogo, na Lua etc.; ou
“ouvir” sons musicais com base em ruídos monótonos. Nesses casos, o
objeto real passa para um segundo plano.

OBS: A pareidolia não é patológica (Não é uma doença mental): Ela ocorre sempre em
pessoas normais. Trata-se de um fenômeno bastante relacionado à atividade
imaginativa.
Apesar de a pareidolia ser incluída por diversos autores, como Carl Jaspers
(1987), entre as formas de ilusão. Ela irá diferenciar - se desta (Da Ilusão)
pelo fato de que nela (Isto é, na pareidolia) o indivíduo está todo o tempo
consciente da irrealidade (Incoerência) da imagem e de sua influência
sobre esta.
ALUCINAÇÃO: O termo alucinação tem origem no latim, alucinare, que
significa dementado, enlouquecido, privado da razão. A alucinação,
descrita pela primeira vez por Esquirol, é classicamente definida como
“percepção sem objeto” (Ball), ou como uma percepção na ausência
dos estímulos externos correspondentes.
A MEMÓRIA
NOTA INTRODUTÓRIA

Na perspectiva ideologica dos antigos gregos, a palavra Memória


remetia – nos a uma entidade sobrenatural, chamada deusa
Mnemosyne, esta uma vez encarnada no ser humano (Poetas)
dava – lhes o poder de voltar ao passado. Com a finalidade de
rebuscar ou vizitar as informações anteriores. Essas informações
armazenadas anteriormente, dizem respeito às nossas
experiências perceptivas e motoras, assim como às vivências
internas (nossos pensamentos e emoções).
O QUE É MEMÓRIA ?
A memória é compreendida em diversos campos da Psicologia como: um
local de armazenamento em que as informações ficam guardadas e, quando
há necessidade são utilizadas de forma quase literal.
É a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações disponíveis,
seja de forma interna isto é no cérebro e seja de forma externa isto é de
modo artificial.
É um processo cognitivo da personalidade que confere ao ser humano a
capacidade de adquirir (isto é fixar), conservar, restituir ou evocar (fazer
vir à luz) informações anteriormente adquiridas.
ETAPAS DO PROCESSO MNÊMICO
FIXAÇÃO: Refere-se à aquisição de novas informações. A fixação depende
da preservação do nível da consciência (vigilância), da atenção
(especialmente da tenacidade), da sensopercepção e da capacidade de
apreensão (apercepção).
Fixam-se mais facilmente as informações que despertam o nosso interesse
e possuem uma maior conotação emocional, as que têm um caráter de
novidade, as que podem ser associadas às informações anteriormente
adquiridas, e as que envolvem ao mesmo tempo, mais de um canal
sensorial.
TERMO CRIADO POR WERNICKE,
CONSERVAÇÃO: Refere-se à manutenção das informações que foram
anteriormente fixadas. As informações conservadas vão, através do tempo,
sofrendo um processo lento de desintegração. De acordo com esta, a perda
das informações armazenadas se faz, das mais recentes para as mais
antigas, das mais complexas para as mais simples, e das menos organizadas
para as mais organizadas.
EVOCAÇÃO: Corresponde ao retorno espontâneo ou voluntário da
consciência sobre as informações armazenadas.

Assim como a percepção não é uma fotocópia fiel do mundo externo, a


evocação também nunca é idêntica à imagem perceptiva fixada: cada vez que
evocamos estamos reconstruindo sempre com alterações, a imagem
armazenada.

Dentro da evocação, existiria uma etapa extra do processo mnêmico: a do


reconhecimento como pretérito. Esta consiste na identificação da imagem
evocada como algo do passado, já vivenciado anteriormente, e não do
presente.
CLASSIFICAÇÃO DAS MEMÓRIAS
As memórias podem ser divididas da seguinte forma:

• Memória Sensorial (Ou Icônica, Ou Imediata)


• Memória De Curto Prazo (Ou Recente)
• Memória De Longo Prazo (Ou Remota)
MEMÓRIA SENSORIAL: A memória sensorial dura menos de um segundo. Permanece
ativa apenas o tempo necessário para se dar a percepção. É muito frágil e possui uma
capacidade muitíssimo limitada. É mais propriamente uma função da atenção do que da
memória.
MEMÓRIA DE CURTO PRAZO: Possui uma capacidade de
armazenamento limitada e dura de segundos a minutos.

• A memória de trabalho (ou operacional): Esta corresponde à memória de


curto prazo, ou seja estão relacionadas, de forma directa. Refere-se ao
armazenamento temporário de informações para a realização de tarefas
cognitivas.

A memória de trabalho é essencial tanto para a fixação como para a evocação.


