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UNEAL / CAMPUS III

DISCIPLINA: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


PERÍODO 2022.1

PROFESSOR: FRANCISCO MÁRIO DE A. E. DOS SANTOS


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01 – INTRODUÇÃO

PSICOLOGIA

Hoje definimos psicologia como o estudo dos processos mentais e do comportamento humano e suas
relações com o meio físico e social. Mas nem sempre houve consenso sobre essa área do saber.

A psicologia é uma ciência tanto das áreas sociais (ou humanas) quando, por exemplo, faz pesquisas em
Psicologia Social, como também da área das ciências naturais, quando faz experimentos em laboratório sobre
memória, inteligência, percepção, etc. Porém a psicologia, em certos momentos, se afasta da ciência
tradicional “que exige evidências” como por exemplo, quando trata das teorias da personalidade ou da prática
da psicoterapia. A palavra psicologia tem origem grega psykhologuía, termo derivado das palavras psykhé,
"alma", e lógos, "razão", "estudo", “discurso”.

As principais áreas de trabalho de um psicólogo são: Psicologia Clínica, Psicologia Comunitária,


Psicologia do Trabalho, Psicologia Escolar, Psicologia Esportiva, Psicologia Experimental, Psicologia
Hospitalar, Psicologia Jurídica, Psicologia do Trânsito, Neuropsicologia, Sexologia, Psicometria.

Sugestões de vídeos

https://www.youtube.com/watch?v=yCK5MtFDPiQ&t=42s
https://www.youtube.com/watch?v=2APdGYmcStU

A NATUREZA E O HOMEM

O comportamento dos animais irracionais é determinado basicamente pelo código genético e


caracterizado pelos instintos, que não variam entre os indivíduos de cada espécie.

O homem também é um animal integrante da natureza, mas se diferencia de outros animais pela relação
que estabelece com ela. Nesta relação, suas necessidades não se reduzem à satisfação imediata. O ato humano
possui intenção, ultrapassando o “aqui e agora”, sua ação pode se dirigir ao futuro. Além disso, a transmissão
de conhecimentos e experiências ocorre principalmente pela educação e cultura. O homem é um ser social
com sua sobrevivência diretamente vinculada a de outros, não podendo existir isoladamente, uma vez que se
faz homem no grupo e com o grupo social.

Podemos dizer que a “humanidade assinala um nível evolutivo qualitativamente novo (...). As novas
formas de existência social criam também novas formas da psique (...) distintas da psique animal: nasce a
consciência humana” (Rubinstein, s/d, p, 115). É a autoconsciência (consciência da própria existência), de
que se está no mundo.
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Alterando a natureza, o homem altera a si próprio, e produz ideias. É uma mudança qualitativa que
levou ao pensamento racional-filosófico, já que o homem começa a analisar os fatos da natureza como o
nascimento, a morte, as relações sociais e outros aspectos da vida.

Segundo Marilena Chauí (1995), filosofia seria "não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as
ideias, (,,,) os valores, os comportamentos (...) sem antes havê-los investigado e compreendido". O
desenvolvimento do pensamento passa pela atitude de filosofar: responder racionalmente aos problemas. Esse
debruçar sobre o pensamento e o conhecimento faz com que o homem passe a ter como referência ele próprio,
abordando questões humanas subjetivas, como sonhos, memória, percepção, etc. Com a filosofia, enquanto
conhecimento racional e sistemático, nascem também as ideias psicológicas.

O estudo da natureza humana é realizado desde a Antiguidade por pensadores, filósofos e teólogos. Eles
tratavam de questões que hoje ocupam os psicólogos: memória, aprendizagem, motivação, percepção,
atividade onírica, psicopatologias etc, utilizando especulação e generalização. A psicologia desliga-se da
filosofia apenas no século XIX, quando começaram a aplicar os instrumentos que eram bem-sucedidos nas
ciências físicas e biológicas: observação e experimentação controladas para estudar a mente humana. Daí a
psicologia começou a alcançar uma identidade científica que a distinguia de suas raízes filosóficas.

Para que surja uma nova ciência é preciso que haja um objeto de estudo e métodos próprios. Neste
aspecto a psicologia leva desvantagem por sua diversidade teórico-metodológica. É difícil definir exatamente
qual seu principal objeto de estudo: o inconsciente, o comportamento explícito, a subjetividade, os processos
neuropsicológicos, todas estas noções fazem parte do que chamamos fenômeno psicológico.

A SUBJETIVIDADE

A subjetividade refere-se ao que “é válido para um só sujeito e que só a ele pertence, pois integra o
domínio das atividades psíquicas (...) deste sujeito” (“Dicionário Aurélio” on line). É o que é próprio de cada
um, as características psicológicas específicas. É o “mundo interno psíquico” de qualquer pessoa.

A psicologia trata da subjetividade. Para isso foi necessário o homem se perceber ao mesmo tempo
experimentando ideias e sentimentos únicos: isso lhe dá a sensação de possuir uma subjetividade privada.

“(...) todos sentem que parte de suas experiências são íntimas, que mais
ninguém tem acesso a elas. (...) temos a sensação de que aquilo que estamos
vivendo nunca foi vivido antes por ninguém (...) de que o que sentimos e
pensamos é totalmente original e quase incomunicável.” (Figueiredo, 1991)

Foi nos séculos XVI a XVIII, com a ascensão da classe burguesa ao poder na Europa, que a ciência pôde
assumir uma posição de destaque, e a noção de subjetividade privada se instalou.
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A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

No século XVIII, a Revolução Industrial reforçou o poder dos saberes científicos e técnicos, além do
enriquecimento desenfreado da classe burguesa. A euforia diante desses novos saberes levou a uma postura
cientificista: a ciência foi considerada o único conhecimento possível e o estudo da natureza passou a ser o
único válido. O movimento filosófico chamado Iluminismo enfatizava a ideia de progresso: um dia o
desenvolvimento científico seria tanto que a ciência solucionaria todos os problemas humanos e o homem
desfrutaria de felicidade.

NASCIMENTO DA PSICOLOGIA

A psicologia como ciência surgiu na Alemanha, no século XIX, relacionada ao desenvolvimento das
pesquisas em fisiologia. Seus principais representantes (Weber, Fechner, Helmholtz e Wundt) eram médicos
estudiosos da percepção.

Em 1879, na cidade de Leipzig, Alemanha, Wilhelm Wundt ( 1852-1920 ) funda o primeiro laboratório
de psicologia experimental. Surgia a psicologia cientítica.

PARADIGMAS

Paradigmas são as ideias que formam a base de uma disciplina científica e fornecem, por algum tempo,
as perguntas e respostas essenciais aos seus pesquisadores. O estágio mais avançado do desenvolvimento de
uma ciência é alcançado quando ela já não se caracteriza por diferentes sistemas de pensamento, ou seja,
quando a maioria dos cientistas chega a um acordo acerca das questões teóricas e metodológicas. Então os
paradigmas são aceitos pelos adeptos daquela ciência. Dizemos que a ciência possui unificação de paradigmas.

A psicologia ainda não atingiu o estágio paradigmático, nenhum sistema ou ponto de vista individual
conseguiu unificar as diversas teorias. Cada grupo adere à sua própria orientação teórica e metodológica,
abordando o estudo da natureza humana sob enfoques específicos.