Ela é necessária para actividades cognitivas como a compreensão, o
raciocínio, a tomada de decisões e o planejamento da ação.
MEMÓRIA DE LONGO PRAZO
O processo que converte as memórias de curto prazo em memórias de
longo prazo chama - se consolidação. Facilitada pela repetição da
informação, ela necessita de 5 a 10 minutos para que ocorra minimamente e
de pelo menos 60 minutos para que ocorra de forma plena.

A memória de longo prazo representa o armazenamento permanente de


informações. Informações que foram fixadas há alguns minutos poderão ser
evocadas por anos ou até por toda a vida. A capacidade de armazenamento
da memória de longo prazo é enorme, bem maior do que a da memória de
curto prazo.
A memória de longo prazo pode ser dividida em:

MEMÓRIA EXPLÍCITA: Representam informações sobre o que é o


mundo, estas informações, são acessíveis à consciência, podem ser evocadas
voluntariamente, e podem ser expressas em palavras.

A memória explícita subdivide - se em memória Episódica e Memória


Semântica.
MEMÓRIA EPISÓDICA: Esta refere - se aos eventos autobiográficos, as
vivências pessoais do indivíduo, aquelas que estão vinculadas a um
determinado local ou uma ocasião. Por exemplo: “Ontem fui ao cinema
com minha namorada”.

MEMÓRIA SEMÂNTICA: Refere - se aos conhecimentos factuais,


aqueles que podem ser compartilhados, com as outras pessoas. Por
exemplo: “A Segunda Guerra Mundial começou em 1939”.
MEMÓRIA IMPLÍCITA: Refere - se ao aprendizado sobre como fazer
as coisas. Ela expressa - se na melhoria do desempenho em uma
determinada atividade, que se dá em função de experiências prévias.

• MEMÓRIA DE PROCEDIMENTO: Refere - se as práticas e


habilidades motoras (tais como: andar de bicicleta, amarrar o sapato,
tocar piano, escrever), perceptivas (tais como: montar quebra-
cabeças, descobrir a solução de problema, ler) e cognitivas (tais
como: usar e compreender regras gramaticais).
A LINGUAGEM
Comunicar é um acto fundamental para a espécie humana. Os seres
humanos para comunicarem entre si, isto é; para trocarem informações,
utilizam diferentes meios, tais como: sinais visuais, auditivos e gestuais -,
mas o instrumento por excelência da comunicação é a linguagem verbal,
aquela que pode ser: falada ou escrita.

Toda comunicação implica o uso de uma linguagem. Esta pode ser


compreendida como:
Um sistema arbitrário de signos fonéticos e gráficos, que funcionam como
um processo intermediário, entre o pensamento e o mundo externo.

É um conjunto de processos que permitem a comunicação entre as


pessoas. (Pinto, J. & Lopes, M. 2014)

Designa a capacidade que é doptada à todo ser humano para aprender e


utilizar um ou vários sistemas de signos verbais, para poder se comumicar
com os seus semelhantes. (Doron & Parot 2001).

Designa qualquer sistema, ou um conjunto de sinais convencionais, que


podem ser fonéticos ou visuais, que servem para expressar sentimentos e
pensamentos. (Dicionário Normativo de Língua Portuguesa).
A línguagem, por meio da fala humana, ela será responsável por permitir
ao homem exprimir as suas ideias sobre a sua natureza interna e em
simultaneo sobre a sua realidade exterior.

Esta linguagem é única e exclusiva do homem, por causa da sua


consciência racional. Manifesta – se no sujeito, por meio da
aprendizagem.

Como o homem começou a falar ?


Como o homem começou a balbucear ? E quem o
ensinou ?
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

• Comunicação social:
• Expressão de vivências internas (pensamentos, sentimentos)
• Organização da experiência sensorial e dos processos mentais:
• Tradução dos estímulos externos:
• Indicação e descrição das coisas:
• Transmissão de conhecimentos e a regulação da conduta.
CARACTERÍSTICAS

A linguagem é uma forma de comunicação especificamente humana. Os


animais inferiores apresentam formas de comunicação extremamente
estereotipadas. Mesmo outros primatas possuem uma capacidade muito
limitada para o aprendizado da linguagem humana.

Por meio da linguagem, podemos abstrair e generalizar os elementos da


realidade. A linguagem se exterioriza por meio da fala (e da escrita), a
qual representa um fenômeno psicomotor.
PROSÓDIA: Está constituída pela musicalidade, pela entonação e
pelas inflexões da fala, bem como da gesticulação.