As primeiras escolas (sistemas) de pensamento no campo da psicologia foram movimentos de protesto,


até revolucionários, contra a posição dominante. Cada escola assinalou o que considerava as limitações e
falhas do sistema mais antigo e ofereceu novas definições, conceitos e estratégias de pesquisa.
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02 – AS PRINCIPAIS ESCOLAS DE PENSAMENTO EM PSICOLOGIA

02.1 - O BEHAVIORISMO (COMPORTAMENTALISMO)

ANTECEDENTE FILOSÓFICO: O POSITIVISMO

O Positivismo , surgido no século XIX, na França, defende a ideia de que o conhecimento científico é a
única forma de conhecimento verdadeiro. Auguste Comte (1798-1857), principal representante do
positivismo, considerava que um conhecimento só poderia ser chamado científico se pudesse ser reproduzido
em laboratório, sob controle das variáveis. A metodologia positivista (observação e experimentação) deveria
ser também usada no estudo dos fenômenos sociais, segundo os princípios adotados nas Ciências Naturais.
Comte não acreditava que a psicologia deveria ser ciência, pois “não podemos estar à janela e ver-nos passar
pela rua”: o homem não pode ser um sujeito que conhece e um objeto a ser conhecido. Descartou o uso do
conceito de consciência humana como um dado científico.

Os positivistas diziam que o mundo pode ser compreendido objetivamente, desde que o observador
conseguisse se tornar uma pessoa neutra (neutralidade científica), apenas relatar o que está observando, sem
“contaminar” o objeto de estudo com emoções, sentimentos e crenças pessoais.

Sugestão de vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=nevHEUox89w

BEHAVIORISMO

Behaviorismo é uma corrente da psicologia que tem o comportamento como objeto de estudo. A
palavra origina-se de behaviour/behavior (“comportamento”, “conduta”) e se refere a toda ação que se pode
observar ou registrar de algum modo (diretamente ou através de instrumentos). Sofreu grande influência da
filosofia positivista.

O behaviorismo não é uma teoria da personalidade, pois o conceito de personalidade leva em


consideração os aspectos mentais do homem. Os behavioristas aceitam os seguintes princípios:

. os psicólogos devem estudar os estímulos ambientais e o comportamento resultante (respostas);


. a experiência é mais determinante do comportamento do que a hereditariedade;
. a metodologia de trabalho precisa ser objetiva (experimentação, observação);
. os psicólogos tem por objetivo a descrição, a predição e o controle do comportamento;
. as pesquisas behavioristas buscam a neutralidade científica;
. o conceito de consciência é impróprio para uso científico (não deve ser utilizado).
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O fisiologista russo Ivan PAVLOV (1849- 1936) foi o primeiro a propor o conceito conhecido como
reflexo condicionado. Durante um estudo das secreções digestivas dos cães observou que os animais
salivavam a estímulos outros que não eram a comida, tais como os passos e a visão do alimentador. Porém o
americano John WATSON (1878-1958) ficou conhecido como o pai do behaviorismo metodológico,
movimento que dominou a psicologia norte-americana durante anos e que estudava apenas o
comportamento, não levando em consideração os produtos mentais (como pensamentos e emoções).

Os behavioristas consideram a aprendizagem como agente de mudança do comportamento. A


aprendizagem, para a escola behaviorista tradicional, ocorreria através de condicionamentos.

CONDICIONAMENTO RESPONDENTE (ou CLÁSSICO)

Os comportamentos respondentes (reflexos) incluem todas as respostas dos seres humanos e de


outros organismos que são eliciadas (desencadeadas) por estímulos do meio ambiente. Exemplos: as pupilas
contraem ou dilatam em resposta às modificações na iluminação do ambiente; a pele arrepia quando
submetida a um vento frio; um susto faz o indivíduo estremecer; etc. Os comportamentos respondentes são
controlados pelo sistema nervoso autônomo (SNA).

Como ocorrem os CONDICIONAMENTOS RESPONDENTES:

1. Um estímulo incondicionado provoca automaticamente uma resposta incondicionada do


organismo. Exemplo: quando se está faminto, o cheiro de comida provoca salivação nas pessoas e animais.

2. O estímulo neutro é aquele que não produz a mesma resposta que o estímulo incondicionado em
determinada situação. Exemplo: o som de uma campainha não provoca salivação nas pessoas famintas.

3. O estímulo neutro passa a vir emparelhado com o estímulo incondicionado. Ex: suponha que o som
de uma campainha (estímulo neutro) ocorra todos os dias quando uma pessoa vai almoçar.

4. Após o estímulo neutro ter sido associado ao estímulo incondicionado, pode vir a provocar, sozinho,
uma reação semelhante à resposta incondicionada (no exemplo citado, provocar a salivação).

5. Então, dizemos que o estímulo neutro tornou-se um estímulo condicionado, e este passou a eliciar
uma resposta condicionada.

A aprendizagem por condicionamento respondente é, na verdade, uma espécie de aprendizagem muito


primitiva, na qual os comportamentos “aprendidos” são novos reflexos que o organismo “aprende”.
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CONDICIONAMENTO OPERANTE (ou INSTRUMENTAL)

Além de Watson, o behaviorismo teve outro


impulso com B. F. SKINNER (1904-1990), o
criador do behaviorismo radical que, além dos
comportamentos, levava em consideração os
produtos mentais. Skinner, no final dos anos 20 do
século passado, treinava pombos ou ratos privados
de alimento para movimentar uma barra. Cada vez
que o animal faminto realizava o ato esperado,
uma pá com alimento era despejada em sua tigela
de comida. Skinner presumia que o estudo das
respostas de animais num ambiente livre de
perturbações (Gaiola de Skinner) era a maneira
eficaz de determinar as leis da aprendizagem
operante.
O comportamento operante (voluntário) abrange uma quantidade maior de atividades humanas -
desde o balbuciar do bebê até as mais complicadas habilidades do adulto. Os comportamentos operantes
agem sobre o mundo, e são sempre iniciados pela pessoa ou animal. Quando se apanha um lápis, quando se
faz sinal para que o ônibus pare, quando se fala ao empregado - e mais, como cantar, dançar, tomar cerveja,
fofocar, e em milhares de outros atos da vida cotidiana, estamos exemplificando o comportamento operante.

O condicionamento operante ocorre sempre que as consequências resultantes de uma ação aumentam
ou diminuem a probabilidade de que essa ação seja realizada em situação semelhante. Se uma ação for
acompanhada de resultados agradáveis para o sujeito que a executou, esta ação tem probabilidade de ser
executada mais vezes em condições semelhantes. Exemplo: a criança recebe um presente (reforço) do pai
por ter tirado boas notas na escola. Daí a criança vai se esforçar para continuar obtendo notas altas.

REFORÇOS E PUNIÇÃO

Os reforços positivos são estímulos que, quando apresentados, fortalecem o comportamento que os
precede. Como exemplo, temos presentes que uma criança recebe por ter se comportado bem. Isto fará com
que ela se esforce para repetir seu bom desempenho. Um reforço pode ser também um elogio, um sinal de
aprovação. Ou pode ser uma permissão, como poder usar o carro para ir a uma festa depois que a louça
estiver lavada, ou ter uma folga depois de uma hora de estudo.

Há também reforços negativos. Alguns estímulos fortalecem a resposta quando são removidos. Por
exemplo, quando um operário tira o sapato porque está com pedrinhas dentro ou usa o protetor auricular para
eliminar um ruído muito forte - nesses casos, o que o reforça é ficar livre de uma estimulação desagradável.
O reforço negativo é algo que se elimina para que determinado sujeito continue a executar certa tarefa.
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A punição difere do reforço negativo. Na punição, a apresentação de um estímulo aversivo


(desagradável) faz com que a resposta diminua de frequência. Aplica-se uma punição para que o sujeito
deixe de realizar certa ação.

Muitos comportamentos já foram eliminados através da punição. No campo religioso, são conhecidas
as ameaças da “ira e castigo divinos” aos “pecadores”. Neste caso, teríamos um agente punitivo (Deus) “que
tudo vê e tudo sabe”. Porém, o uso de punições é desaconselhado pelos behavioristas. Em primeiro lugar,
porque o comportamento volta à frequência inicial na ausência do agente punitivo. Em segundo lugar, o
indivíduo associa o estímulo punitivo a outros estímulos que acontecem simultaneamente. Exemplo: se uma
criança é diariamente espancada em seu quarto, desenvolverá aversão ao local, sob a forma de medo ou ódio.

BEHAVIORISMO E EDUCAÇÃO

Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo contrário às punições. Tentou demonstrar que,
mediante ameaças e castigos, se conseguem resultados muito mais baixos e com efeitos secundários muito
piores do que com reforços positivos. Daí houve mudanças nas escolas para eliminar punições, e também
para evitar expor o aluno ao ridículo, repreensão, crítica, lição de casa adicional e retirada de privilégios.

O behaviorismo está presente na educação tecnicista, cuja proposta consiste em: planejamento e
organização racional da atividade pedagógica; operacionalização dos objetivos; especialização das funções;
ensino por computador, tele-ensino, tentando tornar a aprendizagem mais objetiva.

Muito da tecnologia educacional moderna se baseia nos pressupostos behavioristas, assim como
muitos softwares "educativos”' nada mais são que atividades baseadas em reforços positivos.

Skinner é um dos psicólogos mais importantes da história, concordando-se com ele ou não. Entre os
anos 40 e 60, o behaviorismo teve grande influência e dominou a psicologia. Surgiram aplicações não só no
ensino, mas também na psicologia clínica, como a terapia comportamental.

Behaviorismo: Sugestões de vídeos


https://www.youtube.com/watch?v=ipHFpXAgjiA
https://www.youtube.com/watch?v=bdhhpZHbtrQ
https://www.youtube.com/watch?v=8EvbMC7Shrc
https://www.youtube.com/watch?v=L5jDggrzxDI
https://www.youtube.com/watch?v=UkrlNh90BFg&t=350s

Sugestão de filme: Laranja Mecânica (A Clockwork Orange)


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02.2 - A PSICOLOGIA DA GESTALT

ANTECEDENTE FILOSÓFICO: A FENOMENOLOGIA

Desenvolvido pelo filósofo e matemático Edmund HUSSERL (1859-1938), este movimento


filosófico surgiu como crítica ao positivismo. A fenomenologia afirma que não existem fatos observados
com a objetividade desejada pelos positivistas (a neutralidade científica seria um mito), e os positivistas
dependiam muito dos órgãos dos sentidos (que são falhos) para investigar o mundo. Porém o mundo é
preenchido por significados pessoais: é um mundo para mim, e um objeto do mundo só pode ser definido
em sua relação com uma consciência, ele é sempre objeto-para-um-sujeito. As coisas não podem ser
compreendidas, apenas seus significados para uma determinada consciência. É a consciência humana que
atribui sentido às coisas. E um fenômeno é “algo que se destaca diante de uma consciência”. Assim, o
interesse da fenomenologia é o modo como o conhecimento do mundo se realiza para cada pessoa. A
realidade é construída por cada um de nós.

Então Husserl destaca a importância de um modo investigativo-filosófico para a realização da


redução fenomenológica que consiste em pôr "entre parênteses" o mundo diante da apreensão do
fenômeno (objeto diante da consciência). Isso significa deixar temporariamente de lado todos os
preconceitos, teorias, definições, etc., que nós utilizamos para dar sentido às coisas. Dessa forma
ele pretendia captar a essência “das coisas em si mesmas”, isto é, o fenômeno em sua “pureza”, sua
“originalidade”, sem se basear em definições prévias que enquadrariam em categorias o fenômeno
percebido.

Sugestão de vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=pEf1YX6CiIE&t=35s

A PSICOLOGIA DA GESTALT

A Gestalt (palavra que pode ser entendida como “forma” ou “configuração”) surgiu no início do século
XX (Áustria e Alemanha), desenvolvida principalmente por Max Wertheimer (1880-1943). Tem raízes
filosóficas na Fenomenologia. Opõe-se ao behaviorismo.

Wertheimer (1912) realizou um experimento sobre a percepção do movimento (movimento


aparente). Essa percepção não dependeria dos estímulos isolados, e sim das características relacionadas à
organização perceptiva. Desse modo, os gestaltistas criticaram os behavioristas, afirmando a não
confiabilidade dos órgãos dos sentidos para a identificação/avaliação dos estímulos ambientais. Podemos nos
confundir sobre o que percebemos pois nossos sentidos são incapazes de captar o mundo exatamente como
ele é; apenas podemos interpretar o mundo tal como ele se parece para nós (influência da fenomenologia).

A análise das partes não proporciona uma compreensão do todo, uma vez que o todo é definido pelas
interações e interdependências de suas partes. Portanto, o comportamento e a mente humana não devem
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ser estudados separadamente. Os elementos ativos num dado momento interagem entre si; elementos
semelhantes ou próximos tendem a se combinar. Cada elemento depende da estrutura a que pertence. Se
ouvirmos uma melodia não percebemos as notas isoladas: por isso podemos reconhecê-la em outro tom.

Na foto ao lado percebemos que o círculo


central de cada imagem é maior na imagem da
esquerda do que na imagem da direita. Isso
ocorre porque percebemos os “todos”, e não
observamos os elementos isolados da figura.

Os círculos centrais possuem o mesmo


tamanho, mas o da esquerda pertence a uma
imagem com elementos menores do que ele, que
destacam o seu tamanho, inversamente com o
que acontece na figura da direita.

Um dos princípios da Gestalt é a lei do fechamento: elementos que aparentam se completar são
interpretados como um objeto completo. O cérebro tem a tendência a concluir formas que parecem
inacabadas ou abertas. devido a padrões sensoriais e espaciais que temos na mente (ver fotos abaixo).

No triângulo de Kaniza tendemos a perceber um triângulo


branco sobreposto à figura, como uma figura completa e fechada,
embora ele só seja sugerido por falhas nas demais formas que
compõem a figura.

Assim, a percepção não é uma impressão passiva, mas sim uma organização ativa dos elementos de
modo a formar uma experiência coerente.
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O estudo da percepção é importante, pois o comportamento das pessoas baseia-se na interpretação da


realidade e não na realidade em si. Percebemos um objeto ou uma situação a partir dos elementos que
damos mais importância.

Relação figura/fundo: Tendemos a


organizar percepções no objeto observado (a
figura) e no plano contra o qual ele se destaca
(o fundo). A figura parece destacar-se do seu
fundo. No desenho ao lado, figura e fundo são
reversíveis, a depender da maneira como
organizamos nossa percepção.