Alterações da linguagem : Não faz parte da psicopatologia o estudo


dos distúrbios restritos ao aparelho fonador, isto é, as perturbações no
processo mecânico da fala. Estas não interferem na compreensão da
linguagem e, principalmente, podem ocorrer na ausência de um
transtorno mental.
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA LÍNGUAGEM
AFASIA: O termo afasia é utilizado com frequência de forma
intercambiável para se referir a “uma perda ou a uma
dificuldade quanto à linguagem”.

Uma afasia também pode ser vista como um distúrbio adquirido


por meio da capacidade linguística, afectando a compreensão ou
a expressão (sonora). Estas podem ocorrer na ausência do
déficit auditivo ou de incapacidade motora do órgão fonador.
CLASSIFICAÇÃO DAS AFASIAS
AFASIA MOTORA: Nela os pacientes conseguem utilizar os
músculos fonadores para outros fins, excepto para a fala.

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


AFASIA SENSORIAL: Nesta classificação, observa – se que o
sujeito perde a capacidade de compreender a linguagem, e a
audição, deste modo estas não estão prejudicadas. Porém, o
paciente tem a dificuldade em compreender a própria fala.

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


AFASIA DE CONDUÇÃO: Nesta afasia existe fluência, assim
a compreensão da linguagem é normal. Mas a capacidade de
repetição e a de nomeação os objectos estão comprometidas.

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


AFASIA GLOBAL: Na afasia global a expressão (a fala), a
compreensão e a repetição estão comprometidas.

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


AFASIA TRANSCORTICAL: A sua principal característica é a
preservação da capacidade de repetição. Assim tratar – se – à de
uma afasia não fluente, podendo estar a capacidade de
compreensão comprometida ou não.

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


AFASIA ANÔMICA: Nela o paciente possui dificuldades em
nomear objetos.

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


O PENSAMENTO
PARA COMEÇO DE CONVERSA:

A vossa (sua) existência é real ?

E se for real, qual é a evidência que comprova que a vossa (sua)


existência é real ?

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


“Dubito ergo, cogito ergo sum”
(Duvido penso, penso logo existo)

René Descartes

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


CONCEITO DE PENSAMENTO

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


A palavra vem do verbo latino pendere, que significa ficar
Pensar
SUSPENSO, EXAMINAR, PESAR ou PONDERAR. Nesste sentido, o pensar
está intimamente relacionado com a antecipação dos
acontecimentos.

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


Na perspectiva ideologica de Nobre de Melo (1981), os atributos
fundamentais que sustentam o pensamento humano são:

• A compreensão intelectual (Isto é a percepção):


• A imaginação: (Capacidade para pensar além da realidade)
• Associação de representações: (Harmonização das
representações)
• As ideias. (Pensamentos ou juizos de valor)
ATIVIDADES FUNDAMENTAIS DO
PENSAMENTO

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


O conceito: Faz referência as qualidades mais gerais ou
essenciais de um objeto. Está relacionado a abstração (Isto é a
separação da partes) e generalização (A compreensão das partes).

Exemplo: As palavras céu e azul são conceitos.

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


O juízo: Estabelece uma relação entre dois ou mais conceitos.
Consiste no ato da consciência humana afirmar ou negar (de
modo racional) a existência de uma qualidade em um
determinado objeto.

Por exemplo: “O céu é azul”.

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


Raciocínio: Representa uma operação mental que relaciona os
juízos, fazendo nascer, conclusões novas.

Por exemplo:

“Todo homem é mortal”.


“Sócrates é um homem”.
Portanto “Sócrates é mortal”.
Para Doron & Parot, (Dicionário de Psicologia) o Pensamento
compreende a quatro actividades fundamentais:

• Conceber: Formar uma ideia, desenvolver um pensamento ou


perceber.
• Julgar: Avaliar, formar uma opinião sobre ou tomar uma decisão.
• Raciocinar: Chegar a uma conclusão, ou usar a razão para
compreender.
• Ordenar: Dispor em seguência lógica, organizar, arrumar ou
armazenar.
MODALIDADES DO PENSAMENTO

1º ano, Introdução à Psicologia, 2023


O pensamento lógico - formal é constituído por três princípios básicos:

1. Princípio da identidade ou da não contradição:


• se A é A e B é B, logo A não pode ser B.
2. Princípio da causalidade:
• se A é causa de B, então B não pode ser ao mesmo tempo causa de
A.
3. Princípio da relação da parte com o todo:
• se A é parte de B, então B não pode ser parte de A.
Fim…
Desejo à todos um “Feliz Natal” !
Que Deus abençoe poderosamente a si e a sua família.
Você é o meu sonho, tu és especial.

Você também pode gostar