Principalmente nos anos 20, 30 e 40 do século XX a Gestalt foi aplicada ao estudo da aprendizagem,
motivação, psicologia social, psicologia empresarial, psicologia da personalidade.

A psicologia da Gestalt destaca a importância da percepção no processo de aprendizagem.


Para os gestaltistas, aprender é mais do que perceber as partes constituintes de um todo. O importante é
entender as interações entre os elementos a fim de formar uma totalidade significativa. A aprendizagem é
explicada como um insight, uma “revelação”, uma compreensão repentina da relação das partes em um
todo, uma organização súbita do campo perceptivo a fim de configurar uma totalidade, e seria um
meio importante para a resolução de problemas.

As leis da aprendizagem da Gestalt explicam os tipos mais complexos e superiores de aprendizagem:


de representações, de conceitos, de princípios, de solução de problemas. Além disso, supõe o predomínio da
automotivação, da aprendizagem desejada, autoiniciada, apoiada por um interesse de resolver problemas.

PSICOLOGIA DA GESTALT E PERSONALIDADE

Fritz PERLS (1893-1971) foi o responsável pela ampliação da teoria da Gestalt para a psicoterapia.
Considerava o homem como um sistema em constante busca de equilíbrio e autorregulação em sua relação
com o meio. Não há cisão entre mente e corpo, sujeito e objeto, organismo e meio.

Qualquer comportamento de um indivíduo é considerado como uma manifestação do ser total da


pessoa. Na psicoterapia, o que o paciente faz ou como ele se movimenta, fala, etc, fornece tanta informação a
seu respeito quanto o que ele pensa ou diz.

O contato com o ambiente configura uma gestalt (configuração específica) e afastar-se representa seu
fechamento (podemos falar de um contato com uma situação problemática e a resolução desta situação –
fechamento da gestalt). No indivíduo saudável esse contato é fluido, permitindo aproximação e afastamento.
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No neurótico o contato e o afastamento são perturbados, e ele se encontra diante de configurações inacabadas
(nem plenamente formadas nem plenamente fechadas). Neuróticos não vivem no “aqui e agora”, pois
carregam situações inacabadas do passado (gestalts abertas). Sua atenção é, em grande parte, absorvida por
essas situações e eles não têm nem consciência nem energia para lidar plenamente com o momento presente.
A neurose acaba causando uma distorção na existência do indivíduo enquanto organismo unificado.

Como sinais das situações inacabadas aparecem no presente, a Gestalt-terapia não investiga o passado
do paciente em busca de conflitos, mas convida-o a se concentrar para tornar-se consciente de sua
experiência presente, pois os fragmentos de situações passadas surgirão como parte desta experiência.

Podemos escolher a maneira de nos relacionarmos com o meio: sermos auto-apoiados e auto-regulados
(devido às nossas próprias capacidades) ou buscarmos sempre apoios externos.

A Gestalt-Terapia é usada na terapia individual, de grupos, familiar, de casais, infantil e em empresas.

Sugestões de filmes:
A Liberdade é Azul (Trois Couleurs: Bleu)

02.3 - A PSICANÁLISE

Sigmund Freud (1856-1939), austríaco de origem judaica, neurologista e criador da psicanálise, foi um
dos teóricos mais influentes no pensamento ocidental no século XX, afetando o modo como o homem passou
a se enxergar. Sua teoria começou a ser elaborada por causa de suas observações com pacientes histéricas
que procuravam tratamento.

O INCONSCIENTE

O consciente é somente uma pequena parte da mente, incluindo o que estamos cientes em um dado
momento. Os fatos que podemos lembrar com facilidade e os fatos que não recordamos mas, se
recordássemos não produziriam traumas, estariam no pré-consciente, uma região psíquica que funcionaria
como um arquivo simplesmente porque nosso consciente não suportaria lidar com o excesso de informações
de toda uma vida.

O interesse de Freud era grande com relação aos processos mentais que não eram percebidos
conscientemente, agiam de forma oculta, mas determinavam o rumo de nossas ações e destinos. Ele
denominou essas ações mentais como o Inconsciente, a grande parcela da vida mental que contêm impulsos
primitivos e poderosos (sexuais e agressivos) e que, apesar de atuarem de modo silencioso, exercem uma
influência fundamental sobre nossos comportamentos do dia-a-dia. Muitas de nossas escolhas, que
acreditamos serem livres, na verdade estariam subordinadas aos desejos inconscientes.
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No inconsciente há também material excluído da consciência e recalcado. São lembranças que não
poderiam ser rememoradas sem provocar uma dor psíquica demasiadamente grande. Os conteúdos
recalcados do inconsciente se manifestam apenas de forma disfarçada, bastante deformada, nos sonhos,
sintomas psicopatológicos e nos chamados atos falhos.

SEXUALIDADE INFANTIL

Na época em que Freud iniciou seus estudos sobre a sexualidade infantil, as pessoas aceitavam (ou
fingiam aceitar) o fato de que os desejos sexuais iniciavam apenas na puberdade. Admitir que uma criança
busca prazer sexual era impensável para a época. Mais difícil ainda era aceitar que as fantasias sexuais
infantis estivessem relacionadas aos pais da criança, na maioria das vezes.

Desde que nascemos possuímos uma energia de natureza erótica (libido) percorrendo todas as partes
do nosso corpo e concentrando-se em determinadas regiões – as zonas erógenas – a depender da fase do
desenvolvimento em que estamos.

Para Freud, a sexualidade desperta logo após o nascimento, e se desenvolve ao longo da vida. A
criança busca prazeres que as zonas erógenas poderiam proporcionar. Os chamados “primeiros objetos de
amor infantis” costumam ser os pais da criança (principalmente a mãe, pois é ela quem geralmente dedica-se
aos cuidados com o recém-nascido) ou cuidadores substitutos. Então, é com essas primeiras figuras
significativas (pois o bebê precisa delas para sobreviver), que uma criança passa a exercitar seus intensos
sentimentos de amor, ódio, gratidão, ciúme, inveja, etc, como também serão essas pessoas que ativam a
sensibilidade das zonas erógenas do infante, através de carícias, atos de higiene e castigos físicos. Podemos
dizer que é a figura materna quem introduz a criança no mundo da sexualidade. E a criança também
desenvolverá sentimentos intensos e ambivalentes pelas pessoas do círculo familiar ao qual se liga.

FALO: aquela parte que foi perdida durante o nascimento e que poderia devolver à criança a
integridade psicofísica, restaurando-lhe a totalidade que possuía no útero de sua mãe. Durante a infância, o
pênis adquire um valor mágico de poder cujo simbolismo se encontra em muitos mitos e lendas. Na verdade,
o pênis torna-se o principal representante fálico. Mas por que o órgão genital masculino adquire este valor
tão importante? Para a psicanálise é porque o pênis proporciona ao menino um grande prazer quando é
manuseado e também por causa da constatação das diferenças sexuais biológicas (órgãos genitais diferentes
no menino e na menina).

A superação das ligações intensas e primitivas da criança com seus pais determinará a futura saúde
mental do indivíduo, bem como suas patologias. A depender da relação que os pais estabeleçam com seu
filho (rejeição, superproteção, indiferença, amor, estímulo à independência, etc) uma pessoa terá melhores ou
piores possibilidades de transferir seus desejos eróticos e amorosos para outras pessoas (esposa, amigos). Se
o relacionamento pais-criança é doentio, esta terá sérias dificuldades em estabelecer relações amorosas na
vida adulta, pois estará presa ao seu passado e se relacionará com as pessoas de modo semelhante àquele
pelo qual se relacionara com seus familiares.

Para que a evolução psicossexual de uma criança transcorra sem grandes anomalias é indispensável
que a organização familiar seja bem construída, caso contrário a criança receberá uma sobrecarga de
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estímulos afetivos. Esta sobrecarga pode ocorrer naqueles casos em que um dos genitores – ou ambos – não
esteja se realizando eroticamente ou afetivamente com seu parceiro (mães frustradas, infelizes, pais
solitários, genitores com tendência pedófila) e utilizem o filho como alvo compensatório para suas
insatisfações. Distúrbios mentais (inibições afetivo-sexuais futuras, hipersexualidade, transtornos histéricos,
etc) e psicossomáticos instalam-se na criança e prejudicarão seus relacionamentos futuros.

Para a psicanálise, a sexualidade não é somente mais um atributo humano, pois ela toma parte
ativamente na organização global da personalidade de um indivíduo. Portanto, o adulto saudável seria aquele
que conseguiu uma evolução psicossexual satisfatória. Para isso acontecer é imprescindível que os pais
facilitem a evolução infantil, que segue desde um narcisismo indiferenciado (antes da construção de uma
identidade) até uma independência e autonomia consideráveis.

O SUPEREGO

Superego é o aspecto da personalidade originado pela incorporação dos padrões morais, éticos e das
proibições de nossos familiares e, consequentemente, do grupo social em que se vive. É o que costumamos
chamar de consciência moral. Antes do surgimento do superego, o que freava nossa conduta era a
repreensão dos pais e o temor de perder seu amor e proteção. Na medida em que as proibições são absorvidas
pela criança (entre 4 e 6 anos de idade, aproximadamente), o superego surge como censura interna, que
contribui para nosso bem-estar mas também pode nos castigar com violentos sentimentos de culpa.

O superego também possui a função de produzir modelos idealizados de conduta. Quando realizamos
alguma ação que nosso superego aprova, somos premiados com uma elevação da autoestima. Ao contrário,
quando executamos um ato condenável, somos castigados com remorsos e diminuição da autoestima.

PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO

Para Freud, a educação se define como uma ação repressiva e necessária do adulto sobre a criança , na
passagem da busca infantil pelo prazer à aceitação da realidade, ou seja, do desejo bruto ao
desejo integrado a uma sociedade com regras. A educação começa impedindo a livre expressão de certos
impulsos. A função repressiva da educação se constituiria numa prática pela qual as crianças renunciariam ao
imediatismo do prazer, substituindo-o pela obediência à realidade. Não seria uma extinção da busca pelo
prazer, e sim um caminho até uma autorregulação (daí se explica a interferência do superego).

Estudiosos da Educação extraíram da obra de Freud conceitos muito úteis para a compreensão da
relação entre professores e alunos. O mecanismo da IDENTIFICAÇÃO é um fenômeno importante no
ambiente escolar. Professores cumprem, sem saber, os papéis de “pais substitutos” de crianças e
adolescentes, pois estes estão construindo uma identidade própria e assimilam, em maior ou menor grau,
comportamentos, atitudes e valores dos “modelos identificatórios”. Daí a grande responsabilidade dos
docentes em transmitir aos seus alunos um modelo de conduta saudável, humano e ético.

Porém o conceito mais valioso para a compreensão das relações professor-aluno é o de


TRANSFERÊNCIA, na qual o estudante transfere para seu professor as situações emocionais mal
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resolvidas com seus primeiros objetos de amor, ódio e desejo, podendo (re)criar na escola um quadro
perverso e doentio, semelhante ao ocorrido em seu lar. Os professores ocupam o papel sócio-culturalmente
“oficializado” de “pais substitutos”, e sobre estes os alunos descarregarão seus sentimentos e frustrações.

A dinâmica transferencial permite, assim, certas relações (que podem ir desde um amor apaixonado até
um desprezo e ódio cruéis) não claramente perceptíveis, mas tão profundas ao ponto de facilitar ou não o
processo de aprendizagem. Dessa forma, o conteúdo a ser ensinado deixa de ser o centro do processo
pedagógico e a figura do professor e sua significação para o aluno passam a ser o objeto de atenção. Se um
aluno não se sente à vontade com um professor, não consegue assumir seu papel de aprendiz, terá
dificuldades na compreensão dos conteúdos ministrados por esse professor.

Por sua vez, o professor também transfere suas situações mal resolvidas para seus alunos: é a
contratransferência. As influências dos alunos sobre os conflitos inconscientes do professor são frequentes
e resultam em várias reações por parte de quem ensina. Um professor, por mais que tente ser um indivíduo
“neutro”, pode desenvolver maior afinidade por determinado aluno, ouvir com maior vontade seus
questionamentos, estimular seu desenvolvimento ao passo que, com outro aluno, pode desenvolver uma
relação de distanciamento, não envolvimento e desprezo.

Conhecer-se melhor ainda é uma boa escolha para que os professores possam entender a dinâmica
transferencial na qual estão envolvidos e utilizá-la favoravelmente no desempenho de suas funções. Quanto
mais um professor buscar se reconhecer como professor no processo pedagógico, mais facilmente ele
poderá lidar com as manifestações transferenciais e contratransferenciais.

Porém, se um professor é mal resolvido psicologicamente e embarcar em um jogo de paixões violentas


de amor e ódio com seus alunos, mais provável será o fracasso de qualquer boa intenção pedagógica inicial.
Os professores possuidores de uma autoestima muito baixa, bem como aqueles que possuem fantasias de
onipotência tentarão colocar-se como “o centro das atenções” diante dos alunos, atraindo para si próprio (em
vez de atrair para o conhecimento transmitido) toda a gama de emoções nem sempre saudáveis de seus
aprendizes, e condenarão ao desastre qualquer tentativa honesta de exercício de suas reais funções.

Psicanálise: Sugestão de vídeos


https://www.youtube.com/watch?v=UTALYMTP6BE
https://www.youtube.com/watch?v=Rxiypw2xuiY
https://www.youtube.com/watch?v=iMiizJ1YkQA
https://www.youtube.com/watch?v=WAYllJN4SA8

Sugestões de filmes:
Freud, Além da Alma (Freud)
Meu Filho Para Mim (Mon Fils à Moi)
Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need to Talk About Kevin)
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02.4 - A PSICOLOGIA HUMANISTA (A “TERCEIRA FORÇA”)

ANTECEDENTES FILOSÓFICOS

As psicologias humanistas, cujo maior representante foi o norte-americano Carl Rogers, queriam
substituir o behaviorismo e a psicanálise, as duas principais forças da psicologia na época.

As psicologias humanistas possuem como influências filosóficas a Fenomenologia e também o


Existencialismo de Jean-Paul Sartre (1905-1980), que destaca os conceitos de liberdade individual e
responsabilidade. Para Sartre "O homem é condenado a ser livre", ou seja, não perdemos nossa liberdade até
quando parecemos impossibilitados de exercê-la. O homem se angustia porque a liberdade implica na
necessidade de se fazer escolhas que poderão trazer más consequências, não temos garantias de que
tomaremos a melhor decisão. A liberdade traz consigo a responsabilidade pela escolha, nossas ações
sempre afetarão o mundo. Embora, assim como Karl Marx, Sartre admitisse que o homem é um produto
histórico, reflexo de sua época, também era o próprio homem quem era o responsável pela História.

"O homem é condenado a ser livre". Frente a essa liberdade, o ser homem se angustia porque a
liberdade implica escolha, que só o próprio indivíduo pode fazer. Até a "não ação" já é uma escolha.

O indivíduo é forçado a tomar decisões. Os existencialistas explicaram por que algumas pessoas se
sentem atraídas pelas carreiras militares baseando-se no desafio de tomar decisões. Seguir ordens é fácil.

Obviamente as pessoas estão sujeitas a limitações e circunstâncias. Ela não pode escolher que a partir
de agora poderá voar. Sartre explica que isso não diminui a liberdade. São as limitações que tornam a
liberdade possível, pois se pudéssemos realizar instantaneamente qualquer coisa que quiséssemos, nós
estaríamos no universo do sonho. A liberdade não de realizar tudo, mas de eleger objetivos. Duas conhecidas
falas de Sartre sobre a liberdade são:

“O importante não é o que o mundo fez de você, mas o que você faz com aquilo que o
mundo fez de você.”

“Uma vez que a liberdade explode no peito de um homem, contra este homem nada mais
podem os deuses.”

Cada escolha provoca mudanças que não podem ser desfeitas. É uma responsabilidade da qual não
podemos fugir. A angústia decorre portanto, da consciência da liberdade e do receio de usar essa liberdade de
forma errada.

Sarte também afirmava a primazia da existência sobre a essência: "A existência precede a essência."
significa que, em cada momento, só podemos existir, agindo e nos expressando no mundo. A compreensão
da essência, ou seja, de si mesmo, do próprio “eu”, nunca é atingida totalmente, apenas parcialmente.
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Sartre não defendeu o abandono da moral, mas a colocou em seu devido lugar: na responsabilidade
individual de cada pessoa. O existencialismo prega uma moral laica em que nossas escolhas não são
determinadas pelo medo da punição divina, mas pela consciência de nossa responsabilidade.

A PSICOLOGIA HUMANISTA: A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

Carl Rogers (1902-1987) foi o criador de um estilo de psicoterapia chamada de “Abordagem


Centrada Na Pessoa”. Suas ideias coincidem em vários aspectos com as do filósofo iluminista Jean-
Jacques Rousseau. Para Rogers, o ser humano é originalmente “bom”: isto se refere à crença de que nós
somos essencialmente orientados para o crescimento pessoal e autorrealização, que temos dentro de nós a
capacidade de descobrir o que está nos tornando infelizes e de provocar mudanças em nossas vidas. E Rogers
acreditava que possuímos uma tendência inata para atualizar as capacidades e potenciais do eu
(autoatualização).

Rogers supunha que nós lutamos para manter uma coerência entre as experiências e a auto-imagem. As
experiências que entram em choque com nosso autoconceito tendem a ser impedidas de entrar na consciência
e a ser percebidas confusamente.

A aplicação da Abordagem Centrada Na Pessoa em escolas, empresas, igrejas, presídios, etc, teve seu
auge nos anos 60 e 70 do século passado.

CARL ROGERS E A EDUCAÇÃO

Rogers fez duras críticas a um sistema de educação familiar e escolar que rotula as crianças e apenas as
aceita quando se comportam como os adultos esperam. Chamou de aceitação condicional ao modo como
pais e professores ameaçam as crianças de não serem amadas/aceitas caso não correspondam às suas
expectativas. Já a aceitação incondicional seria a atitude mais saudável que os adultos podem ter para com
as crianças: não seria uma aprovação de todas as ações infantis, e sim uma expressão de afeto e confiança
básica, uma aceitação do outro pelo que ele é, um reconhecimento do outro como pessoa integral.

Com suas ideias otimistas sobre a natureza infantil, Carl Rogers considerava que o objetivo maior da
educação deveria ser a facilitação da aprendizagem. Para sua ocorrência ele propôs alguns princípios:

- A criança é dotada de uma potencialidade natural para aprender: curiosidade pelo mundo;

- A aprendizagem mais significativa ocorre quando o conteúdo do ensino é percebido pelo aluno como
importante para seus objetivos pessoais;

- A aceitação de valores externos pode ser muito ameaçadora aos valores que o aluno já possui. Daí
haver resistência às aprendizagens que provocam mudanças na percepção de si mesmo (autopercepção);
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- Um dos meios mais eficazes para promover a aprendizagem é pôr o aluno em confronto com
problemas práticos (pessoais, sociais, éticos, filosóficos) e pesquisa;

- A aprendizagem é facilitada quando o aluno escolhe suas próprias direções, descobre seus potenciais,
formula seus problemas, se auto-avalia e vive as consequências de suas escolhas (responsabilidade);

- A aprendizagem mais útil, no mundo atual que muda continuamente, é a do próprio processo de
aprender, uma permanente abertura ao processo de mudança: APRENDER A APRENDER.

Para Rogers, a aprendizagem requer atitudes na relação entre facilitador e aprendiz:

- Autenticidade do facilitador: se o professor consegue ser uma pessoa verdadeira, retirando a máscara
de “o mestre”, aceitando e comunicando aos alunos seus sentimentos – sejam quais forem – conseguirá ser
uma pessoa real, mostrando-se alegre, entediado, zangado, etc, com os estudantes. O professor será uma
pessoa para os alunos e não um mero transmissor de conhecimentos;

- Confiança básica: crença de que o aluno merece confiança e é construtor do próprio desenvolvimento;

- Compreensão empática (empatia): o professor compreende como o processo de aprendizagem é para


o aluno (coloca-se no lugar do outro). Isto fará com que o aluno se sinta compreendido em vez de julgado.

O aluno também perceberá essas qualidades no professor. O estudante, tantas vezes, deparou-se com
professores “de fachada” que ao encontrar um professor autêntico se mostrará desconfiado e arredio.

Rogers não teorizou sobre como ocorre a aprendizagem na mente do aluno. Também privilegiou as
atitudes em relação às técnicas Sua teoria é relacional, enfocando as interações humanas que facilitam o
processo de aprendizagem, e não o processo em si.

A adoção de uma abordagem rogeriana na educação implicaria em uma mudança revolucionária na


escola, devido ao incentivo que se dá ao aluno para orientar seu próprio processo de aprendizagem. A
viabilidade disso ainda é uma questão em aberto, e pode-se discutir sobre a extensão com que os princípios
rogerianos podem ser usados sem causar desconforto ou ameaça aos professores e alunos.

Sugestões de vídeos
Existencialismo:
https://www.youtube.com/watch?v=3oXVoj4lHl0

Psicologia Humanista:
https://www.youtube.com/watch?v=s3tXQDK6BNc
https://www.youtube.com/watch?v=KiO-WhwVws0

Sugestões de Filmes:
Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society)
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02.5 – A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA

Inteligência (do latim “intelligentia”) tem sido definida ao longo do tempo de modos diferentes, por
exemplo: em termos da capacidade para raciocinar, interpretar, planejar, abstrair, resolver problemas e
aprender.

O psicólogo W. Stern definiu inteligência como: “Capacidade de se adaptar às situações novas


mediante o consciente emprego de meios ideativos.”

A inteligência interage com outras funções psíquicas, confundindo-se com elas. Uma pessoa com uma
memória excelente pode ser confundida com uma pessoa inteligente.

JEAN PIAGET

Jean PIAGET (1896-1980) foi o primeiro a descrever o desenvolvimento intelectual de forma


coerente e completa. Como naturalista, ele se propôs a estudar a evolução da inteligência e a construção do
conhecimento, desde o pensamento infantil mais elementar até o raciocínio adulto, utilizando-se do
evolucionismo darwiniano para construir seu sistema teórico. Assim, constatou que a adaptação das
espécies animais ao meio natural é originária de sua evolução biológica, enquanto que a adaptação do ser
humano ao seu meio social é o resultado de um desenvolvimento baseado principalmente na cultura. Por
isso, ao contrário dos outros animais (cujas condutas seguem padrões hereditariamente programados) a
conduta humana organiza-se em esquemas adquiridos e elaborados pelo indivíduo a partir de sua experiência
única.

Piaget tentava entender como a própria mente em estado bruto conseguia criar e desenvolver o
raciocínio lógico tipicamente humano. Ele afirmava que o pensamento lógico não é inato nem externo ao
organismo, e sim construído na interação homem-objeto. É o próprio indivíduo que elabora seu
conhecimento, numa permanente interação com o ambiente. A inteligência nada mais é do que um caso
particular de adaptação ao meio ambiente.

Para Piaget, o esquema cognitivo constitui a unidade básica de pensamento e ação adquirido na
interação criança-ambiente, visando à adaptação (exemplo: a coordenação olho-mão). A estrutura cognitiva
é composta de uma série de esquemas cognitivos disponíveis em cada etapa do desenvolvimento.

O organismo (corpo e mente) tem por meta o equilíbrio mas, paradoxalmente, nunca o mantém pois, no
processo de interação indivíduo-meio, ocorrem desajustes que rompem o equilíbrio, exigindo esforços para
que a adaptação se restabeleça. A busca por novo equilíbrio envolve dois mecanismos - a assimilação e a
acomodação – que são modos de aquisição de conhecimentos e que constituem a própria aprendizagem.

ASSIMILAÇÃO: é a incorporação de uma experiência nova a esquemas de ação e compreensão


(esquemas cognitivos) já existentes. Diante da nova experiência, primeiro tenta-se assimilá-la, ou seja, fazer
com que uma experiência nova assemelhe-se a algo conhecido (modificação do objeto). Exemplos: o bebê
suga seu dedo polegar da maneira como suga o seio da mãe e o bico da mamadeira; ao usar o lápis, a criança
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agarra-o como o fazia com os objetos em seus primeiros meses de vida (utiliza a palma da mão); tendo um
gato em casa uma criança pode chamar todos os animais de quatro patas de gato.

ACOMODAÇÃO: é a criação de novos esquemas cognitivos necessária para a incorporação das


experiências novas que não podem ser assimiladas (modificação do sujeito). Exemplo: a criança percebe
que, para aprender a escrever, necessita segurar o lápis de maneira inteiramente diferente das formas com
que segura outros objetos. A estrutura cognitiva é alterada, pois a criança precisa de uma forma nova de
raciocinar para interpretar o novo desafio. Após as acomodações necessárias, a criança poderá finalmente
assimilar a nova experiência.

Um exemplo: nós já possuímos esquemas cognitivos para a compreensão dos animais considerados
mamíferos e dos animais chamados de aves. Porém, ao ver pela primeira vez o animal ornitorrinco nos
confundimos, pois é um animal que tem pelos e mama porém ele também possui bico e pés semelhantes a
um pato, além de pôr ovos. À primeira vista ele não se encaixa em nossos esquemas cognitivos de ave ou
mamífero (daí assimilações não podem ser feitas), sendo necessário haver uma mudança em nossos
esquemas cognitivos. O novo conhecimento passará a ser: mamíferos são animais que possuem glândulas
mamárias, APESAR DE haver alguns representantes que também põem ovos. Assim, foi feita uma
acomodação (modificação no sujeito) para a assimilação do novo objeto observado.

CONSTRUTIVISMO

Piaget não tinha como objetivo propor uma teoria de aprendizagem. Ele nunca participou
diretamente nem coordenou uma pesquisa com objetivos pedagógicos. Apesar disso, a teoria piagetiana
aplicada à Educação (conhecida como construtivismo), veio a se tornar uma das mais importantes diretrizes
no campo da aprendizagem escolar, por exemplo, nos EUA, na Europa e no Brasil, inclusive.

O construtivismo é uma teoria da aprendizagem e uma abordagem pedagógica que tem como principal
foco a aquisição da aprendizagem relacionada à interação do indivíduo com seu meio ambiente.

Principais princípios do construtivismo:

- O centro do processo de aprendizagem é o aluno.

- A ação é indispensável ao processo de conhecimento: não apenas a ação motora como também a
utilização dos componentes intelectuais (inteligência, percepção, imaginação, etc). Em todas as tarefas há
uma participação ativa do sujeito nos processos de exploração, seleção, combinação e organização das
informações.

- O progresso educacional requer um conflito cognitivo que exigirá do aluno novas acomodações.

- O professor não é um mero transmissor de informações. Ele tem a função de colocar o estudante
diante de problemas (práticos ou teóricos), para que este encontre soluções e construa o conhecimento. Ou
seja, o professor cria conflitos cognitivos.
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- Os níveis de amadurecimento, desenvolvimento e conhecimento de cada aluno devem ser


respeitados e levados em consideração no processo de aprendizagem.

- O conhecimento não é entendido como uma cópia da realidade, mas sim uma reconstrução da
realidade por parte do aluno (uma construção pessoal do aluno).

- Os erros do aluno são entendidos como estratégias usadas na tentativa de aprendizagem de novos
conhecimentos (valorização dos erros).

- O ambiente (físico e social) oferecem oportunidades de interação entre sujeito e objeto, gerando
conflitos e, consequentemente, uma reestruturação da estrutura cognitiva.

As tentativas de aplicação da teoria piagetiana no campo da aprendizagem são numerosas e variadas,


no entanto os resultados obtidos muitas vezes deixam a desejar. Uma das razões da difícil aplicação da teoria
na escola deve-se ao difícil entendimento dos seus conceitos. Outros fatores complicadores são:

- a predominância no "como" ensinar coloca o objetivo do "o quê" ensinar em segundo


plano, contrapondo-se à transmissão do saber acumulado culturalmente que é uma função da instituição
escolar, por ser esta de caráter predominantemente político-metodológico;

. a ideia de que a criança se apropria dos conteúdos de acordo com o desenvolvimento das suas
estruturas cognitivas requer a descoberta do "grau ótimo de desequilíbrio" (o conteúdo não deve estar nem
além nem aquém da capacidade do aprendiz.

Além disso, é um tipo de abordagem que se choca com nossa educação tradicionalmente autoritária,
reflexo de uma mentalidade e cultura esmagadoras das potencialidades individuais.

Sugestões de vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=m5nAN_f3ed8
https://www.youtube.com/watch?v=tUrWNO3EUu8
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02.6 - A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL

Esta psicologia utiliza a concepção marxista do materialismo dialético para a compreensão do homem
e de sua subjetividade.

Para KARL MARX (1818-1883), o homem atua sobre a natureza, modificando-a, para atender suas
necessidades de sobrevivência e, ao fazê-lo, constrói um mundo objetivo e também constrói a si mesmo.
“Aquilo que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais de sua produção”. Exemplo: o
homem do polo norte constrói casas, móveis, ferramentas de trabalho, roupas, etc, para poder viver naquele
ambiente específico; os produtos do seu trabalho, por sua vez, determinarão sua maneira de se relacionar
com os outros, seus costumes, leis, crenças, bem como suas características psíquicas. E numa sociedade
capitalista, as relações sociais (familiares, amorosas, educacionais, de amizade, etc) são determinadas pelo
sistema econômico adquirindo valor de troca de mercadorias.

A infraestrutura é a base material e econômica de uma sociedade, os meios que uma sociedade utiliza
para sobreviver, e que determina a organização concreta dos homens, e esta estrutura se altera ao longo do
tempo. Juntamente com a infraestrutura, desenvolve-se um conjunto de ideias que a representam e servem
para a reprodução do sistema vigente: é a chamada superestrutura da sociedade, ou seja, seu setor político,
cultural, artístico, religioso, suas leis, costumes, moral e ideologia. A relação entre superestrutura e
infraestrutura foi analisado dialeticamente por Marx, pois as ideias e conhecimentos são originados na
infraestrutura, mas também atuam sobre ela, ocasionando transformações em suas relações.

Assim, quando Marx fala em indivíduos refere-se a pessoas determinadas pelas relações de produção,
pela atividade produtiva e por relações sociais e políticas. É pelo trabalho que o ser humano se constrói como
homem e constrói a sociedade.

As ideias dominantes se universalizam por conta dos interesses da classe dominante, já que estão a
serviço da manutenção do sistema; mas costumam se desligar das condições materiais que a produziram,
permitindo a falsa aparência de que estas ideias são independentes, de caráter universal e a-históricas.

Para Marx, a ciência é histórica porque é um produto da atividade humana em cada contexto histórico.
A ciência não poderia ser um resultado puro da razão, pois esta razão se expressa de formas variadas, a
depender do momento histórico-cultural em que se vive.

VYGOTSKY

A psicologia histórico-cultural (ou sociocultural, sócio-histórica, sociointeracionista) surge no início do


século XX, na União Soviética, quando este país procurava reconstruir suas teorias científicas a partir do
referencial marxista. Destacou-se o nome de Lev Semenovich VYGOTSKY (1896-1934) e seus principais
seguidores LURIA e LEONTIEV.

A produção de Vygotsky destinava-se a descrever e explicar a construção e desenvolvimento do


psiquismo e comportamento humano através da interação social. Para ele, o funcionamento psicológico
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fundamenta-se nas relações sociais que se desenvolvem no interior de uma cultura (ao mesmo tempo em que
a produzem) e em um processo histórico. Certas categorias de funções mentais superiores (atenção
voluntária, memória lógica, pensamento verbal e conceitual, emoções complexas, etc.) não poderiam surgir e
se estabelecer no processo de desenvolvimento sem o suporte das interações sociais

Vygotsky atribuiu um papel limitado à base genética do comportamento. Pensava que as características
especificamente humanas são desenvolvidas sócioculturalmente. Guiou-se pelo princípio da origem social da
consciência. Negou qualquer tentativa de explicação da natureza humana como algo universal e imutável:
não há natureza humana, o humano se constitui pela relação do homem tanto com o meio social imediato
quanto com o processo cultural produzido historicamente. O homem é um ser histórico-social.

A atribuição de significados à realidade é construída na esfera social, e depende da relação entre


indivíduos: assim, uma relação interpessoal (do “eu” com o “outro”) se transforma em realidade
intrapessoal: é daí a origem da subjetividade, da complexidade da mente. É necessário relações
interpessoais para a construção de uma subjetividade que produz significados. É assim que, o homem pode
absorver significados construídos socialmente, oferecendo ainda um sentido pessoal às suas experiências.

Vygotsky analisou a fala da criança. No desenvolvimento inicial, a atenção e a ação da criança são
dirigidas pela fala do outro (fala social). Em seguida, a criança usa gradualmente a fala para afetar a ação do
outro (fala comunicativa), ao mesmo tempo em que também usa a fala para si (fala egocêntrica). Aos
poucos, essa fala para si passa a organizar e guiar a ação da própria criança (autorregulação) e ela fala para
si como fala para o outro, originando o discurso interno. Vygotsky chamou de internalização ao processo
de reconstrução interna das formas culturais de ação e pensamento e os usos da palavra.

VYGOTSKY E A APRENDIZAGEM

Para Vygotsky, aprendizagem e desenvolvimento andam sempre juntos e o aprendizado provoca e dá


impulso ao desenvolvimento. A educação seria o “desenvolvimento artificial da criança”.

O nível de desenvolvimento real de uma criança se refere às funções mentais que já se estabeleceram,
ou seja, consideram-se as tarefas e atividades que a criança já é capaz de realizar sem a ajuda de outras
pessoas. Volta-se a atenção para o passado da criança, processos de desenvolvimento já concluídos. A
proposta de Vygotsky era que se trabalhasse também com os modos de agir e de pensar ainda em elaboração
e que requerem a ajuda dos outros (pais, professores, crianças mais velhas) para serem efetivados.

O aprendizado cria zonas de desenvolvimento proximal: processos de elaboração de conhecimentos


compartilhada. Atuando nesses processos, o professor olharia para o futuro da criança, pois aquilo que ela
poderá fazer com ajuda (desenvolvimento proximal), ela fará sozinha amanhã (desenvolvimento real).

Vygotsky deu ênfase à intervenção do adulto na aprendizagem infantil, pois para ter autonomia sobre
as operações culturais, a criança precisa da mediação do outro já que ela, sozinha, não dispõe de condições
para organizar e recriar o processo cultural.

A intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente.


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Assim, seria no desenvolvimento em elaboração (proximal) que a participação do adulto como pai,
professor, parceiro, se fará indispensável. O professor deve estar atento de modo que os alunos se apropriem
do conhecimento. Esta atuação concretiza-se através de intervenções intencionais que explicitarão os
sistemas conceituais e permitirão aos alunos a aquisição de conhecimentos sistematizados.

Graças à teoria de Vygotsky introduziu-se na psicologia, de modo direto ou indireto, um conjunto de


novos problemas de investigação empírica importantes para a educação: a sociabilidade precoce da criança,
relações entre as interações sociais e o desenvolvimento intelectual, o papel dos sistemas simbólicos no
desenvolvimento do psiquismo e da linguagem, etc.

Vygotsky considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno. O ensino de um
novo conteúdo amplia as estruturas cognitivas da criança. Por exemplo: com o domínio da escrita, a criança
também adquire novas capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.

Sugestões de vídeos
https://www.youtube.com/watch?v=PSOlA4Rvr7w
https://www.youtube.com/watch?v=HQKSH4r2oiU
https://www.youtube.com/watch?v=S7pJxMIyL0A

Sugestão de filme
Tempos modernos (Modern Times)

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